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O Processo de
13 Execução II
Noções gerais
A execução por quantia certa:
A execução por quantia certa ocorre quando o título executivo sujeita o devedor ao
pagamento de uma quantia com valor determinado, ou seja, o título executivo extrajudicial
se apresenta líquido, certo e exigível. Resumidamente, a execução por quantia certa tem por
objetivo expropriar bens do devedor, a fim de satisfazer o direito do credor. Para facilitar o
entendimento, estaremos dividindo a execução por quantia certa em fases. A fase inicial
compreende a petição, a citação, o arresto e a nomeação dos bens à penhora. Na fase
preparatória, são observados a penhora, a avaliação dos bens e os atos preparatórios à
satisfação. Por fim, na última fase, temos a expropriação dos bens, a satisfação do credor e a
extinção normal da execução.
A execução por quantia certa contém parcialmente a disciplina das demais, sendo na prática a
de maior incidência.
Fase inicial
Petição inicial:
O processo de execução inicia-se com o protocolo em juízo da petição inicial. A petição deve
expor os fatos com a comprovação da exigibilidade do título e do inadimplemento do
devedor, estando acompanhada do próprio título executivo extrajudicial e o demonstrativo
atualizado do crédito. O juiz poderá indeferir a petição inicial se entender que não está
formulada de modo adequado, mas também poderá despachar para que o requerente a
Citação:
No processo de execução, ao contrário do que ocorre no processo de conhecimento, o
devedor não é citado para apresentar defesa, mas para que ele pague a dívida ou ofereça
bens para serem penhorados. Serve como uma última chance para que cumpra
voluntariamente a obrigação ou indicar os bens sobre os quais pretende que recaia a
execução. A citação do devedor, no processo executivo, deve ser efetuada por oficial de
justiça, mas eventualmente poderá ocorrer por edital, desde que não seja localizado o
executado e observadas as providências prévias da lei. Citado, o devedor terá prazo de 3 dias
para efetuar o pagamento da dívida (CPC, art. 652). Não efetuado o pagamento, munido da
segunda via do mandado, o oficial de justiça procederá de imediato à penhora de bens e a
sua avaliação, lavrando-se o respectivo auto e sendo o executado intimado de tais atos na
mesma oportunidade.
Art. 655-B - Tratando-se de penhora em bem indivisível, a meação do cônjuge alheio à execução
recairá sobre o produto da alienação do bem.
Substituição da penhora:
A parte poderá requerer a substituição da penhora:
se não obedecer à ordem legal;
se não incidir sobre os bens designados em lei, contrato ou ato judicial para o
pagamento;
se, havendo bens no foro da execução, outros houverem sido penhorados;
se, havendo bens livres, a penhora houver recaído sobre bens já penhorados ou objeto
de gravame;
se incidir sobre bens de baixa liquidez;
se fracassar a tentativa de alienação judicial do bem; ou
se o devedor não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das indicações a que se
referem os incisos I a IV do parágrafo único do art. 668 desta Lei.
Arresto:
O arresto funciona como uma penhora prévia. Ocorre quando acontece de o oficial de justiça
não localizar o devedor, depois de procurá-lo razoavelmente, mas encontrar bens que
respondam pela dívida. Nessa hipótese, o oficial de justiça arrestará tantos bens do devedor
quantos bastem para garantir a execução (CPC, art. 653).
O arresto é uma medida tomada ex officio pelo oficial de justiça, pois ele não precisa esperar
que o juiz lhe dê a ordem de arrestar bens.
Fase preparatória
A penhora:
Se o devedor não pagar, nem oferecer bens à penhora, o oficial de justiça irá penhorar tantos
bens quantos forem necessários para o pagamento da dívida principal, juros, custas e
honorários advocatícios. Com a penhora, os bens ficam vinculados à execução, embora
ainda não signifique a sua expropriação, pois continuam pertencendo ao seu proprietário.
