Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
APOSTILA
DE
PORTUGUÊS
CAPÍTULO 5: MORFOLOGIA (FLEXÃO NOMINAL DE GÊNERO E NÚMERO; FLEXÃO VERBAL: VERBOS REGULARES E
IRREGULARES; EMPREGO DOS MODOS E TEMPOS VERBAIS; EMPREGO DOS PRONOMES PESSOAIS E DAS
FORMAS DE TRATAMENTO; EMPREGO DO PRONOME RELATIVO; EMPREGO DAS CONJUÇÕES E DAS
PREPOSIÇÕES)
CAPÍTULO 10: NEXOS SEMÂNTICOS E SINTÁTICOS ENTRE AS ORAÇÕES, NA CONSTRUÇÃO DO PERÍODO; VOZES
VERBAIS
APRESENTAÇÃO: A professora Gisele Menezes é graduada em Letras pela UFRJ e pós-graduada em Língua
Portuguesa pela UERJ. Tem mais de 10 anos de experiência no magistério e atualmente é funcionária pública
federal.
3
Prezados concurseiros, esta apostila foi elaborada focada no edital do concurso público para a Universidade
Federal Fluminense, cuja banca é a Coseac. Os capítulos deste material estão divididos em tópicos afins para
facilitar o entendimento e o estudo. Então, para que o cargo dos sonhos seja conquistado, vamos ESTUDAR!
CAPÍTULO 1
INTERPRETAÇÃO
COMPREENDER: 1. Conter em si; abranger. 2. Alcançar com a inteligência; perceber, entender. 3. Perceber,
ouvir. 4. Estar incluído ou contido.
INTERPRETAR: 1. Ajuizar a intenção, o sentido de. 2. Explicar ou declarar o sentido de (texto, lei, etc.). 3. Tirar de
(sonho, visão, etc.) indução ou presságio. 4. Representar (no teatro, cinema, televisão, etc.).
A compreensão é, como diz o item 1, “conter em si”, ou seja, quando uma questão requer a compreensão, a
resposta tem que estar contida no texto, dentro do texto, através de palavras, frases, sinônimos etc. Por outro
lado, a interpretação, como diz o item 1, é “ajuizar a intenção, o sentido de”. Portanto, a resposta é um implícito,
é a inferência a partir do que está escrito no texto. Podemos dizer que, se a compressão está dentro do texto, a
interpretação está fora, ao seu redor. Observe o número 3: “Tirar de (sonho, visão, etc.) indução ou presságio”.
Este item é interessante para entendermos a interpretação. Lembro-me de quando minha avó era viva. Ela
costumava interpretar sonhos. Por que interpretar, e não compreender? Vou lhe dar um exemplo: uma vez,
alguém da família sonhou com dentes e perguntou à minha avó o que isso significava e ela explicou que sonhar
com dentes significava morte ou problemas de saúde: poderia ser de alguém da família ou de alguém próximo.
A pessoa sonhou com alguma morte? A resposta é não, a pessoa sonhou com um dente e a INTERPRETAÇÃO foi
a morte, ou seja, o significado, a inferência estava fora ou ao redor do sonho. Essa historinha serve apenas para
mostrar o que acontece com o texto. E como vêm as perguntas sobre os dois conceitos? Abaixo, um quadrinho
demonstrativo com algumas possíveis frases que indicam se a questão é sobre interpretação ou sobre
compreensão:
COMPREENSÃO INTERPRETAÇÃO
(Informações explícitas) (Informações implícitas)
Segundo o texto... Deduz-se...
De acordo com o texto... Depreende-se...
O autor diz que... Conclui-se...
O texto informa que... Infere-se...
O que o autor quis dizer com...
É possível subentender-se que...
Qual a intenção do autor quando afirma que...
Interpretar e/ou compreender um texto engloba aptidões inúmeras. É importante ter um bom conhecimento
sintático-semântico das estruturas, passando pelo valor das conjunções, pelo valor das preposições, pelo
significado das palavras, pela indução, pela dedução, pela coesão, pela coerência etc.
4
QUESTÃO (CESGRANRIO): No texto, diz-se que “o criador provavelmente não era muito bom [no jogo de dados]”
(L. 25-26) porque:
a) o jogo deu origem à palavra azar.
b) o jogo que criou continha imperfeições.
c) só um árabe sabe jogar dados bem.
d) em jogos de dados sempre alguém perde.
e) as pessoas que criam não sabem jogar bem.
O enunciado da questão pede a compreensão do candidato em relação ao que se pede. Observe o trecho do
enunciado “No texto”! Isso significa que a questão pede o que está NO texto, DENTRO DO texto. Por isso, a
resposta só pode ser a letra A, que é o resumo do que aparece nas linhas 23, 24 e 25. A letra D não deixa de ser
uma verdade, afinal alguém vai perder enquanto alguém vai ganhar, mas essa informação não aparece no texto,
ela é uma inferência das informações, é o que podemos concluir depois de tudo o que foi lido, ou seja, a questão
pediu a compreensão, e não a interpretação.
PRESSUPOSTO E SUBENTENDIDO
Ainda sobre INTERPRETAÇÃO, há dois conceitos importantes sobre essas informações implícitas no texto: os
pressupostos e os subentendidos. Como vimos anteriormente, as informações implícitas são sugeridas por
5
marcas linguísticas no texto, mas, enquanto os pressupostos estão sugeridos no texto, os subentendidos são de
responsabilidade do leitor. Para entender melhor essa diferença, vamos analisar o exemplo a seguir:
PRESSUPOSTO: Maria considera negativo o fato de o marido não ter passado no vestibular. – Podemos inferir
por meio do advérbio “infelizmente”.
SUBENTENDIDO: O marido de Maria estudou pouco para o vestibular. – Essa é uma interpretação de
responsabilidade do leitor, visto que não temos certeza do motivo da reprovação. Ele pode não ter passado por
ter estudado pouco, ou por ter dificuldades de aprender, ou por ter passado mal no dia da prova etc.
É justamente essa confusão entre pressuposto e subentendido que leva o candidato ao erro em várias questões
de concursos públicos sobre análise semântica. Falando sobre análise semântica, é importante, também,
entendermos a diferença entre:
SINTAXE E SEMÂNTICA
SINTAXE: análise estrutural das palavras e das sentenças em um enunciado. As relações formais que interligam
os constituintes de uma sentença.
As bancas de concursos públicos cobram tanto análise sintática quanto análise semântica em suas provas de
língua portuguesa , podendo , inclusive , cobrar ambas em uma mesma questão . A UFF não faz diferente e,
portanto, exige do candidato conhecimento nas duas áreas. Vejamos as seguintes frases abaixo:
1. Joana comprou quatro ovos para preparar um bolo de cenoura. – Essa frase não tem nenhum “defeito”
semântico, visto que entendemos perfeitamente a mensagem passada: Joana vai fazer um bolo e, para isso,
precisou comprar ovos. Também não há nenhum “defeito” sintático, porquanto a frase está escrita
corretamente, sem nenhum desvio gramatical.
2. Meu ator favorito terminou com a namorada de quinze anos. – Essa frase não tem nenhum “defeito”
sintático, pois não infringe regras gramaticais impostas pela norma culta; não há, por exemplo, desvio de
concordância. Porém, a frase tem AMBIGUIDADE, que é a possibilidade de haver mais de um sentido: o ator
pode ter terminado um relacionamento que durou quinze anos ou pode ter terminado com a namorada de
quinze anos de idade. Essa frase está, portanto, comprometida quanto à semântica.
3. Meu terapeuta disse: “escreva carta para as pessoas que odeia e as queime”. Fiz isso, mas agora não
sei o que fazer com as cartas. – Esse texto é uma piada que circula na internet e é um ótimo exemplo sobre
semântica, visto que, assim como no exemplo anterior, também é ambíguo. A confusão de sentido está na
coesão: o terapeuta utilizou o pronome oblíquo AS para substituir “cartas”, porém o paciente entendeu que o
mesmo pronome estava substituindo “pessoas”.
4. Haviam quatro rapazes solteiros naquela festa. – Essa frase não está comprometida quanto à
semântica, pois a mensagem conseguiu ser transmitida; contudo, analisando sintaticamente, há um desvio de
concordância: o verbo impessoal HAVER deveria estar na terceira pessoa do singular (Havia quatro rapazes
solteiros naquela festa).
6
A ESTRUTURAÇÃO DE TEXTOS
TIPOLOGIA
- “(...) (tipos textuais) são sequências definidas por suas macroestruturas e natureza linguística de sua
composição.” (ABREU, 2006, p.54)
- “Usamos a expressão tipo textual para designar uma espécie de construção teórica definida pela natureza
linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas)” (MARCUSCHI,
2002, p.22)
A tipologia é, portanto, o estudo do tipo do texto, da forma, do molde como o texto se apresenta. Esse tipo é
definido pelos elementos linguísticos que compõem o texto.
OS TIPOS TEXTUAIS:
1. TEXTO NARRATIVO: Uma das tipologias mais antigas, provavelmente a primeira na história da humanidade,
a narração é uma sequência de ações, pois seu intuito é contar, narrar uma história.
A Foto
Foi numa festa de família, dessas de fim de ano. Já que o bisavô estava morre não morre, decidiram tirar uma
fotografia de toda a família reunida, talvez pela última vez. A bisa e o bisa sentados, filhos, filhas, noras, genros
e netos em volta, bisnetos na frente, esparramados pelo chão. Castelo, o dono da câmara, comandou a pose,
depois tirou o olho do visor e ofereceu a câmara a quem ia tirar a fotografia. Mas quem ia tirar a fotografia?
- Tira você mesmo, ué.
- Ah, é? E eu não saio na foto?
O Castelo era o genro mais velho. O primeiro genro. O que sustentava os velhos. Tinha que estar na fotografia.
- Tiro eu - disse o marido da Bitinha. - Você fica aqui - comandou a Bitinha.
Havia uma certa resistência ao marido da Bitinha na família. A Bitinha, orgulhosa, insistia para que o marido
reagisse. "Não deixa eles te humilharem, Mário Cesar", dizia sempre. O Mário Cesar ficou firme onde estava, do
lado da mulher. A própria Bitinha fez a sugestão maldosa:
- Acho que quem deve tirar é o Dudu...
O Dudu era o filho mais novo de Andradina, uma das noras, casada com o Luiz Olavo. Havia a suspeita, nunca
claramente anunciada, de que não fosse filho do Luiz Olavo.
O Dudu se prontificou a tirar a fotografia, mas a Andradina segurou o filho.
- Só faltava essa, o Dudu não sair. E agora?
- Pô, Castelo. Você disse que essa câmara só faltava falar. E não tem nem timer!
O Castelo impávido. Tinham ciúmes dele. Porque ele tinha um Santana do ano. Porque comprara a câmara num
duty free da Europa. Aliás, o apelido dele entre os outros era "Dutifri", mas ele não sabia.
- Revezamento - sugeriu alguém. - Cada genro bate uma foto em que ele não aparece, e... A idéia foi sepultada
em protestos. Tinha que ser toda a família reunida em volta da bisa. Foi quando o próprio bisa se ergueu,
caminhou decididamente até o Castelo e arrancou a câmara da sua mão. - Dá aqui.
7
2. TEXTO DESCRITIVO: Esse tipo de texto serve para “caracterizar a paisagem, o ambiente, as pessoas ou os
objetos, para oferecer ao leitor a oportunidade de visualizar o cenário em que uma ação se desenvolve e as
características das personagens que dela participam” (COSTA, PINILLA & OLIVEIRA, 2007). A descrição é uma
sequência de características. Enquanto a narração dá a ideia de movimento, de ação (podemos pensar na
narração como um filme, uma novela), a descrição dá a ideia de algo estático (podemos pensar na descrição
como um quadro, uma pintura, uma foto).
Era um pobre-diabo caminhando para os setenta anos, antipático, cabelo branco, curto e duro, como escova,
barba e bigode do mesmo teor; muito macilento, com uns óculos redondos que lhe aumentavam o tamanho da
pupila e davam-lhe à cara uma expressão de abutre, perfeitamente de acordo com o seu nariz adunco e com a
sua boca sem lábios: viam-se-lhe ainda todos os dentes, mas, tão gastos, que pareciam limados até ao meio.
