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ARTIGO INÉDITO

Tratamento da má oclusão de Classe II,


divisão 1 de Angle, com protrusão maxilar
utilizando-se recursos ortopédicos
Carla Maria Melleiro Gimenez*, André Pinheiro Bertoz*, Francisco Antonio Bertoz**

Resumo

Objetivo: o presente trabalho tem o propósito de apresentar uma revisão da literatura acerca
do tratamento da má oclusão de Classe II, divisão 1 de Angle, tendo a protrusão maxilar como
o principal componente dessa má oclusão, durante a fase de crescimento e desenvolvimento
craniofacial. Serão apresentadas as características de cada um desses aparelhos, os seus com-
ponentes, a forma adequada de utilização, os seus mecanismos de ação e, principalmente, os
seus efeitos em todo o complexo dentofacial. Conclusão: nos casos em que se verifica apenas
a protrusão maxilar, sem envolvimento mandibular, e se faz necessário o controle vertical,
pode ser indicado o AEB, conjugado ao aparelho removível derivado do aparelho preconizado
por Thurow. Já nas situações de combinação da protrusão maxilar com a retrusão mandibular,
uma opção de tratamento é o ativador combinado à ancoragem extrabucal.

Palavras-chave: Má oclusão de Classe II. Divisão 1 de Angle. Ortopedia. Protrusão maxilar.

INTRODUÇÃO gem precoce.


O planejamento ortodôntico varia de acordo A utilização da ancoragem extrabucal como
com a natureza da má oclusão, a qual resulta de forma de tratamento dessa má oclusão tem sido
um desequilíbrio entre as estruturas dentárias, es- amplamente relatada na literatura, demonstrando
queléticas e musculares. A má oclusão de Classe seus efeitos ortopédicos e ortodônticos, além da
II, divisão 1 de Angle, apresenta diversas caracte- eficiência diretamente relacionada com o estágio
rizações, e a determinação do planejamento mais de maturação do indivíduo, o gênero, a direção
adequado deve ser em função do problema espe- de crescimento das estruturas faciais e o vetor de
cífico do paciente, com base em suas evidências força empregado (definido pela direção, duração e
clínicas e cefalométricas. intensidade), além, é claro, do grau de cooperação
Diante de uma má oclusão com envolvimento e interesse do paciente.
esquelético, em pacientes que se apresentam em A fase da dentadura mista, período em que o
fase de crescimento, indica-se a utilização dos re- paciente encontra-se em franco crescimento e de-
cursos ortopédicos como opção viável de aborda- senvolvimento, é muito favorável para o emprego

* Mestres e doutorandos em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP.


** Professor Dr. do Departamento de Odontologia Infantil e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 85 Maringá, v. 12, n. 6, p. 85-100, nov./dez. 2007
Tratamento da má oclusão de Classe II, divisão 1 de Angle, com protrusão maxilar utilizando-se recursos ortopédicos

de aparelhos ortodônticos/ortopédicos, quando as posições dentárias ou em combinações entre essas


possibilidades de intervenção são incontestáveis. possibilidades.
A indicação correta da mecânica a ser empregada Defendendo o conceito da má oclusão de Clas-
possibilita a obtenção de uma oclusão satisfatória se II, divisão 1 de Angle3, Brodie8 reafirmou que o
e estável, com uma melhora do perfil facial. Dessa primeiro molar superior constituía o ponto mais
forma, muitas vezes, é possível evitar extrações ou estável da dentadura, ocupando uma relação de-
até mesmo o próprio tratamento ortodôntico cor- finida com a anatomia craniana. Por esta razão, a
retivo, resultando na diminuição do tempo efetivo classificação das más oclusões baseava-se na posi-
de tratamento. ção assumida pela mandíbula e não pela maxila,
Com a utilização dos recursos ortopédicos na sendo a Classe II definida pelo posicionamento
correção das displasias ântero-posteriores das bases distal do arco inferior. Durante muito tempo, a
ósseas, existe a possibilidade de alterá-las espacial distoclusão dos molares inferiores era considerada
e morfologicamente, redirecionando o crescimen- uma deficiência do crescimento e/ou retroposição
to da maxila e liberando o potencial intrínseco de da mandíbula. Discordando dessa premissa, An-
crescimento da mandíbula, gerando assim uma si- derson2 apresentou um trabalho em que discutiu
tuação mais estável e equilibrada. diferentes casos clínicos e demonstrou que, em
Os principais objetivos da intervenção orto- muitos deles, a mandíbula apresentava-se bem po-
dôntica/ortopédica residem no restabelecimen- sicionada, com a maxila localizada anteriormente,
to precoce de uma oclusão ideal, bem como no criando uma aparente distoclusão dos molares in-
equilíbrio muscular e na harmonia facial, garan- feriores e, conseqüentemente, exigindo modifica-
tindo estabilidade. Este trabalho tem a proposta ções no plano de tratamento, o que admitia a ne-
de abordar, por meio de uma revisão da literatura, cessidade de efeitos ortopédicos para a excelência
as formas de tratamento da má oclusão de Clas- de resultados nos tratamentos ortodônticos.
se II, divisão 1 de Angle, com protrusão maxilar Estudando a localização das deficiências dessa
utilizando-se recursos ortopédicos e suas peculia- má oclusão, Henry33 a subdividiu em quatro tipos:
ridades. protrusão alveolar maxilar, protrusão basal maxi-
lar, retrusão mandibular e micromandíbula.
REVISÃO DA LITERATURA A partir da década de 60, o papel da dimensão
A má oclusão de Classe II, divisão 1 de Angle vertical foi finalmente reconhecido em razão, prin-
A má oclusão de Classe II, divisão 1 de Angle, cipalmente, das contribuições de Schudy48, que
atinge a maior parte da população que procura tra- procurou mostrar a necessidade de avaliação tridi-
tamento ortodôntico, segundo Silva Filho, Freitas mensional das más oclusões, de forma a ampliar a
e Cavassan49, apresentando-se, em cerca de 40% abordagem do paciente, facilitando sensivelmente
da mesma, com etiologia multifatorial e, muitas o diagnóstico e direcionando adequadamente o
vezes, associando-se a outros problemas, como a planejamento clínico.
atresia de maxila e a mordida aberta. Voltado para a mesma linha de pesquisa e
O advento dos estudos cefalométricos, a partir visando a classificação etiológica dos problemas
da década de 30, permitiu uma grande evolução dentoesqueléticos, Sassouni47 afirmou que a má
dos conhecimentos sobre o crescimento e o de- oclusão de Classe II, divisão 1 de Angle, esque-
senvolvimento craniofacial e, conseqüentemente, lética, resultaria de prognatismo maxilar, de um
a determinação da natureza da má oclusão de retrognatismo mandibular ou de ambos, quando
Classe II, divisão 1 de Angle; ou seja, se a defi- sem alterações dimensionais. Notou ainda a ocor-
ciência localiza-se na maxila, na mandíbula, nas rência de um aumento no tamanho da maxila ou

