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COMO EXPLICAR
A TRAGÉDIA À LUZ DA CONFIANÇA EM E DO AMOR DE DEUS?
Por que isto aconteceu? Como isto foi acontecer? Por que a delegação da
Chapecoense estava neste vôo? Por que existiu este vôo? Qual a razão da
Chapecoense ter fretado este vôo? E à luz disso tudo, como falar da
CONFIANÇA EM DEUS e DO SEU AMOR diante da tragédia do acidente que
aconteceu na terça-feira, às 0h30min no horário de Brasília, nas montanhas da
Colômbia?
O pecado não nos fez regredir a um estágio anterior: regredir sugere que
havia um ponto de partida, primitivo, a partir do qual se avança para um ponto
posterior, em que há uma evolução, uma melhora, um avanço; regredir implica
em voltar ao ponto de origem, de partida. O pecado não nos fez regredir, porque
no ponto atrás em que nos encontramos hoje, depois do pecado, nunca jamais
havíamos estado antes. Ou seja, estamos numa determinada posição em que
nunca antes havíamos estado e que é muito atrás da posição original na qual
Deus nos colocou na criação. O pecado nos levou a uma primitividade
desconhecida antes dele. A tragédia do pecado nos pôs numa posição atrás, de
atraso em que nunca havíamos estado antes. E desta posição primitiva jamais
saímos, e nada do mundo, do seu conhecimento acumulado, do seu avanço
tecnológico, de toda a evolução percebida na história da humanidade em todos
os sentidos possíveis, fez o ser humano avançar do fosso no qual a tragédia-mor
do pecado nos lançou: ainda estamos lá.
O pecado nos colocou num nível atrás que não existia na criação original
de Deus.
E quanto mais o tempo passa, mais para trás andamos: somos mais
egoístas; mas individualistas; mais materialistas; mais confiantes em nós
mesmos – auto-confiantes –; mais humanistas; mais amantes das coisas; mais
isolados, mais solitários e menos solidários; a vida não vale nada a não ser pelo
lucro que os outros podem nos gerar, o que vale são as coisas e não as pessoas,
nos medimos pelo que temos e não pelo que somos; somos arrogantes,
presunçosos, orgulhosos, pisamos as pessoas na nossa prepotência, nos
sentimos superiores aos outros, melhores que os outros, não temos semelhantes
– temos subalternos, inferiores, os outros são uma sub-classe, nós somos
sempre melhores –; amamos as coisas e usamos as pessoas; o sentido da vida é
a felicidade individual – vale tudo para ser feliz – o critério que julga a vida é o
sucesso material – por material entenda-se tudo aquilo que traz felicidade a uma
pessoa, pode ser a fama (a qualquer preço), o dinheiro, o conhecimento, o
poder, os prezares do corpo, qualquer coisa que possa fazer alguém feliz – isto é
claro, exclusivamente individual e sem importar o outro –; geramos formas
mais sofisticadas de matar – agora matamos em massa –, geramos formas
sofisticas de fazer guerra, mas ainda fazemos terrorismo à moda antiga:
degolamos as pessoas, queimamos vivos os condenados, a barbárie continua;
inventamos o roubo digital, o sexo cibernético, o jogo online, os atentados são
combinados via WhatsApp, mas também mantemos nossos campos de
concentração, em que o fanatismo religioso dá o tom da loucura de fazer com
que a pessoa humana creia que a outra pessoa é sua inimiga; tudo vira arma de
guerra, o avião, o caminhão, e corpo humano – no homem-bomba, tudo vira
uma forma de matar, de aterrorizar, tudo vira arma de destruição... Não
avançamos!
É verdade também que nos três vôos entre Medellín e Santa Cruz de la
Sierra estava programada uma parada para abastecer conforme informavam os
respectivos planos de vôo, as quais não foram obedecidas: "O coronel Freddy
Bonilla, secretário de Segurança Aérea de Colômbia e que está à frente das
investigações da tragédia que teve 71 mortos, informou por telefone ao DC que
essas viagens previam parada na cidade boliviana de Cobija para abastecimento,
local a pouco mais de 1.000 km de distância de Santa Cruz de La Sierra. A
prática foi considerada "irresponsável" por especialistas em segurança de vôo."
Ou seja, o piloto já estava se acostumando a voar além do limite permitido
pelas especificações técnicas do fabricante da aeronave.
"De acordo com as normais internacionais qualquer aeronave deve viajar
com combustível suficiente para chegar ao aeroporto de destino, e ainda mais
trinta minutos e ainda mais cinco minutos ou mais 5% da distância, o qual é o
combustível reserva."
Nós nos acostumamos a desobedecer, isto está no ser humano. Todos nós
cometemos infrações, seja contra os mandamentos de Deus, seja contra os
mandamentos dos homens, esta é nossa marca, somos assim. Na maioria vezes
não percebemos as consequências que estas infrações têm sobre nossas vidas,
mas às vezes, como no caso da tragédia da Chapecoense, estas consequências
gritam além de todas as outras vozes.