3. TEXTO INJUNTIVO (INSTRUCIONAL): Nesse tipo de texto, exprimem-se ordens, comandos, sugestões,
conselhos. Geralmente é um texto em formato passo a passo, mostrando como se realiza uma ação. O texto
injuntivo é uma sequência de comando, de instruções.
Receita de Pudim
3 ovos
1 lata de leite moça
1 medida da lata de leite moça de leite
3 colheres de açúcar
4. TEXTO DISSERTATIVO: Esse tipo de texto discorre sobre algum assunto, transmite informação ao leitor. Essa
informação pode ser transmitida de forma expositiva ou argumentativa. A dissertação é uma sequência de
ideias.
• EXPOSIÇÃO: (Também conhecida como texto informativo) o autor somente transmite as ideias, expõe-nas ao
leitor.
- Informações.
- Imparcialidade.
- Exemplos de textos expositivos: livros didáticos, revistas científicas, matérias de jornal e revista etc.
Governo autoriza reajuste de preços de remédios em até 6,31%. Medicamentos de uso frequente, como
omeprazol (gastrite e úlcera) e amoxilina (antibiótico), estão entre os que terão alta de preço. (O Globo.
4/4/2013).
• ARGUMENTAÇÃO: (Também conhecida como texto opinativo) além de transmitir as ideias, as informações, o
autor emite a própria opinião sobre o assunto. Na argumentação, encontramos tese, que é a opinião do autor,
o “peixe” a ser vendido pelo autor. Encontramos também os argumentos, que defendem a tese do autor.
- Informações.
- Parcialidade.
- Tese.
- Argumentos.
- Exemplos de textos argumentativos: artigos de opinião, crônicas, teses de doutorado, discursos políticos,
editoriais de jornal e revista, publicidade etc.
9
Embora contenha um fundo de verdade, a declaração da presidente Dilma Rousseff de que "nenhuma força
política sozinha é capaz de dirigir um país com esta complexidade" não justifica o pragmatismo desenfreado do
PT em busca de alianças eleitorais para perpetuar seu projeto de poder. Se o mensalão é um exemplo acabado
do abandono de princípios éticos em troca de apoio político, a proliferação e o loteamento de ministérios
atestam, por seu turno, o triunfo da fisiologia sobre a responsabilidade administrativa e a boa gestão do Estado.
(Editorial. Folha de São Paulo)
5. TEXTO DIALOGAL (CONVERSACIONAL): Esse texto, como o nome já diz, é composto por diálogos: troca de
falas entre as personagens. Essas vozes apresentam-se em discurso direto. O texto dialogal é uma sequência de
falas.
- Mas hoje ainda tem uns lencinhos... - Acho que não. Lixo é domínio público.
- É que eu estou com um pouco de coriza. - Você tem razão. Através do lixo, o particular se
- Ah. torna público. O que sobra da nossa vida privada se
- Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo. integra com a sobra dos outros. O lixo é comunitário.
- É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. É a nossa parte mais social. Será isso?
Sabe como é. - Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho
- Namorada? que...
- Não. - Ontem, no seu lixo...
- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no - O quê?
seu lixo. Até bonitinha. - Me enganei, ou eram cascas de camarão?
- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga. - Acertou. Comprei uns camarões graúdos e
- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no descasquei.
fundo, você quer que ela volte. - Eu adoro camarão.
- Você já está analisando o meu lixo! - Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a
- Não posso negar que o seu lixo me interessou. gente pode...
- Engraçado. Quando examinei o seu lixo, decidi que - Jantar juntos?
gostaria de conhecê-la. Acho que foi a poesia. - É.
- Não! Você viu meus poemas? - Não quero dar trabalho.
- Vi e gostei muito. - Trabalho nenhum.
- Mas são muito ruins! - Vai sujar a sua cozinha?
- Se você achasse eles ruins mesmo, teria rasgado. - Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos
Eles só estavam dobrados. fora.
- Se eu soubesse que você ia ler... - No seu lixo ou no meu?
- Só não fiquei com eles porque, afinal, estaria
roubando. Se bem que, não sei: o lixo da pessoa
ainda é propriedade dela?
6. TEXTO PREDITIVO: Esse tipo de texto caracteriza-se por anunciar previsões, falar sobre ações futuras, mostrar
algo que está para acontecer.
Peixes
A entrada de Mercúrio em Escorpião vai movimentar seus projetos de médio e longo prazo, especialmente se
estiver envolvido com pessoas e empresas estrangeiras. Viagens altamente beneficiadoras aparecerão.
OBS: É comum que um texto apresente mais de uma tipologia. Por isso, as bancas de concursos costumam
perguntar qual o tipo que predominou. Para isso, temos que observar o texto no geral, qual foi a intenção maior
do autor. Por exemplo, o autor pode estar contando uma história (narrando) e em determinados momentos a
história pausa para caracterizar (descrever) uma personagem ou um lugar. Temos aqui um texto
predominantemente narrativo, com algumas sequências descritivas.
GÊNEROS TEXTUAIS
Enquanto as tipologias estão ligadas à estrutura do texto, os gêneros são a intenção comunicativa. Todo texto é
redigido para uma finalidade e é essa finalidade que determina o gênero textual. Podemos entender que todo
gênero textual pertence a uma tipologia, por exemplo: o conto de fadas é um gênero textual que pertence à
tipologia Narração. Os gêneros são infinitos, portanto, abaixo, veremos apenas alguns:
11
1. CRÔNICA
A crônica é uma pequena narrativa produzida para ser veiculada na imprensa e com o objetivo de narrar histórias
que se parecem com o cotidiano de certa época, certa sociedade, certos costumes etc. A crônica situa-se entre
o jornalismo e a literatura e apresenta, geralmente, linguagem simples, cotidiana, para que os eleitores
reconheçam seu propósito. Esse gênero também pode apresentar uma crítica à sociedade, a política etc.
EXEMPLO DE CRÔNICA:
Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém andando sorrateiramente no quintal
de casa. Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta
passando pela janela do banheiro. Como minha casa era muito segura, com grades nas janelas e trancas internas
nas portas, não fiquei muito preocupado, mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali, espiando
tranqüilamente.
— Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa mais ter pressa. Eu já matei o ladrão
com um tiro da escopeta calibre 12, que tenho guardada em casa para estas situações. O tiro fez um estrago
danado no cara!
Passados menos de três minutos, estavam na minha rua cinco carros da polícia, um helicóptero, uma unidade
do resgate, uma equipe de TV e a turma dos direitos humanos, que não perderiam isso por nada neste mundo.
Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo com cara de assombrado. Talvez ele estivesse
pensando que aquela era a casa do Comandante da Polícia.
Eu respondi:
2. CONTO
O conto é uma obra de ficção que cria um universo de seres, fantasia ou imaginação. Pode ser considerado um
gênero parecido com o romance, mas, enquanto o romance tem longa extensão, apresentando conflitos
secundários, o conto é menos extenso: apresenta apenas uma história.
EXEMPLO DE CONTO:
Um conto de Natal
Um aldeão russo, muito devoto, constantemente pedia em suas orações que Jesus viesse visitá-lo em sua
humilde choupana.
Na véspera do natal ele sonhou que o Senhor iria aparecer-lhe. Teve tanta certeza da visita que, mal acordou,
levantou-se e começou a pôr a casa em ordem para receber o hóspede tão esperado.
Uma violenta tempestade de granizo e neve acontecia lá fora e o aldeão continuava com os afazeres domésticos,
cuidando também da sopa de repolho, que era seu prato predileto. De vez em quando ele observava a estrada,
sempre à espera.
Decorrido algum tempo, o aldeão viu que alguém se aproximava caminhando com dificuldade em meio a
borrasca de neve. Era um pobre vendedor ambulante, que conduzia às costas um fardo bastante pesado.
Compadecido, saiu de casa e foi ao encontro do vendedor. Levou-o para a choupana, pôs sua roupa para secar
ao calor da lareira e repartiu com ele a sopa de repolho. Só o deixou ir embora depois de ver que ele já tinha
forças para continuar a jornada.
Olhando de novo através da vidraça, avistou uma mulher na estrada, coberta de neve. Foi buscá-la e abrigou-a
na choupana. Fez com que ela sentasse próximo à lareira, deu-lhe de comer, embrulhou-a em sua própria capa...
Não a deixou partir enquanto não readquiriu forças suficientes para a caminhada.
A noite começava a cair... E nada de Jesus! Já quase sem esperanças, o aldeão novamente foi até a janela e
examinou a estrada coberta de neve. Distinguiu uma criança e percebeu que ela se encontrava perdida e quase
congelada pelo frio... Saiu mais uma vez, pegou a criança e levou-a para a cabana. Deu-lhe de comer, e não
demorou muito para que a visse adormecida ao calor da lareira.
Cansado e desolado, o aldeão sentou-se e acabou por adormecer junto ao fogo. Mas, de repente, uma luz
radiosa iluminou tudo! Diante do pobre aldeão, surgiu risonho o Senhor, envolto em uma túnica branca.
3. CARTA
A carta é um gênero textual antigo e vem sendo substituída por meios de comunicação mais modernos, como o
e-mail, as mensagens instantâneas (torpedo, whatsapp, Facebook). A carta tem objetivos diversos: fazer um
convite, trocar notícias, agradecer etc.
- Um remetente e um destinatário específicos (existem cartas em que o destinatário é qualquer pessoa, são as
famosas cartas abertas).
- Local e data.
- Vocativo.
- Texto.
- Fecho (despedida).
- Assinatura.
EXEMPLO DE CARTA:
Venho comunicar o nascimento do meu segundo filho. João Marcos nasceu com saúde, pesando três quilos.
Ronaldo e eu estamos muito felizes e gostaríamos que você e sua mãe viessem nos visitar. Espero que por aí
esteja tudo bem. Você já se formou? Como está o trabalho?
Estamos com muitas saudades.
Um beijo,
Lurdes
4. ARTIGO CIENTÍFICO
O artigo científico é um gênero textual que apresenta estudos relacionados a alguma área específica ou divulga
resultados de alguma pesquisa científica ou acadêmica. O artigo científico apresenta resumo, introdução, dados,
estatísticas etc. Apresenta, também, linguagem objetiva, concisa e formal.
5. MANUAL
O manual é um texto instrucional (pertencente à tipologia Injunção), que tem como objetivo apresentar
comandos, instruções, ensinamentos para os leitores. Os manuais costumam apresentar figuras ilustrativas que
facilitem a compreensão. Os manuais apresentam uma linguagem simplificada, com verbos no imperativo ou
infinitivo.
EXEMPLO DE MANUAL:
6. TEXTO JORNALÍSTICO
O texto jornalístico é um meio de comunicação em massa, cujo objetivo é informar, entreter, apresentar
informação competente sobre determinada informação etc. Os textos jornalísticos se dividem em: notícia,
editorial (artigo de opinião), crônica, reportagem, entrevista, coluna etc.
NOTÍCIA DE JORNAL
Vítima de bala perdida durante tentativa de assalto em shopping da Zona Oeste do Rio deixa hospital.
No dia seguinte à tentativa de assalto à loja das Casas Bahia do West Shopping, em Campo Grande, que resultou
em um morto e uma pessoa ferida, a segurança do centro comercial da Zona Oeste foi reforçada. Uma viatura
do 40º BPM (Campo Grande), com dois agentes, passou o domingo de guarda diante da entrada que dá para o
estabelecimento, onde ocorreu a tragédia. A policial militar atingida por uma bala perdida na coxa passa bem e
já está em casa, segundo a PM.
Regiane Sebastiana de Almeida, de 34 anos, lotada no Batalhão de Policiamento em Grandes Eventos (BPGE) foi
atendida inicialmente no Hospital Rocha Faria e depois avaliada pela equipe médica do Hospital Central da
Polícia Militar. Já a família do segurança Jucimar Fernandes Alves, de 44 anos, morto durante a ação, ainda não
confirmou horário e local do sepultamento. De acordo com frequentadores, às vésperas do Dia das Crianças, o
movimento no shopping estava abaixo do normal, neste domingo. Por volta das 14h, a praça de alimentação
tinha várias mesas vazias.
— Quando cheguei estranhei a facilidade em encontrar vaga para estacionar — disse o funcionário público Júlio
Cesar da Silva, morador de Campo Grande, que foi ao shopping almoçar com a mulher Elisângela, de 35, e a filha
Sofia, de 5.