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uma diminuição no tamanho da mandíbula e que em relação ao crânio, são observadas deformidades
essas alterações dimensionais e de posição podem dentofaciais, que podem ocorrer na maxila e/ou
ser encontradas em situações isoladas ou combi- mandíbula, nas 3 direções do espaço, mas que fre-
nadas entre si. qüentemente ocorrem no plano ântero-posterior,
Bass4 verificou as alterações esqueléticas da manifestadas na maioria das vezes como má oclu-
maxila e da mandíbula, assim como as posições são de Classe II.
dentárias inadequadas, concluindo que esses fato-
res podem apresentar-se combinados, estabelecen- Histórico da ancoragem extrabucal
do diferentes padrões da má oclusão de Classe II, As modificações dos ossos da face, não só
divisão 1 de Angle, sejam eles dentários, esqueléti- quanto à forma, mas também em relação à dire-
cos ou dentoesqueléticos. ção de deslocamento, são citadas desde meados do
Moyers41 dividiu a má oclusão de Classe II, di- século XVIII. Um dos primeiros estudos a respei-
visão 1 de Angle, apresentando-a com 6 possibili- to do crescimento mandibular foi realizado por
dades no sentido ântero-posterior e 5 no vertical, Hunter em 1771, concluindo-se que o aumento
ou ainda a combinação das mesmas, o que per- mandibular resultava da aposição óssea na borda
mite um plano de tratamento durante a fase de posterior do ramo, promovendo o deslocamento
crescimento que tenha como objetivo a restrição da mandíbula para anterior26. Já Humphrey, em
do crescimento ântero-posterior da maxila, ou a 1864, aventou a hipótese de que o crescimento ao
liberação do crescimento da mandíbula, ou ainda nível do ramo mandibular ocorria pela reabsorção
esses 2 fatores associados. da superfície anterior e aposição na superfície pos-
A má oclusão de Classe II, divisão 1 de Angle, terior, contribuindo para a consolidação da teoria
caracteriza-se por um relacionamento distal da sobre os mecanismos de crescimento por aposição
mandíbula em relação à maxila e/ou do processo e reabsorção óssea7.
alveolar mandibular em relação ao maxilar. Por- A partir destes e de outros estudos pioneiros
tanto, poder-se-á ter o seu desenvolvimento por sobre o crescimento craniofacial, levantou-se a hi-
uma alteração do relacionamento maxilomandi- pótese de interferir nesses mecanismos por meio
bular, com protrusão maxilar, retrusão mandibu- de recursos mecânicos, como no caso do emprego
lar ou ambos (fator esquelético) ou por alteração da ancoragem extrabucal (AEB). O primeiro relato
no relacionamento dentário, quando os dentes sobre sua utilização remonta há dois séculos quan-
inferiores estarão posicionados distalmente aos do, em 1802, Cellier utilizou um apoio extrabucal
superiores (fator dentário). Poder-se-á, ainda, localizado na parte superior e posterior da cabeça,
observar a combinação desses 2 fatores, situação com o objetivo de prevenir a luxação da mandí-
essa mais comumente encontrada, segundo Hen- bula, de forma a imobilizá-la44. Sua associação na
riques et al.29 ação direta da maxila ocorreu em 1875 com Kings-
De acordo com Lima Filho, Lima e Ruellas39, a ley, que conseguiu reduzir uma protrusão maxilar
morfologia facial é determinada, em grande parte, com esse tipo de aparelho, e em 1886 com Farrar,
pelas posições relativas da maxila e da mandíbula, aplicando a força extrabucal diretamente sobre
antes, durante e após o pico puberal de crescimen- os dentes ântero-superiores44. Posteriormente, em
to. A posição harmoniosa entre as bases maxilares 1893, quando Baker introduziu a ancoragem in-
em relação ao crânio não é responsável somente trabucal intermaxilar por meio de elásticos, seu
por uma oclusão funcional, como também por uso foi relegado por mais de 40 anos44. Este fato
uma estética agradável. Quando as proporções en- foi reforçado em 1907, quando Angle, após alguns
tre maxila e mandíbula estão alteradas entre si ou anos de aplicação clínica do extrabucal, também

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o substituiu pelos elásticos intermaxilares para a pital (IHG), cujo casquete leva seu nome. Graber,
correção de Classe II44. Mas, em 1936, com Ope- durante a década de 70, relatou que o aparelho
nhein, em Viena, conheceu-se o primeiro relato extrabucal é de grande importância na correção
sobre o tratamento da má oclusão de Classe II, di- das más oclusões basais, especialmente no trata-
visão 1, com ancoragem extrabucal valendo-se de mento da má oclusão de Classe II de Angle15. Em
forças leves e intermitentes44. Observando o su- 1979, Jacobson publicou um artigo corroborando
cesso dessa abordagem, Brodie reintroduziu-a nos esse relato, visto que, por meio de experimentos
Estados Unidos. A partir de então, tornou-se um mecânicos, demonstrou como as forças extrabu-
aparelho difundido e amplamente utilizado para cais atuam sobre os dentes e ossos basais, princi-
reforço de ancoragem, cada vez mais necessário palmente quando essas forças são assimétricas15.
e reconhecido, graças ao embasamento científico Em 1997, Gandini Jr., Martins e Gandini18
proporcionado pelos estudos de Tweed44. realizaram uma avaliação cefalométrica do trata-
Cresceu, então, o interesse em torno dos efei- mento da má oclusão de Classe II, divisão 1, por
tos reais induzidos pela ancoragem extrabucal meio do aparelho extrabucal (Kloehn), seguido de
nas estruturas faciais e dentárias. Pelo advento do aparelhagem fixa, em uma amostra de 45 indiví-
cefalostato em 19317, nos EUA com Broadbent e duos, comparando-a com o grupo controle de 30
na Alemanha com Hofrath, tornou-se possível a pacientes portadores da mesma má oclusão, mas
realização de estudos longitudinais e avaliações do que não foram tratados. As telerradiografias ini-
crescimento craniofacial, assim como dos resulta- ciais (T1) e finais (T2) foram comparadas. A mé-
dos do tratamento ortodôntico instituído7. Houve dia de idade no início do tratamento foi de 10,23
um grande impulso com Broadbent, citado em anos para o grupo controle e 11,04 anos para o
1938 em trabalho de Brodie7,8, no tangente à di- grupo tratado, sendo o intervalo de análise de 1,35
vulgação da técnica radiográfica, o que permitiu a anos e 3,61 anos, respectivamente. As respostas ao
Brodie9, em 1946, a realização da primeira avalia- tratamento e as alterações provocadas pelo cresci-
ção cefalométrica de tratamentos ortodônticos fi- mento foram analisadas e comparadas pelo teste t
nalizados, mostrando que a maioria das mudanças de Student e U de Man-Whitney. A análise de da-
que ocorriam devia-se ao crescimento e ao desen- dos permitiu concluir que o tratamento restringiu,
volvimento, e que os melhores resultados foram de forma significante, o crescimento para anterior
obtidos durante a fase de crescimento ativo do pa- da maxila, expresso pela diminuição da grandeza
ciente (alterações ortopédicas por meio de aplica- cefalométrica, menor deslocamento horizontal do
ções ortodônticas). Pôde-se, então, comprovar-se ponto A e da espinha nasal anterior. O plano pa-
as alterações ósseas e dentárias, contribuindo para latino girou no sentido horário, em média, 0,14º
que outros trabalhos fossem idealizados avaliando por ano. Notou-se que o deslocamento ântero-
cefalometricamente os efeitos da ancoragem ex- posterior das bases ósseas foi melhorado, com sig-
trabucal. nificante redução das medidas esqueléticas. A base
Kloehn, em 1961, utilizando a região cervical mandibular não foi significantemente influenciada
como ponto de apoio, preconizou a indicação des- com o tratamento realizado.
se aparelho como excelente meio de controle para Lima Filho, Lima e Ruellas, em 200339, realiza-
direcionar o crescimento dentoalveolar e, a partir ram um estudo longitudinal para avaliar alterações
de seus resultados favoráveis, foi o maior divulga- no ANB em pacientes com má oclusão de Classe
dor desse recurso ortodôntico15. No ano seguinte, II esquelética, submetidos ao tratamento com o
Interlandi obteve um melhor controle das forças aparelho extrabucal (Kloehn) no final da denta-
extrabucais por meio da ancoragem cérvico-occi- dura mista ou início da dentadura permanente.

