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SAÚDE
ELABORAÇÃO DE PROJETOS TURÍSTICOS
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206p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-8241-169-8
CDD 338.4791
SUMÁRIO
DESENVOLVIMENTO ..........................................................................................................................5
2
1.1 ORIGENS E CONFIGURAÇÕES DOS PROJETOS ..................................................................8
DE DESENHO .....................................................................................................................................20
FIGURA 1
As intervenções realizadas por meio de projetos podem ser públicas ou privadas, bem
como podem beneficiar toda uma comunidade ou somente algumas pessoas, ou até mesmo
somente uma empresa, tudo depende do tipo de projeto realizado, seus objetivos e sua
abrangência. O exemplo apresentado acima serve para entendermos melhor onde um projeto de
desenvolvimento pode intervir.
Os instrumentos usados para intervenção podem então variar dependendo do tipo de
projeto, o importante é compreender que sempre existirá algum tipo de intervenção nos projetos
– seja intervenção social, territorial ou econômica, em uma dada comunidade ela sempre
existirá.
Os projetos públicos sempre atuam como um instrumento de intervenção, observando
as prioridades existentes (que podem ser relacionadas à saúde, à infraestrutura etc.). Já nos
projetos turísticos privados, os instrumentos de intervenção usados dependem da boa vontade
do investidor ou empresário que irá executar tais projetos. Algumas intervenções beneficiam
extremamente a comunidade; outras podem ter o efeito contrário, ou seja, a exclusão da
comunidade. Diante disso, é possível representar o projeto como um instrumento de intervenção
das seguintes formas:
projetos públicos – visam intervir para o bem-estar de toda a comunidade, suas
formas de intervenção variam conforme as necessidades de cada local;
projetos privados – as formas de intervenção são as mais variadas possíveis e
mudam conforme os objetivos de cada empresário/investidor.
A construção de uma estrada pode ser uma forma de intervenção de um projeto
público que visa desenvolver o setor econômico de um local.
FIGURA 3
FIGURA 4
Etapas do método:
1) análise de envolvimento – tem por objetivo levantar informações sobre indivíduos,
grupos e instituições relevantes para o planejamento. Essa etapa é fundamental, pois
permite o detalhamento das atividades e das responsabilidades. Não é uma regra
começar pela análise dos envolvidos, é possível também iniciar o processo com a
análise dos problemas;
2) análises de problemas – os organizadores do seminário de planejamento indicam
os problemas em diferentes níveis de detalhamento. As informações básicas
fornecidas aos participantes podem ser discutidas pelo grupo. Conforme o tema e a
situação, a análise de problemas pode ser substituída pela análise de potenciais. A
análise de problemas é a base para que seja desenvolvida uma hierarquia de objetivos
com diversas alternativas de solução. O objetivo é identificar os principais problemas e
suas relações, o que exige uma boa base de informações:
a análise de problemas investiga a realidade do momento sem encaixá-la
em sistemas teóricos;
o procedimento utilizado é a visualização;
os problemas são registrados pelos participantes em tiras de papel que são 11
entregues ao coordenador e fixadas em um painel para a elaboração da árvore
de problemas, a qual corresponde ao cenário negativo;
dessa forma, todos podem ver o que está sendo proposto e participar da
elaboração da árvore, trabalhando na hierarquização dos problemas.
3) árvore de objetivos – a partir do cenário negativo, os participantes são
estimulados a elaborar um cenário positivo, que resulta na árvore de objetivos. Todas
as informações fixadas são reproduzidas em computador quando se trata de
informações muito complexas, de modo a compor a matriz do planejamento;
4) identificações de alternativas – na identificação de alternativa, devem ser
consideradas (além das relações custo-benefício) relevância para certos grupos
sociais, viabilidade técnica, impactos desejados, custos de manutenção das atividades
pós-projeto, concorrências institucionais, impactos ambientais, riscos previsíveis. A
análise de alternativas ajuda a definir o escopo do projeto;
5) descrições sumárias – o grupo de planejamento pode reformular os objetivos, mas
a estrutura básica da análise descrita pela alternativa escolhida deve estar contida na
descrição sumária;
6) pressupostos importantes – são fatores externos que não podem ser controlados
pelo gerenciamento do projeto e que devem ocorrer para que os objetivos sejam
alcançados;
7) indicadores – devem descrever concretamente o que se pretende com os
objetivos estabelecidos e devem ser formulados conforme o objetivo específico.
Precisam ser substanciais, direcionados para os objetivos, plausíveis e independentes.
O indicador é montado passo a passo, iniciando com a definição do conteúdo do
objetivo (em quantidade, qualidade, tempo e espaço), escolhendo o parâmetro que
será medido quantificando o objetivo;
8) fontes de verificação – permitem verificar se os indicadores implicam custos
adicionais e se são realistas. Em geral, deverão ser baseadas em pesquisas e estudos
específicos integrados, o máximo possível, ao trabalho do projeto e ano delegados a
consultores externos. O conjunto formado pelos objetivos, indicadores e fontes de
verificação define a formatação do sistema de informação e documentação;
9) análise dos riscos – os riscos podem ser utilizados como critério na avaliação das
alternativas apresentadas. A probabilidade de êxito do projeto é importante para a
decisão sobre destinação de verbas. Muitos riscos são, entretanto, imprevisíveis e 12
terão que ser contornados pela equipe de planejamento no seu dia a dia;
10) estrutura quantitativa e custos – para cada atividade prevista, devem ser indicados
os materiais, serviços e recursos financeiros e humanos necessários. A partir dessas
informações será possível elaborar um orçamento realista.
FIGURA 5
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FIGURA 7
17
FIGURA 8
18
FIGURA 10
FIGURA 11
TABELA 1
Item Definição
Objetivo geral É o objetivo estratégico ou de longo prazo
cujo ganho o projeto contribui, mas que está
mais de seu alcance direto. Pode formular-se
como investimento do problema de
desenvolvimento.
Objetivos específicos São os próprios do projeto em questão,
pretendem conseguir a curto e médio prazo
mediante a execução das atividades e os
resultados ou frutos que se derivam delas.
Resultados esperados São os produtos concretos e tangíveis que
pretendemos obter com as atividades do
projeto. Sua realização deve garantir
diretamente a consecução dos objetivos
específicos.
Atividades Ações do projeto fundamentais para alcançar 22
os resultados e os objetivos. Deveriam
formular-se como passos essenciais a
execução do projeto. O conjunto de atividades
deve ser suficiente para assegurar a
consecução dos resultados.
Insumos e meios Recursos humanos, financeiros e materiais.
Indicadores Para a imprescindível avaliação dos objetivos
e resultados devemos estabelecer critérios e
êxito qualitativos e quantitativos, os
denominados indicadores: instrumentos que
nos permitem constatar em quais medidas se
alcançaram os objetivos e resultados. Para
que um indicador seja eficiente deve ser
objetivamente quantificável e verificável e
deve conter metas precisas que possibilitem
avaliar objetivamente.
FONTE: Vasquez, 2008.
Observe a seguir o resumo narrativo do projeto.
TABELA 2
Conceitos importantes
Separar a causa do efeito;
Usar frases sensíveis e breves;
Buscar um só objetivo. 23
Qual é a finalidade do projeto?
O impacto que se prevê terá o projeto em nível setorial, benefícios etc.
O que deve ser produzido pelo projeto?
Como se produziram os componentes?
O que é preciso para pôr em prática o projeto?
Que insumos são necessários?
Indicadores
Conceitos básicos:
1) Estamos medindo o projeto de acordo com sua administração;
2) Os indicadores se expressam em termos quantitativos, qualitativos e temporais.
Meios de verificação
Conceitos básicos:
1) Meios de verificação devem ser práticos e realistas;
2) Devem proporcionar a base para a supervisão e avaliação do projeto.
FIGURA 12
FIGURA 13
27
FIGURA 14
FIGURA 15
FIGURA 16
A lista a seguir mostra alguns tipos de projetos baseados no que produzem. Cabe ao
profissional agregar a essa lista projetos não listados aqui.
TABELA 3
Equipamentos ou sistemas de
5. Sistema telefônico ou outro tipo de tecnologia
instalação
Manutenção de processos
7. Gerador de estação elétrica
industriais
Desenvolvimento de novos
8. Lançamento de um resort
produtos
FONTE: Do Autor.
Os seguintes fatores são importantes nos projetos, mas cabe ressaltar que não são
específicos a nenhum de nossa lista de tipos de projeto. Podem relacionar-se a alguns dos tipos.
Estes fatores podem ser usados em outros tipos de classificação do projeto:
tamanho;
duração do projeto;
setor industrial;
localização geográfica;
número de pessoas envolvidas;
custo (alto, médio ou pequeno);
complexidade;
urgência;
design organizacional. 37
FIGURA 17
Podem ser definidos como projetos públicos aqueles em que são direcionados ao
benefício de toda uma sociedade, ou seja, projetos que propiciem geração de renda à
comunidade.
Os projetos públicos na área do turismo são basicamente para o desenvolvimento de
uma localidade que tenha vocações para o turismo. A realização desses projetos pelo Poder
Público implica ampla pesquisa na localidade onde se pretende fomentar o desenvolvimento da
atividade turística como um complemento à economia da cidade.
Dessa forma, após o estudo minucioso do município, deve-se procurar responder a
algumas questões, no sentido de identificar a possibilidade ou não de desenvolver projetos
turísticos no município. Observe as questões elaboradas por Hall (2001) e apresentadas a seguir.
1) A região apresenta potencialidades para o turismo?
2) Qual é a importância do turismo para a economia da região?
3) A comunidade tem noção do que seja uma atividade turística?
4) A população aceita o desenvolvimento do turismo no município?
5) Existe mão de obra? 38
6) É possível treinar essa mão de obra?
7) Os investimentos necessários para melhorar a infraestrutura turística se justificam
em detrimento de outros?
8) O desenvolvimento do turismo no município pode competir com os municípios que
apresentam os mesmos atributos?
9) O município tem condições de promover medidas de proteção dos seus potencias
natural, histórico e cultural?
Os projetos lançados pelo governo têm diferentes nomes dentro do setor de turismo,
uns são para chamadas de elaboração de plano estratégico para o desenvolvimento do turismo,
outros para a realização de eventos que atraia fluxo de turistas para o país etc. Esses projetos
visam promover o desenvolvimento sustentável da região, por meio da inclusão social e,
consequentemente, gerar emprego e renda, melhor qualidade de vida das populações locais e
conservar o meio ambiente. Basicamente a grande diferença entre projetos públicos e privados,
em tese, é que: nos públicos quem se beneficia é toda a população; já nos privados, os maiores
beneficiados são os empresários, que eventualmente empregam pessoas pagando salários
baixos – como é o caso das redes hoteleiras – mas têm lucros enormes.
Caso você queira saber mais quais são efetivamente os projetos que o Poder Público
desenvolve para dinamizar a atividade turística de sua região, acesse o website do Ministério do
Turismo (<www.turismo.gov.br>).