Júlio César contou que o presente da menina foi comprado no sábado, num shopping de Bangu, mas sua
intenção era fazer a compra no West Shopping, no mesmo horário em que aconteceu a tentativa de assalto. A
família só mudou de planos atendendo a um pedido da sogra do funcionário público. A mulher, que mora no
bairro vizinho, pediu ao genro para buscá-la no outro shopping. Lá ele ficou sabendo da tragédia de Campo
Grande.
— Não dá para deixar de fazer um programa familiar por causa da violência e ficar refém do medo. O ideal é
confiar na ação da polícia e não se intimidar. Senão a gente não vai a canto nenhum — afirmou Elisângela,
acrescentando que não vai deixar de frequentar o shopping.
Já a auxiliar de serviços gerais Ivana Batista Gonçalves, de 39 anos, que foi à praça de alimentação tomar um
sorvete com o sobrinho de 5, enquanto aguardava o marido que trabalha próximo, disse ter ficado apreensiva
depois do ocorrido no sábado. A moradora de Santa Cruz disse que não é frequentadora assídua. O funcionário
de um quiosque localizado na praça de alimentação contou que trabalhava na hora da tentativa de assalto e
viveu momentos de pânico.
— Estava com o meu patrão e quando ouvimos os tiros a gente se jogou no chão — contou o funcionário, que
preferiu não se identificar.
Por meio de nota, a direção do shopping lamentou o ocorrido e informou que “tomou as providências
necessárias em relação ao caso e está colaborando com os órgãos competentes”. A Delegacia de Homicídios da
Capital (DH) informou ontem que está analisando as imagens de câmeras de segurança para identificar os
autores da tentativa de assalto. Testemunhas estão sendo ouvidas e a unidade aguarda apenas a alta da vítima
de bala perdida para também ouvi-la.
EDITORIAL
Uma citação ou a apresentação da fala ou de um pensamento de uma personagem é chamada de discurso, que
pode ser de três tipos:
1. DIRETO: O narrador reproduz exatamente a fala da personagem. A reprodução, então, é feita de forma fiel:
Exemplo 1:
Exemplo 2:
É comum aparecer emprego de pontuação específica (dois-pontos, aspas, travessão) e verbos de elocução: dizer,
pensar, perguntar, gritar, questionar, falar etc. Esses verbos podem ser usados para introduzir a fala, podem
estar no meio da fala ou até mesmo ao final.
Exemplo 1:
Josué disse:
- Preciso estudar mais!
Exemplo 2:
2. INDIRETO: O narrador transmite a fala da personagem sem ser fiel ao que foi dito: tenta transmitir a
mensagem com suas próprias palavras:
3. INDIRETO-LIVRE: A voz do narrador mistura-se à voz da personagem, causando certa confusão na hora de
identificar quem está falando:
Exemplo 1: “Joaquim estava preocupado, pois a barba não crescia. Mas ele teve uma ideia: e se tomasse injeções
de testosterona?”
Observe que o sujeito elíptico do verbo “tomar” causou uma confusão sobre quem está falando: “e se eu
tomasse injeções de testosterona?” (personagem falando – Joaquim) ou “e se ele tomasse injeções de
testosterona?” (Narrador falando sobre personagem)?
Exemplo 2: “Juliana corria, corria o mais que podia para tentar resolver a situação. Logo a mim isso tinha que
acontecer! Ela não sabia se conseguiria chegar a tempo e resolver aquela confusão. Tomara que eu consiga!”.
Observe que quem começa a falar é narrador (Juliana corria, corria o mais que podia para tentar resolver a
situação), logo em seguida, sem nenhuma marca linguística de discurso (aspas, travessão, conjunção integrante
etc.), a própria personagem começa a falar (Logo a mim isso tinha que acontecer?). Isso mostra que o discurso-
indireto livre, apesar de não possuir marcas linguísticas, é entendido pelo contexto.
Geralmente não há as marcações linguísticas que definem o discurso indireto-livre, e o narrador aparece em
terceira pessoa. Esse tipo de discurso é utilizado para mostrar o psicológico da personagem: conflitos internos,
dúvidas existenciais etc.
COESÃO
Fenômeno linguístico que se manifesta em nível microtextual. Apresenta-se segundo dois princípios:
- Modo como os vocábulos se ligam dentro de uma sequência. Segundo Platão e Saviolli, é “a conexão entre as
palavras, expressões ou frases do texto."
- Meio pelo qual palavras, expressões — enfim, ideias — são reiteradas ou introduzidas dentro de um contexto.
Segundo Suárez Abreu (1990), é "o encadeamento semântico que produz a textualidade; trata-se de uma
maneira de recuperar, em uma sentença B, um termo presente em uma sentença A."
MECANISMOS DE COESÃO
Há várias formas de tornar um texto coeso. Abaixo, uma lista com possíveis técnicas e, logo a seguir, as
explicações:
RETOMADA DE EXPRESSÕES:
a) REPETIÇÃO (parcial ou não)
b) ELIPSE
c) SUBSTITUIÇÕES:
— Pronomes (pessoais, relativos, demonstrativos);
— Epítetos ou elementos classificadores (demonstra o conhecimento ou opinião por parte do enunciador);
— Sinônimos (ou quase sinônimos) e antônimos;
— Hiperônimos ou Hipônimos.
d) ELEMENTOS RELACIONAIS (sobretudo conjunções, expressões temporais e comparativas)
Observe que, para não haver a repetição do nome “Ana Maria”, houve a substituição pelo pronome “Ela”.
Portanto, o referente do pronome grifado está no texto.
a) Anafórica: O elemento que foi usado para fazer a coesão refere-se a um elemento anterior, ou seja, já
citado no texto:
O advérbio “lá” retoma um termo presente no texto e que já foi citado anteriormente: “Florianópolis”.
b) Catafórica: O elemento que foi usado para fazer a coesão refere-se a um elemento posterior:
O pronome ISTO refere-se a uma expressão que está no texto, mas que é citada posteriormente: “que meus
bons alunos passem em um concurso público”.
OBS: O USO DOS PRONOMES ESTE, ESTA, ISTO, ESSE, ESSA, ISSO, AQUELE, AQUELA, AQUILO.
ESSE, ESSA, ISSO fazem coesão anafórica: Não quero saber de fraudes. Isso não me afeta.
ESTE, ESTA, ISTO fazem coesão catafórica: Perguntaram-me isto: quando será a próxima aula.
Em uma anáfora com mais de um referente: Ana Maria e Juliana são minhas alunas. Esta prefere língua
portuguesa e aquela prefere matemática. (o pronome “esta” refere-se ao termo mais próximo da anáfora:
“Juliana”. O pronome “aquela” refere-se ao termo mais distante: “Ana Maria”.)
2. COESÃO EXOFÓRICA: Também conhecida como dêitica ou dêixis, é a coesão em que o referente não
se encontra no texto: está fora do texto. Conseguimos perceber a coesão exofórica por meio do sentido:
Eu sou feliz.
Observe que em “Eu sou feliz.”, o pronome grifado não “aponta” para ninguém no texto: nem para um elemento
anterior, portanto não faz anáfora, nem para um elemento posterior, portanto não faz catáfora. O pronome
simplesmente refere-se ao emissor do texto, um elemento exofórico.
Eu te amo.
3. ELÍPTICA: Em vez de o referente ser substituído por algum outro termo (pronomes, sinônimos etc.),
ele é omitido.
4. COESÃO LEXICAL: O referente é substituído por outro nome, e não por pronomes. Principais casos de
coesão lexical:
• HIPERÔNIMOS: a substituição é realizada por meio de um nome de sentido mais abrangente, de sentido mais
geral, e que faça parte do mesmo campo semântico do referente:
• HIPÔNIMOS: a substituição é realizada por meio de um nome de sentido mais específico e que faça parte do
mesmo campo semântico do referente:
Os automóveis colocados à venda não renderam muitos lucros. Pode ser que os carros não estivessem em
bom estado.
• EPÍTETOS: O referente será substituído por uma palavra ou uma frase que o qualifique.
Castro Alves foi um escritor brasileiro. O poeta dos escravos destacou-se na terceira fase do Romantismo.
COERÊNCIA
Fenômeno linguístico que se manifesta, em grande parte, em nível macrotextual. Apresenta-se como uma
continuidade de sentidos. Com isso, evitam-se: CONTRADIÇÕES, MUDANÇA BRUSCA DE TEMA E DE ASSUNTO e
DESCONEXÃO EXPLÍCITA DE IDÉIAS.
1) Ambiguidade (duplo sentido): João terminou com a namorada de 13 anos. (a namorada de João tem 13 anos
de idade ou o relacionamento de João durou 13 anos?) / O professor encontrou o pesquisador em seu escritório.
(o escritório é do professor ou do pesquisador?).
2) Frases generalizantes: É necessário ter cuidado com as generalizações, pois, muitas vezes, vão causar
incoerência: Todos os políticos são mentirosos. (não é coerente com a realidade, pois nem todo político é
mentiroso, mesmo que acreditemos que a maioria seja).
3) Contradição (mudança de ideia, falar algo e depois, o oposto):
“Não sou a favor da pena de morte no Brasil. Vários são os motivos para que esse sistema não dê certo:
corrupção, judiciário lento, falta de investigação adequada por parte da polícia etc. Mas, algo tem que ser feito
para diminuir a criminalidade, muitos são os crimes hediondos, é assustador saber que pessoas matam,
estupram, sequestram. O crime de estupro é aterrorizante e é difícil acreditar que um criminoso desse tipo se
redima, portanto, merece perder a vida”.
Preso na TEIA
Menino-aranha é detido após escalar prédio no Rio Comprido
RIO - Um jovem foi preso após escalar um prédio de três andares e invadir o apartamento 301 da Rua Sampaio
Viana, 331, Rio Comprido. O menino-aranha foi agarrado pelo morador, o gerente de farmácia Alexandre Cardelli
Figueiredo, de 43 anos, que o dominou com facilidade e chamou a polícia.
O jovem foi descoberto na sala do apartamento pelos três cães vira-latas. Eles começaram a latir e acordaram
o morador. Ele estava junto a uma mesa da sala. Como o adolescente é muito magro e estava desarmado, o
morador não teve dificuldade em dominá-lo e amarrá-lo com cordas. O adolescente estava com o celular e o
relógio do morador no bolso. A seguir, telefonou para a polícia e o entregou aos soldados do 1º BPM (Estácio).
Ele não tinha documentos e disse à polícia ser menor de idade. Os policiais o levaram para a Delegacia de
Proteção a Criança e ao Adolescente (DPCA). Na delegacia, disse que morava no Morro do Turano e deu nomes
diferentes.
Alexandre disse aos policiais que ele teria escalado o prédio depois de subir o muro de uma vila de casas, que
fica ao lado. Ele não teve dificuldade na escalada: os apartamentos dos andares inferiores têm grades nas
janelas, mas o seu não tem e a janela da sala estava entreaberta.
Ele não contava com os meus três fiéis vigias - disse.
(Fonte: http://oglobo.globo.com/rio (acesso em 08/04/2008))
Primeiramente, observe as coesões que foram feitas de forma adequada. Logo na primeira linha, aparece o
referente “menino-aranha”, que, em diversos momentos do texto, vai ser retomado de modo a não ficar
repetitivo:
- “jovem”, em “O jovem foi descoberto”.
- “o”, em “que o dominou com facilidade”.
- “adolescente”, em “Como o adolescente é muito magro...”.
Porém, em outros momentos do texto, a falha na coesão causa prejuízo na coerência. Veja alguns exemplos:
- “Eles começaram a latir e acordaram o morador. Ele estava junto a uma mesa da sala”. Quem estava “junto a
uma mesa da sala”? O morador ou o menino-aranha? Ao tentar fazer uma anáfora por meio do pronome pessoal
“Ele”, o autor do texto causou um problema semântico.
- “O adolescente estava com o celular e o relógio do morador no bolso. A seguir, telefonou para a polícia e o
entregou aos soldados do 1º BPM (Estácio).” – Ao fazer uma coesão elíptica, mais uma vez o autor do texto
causou confusão. Claro que no fundo entendemos, pela lógica, que só há a possibilidade de o morador ter ligado
para a polícia, mas vejamos que o trecho “O adolescente estava com o celular... A seguir, telefonou para a
polícia” causa incoerência, pois parece que, por estar com um aparelho telefônico, o bandido foi quem ligou
para a polícia.