Além disso, a penhora serve para conservar os bens, resguardando-os até o final da
execução. A penhora também confere ao credor preferência em relação a outros credores, da
mesma categoria, que possam penhorar o mesmo bem posteriormente (CPC, art. 612).
Bens impenhoráveis
Bens impenhoráveis são aqueles que não são passíveis de penhora em execuções judiciais. Neles se
incluem não apenas os bens inalienáveis, como também os que, sendo alienáveis estão isentos da
penhora por determinação legal. O art. 649 do Código de Processo Civil estabelece a relação de bens
impenhoráveis. Com o advento da Lei 8.009/90 foi estabelecida a impenhorabilidade do bem de
família. Segundo esta Lei, o imóvel residencial próprio do casal ou entidade familiar é impenhorável
por dívidas de qualquer natureza, salvo as exceções previstas na mesma Lei, como a cobrança de
impostos, taxas e contribuições devidas em função do próprio imóvel.
§ 2º - O disposto no inciso IV do caput deste artigo não se aplica no caso de penhora para pagamento
de prestação alimentícia.
Resistência à penhora:
Se o devedor fechar as portas da casa, a fim de obstar a penhora dos bens, o oficial de justiça
comunicará o fato ao juiz, solicitando-lhe ordem de arrombamento. Deferido o pedido, dois
oficiais de justiça cumprirão o mandado, arrombando portas, móveis e gavetas, onde
presumirem que se achem os bens, e lavrando auto circunstanciado de tudo, que será
assinado por duas testemunhas, presentes à diligência. Sempre que necessário, o juiz
requisitará força policial, a fim de auxiliar os oficiais de justiça na penhora dos bens e na
prisão de quem resistir à ordem. Os oficiais de justiça lavrarão em duplicata o auto de
resistência, entregando uma via ao escrivão do processo para ser juntada aos autos e a outra
à autoridade policial, a quem entregarão o preso. Do auto de resistência constará o rol de
testemunhas, com a sua qualificação.
Auto de penhora:
A penhora será considerada realizada mediante a apreensão e o depósito dos bens,
lavrando-se um só auto se as diligências forem concluídas no mesmo dia. Havendo mais de
uma penhora, será lavrado um auto para cada uma delas. O auto de penhora conterá:
a indicação do dia, mês, ano e lugar em que foi feita;
os nomes do credor e do devedor;
a descrição dos bens penhorados, com as suas características;
a nomeação do depositário dos bens.
Modificação da penhora:
A penhora pode ser:
aumentada, se os bens penhorados são insuficientes para cobrir o débito (CPC, arts.
667, II e 685,II);
diminuída, se os bens possuírem valor maior que o débito (CPC, art. 685, I);
substituída, nas duas hipóteses anteriores, para um bem de valor maior ou menor,
respectivamente (CPC, art. 685, I e II);
substituída, se a primeira for anulada (CPC, art. 667, I) seja porque os bens eram
impenhoráveis, seja porque pertenciam a terceiro não responsável pelo débito, seja
ainda porque se reconheceu direito do credor ou devedor a que ela atinja outro bem;
substituída, se o credor desistir dela porque os bens eram litigiosos ou já estavam
onerados por algum outro motivo (CPC, art. 667, III);
ser substituída nos 10 dias após a sua intimação (CPC, art. 668);
substituída por dinheiro, resultante de alienação antecipada dos bens (CPC, art. 670).
O depósito:
Com a penhora os bens ficam gravados e vinculados à execução. O oficial de justiça os
arrecada e os entrega à guarda de um depositário. O depósito é o ato integrante da penhora
e destina-se a garantir a conservação dos bens. O depositário poderá ser o próprio devedor,
o credor ou um terceiro a quem é transferido a posse (mediata ou imediata) de tais bens.