Os projetos privados são aqueles que são desenvolvidos por empresários, e demais
interessados na atividade turística, denomina-se que são privados porque não têm participação
do governo, ou seja, os recursos obtidos para desenvolver esses projetos são da iniciativa
privada, basicamente. O objetivo desses projetos também é dinamizar a atividade turística,
porém, por se tratarem de casos específicos e particulares, cada projeto desses tem seu objetivo
– que pode ser diferente, por exemplo, o de um proprietário de uma pousada com o de um
investidor particular em resorts.
Ao se falar em projetos privados não se pode deixar de mencionar os projetos que
estão sendo feitos nos Emirados Árabes Unidos para o desenvolvimento do turismo. O que está
motivando a realização de grandes projetos turísticos é o fato de que os árabes dessa região
sabem que o petróleo não durará para sempre e, como estão capitalizados com os dólares
resultantes da exploração de seus poços, decidiram se precaver. O resultado está na
transformação do Oriente Médio no destino que apresenta o maior crescimento proporcional de
visitantes do planeta, segundo dados da Organização Mundial do Turismo. Entre 2000 e 2007, o
aumento no número de desembarques de estrangeiros na região foi de 64%, o dobro da média 39
mundial. Somente no ano de 2007, o Oriente Médio recebeu 45 milhões de turistas estrangeiros,
o equivalente a nove vezes o total registrado pelo Brasil no mesmo período.
O tamanho e a ambição dos projetos não estão ligados apenas ao apego dos xeques
da região a extravagâncias. Na maioria dos casos, as obras são consideradas estratégias para o
desenvolvimento dos países do Oriente Médio.
Os novos empreendimentos podem gerar para a região mais de quatro trilhões de
dólares em receitas e criar cerca de quatro milhões de postos de trabalho até 2020. Uma
tendência fundamental desse setor no Oriente Médio é que, com poucas exceções, ele se volta
para o mercado de luxo. Grande parte da infraestrutura receptiva dos países da região é formada
por hotéis e resorts de alto padrão. Dos 500 empreendimentos previstos para ser inaugurados
nos próximos anos, a maioria terá um padrão cinco estrelas.
Muitos projetos turísticos privados estão em andamento no Brasil, especialmente na
região Nordeste, onde atualmente concentra-se grande número de projetos turísticos de
investidores particulares brasileiros e estrangeiros.
Convém ressaltar que os projetos privados também ganham, muitas vezes, subsídios
do governo. Os incentivos podem ser fiscais, por exemplo: um grupo vai construir determinado
resort em uma praia do litoral baiano, e se compromete em empregar 60% da mão de obra do
meio de hospedagem com pessoas da cidade ou do estado da Bahia; em troca, o governo dá
uma carência de dez anos sobre os impostos dessa empresa. Sobre essa questão existem
sérios debates, pois muitos empresários acreditam que o governo incentiva muito a vinda de
empresas estrangeiras por meio de incentivos fiscais, tornando desleais as diferenciações de
impostos pagos.
4.3 MODELO DA PESQUISA CIENTÍFICA
FIGURA 18
40
Esse modelo de projeto é denominado pesquisa científica devido a seu maior rigor com
relação ao detalhamento, ou seja, conhecer determinada situação e tentar revertê-la; mas para
que isso aconteça, é preciso que tudo seja detalhadamente explicado e testado. Roesch (1999)
apresenta cinco alternativas de pesquisa, classificadas de acordo com seu propósito: a pesquisa
básica, a pesquisa aplicada, a avaliação de resultados, a avaliação formativa e a pesquisa-ação.
Na pesquisa básica, o propósito é entender como o mundo opera; procura-se
basicamente entender e explicar os fenômenos. As questões básicas de pesquisas emergem de
tradições oriundas das disciplinas específicas e as contribuições ao conhecimento tomam a
forma de teorias, que explicam o fenômeno sob investigação. Na pesquisa básica, os
pesquisadores trabalham para gerar novas teorias e para testar teorias. Cada disciplina tem suas
próprias normas, tradições, regras – que inclusive julgam a validade da pesquisa.
Exemplos de questões em pesquisa básica na área de Ciências Sociais, na qual está o
turismo, são:
Qual a natureza da cultura?
Como emerge?
Como é transmitida?
Por que os indivíduos se comportam de determinada forma?
Quais são as estruturas e processos da organização social e humana?
Tendo em vista essas características, a conclusão é de que a pesquisa básica não é
apropriada para os projetos profissionais, organizacionais, em que a preocupação principal é
com o trabalho orientado para a ação.
Na pesquisa aplicada, os pesquisadores trabalham com problemas humanos.
Entender a natureza de um problema para que se possa controlar o ambiente. A fonte das
questões de pesquisa é centrada em questões e preocupações das pessoas e o propósito é
gerar soluções potenciais para os problemas humanos. 41
Os resultados e explicações da pesquisa básica são aplicados pelos pesquisadores da
pesquisa aplicada a problemas do mundo real. Dessa forma, algumas questões são:
Como a cultura de um grupo minoritário pode ser preservada quando é envolvida
por um grupo maior e mais poderoso?
Como motivar as pessoas no trabalho?
Enquanto na pesquisa básica o propósito é entender e explicar a natureza de um
fenômeno, na pesquisa aplicada, o propósito é entender como lidar com um problema.
A pesquisa aplicada refere-se à discussão de problemas, utilizando um referencial
teórico de determinada disciplina, e a apresentação de soluções alternativas. Tem
provavelmente uma aplicação limitada no caso de empresas, sendo mais relevante para
trabalhos de conclusão de mestrado, em que se exige uma discussão teórica do item tratado em
nível de generalização maior, e evidentemente maior rigor metodológico. De qualquer maneira,
não é conveniente excluir essa possibilidade, pois alguns alunos se interessam em realizar um
trabalho que extrapole a organização.
Patton (1990) explica que, a partir da identificação de soluções, políticas e programas
são desenhados para intervir na sociedade e provocar mudança. A pesquisa de avaliação tem o
propósito de testar a efetividade das intervenções humanas. Ao passo que a pesquisa aplicada
se propõe a entender os problemas sociais e identificar soluções, a pesquisa de avaliação
estuda os processos e resultados esperados a partir das soluções tentadas. Nesse tipo de
pesquisa, o autor citado propõe dois modelos:
a avaliação de resultados;
a avaliação formativa.
Conforme Roesch, (2005, p. 61): “A avaliação de resultados propõe-se julgar a
efetividade de um programa, política ou plano. Deseja saber se a ideia em si é ou não efetiva, se
pode ou não ser generalizada e em quais condições”. Generalizar, nesse caso, significa,
normalmente, tomar decisões sobre se o programa deve continuar, pode ser expandido, ou se
deve ser extinto. Na avaliação de resultados, há interesse em comparações controladas,
generalizações e amostras relativamente grandes; por isso, nesse tipo de avaliação geralmente
se utilizam dados quantitativos.
A avaliação de resultados requer um desenho de pesquisa mais rigoroso do que os
tipos anteriores, especialmente, também requerem certas condições, como, por exemplo, que a
empresa tenha realizado algum diagnóstico antes de introduzir um novo sistema (o que é raro),
ou que esteja disposta a experimentar algum sistema novo no momento em que o aluno está
negociando seu projeto. Além disso, é preciso que tenha ocorrido certo tempo após a 42
implementação de um sistema para que esse possa ser avaliado.
Patton (1990) contrasta a avaliação de resultados com a avaliação formativa. Nessa,
não há tentativa de generalizar os resultados, além do contexto em que se está trabalhando. A
ideia é melhorar a efetividade do programa naquela situação. Os avaliadores procuram formar
aquilo que está sendo estudado, querem, enfim, melhorar os empreendimentos humanos. As
avaliações formativas baseiam-se em estudos de processo, avaliação de implementação e
estudos de caso; por isso usam primariamente métodos qualitativos.
A pesquisa-ação procura resolver problemas específicos, dentro de um grupo,
organização ou programa. Nesse tipo, a pesquisa torna-se parte do processo de mudança, ao
encorajar as pessoas envolvidas com o programa a estudar seus próprios problemas para
resolvê-los. Na pesquisa-ação, há pouca distinção entre pesquisa e ação; os métodos são
menos sistemáticos, mais informativos e específicos ao problema, pessoas, empresas etc. Tanto
a avaliação formativa como a pesquisa-ação focalizam programas específicos, em determinado
momento e não há intenção de generalizar.
A diferença entre avaliação formativa e pesquisa-ação, segundo Patton (1990), é que
nessa última os métodos são menos sistemáticos, mais informais e específicos ao problema,
pessoas, empresas, etc. Na avaliação formativa: há um desenho formal para a pesquisa; os
dados são coletados pelo pesquisador; e o foco da pesquisa centra-se em maneiras de melhorar
a efetividade de um programa, uma política ou uma organização.
Na pesquisa-ação: o desenho e a coleta de dados são informais; as pessoas na
situação estão frequentemente envolvidas em coletar informações e estudá-las; e os resultados
são usados internamente para atacar problemas específicos.
A pesquisa-ação, na formação da teoria organizacional, tem suas origens nas escolas
dos sistemas sociotécnicos e do desenvolvimento organizacional. Desde então, esse enfoque
tem sido amplamente utilizado tanto em pesquisa como em consultoria em organizações. É
também chamado de enfoque clínico, dado o papel atribuído ao pesquisador ou consultor, no
sentido de orientar os participantes na definição e busca de soluções para os problemas
organizacionais.
A tipologia acima é de grande valor para esclarecer uma série de dúvidas sobre o
trabalho de pesquisa em geral. Fica claro que o autor organiza sua tipologia ao longo de um
prazo, que visa ao desenvolvimento da teoria e do conhecimento em si, até uma pesquisa
altamente orientada para a ação, que busca a solução de problemas imediatos no tempo mais
breve possível.
Debates sobre o significado, rigor e relevância desses tipos de pesquisa são aspectos 43
regulares da vida universitária. Na universidade, tende-se a atribuir mais status à pesquisa
básica, um status secundário à pesquisa aplicada, menor status à avaliação de resultados e
virtualmente nenhum status à avaliação formativa e à pesquisa-ação.
Enquanto isso, no mundo real essa hierarquia de status se reverte. Pessoas
(especialmente em organizações) com problemas atribuem maiores significados à ação e à
pesquisa formativa, que podem ajudá-las a resolver seus problemas de maneira rápida; e
atribuem menor importância à pesquisa básica, que elas consideram remota e em grande parte
irrelevante para seu dia a dia.
FIGURA 19
FIGURA 20
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FIGURA 21
47
Avaliar significa atribuir valor a alguma coisa. É importante, pois, estabelecer critérios
de avaliação claros no projeto e definir do ponto de vista de quem será feita a avaliação. Avaliar
envolve sempre uma comparação. A comparação pode ser entre uma situação anterior e outra
posterior à utilização de determinado sistema ou plano.