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Utilizaram, para isso, 120 telerradiografias nas superiores, que ele denominou splint maxilar. O
fases pré-tratamento, pós-tratamento e pós-con- mesmo autor52 referiu-se ao splint maxilar como
tenção. As grandezas cefalométricas foram anali- um arco facial incluído em uma parte de acrílico
sadas para comparação utilizando-se o teste t de que recobre os dentes superiores, envolvendo-os
Student, obtendo-se, como resultado, que a dis- por lingual e vestibular. A mecânica desse apare-
crepância maxilomandibular foi corrigida com a lho assemelha-se à do arco facial convencional,
utilização do aparelho extrabucal (Kloehn), e que exceto pela força dentária que se distribui sobre
o tratamento foi eficaz na correção da má oclusão todo o arco superior, em vez de atuar somente so-
de Classe II esquelética, que se manteve estável bre os molares. O centro de resistência se desloca
em longo prazo. para anterior, até a região de pré-molares, o que
requer modificações dos ajustes no arco externo
Utilização do arco extrabucal com para obter-se uma aplicação de forças balanceadas.
modificações Como a retenção do aparelho depende da manu-
Alguns autores descreveram métodos de cone- tenção do contato com os dentes por meio de uma
xão do aparelho extrabucal ao aparelho removí- força ativa, esse aparelho limita-se à utilização de
vel. Plint43 utilizou o arco facial inserido em tubos ângulos elevados de aplicação de forças. Concluiu-
soldados às bandas dos molares, sendo o aparelho se que o splint maxilar assemelha-se à ancoragem
removível retido por grampos adaptados sobre os extrabucal convencional, porém com forças dirigi-
tubos dos molares. Cousins e Clark12 descreveram das para toda a maxila.
um aparelho que incorporava tubos no acrílico, Enfatizando o tratamento ortopédico dos
na região palatina dos incisivos superiores, onde o problemas esqueléticos durante a fase de cresci-
braço interno do arco facial era inserido e, para a mento, Henriques, Freitas e Santos-Pinto32 apre-
sua utilização, realizaram a abertura da mordida o sentaram um caso clínico de correção de uma
suficiente para permitir que o fio passasse entre os má oclusão de Classe II, divisão 1 com protru-
incisivos superiores e inferiores. são maxilar, utilizando o arco facial conjugado
Fergusson et al.14 idealizaram um aparelho no a um aparelho removível (AEB conjugado). Os
qual o arco facial era inserido em um tubo solda- valores cefalométricos obtidos no final do trata-
do a uma alça auxiliar de fio 0,9mm sobreposta mento demonstraram que ocorreu uma redução
ao grampo do molar utilizado para retenção do da velocidade de crescimento maxilar, enquanto
aparelho removível. Segundo esses autores, o risco outras estruturas do complexo craniofacial manti-
de irritação aos tecidos e a interferência oclusal veram seu curso normal. A maxila apresentou um
constituíam fatores preocupantes na utilização aumento de 4,5mm em seu comprimento efeti-
desse tipo de aparelho, devido ao grande volume vo (CoA), porém em menor proporção do que
de acessórios na região dos molares. o comprimento efetivo mandibular (Co-Gn) de
Thurow53 salientou que o uso do aparelho ex- 10mm. O ângulo ANB diminuiu 3º e o ângulo da
trabucal acoplado em bandas nos molares superio- convexidade facial (NAP) diminuiu 5,5º. Com o
res, os quais seriam pontos de aplicação de força, sistema de força extrabucal, obteve-se uma rota-
poderia gerar inclinação vestibular ou lingual, de- ção favorável do plano palatino no sentido horário.
pendendo do tipo de tração utilizada, além de seu Portanto a correção da relação molar foi resultado
efeito ser predominantemente dentário, com incli- das alterações dentoesqueléticas promovidas pelo
nação distal do 1º molar. Este autor propôs, então, AEB conjugado.
um aparelho extrabucal acoplado a uma placa de Ainda no mesmo ano, Henriques et al.30 des-
acrílico, com cobertura oclusal de todos os dentes creveram os componentes do splint maxilar modi-

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ficado para tratamento da má oclusão de Classe II, Ortodontia, porém apresentando duas importan-
divisão 1, assim como as suas funções, ilustrando tes variáveis quanto à sua aplicação clínica: dire-
com um caso clínico, no qual se observava a pro- ção da aplicação da força e seu ponto de aplicação.
trusão maxilar como componente principal da má Combinações entre tração extrabucal e aparelhos
oclusão. Os autores concluíram que esse aparelho removíveis já foram propostas, como no caso do
inibe o deslocamento anterior e vertical da maxila splint maxilar apresentado por Thurow a partir de
e que, embora promova um pequeno controle do 1975. Esse aparelho tem como efeito a restrição
movimento dentário individual, é capaz de redu- do crescimento maxilar, permitindo também a ro-
zir ou eliminar a necessidade de uma fase subse- tação anti-horária da mandíbula.
qüente de Ortodontia corretiva. Costa, Rosa e Pretti11 relataram um caso de má
Com o intuito de evidenciar as alterações que oclusão de Classe II, divisão 1, cuja opção de tra-
podem ocorrer na dentadura mista de pacientes tamento foi o emprego do splint maxilar de Thu-
com má oclusão de Classe II, divisão 1, tratados row modificado, que teve como objetivos liberar o
com ancoragem extrabucal associada a aparelhos crescimento mandibular e controlar o crescimen-
removíveis, Henriques, Freitas e Scavone Jr.28 re- to maxilar, melhorando a relação interarcos, o po-
lataram um caso clínico em que foi utilizado um sicionamento dos incisivos superiores e inferiores,
aparelho removível na maxila conjugado à anco- e garantir o controle do crescimento vertical. As
ragem extrabucal (splint maxilar ou AEB conjuga- conclusões deram-se a partir de uma revisão da li-
do), a fim de controlar não só o crescimento maxi- teratura e da análise e discussão de um caso clínico
lar como também a distalização do arco dentário que obteve sucesso durante o tratamento.
superior. Um ano e sete meses após o resultado Almeida et al.1 relataram um caso clínico de
final, demonstraram a correção da relação molar, má oclusão de Classe II, divisão 1, tratado com
da vestibularização dos incisivos, que os compri- o aparelho extrabucal conjugado, evidenciando a
mentos da maxila e da mandíbula permaneceram sua simplicidade de confecção, bem como a rela-
inalterados e que o AFAI apresentou sensível au- ção custo-benefício favorável para o paciente, uma
mento. O ângulo NAP diminuiu e a tendência de vez que, em muitos casos, não há necessidade da
crescimento continuou horizontal. etapa ortodôntica corretiva. Destacaram, ainda, a
Capelli Jr., Ritter e Cardoso10 relataram um efetividade de seus resultados sobre o complexo
caso de tratamento precoce da má oclusão de dentoesqueléticofacial na interceptação dessa má
Classe II, divisão 1 severa, em uma paciente por- oclusão.
tadora de anemia falciforme, por meio do splint Freitas et al.17 publicaram um artigo com o
maxilar, o qual conteve a erupção dentária maxilar objetivo de demonstrar a correção de uma má
e o crescimento vertical e anterior da maxila, fa- oclusão de Classe II, divisão 1, na dentadura mis-
vorecendo o deslocamento anterior da mandíbula ta, com padrão de crescimento vertical, maxila
e obtendo o máximo de correção da discrepância protruída e mandíbula acentuadamente retruída,
maxilomandibular. A segunda fase do tratamento, com mordida aberta anterior, tendo sido utilizado
com aparelhagem fixa, corrigiu o posicionamento o AEB conjugado para correção. Como contenção,
dentário e manteve os ganhos esqueléticos da pri- foi indicado o AEB (IHG) com uma PLA modifi-
meira fase. cada e, após essa fase, o aparelho ortodôntico fixo,
Santos Pinto et al.45 reportaram, por meio de dando-se ênfase à obtenção da restrição do cresci-
um caso clínico, a utilização de forças extrabucais mento maxilar e à liberação do crescimento man-
para o ajuste das relações interdentárias e inter- dibular. Concluiu-se que esse tipo de aparelho,
maxilares como um procedimento rotineiro em quando bem indicado em relação às características