Conforme o art. 684 do Código de Processo Civil, não se procederá à avaliação se:
a) o exequente aceitar a estimativa feita pelo executado;
b) se tratar de títulos ou de mercadorias, que tenham cotação em bolsa, comprovada por
certidão ou publicação oficial;
Adjudicação:
Pela adjudicação, permite-se que o exequente adquira o bem penhorado antes da
designação da praça, desde que por preço não inferior ao da avaliação. O credor abaterá esse
montante do seu crédito e conforme este seja menor ou maior do que aquele,
respectivamente, o credor completará a diferença ou poderá prosseguir na execução do
saldo. A adjudicação, portanto, é ato de expropriação executiva, em que o bem penhorado se
transfere in natura para o credor.
É lícito ao exequente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação, requerer lhe sejam
adjudicados os bens penhorados (CPC, art. 685-A). Se o valor do crédito for inferior ao dos
bens, o adjudicante depositará de imediato a diferença, ficando esta à disposição do
executado; se superior, a execução prosseguirá pelo saldo remanescente. Idêntico direito
pode ser exercido pelo credor com garantia real, pelos credores concorrentes que hajam
penhorado o mesmo bem, pelo cônjuge, pelos descendentes ou ascendentes do executado.
Havendo mais de um pretendente, proceder-se-á entre eles à licitação; em igualdade de
oferta, terá preferência o cônjuge, descendente ou ascendente, nessa ordem. No caso de
penhora de quota, procedida por exequente alheio à sociedade, esta será intimada,
assegurando preferência aos sócios. Decididas eventuais questões, o juiz mandará lavrar o
auto de adjudicação.
Carta de adjudicação:
A adjudicação considera-se perfeita e acabada com a lavratura e assinatura do auto pelo juiz,
pelo adjudicante, pelo escrivão e, se for presente, pelo executado, expedindo-se a respectiva
carta, se bem imóvel, ou mandado de entrega ao adjudicante, se bem móvel. A carta de
adjudicação conterá a descrição do imóvel, com remissão a sua matrícula e registros, a cópia
do auto de adjudicação e a prova de quitação do imposto de transmissão.
Fase final
A alienação em hasta pública:
É forma de expropriação executiva pela qual os bens penhorados são transferidos por
procedimento licitatório realizado pelo juízo da execução.
O edital será afixado no local do costume e publicado, em resumo, com antecedência mínima
de 5 dias, pelo menos uma vez em jornal de ampla circulação local (CPC, art. 687). A
publicação do edital será feita no órgão oficial, quando o credor for beneficiário da justiça
gratuita.
Arrematação:
A arrematação será feita mediante o pagamento imediato do preço pelo arrematante ou, no
prazo de até 15 (quinze) dias, mediante caução. Tratando-se de bem imóvel, quem estiver
interessado em adquiri-lo em prestações poderá apresentar por escrito sua proposta, nunca
inferior à avaliação, com oferta de pelo menos 30% à vista, sendo o restante garantido por
hipoteca sobre o próprio imóvel. As propostas para aquisição em prestações, que serão
juntadas aos autos, indicarão o prazo, a modalidade e as condições de pagamento do saldo.
O juiz decidirá por ocasião da praça, dando o bem por arrematado pelo apresentante do
melhor lanço ou proposta mais conveniente. O juiz não é obrigado a aceitar o lance de preço
vil, ou seja, aquele tão baixo que prejudique gravemente o devedor, sem vantagem para o
credor. No caso de bens móveis, basta o auto de arrematação e a entrega da coisa ao
arrematante. No caso de imóveis, porém, além do auto de arrematação, lavra-se também
uma carta de arrematação, que é depois registrada no Registro de Imóveis.