Por exemplo, na área de recursos humanos, um projeto pode ser formulado para
avaliar o desempenho dos funcionários antes e depois de um programa de treinamento; na área
de produção, pode avaliar a produtividade de um setor antes e depois da introdução de um
sistema de manutenção preventiva; ou ainda, na área de marketing, medir a variação no volume
de vendas de um produto antes e depois de determinada campanha de propaganda. Por outro
lado, a comparação pode ser em um mesmo momento, por exemplo, quando se introduz um
sistema novo de trabalho em grupo na fábrica 1 e mantém-se o sistema tradicional na fábrica 2
da mesma empresa, e posteriormente analisa-se a diferença em termos da satisfação dos
funcionários ou da produtividade da fábrica.
Projetos de prática profissional do tipo avaliação de resultados são raros, dadas às
condições necessárias para sua realização, ou seja, é preciso ter decorrido algum tempo após a
implementação de um projeto ou sistema para que haja condições de avaliação; além disso, é
necessário obter informação sobre a situação anterior para poder efetuar a comparação.
Entretanto, existem algumas situações em que há oportunidades de desenvolver um
projeto desse tipo. Primeiro, quando o projeto pode utilizar dados secundários (dados de
relatórios) da situação passada para comparar com o presente. Por exemplo, na área de
finanças, um projeto foi apresentado visando à avaliação da rentabilidade da empresa. Segundo,
mesmo que o projeto em si não tenha o propósito principal de avaliar resultados, é muitas vezes
possível medir alguns resultados parciais, quando se está realizando um diagnóstico, ou uma 48
avaliação formativa. Por exemplo, após o orçamento implantado, é possível avaliar resultados
em termos de redução de custos ou descentralização de decisões.
FIGURA 22
FIGURA 23
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TABELA 4
Fator de avaliação Alternativa 1 Alternativa 2 Alternativa 3 Comentários
Reflete a política geral de
desenvolvimento
nacional/regional e local.
Reflete a política e os
objetivos turísticos
nacionais/regionais/locais.
Otimiza os benefícios
econômicos gerais a um
custo razoável.
Fornece um volume
substancial de empregos
e um aumento de renda
às comunidades locais.
Oferece a oportunidade
de os empresários locais
estabelecerem
empreendimentos 52
turísticos.
Auxilia no
desenvolvimento das
áreas economicamente
enfraquecidas.
Oferece atrativos,
instalações e serviços
turísticos que também
podem ser usufruídos
pelos residentes.
Não se apropria de outras
áreas que possuam
recursos importantes.
Minimiza os impactos
socioculturais negativos.
Auxilia na conquista da
preservação
arqueológico-histórica.
Auxilia na revitalização
das artes e dos
artesanatos tradicionais.
Não rompe com os
padrões atuais de uso da
terra e de colonização.
Minimiza os impactos
ambientais negativos.
Reforça a conservação
ambiental e o
desenvolvimento de
parques.
Utiliza ao máximo a
infraestrutura existente.
Utiliza ao máximo a nova 53
infraestrutura para
inúmeras finalidades.
Oferece oportunidade
para organizar o
desenvolvimento por
estágios.
FONTE: Inskeep.
O autor observa que essa lista de fatores de avaliação é apenas um exemplo do tipo a
ser empregado, e os fatores de avaliação que forem de fato utilizados dependerão da situação
de planejamento específico. Se os objetivos do plano forem completos e específicos, eles,
ocasionalmente, poderão ser utilizados diretamente como fatores.
O ranking de avaliação pode ser feito em uma escala de 1 a 5 ou 1 a 10, na qual o topo
da escala indica o nível de alcance mais alto. Pode-se conferir um peso numérico maior aos
fatores mais importantes. A coluna de comentários é importante para a anotação de situações
especiais. Por exemplo: um volume de empregos substancial pode ser aberto pelo plano, mas
uma migração considerável de trabalhadores pode ser exigida para o oferecimento de empregos.
FIGURA 24
55
FIGURA 25
56
FIGURA 26
Pré-projeto
É o dimensionamento preliminar do hotel, para que se possam elaborar estimativas de
investimentos e uma projeção do hotel em operação, estimando-se receitas e despesas,
permitindo uma avaliação do resultado financeiro. É evidente que o pré-projeto incorpora todos
os conceitos e diretrizes estabelecidos pelo processo de planejamento.
O pré-projeto, geralmente, é refeito mais de uma vez, buscando melhor adequá-lo a
parâmetros econômico-financeiros, por meio da alteração do número de UHs ou qualquer outra
característica do empreendimento.
Projeto executivo
Trata-se da implantação física do empreendimento. É o conjunto de ações que levam à 63
construção do empreendimento. Essa etapa cuida desde os projetos de arquitetura e de
engenharia, desenvolvendo todas as atividades de contratação e realização de obras civis, até a
aquisição e montagem dos equipamentos, acompanhamento físico-financeiro, contratação e
preparação da equipe de empregados, planejamento e realização de campanha publicitária de
lançamento do hotel, pré-operação e demais medidas preliminares que levarão o
empreendimento à sua operação, tornando-se uma realidade. O projeto executivo lança mão de
cronogramas físicos e financeiros e de todo um processo de acompanhamento e controle das
atividades relativas à implantação do hotel.
Esses dois itens são essenciais para que se possa utilizar a expressão e ter uma
avaliação do projeto. Em contrapartida, a previsão de resultados representados pelas parcelas
de financiamento exige estudos de:
projeção das receitas operacionais;
estimativas de custos do hotel.
Orçamento de investimentos
Esse orçamento indica a destinação do capital investido. Em geral, os investimentos
em hotelaria subdividem-se em:
aquisição de terreno;
projetos de arquitetura e engenharia, tanto quanto de viabilidade econômica;
execução de obras civis;
aquisição e montagem de equipamentos;
aquisição de mobiliários e utensílios;
recrutamento, seleção e treinamento pessoal;
pré-operação;
capital de giro.
Cada caso precisa ser estudado. Há parâmetros para orçar elaboração de projetos de
engenharia e arquitetura. As obras civis baseiam-se na área construída e no preço médio por
metro quadrado praticado no mercado. Equipamentos e mobiliário podem ter preços
pesquisados, assim como os demais itens. A soma é o valor do investimento do hotel. O
mercado usa um referencial prático de mil vezes o valor da diária para o investimento por UH. 66
Características:
escassa sustentabilidade. Esse tipo de indústria necessita da renovação contínua,
por isso busca periodicamente novas propostas que sejam facilmente consumíveis;
macroprojetos seriados e padronizados, que são divididos em:
estáticos – parques de atrações tematizados; sem base científica, nem
objetivos educativos ou culturais; aproveitam determinados momentos históricos
ou marcos culturais para sua manipulação;
dinâmicos – eventos ou rotas turístico-culturais convertidas em produtos
seriados e completamente comercializados, que oferecem pacotes fechados,
onde as infraestruturas são sempre similares, somente mudam as paisagens e o
clima.
Destinatários:
os consumidores (já que nesse caso falamos de consumo e produto);
a população local, indiretamente (como mão de obra, geralmente).
Agentes:
empresas de grande formato, que se permitem exportar e copiar os produtos em
um mercado turístico global;
os políticos, que decidem sobre a idoneidade do projeto (são projetos de alta
rentabilidade política, já que oferecem numerosos postos de trabalho sem
qualificação);
as empresas de manutenção e montagem, assim como as pessoas contratadas 69
(em geral em condições de contrato precárias).
Metodologia:
projetos de viabilidade econômica.
Valorização:
conforme a tabela a seguir.
TABELA 5
Pontos debéis Pontos fortes
Projetos globalizados. Confusão entre Se esse tipo de iniciativa é mais
subcultura e ócio. Benefícios indiretos para a uma estrutura cultural e social bem
população local, em um grau sempre de argumentada com uma oferta diversificada,
serviços indiretos ou subcontratados. Decapita- e uma visão respeitosa da cultura que é
se a iniciativa privada da pequena e da média apropriada, converte-se em uma proposta,
empresa do setor, anulando-se a criatividade e mas que favorece a variedade e as
fomentando a dependência econômica. possibilidades de complementar uma oferta
Temporalidade do projeto até que se esgote a planejada. Nos casos em que é o foco do
demanda de consumo. Falta de criatividade do desenvolvimento de uma população,
projeto em si, já que só mudam os detalhes do converte-se em uma opção
contexto, não as ideias. A cenarização da desenvolvimentista.
cultura mal entendida, em que as formas de vida
cotidiana se desfazem ou se convertem em
objeto de espetáculo, leva à ruptura entre
visitante e cidadão.
FONTE: Vazquez, 2008.
Vamos relembrar!
Um projeto turístico que se caracteriza por ser criado ao consumo do ócio é bastante
presente no nosso cotidiano. Quem não ouviu falar ou até mesmo visitou o parque temático
Disneyworld? Esse parque nasceu de um projeto onde seu grande objetivo era fazer as pessoas
consumir seu tempo livre por meio de variados atrativos construídos. Muitos personagens são
70
explorados no parque, o mais famoso é Mickey Mouse. Nesse parque temático e em outros
diversos espalhados pelo mundo, inclusive no Brasil – o parque do Beto Carrero World é um
deles –, são produtos feitos única e exclusivamente para o comércio; o grande objetivo desses
parques é vender. Os visitantes não têm contato com a população local, viajam para desfrutar os
atrativos do parque.
A venda é feita por produtos dentro do próprio parque, fotografias com roupas dos
personagens, lembranças, como camisetas, chaveiros, fotografias tudo incentivando a
memorização do parque. Geralmente esses locais usam muitas estratégias para incentivar a
permanência do cliente (shows, paradas etc.).
A “Parada dos Sonhos” na Disney, realizada à noite, foi alternativa para fazer com que
os clientes permaneçam maior tempo dentro do parque – consumindo, é evidente.
FIGURA 27
FIGURA 28
71
FIGURA 29
A imagem acima será parte de um teatro ou será que faz parte do cotidiano das tribos
indígenas existentes às quais os turistas têm acesso?
6.2 MACROPROJETOS DE REGENERAÇÃO URBANA, BASEADOS NO PATRIMÔNIO
Apostas arriscadas, geralmente de grande custo econômico e cultural, para o resto dos
equipamentos e serviços culturais, que sofrem do peso de repartição de esforços desses
projetos. São projetos de uso integral, que pretendem atrair visitantes a zonas deprimidas para
abrir brechas em guetos sociais.
Objetivos desse tipo de projeto: 73
regenerar uma zona degradada;
criar uma nova imagem de marca competitiva;
construir marcos patrimoniais;
fomentar o consumo turístico e cultural;
conseguir rentabilidade política.
São grandes apostas, personalizadas em um modelo de gestão pública e cultural.
Características:
impacto midiático e fundamentalismo urbanístico.
Destinatários:
os visitantes atraídos pelo glamour do edifício, a coleção etc.;
a população local, que convive com esses equipamentos, de forma direta ou
indireta.
Agentes:
os políticos que apostaram no projeto;
equipes especializadas de técnicos de prestígio, para seu desenho, execução.
Metodologia:
projetos midiáticos que apostam em modelos de gestão empresarial ou mista,
pública-privada.
Valorização:
conforme a tabela a seguir.
