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KING, Martin Luther.

Um apelo à consciência: os melhores discursos de Martin Luther


King. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006. 179 p.

Apesar de ser um dos maiores vultos da história humana recente, o pastor batista
negro Martin Luther King ainda é um ilustre desconhecido entre os cristãos brasileiros,
particularmente no meio dos batistas. Daí a relevância da publicação no Brasil deste livro
contendo os principais discursos que proferiu ao longo de sua militância pelos direitos civis
nos Estados Unidos da América. A obra oferece uma oportunidade única de contato direto
com o pensamento deste líder inspirado pelos profetas bíblicos, pelos princípios de
liberdade característicos dos batistas e pela não-violência pregada e vivida por Ghandi.
Um apelo à consciência brinda o público brasileiro com onze discursos de Martin
Luther King, abrangendo o período que vai do início do movimento contra a segregação
racial, marcado pelo assassinato do jovem negro Emmet Till e pela prisão de Rosa Louise
Parks por se negar a ceder a um homem branco o seu lugar no ônibus, até a véspera de sua
morte em Memphis, Tenessee, em 04 de abril de 1968, abatido por um único e certeiro tiro
de rifle.
Além da beleza e da força da oratória de Luther King, cada discurso é precedido de
uma apresentação em que encontramos os testemunhos de figuras como Rosa Parks, Aretha
Franklin e o Dalai Lama, entre outros. Ocupa lugar central no livro o célebre “Eu tenho um
sonho”, proferido em 1963 nas escadarias do Lincoln Memorial, na capital Washington.
Martin Luther King lembrou que, apesar de a Emancipação dos escravos negros ter sido
assinada cem anos antes daquela ocasião, os negros continuavam escravizados, “isolados
numa ilha de pobreza em meio a um vasto oceano de prosperidade material” (p. 73). Para
King, a Declaração da Independência americana significou para os negros um cheque sem
fundos, que eles não puderam descontar. Entretanto, King não era pessimista: “recusamos a
acreditar que o banco da justiça esteja falido” (p. 73). Antes, seria necessário lutar para que
todos os americanos tivessem acesso às riquezas da liberdade e à segurança da justiça.
E o orador passa a descrever o seu sonho de liberdade: “Eu tenho um sonho de que
os meus quatro filhos pequenos viverão um dia numa nação onde não serão julgados pela
cor de sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter” (p. 75). Assim, King deseja que a
liberdade ressoe pelos mais distantes recantos do continente, no cântico conjunto de “todos
os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos” (p. 76).
Apesar de sua militância pela integração dos negros à sociedade americana, Martin
Luther King não deixou de cultivar um olhar abrangente para as lutas dos oprimidos por
todo o mundo, especialmente aqueles que abraçaram o método da não-violência ativa.
Nesse sentido, chama a atenção o discurso sobre o nascimento da nação africana de Gana,
destacando-se a sua emancipação pacífica do jugo britânico. King deixa claro que a
libertação, embora radicalmente pacífica, não vem gratuitamente. Na luta para alcançar esse
ideal, a ausência de violência e ódio faz toda a diferença. O orador ilustra isso pela bela
imagem do primeiro-ministro Nkrumah de Gana dançando com a duquesa de Kent: “Aqui
está o ex-servo, o ex-escravo, agora dançando com o senhor em pé de igualdade” (p. 39).
Muitas vezes Martin Luther King lembrou a figura de Moisés, que conduziu o povo
de Israel à liberdade, mas ele mesmo não teve a alegria de entrar na terra prometida. Na
véspera de sua morte, consciente das ameaças que pesavam sobre si, ele encerrou o seu
discurso em um templo da cidade de Memphis com as seguintes palavras:
“Bem, não sei o que acontecerá agora. Dias difíceis virão. Mas não me importo.
Pois eu estive no topo da montanha... Como qualquer pessoa, gostaria de viver uma vida
longa... Mas não me preocupo com isso agora. Apenas desejo obedecer aos desígnios de
Deus. E Ele me levou ao topo da montanha, olhei ao redor e contemplei a Terra Prometida.
Posso não alcançá-la, mas quero que saibam que nós, como povo, chegaremos à Terra
Prometida. Estou tão feliz; não me preocupo com nada; não temo homem algum. Meus
olhos viram a glória da presença do Senhor” (p. 171).
Quase quarenta anos depois, as palavras de Martin Luther King soam como uma
poderosa inspiração e como um desafio radical para todos que em todos os lugares lutam
por justiça e contra toda forma de opressão. O livro me parece mais que recomendável
como resgate de nossa história como cristãos e particularmente como batistas. Faz-nos
lembrar de nossas raízes mais profundas e de nossos desafios mais urgentes. Deus permita
que ministros, ministras e o povo de Deus em geral se sintam sacudidos por este apelo à
consciência.

Benedito Gomes Bezerra


Doutor em Linguística
Professor da Universidade de Pernambuco
Coordenador Setorial de Pós-Graduação e Pesquisa
dos campi Garanhuns, Caruaru e Salgueiro

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