A significação das palavras, mais um tópico importante que está contido em semântica, estuda não só o sentido
das palavras como a relação de sentido que as palavras estabelecem entre si. Abaixo, as relações de sentido que
mais aparecem em concursos públicos:
I. A HOMONÍMIA: As palavras que têm a mesma pronúncia ou a mesma grafia são conhecidas como homônimos.
1. Homônimos homógrafos: palavras que têm a mesma grafia, mas diferente som.
2. Homônimos homófonos: palavras que têm o mesmo som, mas diferente grafia.
Ele precisa pôr um acento na palavra. (sinal gráfico) / O assento está quebrado. (lugar em que alguém se senta,
encosto)
II. A PARONÍMIA: As palavras consideradas parônimas são aquelas que têm significado diferente, mas são muito
PARECIDAS na escrita e no som.
Os casos listados a seguir podem confundir quanto ao significado, principalmente os parônimos e os homônimos
homófonos. Por isso, abaixo, uma lista de significados:
III. A SINONÍMIA: estuda as palavras sinônimas, aquelas que têm significado/sentido igual ou semelhante:
a) A garota fez a prova em menos de cinco minutos.
b) A menina fez a prova em menos de cinco minutos.
c) A mocinha fez a prova em menos de cinco minutos.
Todos os termos sublinhados têm a mesma relação de sentido: referem-se a mulher jovem. São, portanto,
sinônimos.
A maioria dos sinônimos têm sentido semelhante, mas não igual. O par “casa” e “lar” têm sentido semelhante,
mas não igual. Se formos estudar a fundo seus significados, veremos que “casa” é a construção em geral que
serve para habitação, “lar” pode não só significar a estrutura física, mas o conceito de família. Observe que a
frase a seguir é estranha: “Comprarei um novo lar”. O normal seria “Comprarei uma nova casa”, pois a estrutura
se compra, mas o conceito de família unida, harmoniosa não se compra. É mais difícil encontrar palavras com
sentido exatamente igual. Chamamos esses pares de sinônimos perfeitos. Exemplos: bonito/belo, após/depois,
IV. A ANTONÍMIA: estuda as palavras antônimas, aquelas que têm significado/sentido oposto:
a) João aceitou o convite.
b) João recusou o convite.
Os termos grifados têm sentidos contrários.
V. A POLISSEMIA (do grego poli, que significa “muitos”, e sema, que significa “sentido”): acontece quando uma
mesma palavra adquire diferentes significados, de acordo com o contexto:
A INTERTEXTUALIDADE
Quem conhece o famoso quadro “O Grito”, de Edvard Munch, irá reconhecer de imediato a inspiração para a
figura com o personagem de desenho animado Homer Simpson. Abaixo, o quadro original:
A intertextualidade pode ser realizada de diversas formas, como por meio da PARÁFRASE ou da PARÓDIA, dois
recursos comuns na produção de textos que contêm intertextualidade:
PARÁFRASE: reafirma um tema já trabalhado por outro autor, usando diferentes palavras, estruturas e estilos,
porém conservando a ideia original:
Carlos Drummond de Andrade “bebeu” na fonte de Gonçalves Dias e não fugiu das ideias originais. Quem
conhece o famoso poema “Canção do Exílio” o reconhece no poema de Drummond.
PARÓDIA: é uma subversão do tema original, geralmente usada de forma satírica, podendo ser apenas uma
piada ou uma crítica:
Observe a propaganda da empresa “Hortifruti” e a capa original do filme “O diabo veste Prada”:
CAPÍTULO 2
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO; SENTIDO FIGURADO
A DENOTAÇÃO é o uso da palavra em seu sentido real, o sentido do dicionário: Levarei meu gato ao veterinário.
A palavra “gato” foi usada em seu sentido real: felino, animal de estimação. Por outro lado, a CONOTAÇÃO é o
uso da palavra em seu sentido figurado: O gato que mora ao lado já tem noiva. A palavra “gato” não foi usada
com o sentido do dicionário, e sim para identificar uma pessoa por seus atributos físicos. Observe mais um
exemplo: O funcionário da Light chegou e percebeu o gato na luz. Mais uma vez em sentido conotativo, “gato”,
nesta última frase, significa “furto de luz elétrica”.
No âmbito da linguagem conotativa, estão a maioria das FIGURAS de linguagem, as quais são mecanismos
utilizados pelos usuários da língua para que possam tornar a comunicação mais expressiva e significativa. As
figuras de linguagem aparecem com frequência nas questões de língua portuguesa. Veremos abaixo as
principais:
1 – ANTÍTESE – Fenômeno linguístico decorrente da justaposição de ideias opostas. Não chegam a formular uma
contradição.
a) Abaixo — via a terra — abismo de treva! / Acima — o firmamento — abismo de luz! (Castro Alves) – oposição
entre as palavras “abaixo” e “acima”.
b) A casa que ele fazia / Sendo a sua liberdade / Era a sua escravidão. (Vinícius de Morais) – oposição entre as
palavras “liberdade” e “escravidão”.
c) “A vida se tece de mil mortes” – oposição entre as palavras “vida” e “morte”.
2 – PARADOXO (OXÍMORO) – É o emprego de palavras de sentido oposto, causando uma contradição lógica.
a) “Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem dor”
Esses versos de Camões são excelente exemplo de paradoxo. Os pares “ferida que dói” e “não se sente /
“contentamento” e “descontente” / “dor que desatina” e “sem doer” mostram a oposição com contradição:
como algo dói e não dói ao mesmo tempo? Como algo é contente e descontente ao mesmo tempo?
3 – CATACRESE:
Fenômeno linguístico decorrente do uso de uma comparação mental por falta de uma expressão específica. Em
geral, a comparação mental é produzida tendo em vista partes do corpo humano, que acabam servindo de
referência para a caracterização de um elemento.
Esse fenômeno também decorre da perda do sentido original de muitas expressões.
Sentidos antigos
f) O jogador enterrou a bola na cesta. – se repararmos no sentido original do verbo “enterrar”, perceberemos
que significa “pôr debaixo da terra, soterrar”. Por comparação, usou-se “enterrar”.
g) Embarcou naquele navio gigantesco; - parecido com o caso anterior: “embarcar” significa “entrar em uma
embarcação”. Usou-se o verbo “embarcar” por comparação a “entrar”.
4 – EUFEMISMO:
Fenômeno linguístico decorrente do abrandamento de uma ideia que, provavelmente, é interpretada pela
maioria como ofensiva, radical ou grosseira. A intenção é suavizar.
a) Ele entregou a alma a Deus. – abrandamento para a morte.
b) O cara é deficiente visual. – abrandamento para “cego”.
c) Falta-lhe inteligência. – abrandamento para “burrice”.
d) Ele faltou com a verdade. – abrandamento para “mentir”.
Outros casos:
e) Dama da noite, em lugar de “prostituta”.
f) Algumas reduções de palavras foram motivadas pelo eufemismo: DEMO (demônio).
5 – DISFEMISMO:
Fenômeno linguístico que usa termos ou expressões depreciativas. Enquanto o eufemismo quer suavizar, o
disfemismo que tornar “feio”, “jocoso”, “depreciativo”, “chulo”. Muitas vezes, o disfemismo é usado em
situações de humor.
a) Seu José bateu as botas. – expressão chula para a morte.
b) Joaquim é um “biriteiro”. – palavra depreciativa para “alcoólatra”.
c) Alfredo comeu capim pela raiz. – mais uma expressão chula para a morte.
6 – HIPÉRBOLE:
Fenômeno linguístico decorrente de um exagero proposital.
a) Ele morreu de medo quando me viu. – a pessoa não morreu literalmente, a palavra “morte” foi usada para
enfatizar o medo.
b) Todo mundo está sabendo da sua demissão. – a intenção foi mostrar que muita gente conhecida soube da
demissão.
c) Eu já te falei um milhão de vezes para não entrar sem antes bater na porta.”. Imagine se levássemos ao pé da
letra e tivéssemos que dizer de fato 1 milhão de vezes, cansaríamos, não?
d) “Estamos esperando há séculos!”. – caso típico de hipérbole, para mostrar que a pessoa está esperando há
um bom tempo.
Mais exemplos:
e) “Recebi uma montanha de cartas hoje.”.
f) “Eu já falei mil vezes: te amo.
g) Cara, isso eu já estou careca de saber.
h) Vamos tomar alguma coisa que estou morrendo de sede
7 – METÁFORA:
Fenômeno linguístico decorrente da atribuição de uma qualidade a uma coisa ou pessoa. Faz-se por semelhança
de características entre os dois termos comparados. A metáfora é entendida como uma COMPARAÇÃO ou
“quando uma palavra passa a designar alguma coisa com a qual não mantém nenhuma relação subjetiva” (UFRJ-
2014)
a) Qualquer ruído, dizia, era faca em seus ouvidos. (Marina Colasanti);
b) Brasília é uma estrela espatifada. (Clarice Lispector);
c) Meu coração é um almirante louco / que abandonou a profissão do mar... (Fernando Pessoa);
d) Tua cabeça é uma dália que se desfolha nos meus braços.
e) A Amazônia é o pulmão do mundo.
f) Nosso caso é uma porta entreaberta.
g) O leão é o rei dos animais.
h) Esse homem é uma fera
i) Essa mulher é um anjo!
j) “Meu verso é sangue”
8 – COMPARAÇÃO (SÍMILE):
É uma metáfora acrescida de um elemento comparativo expresso. Na maioria das vezes, esse elemento é uma
conjunção.
a) De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma.
b) Aquela menina é angelical tal qual a minha filha.
c) Juliana é semelhante a rainhas do Egito.
9 – SINESTESIA:
Mistura de sensações. Aproximam-se palavras que indicam sensações diferentes: físicas ou psicológicas.
a) A luz surda da madrugada invadia meu quarto. – luz (visão) + surda (audição).
b) Aquele doce abraço mereceu aplausos. – doce (paladar) + abraço (tato).
c) Essa rua é escura, úmida e silenciosa. – escura (visão) + úmida (tátil) + silenciosa (audição).
d) Naquele arco-íris há uma cor estridente. – cor (visão) + estridente (audição).
e) Aquela poltrona é pálida e macia. – pálida (visão) + macia (tato).
10 – METONÍMIA:
Fenômeno linguístico decorrente da substituição de sentido de um termo por outro que com ele apresenta
relação lógica e constante.
a) ... um sujeito que não leu, nunca, Alencar. (Manuel Bandeira). – substituição da obra pelo autor, visto que o
sujeito não leu o José de Alencar, mas sim a obra deste.
b) Bebeu dois copos cheios. – não bebemos o “copo”, mas sim o líquido que há dentro dele.
c) Nunca abandones a cruz. – substituição da religião pelo símbolo.
d) Ganhei meu pão honestamente. – “pão” no lugar de “dinheiro”.
e) Ele comprou um Portinari. – Mais um exemplo da substituição da obra pelo autor.
f) A velhice deve ser respeitada. Na verdade, as pessoas velhas devem ser respeitadas. Substituição do indivíduo
pelo termo que representa a “classe”.
g) O trono foi disputado pelos revolucionários. – o “trono” no lugar de “o poder”.
h) Ele tinha cinco bocas para alimentar. – “cinco bocas” substituindo os integrantes da família, filhos e esposa,
por exemplo.
i) Aprecio um porto. – “porto” representando “vinho”.
j) Meu tio adora danone. – a marca no lugar do produto.
k) Ele não tem um teto para morar. – “teto” representando o imóvel, a casa. Nesses casos em que temos “a
parte pelo todo” ou “o todo pela parte”, a literatura chama de Sinédoque.
11 – PERÍFRASE (ANTONOMÁSIA):
Substituição de um nome por um atributo ou qualidade. Como se fosse um apelido.
a) Moro na Cidade Maravilhosa. – Cidade Maravilhosa = Rio de Janeiro.
b) O país do futebol frequentemente aparece nos noticiários internacionais. – O país do futebol = Brasil.
c) O Bruxo do Cosme Velho é, talvez, o mais importante escritor da língua portuguesa. – Bruxo do Cosme Velho
= Machado de Assis.
d) Em 2013, morreu a Dama de Ferro. – Dama de Ferro = Margaret Thatcher, ex-primeira ministra britânica.
e) Espero, em breve, morar na Ilha da Magia. – Ilha da Magia = Florianópolis.
OBS: Alguns concursos cobram a diferença entre a perífrase e a antonomásia: a perífrase indica coisas ou
animais, a antonomásia indica pessoas.