TABELA 6
Pontos débeis Pontos fortes
Quando esses projetos não estão Em mudanças com adequadas
acompanhados de estratégias de regeneração estratégias pode-se conseguir uma proposta
social, a população local somente os assume cultural e educativa destinada à população
como estranhos, portanto necessitam de apoio local que integre o equipamento com a 74
continuado de fortes campanhas de paisagem social e fomente a integração e
dinamização social e cultural. Esse objetivo inter-relação cultural.
somente se situa em segunda ordem de Também pode oferecer uma oferta
prioridades antes de uma programação cultural de grande novidade, já que se espera
cultural exclusiva. desses centros uma alta qualidade em sua
A revalorização destes entornos gestão e contribuição criativa a comunidade.
urbanos favorece a especulação e Essas medidas devem ser
deslocamento da população original. acompanhadas de outras de proteção e
fomento que evitem a especulação urbanística
e a conseguinte expulsão dos habitantes
originais. Erradicar um problema não é
transferi-lo para outra zona de subúrbios, onde
não enxergamos, mas sim chegar a raiz do
problema.
FONTE: Vazquez, 2008.
ao entorno, às expectativas dos visitantes e aos recursos que difundem. Geralmente são
obrigações ou propostas desenhadas para um equipamento cultural, ou um território bem
definido. Somente são associados a equipamentos do tipo de centros de interpretação, museus
que são espaços de acolhida ao visitante e redistribuição de fluxos turísticos, com conteúdo
cultural e turístico.
Objetivos:
criar produtos culturais de uso turístico. Sobressaem-se os objetivos frente ao
processo, facilitando a agilidade do desenho e do produto;
propiciar o conhecimento do patrimônio cultural, facilitar seu uso, desfrute,
valorização e conservação;
conseguir rentabilidade política em qualidade de imagem exterior e interior;
fomentar o consumo turístico-cultural.
Características:
geralmente associados a um território, ou a um marco cultural localizado no
território, assim como um modelo de desenvolvimento local.
Destinatários:
os visitantes atraídos por uma oferta de qualidade;
a população local como usuária secundária.
Agentes:
os técnicos do equipamento cultural de origem, que elaboram o encargo,
coordenam e supervisionam;
os políticos que decidem a idoneidade do projeto;
os desenhistas e executores do projeto (técnicos independentes, empresas
especializadas, o próprio pessoal do equipamento etc.).
Metodologia:
baseada no planejamento estratégico de elaboração de projetos culturais e na
interpretação do patrimônio.
Valorização: 76
conforme a tabela a seguir.
TABELA 7
Pontos débeis Pontos fortes
Seu principal problema é o abandono, Podem ser projetos originais,
a inconstância da administração, ou o implantados por vontade política e
oportunismo político, porque só tem apoio da constância dos próprios profissionais dos
população. centros ou equipamentos.
A profissionalização do projeto e sua O custo econômico não é tão alto
vinculação com a comunidade deveriam ser como os benefícios culturais e turísticos que
aspectos complementares, mas requerem ética geralmente revertem na população. Esse
profissional e trabalho extra que nem sempre tipo de projeto geralmente é para empresas
coincidem. de pequeno e médio portes, favorecendo o
tecido empresarial e criativo do setor
cultural.
FONTE: Vazquez, 2008.
Como exemplos desse tipo de projeto, temos as visitas guiadas dos museus para
estudantes, onde um guia do próprio local se encarrega de mostrar as obras de arte.
Um exemplo de projeto de dinamização turístico-cultural com enfoque para incentivar a
visitação de turistas e também dos locais faz parte da realidade da grande maioria dos museus
de Londres, que após as 16 horas tornam a entrada livre, para incentivar a visitação aos museus
a quem não tem condições financeiras para pagar as entradas.
Por que projetos como esses são importantes?
Porque inserem a população no contexto cultural, social. Esse tipo de projeto significa
dizer a população local: “olha, temos uma história importante que precisa ser conhecida por
todos, por isso achamos importante sua presença”. A facilitação de livre acesso mesmo em
horário determinado gera um efeito bastante agregador na comunidade.
Características:
sustentabilidade social e cultural.
Destinatários:
a população local fundamentalmente;
e indiretamente, os visitantes.
Agentes:
os agentes sociais, formados por empresários, profissionais, universitários,
comerciantes etc.; enfim, todos aqueles que estão relacionados ao uso do patrimônio,
os profissionais do patrimônio;
os políticos que decidem a idoneidade do projeto e sua ideologia;
os profissionais do patrimônio que supervisionam junto com os agentes sociais o
adequado desenvolvimento do projeto;
os mediadores que desenham e executam o projeto (técnicos independentes,
empresas especializadas, pessoal da administração etc.).
Metodologia:
baseada no planejamento estratégico, na interpretação do patrimônio, na 78
mediação social-cultural, na integração e colaboração com a população local.
Valorização:
conforme a tabela a seguir.
TABELA 8
Pontos debéis Pontos fortes
Escassa valorização dos projetos Sem dúvida, um projeto com uma
culturais por parte da população, o que boa gestão e intervenção pode ser o
favorece a falta de implicação desta; escassa aglutinante do entorno de uma comunidade
valorização econômica dos projetos, tanto em a seu patrimônio cultural, dando lugar a
custo humano como de produção, o que leva à pequenas iniciativas, destinadas à
falta de dedicação, tempo ou recursos. Por população local. O que é bom para a
isso, a demanda cultural e social se responde comunidade é bom para o visitante. Mas não
com propostas realizadas com baixas se pode esquecer que a autenticidade segue
condições de trabalho e remuneração, por falta sendo um valor em nossa sociedade. A
de valorização social e política, de estratégias participação e o consenso não conduzem
de manutenção e de execução. sempre à melhor opção do ponto de vista do
Essas condições de trabalho dão profissional, mas sim pode levar à opção
lugar a um trabalho voluntário, que não pode mais adequada do ponto de vista social, e,
tirar mais partido dos meios existentes, devido portanto, será assumida pela comunidade,
a essa falta de consciência sobre o esforço valorizada, e terá possibilidades de futuro.
que se realiza. Essas condições provocam Apesar da escassa valorização
também, a simplificação do setor, menos comercial e margem econômica, mesmo que
custos e arriscada. os resultados não são sempre os mais
Em numerosas ocasiões os otimistas, técnicos ou estéticos, este tipo de
resultados desses trabalhos carecem de projeto ainda conserva a preocupação e a
planejamento e propostas de gestão. São imaginação de como propor soluções
apresentados e abandonados à sua sorte, em diferentes.
mãos de uma administração com iniciativa, Este tipo de trabalho com a
que se bem realizado o esforço inicial de comunidade são os mais difíceis de elaborar
assumir ou planejar o projeto, carece de meios pelo grande número de implicação pessoal, 79
para sua manutenção ou colocar em prática ou mas merece a aposta.
não se conseguiu suficiente implicação social
para que o projeto vá mais adiante de uma
legislatura política.
FONTE: Vazquez, 2008.
Exemplos desse tipo de projeto são as festas das comunidades locais, onde em
algumas vezes existe incentivo do governo local para a sua realização. O grande objetivo desse
incentivo é não perder contato com as festas típicas da região. A Festa do Divino, realizada em
muitos lugares no interior do Brasil, pode ser considerada de grande valor cultural.
Outro exemplo bastante conhecido é a Festa do Nosso Senhor do Bonfim, em
Salvador, evento em que as baianas lavam as escadas da Igreja do Bonfim. A princípio era uma
manifestação religiosa da comunidade, mas atualmente é também atrativo turístico, e milhares
de pessoas acompanham esse dia.
FIGURA 30
81
Segunda parte:
1) introdução;
2) objetivos;
3) mercado;
4) tamanho;
5) localização;
6) detalhamento do projeto;
7) engenharia (layout);
8) orçamento;
9) fontes de recursos;
10) aspectos jurídicos;
11) cronograma;
12) conclusão.
Terceira parte: 82
anexos – estudos complementares, questionários, formulários, mapas, gráficos,
leis, literatura técnica utilizada.
Introdução
É a matéria que serve de preparação para a leitura completa do projeto. Refere-se à
originalidade, importância e necessidade do trabalho, delineando-se brevemente como foram
trabalhadas as partes.
Exemplo: o manual de preservação e conscientização ecológica será muito importante 83
para o futuro dos distritos. Até o momento, não se publicou, ainda, um trabalho destinado à
população e aos turistas em geral. Por isso, elaboramos esse projeto, cuja principal finalidade é
organizar essas informações em um manual para turistas e moradores da região.
Diagnóstico
Consiste na identificação do problema, que deve ser descrito minuciosamente, com
observações pertinentes sobre suas consequências no organismo institucional ou empresarial.
Qual é o problema que se pretende solucionar com a ação que está sendo proposta? Se não
resolvido, quais suas prováveis manifestações? E em quais setores? Apresentar, se possível,
dados estatísticos e informações precisas sobre o problema. Exemplo: o predador homem tem
nos dado motivos de preocupação – está consumindo e destruindo os recursos naturais, porque
ocupa o espaço de maneira desordenada, contamina e polui os rios e suja as matas com objetos
de difícil absorção pela terra.
Essa é uma informação típica do diagnóstico. Podem-se acrescentar dados sobre o
aumento da atividade predatória, sua variação em anos e que danos estão causando, por
exemplo, ao rio X, à água potável, à floresta nativa e à fauna de determinada região.
O estudo de mercado pode fazer parte do diagnóstico, pois corresponde a dados
obtidos a partir de pesquisas (entrevistas ou bibliografias) que situem o problema e/ou interesse
em que se encontre uma solução para ele.
Justificativa
Corresponde à exposição das razões, dos motivos que tornam a proposta verdadeira.
Tendo situado (realizado o diagnóstico) os problemas, expõe-se a intenção de atuar sobre eles.
No exemplo citado – por meio da elaboração de um manual –, apresentam-se as razões (que
podem ser os argumentos, provas testemunhais, ou outras, da necessidade de tal ação).
Exemplo: com esse problema, que vem se agravando anualmente, é necessária uma
ação imediata, para que se passe a considerar a preservação da natureza como o meio mais
eficiente de melhorar a qualidade de vida, visto que o ser humano depende da água para
sobreviver, assim como do solo e do bioequilíbrio das outras espécies. Por isso, escolhemos
uma atuação educativa que pretende agir sobre dois tipos de pessoas: os moradores e os
turistas que visitam a região.
Dentre essas ações educativas possíveis, a escolha recaiu sobre a elaboração de um
manual de conscientização para a preservação ecológica. O motivo primeiro que se coloca é sua
abrangência, pois, com esse material escrito de forma simples e com ilustrações, resolve-se a 84
dificuldade que a população receptora teria, por exemplo, em ter de frequentar cursos para
esclarecimentos.
Logo, a justificativa liga a proposta de solução ao problema diagnosticado e expõe as
razões para escolher esse caminho visando solucioná-lo. Como o problema supõe a quem a
ação proposta deve ser destinada, tal justificativa informa também quem será a população alvo,
ou seja, com quais pessoas se pretende atuar. Pode-se colocar uma subdivisão denominada
população alvo. Como aqui se justifica também a escolha dos lugares (municípios e outros) onde
o projeto irá ser realizado, outra subdivisão pode ser acrescida, ou seja, a da localização, que
situa e descreve os pontos geográficos e históricos locais.
