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Prática previdenciária
Carlos Renato
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CURSO DE PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA NO REGIME GERAL
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Destarte, inafastável a competência absoluta deste Juizado para julgar e processar a presente
demanda.
DOS FATOS
Desde de 29/06/87 pertence aos quadros da Paulista Containers Marítimos Ltda., empresa que
atua na fabricação e reparo de containers, sendo que o autor exerce a função de encarregado de
produção.
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02) Unicon
03) Flare
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aj. geral
04) Electroallo
aj. produção
05) Lloyd
aux. servs.
05a) Lloyd
soldador/mestre sold.
06) Paulista
enc. produção
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* O coeficiente utilizado para conversão dos períodos laborados em atividade especial para comum (1,4)
está em consonância com a tabela constante do artigo 70, do Decreto 3.048/99.
A fundamentação autárquica, além de esdrúxula chega a ser risível, vez que o louvamento
apresentado – LTCAT -, está expressamente previsto na citada IN 84/02, mais especificamente
no artigo 153.
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DO DIREITO
a) Da Aposentadoria Especial:
a.1.) Conceito:
Nesta mesma obra, o sábio professor cita Marly Cardone, que com notável didática explana em
seu livro “Previdência, Assistência, Saúde - o Não Trabalho na Constituição de 1988”, Editora
LTr, 1990, pág. 81, que: “o trabalho em condições especiais, que são insalubres, perigosas e
penosas, que prejudicam a saúde ou integridade física do trabalhador, merecem uma
aposentadoria precoce, como a lei ordinária já prevê (CLPS, art. 35), consentânea com o
direito comparado.”
Sérgio Pinto Martins, com brilhante clareza, assim define o benefício especial: “Pode ser
conceituada a aposentadoria especial como o benefício decorrente do trabalho em condições
prejudiciais à saúde ou à integridade física do segurado, de acordo com a previsão da lei.
Trata-se de um benefício de natureza extraordinária, tendo por objetivo compensar o trabalho
do segurado que presta serviços em condições adversas à sua saúde ou desempenha atividade
com riscos superiores aos normais”.
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Desde de seu surgimento, com a Lei Orgânica da Previdência Social (3.807/60), de 26 de agosto
de 1960, a aposentadoria especial garante ao labutador exposto a condições agressivas de
trabalho, sejam elas insalubres, penosas ou perigosas, a diminuição do tempo de serviço mínimo
necessário à sua aposentação.
Notável proteção, ganhou a honrosa forma de garantia constitucional com a Carta Cidadã de
1988, que em seu artigo 202, II, logo após estabelecer o tempo de serviço mínimo necessário
para obtenção de aposentadoria integral, dispunha:
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Constitucionalmente, o que era antes assegurado, com a promulgação da Emenda n.º 20, de 16 de dezembro
de 1998, transformou-se em ressalva, exceção. É que a aposentadoria especial, insculpida, como já citado,
no inciso II, do art. 202, da Carta Cidadã, com o advento da referida Emenda, agora figura no artigo 201, §
1º, com a seguinte redação:
Com efeito. Em obediência ao disposto no artigo 31 da mencionada Lei n.º 3.807/60 - LOPS,
editou-se o Decreto 53.831/64, que em seu Quadro Anexo elencava as atividades caracterizadas
como especiais – insalubres, perigosas ou penosas.
Em 24/01/79 surge o Decreto 83.080, que em seus Anexos I e II trazia novo rol de atividades
especiais e agentes agressivos. Saliente-se que o aludido regulamento não revogou o supra
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citado Decreto 53.831/64, sendo assente na doutrina e na jurisprudência que ambos convivem
em absoluta parcimônia e se complementam.
Nasce em 24 de julho de 1991 o Plano de Benefícios da Previdência Social (Lei n.º 8.213/91), que em seu
artigo 57 definia a aposentadoria especial, e no artigo 58 determinava que a relação de atividades
profissionais que ensejariam o benefício seria objeto de lei específica, relação esta que deveria ser submetida
à apreciação do Congresso Nacional, no prazo de 30 dias a partir da publicação da Lei n.º 8.213/91, sendo
que, durante o lapso, continuaria prevalecendo a legislação então vigente, consoante dispunha o artigo 152,
do mesmo diploma legal. Previa, ainda, o suscitado artigo 57, em seu § 3º, a conversão dos tempos de
serviço de especial para comum e vice-versa. Outrossim, como já dito, a concessão de aposentadoria
especial regia-se, até então, pelos Decretos 53.831/64 (Quadro Anexo) e 83.080/79 (Anexos I e II).