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faciais do paciente e ao seu nível de colaboração, O arco extrabucal é colocado no acrílico na


apresenta-se bastante efetivo. área entre os molares decíduos ou pré-molares.
Esse dispositivo se estende, posteriormente, até os
Componentes do AEB conjugado e incisivos laterais e depois curva-se para trás até a
suas funções borda posterior do primeiro molar permanente. A
Nos casos de má oclusão de Classe II, divisão 1, direção correta, o ponto de aplicação e a quanti-
com protrusão maxilar e necessidade de controle dade de força aplicada são fatores críticos para o
vertical, como recurso ortopédico indica-se, atual- sucesso do tratamento.
mente, a utilização do splint maxilar modificado
ou AEB conjugado descrito por Henriques et al.30, Mecanismo de ação e forma de ativação
semelhante ao desenvolvido por Thurow na déca- do AEB conjugado
da de 70, o qual apresenta 5 componentes princi- Qualquer aparelho empregado para restringir
pais: uma placa de acrílico, um parafuso expansor, o crescimento maxilar anterior e melhorar a re-
um arco vestibular, grampos de retenção do tipo lação maxilomandibular deve também restringir
Adams e o arco extrabucal. a extrusão dos molares permanentes superiores
A placa de acrílico recobre o palato duro e e, conseqüentemente, o deslocamento vertical
estende-se, lateralmente, até as cúspides vestibu- da maxila. Isso evita a rotação no sentido horário
lares dos dentes posteriores e, anteriormente, até da espinha nasal anterior e dos planos palatino e
a face palatina dos incisivos. O acrílico deve ser o mandibular.
mais fino possível, para evitar translação dos côn- Para minimizar essa rotação horária, o arco ex-
dilos ou aumento da altura facial inferior. A face terno deve ser levantado 45º acima do plano oclu-
de contato com os dentes inferiores não deve in- sal e usado com tração alta. A aplicação de força
terferir no crescimento mandibular. nessa direção é voltada para o centro de resistên-
O parafuso expansor é posicionado na altura cia da maxila, e forças compressivas são distribu-
do segundo molar decíduo ou segundo pré-molar ídas entre as 3 suturas maxilares primárias: fron-
permanente. Sua ativação permite o ajuste dos tomaxilar, zigomaxilar e pterigopalatina. Assim
segmentos laterais posteriores prevenindo o de- evita-se tensão apenas na sutura frontomaxilar e
senvolvimento de uma mordida cruzada. forças compressivas na sutura pterigopalatina, que
O arco vestibular deve estar em suave contato são responsáveis pela rotação horária do comple-
com os dentes anteriores. Se um incisivo apresen- xo nasomaxilar. A força aplicada deve ser de 12 a
ta-se um pouco mais vestibularizado do que os 14 onças (300 a 600 gramas), com elásticos 1/2’’,
outros, indica-se desgaste do acrílico na região de trocados a cada 4 ou 5 dias.
contato, para que essa inclinação seja normalizada. Os pacientes tratados com esse aparelho de-
No entanto, se todos os dentes anteriores estive- vem ser monitorados até o final do surto de cres-
rem nessa situação, o arco vestibular deve contatá- cimento, embora seja recomendado que o uso do
los e o desgaste no acrílico é necessário em toda a aparelho continue como contenção noturna por
extensão anterior. um período igual à metade do tempo de duração do
Os grampos de retenção do tipo Adams devem tratamento ativo. Nesta fase, os elásticos devem ser
contornar o primeiro molar permanente auxilian- trocados a cada 15 dias e, depois, o aparelho deve
do na estabilização do aparelho e na distribuição ser removido gradualmente após esse período.
de forças através do complexo maxilar, com o Segundo Fotis et al.16, durante o tratamento
maior componente de força direcionado à região com forças ortopédicas sobre a maxila, foi obser-
dentoalveolar. vada uma maior velocidade de crescimento da

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mandíbula em sentido ântero-posterior, podendo agora na Noruega, reintroduziram o monobloco