12 – PLEONASMO:
É a repetição de um termo ou de uma expressão para realçar um pensamento.
a) Os livros, eu os emprestei ao seu irmão. – O pronome oblíquo “os” repete sintaticamente “os livros”. O objeto
direto aparece duas vezes.
b) Ao seu irmão, dou-lhe os livros. – O pronome oblíquo “lhe” repete sintaticamente “ao seu irmão”. O objeto
indireto aparece duas vezes.
c) Vi com meus próprios olhos – “olhos” repete a ideia de “ver”.
14 – HIPÉRBATO:
É a frase na ordem inversa (lembrando que a frase na ordem direta segue basicamente a seguinte estrutura:
sujeito + verbo + complementos + adjuntos adverbiais).
a) Amanhã de manhã, comprarei um livro. – ordem direta: Comprarei um livro amanhã de manhã.
b) Ao pobre rapaz a moça fala. – ordem direta: A moça fala ao pobre rapaz.
c) Na esquina da rua apareceu um avestruz. – ordem direta: Um avestruz apareceu na esquina da rua.
15 – ANACOLUTO:
O anacoluto acontece quando um termo – na maioria das vezes, devido a um corte de pensamento – fica sem
função sintática na frase. O termo inicial fica desligado sintaticamente do resto do período.
a) Eu... Tudo que disseram é mentira.
b) Esses empregados, eu não posso confiar neles.
c) Seu irmão, nada lhe devo. – Observe que aqui não podemos falar em Pleonasmo, mesmo que em um primeiro
momento possa parecer que o pronome “lhe” está retomando “seu irmão”, mas este trecho destacado não
pode servir de objeto indireto, pois falta preposição. O caso anterior segue o mesmo modelo.
16 – GRADAÇÃO (CLÍMAX):
Como o próprio nome já diz, a ideia é mostrada de forma gradativa, progressiva.
a) “Ó não guardes, que a madura idade te converta essa flor, essa beleza, em terra, em cinzas, em pó, em
sombra.” De autoria de Gregório de Matos, esse trecho mostra a morte ou o ostracismo de forma gradativa:
terra, cinzas, pó, sombra.
b) Um dia eu dominarei a rua, o bairro, a cidade, o país, o mundo.
17 – IRONIA:
Basicamente, a ironia consiste em falar algo querendo dizer o contrário.
a) Vejam este político honestíssimo: roubou milhões.
b) Não quero que meu filho case com aquela moça de família.
c) Ela é tão inteligente! Tirou zero na prova.
d) Que belo serviço você fez! A parede está toda borrada.
OBS: A ironia na fala é mais facilmente percebida devido a entonação, gestos, expressões faciais etc. No texto,
devemos prestar atenção ao contexto.
18 – ELIPSE:
Consiste na omissão de um termo.
a) Fiquei estudando o dia todo. – termo omitido: o sujeito “Eu”.
b) “A tarde talvez fosse azul
Não houvesse tantos desejos”
(Carlos Drummond de Andrade) – termo omitido: a conjunção “Se” (Se não houvesse tantos desejos)
19 – ZEUGMA:
Omissão de um termo já citado anteriormente. Normalmente esse termo é um verbo e, no lugar dele, entra
uma vírgula.
a) Eu amo teatro. Ela, cinema. – (Eu amo teatro. Ela ama cinema.).
b) O meu tio é carioca; meu avô, mineiro. – (O meu tio é carioca; meu avô é mineiro).
20 – ASSÍNDETO:
Quando não há conectores (conjunções) fazendo a ligação entre os elementos ou as orações. Lembre-se das
orações assindéticas.
a) Eu passeio, brinco, estudo, descanso.
b) Ele ficou pensando na amada. Não tinha medo de nada.
21 – POLISSÍNDETO:
Há repetição de conjunções, ligando as orações.
a) “Trabalha e teima, e lima, e sua!” (Olavo Bilac)
b) “As ondas vão e vem. E vão, e são como o tempo” (Lulu Santos)
22 – ANÁFORA:
Repetição de uma palavra ou de uma expressão no início de vários versos de um poema ou no início de orações.
O intuito é dar ênfase.
a) “Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.”
(Manuel bandeira)
b) “Noite – montanha. Noite vazia. Noite indecisa. Confusa noite. Noite à procura, mesmo sem alvo.” (Carlos
Drummond de Andrade).
23 – SILEPSE:
É a concordância ideológica, ou seja, aquela que se faz com a ideia, e não com a palavra expressa. Existem três
tipos:
• de gênero:
a) São Paulo é populosa.
b) Moro na velha São Paulo.
Observe que nos dois exemplos os adjetivos femininos “populosa” e “velha” estão concordando com a ideia de
“cidade” (termo feminino), e não com o termo expresso “São Paulo” (masculino).
• de número:
a) Os Lusíadas é uma obra fantástica.
b) Apareceu gente de todos os cantos. E gritavam.
Observe que o verbo SER na letra a concorda com a ideia de “obra” (singular), e não com o termo plural expresso
“Os Lusíadas”. Na letra b, o verbo plural “gritavam” concorda com a ideia de “muitas pessoas”, e não com o
termo singular expresso “gente”
• de pessoa:
a) Os brasileiros somos alegres.
b) Tu vai à festa amanhã?
Observe que na letra a o verbo SER concorda com a ideia de primeira pessoa do plural (nós), e não com o termo
expresso “os brasileiros” (terceira pessoa do plural). Na letra b, o verbo “vai” concorda com a ideia de terceira
pessoa (você), e não com o termo expresso “tu” (segunda pessoa).
24 – ALITERAÇÃO:
Acontece quando há repetição sonora de um fonema consonantal.
a) “Será que ela mexe o chocalho
Ou é o chocalho que mexe com ela.”
(Chico Buarque)
b) “Vozes veladas, veludosas vozes...” (Cruz e Souza).
25 – ASSONÂNCIA:
Acontece quando há repetição fonética vocálica.
a) “Sou Ana, da cama
da cana, fulana, bacana
Sou Ana de Amsterdã.”
(Chico Buarque)
b) “João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento.” (Carlos Drummond de Andrade).
26 – ONOMATOPEIA:
É a figura que tenta reproduzir na escrita algum som.
a) Trim, Trim. Tocou às 10h da manhã o meu telefone.
b) O tic-tac do relógio costuma me irritar.
c) Aquela mosca vive fazendo zum-zum no meu ouvido.
27 – APÓSTROFE:
É um chamamento, a invocação de um ser no texto. Geralmente representado pelo vocativo.
a) Deus, perdoe-me!
b) Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
(Fernando Pessoa)
CAPÍTULO 3
SISTEMA ORTOGRÁFICO EM VIGOR: EMPREGO DAS LETRAS E ACENTUAÇÃO GRÁFICA
1. Emprego de S:
a) Após ditongo: coisa, náusea, maisena etc.
b) Nas formas verbais querer e pôr e seus derivados: quiser, puser, quisesse, pusesse, repusesse, quis etc.
c) Nos substantivos que derivam de verbos terminados em –nder, -ndir, -rg, -rter, -rtir: pretensão (origina-se do
verbo pretender), expansão (origina-se do verbo expandir), compreensão (origina-se do verbo compreender),
difusão (origina-se do verbo difundir), conversão (origina-se do verbo converter), imersão (origina-se do verbo
imergir) etc.
d) Nos sufixos –ês, -esa, -isa, indicadores de origem, nacionalidade ou título: camponesa, burguesa, chinesa,
duquesa etc.
e) Nos adjetivos que significam “cheio de...”: horroroso (cheio de horror), manhoso (cheio de manha), amoroso
(cheio de amor) etc.
f) Nos diminutivos em que a palavra original já seja grafada com –S: chinesinho (chinês), burguesinha
(burguesa) etc.
2. Emprego de SS:
a) Nos substantivos que derivam de verbos terminados em –mir, -ter, -tir, -der, -dir: descompressão (origina-se
do verbo descomprimir), regressão (origina-se do verbo regredir), intercessão (origina-se do verbo interceder),
admissão (origina-se do verbo admitir), permissão (origina-se do verbo permitir) etc.
Exceção: reflexão (por causa da sonoridade).
3. Emprego de Z:
a) Nos diminutivos em que a palavra original não tenha a letra S ou que já tenha a letra Z: mãezinha (mãe),
narizinho (nariz) etc.
b) Nos substantivos que indiquem estado/condição: pobreza (estado/condição de ser pobre), palidez
(estado/condição de ser pálido), realeza (estado/condição de ser real), viuvez (estado/condição de ser viúvo)
etc.
c) No sufixo – IZAR, formador de verbo cujo radical não apresente S: modernizar, atualizar, fiscalizar etc.
d) Nas palavras que se originam de outras que já são grafadas com Z: esvaziar (vazio), razoável (razão), enraizar
(raiz) etc.
OBS: Pequenez = estado/condição de ser pequeno. / Pequinês = que provém de Pequim (China), raça de cão.
4. Emprego de Ç:
a) Após ditongo: eleição, traição, beiço, calabouço, refeição etc.
b) Palavras de origem africana, indígena e árabe: cachaça, miçanga, açaí, paçoca, açafrão, açougue.
c) Em substantivos originados de verbos derivados de TER: detenção (deter), retenção (reter), contenção
(conter).
d) Nos sufixos –ação, -aça, -aço, -iço, iça, uça: marcação, armação, dentuça, ricaço, balaço, barcaça, sumiço etc.
5. Emprego de X:
a) Após ditongo: ameixa, queixa, frouxo, faixa etc.
Exceção: caucho e seus derivados: recauchutar, recauchutagem.
b) Nas palavras de origem africana, indígena ou árabe: xangô, xadrez, Caxambu, xavante, abacaxi etc.
c) Após a sílaba ME: México, mexer, mexerica etc.
Exceção: mecha.
d) Após a sílaba inicial EN: enxerto, enxada, enxergar, enxugar etc.
Exceção: se a palavra original tiver CH, este se mantém: encher, enchimento (cheio), enchumaçar (chumaço),
encharcar (charco).
6. Emprego de G:
a) Nas terminações –ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio: colégio, relógio, refúgio, litígio etc.
b) Nas terminações –agem, -igem, -ugem: ferrugem, selvagem, coragem, vertigem etc.
c) Nas palavras que derivem de outras já grafadas com G: logística (lógica).
7. Emprego de J:
a) Nas conjugações de verbos terminados em –jar ou –jear: arranjar (arranjo, arranjas, arranjarei etc.), despejar
(despejo, despejaria, despejava etc.).
b) Nas palavras de origem africana, indígena ou árabe: jiboia, jiló, pajé, canjica, acarajé etc.
c) Nas palavras que se originam de outras que já são grafadas com J: arranjar (arranjo), cerejeira (cereja), lojista
(loja), trejeito (jeito), varejista (varejo) etc.
A intenção da lista acima é mostrar aquelas palavras que podem ser identificadas por meio de uma regra, mas
não podemos esquecer que há palavras que constituem exceções e outras que simplesmente não possuem
explicação ou a explicação está na origem da língua. A aprendizagem da grafia correta de todas essas palavras
se dá pelo uso contínuo da leitura e da escrita.
A partir das letras A e B, podemos chegar à seguinte conclusão: Letras iguais, separe! Letras diferentes, junte!
c) Usa-se hífen quando a palavra posterior ao prefixo começar com H: mini-hotel, anti-herói etc.
d) NÃO se usa hífen quando o H (já é de uso consagrado com os prefixos DES, IN, RE) cai: desumano (des +
humano), inábil (in + hábil) etc.
e) NÃO se usa hífen com os prefixos RE, PRE, CO: reedição, preencher, coordenar etc.
f) Usa-se hífen com os prefixos ALÉM, AQUÉM, EX, PÓS, PRÉ, PRÓ, RECÉM, SEM, VICE: ex-namorado, pré-natal,
vice-rei, pós-doutorado, sem-terra etc.
g) Se o prefixo terminar em vogal e a palavra posterior começar com R ou S, estas letras serão dobradas:
autorretrato, ultrassom, contrarregra, macrorregião, sobressaia etc.
h) Usa-se hífen se o prefixo SUB vier seguido de R: sub-racional, sub-reitor etc.
i) Usa-se hífen quando há os prefixos CIRCUM e PAN e a palavra posterior é iniciada por M, N ou vogal: pan-
americano, circum-navegação etc.
