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UFRRJ – BRASIL III

TEXTO 2 (UNIDADE 2): SCHETTINI, Cristiana. Cap.1 “Os


descaminhos da localização” em “’Que tenhas teu corpo’- uma história
social da prostituição no Rio de Janeiro das primeiras décadas
republicanas. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2006.

Evaristo de Morais é o autor dos pedidos do habeas corpus em favor das


prostitutas ameaçadas por campanhas policiais que as expulsavam de certos pontos da
cidade, após um grupo de mulheres o procurar fazendo o mesmo pedido. O uso do habeas
corpus pelas prostitutas ocasionou na década de 1910 debates sobre o “poder da polícia”
que se debruçavam nas disputas entre autoridade policial, negociações com diversos
homens segundo os seus graus hierárquicos nas corporações civis e militares e ao mesmo
tempo, via-se o esforço dos poderes públicos em criar no espaço urbano uma marca
moderna e civilizada.

Nas primeiras décadas republicanas o “problema da prostituição” preocupava


chefes de policias que constantemente tentavam definir trechos e horários nos quais as
mulheres identificadas como prostitutas poderiam circular. O silêncio da legislação
brasileira a respeito deste campo de trabalho fornecia brechas para atuação da autoridade
policial. Schettini aborda uma modalidade específica de prostituição – as chamadas
prostitutas de janela – que se encontram presente nos conflitos dos processos de
constituição e reconhecimento social da autoridade policial republicana.

A prostituição era um importante fator de sociabilidade masculinas,


construídas por meio de configurações específicas de gênero, a presença das prostitutas
causava uma certa valorização da masculinidade por parte dos homens fardados que
através de seus trabalhos marcavam suas identidades, rivalidades e hierarquias.

A partir da década de 1920 as autoridades policiais precisam se adaptar as


intervenções médicas que se traduziam como propostas de saneamento moral e de
educação, sendo introduzido como novos termos sobre “o problema da prostituição”.
Entretanto, para o delegado Bartolomeu – que gerenciava grande parte dos casos e
divulgador da campanha de “saneamento moral” contra as prostitutas – a ação médica
tornaria a prática com características regulamentárias e isto influenciaria na ação da
polícia.
A campanha de “saneamento moral” dirigida pelo delegado Bartolomeu da Sousa
– era uma ação moralizadora da política inclinada na perseguição aos cáftens estrangeiros
e das mulheres que “faziam a vida” expondo-se nas janelas e nas portas de casas
localizadas em ruas movimentadas. As ruas frequentadas por essas mulheres eram de
intensa circulação de pessoas. Um observador de 1896 escrevia que o mercado do corpo
é descendente da miséria da raça, a prostituição era uma emancipação relativa a baixa
posição de que a raça tinha estado tradicionalmente condenada. Os fluxos de mulheres
negras nas atividades imorais eram grandes, sendo resultado do tráfico interprovincial,
entretanto a ênfase da nacionalidade eram maiores e superavam as consequências da
escravidão, sendo assim, ressaltava-se a moralidade natural da mulher brasileira e tratava
a prostituição como um problema estrangeiro. Exagerava-se assim na presença das
estrangeiras em relação às nacionais. O sentido das “brasileiras como recatadas”
partida do sentido de inverter o sentido negativo dos determinismos científicos para
viabilizar um futuro para nação brasileira. A construção da nacionalidade pensada
através de um conteúdo de gênero naturalizado, redimia a cor das prostitutas
nacionais e as estrangeiras eram o mal presente.

A articulação em prol de uma moralidade republicana a partir do serviço da


reorganização da prostituição da cidade era intensa, fazendo com que as prostitutas se
recebem ordem direta de mudança ou eram acompanhadas de ameaças de prisão que não
era raro se efetivarem. Para o delegado procedimentos legais eram inúteis com pessoas
que vivem em constante delito e isto legitimaria uma ação policial prática que mesmo
fora dos limites legais, em nome da “sociedade moralizada” poderia agir. O delegado
recebia assim o papel de cumprir a difícil tarefa de manter sob vigilância, controlar e
reprimir as atividades imorais. Para o delegado era necessário a não regulamentação da
prostituição pelo Estado, pois isto significaria o reconhecimento dos direitos daquelas
mulheres.

As prostitutas consideradas desqualificadas sociais diante de uma sociedade


honesta com indivíduos moralmente válidos, não poderiam fazer uso do habeas corpus,
mas o seu uso compenetrou o debate de cidadania, liberdade e direitos básicos que
cercavam o regime republicano por meio de princípios constitucionais. O uso do habeas
corpus segundo a constituição era independente da qualificação profissional, deveria
proteger a liberdade física do indivíduo e locomover-se. A ausência de regulamentação
formal da prostituição era usada para questionar a intervenção policial, sendo essa ação
“preventiva” indo contra a liberdade básicas garantidas pela Constituição. As prostitutas
colocavam-se ao lado de “cidadãos de bem”.

Para o delegado Luís Bartolomeu a busca por parte das prostitutas em encontrar
um aparato legal para se defender das medidas fiscalizadoras é proveniente da intervenção
da Diretoria da Higiene Pública e Obras Municipais que fecham residências indo contra
o interesse dos proprietários que foram feridos com as medidas de caráter sanitário. O
delegado fez uso da argumentação higienista para encobrir o seu caráter político,
procurando meios de impedir o uso do instrumento legal, iniciou os inquéritos de
lenocínio contra os responsáveis pelas casas. Os inquéritos acusavam pessoas que
alugavam os cômodos das casas com prestação de assistência, habitação ou auxílio a
mulheres que exerciam a prostituição.