Objetivos
Correspondem aos itens que se pretende atingir com a proposta. Em geral, são
expressos com o verbo no infinitivo. Exemplos:
despertar consciência sobre a necessidade de preservação ao meio ambiente;
motivar a ação de proteção à natureza contra ações predatórias que, em nome do
turismo e da expansão urbana, possam agredir a natureza;
esclarecer que o ecoturismo é um importante processo de formação da
consciência ecológica junto a crianças, adolescentes e adultos;
informar aos moradores e visitantes sobre a existência de áreas de preservação
natural, para que se evite sua destruição por falta de informações.
Esses propósitos funcionam como compromissos assumidos, ou como alvos que se
pretende atingir, com a ação decorrente da elaboração do manual e sua divulgação.
Desenvolvimento do projeto
Corresponde ao conjunto dos itens necessários para que a realização do projeto se
efetive. Assim, pode conter o seguinte:
1) detalhamento do projeto – tratando-se do manual a que nos referimos, é
necessário que se explicite o conteúdo, por exemplo: definição dos principais termos
utilizados (ecoturismo, ecossistema e etc.); a natureza e a saúde humana; o problema
do desmatamento, preservação das matas, rios, cachoeiras e lagos etc.;
2) divulgação e a maneira como a ação proposta será divulgada (encarte em jornais,
distribuição de material como cartazes, catálogos etc.) para quem, onde e como será
feita a divulgação e qual é a quantidade de material e o número aproximado de
pessoas a quem se destina; 85
3) layout do material (que deve ser descrito com detalhes) – tamanho, número de
páginas, cor da capa (se houver), tiragem e release (documento, texto);
4) orçamento – é preciso que se faça uma previsão de gastos em minúcias: cada
aquisição deverá ter seu valor unitário e total indicado, e o preço lançado deve
corresponder ao mercado, depois de feita a pesquisa. Nenhum dado deve ser omitido;
5) patrocínio – relacionar os patrocinadores e parcerias;
6) cronograma – relacionar as ações que compõem o projeto, a data para o seu
início, sua duração em dias, meses anos e o término de cada uma, na sequência das
realizações;
7) conclusão – revelar a crença na ação que está sendo planejada, nos seus
resultados e sua eficácia. Pode-se relatar o que foi feito, por exemplo: o objetivo
principal desse trabalho foi apontar e promover os atrativos naturais e culturais da
localidade X, por meio da elaboração de um guia turístico que contivesse informações
úteis e atualizadas sobre a potencialidade turística do município; uma das maiores
preocupações da equipe foi com a escolha da linguagem a ser utilizada, facilidade de
consulta dos atrativos e as possibilidades reais de edição;
8) anexação de todo o material que se julgue importante para a complementação do
que já foi exposto – modelos de questionário para pesquisa, gráficos que mostrem os
resultados, modelo e conteúdo de guias e manuais que serviram de parâmetros e do
selecionado e modificado pela equipe, cópia de cotação de preços etc.;
9) bibliografia.
Vantagens:
simples, de fácil entendimento e notificação;
plano, a programação e o progresso podem ser retratados graficamente juntos.
Desvantagens:
não mostram a interligação entre as tarefas;
não fornecem elementos para a avaliação do andamento real do projeto;
uma tarefa atrasada não significa projeto atrasado.
Observe na figura a seguir um exemplo do gráfico de Gantt.
FIGURA 31
87
O método do caminho crítico – Critical Path Method (CPM) – é uma técnica padrão de
gerenciamento de projetos para determinar quais são as tarefas críticas. O programa de
desenvolvimento das tarefas de pesquisas – Program Evolution Research Task (PERT) – é outra
técnica de programação, e, para elaborá-la, necessita-se:
listagem das tarefas;
estimativa de duração de cada tarefa (dias, meses, semanas);
ligação entre as tarefas (relação de dependência).
Título (o quê?)
O título deve ser preciso e curto. Preciso no sentido de indicar realmente o conteúdo, o 88
assunto tratado no projeto. Curto, evitando-se palavras inúteis, como contribuição ao estudo das
atividades turísticas culturais da macrorregião da cidade X. Se o projeto for realizado em um
determinado espaço geográfico, esse deve constar no título. Por exemplo: Projeto de
Desenvolvimento Turístico da Cidade X.
2) Pesquisa:
da localidade (cidade e região) onde se pretende desenvolver o projeto;
do número de pessoas que habitam na localidade, número estimado de
pessoas que transitam pela cidade ou região e com que frequência;
das preferências, das necessidades e hábitos da comunidade local;
sobre a concorrência, verificando:
número de empresas, suas atividades e abrangência;
número de concorrentes diretos;
movimento dos concorrentes;
se o concorrente tem proximidade de avenidas, praças, 90
estacionamentos;
fluxo de veículos que transitam próximo ao concorrente;
número de pessoas que transitam pelo local, de acordo com os dias
da semana e sazonalidade próxima ao concorrente.
3) Análise da concorrência em relação à política de serviço, produtividade,
comunicação, preços, etc.
3) tamanho x investimento:
exigência de uma escala mínima de serviços, para justificar os
investimentos necessários.
4) tamanho x financiamento:
definição da alternativa que oferece a maior segurança e facilidade.
5) tamanho x outros fatores:
pessoal habilitado;
capacidade administrativa;
comercialização.
93
Localização (onde?)
Para definir a localização de um projeto, devem ser considerados os seguintes itens:
mercado;
facilidades de distribuição dos serviços;
terrenos disponíveis;
facilidade de acesso;
condições de vida;
leis e regulamentos;
estrutura tributária;
facilidades de acesso aos materiais de serviços;
mão de obra;
energia elétrica;
água.
FIGURA 32
94
FIGURA 33
96
FIGURA 34
97
Antes de iniciarmos a discussão sobre como captar recursos para viabilizar os projetos,
serão apresentadas a seguir formas de investimento do projeto que, de certo modo, estão
associadas aos recursos que serão captados posteriormente.
Investimento
Corresponde a investimento e financiamento de projetos. Tem por finalidade estimar o
total de recursos de capital que será necessário para o projeto. O estudo de investimento é muito
importante, pois a partir dele se estudará o financiamento do projeto, o custo, a rentabilidade e
sua prioridade. São:
1) capital fixo – os elementos de composição e volume dos investimentos em capital
fixo podem ser classificados em bens tangíveis e bens intangíveis:
consideram-se bens tangíveis:
pagamento de terrenos e áreas de recursos naturais (aquisição,
registro em cartório, limpeza, drenagem etc.);
custos dos equipamentos postos na obra e sua instalação;
custos das construções e instalações complementares.
os bens intangíveis podem ser:
custo das pesquisas, experiências e estudos prévios, incluindo o do
projeto;
patentes e similares;
custos da organização da empresa (gastos legais com registros e
alvarás);
despesas com serviços de engenharia e administração durante a
construção (assistência técnica, desperdícios com matéria-prima);
custos da etapa inicial de operações;
instalação das obras (acampamento para operários);
imprevistos (inflação, alta de preços);
juros durante a construção. 98
2) estimativa do capital circulante (flutuante):
pagamento de mão de obra;
matéria-prima.
O que é o FUNGETUR
O FUNGETUR é a sigla de Fundo Geral de Turismo (criado pelo Decreto-Lei nº 1.191,
de 27 de outubro de 1971, alterado pelo Decreto-Lei no 1.439, de 30 de dezembro de 1975,
ratificado pela Lei nº 8.181, de 28 de março de 1991). O fundo terá seu funcionamento e
condições operacionais regulados em ato do ministro de Estado do Turismo.
O FUNGETUR tem por objetivo o financiamento, o apoio ou a participação financeira
em planos, projetos, ações e empreendimentos reconhecidos pelo Ministério do Turismo como
de interesse turístico, os quais deverão estar abrangidos nos objetivos da Política Nacional de
Turismo, bem como consoantes com as metas traçadas na Política Nacional de Turismo (PNT),
explicitados nessa Lei.
De onde vêm os recursos do FUNGETUR?
Recursos do Orçamento Geral da União; contribuições, doações, subvenções e
auxílios de entidades de qualquer natureza, inclusive de organismos internacionais; devolução
de recursos de projetos não iniciados ou interrompidos, com ou sem justa causa; reembolso das
operações de crédito realizadas a título de financiamento reembolsável; recebimento de
dividendos ou da alienação das participações acionárias do próprio Fundo e da EMBRATUR em
empreendimentos turísticos; resultado das aplicações em títulos públicos federais; quaisquer
outros depósitos de pessoas físicas ou jurídicas, realizados a seu crédito; receitas eventuais e 100
recursos de outras fontes que vierem a ser definidas; e superavit financeiro de cada exercício.
PRODETUR
O Programa de Ação para o Desenvolvimento Integrado do Turismo (PRODETUR) é
um programa global de desenvolvimento turístico regional, estruturado e concebido pelos
governos federal e estadual, para financiar a implantação de infraestrutura de suporte ao
turismo, propiciar e incentivar investimentos da iniciativa privada para implantação de
equipamentos turísticos. É a primeira experiência no campo de desenvolvimento turístico
regional a ser implementada no País, com financiamento externo.
O programa, atualmente nomeado Programa de Desenvolvimento do Turismo
(PRODETUR), é uma parceria entre o Ministério do Turismo (MTur) e o Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), encerrou 2008 com um saldo de 15 cartas-consulta aprovadas pela
Comissão de Financiamentos Externos (COFIEX), do Ministério do Planejamento.
Além disso, o MTur assumirá integralmente a contrapartida dos estados no
financiamento do programa e destinar US$ 25 milhões para o fortalecimento institucional das
unidades gestoras estaduais e municipais.
BNDES
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem linha de
crédito para projetos turísticos. Podem ser beneficiadas as áreas de meios de hospedagem
(inclusive barcos-hotéis), parques temáticos, zoológicos, ônibus ou micro-ônibus de luxo, casas
de espetáculos, churrasqueiras, equipamentos de lazer, ferrovias turísticas, escolas que se
dediquem à formação de mão de obra especializada. Tem por objetivo a melhoria da qualidade
de vida da população brasileira, apoiando investimentos que visem ao fortalecimento da
competitividade da economia brasileira, à geração de emprego e à melhoria dos postos de
trabalho e atenuação das desigualdades regionais.
Em alguns casos, os financiamentos poderão chegar a 90% do valor do
empreendimento. Informações sobre os financiamentos do BNDES poderão ser obtidas no 101
endereço eletrônico da instituição (<www.bndes.gov.br>).
Banco do Nordeste
O Banco do Nordeste é o principal agente financeiro do governo federal, para a
promoção do desenvolvimento econômico e social da região Nordeste. Para a atividade turística,
o Banco do Nordeste oferece alguns programas de financiamento com recursos de diversas
fontes.
Beneficiários:
setor público – Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste
(PRODETUR-NE);
setor privado – Programa de Apoio ao Turismo Regional (PROATUR); Programa
de Geração de Emprego Turístico no Nordeste (PROGETUR); Programa Nordeste
Competitivo.