ATENÇÃO: em “pambrasil” NÃO se usa hífen, pois a palavra após o prefixo PAN não se inicia por M, N ou vogal
e o prefixo PAN virou PAM devido àquela antiga regrinha da escola: antes de P e B, usa-se M.
i) Usa-se hífen se a palavra posterior começar com vogal, L (no caso de MAL) ou H: mal-limpo, mal-humorado,
mal-educado, mal-agradecido, bem-estar, bem-humorado etc.
j) NÃO se usa hífen nos demais casos: malcriado, malvisto, malnascido, benfeito (sinônimo de “benfeitoria”)
etc.
OBS: BEM-VINDO ou BENVINDO? As duas grafias existem, mas com diferentes significados: BEM-VINDO (que
chegou a salvo, bem recebido) / BENVINDO (nome próprio: “O meu advogado é o senhor Benvindo”).
• Usamos “por que” e “por quê” (preposição + pronome relativo – separado, sem ou com acento) quando o
significado for “por que (por qual) motivo”, “por que (por qual) razão”. Sim, ambos têm o mesmo significado.
Vejamos: em “Por que você não foi à escola ontem?”, o significado é “por que motivo (ou por que razão) você
não foi à escola ontem?”. Em “Você não estudará por quê?”, o significado é “Você não estudará por que motivo
(ou por que razão)?”. Então, qual o motivo de um deles ter acento? Simples: o que tem acento vem
acompanhado de uma pontuação da frase, ou seja, imediatamente após tem que vir uma pontuação (ponto
final, ponto de interrogação, pronto de exclamação...). Por isso, as gramáticas dizem que este “por quê” está
em final de frase ou sozinho na frase, óbvio, nos dois casos, logo após virá uma pontuação. Além do mais, este
“por que” (separado) também pode significar “pelo qual”, “pela qual”: “Este é o caminho por que passo todos
os dias” é igual a “Este é o caminho pelo qual passo todos os dias”.
• Usamos “porquê” (junto e com acento) quando for um substantivo (é o mais fácil de todos). Para virar um
substantivo, este “porquê” tem que vir acompanhado de alguma classe que modifique substantivo (quais são as
classes que modificam substantivos? Artigos, pronomes, numerais e adjetivos): “Quero que me diga o porquê
disso tudo” (acompanhado de um artigo), “Seu porquê não me convence” (acompanhado de um pronome
possessivo).
• Por último, usamos “porque” (conjunção – junto e sem acento), quando introduzir uma oração explicativa ou
causal, na maioria das vezes este “porque” poderá ser substituído por “pois”: “Não fui ao cinema, porque tive
que estudar”. Observem que a ação de ESTUDAR é a causa para não ter ido ao cinema. Além do mais, podemos
fazer a seguinte substituição: “Não fui ao cinema, pois tive que estudar”.
a) Nosso objetivo é afim. / Nossas ideias são afins. – a) Aonde você vai? / Ela foi aonde? – movimento,
semelhante, que tem afinidade. direção, para onde. O “a” que integra o termo
b) Estudam a fim de passar em um concurso público. “aonde” é uma preposição.
/ Eles leem a fim de aprender mais. – finalidade, b) Onde você mora? / Onde estamos? – usado com
objetivo, para. verbos que não indicam movimento.
c) Donde ele vem? / Donde você surgiu? – de + onde,
origem.
a) Ao invés de descer, o elevador subiu. / Ao invés de a) Estou a menos de um mês do meu casamento. / O
gritar, calou-se. – ao contrário de, oposição. curso fica a menos de 200 metros da estação de
b) Em vez de ir ao Japão, foi à China. / Em vez de trem. – tempo futuro, distância.
passear, foi ao cinema. – em lugar de. b) Ele saiu há menos de trinta minutos. / O acidente
ocorreu há menos de cinco meses. – tempo passado,
OBS: “em vez de” pode ser usado nos dois casos aproximadamente.
(com sentido de contrariedade ou significando “em
lugar de”). 9. A princípio x em princípio
a) Por ora, estou satisfeita. / Por ora, quero comer só a) Se não chover, irei à festa. / Se não descansar,
sorvete. – por enquanto, por agora. amanhã não conseguirei trabalhar. – conjunção
b) O professor ganha pouco por hora. / Esse carro condicional (se) + advérbio de negação (não), caso
corre até 120 km por hora. – por cada hora, por uma não.
hora. b) Estudem, senão serão reprovados. / Não gosta de
doces, senão pudim. / Não era homem, senão
7. Mas x mais x más mulher. – do contrário, exceto, a não ser, mas.
a) Ela estudou muito, mas não passou. / Ele é casado, OBS: “Senão” também pode indicar “defeito”. Neste
mas não é bom marido. – conjunção opositiva, caso será substantivado (antecedido por
contrariedade. determinante): Não há um senão naquela mulher. /
b) Ela quer mais moedas. / Peço que ele trabalhe Eu o ajudarei, mas há um senão: não poderá ser hoje.
mais. – contrário de “menos”.
c) Elas são mulheres más. / Eles não são más pessoas. 12. Tampouco x tão pouco
– adjetivo no plural, o contrário de “boas”.
a) Ele não trabalha tampouco estuda. / “Quem não
entende um olhar, tampouco pode compreender
uma explicação.” (Manuel Bandeira) – também não,
e não, nem.
b) Ele sai tão pouco! / ganho tão pouco! – equivale a
“muito pouco”.
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
As palavras da língua portuguesa são marcadas pela acentuação tônica (fonética), de modo que sempre haverá
sílabas tônicas e sílabas átonas. Dependendo de onde esteja a sílaba tônica, as palavras podem ser OXÍTONAS
(a sílaba tônica é a última da palavra), PAROXÍTONAS (a sílaba tônica é a penúltima da palavra) ou
PROPAROXÍTONAS (a sílaba tônica é a antepenúltima da palavra). A acentuação é importante para auxiliar na
correta pronúncia das palavras.
TIPOS DE ACENTO:
1. Agudo (´): indica que a vogal tônica tem timbre aberto. Exemplos: sofá, guaraná, médico.
2. Circunflexo (^): indica que a vogal tônica tem timbre fechado. Exemplos: você, ônibus, têxtil.
OBS: o til (~) e o acento grave (`) não são usados para indicar sílaba tônica. O primeiro é uma marca de
nasalidade, tanto que pode aparecer em palavras que já tenham acento agudo: pão, colchão, órfã, órfão;
observe que, nas duas últimas palavras, a sílaba tônica é a primeira “or” e o til marca a sílaba em que há som
nasal. O segundo indica o fenômeno da crase (a fusão de dois sons iguais), que é explicado em outro capítulo.
Só será acentuada a sílaba tônica dos vocábulos e o til só poderá servir como acentuação tônica na ausência dos
dois acentos supracitados, ainda assim prevalecendo sua função nasalizadora.
Exemplos de:
acrobata ou acróbata / hieróglifo ou hieroglifo / Oceânia ou Oceania / xérox ou Xerox / alopata ou alópata /
biópsia ou biopsia / boêmia ou boemia.
lâmpada, Atlântico, Júpiter (Jupíteres), Lúcifer (Lucíferes), ótimo, flácido, relâmpago, trôpego, lúcido, víssemos,
árabe, exército, gótico, límpido, louvaríamos, público, lâmina, devêssemos, pêndula, fôlego, recôndito,
acadêmico.
L: incrível, útil
R: éter, mártir
X: tórax, ônix
OBS: O plural da palavra, a princípio, não altera a acentuação nem a sua motivação para tal. São excepcionais
os casos das paroxítonas terminadas em L, R e N. Não se acentua “anel”, pois é uma oxítona terminada em L,
porém acentua-se “anéis”, pois é uma oxítona de ditongo aberto, terminada em S. Não se acentua “juiz”, pois é
uma oxítona terminada em Z, porém acentua-se “juízes”, pois a sílaba tônica recai sobre o hiato do I.
OBS: Cuidado com as palavras terminadas em ditongo! Uma dúvida comum para os alunos é a seguinte: como
se separa, por exemplo, a palavra “náusea”? “nau-se-a” ou “nau-sea”? A dúvida é se esse tipo de palavra é
paroxítona ou proparoxítona. A resposta é proparoxítona aparente. Evanildo Bechara, em sua “Gramática
Escolar da Língua Portuguesa”(2010) classifica essas palavras terminadas por ditongo crescente como
proparoxítonas. A questão é que, de um jeito ou de outro, serão acentuadas, visto que cabem em ambas as
regras. MAIS EXEMPLOS: mágoa, lírio, glória, barbárie, série, nódoa, língua, vácuo.
Regra 1: SÃO ACENTUADOS OS DITONGOS “EI”, “EU” E “OI” – menos das paroxítonas - QUANDO TÊM VOGAL
ABERTA: céu, Niterói, chapéu.
Regra 2: SÃO ACENTUADOS OS HIATOS (vogais que ficam sozinhas na sílaba ou acompanhadas de S - quando
a divisão silábica é feita - separadas da vogal anterior) CUJA VOGAL FINAL DO ENCONTRO VOCÁLICO É “U” OU
“I”: baú, Grajaú, saúde, Tuiuiús. BA-Ú / GRA-JA-Ú / SA-Ú-DE / TUI-UI-ÚS.
OBS: Se houver NH na sílaba seguinte, indiferentemente ao fato de estarem sozinhos na sílaba, o I e o U tônicos
NÃO serão acentuados: rainha, moinho.
OBS: Não se acentuam os hiatos repetidos, ou seja, quando a vogal anterior também é I ou U: vadiice, xiita.
As formas verbais acompanhadas das formas pronominais -lo, -la, -los, -las (em posição enclítica, ou seja, essas
formas estão após o verbo) seguem normalmente as regras vigentes de acentuação. Vejamos os seguintes
exemplos:
a) Gostei daquela bolsa; portanto, irei comprá-la assim que receber meu salário. – o verbo COMPRAR
juntou-se ao pronome A (pronome que substituiu “bolsa”), perdendo, assim, o R final, enquanto o pronome A
ganhou a letra L. O verbo continuou a ser uma oxítona (a última sílaba é a “mais forte”), mas agora terminada
em A, portanto deve ser acentuado.
b) Minha mãe me presenteou com uma garrafa de espumante. Vou bebê-lo no próximo réveillon. – o
verbo BEBER juntou-se ao pronome O (pronome que substituiu “espumante”), perdendo, assim, o R final,
enquanto o pronome O ganhou a letra L. O verbo continuou a ser uma oxítona, mas agora terminada em E,
portanto deve ser acentuado.
c) O bolo do aniversário está muito bonito, vou parti-lo já, já. – o verbo PARTIR juntou-se ao pronome O
(pronome que substituiu o vocábulo “bolo”), perdendo, assim, o R final, enquanto o pronome O ganhou a letra
L. O verbo continuou a ser uma oxítona, mas agora terminada em I, portanto NÃO deve ser acentuado.
d) Meus computadores estão velhos. Preciso substituí-los o mais rápido possível. – o verbo SUBSTITUIR
juntou-se ao pronome OS (pronome que substituiu o vocábulo “meus computadores”), perdendo, assim, o R
final, enquanto o pronome OS ganhou a letra L. O verbo, agora, é acentuado devido à regra do hiato.
ATENÇÃO A ESSAS REGRAS QUE PASSARAM A VIGORAR COM O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO:
PRINCIPAIS MUDANÇAS:
CAPÍTULO 4
FORMAÇÃO DE PALAVRAS, PREFIXOS E SUFIXOS
Neste capítulo estudaremos os morfemas, que são as unidades mínimas que formam uma palavra.
a) RADICAL: O radical é o elemento comum entre as palavras cognatas – vocábulos que têm a mesma origem na
evolução da língua – e é a base de significado dessas palavras.
É fácil observar que nos vocábulos acima o traço em comum é “pedr”, caracterizando a base dessas palavras,
que têm a mesma origem na língua e a mesma base de significado: todas se relacionam à palavra pedra.
b) VOGAL TEMÁTICA (VT): De existência facultativa, a vogal temática vem após o radical e é responsável pela
divisão primeira entre nomes e verbos. Portanto, existem dois tipos de vogais temáticas:
NOMINAIS: a/e/o, átonas finais, achadas em nomes; i/u não são vogais temáticas;
Mesa, artista, busca;
Triste, base, combate;
Livro, tribo, amparo.