o oposto ser notado após o tratamento. Horowi- de Robin com algumas modificações, passando a
tiz e Hixon35 afirmaram que essas alterações nas denominá-lo ativador13. Por seus estudos e aplica-
velocidades de crescimento devem-se ao fato de ções clínicas, concluíram que deveria ser elabora-
a terapia alterar o curso fisiológico do processo da uma mordida construtiva para registrar o esti-
de crescimento e desenvolvimento, podendo até ramento muscular, assegurando que forças seriam
mesmo revertê-lo. Desse modo, após cessada a transmitidas do ativador para a maxila e mandíbu-
mecânica, as estruturas tendem a retornar ao seu la. Desde então, muitas alterações adicionais fo-
curso normal de desenvolvimento. ram incorporadas13,23,28,34 por pesquisadores como
Balters (1964), Frankel (1969), Bimler (1964) e
A Ortopedia Funcional dos Maxilares Clark (1988), dentre outros, originando os mais
Kingsley, em 1879, nos EUA, introduziu o ter- diversos tipos de aparelhos ortopédicos funcio-
mo e o conceito de aumento da dimensão vertical nais19.
oclusal (jumping the bite) em curto prazo, para Curiosamente, observa-se que todos os apa-
pacientes que apresentavam retrusão mandibular relhos ortopédicos funcionais tiveram origem na
e utilizou um aparelho de vulcanite, que possuía Europa ou foram influenciados por preceitos de
uma inclinação passível de reposicionar a mandí- estudiosos europeus. Esse fato deve-se à coinci-
bula anteriormente e guiar a erupção dentária. Essa dência dessa fase da história com o desenrolar das
idéia teve uma influência importante no desenvol- 1ª e 2ª guerras mundiais, que provocaram escassez
vimento das bases da Ortopedia Funcional dos Ma- de materiais nobres, tendo os ortodontistas, então,
xilares6. sido obrigados a buscarem recursos alternativos
No entanto, a Ortopedia Funcional dos Ma- para a correção das más oclusões, levando em con-
xilares, propriamente dita, teve sua evolução ini- ta, também, a tendência da época pós-guerra por
ciada na França, em 1902, quando Pierre Robin tratamentos sociais20.
idealizou o monobloco, um aparelho removível
que, artificialmente, impunha o avanço postural Mecanismo de ação dos aparelhos
da mandíbula. Esse pesquisador acreditava que o ortopédicos funcionais
reposicionamento de uma estrutura subdesenvol- De um modo genérico, os ativadores possuem
vida poderia resultar em estímulo para se alcançar um corpo único de acrílico, que propicia a altera-
o desenvolvimento normal6. ção da postura da mandíbula em relação à maxila,
Em 1908, o dinamarquês Viggo Andresen, nos sentidos vertical e horizontal, desencadeando
influenciado pelos conceitos de Kingsley, desen- alterações na tonicidade dos músculos peribucais
volveu modificações em seu aparelho original de e mastigatórios que favorecem o estabelecimento
forma a deixá-lo livre dentro da cavidade bucal, de adaptações esqueléticas e dentárias, necessárias
tentando, assim, transmitir os estímulos funcionais à correção da má oclusão28. O fato de este apa-
da musculatura para as bases apicais, os dentes e relho permanecer livremente na cavidade bucal,
tecidos de suporte. Postulava-se que o estiramento obrigando o paciente a ajustar sua oclusão, origi-
dos músculos pela protração mandibular resultaria naria energia cinética intermitente. A contração
em forças de contração isotônica, as quais seriam compensatória e o reflexo miostático dos músculos
transmitidas e distribuídas aos dentes em conta- durante os movimentos funcionais forneceriam as
to com o aparelho, o que possibilitaria a correção forças necessárias para redirecionar o crescimento
dentoalveolar e ortopédica13. ou remodelar as bases apicais.
Posteriormente, em 1936, Andresen e Häupl, A natureza exata das alterações que contri-

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GIMENEZ, C. M. M.; BERTOZ, A. P.; BERTOZ, F. A.

buem para a correção da má oclusão de Classe por transdução, a neo-formação óssea na fossa gle-
II, divisão 1, durante o tratamento com ativador, nóide e no côndilo mandibular. Essa remodelação
constitui um tema bastante controverso. Enquan- óssea, intensificada pela utilização do aparelho
to, por um lado, são admitidas apenas as altera- ortopédico funcional, contribui para a correção
ções dentoalveolares, por outro, advoga-se que a das deficiências mandibulares moderadas, princi-
terapia induz alterações no padrão de crescimento palmente durante o período de utilização dos apa-
da maxila e da mandíbula. Contudo, apesar das relhos, exigindo sobrecorreção e contenção razo-
divergências, estudos clínicos e experimentais ava- áveis, pela dificuldade de se manter as alterações
liando ativadores ou outros aparelhos ortopédicos obtidas, evitando-se a recidiva.
que propiciem o avanço postural da mandíbula
sugerem que a correção da má oclusão de Classe Associação do ativador com as forças
II, divisão 1, decorre dos seguintes fatores: extrabucais
sREMODELA ÎODACAVIDADEGLENØIDE A partir de vários estudos, observa-se que a
sESTIMULA ÎOOULIBERA ÎODOPOTENCIALGENÏTI- má oclusão de Classe II, divisão 1 de Angle, fre-
co normal de crescimento mandibular; qüentemente apresenta-se com uma combinação
s REDIRECIONAMENTO OU RESTRI ÎO PARCIAL DO da protrusão maxilar e da retrusão mandibular.
crescimento da maxila em direção anterior; Quando se encontra esse tipo de situação, ainda
sINCLINA ÎOEMOVIMENTA ÎOPARADISTAL OUINI- durante a fase de desenvolvimento, deve-se pensar
bição do processo normal de erupção em direção em uma abordagem que seja efetiva na restrição
mesio-oclusal dos dentes póstero-superiores; do crescimento maxilar e na estimulação do cres-
s INCLINA ÎO PARA LINGUAL DOS INCISIVOS SUPE- cimento mandibular.
riores; Procurando alcançar um maior controle sobre
s INCLINA ÎO E MOVIMENTA ÎO PARA MESIAL OU o crescimento - assim como sobre o deslocamento
estimulação do processo normal de erupção em anterior e vertical da maxila e o seu processo den-
direção mesio-oclusal dos dentes póstero-inferio- toalveolar durante o tratamento com ativadores -
res; passou-se a associá-los com as forças extrabucais
sINCLINA ÎOPARAVESTIBULARDOSINCISIVOSINFE- aplicadas sobre a maxila. Estas últimas, quando
riores. empregadas durante o período de crescimento ati-
Segundo Hirzel e Grewe34, o tratamento orto- vo, podem conduzi-la a um relacionamento mais
pédico consiste em 2 etapas básicas. Na primeira posterior em relação à base do crânio. Tenenbaum50
ocorrem alterações dentárias, enquanto na etapa salienta que a distalização do arco dentário supe-
subseqüente desenvolvem-se alterações esquelé- rior com aparelhos removíveis e força extrabucal
ticas que, geralmente, requerem um período de aplicada na região do molar deve ser efetuada em
tempo mais prolongado. 2 etapas: primeiramente distalizando-se os setores
Martins-Ortiz et al.40, revisando a literatura, laterais e posteriores e depois retraindo a região
concluíram que a cavidade articular (fossa gle- anterior. Esse autor também esclarece que as in-
nóide) possui capacidade adaptativa em variados dicações desses aparelhos são iguais às de outros
graus, conforme a intensidade do tratamento or- dispositivos com força extrabucal e que devem
topédico (intermitente ou contínuo) e da fase de ser utilizados, principalmente, durante as horas de
crescimento em que é usado o aparelho. O des- sono, até completar 13 horas diárias. Finalmente,
locamento condilar induzido pela utilização de evidenciou que o aparelho extrabucal é conectado
aparelhos funcionais provoca alterações viscoelás- ao removível e tracionado com elástico cervical.
ticas nos tecidos moles retrodiscais, provocando, Deste modo, Pfeiffer e Grobéty42 preconizaram

