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SANCHEZ VAZQUEZ, Adolfo. ÉTICA. 18ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira
Síntese elaborada por Luiz Gilberto Kronbauer
Origens da Moral.
A moral surge com a passagem da forma natural de vida para o convívio social, que implica um distanciamento
da natureza e o seu domínio mediante o trabalho social. Isso significa que Sanchez Vazquez vincula a relação
dos homens entre si com a relação que eles estabelecem com a natureza, de que continuam fazendo parte.
Na perspectiva marxista do caráter coletivo do trabalho, e da predominância das relações de trabalho como
fator determinante da cultura e da moral, retoma a finalidade da moral: assegurar a concordância do
comportamento de cada indivíduo com os interesse coletivos. Nas sociedades primitivas isso significava a
absorção do indivíduo pelo coletivo, isto é, não havia possibilidade de manifestação da individualidade porque
ela já se constituía em função do interesse coletivo.
Na sociedade primitiva é o caráter coletivo da vida social que determina o que mais tarde se denominará de
virtude ou vício: Valor é a valentia, a coragem para enfrentar os desafios da natureza e os inimigos do grupo; a
covardia é o vício por excelência. A justiça é a repartição igual entre todos, por um lado, e a vingança coletiva
por outro, sempre com a finalidade de fortalecer os laços que unem os membros da comunidade.
Em não existindo a propriedade privada dos meios de produção não existem ainda as classes sociais, de modo
que há uma única moral para todos os membros do grupo.
O Progresso Moral
Sanchez Vazquez argumenta que as mudanças qualitativas ocorridas no processo descrito no item anterior
mostram que houve um progresso nas atividades humanas fundamentais e nas formas de relação e de
organização das atividades práticas e espirituais. Fiel ao princípio marxista de que as mudanças da moral,
dentro do âmbito maior da cultura, devem-se às mudanças nas formas de produção material da vida, afirma a
existência de um progresso histórico-social, condição para o progresso moral e indica critérios para se verificar
esse progresso, embora reconheça que tal progresso não resultou de uma ação planejada, livre e consciente
da humanidade:
- “O progresso moral se mede pela ampliação da esfera moral na vida social”, isto é, pela ampliação de
situações diante das quais não há solução pré-estabelecida, diante das quais os indivíduos precisam decidir.
- “O progresso moral se determina pela elevação do caráter consciente e livre do comportamento dos
indivíduos e grupos sociais”, critério intimamente relacionado com o primeiro.
- “Índice e critério de progresso moral é, em terceiro lugar, o grau de articulação e de coordenação dos
interesses coletivos e pessoais”, isto é, a superação das contradições entre os interesses dos indivíduos e as
necessidades coletivas ou a gradativa harmonização de tais interesses.