Então veio a Lei n.º 9.032, de 28 de abril de 1995, que modificou abruptamente todo o artigo 57
do PBPS sem, no entanto, alterar diretamente o artigo 58. Entre as diversas mudanças ocorridas,
estava a eliminação do caput do artigo do termo “atividade profissional”, sendo certo que, a
partir de então, estava o segurado obrigado a comprovar a “exposição aos agentes nocivos
químicos, físicos ou biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade
física”, por força da nova redação dada ao § 3º.
Como continuava em vigor o já mencionado artigo 152, da Lei n.º 8.213/91 a interpretação mais
adotada foi a de que, a partir da publicação da Lei n.º 9.032/95, somente possuía valia o Anexo I
do Decreto 83.080/79, vez que o Anexo II elencava os “grupos profissionais”, coexistindo ainda
os agentes nocivos constantes do Quadro Anexo ao Decreto 53.831/64.
A medida provisória 1.523, de 11 de outubro de 1996, alterando o artigo 58, da Lei n.º 8.213/91,
conferiu ao Poder Executivo, a competência para elaboração da relação dos agentes nocivos
químicos, físicos ou biológicos, para fins de concessão de aposentadoria especial. Com isso, veio
o Decreto 2.172, de 05 de março de 1997, que em seu Anexo IV, traz referido rol.
Referida Medida Provisória (1.523/96), depois 1.596-14/97, e finalmente convolada na Lei n.º
9.528, de 10 de dezembro de 1.997,estabeleceu ainda a forma como deveria se dar “a
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Nasce portanto a controvertida figura do “laudo técnico pericial”, geradora das mais diversas
interpretações, além de calorosas e acirradas discussões que perduram até hoje entre os
operadores do direito previdenciário.
Em 28 de maio de 1998, foi editada a Medida Provisória n.º 1.663-10 que, ao revogar
expressamente o § 5º do artigo 57, da Lei n.º 8.213/91, pôs fim a qualquer espécie de conversão.
Na sua 13ª edição, de 26/08/98, a Medida Provisória n.º 1.663, atribuiu ao Poder Executivo a
competência para adoção de critérios para a aplicação da conversão, estabelecendo um
percentual mínimo de efetivo exercício do tempo de serviço especial.
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especial...”, desde que tenha havido efetiva exposição aos agentes nocivos descritos no anexo
IV, do Decreto n.º 2.172/97.
Assim, através do Decreto n.º 2.782/98, foi temporariamente abolida a conversão de especial
para comum, das atividades profissionais e/ou agentes agressivos previstos nos Decretos
53.831/64 e 83.080/79.
A Lei n.º 9.711, de 20 de novembro de 1998, em seu artigo 28, amenizou a atrocidade cometida
pelo decreto supra citado, retirando a absurda exigência de que, para proceder à conversão, deva
o segurado comprovar a efetiva exposição aos agentes agressivos constantes do Anexo IV do
Decreto 2.172/97, inclusive para períodos anteriores a 05/03/1997 (data da publicação deste
regulamento).
Em outubro de 2000 a Douta 4ª Vara Previdenciária de Porto Alegre, concedeu tutela antecipada,
posteriormente convertida em definitiva, nos autos da Ação Civil Pública – processo n.º
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Finalmente, em 03/09/03, o Poder Executivo edita o Decreto n.º 4.827, que alterando o artigo 70
do Decreto n.º 3.048/99, autoriza a conversão de tempo de serviço especial em comum em
qualquer período.
Destarte, a conduta adotada pela autarquia colide veementemente com o disposto no artigo 19,
do Decreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 4.079/02, vigente na data do
requerimento administrativo, a saber:
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Da simples leitura do regramento supra conclui-se facilmente que, ante à clareza das anotações
apostas nas CTPS do obreiro, a Justificação Administrativa requerida e, repita-se, sequer
apreciada pelo instituto, seria desnecessária, bastando o servidor, para considerar o exercício da
atividade especial de soldador que se pretendia converter, observar o teor do dispositivo supra.
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III-...omissis;
IV-...omissis;
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A atividade de soldador está expressamente prevista nos Decretos 53.831/64 (código 2.5.3) e
83.080/79 (códigos 2.5.1 e 2.5.3), sendo o que basta para caracterização como especial, pelo
menos até 28/04/95.