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 93 Maringá, v. 12, n. 6, p. 85-100, nov./dez. 2007
Tratamento da má oclusão de Classe II, divisão 1 de Angle, com protrusão maxilar utilizando-se recursos ortopédicos

a associação do ativador com as forças extrabucais mento puberal representa o momento ideal para a
de tração cervical aplicadas em tubos soldados nas sua indicação. Outro fator intimamente relaciona-
bandas cimentadas nos primeiros molares superio- do com o êxito dessa terapia refere-se ao padrão
res. Os autores ressaltaram que os resultados te- facial do paciente.
rapêuticos propiciados por essa abordagem repre- Van Beek54 também propôs um aparelho único
sentam muito mais do que a simples somatória dos para a correção da má oclusão de Classe II, divi-
efeitos do ativador e da tração cervical considera- são 1, resultante da combinação do ativador com
dos separadamente. Observou-se que o ativador, a ancoragem extrabucal. Os principais aspectos
além de suas propriedades conhecidas, propicia a clínicos ante a utilização desse aparelho seriam a
supressão de quaisquer interferências oclusais que intrusão e a retração dos dentes ântero-superiores,
poderiam dificultar o deslocamento para distal da a distalização dos molares, a retração maxilar, o es-
maxila e dos dentes superiores e que, além disso, tímulo para o crescimento mandibular, a mínima
evita a extrusão excessiva dos primeiros molares inclinação dos incisivos inferiores e a inibição do
superiores. Porém, para os casos de mordida aber- deslocamento para baixo da maxila.
ta ou com elevada inclinação do plano mandibu- Objetivando a efetiva correção da má oclu-
lar, recomenda-se a tração média ou alta. são de Classe II, divisão 1, Levin38 descreveu um
No entanto, uma série de estudos demonstrou método de tratamento no qual utilizava, simulta-
que a tração cervical aplicada aos primeiros mola- neamente, o ativador e a ancoragem extrabucal.
res superiores, freqüentemente, provoca extrusão Observou-se que essa mecanoterapia resultou
desses dentes, bem como a rotação para baixo e em estímulo para o desenvolvimento mandibular
para trás dos planos palatino e mandibular. Esses normal e redirecionamento do desenvolvimento
efeitos, por sua vez, conduzem ao aumento da al- dentoalveolar superior. Deste modo, obteve-se
tura facial ântero-inferior, além de neutralizarem, melhores resultados nos jovens com padrão meso
parcialmente, o desejado deslocamento anterior do ou braquifacial e notou-se que também parece
pogônio. Com o intuito de superar ou, ao menos, exercer considerável influência sobre a estabilida-
amenizar esses problemas, Teuscher51 desenvolveu de, em longo prazo, da correção ortopédica.
um ativador com tubos inseridos bilateralmente Kingele36 concluiu que, após a utilização do
no acrílico, na região de pré-molares superiores, ativador associado à ancoragem extrabucal, os re-
que possibilita a inserção direta do arco facial, ao sultados foram favoráveis, tanto para os pacientes
qual aplica-se a tração alta. Essa estratégia, segun- com crescimento vertical como para os pacien-
do a concepção do autor, possibilita um melhor tes com crescimento horizontal. A correção da
controle vertical da maxila em função do direcio- má oclusão de Classe II, divisão 1, ocorreu com a
namento póstero-superior do vetor da força extra- combinação de efeitos dentários e esqueléticos.
bucal aliado à sua maior proximidade do centro Lehmann et al.37 indicaram o ativador associa-
de resistência teórico da maxila, situado na região do à ancoragem extrabucal para o tratamento da
da sutura zigomaxilar. má oclusão de Classe II, divisão 1, com protrusão
Quanto à duração do tratamento, Bass5 afir- maxilar e retrusão mandibular durante a fase de
mou que a fase ortopédica, normalmente, estende- crescimento. Relataram, como principais efeitos
se por 8 a 12 meses, quando se utiliza o ativador clínicos, a inibição do crescimento para baixo e
combinado às forças extrabucais, muito embora para a frente do complexo maxilar e o estímulo
a duração dessa etapa dependa essencialmente ao crescimento mandibular. Esses autores consta-
da magnitude de crescimento mandibular. Sendo taram a recidiva parcial da relação molar de Classe
assim, entende-se que a época do surto de cresci- II em 17% dos casos, 5 anos após a conclusão do

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GIMENEZ, C. M. M.; BERTOZ, A. P.; BERTOZ, F. A.

tratamento ortopédico, enquanto nos 83% restan- posterior colocação de implantes ou próteses nos
tes a correção manteve-se estável. Os casos que espaços edêntulos.
apresentaram recidiva demonstraram, em geral, Henriques et al.24, estudando cefalometrica-
rotação em sentido horário do “eixo Y” de cresci- mente os efeitos tegumentares do ativador com-
mento facial, avaliado pelo ângulo SN.Gn. binado à ancoragem extrabucal no tratamento da
Henriques et al.31 publicaram um estudo com má oclusão de Classe II, divisão 1, observaram que
o objetivo de avaliar as alterações cefalométricas houve inclinação do plano mandibular em relação à
no tratamento da má oclusão de Classe II, divisão base do crânio em virtude do aumento da altura fa-
1, em pacientes de ambos os gêneros, durante a cial ântero-inferior esquelética e tegumentar. Além
fase de crescimento e desenvolvimento craniofa- disso, o posicionamento do lábio superior no senti-
cial, utilizando o ativador combinado ao aparelho do ântero-posterior, assim como do lábio inferior e
extrabucal (tração média). A amostra constou do mento tegumentar, não obtiveram modificações
de 25 pacientes com média de idade de 11 anos. estatisticamente significantes em relação ao grupo
Utilizaram duas telerradiografias em norma late- controle, embora tenham nitidamente demonstra-
ral de cada paciente, obtidas no início e no final do maior avanço anterior, com exceção da profun-
do tratamento, para a comparação das alterações didade do sulco mentolabial, que obteve sensível
cefalométricas médias, avaliando também a pre- diminuição com o uso do aparelho.
sença de dimorfismo sexual. Concluíram que so-
mente as grandezas SNA, AFAI e 6-PP denotaram Componentes, mecanismos de ação e
dimorfismo sexual. Verificou-se uma restrição de forma de ativação
crescimento maxilar, porém sem significância es- Segundo Henriques et al.22, o aparelho deno-
tatística e observou-se um aumento significante minado AEB com ativador apresenta os seguintes
no comprimento efetivo da mandíbula, bem como componentes: uma estrutura de acrílico superior
no corpo e na altura do ramo mandibular. Houve e uma inferior, unidas na região oclusal; na parte
uma melhora significante no perfil esquelético e superior, apresenta um parafuso expansor, gram-
na relação maxilomandibular, embora tenha sido pos de retenção tipo Adams, um arco vestibular
notado um aumento no terço inferior da face. Os e um arco facial, incluído no acrílico para receber
incisivos superiores foram verticalizados e retruí- a tração extrabucal alta. Durante sua construção,
dos na base óssea, enquanto os molares inferiores a posição da mandíbula deve ser protruída de tal
apresentaram-se extruídos ao final do tratamento. forma que os incisivos adquiram uma posição de
Houve uma melhora do perfil tegumentar, com topo-a-topo, observando-se, concomitantemente, as
retrusão significante do lábio superior. relações de normalidade dos caninos e dos primei-
Henriques et al.23 publicaram um trabalho com ros molares permanentes. Essa projeção, medida a
a proposição de orientar o clínico no planejamento partir dos incisivos, não deve ultrapassar 6mm, po-
correto da seqüência de tratamento quando ano- dendo ser observada também a região dos primei-
malias, como as agenesias dentárias, encontram- ros molares permanentes. Nos casos de apinhamen-
se associadas às más oclusões. Foi apresentado to anterior, a relação de topo-a-topo deve ser obtida
um caso clínico em que 4 pré-molares inferiores até a posição do incisivo superior mais lingualizado.
e um incisivo inferior estavam ausentes em uma Por outro lado, se o avanço necessitar mais de 6mm
má oclusão de Classe II, divisão 1. Utilizaram um para a obtenção da relação dentária e/ou esque-
ativador conjugado à ancoragem extrabucal e, ao lética favorável, a protrusão mandibular deve ser
final do tratamento, o paciente foi encaminhado realizada em etapas progressivas, respeitando-se
para a instalação do aparelho fixo e preparo para a um intervalo de 8 a 12 meses. A dimensão vertical