Seja como for, a Bíblia deixa claro que todas as vezes que ultrapassamos
o limite estabelecido além do qual não poderíamos ir, estamos expostos à morte,
podemos ser mordidos pela (S – s)erpente. Romper o muro é uma metáfora da
desobediência às regras estabelecidas, aos limites determinados, não importa
quais sejam: se de origem divina ou humana, se extremamente graves ou
aparente insignificantes, se aos nossos olhos importantes ou insignificantes, se
para nós fazem ou não sentido de ser. Romper o muro, ultrapassar o limite,
desobedecer a regra nos expõe à mordida da (S – s)erpente. Se esta mordida
causará uma morte instantânea ou tardia é apenas uma questão de percepção
humana, a verdade é que aquele que foi mordido morrerá inevitavelmente.
Assim foi com o piloto boliviano Miguel Quiroga, que pilotava aquele
fatídico vôo da Chapecoense, que terminou antes de chegar ao destino, numa
montanha da Colômbia, matando 71 pessoas, inclusive ele mesmo.
Assim foi nos quatro vôos que Miguel Quiroga voou além do limite
estabelecido. A quinta tentativa terminou numa tragédia, na dor que todos nós
sentimos, e que é profundamente maior para os parentes e amigos, no entanto
atinge todos nós.
Mas seja como for, a tragédia nos tomou de assalto, e sempre nos
tomará, seja um tsunami, um terremoto, um acidente, uma peste, uma epidemia,
a tragédia nos assusta, nos encurrala, nos expõe no nosso maior temor, a
impossibilidade assegurar a nossa própria vida diante dos perigos aos quais ela
pode vir a sofrer.
A tragédia da Chapecoense teve esta provável causa principal, a pane
seca, a falta de combustível, já que isto é uma realidade. A falha humana neste
caso foi romper o muro do tempo de máximo vôo e não ter atendido às normas
internacionais de aviação, que exige que além do combustível para chegar ao
ponto de destino a aeronave deve ter combustível reserva de pelo menos 35
minutos a mais de vôo ou 5% da distância a ser percorrida. A (S – s)erpente
mordeu e o efeito da mordida foi imediato, catastrófico e irremediável: 71
mortos e seis feridos graves.
O "Por quê?" de Jesus pode ser traduzido assim: "– Eu sei que eu mesmo
me ofereci como oferta pelo pecado da humanidade e que por isso estava
determinado que eu deveria morrer como estou morrendo, isto eu sei; mas eu
queria saber você me desamparou, me colocou nesta posição, aceitou que eu
viesse, "Por quê?" não poderia ter sido de outra forma?
A resposta a esta pergunta nunca foi respondida. Jesus morreu sem uma
resposta, não sem confiar em Deus e ter fé no seu amor, mas sem a resposta
sim.
Mais uma vez eu me voltei para as Escrituras, para encontrar nelas uma
resposta.
Cerca de trinta minutos depois de fazer a pergunta que não teve resposta:
"– Por que?", Jesus mais uma vez se volta às Escrituras, desta vez para não para
perguntar, mas para descansar:
Sua vida estava chegando ao fim, e Jesus mais uma vez busca nos
Salmos a inspiração para achegar-se a Deus. Ele chama: Meu Pai, em aramaico:
ABI, meu pai. Em aramaico, a língua nativa de Jesus, não há como falar como
em grego "PAI", sempre haverá o sufixo pronominal de pessoa acoplado ao
substantivo nestes casos e cuja tradução em nossa língua é "meu pai." Ele se
volta para uma palavra doméstica, "MEU PAI" e cita Salmo 31.5:
Mesmo sem respostas ele se inclina, ele se submete, ele confia, ele tem
fé, ele se entrega, ele se oferece, ele cede, ele termina nas mãos do Pai.
O que é lindo em Jesus e que eu quero sempre fazer, é que diante das
perguntas que não há resposta, das questões que não existem explicação, dos
motivos que não podemos dar as razões, ao invés de se rebelar, se revoltar e se
distanciar, ele se volta às Escrituras, e de lá tira o seu suspiro de fé e de dor, e de
lá também encontra a inspiração para descansar em paz "nas mãos do Pai."
Nos dois derradeiros momentos da sua vida Jesus voltou-se para Deus e
para sua palavra... duas vezes ele cita as escrituras...
.
“Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste? Por que se acham longe de minha
salvação as palavras de meu bramido?” (Salmos
22:1)
Mas a lição de Jesus é maior, ela nos ensina como atravessar a catástrofe
e a tragédia sem nos afastar de Deus, que é o nosso Pai. Nós temos o direito
inalienável de fazer as perguntas, ele as fez e nós podemos fazer também as
nossas perguntas. Mas a lição de descansar sem respostas, de manter nossa fé
firme no amor de Deus e de confiar nele sempre e em todo tempo é a fórmula
verdadeira CONFIANÇA.
Eu quero ficar como Jesus e convido você também a ficar como Jesus:
SEM RESPOSTAS, MAS COM O CORAÇÃO NAS MÃOS DE DEUS.