OBS: As palavras que têm VT são chamadas de TEMÁTICAS. As que não têm são chamadas de ATEMÁTICAS.
VERBAIS: a/e/i, átonas ou tônicas, achadas primordialmente em verbos. Servem para indicar se o verbo é de 1a,
2a ou 3a conjugação.
c) DESINÊNCIAS: As desinências são elementos facultativos que vêm após o radical ou após a vogal temática e
indicam a flexão da palavra. Reforça a divisão NOME/VERBO. São dois tipos de desinência:
c.1) NOMINAL: gênero (Masculino “o” ou Ø; feminino “a”) e número (singular Ø; plural “s” ou “es”). A marca Ø
indica a ausência de um traço.
c.2) VERBAL: modo/tempo e número/pessoa.
OBS: Existem palavras que não se flexionam; dessa forma, será impossível detectar-lhes desinências.
d) AFIXOS: Os afixos são elementos antepostos ou pospostos ao radical. A intenção dos afixos é modificar o
sentido dos radicais.
PREFIXOS: elementos que se antepõem ao radical de uma palavra e advêm, geralmente, de advérbios e
preposições.
SUFIXOS: elementos que se pospõem ao radical de uma palavra e, diferentemente dos prefixos, não têm,
geralmente, autonomia na língua. Os afixos têm a função primordial de criar novas palavras mediante um
processo chamado DERIVAÇÃO.
a) DERIVAÇÃO PREFIXAL: Processo por meio do qual uma nova palavra é formada a partir de um radical ou
palavra já existente na língua (palavra primitiva), acrescentando-se um prefixo ao radical. INfeliz / EScorrer /
DESnecessário / PRÉ-Natal / IMportar
b) DERIVAÇÃO SUFIXAL: Processo por meio do qual uma nova palavra é formada a partir de um radical ou palavra
já existente na língua (palavra primitiva), acrescentando-se um sufixo ao radical. FelizARDO / CorriMENTO /
NecessariaMENTE / NatalINO / PortaDOR
e) IMPRÓPRIA (CONVERSÃO): É a mudança de classe gramatical. A palavra não se altera em sua estrutura, há a
simples mudança de classe gramatical: Os meninos são bons (adjetivo) / Os bons vencerão (substantivo) / Juliana
gosta de cantar (verbo) / O cantar dos pássaros é lindo (substantivo).
f) REGRESSÃO (DERIVAÇÃO REGRESSIVA): Ao contrário dos casos anteriores, a palavra é formada por redução,
e não por acréscimo: Choro (substantivo) (originária do verbo CHORAR) / Agito (originária do verbo AGITAR) /
Janta (originária do verbo JANTAR).
g) COMPOSIÇÃO POR JUSTAPOSIÇÃO: Processo por meio do qual uma nova palavra é formada a partir da junção
de palavras ou radicais já existentes na língua. Esses radicais não sofrem perda fonética ou gráfica: segunda-
feira / para-raios / corre-corre / girassol / passatempo / malmequer / vaivém / criado-mudo / beija-flor / rodapé.
OBS: Não há uma obrigatoriedade dos compostos por justaposição estarem escritos com hífen.
h) COMPOSIÇÃO POR AGLUTINAÇÃO: Processo por meio do qual uma nova palavra é formada a partir da junção
de palavras ou radicais já existentes na língua. Pelo menos um dos radicais sofre alteração fonética ou gráfica:
vinagre (vinho + acre) / aguardente (água + ardente) / pernalta (perna + alto) / planalto (plano + alto)/ fidalgo
(filho + de + algo)
i) HIBRIDISMO: Quando uma palavra é formada a partir de radicais de línguas diferentes: monocultura {mono
(grego) + cultura (latim)} / burocracia {buro (francês) + cracia (grego}) / sociologia {sócio (latim) + logia (grego)}.
j) ABREVIAÇÃO (REDUÇÃO): Por questões de economia linguística, utiliza-se parte de uma palavra em vez de sua
totalidade: pneu (pneumático) / quilo (quilograma) / moto (motocicleta) / foto (fotografia) / portuga
(português).
k) SIGLA: É o emprego de letras iniciais de mais de uma palavra que nomeia uma organização, uma entidade,
uma associação etc.: ONU (Organização das Nações Unidas) / UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) /
Detran (Departamento de Trânsito) / UFF (Universidade Federal Fluminense)
l) ONOMATOPEIA (REDUPLICAÇÃO): É a criação de palavras que reproduzem sons ou ruídos: reco-reco / tique-
taque / bangue-bangue / pinque-pongue / bablablá / zunzunzum.
CAPÍTULO 5
MORFOLOGIA
A morfologia é o estudo da estrutura, da classificação e da formação das palavras. Sobre classificação das
palavras, é importante entender que as palavras são divididas em 10 grandes grupos, esquematizados no quadro
a seguir:
CLASSES DE PALAVRAS:
FLEXIONÁVEIS INFLEXIONÁVEIS
Substantivo Advérbio
Nomeia seres, objetos (reais ou imaginários) Determina um VERBO, um ADJETIVO ou outro
Tipo de Flexão: G / N ADVÉRBIO. Geralmente, apresenta noções
circunstanciais.
Adjetivo
Qualifica o substantivo.
Tipo de Flexão: G / N
Pronome
Indetermina, explora as noções de posse e/ou
demonstra no espaço e no tempo. Pode também
substituir o substantivo. Situa, sobretudo, a pessoa do
discurso, podendo oferecer, também, as noções de
espaço.
Tipo de Flexão: G / N
Verbo
Exprime ação, fenômeno, estado ou mudança de
estado.
Tipo de Flexão: MT / NP
Vocábulos FLEXIONÁVEIS podem variar, ou seja, podem mudar parte de sua estrutura para se modificar. Essa
modificação se dá, principalmente, em gênero e em número. Um vocábulo que varia em gênero passa do
masculino para o feminino. Um vocábulo que varia em número passa do singular para o plural.
Há vocábulos que variam em grau, como é caso dos adjetivos, dos advérbios e, de acordo com alguns gramáticos,
dos substantivos também. Veremos esse tópico mais à frente.
OBS: Qualquer valor adjetivo ou adverbial que contiver mais de uma palavra pode estar em forma de LOCUÇÃO,
iniciada por uma preposição e cujo núcleo será uma expressão de valor substantivo. Vejamos um exemplo:
“Aquele rapaz tem cara de anjo”. Observe que a expressão grifada, formada pela preposição DE mais o núcleo
substantivo ANJO, caracteriza o substantivo CARA, portanto o trecho grifado é uma locução adjetiva.
1. OS SUBSTANTIVOS
DEFINIÇÃO
SEMANTICAMENTE: Palavra que denomina os seres em geral.
a) os nomes de pessoas, lugares, instituições, espécies e seus representantes;
b) os nomes de ações, qualidades e estados, de sentimentos e sensações.
CLASSIFICAÇÃO
SEMANTICAMENTE:
a) Substantivos Concretos: nomeiam pessoas (reais ou imaginárias), lugares, animais (reais ou imaginários),
vegetais e coisas. Designam os seres de existência independente (casa, mar, mãe, caderno, parede, Deus, saci).
b) Substantivos Abstratos: designam ações, estado, qualidades, sentimentos. Designam os seres de existência
dependente (prazer, cansaço, amor, dor). Normalmente os substantivos derivados de verbos e adjetivos são
abstratos (choro – do verbo CHORAR ; necessidade – do verbo NECESSITAR; beleza – do adjetivo BELO).
c) Substantivos Comuns: denominam todos os seres de um mesmo grupo ou espécie: (homem, mesa, livro,
cidade).
d) Substantivos Próprios: denominam um único ser de um conjunto de seres (João, Brasil, Porto).
OBS: O nome dele é Judas. (substantivo próprio) / Ele é um Judas. (substantivo comum, significando “traidor”)
MORFICAMENTE:
a) Substantivos Primitivos: não se originam de outra palavra. Na verdade, são a origem de outras palavras (pedra,
mar, banana).
b) Substantivos Derivados: originam-se de um substantivo primitivo (pedreira, maresia, bananeira).
c) Substantivos Simples: formados por um só radical (pedra, lápis, mar).
d) Substantivos Compostos: formados por mais de um radical (guarda-chuva, pontapé, bem-me-quer).
e) Substantivos Coletivos: Apesar de se apresentarem no singular, indicam uma coleção, um grupo, um conjunto
de seres da mesma espécie (alcateia, elenco, plêiade, turma, revoada, manada, fauna, constelação, acervo,
cacho).
FUNCIONALMENTE: Núcleo.
OBS: Algumas palavras podem se tornar substantivos de acordo com o contexto, esse fenômeno é chamado de
substantivação: “A menina bonita chegou” (bonita = adjetivo) / “A bonita chegou” (bonita = substantivo) / “Ela
quer passar em um concurso” (passar = verbo) / “O passar dos anos me incomoda” (passar = substantivo).
FLEXÃO
GÊNERO
IMPORTANTE 1: HETERÔNIMOS: Possuem radicais diferentes tanto para o feminino quanto para o masculino.
Pai x Mãe / Compadre x Comadre / Homem x Mulher / Frei x Sóror / Padrasto x Madrasta / Cavaleiro x Amazona
/ Genro x Nora / Padrinho x Madrinha / Cavalheiro x Dama / Bode x Cabra / Boi, Touro x Vaca / Carneiro x Ovelha
/ Cavalo x Égua / Zangão x Abelha
OBS: Para especificar o sexo, serve a expressão “do sexo masculino / feminino”.
EPICENOS: palavras que designam animais e possuem apenas uma forma para ambos os gêneros: A águia / A
baleia / A borboleta / A cobra / O besouro / O crocodilo / O jacaré / O tigre / A onça / O besouro / O polvo / O
rouxinol.
COMUNS DE DOIS GÊNEROS: palavras que designam pessoas. A diferença de gênero se dá por meio de artigo
ou outro determinante: O artista / A artista / O cliente / A cliente / Esse imigrante / Essa imigrante / O repórter
/ A repórter.
OBS: Celso Cunha recomenda suéter ser masculino; aluvião ser feminino.
IMPORTANTE 4: Algumas palavras, ao obterem marcação de gênero mediante artigo, mudam completamente
de significado.
O águia x A águia / O banana x A banana / O cabeça x A cabeça / O caixa x A caixa / O capital x A capital / O rádio
x A rádio / O moral x A moral / O grama x A grama / O guarda x A guarda.
NÚMERO
3) Plural representado pelo artigo O lápis x Os lápis / O pires x Os pires / O ônibus x Os ônibus / O vírus
x Os vírus
Caroço x Caroços
6) Plural metafônico Corno x Cornos
A passagem do singular para o plural é Esforço x Esforços
marcada não só pela adição de S final, Fogo x Fogos
mas também por uma mudança Imposto x Impostos
fonética: a vogal “o” fechada Jogo x Jogos
(representada ô) muda para vogal “o” Miolo x Miolos
aberta (representada ó) Poço x Poços
Reforço x Reforços
Substantivos compostos grafados sem hífen fazem o plural normalmente: Aguardente x Aguardentes / Girassol
x Girassóis / Malmequer x Malmequeres / Pontapé x Pontapés / Lobisomem x Lobisomens / Varapau x Varapaus
/ Vaivém x Vaivéns.
2. Compostos em que os dois elementos são variáveis (substantivos, adjetivos e numerais): os dois elementos
variam.
- bom-dia / bons-dias
- sexta-feira / sextas-feiras
OBS: Quando a palavra GUARDA vier acompanhada de elementos que se refiram a pessoas, o composto inteiro
varia, pois a palavra GUARDA é um substantivo:
- guarda-noturno / guardas-noturnos
Quando a apalavra GUARDA vier acompanhada de elementos que se refiram a coisas, apenas o segundo
elemento varia, pois a palavra GUARDA é verbo (obedecerá, portanto, ao primeiro item da lista):
- guarda-roupa / guarda-roupas
3. Compostos formados por dois substantivos em que o segundo elemento dá a ideia de fim ao primeiro ou
semelhança ou limita o primeiro: pluraliza-se apenas o primeiro elemento ou os dois.
4. Compostos ligados por preposição: somente o primeiro elemento vai para o plural.
- água-de-colônia / águas-de-colônia
- palma-de-santa-rita / palmas-de-santa-rita
5. Compostos formados por palavras repetidas ou onomatopeicas: apenas o último elemento vai para o plural.
- reco-reco / reco-recos
- corre-corre / corre-corres
OBS: Se o composto for formado por repetição de verbos, pode-se fazer a pluralização, de acordo com Evanildo
Bechara, de duas formas: corre-corres ou corres-corres.