A instauração do processo do habeas corpus fez com que homens aceitassem


declarar como testemunhas em favor das mulheres atingidas pela companhia policial,
mesmo que isto significasse terem sua reputação associada a causa imoral das prostitutas.
Esses homens eram proprietários que tiveram seus negócios prejudicados com o aluguel
das casas ou sua presença nas ruas – pois desapareciam se assim os vagabundos na rua
Senhor dos Passos. Os outros homens eram que tinham ligações afetivas com as
prostitutas e tiveram suas relações impedidas com a mudança de casa ou horário nas
janelas. Os depoimentos favoráveis à causa das prostitutas mostravam a capacidade
dessas mulheres se mobilizarem em determinada rede de convivência ao seu favor.

A abertura de inquéritos de lenocínio e ultraje público ao pudor tratavam de


legitimar as prisões preventivas. As disputas tornaram-se frequente sobre a legitimação
das ações da polícia e o debate acerca do policiamento mais adequado em um contexto
não-regulamentarista.

Schettini reflete sobre a presença de homens fardados nas primeiras décadas


republicanas e analisa o envolvimento destes homens com as prostitutas com seus
trabalhos e seus momentos de folga. A presença de praças, sargentos do Exército, oficiais
da Guarda Nacional, policiais civis e miliares causavam conflitos frequentes de
masculinidade nas ruas.

As meretrizes eram uma maneira de afrontar os policiais encarregados de


patrulhar a região. O ódio contra os policiais militares era uma característica que
aproximava diferentes grupos da população e os membros de várias corporações
militares. Os policiais militares deveriam auxiliar a polícia civil no patrulhamento da
cidade, mas o próprio caráter militar da corporação contribuía para disputas e confusões
com os policiais. Ainda existia conflitos com os policiais militares com a presença de
marinheiros, soldados do Exército que transformavam o policiamento nas ruas uma tarefa
mais arriscada. Diante dos conflitos de corporações militares, as mulheres mostravam
uma importância como objetivo de disputa diante da rivalidade. As prostitutas de janela
determinavam a masculinidade que informava suas identidades militares através da
exibição pública de autoridade, mostrando não serem controlados e superiores que os
outros, sendo assim, legitimavam sua masculinidade nas ruas ao servirem como
expectadoras.

Os conflitos nas ruas legitimavam um determinado grau de masculinidade na rua,


sendo um homem de autoridade aquele que ganhasse, porém, para os seus superiores a
prostituição era vista como necessidade social, pois os instintos sexuais daqueles homens
sobrepunham o racional, sendo assim, uma outra noção de masculinidade para os seus
subordinados. Isto demostra a distância e a hierarquia entre os homens, sendo estes
separados com a maior ou menor capacidade de serem governados pela razão. Os
subordinados avaliam a masculinidade do superior através das relações com as
meretrizes, estes deveriam se mostrar capazes de não se deixar manipular pelas mulheres.

A Guarda-Civil fora criada para policiamento das ruas, como um meio de frear as
brigas e ao mesmo tempo oferecer um patrulhamento as meretrizes. A construção da
autoridade da Guarda-Civil nas ruas fora demorada, mas as relações da guarda-civil com
a prostituição constituíram laços e autoridade.

A construção da relação de autoridade entre guardas-civis e meretrizes era


constituída por uma ligação de favores nos quais essas mulheres buscavam boa
localização e visibilidade e compravam essa localização por dinheiro ou por relações
sexuais. Para os Praças, Guardas Civis e outros o dinheiro era bem-vindo. Alguns desses
homens buscavam quebrar os acordos construídos entre as meretrizes, mas as mesmas
mobilizavam o estigma social sobre a prostituição em favor ao buscarem relator a um
superior o abuso de autoridade e em nome da moralidade da corporação, esses eram
excluídos. Essas mulheres mostravam compreender as hierarquias policiais, sua
autoridade, poder de legitimação de masculinidade e controle sobre o estigma em relação
as suas atividades de prostituição como uso contra os policiais.
A relação entre elas e os homens de farda ocorria num ambiente do qual
participava muitos outros homens, como mostram os depoimentos do episódio do habeas
corpus. As mulheres não apenas jogavam um papel fundamental na organização das
hierarquias e identidades entre eles. Os policiais fardados recebiam gratuidade em alguns
locais como teatro onde faziam suas rondas e suas rondas sempre acabam em casas de
prostituição. A diversão noturna era demarcada de uma hierarquia social e estigmas sobre
as prostitutas que delimitam seus locais de entrada. Os homens que frequentavam cafés
quando saíam do teatro, buscavam uma sala reservada próximo de ruas que facilitava
aventura de homens casados, isto mostra a hierarquia e locais frequentados por homens
com pouca equivalência social dos com mais poder aquisitivo, pontuando a identificação
de signos de distinção e elegância.

Os espaços reservados mostravam-se manter a hierarquia social e normas de


gênero. Se o status e a imagem pública dos homens que buscavam diversão dependia do
lugar que frequentavam, o mesmo ocorria com as próprias prostitutas. As prostitutas eram
assim ícones da distinção social de determinado local ou consumidor, passando intervir
diretamente na lógica que organizava os segmentos da diversão. As campanhas de
saneamento moral de certas ruas buscavam desarticular pelo menos temporariamente
algumas dinâmicas da diversão masculina – o que evidencia sua importância como
economia local – mas ao mesmo tempo, fazia manutenção de locais de diversão mais
exclusivos.

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