Para mais informações sobre esses programas, pode ser acessado o seguinte
endereço: <www.bnb.gov.br>.
Banco da Amazônia
O Banco da Amazônia administra o Fundo Constitucional de Financiamento do Norte
com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento econômico e social da Região Norte, cuja
ação se dá mediante a execução de programas de financiamento, voltados para o
desenvolvimento das atividades produtivas da região, de forma compatível com o Plano de
Desenvolvimento da Amazônia.
Beneficiários:
São beneficiários do financiamento do Banco Amazônia, os produtores e empresas
(pessoas físicas e jurídicas), suas associações e cooperativas de produção que desenvolvem
atividades produtivas nos setores agropecuário, mineral, industrial, agroindustrial e turístico.
Mais informações você poderá acessar o seguinte endereço eletrônico:
<www.basa.com.br>.
FINEP
A Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), empresa pública vinculada ao
Ministério de Ciência e Tecnologia (MICT), é o banco de financiamento à ciência e tecnologia do 102
País. Oferece condições de financiamentos atraentes, no fomento e apoio a estudos, pesquisas,
projetos e programas que visem à geração, difusão e uso do conhecimento.
Beneficiários da FINEP:
Empresas públicas e privadas, inclusive as micro e pequenas empresas;
universidades, centros e institutos de pesquisa; órgãos do governo; outras instituições que
também desenvolvam atividades científicas e/ou tecnológicas.
Para mais informações, acesse <www.finep.gov.br>.
SEBRAE
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) disponibiliza
alguns programas para esse setor. Para mais informações, basta entrar em contato com o
SEBRAE de sua região ou Estado.
BNDES Automático
Parceria entre o Ministério do Turismo e o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social.
Finalidade: financiamento para a realização de projetos de implantação, expansão e
modernização, incluindo aquisição de máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional,
e capital de giro associado.
Público-Alvo: empresas que exerçam atividade produtiva na cadeia do turismo.
Para mais informações sobre limites financiáveis, teto financiável, encargos financeiros
e prazo, acesse <www.bndes.gov.br>.
Agentes financeiros: agências das instituições financeiras credenciadas pelo BNDES.
FINAME
Parceria entre o Ministério do Turismo e o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social.
Finalidade: financiamento para aquisição isolada de máquinas e equipamentos novos,
de fabricação nacional credenciados pelo BNDES.
Público-Alvo: empresas que exercem atividade produtiva na cadeia do turismo.
Para mais informações sobre limite financiável, teto financiável, encargos financeiros e
prazos, acesse <www.bndes.gov.br>.
Agentes financeiros: instituições financeiras credenciadas pelo BNDES.
8 AVALIAÇÃO DE PROJETOS
FIGURA 35
107
Apresentação:
Apreciação sobre a redação (ortografia e gramática), disposição gráfica, clareza e
precisão das ilustrações, das referências e dos anexos.
Análise técnica:
1) identificação do projeto;
2) finalidades, objetivos e metas:
estão definidos com precisão e clareza;
há coerência;
são exequíveis, utópicos, ambiciosos, tímidos, satisfatórios face ao
problema abordado e às condições oferecidas para a intervenção;
os objetivos e as metas são compatíveis entre si ou complementares.
3) justificativa:
é esclarecedora, quanto à necessidade da realização do projeto;
apresenta os principais aspectos da questão;
as diversas variáveis da situação foram analisadas e correlacionadas;
foram detectadas demandas ou necessidades suficientes para justificar o
projeto;
foi evidenciada a capacidade financeira;
foi demonstrada a existência de técnica adequada;
4) detalhamento do projeto:
operações:
o detalhamento deixou bem claro o conjunto de ações; 108
há operacionalização nessas operações;
há lógica e sequência, são viáveis;
o método, as técnicas, os instrumentos, o momento, o local e as
responsabilidades de cada ação ficaram claros;
as especificações adotadas são as mais recomendadas, face aos
recursos disponíveis e aos objetivos.
recursos financeiros:
há correspondência entre os recursos financeiros previstos pelo
projeto e a dimensão do problema;
houve indicação de fontes de recursos;
há viabilidade na proposta financeira;
recursos humanos:
há correspondência entre o número do pessoal alocado e a
qualificação das exigências, para o alcance dos objetivos do projeto;
é projeto exequível no que se refere aos recursos humanos.
recursos materiais:
correspondem às necessidades do projeto;
são viáveis.
medidas de implementação:
foram previstos os instrumentos legais, administrativos e técnicos,
indispensáveis à execução do projeto.
9 COMERCIALIZAÇÃO DE PROJETOS TURÍSTICOS
FIGURA 36
109
Os projetos turísticos podem ser comercializados por meio de consultoria, prestada por
uma empresa em que atuam especialistas em determinadas áreas do conhecimento que
desenvolvem projetos diversificados. Essa empresa tem como objetivo básico responder ou
atender às necessidades das empresas ou pessoas físicas, quando assim solicitada por meio de
aconselhamento ou proposição. A construção de projetos por meio de uma empresa de
consultoria possibilita visão externa mais ampla, neutralidade – porque o consultor não faz parte
do que se pretende desenvolver – e experiência na realização dos mais diversificados projetos.
É contratada para a realização de tarefas temporárias.
A maneira como esses projetos são comercializados varia de acordo com uma série de
fatores que estão envolvidos na execução do projeto; alguns deles são o tipo e a abrangência do
projeto a ser realizado.
Vocês devem estar se perguntando: “Agora que aprendi a fazer um projeto turístico,
como posso comercializá-lo?”
Bem, o processo de venda e negociação de forma independente de um projeto turístico
não é tão simples. Pois a iniciativa privada, quando deseja os serviços de elaboração de um
projeto turístico, contrata escritórios de consultoria na área. Agora, viabilizar um projeto turístico
de forma independente e sair vendendo dependerá basicamente de pessoas que queiram
apostar no projeto elaborado, e se isso acontecer será muita sorte, mas não impossível.
Outra forma é buscar financiamento por agências credenciadas. O mais comum, quando
se trata em comercialização de projetos turísticos, é que eles são produzidos a pedido de clientes,
raramente são feitos por uma equipe que elabora determinado projeto e depois busca
comercializá-lo. Esses casos podem acontecer em núcleos de pesquisas dentro de universidade.
Por exemplo: uma determinada universidade tem um centro de pesquisas sobre o uso de solo de
equipamentos turísticos em seu curso de Turismo; um grupo de estudantes e o professor
coordenador elaboram um projeto turístico de determinada cidade que determina o uso correto do
espaço na construção de hotéis. Com a finalidade de ajudar essa determinada cidade, o grupo
pode, eventualmente, procurar comercializar esse projeto e ter êxito nessa comercialização.
Porém, isso é uma exceção. A forma mais fácil em poder elaborar projetos turísticos, 110
bem como comercializá-los, é constituir uma empresa de consultoria; dessa maneira, você
poderá também participar da concorrência dos editais lançados pelo Ministério do Turismo.
Quando se fala em comercialização de projetos turísticos não se pode deixar de falar
da existência do SEBRAE, que além de analisar o seu projeto pode assessorá-lo em sua
elaboração; pode também abrir caminhos de como procurar clientes para comercializá-lo.
Como abrir uma empresa de consultoria?
registro na Junta Comercial;
registro na Secretaria da Receita Comercial;
registro na Secretaria da Receita Federal;
registro na Secretaria da Receita Federal;
registro na Secretaria da Fazenda;
registro no INSS (somente quando não tem CNPJ – pessoa autônoma –, Receita
Federal);
registro no Sindicato Patronal.
É aconselhável também procurar a Prefeitura da cidade onde você pretende montar
seu empreendimento, para obter informações quanto às instalações físicas da empresa (com
relação à localização), e também o Alvará de Funcionamento.
Além disso, deve consultar o PROCON, para adequar seus produtos às especificações
do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078 de 11 de setembro de 1990). Outra lei que
rege essa atividade é o Código de Ética do Consultor (de 17 de maio de 1990).
Lembrem-se, o papel do consultor de organização, no desempenho de suas atividades,
é o de assistir os clientes na melhoria do seu desempenho, tanto nos aspectos de eficiência
como na introdução de tecnologia, ou seja, no aprimoramento das relações interpessoais.
10 POLÍTICAS PÚBLICAS EM TURISMO E LAZER
FIGURA 37
111
TABELA 9
O Ministério do Turismo, por intermédio da Comissão Avaliadora de Eventos, torna pública a realização
de processo seletivo de projetos para apoio à categoria Eventos Geradores de Fluxo de Turistas de
115
acordo com a Portaria do Ministério do Turismo nº 171, de 19 de setembro de 2008.
A presente Chamada de Projetos contemplará eventos que tenham a data de início prevista para o
período de 1º de dezembro de 2008 a 31 de março de 2009, obrigatoriamente.
1. OBJETIVO
1.1. O objetivo desta Chamada de Projetos é estabelecer regras e critérios para orientar o processo de
seleção de projetos de eventos que efetivamente contribuam para a movimentação de fluxos
turísticos regionais, nacionais e internacionais no Brasil e para a propagação da imagem positiva do
país, denominados Eventos Geradores de Fluxo de Turistas, para fins de apoio financeiro do Mtur,
por meio de convênio.
2.1. Podem participar do processo seletivo os projetos que atenderem às condições desta Chamada de
Projetos apresentados por órgãos do governo federal, estadual, municipal e do Distrito Federal, e por
organizações não governamentais cujos objetos estatutários guardem conformidade com o objeto do
projeto concorrente e possuam capacidade técnica e administrativa comprovada para executar o
projeto.
2.2.2. Aceitação plena e irrevogável de todos os termos, cláusulas e condições constantes nesta
Chamada de Projetos e Anexos.
3.1. O projeto deverá ser entregue no Ministério do Turismo, nos termos estabelecidos nesta Chamada
de Projetos, protocolizados na Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, na sede do MTur,
localizada na Esplanada dos Ministérios, Bloco U, 2º andar, sala 258, CEP: 70.065-900, em Brasília -
DF, até as 18h do dia 17/11/2008, devendo a proposta ser apresentada em um único envelope
contendo:
a) Estar lacrado e rubricado no fecho, identificado como CHAMADA DE PROJETOS Nº 04/2008 – 116
PROPOSTA – AVALIAÇÃO e, no anverso, especificar o nome do Evento e do Proponente;
3.2. O conteúdo do envelope deve apresentar todas as páginas numeradas e rubricadas pelo
Proponente em versão original ou em cópia autenticada por cartório competente, inclusive os
documentos comprobatórios.
FONTE: Ministério do Turismo, 2008. Disponível em: <www.turismo.gov.br>. Acesso em: 2008.
Marketing e promoção:
especificação de objetivos e estratégias de marketing;
especificar programas de promoção com estimativas de custos e possíveis
fontes de recursos;
definição dos papéis dos setores públicos e privados nos esforços comuns
de promoção;
recomendações para adoção de representação em promoções no exterior;
prever serviços de informações ao turista.