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 95 Maringá, v. 12, n. 6, p. 85-100, nov./dez. 2007
Tratamento da má oclusão de Classe II, divisão 1 de Angle, com protrusão maxilar utilizando-se recursos ortopédicos

deverá ultrapassar suavemente o espaço funcional lar, o componente mandibular recobre as super-
livre, para que ocorra o mínimo de estiramento fícies oclusais dos dentes póstero-inferiores. Nor-
muscular. No entanto, a posição de topo-a-topo malmente as bordas incisais dos incisivos inferiores
dos incisivos promove, normalmente, na região dos também são recobertas para evitar ou, ao menos,
primeiros molares permanentes, uma separação de minimizar a tendência de vestibularização duran-
3mm a 4mm, suficiente, portanto, para liberar um te a terapia. O componente mandibular também
sistema de forças musculares capazes de instituí- possui extensões de acrílico recobrindo as superfí-
rem modificações esqueléticas satisfatórias. cies linguais dos dentes inferiores e parte do pro-
A placa de acrílico maxilar recobre, parcialmen- cesso alveolar. Essas extensões linguais em associa-
te, o palato duro e as superfícies oclusais dos dentes ção ao recobrimento das superfícies oclusais dos
póstero-superiores. Na parte superior do aparelho dentes póstero-superiores e inferiores guiarão a
adaptam-se os grampos de Adams, o arco vestibu- mandíbula à posição desejada nos sentidos ântero-
lar, o arco facial e o parafuso expansor. Os grampos posterior e vertical.
de Adams são confeccionados com fio 0,7mm na Em geral, a ativação ântero-posterior corres-
região de primeiros molares permanentes, para au- ponde à obtenção de um relacionamento de topo-
xiliar na retenção do aparelho. O arco vestibular, a-topo entre os incisivos, na forma preconizada
também de fio 0,7mm, estende-se de distal a dis- por Harvold e Vargervick21. A ativação vertical
tal de caninos, objetivando, além de retenção, uma depende da espessura do acrílico interposto entre
tração da maxila com maior efeito ortopédico ou os dentes posteriores, que normalmente deve re-
a possibilidade de ativá-lo também no caso dos in- presentar apenas o espaço suficiente para eliminar
cisivos encontrarem-se vestibularizados. O arco fa- a sobremordida e permitir o relacionamento de
cial é confeccionado com fio 1,5mm de diâmetro e, topo-a-topo entre os incisivos.
neste caso especificamente, seus braços internos são Quanto à utilização diária do aparelho, os pa-
inseridos diretamente no acrílico na região de pré- cientes são orientados a retirá-lo apenas durante
molares permanentes ou molares decíduos. Porém, as refeições, na higienização bucal e prática de
em alguns casos, pode-se posicioná-lo na região de esportes. Caso o paciente esteja utilizando ade-
primeiros molares permanentes ou caninos. Os bra- quadamente o aparelho e apresente potencial de
ços externos prolongam-se até a face distal dos pri- crescimento favorável, após um período médio de
meiros molares permanentes. O parafuso expansor 3 meses, já se observa uma sensível melhora na
será posicionado de forma centralizada na altura relação entre os arcos dentários. No entanto, esse
dos molares decíduos ou pré-molares, evitando o episódio decorre de adaptações dentárias e mus-
desenvolvimento de uma mordida cruzada poste- culares. Por esta razão, a utilização do aparelho
rior durante a terapia. não deve ser interrompida e nem reduzida nesse
Os elásticos 1/2’’, trocados em média a cada 3 momento, pois as alterações esqueléticas reque-
a 4 dias, fornecem uma força extrabucal em tor- rem um período de tempo mais prolongado.
no de 350 gramas a 600 gramas e devem exercer
tração em direção superior ou intermediária pre- Comparação entre diferentes tipos
ferencialmente. Esse procedimento, em associação de tratamento
ao ponto de inserção dos arcos faciais no acrílico, A avaliação cefalométrica das estruturas den-
ajuda a prevenir a extrusão dos primeiros molares toesqueléticas em pacientes com má oclusão de
superiores e a rotação do plano palatino em sen- Classe II, divisão 1 de Angle, comparando-se os
tido horário. tratamentos realizados com 2 tipos de ancoragem
Formando um corpo único com a placa maxi- extrabucal (cervical e associada ao aparelho remo-

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GIMENEZ, C. M. M.; BERTOZ, A. P.; BERTOZ, F. A.