O pagamento do credor:
Encerrada a fase instrutória do processo de execução por quantia certa contra devedor
solvente, o que se dá porque a penhora recaiu sobre dinheiro, ou porque os bens penhorados
foram convertidos em dinheiro, ou porque o credor preferiu receber bens em pagamento do
seu crédito, ou ainda porque o juiz decidiu, visando a tornar menos gravosa a situação do
devedor, fosse o crédito pago parceladamente por meio do usufruto das rendas do bem
imóvel ou da empresa penhorada, entra-se na fase final do processo – a da entrega do
produto ao credor, denominada pelo Código de Processo Civil de pagamento do credor. O
pagamento do credor será realizado:
pela entrega do dinheiro;
pela adjudicação dos bens penhorado;
pelo usufruto de bem imóvel ou empresa.
Entrega do dinheiro:
Quando a execução segue o rumo da alienação judicial (arrematação), a satisfação do crédito
ocorre com a entrega do dinheiro ao exequente.
Noções gerais
A obrigação pode consistir na entrega de uma coisa que não seja dinheiro. O devedor, então,
será executado a fim de satisfazer a obrigação de entregar a própria coisa, isto é, a coisa
devida. A coisa, objeto da execução, pode ser certa ou incerta. Certa é aquela que está
individuada: certo e determinado imóvel, móvel, ou semovente. Coisa incerta é aquela que é
determinada pelo seu gênero e quantidade, e, por isso mesmo, se inclui entre as coisas
genéricas (ex: uma saca de café). O procedimento da execução é o mesmo num caso e
noutro, salvo no tocante à individuação da coisa, que no tocante àquela já existe e no
concernente a esta terá que manifestar-se, isto ocasionando, muitas vezes, um incidente
processual.
Multa diária:
O parágrafo único do art. 621 do Código de Processo Civil, com redação dada pela Lei
10.444/2002, estabelece que o juiz, ao despachar a inicial, poderá fixar multa por dia de atraso
no cumprimento da obrigação, evitando-se desta forma que o devedor protele indevidamente a
entrega da coisa.
Coisa alienada:
Se a coisa for alienada quando já houver litígio, será expedido mandado contra o terceiro
adquirente, que somente será ouvido depois de depositá-la (CPC, art. 626).
Benfeitorias indenizáveis:
Havendo benfeitorias indenizáveis feitas na coisa pelo devedor ou por terceiros, de cujo
poder ela houver sido tirada, a liquidação prévia é obrigatória. Se houver saldo em favor do
devedor, o credor o depositará ao requerer a entrega da coisa; se houver saldo em favor do
credor, este poderá cobrá-lo nos autos do mesmo processo (CPC, art. 628).
Impugnação:
Conforme o art. 630 do Código de Processo Civil, qualquer das partes poderá, em 48 horas,
impugnar a escolha feita pela outra. Manifestada a impugnação, que constitui um incidente
processual, o juiz a decidirá de plano, ou, se necessário, ouvindo perito de sua nomeação
(contra a decisão proferida no incidente de impugnação, cabe recurso de agravo de
instrumento).
Noções gerais
Noções iniciais:
As obrigações também podem ser positivas ou negativas conforme tenham por objeto a
realização de uma atividade ou a abstenção de determinada conduta.
Obrigações de fazer:
As obrigações de fazer são aquelas concernentes às prestações positivas, ou seja, implicam
na prática de um ato. Essas prestações podem ser:
fungíveis: são as prestações que, por sua natureza ou disposição convencional, podem
ser satisfeitas por terceiro, quando o obrigado não as satisfaça;
infungíveis: são as prestações que somente podem ser satisfeitas pelo obrigado, em
razão de suas aptidões ou qualidades pessoais (ex.: um especialista contratado para
executar uma obra de arte).
Execução pessoal:
Nas obrigações de fazer, quando for convencionado que o devedor a faça pessoalmente, o
credor poderá requerer ao juiz que Ihe assine prazo para cumpri-la (CPC, art. 638).
Havendo recusa ou mora do devedor, a obrigação pessoal do devedor deverá se converter
em perdas e danos.
Bibliografia
Atualizada em 10.12.2011