Após o levantamento de todos esses dados apontados, o Poder Público terá condições
de tomar uma série de decisões sobre o turismo do estado, região ou município. Pois essa
metodologia fornece elementos indispensáveis para a chamada de projetos turísticos.
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TABELA 10
SELEÇÃO DOS PROJETOS
GRUPO A
a) Concorrerão neste grupo os projetos cujo valor total esteja acima de R$ 650.000,00;
b) Será disponibilizado para este grupo o valor de R$ 600.000,00 para ser dividido entre os
projetos vencedores;
c) Serão contemplados os projetos que obtiverem o maior número de pontos até preencher o
montante total disponível para este grupo;
d) O apoio financeiro do Ministério não excederá a 30% do custo total do evento, no limite
de R$ 300 mil reais;
GRUPO B
a) Concorrerão neste grupo os projetos cujo valor total esteja entre R$ 320.000,00 a R$
650.000,00;
b) Será disponibilizado para este grupo o valor de R$ 400.000,00 para ser dividido entre os
projetos vencedores;
c) Serão contemplados os projetos que obtiverem o maior número de pontos até preencher o
montante total disponível para este grupo;
d) O apoio financeiro do Ministério não excederá a 30% do custo total do evento, no limite
de R$ 195 mil reais;
GRUPO C
a) Concorrerão neste grupo os projetos cujo valor total esteja entre R$ 200.000,00 a R$
250.000,00;
b) Será disponibilizado para este grupo o valor de R$ 400.000,00 para ser dividido entre os
projetos vencedores; 124
c) Serão contemplados os projetos que obtiverem o maior número de pontos até preencher o
montante total disponível para esta categoria;
d) O apoio financeiro do Ministério não excederá a 50% do custo total do evento, não
superando R$ 100 mil reais;
Em caso de empate entre dois ou mais projetos em cada Grupo, o desempate se dará pelo
maior número de pontos obtidos pelo projeto nos itens 6.1.3.1; 6.1.3.2 e 6.1.3.4, nesta ordem.
Será possível o remanejamento de valores entre categorias caso não haja eventos
devidamente classificados para a mesma.
Será admitida a suplência de projetos vencedores entre aqueles classificados em cada grupo,
cujo acesso ao apoio financeiro será obtido caso um dos vencedores não atenda as
exigências necessárias para formalizar o apoio financeiro com o Ministério.
Aos órgãos dos governos municipais e às entidades privadas sem fins lucrativos fica limitado o
apoio a 02 (dois) projetos por Chamada Pública de Projetos.
Aos órgãos dos governos estaduais fica limitado o apoio a 02 (dois) projetos por município.
FONTE: Ministério do Turismo, 2008. Disponível em: <www.turismo.gov.br>. Acesso em: 2008.
TABELA 11
Item avaliado Pontuação máxima
A trajetória da entidade e experiência 10 pontos
específica.
Trajetória da atividade turística ou 10 pontos
relacionada com o setor de viagem e turismo.
Avaliação técnica do projeto. 60 pontos
Pertinência e impacto da proposta. 20 pontos
Total 100 pontos
Quando se fala em trajetória da entidade, o que está sendo observado é seu tempo no mercado.
FONTE: Do Autor.
TABELA 12
Trajetória da entidade Pontos
De 2 a 4 anos de existência 4 pontos
De 4 a 6 anos de existência 6 pontos
De 6 a 9 anos de existência 8 pontos
De 9 anos acima de existência 10 pontos
Na trajetória da atividade turística se mede o tempo em que a empresa presta serviços no setor de viagens e
turismo. FONTE: Do Autor.
TABELA 13
Trajetória da atividade turística ou Pontos
relacionada com o setor de viagens e
turismo.
1 a 3 anos 4 pontos
De 3 anos e 1 dia até 6 anos 6 pontos
De 6 anos e 1 dia até 9 anos 8 pontos 126
De 9 anos e 1 dia em diante 10 pontos
FONTE: Do Autor.
Quanto à avaliação técnica do projeto, por ser a parte em que se constitui maior
valoração, ela pode ser avaliada da seguinte forma:
1) coerência entre os objetivos específicos e gerais:
TABELA 14
Indicador Pontuação
Os objetivos específicos permitem alcançar o 10
objetivo geral.
Alguns objetivos específicos atendem o 5
objetivo geral.
Os objetivos específicos não permitem 0
alcançar o objetivo geral.
FONTE: Do Autor.
TABELA 16
Indicador Pontuação
As atividades propostas estão de acordo com 5
o alcance do projeto.
Não é apresentado ou não está de acordo 0
com as atividades e os resultados
apresentados.
FONTE: Do Autor.
TABELA 18
Critérios de avaliação Pontuação
Evidencia-se uma articulação da proposta 4
com os diferentes planos pertinentes ao setor
de turismo.
Incide na geração e manutenção de 3
empregos?
É compatível com o desenvolvimento 3
sustentável e a preservação do meio
ambiente?
A proposta tem capacidade de contestação 3
em outros setores e regiões?
A cobertura geográfica da proposta possui 3
três ou mais departamentos?
Custo/benefício: número projetado de 3
pessoas beneficiadas/custo total do projeto.
FONTE: Do Autor.
O que se tem observado nos dias atuais é a grande indiferença quanto à adoção dos
referidos pré-requisitos, escorada no fato de que a maioria dos centros turísticos tem crescido
em decorrência do aumento natural de seus visitantes e pela iniciativa de pequenos, médios e
grandes empresários que agem de acordo com seus próprios critérios e interesses. Observa-se
um descaso, por parte de administrações locais, em relação aos problemas do conjunto,
favorecendo, em consequência, a prosperidade de uns poucos empresários. A falta de
planejamento e de ordenamento da atividade turística tem apresentado muitos resultados
negativos.
Desde 1994, a política nacional de turismo vem incentivando a especialização turística
dos municípios, sem conseguir alcançar, na íntegra, os objetivos propostos, em decorrência da
motivação provocada pelos programas governamentais e pela mídia, o turismo passa a ser
encarado como a única possibilidade de êxito econômico para os lugares.
Valorizar a participação da população local no processo de tomada de decisão e no
planejamento integral para o turismo é nos dias atuais, imprescindível para o desenvolvimento
dessa atividade. À medida que a comunidade vai se sentindo envolvida, torna-se mais motivada
em relação a sua participação e inserção no processo. Além disso, pode ocorrer o
desenvolvimento do senso de responsabilidade necessário ao cumprimento da tarefa de ser
guardiã dos patrimônios natural, histórico e cultural, encontrados no município. É fundamental,
ainda, que ela se beneficie do turismo, sendo certo que esse fato só será realidade caso a sua
participação ocorra desde as primeiras etapas do planejamento.
Dessa forma, seguem algumas contribuições para o processo de desenvolvimento
turístico sustentável do município. Bases essas que são imprescindíveis para a realização de
projetos turísticos públicos.
b) O estudo municipal
Para possibilitar o início do estudo municipal é necessária a formação de uma equipe
multidisciplinar, que conte com a participação de um geógrafo, um turismólogo, entre outros
profissionais. Em seguida, deverá ser procedida a fase de levantamento minucioso do material
bibliográfico disponível sobre o local selecionado. Após o conhecimento de todos os dados
coletados, deverá ser organizada a viagem de campo, que complementará os dados requeridos,
confirmará o que já foi pesquisado e proporcionará o desenvolvimento das pesquisas empíricas
à comunidade, aos órgãos municipais e ao empresariado.
Para que as pesquisas empíricas apresentem resultados satisfatórios, é necessário,
inicialmente, promover uma aproximação informal entre os moradores e os pesquisadores. Esse
procedimento tem como objetivo estabelecer um relacionamento de confiança entre as partes,
quebrando a resistência, muitas vezes, verificada com a presença de pessoas estranhas ao
ambiente cotidiano. Esse tipo de comportamento pode comprometer a autenticidade das
informações.
As informações obtidas por meio desses procedimentos possibilitarão a preparação do
diagnóstico que, na sua totalidade, conterá as informações necessárias ao conhecimento do 131
espaço municipal e do espaço turístico e ao desenvolvimento das análises finais. A primeira
parte, denominada características gerais do município, fornecerá os dados históricos e os dados
dos espaços econômico e social do município.
A identificação dos atrativos é uma das tarefas essenciais das fases de conhecimento
do município. Dessa forma, a segunda parte é constituída pelo inventário turístico, que deve ser
considerado o processo pelo qual se registra o conjunto de atrativos, equipamentos e serviços
turísticos com possibilidades de exploração. Ele será construído pela equipe de técnicos do
projeto e por dois membros da comunidade (podendo haver permuta de moradores durante o
período do levantamento), permitindo, assim, que os atrativos turísticos identificados sejam
conhecidos e valorizados.
As metodologias utilizadas para a construção de um inventário surgiram da
necessidade de ser formatar um modelo para o registro e a avaliação do patrimônio turístico
atual e potencial de um país, região, estado, município ou zona, e também para propor medidas
adequadas de proteção, conservação e aproveitamento dos recursos.
Entende-se que a tarefa de classificar, comparar e valorar de forma efetiva os recursos
de natureza e funcionalidade diversas é muito difícil, mas se torna essencial para definir a
vocação turística e determinar a alternativa mais favorável ao desenvolvimento turístico de uma
determinada localidade.
d) Organização do espaço
O espaço a que se refere aqui compreende a superfície territorial de municípios que 134
possuem potencialidades naturais, históricas/culturais expressivas e que têm o interesse de
implementar a atividade turística como fator de desenvolvimentos econômicos e social.
O ordenamento do espaço visa alcançar, dentro dos princípios do desenvolvimento do
turismo sustentável, a utilização econômica adequada dos ambientes natural e humano das
áreas anfitriãs. O reconhecimento de todo patrimônio ali localizado requer um estudo preliminar
apurado, antes da elaboração de um planejamento para exploração, a fim de adequá-lo à
utilização racional capaz de provocar a valorização do espaço e da comunidade local. Esse
estudo proporcionará conhecimento das especificidades, das vocações turísticas e do acervo de
atrativos naturais, históricos e culturais dos municípios, possibilitando o desenvolvimento do
turismo sustentável em núcleos que busquem nesse setor um caminho para reverter o marasmo
econômico em que se encontrem.
Para se proceder à organização do espaço turístico do município, deverá existir
parceria entre os técnicos, a comunidade e o governo local. A esse último, no intuito de alcançar
os benefícios do desenvolvimento turístico, atribui-se a tarefa de compatibilizar as necessidades
dos turistas, dos investidores na área, com as necessidades de proteção do meio ambiente e da
comunidade anfitriã. Entende-se que, para tanto, é preciso implementar políticas que privilegiem
esses atores igualmente. É necessário, ainda, induzir a observância dos regulamentos e
supervisionar o desenvolvimento da atividade para estimular, regular, ou restringir sua evolução.
No caso do turismo, que envolve uma gama específica de setores, cabe ao governo
local estimular o planejamento e apoiar o desenvolvimento da infraestrutura básica, beneficiando
o turismo e a população local e, também, o cumprimento da legislação necessária ao seu
ordenamento.