vível) foi realizada por Henriques, Freitas e Pin- em ambos os grupos, e o ângulo do plano palatino
zan25. A amostra constou de telerradiografias em aumentou significantemente no primeiro grupo;
norma lateral de 50 jovens, de ambos os gêneros, sAMANDÓBULAAPRESENTOUCRESCIMENTOSIGNIl-
com média de idade de 10 anos, divididos em 2 cante no segundo grupo, sendo este crescimento
grupos: tratados com ancoragem extrabucal cervi- mais discreto no primeiro grupo;
cal e tratados com aparelho removível conjugado s O ÊNGULO NASOLABIAL !., NÎO FOI SIGNIl-
à ancoragem extrabucal. Quanto à influência do cantemente alterado, enquanto o de convexidade
tratamento, os autores concluíram que: (NAP) mostrou-se diminuído nos 2 grupos;
sNÎOOCORRERAMALTERA ÜESNOPADRÎODECRES- sOSINCISIVOSSUPERIORESMOSTRARAM SEVERTICALI-
cimento nos 2 grupos; zados, enquanto os inferiores não alteraram signifi-
sAMAXILAMOSTROURESTRI ÎODECRESCIMENTOE cativamente suas posições originais nos 2 grupos;
a mandíbula apresentou discreto crescimento nos sOSMOLARESSUPERIORESDISTALIZARAMNOSGRU-
2 grupos, pos, embora os do grupo 1 tenham apresentado
s O ÊNGULO NASOLABIAL !., NÎO FOI ALTERA- extrusão. Os molares inferiores apresentaram uma
do significativamente, porém o de convexidade extrusão significante no segundo grupo.
(NAP) mostrou-se significantemente diminuído; Quanto ao dimorfismo sexual:
s OS INCISIVOS SUPERIORES APRESENTARAM UMA s NÎO OCORRERAM DIFEREN AS SIGNIlCANTES NOS
verticalização significante, enquanto os incisivos 2 grupos para as seguintes medidas: SNA, SNB,
inferiores não tiveram grandes alterações de suas ANB, NAP, ANL, SN.PP, A-Nperp, A-Sperp, B-
posições originais; Sperp, 1.PP, IMPA, 6-GoMe, 6-Sperp e 6’-Sperp;
sOSMOLARESSUPERIORESDISTALIZARAMNOSGRU- sAPRESENTARAMDIFEREN ASSIGNIlCANTES!&!)
pos, embora no grupo da ancoragem cervical te- SnGoMe e 6-PP.
nha sido observada extrusão. Henriques, Freitas e Pinzan27 avaliaram cefa-
Quanto ao dimorfismo sexual: lometricamente 50 pacientes com má oclusão de
s NÎO OCORRERAM DIFEREN AS SIGNIlCANTES NOS Classe II, divisão 1, subdivididos em 2 grupos: o
2 grupos para as seguintes medidas: SNA, SNB, primeiro tratado com AEB associado ao aparelho
ANB, NAP, ANL, SN.PP, A-Nperp, A-Sperp, B- removível e o segundo tratado com AEB associa-
Sperp, 1.PP, IMPA, 6-GoMe, 6-Sperp e 6’-Sperp; do ao ativador. Quanto à influência do tratamento
sAPRESENTARAMDIFEREN ASSIGNIlCANTES!&!) concluíram que:
SnGoMe e 6-PP. sNÎOOCORRERAMALTERA ÜESNOPADRÎODECRES-
No mesmo ano, esses mesmos autores26 publi- cimento;
caram um estudo cefalométrico comparativo dos s A MAXILA MOSTROU RESTRI ÎO DE CRESCIMENTO
tratamentos da má oclusão de Classe II, divisão em ambos os grupos;
1, realizados com ancoragem extrabucal cervical e sAMANDÓBULAAPRESENTOUCRESCIMENTOSIGNIl-
AEB associado ao ativador. A amostra constou de cante no segundo grupo, sendo este crescimento
radiografias de 50 pacientes, de ambos os gêneros, mais discreto no primeiro grupo;
idade média de 10 anos, divididos em 2 grupos: s O ÊNGULO NASOLABIAL !., NÎO FOI SIGNIl-
tratados com AEB cervical e tratados com o ati- cantemente alterado, enquanto o de convexidade
vador associado ao AEB. Quanto à influência do (NAP) mostrou-se diminuído nos 2 grupos;
tratamento, concluíram que: s OS INCISIVOS SUPERIORES MOSTRARAM SE VERTI-
sNÎOOCORRERAMALTERA ÜESNOPADRÎODECRES- calizados, enquanto os inferiores não alteraram
cimento; significativamente suas posições originais nos 2
s A MAXILA MOSTROU RESTRI ÎO DE CRESCIMENTO grupos;

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 97 Maringá, v. 12, n. 6, p. 85-100, nov./dez. 2007
Tratamento da má oclusão de Classe II, divisão 1 de Angle, com protrusão maxilar utilizando-se recursos ortopédicos

sOSMOLARESSUPERIORESDISTALIZARAMNOSGRU- as alterações médias da maxila, mandíbula, relação


pos, embora os do grupo 1 tenham apresentado maxilomandibular e padrão de crescimento facial.
estabilidade cervico-oclusal, tendo ocorrido intru- Nos pacientes do grupo 2, observou-se maior pro-
são não significante no grupo 2. Os molares infe- trusão e vestibularização dos incisivos inferiores,
riores extruíram nos grupos 1 e 2, principalmente com significância estatística ao nível de 5%. A
neste último. única grandeza avaliada que apresentou diferen-
Quanto ao dimorfismo sexual: ça estatisticamente significante foi Gl’Sn’-Pog. A
s NÎO OCORRERAM DIFEREN AS SIGNIlCANTES NOS indicação de aparelhos funcionais em fase inicial
2 grupos para as seguintes medidas: SNA, SNB, de tratamento da má oclusão de Classe II, divisão
ANB, NAP, ANL, SN.PP, A-Nperp, A-Sperp, B- 1, com deficiência mandibular, durante o desen-
Sperp, 1.PP, IMPA, 6-GoMe, 6-Sperp e 6’-Sperp; volvimento craniofacial e complementação com
sAPRESENTARAMDIFEREN ASSIGNIlCANTES!&!) aparelhagem fixa apresenta-se favorável.
SnGoMe e 6-PP.
Cruz et al.13 realizaram uma revisão da literatu- CONCLUSÃO
ra sobre 5 tipos de aparelhos funcionais para a cor- A efetividade dos recursos ortopédicos descri-
reção da má oclusão de Classe II: o ativador, o bio- tos - AEB conjugado e AEB com ativador - está
nator de Balters, o regulador de função de Frankel, diretamente relacionada com a seleção diagnósti-
o aparelho de Herbst e os guias de erupção. De ca criteriosa e o grau de interesse e colaboração
um modo geral, constatou-se que esses aparelhos do paciente, salientando-se o controle vertical. As
devem ser utilizados por pacientes na fase de cres- avaliações das alterações cefalométricas e de perfil
cimento ativo, visando corrigir discrepâncias ân- tegumentar induzidas por esses aparelhos mos-
tero-posteriores, verticais e transversais pela res- traram-se satisfatórias, com efeitos ortodônticos
trição e/ou redirecionamento do crescimento das e ortopédicos significantes, o que promove uma
bases apicais. O ativador e o Bionator apresentam melhora da discrepância esquelética proporcio-
o mesmo mecanismo de ação, promovendo altera- nada, principalmente, pelo redirecionamento do
ções dentoesqueléticas similares. Verificou-se que crescimento. Se faz relevante salientar a importân-
esses aparelhos promovem uma melhora do perfil cia da fase de contenção para a manutenção dos
facial, com a coordenação do crescimento maxi- resultados alcançados, embora estes mostrem-se
lomandibular, reduzindo, na maioria das vezes, a consistentes em longo prazo.
necessidade de extrações. Dessa forma, ocorre uma
diminuição da fase com aparelhos fixos, podendo-
se até mesmo eliminá-la.
Santos e Henriques46 realizaram um estudo ce-
falométrico comparativo de duas formas distintas
de tratamento da má oclusão de Classe II, divi-
são 1. Cada grupo contou com 25 integrantes de
ambos os gêneros, com potencial de crescimento
craniofacial, tendo o primeiro sido tratado com
aparelhagem fixa e técnica Edgewise e o segun-
do grupo tratado, inicialmente, com o ativador
combinado com a ancoragem extrabucal occipital
e finalizado com aparelhagem fixa e técnica Ed-
Enviado em: fevereiro de 2005
gewise. Não houve diferenças significantes entre Revisado e aceito: agosto de 2005

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 98 Maringá, v. 12, n. 6, p. 85-100, nov./dez. 2007
GIMENEZ, C. M. M.; BERTOZ, A. P.; BERTOZ, F. A.

Class II, division 1, with maxillar protrusion’s treatment employing


orthopedic approachs

Abstract
Aim: The purpose of this research is to review the literature about the treatment of Class II, division 1 malocclusion
with maxillary protrusion, during the growth and development period. This review addresses the characteristics
of these appliances, their components, correct use, action mechanisms, and mainly their consequences in dento-
facial complex. Conclusions: In patients with maxillary protrusion and with no mandibular component, it may be
indicated the use of a maxillary splint similar to the one suggested by Thurow. However, in patients with maxillary
protrusion and mandibular retrusion, it may be indicated an activator associated with extra oral anchorage.

Key words: Class II. Division 1. Orthopaedic. Maxilar protrusion.

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