Ademais, os agentes nocivos inerentes ao exercício da aludida profissão, com os quais o obreiro
mantém contato habitual e permanente durante toda sua jornada laboral (radiação não-ionizante
e fumos metálicos), também encontram-se clara e explicitamente elencados no Quadro Anexo ao
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Decreto 53.831/94 (códigos 1.1.4 e 1.2.11), e no Anexo I, do Decreto 83.080/99 (códigos 1.1.3 e
1.2.11).
Cumpre ressaltar que as atividades desenvolvidas pelo autor, similares àquelas desempenhadas
em indústrias siderúrgicas, são consideradas de nível de risco máximo, consoante previsão do
Anexo V, códigos 27.1 e 27.2, do Decreto 3.048/99.
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Sabemos que a Lei n.º 9.032, de 28 de abril de 1995, modificou abruptamente todo o artigo 57 do
PBPS. Entre as diversas mudanças ocorridas, estava a eliminação do caput do artigo do termo
“atividade profissional”, sendo certo que, a partir de então, está o segurado obrigado a comprovar
a “exposição aos agentes nocivos químicos, físicos ou biológicos ou associação de agentes
prejudiciais à saúde ou à integridade física”, por força da redação dada ao parágrafo 3º.
Esta comprovação passou a ser realizada com a apresentação de laudo técnico pericial. E, nesse
aspecto andou bem o requerente, vez que instruiu o pleito administrativo com referido laudo,
elaborado e subscrito por engenheiro de segurança do trabalho, competente e habilitado para
tanto.
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A não consideração do aludido período afronta o disposto no artigo 55, I, da Lei n.º 8.213/91,
devendo, portanto, ser devidamente computado.
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Nesse sentido já sabiamente decidiu o Douto Juízo da 6ª Vara Federal de Santos, em sede de antecipação de
tutela nos autos do processo n.º 2002.61.04.007997-0, a saber:
Portanto, mesmo possuindo o obreiro cristalino direito à aposentação, o instituto-réu, de certa forma, obriga
o segurado à manter-se em seu nocivo mister, além de continuar procedendo aos descontos mensais no
ínfimo soldo do autor, valores estes que, em hipótese alguma, poderá o suplicante reavê-los, em razão do
que dispõe o artigo 98, da Lei n.º 8.213/91, a seguir transcrito:
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DOS PEDIDOS:
a) Concessão dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da Lei n.º 1.060/50,
por se tratar a requerente de pessoa pobre, na literal acepção da palavra, desprovida de
condições para arcar com as custas e despesas processuais, sem prejuízo de sua mantença;
b) citação do instituto-réu para, querendo, contestar a presente demanda, sob pena de revelia e
confissão;
c) com fulcro no artigo 273 e parágrafos do Estatuto de Rito, com as alterações introduzidas
pela Lei n.º 8.952/94, o deferimento do pedido de antecipação liminar da tutela jurisdicional
pleiteada para os fins supra descritos, mediante intimação pessoal da Ilma. Sra. Gerente
Regional do INSS, devendo constar do mandado prazo de 10 (dez) dias para cumprimento da
determinação, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 (hum mil reais);
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suas CTPS (docs. 08/12), bem como dos períodos de soldador (29/06/87 a 31/08/95) e encarregado de
produção (01/09/95 a 04/07/03), na empresa Paulista Containers Marítimos Ltda., pois comprovada a
especialidade de tais vínculos mediante laudo técnico pericial, computando, ainda, o período de 15/01/76 a
30/12/76, no qual o segurado prestou o serviço militar, conforme Certificado de Reservista abojado às fls. 06
e verso do procedimento administrativo, tudo corrigido monetariamente, acrescido ainda de juros de mora de
1% (um por cento) ao mês, sendo fixado para a autarquia o prazo de trinta dias para o cumprimento da
obrigação de fazer, consistente em conceder e implantar o benefício do obreiro, sob pena de multa diária de
R$ 1.000,00 (um mil reais), nos termos do artigo 644, do CPC;
e) Na ocorrência das hipóteses previstas nos artigos 54 e 55, da Lei n.º 9.099/95, requer também
a condenação do instituto nas custas e despesas processuais, e honorários advocatícios de 20%
(vinte por cento), até o trânsito em julgado da sentença;
Protesta provar o alegado por todos os meios probatórios em direito admitidos, sem exceção,
atribuindo à causa o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).
Termos em que,
Pede deferimento.
OAB/SP 156.166
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