Justifica-se salientar que atualmente os organismos internacionais, voltados ao estudo
e ordenamento das práticas turísticas, apontam a necessidade de um plano diretor turístico,
definindo o zoneamento, as normas e procedimentos de uso do solo, agrupamento funcional das
instalações e das atividades turísticas. São formas de resguardar os ambientes físicos e culturais
do município e devem ser implementadas por um setor específico.
A maneira mais eficiente de desenvolvimento do turismo sustentável com base local
somente torna-se possível com a instituição de uma Secretaria de Turismo, vinculada à estrutura
organizacional da Prefeitura; assim, os fatores podem ser mais bem estimulados. A criação do
conselho, ligado a essa secretaria, é considerada como sendo uma das condições para o
desenvolvimento sustentável e gestão da atividade.
Propõe-se, então, no intuito de complementar a proposta de atuação e participação do 135
governo local na organização do espaço para o turismo sustentável, caminhar em direção à
participação da comunidade em função do mesmo objetivo.
Após o levantamento, a avaliação e a definição dos atrativos, que podem e devem ser
valorizados pela atividade turística, a organização se dará sob forma de roteiros e trilhas,
demarcados no território em estudo e especializados no documento cartográfico, para melhor
visualização da comunidade, do planejador e do turista.
Devem ser elaborados conforme o modelo que será proposto, observando-se além do
nível de atratividade do recurso, a sua capacidade de carga.
É importante salientar que roteiros e trilhas possuem duas definições distintas.
Entendem-se como trilhas caminhos traçados em um determinado sítio natural do território
municipal, com início e fim preestabelecidos. Os roteiros e trilhas demarcados deverão ser
interpretativos, ou seja, elaborados com a finalidade de estabelecer uma ligação mais estreita
entre o homem e a natureza, além de proporcionar o conhecimento do meio ambiente onde se
localizam.
Roteiros são indicações de pontos de interesse turístico envolvendo uma porção maior
do território, podendo ser percorridos a pé, de carro, de bicicleta ou a cavalo, conforme a
distância, iniciando-se pelo local de maior interesse do turista. Podem incluir várias trilhas no
percurso indicado. As duas formas de organização territorial podem ser projetadas para serem
guiadas por um profissional treinado. No roteiro que você pode ver a seguir foram especificados
os atrativos em forma de um mapa. Onde as cores representam os tipos de atrativos nos roteiros
(centro histórico etc.), permitindo, dessa forma, que o turista escolha visitar os atrativos que
achar interessante.
As mensagens a serem colocadas nas trilhas e nos atrativos, integrantes de cada
roteiro, devem ser elaboradas pelos técnicos do projeto, juntamente com membros da
comunidade, que poderão valer-se da bibliografia específica e do conhecimento técnico
específico, se for o caso. O conteúdo das mensagens deve informar corretamente os usuários e
sugerir um comportamento responsável no desfrute dos atrativos. Em uma imagem abaixo, são
colocadas as informações do atrativo, em um totem (sinalizador que fica no sentido vertical com
as informações pertinentes); geralmente essas mensagens estão no idioma do país onde se
encontra o atrativo e também em inglês.
Sinalização de trilhas
A escolha dos atrativos e o desenho da rota a ser percorrida ficarão a cargo dos
técnicos do projeto, com a colaboração dos moradores. Os mecanismos e canais, que permitirão 136
a participação da comunidade na organização do espaço turístico, serão constituídos de
entrevistas em forma de questionários. Quando concluída a fase de organização do espaço
turístico no município, a administração municipal deverá providenciar a apresentação de mapas,
roteiros e trilhas elaborados, da interpretação do patrimônio, aos interessados e à comunidade,
demonstrando e valorizando a participação dessa última no trabalho.
Veja, a seguir, modelos sugeridos.
TABELA 19
Questionário dirigido à comunidade (organização em parceria)
Roteiros e trilhas
Trilhas devem ser construídas no ambiente natural. O que deve ser feito é o seguinte:
avaliar o local;
prever a capacidade de carga;
especificar a distância e acesso;
sugerir o tipo de transporte a ser usado;
estabelecer regras de utilização do percurso;
adotar o percurso em círculos para evitar o retorno pelo mesmo local;
viabilizar a interpretação dos atrativos localizados nas trilhas com informações
necessárias, concisas, transmitidas de forma completa, utilizando linguagem simples.
e) Capacidade de carga
A capacidade de carga é o estabelecimento de um limite de utilização dos atrativos.
Pode ser uma contribuição efetiva na minimização dos custos ambientais e na otimização dos
benefícios do desenvolvimento turístico local, tanto para a comunidade como para o ambiente
físico.
O cuidado com a proteção ambiental e com o bem-estar da comunidade é
inquestionável quando se observam os aspectos fundamentais do conceito construído em função
de uma nova maneira de praticar o turismo. Na verdade, ele remete à forma racional de
utilização dos patrimônios natural e cultural.
Entende-se o meio ambiente como a base econômica da atividade turística,
apresentando, ao mesmo tempo, oportunidades e limitações. O último aspecto está explícito no
caráter finito da qualidade dos recursos e na autenticidade das culturas locais. Percebe-se que
os interesses econômicos de curto prazo e individuais de certos empresários muitas vezes se
chocam com os de longo prazo dos planejadores do turismo responsável.
A conservação da atratividade dos recursos turísticos é uma condição indispensável
para o desenvolvimento sustentável do turismo. A prática da determinação da capacidade de
carga, das técnicas de zoneamento de ambientes frágeis e dos meios de proteção a culturas
vulneráveis, está se tornando uma constante nos projetos turísticos contemporâneos, e também
nos de recuperação dos empreendimentos já instalados.
Para muitos governos, as aglomerações desmesuradas nos centros turísticos têm sido
motivo de satisfação, pois levam a atingir metas quantitativas estabelecidas, em demonstração
clara do êxito desse setor. Em contrapartida, as consequências para a natureza, para a
população receptora e também para o turista, mesmo que ele não as perceba, são desastrosas.
Qualquer atividade humana pode ser uma fonte potencial de desequilíbrio ecológico
nos ecossistemas e pode gerar diferentes formas de perturbações ambientais, cujas dimensões
dependem das características e da vulnerabilidade do ecossistema afetado.
Entretanto, se na base do planejamento for estimulado o uso responsável dos recursos
recreacionais, a atividade turística seguida de número crescente de usuários não deve ser
encarada como problema sem solução. Para tanto, adota-se, nos dias atuais, o uso de
mecanismos de Avaliação de Impactos Ambientais e de fixação da capacidade de carga do
atrativo, da paisagem, da região, entre outros. 139
Existem muitas formas de se calcular a capacidade de carga de determinado espaço.
Para o planejador que atribui maior peso aos aspectos ambientais, a área média não é fácil de
ser calculada e deve ser definida caso a caso, pois ela envolve variáveis ecológicas, materiais e
psicológicas.
Nesse sentido, recomenda-se como procedimentos a prudência e o respeito aos
sistemas naturais, mesmo que não se faça uma análise apurada das respostas às intervenções,
pois se sabe que os sistemas naturais conseguem suportar certo nível de uso e mesmo assim
permanecem equilibrados.
Boullon (2002) delineou uma fórmula para determinar a capacidade de carga para uma
região que já possui uma atividade estabelecida (parques etc.). Veja:
FIGURA 38
140
FIGURA 39
FONTE: Creatas. Disponível em: <http://www.thinkstockphotos.com/image/ 76731499>. Acesso em: 28 abr. 2014.
O mapa turístico
A cartografia está fundamentada em uma preocupação remota da humanidade: a
localização de objetos, fenômenos e fatos em uma representação simplificada do espaço
geográfico. A cartografia do turismo nasceu de forma similar aos primeiros mapas temáticos,
aqueles que iam se constituindo por meio do acréscimo de elementos do turismo, principalmente
com a manifestação pontual, no mapa topográfico. Os mapas não constituíam uma organização
elaborada de forma a seguir um raciocínio lógico, mas apenas uma organização visual, que
confirmava a tradição cartográfica de então. Nos dias atuais, com o avanço tecnológico e a 141
expansão da comunicação, principalmente visual, não se pode aceitar uma cartografia do
turismo em um nível de reflexão tão elementar.
A cartografia temática, além de tentar contribuir para estimular a demanda turística, é
instrumento de análise e síntese de dados, instrumento de planejamento, de organização
espacial e de orientação aos usuários e administradores. Dessa forma, ela vem contribuir para o
planejamento sustentável do município. Em razão disso, o mapa turístico deve ser elaborado no
sentido de constituir um documento dotado de informação precisa.
O mapa turístico representa informações de componentes associativos, ou seja, as
informações turísticas do município que se subdividem em atrativos turísticos naturais, atrativos
históricos, manifestações populares, equipamentos e serviços de infraestrutura de apoio.
A cor é uma variável visual importante que traduz componentes seletivos, aqueles que
distinguem as subdivisões em grupos da informação total (nesse caso, distinguem-se os
atrativos naturais dos culturais, entre outros). A cor superpõe-se à forma e é utilizada para
distinguir os componentes seletivos, ou seja, a tipologia turística daqueles atrativos que
correspondem a um mesmo grupo ou categoria.
Assim:
grupo de atrativos históricos – cor azul;
grupos de atrativos naturais – cor verde;
grupo de equipamentos e serviços – cor amarela;
grupo de infraestrutura turística – cor vermelha.
As trilhas e roteiros, também componentes seletivos, utilizam o modo de implantação
linear e também devem ser distinguidos pela cor, para tornar o mapa mais atraente e salientar os
fatos a serem comparados.
Dessa forma, quando um planejador, um turista, um administrador ou a população
observa o mapa, pode distinguir de imediato, sem leitura cansativa e minuciosa, onde está
localizado o que; ou tal caráter, onde está.
O mapa turístico, para o planejador e para o administrador, será um documento que
possibilitará o estudo e a análise do município de forma agradável e clara. Em consequência
disso, proporcionará uma resposta rápida às perguntas formuladas em relação à tomada de
decisões.
Ainda mais, será um retrato da organização espacial e fornecerá a síntese da situação
geral do município, quanto à atratividade, tipologia turística, vocação, infraestrutura, aos
serviços, acesso, permitindo direcionar investimentos e intervenções.
142
BISSOLI, Maria Ângela Marques Ambrizi. Projetos turísticos. In: Marilia Gomes dos Reis Ansarah
(Org.). Turismo como aprender, como ensinar. São Paulo: Senac, 2001.v. 2, p.167-200.
147
FLEURY, A.; FLEURY M. T. L. Estratégias empresariais e formação de competências: um
quebra-cabeça caleidoscópio da indústria brasileira. São Paulo: Atlas, 2000.
PIRES, Mário Jorge. Lazer e Turismo Cultural. São Paulo: Manole, 2001.
PLANEJAMENTO de projetos orientado por objetivos (ZOPP): um guia de orientação para o
planejamento de projetos novos e em andamento. [S.l]: GTZ, 1997, p. 48.
148
VAZQUEZ, Francisco Jose Calderon. Guia de orientaciones para la evaluacion y
seguimiento de proyectos de desarrollo, 2008.