6. Compostos em que o primeiro elemento é formado por GRÃ, GRÃO ou BEL: somente o último elemento é
pluralizado.
- grão-duque / grão-duques
- bel-prazer / bel-prazeres
O GRAU DO SUBSTANTIVO: Mecanismo de derivação sufixal. Os casos abaixo são do tipo sintético. Os do tipo
analítico são feitos com os adjetivos GRANDE e PEQUENO pospostos ao substantivo selecionado.
AUMENTATIVO DIMINUTIVO
bala — balaço árvore — arvoreta, arbusto
barca — barcaça astro — asteroide
beijo — beijoca barba — barbicha
boca — bocarra beijo — beijote
cabeça — cabeçorra caminhão — caminhonete
cão — canzarrão casa — casebre
copo — copázio corpo — corpete
corpo — corpanzil, corpaço cruz — cruzeta
cruz — cruzeiro espada — espadim
faca — facalhão estátua — estatueta
forno — fornalha farol — farolete
forte — fortaleza galo — galispo
gato — gatarrão guerra — guerrilha
homem — homenzarrão ilha — ilhota, ilhéu
limão — limonaço lugar — lugarejo
mamão — mamonaço palácio — palacete
mão — manápula, manzorra, manopla parte — parcela
monte — montanha pedra — pedrisco
mulher — mulheraça, mulherona perdiz — perdigoto
nariz — narigão ponte — pontilhão
pedra — pedregulho porta — portinhola
rapaz — rapagão rabo — rabicho
rato — ratazana rapaz — rapazola, rapazote
rocha — rochedo rio — riacho, ribeiro
voz — vozeirão rua — ruela
vila— vilela, vileta, vilota
IMPORTANTE 1: Há casos em que os sufixos acima já não mais significam aumento ou diminuição, mas sim
mudam o significado da palavra original:
cartão / ferrão / portão / cartilha / cavalete / corpete / flautim / folhinha / lingueta
IMPORTANTE 2: Há casos em que os sufixos típicos de aumentativo ou diminutivo podem tomar sentido
pejorativo ou afetivo (carinhoso):
Narigão / beiçorra / porcalhão / atrevidaço / casebre / jornaleco / livreco / pracinha / casinha / galinho /
menininho / amigão / sujeitinho / timeco / gentalha
SUBSTANTIVOS COLETIVOS: São palavras que indicam coletividade, mas são utilizadas no singular. Podem ser
divididos em 3 grupos:
2. OS ADJETIVOS
DEFINIÇÃO
SEMANTICAMENTE: Palavra caracterizadora dos seres, objetos ou noções. Atribui qualidades, modo de ser,
estado, aspecto ou aparência.
MORFICAMENTE: Palavra flexionável em gênero e número.
FUNCIONALMENTE: Palavra relacionada a um substantivo.
CLASSIFICAÇÃO
SEMANTICAMENTE: Os Adjetivos Pátrios indicam geralmente proveniência.
MORFICAMENTE: Primitivos X Derivados (com sufixos ACO, ADO, AL, ANO, ÃO, EIRO, ÊS, ENSE, ESTRE, IL, INO,
ONHO, OSO, TICO, UDO) / Simples X Compostos (Cores, proveniência e características)
FUNCIONALMENTE: Adjunto Adnominal e Predicativo
- FLEXÃO EM GÊNERO E NÚMERO: Assim como a flexão dos substantivos: Short amarelo / Saia amarela / Ternos
amarelos / Roupas amarelas / Cinto azul / Cintos azuis / Caderno bonito / Saia bonita / Cadernos bonitos / Saias
bonitas.
OBS: Algumas cores são invariáveis: Rosa / Laranja / Creme / Cinza / Abóbora / Violeta / Lilás / Gelo / Pérola
São invariáveis por originalmente serem substantivos: Rosa (nome de uma flor) / Gelo (nome da água no estado
sólido) / Pérola (nome de uma pedra produzida por conchas de moluscos) / etc.
2. SUPERLATIVO RELATIVO: Estabelece comparação entre um ser e outros seres (um grupo):
De Inferioridade: Aquela menina é a menos estudiosa da turma.
De superioridade: Aquela menina é a mais estudiosa da turma.
3. SUPERLATIVO ABSOLUTO: Intensifica-se a característica do ser, sem fazer comparação com outro ser ou
outros seres:
Analítico: com o auxílio de um advérbio de intensidade: Aquela menina é muito fraca.
Sintético: com o auxílio de um sufixo: Aquela menina é fraquíssima.
OBS: As formas analíticas “mais bom”, “mais mau”, “mais grande” e “mais pequeno” devem ser utilizadas
somente quando se comparam duas características de um mesmo ser:
OBS: Os numerais e os pronomes (quando acompanham substantivos) passam a ter, na frase, função adjetiva.
Nas frases “Minha avó fez sobremesa”, “Outro ovo quebrou”, “Dois meninos desapareceram”, os elementos
grifados são, respectivamente, pronome possessivo adjetivo, pronome indefinido adjetivo e numeral adjetivo,
pois acompanham os substantivos “avó”, “ovo” e “meninos”. Quando substituírem os nomes substantivos,
passam a ter função substantiva, como na frase “Alguém telefonou às 2h da manhã”, em que o elemento grifado
é um pronome indefinido substantivo.
3. OS ADVÉRBIOS
DEFINIÇÃO
SEMANTICAMENTE: Palavra que caracteriza as ações, os estados e as próprias qualidades.
MORFICAMENTE: Palavra inflexionável.
FUNCIONALMENTE: Palavra que necessariamente está relacionada a um verbo, a uma palavra de valor adjetivo
ou mesmo a outro advérbio.
CLASSIFICAÇÃO
SEMANTICAMENTE:
CIRCUNSTÂNCIAS EXEMPLOS
sim, decerto,
AFIRMAÇÃO certamente, Certamente ela virá amanhã
efetivamente, de
fato, com certeza,
seguramente,
realmente
COMPANHIA com, na Minha mulher fugiu com o dono da venda / Comigo, contigo etc.
companhia de,
junto com
CONCESSÃO apesar de Apesar de você, amanhã há de ser outro dia. (CB) / Apesar dos
problemas, sou feliz
CONDIÇÃO sem, Só... com Sem erros, não há certos / Só sairão com o meu consentimento
/sem
FINALIDADE para, a fim de, Vive para o amor / Estudou para o exame
com o intuito de,
com a finalidade
de
INSTRUMENTO com, a Fez o corte com a faca / Criava seus desenhos a lápis
muito, pouco,
mais ou menos, Meu amigo estuda muito
INTENSIDADE bastante, assaz,
demais, bem,
tanto, tão,
deveras, quão
LUGAR Perguntas: ONDE, Vou à cidade / Estou em casa / Sentou-se à mesa / Moravam lá / aqui /
AONDE ou aí / acolá / alhures / algures / nenhures / Fiquem por perto
DONDE.
MEIO De, por meio de, Viajarei de trem / Enriqueceram mediante fraudes
com
não,
NEGAÇÃO absolutamente, de Não vá me dizer mentiras!
modo algum, de
jeito nenhum
4. OS VERBOS
DEFINIÇÃO
SEMANTICAMENTE: Palavra caracterizadora de ações, estados e fenômenos naturais.
MORFICAMENTE: Palavra flexionável em modo, tempo, número e pessoa.
FUNCIONALMENTE: Palavra que, sendo núcleo ou não, marca o contorno do predicado de uma oração ou, inclusive, a
própria oração.
É importante lembrar as conjugações verbais, atendo-se às terminações de cada tempo e pessoa. Abaixo, um exemplo de
verbo regular conjugado.
INDICATIVO
PRESENTE PRETÉRITO PRETÉRITO PRETÉRITO FUTURO DO FUTURO DO
PERFEITO IMPERFEITO MAIS-QUE- PRESENTE PRETÉRITO
PERFEITO
Eu estudo Estudei Estudava Estudara Estudarei Estudaria
Tu estudas Estudaste Estudavas Estudaras Estudarás Estudarias
Ele estuda Estudou Estudava Estudara Estudará Estudaria
Nós estudamos Estudamos Estudávamos Estudáramos Estudaremos Estudaríamos
Vós estudais Estudastes Estudáveis Estudáreis Estudareis Estudaríeis
Eles estudam Estudaram Estudavam Estudaram Estudarão Estudariam
SUBJUNTIVO
PRESENTE PRETÉRITO IMPERFEITO FUTURO
Que eu estude Se eu estudasse Quando eu estudar
Que tu estudes Se tu estudasses Quando tu estudares
Que ele estude Se ele estudasse Quando ele estudar
Que nós estudemos Se nós estudássemos Quando nós estudarmos
Que vós estudeis Se vós estudásseis Quando vós estudardes
Que eles estudem Se eles estudassem Quando eles estudarem
MODO VERBAL: Expressão da atitude de quem fala ou escreve em relação ao conteúdo do que fala ou escreve.
TEMPOS VERBAIS
Eu tocava piano quando minha mãe chegou. Naquela época, eu almoçava lá todos os
O sol despontava quando a escola entrou na dias.
passarela. Na infância, eu andava de bicicleta.
PRETÉRITO MAIS-
QUE-PERFEITO Processo anterior a outro processo, também pretérito ao momento da enunciação:
(INDICATIVO) Quando minha mãe chegou ao shopping, eu já comprara os ingressos (as duas ações
aconteceram no passado, mas não ao mesmo tempo: a ação de COMPRAR – pretérito
mais-que-perfeito – aconteceu antes da ação de CHEGAR).
Também pode ser representado no tempo composto, por meio de uma locução verbal:
Quando minha mãe chegou ao shopping, eu já tinha comprado / havia comprado os
ingressos.
Concluí que não seria feliz ao Ela teria vinte e cinco anos Se ele quisesse, tudo
lado dela. quando morreu. seria diferente.
OS TEMPOS COMPOSTOS
Os tempos verbais podem apresentar-se de forma composta, ou seja, em forma de locução verbal, equivalendo à forma
simples. O tempo pretérito mais-que-perfeito, por exemplo, pode ser conjugado no tempo simples ou no tempo
composto:
A formação do tempo composto do pretérito mais-que-perfeito é feita por meio do verbo principal no particípio e do
auxiliar – ter ou haver – no pretérito imperfeito.
Outras formações:
Futuro do Subjuntivo
OBS: O pretérito perfeito e o pretérito mais-que-perfeito também existem no subjuntivo, mas apenas na forma composta:
Espero que você tenha estudado muito. (Pretérito perfeito subjuntivo no tempo composto: verbo principal no particípio
e auxiliar no presente do subjuntivo). Indica o desejo de que algo já tenha acontecido.
Aguardei até que tivesse completado sua fala para eu expor minha opinião. (pretérito mais-que-perfeito subjuntivo no
tempo composto: verbo principal no particípio + auxiliar no pretérito imperfeito do subjuntivo). Indica uma ação anterior
a outra no passado.
A FORMAÇÃO DO IMPERATIVO
Questão: Nos trechos “Vejam, continuou ele, como não dá” e “Cante esta, convidou o major”, alterando-se o sujeito dos
verbos destacados para tu e depois para vós, teremos, respectivamente:
a) vê – canta / vede – cantai
b) vejas – cantes / vejais – cantais
c) vês – cantas / vedes – cantais
d) veja – cante / vejai – cantei
e) vês – cantas / vede – cantai
Primeiramente, o modo imperativo serve para quê? Em qualquer Gramática, encontramos simples e objetivas explicações:
“o modo imperativo é usado para exprimir ordem, pedido, súplica, conselho” (36 Lições Práticas de Gramática – Ulisses
Infante). Nas formas negativas, a conjugação se faz pelo presente do subjuntivo. Exemplo:
Que eu estude
Que tu estudes
Que ele estude
Que nós estudemos
Que vós estudeis
Que eles estudem
Lembrando que o imperativo não possui a primeira pessoa do singular e que o pronome de tratamento “você” concorda
com a terceira pessoa, assim fica:
Não estudes tu
Não estude ele (você)
Não estudemos nós
Não estudeis vós
Não estudem eles (vocês)
Nas formas afirmativas, a base também é o presente do subjuntivo, porém as segundas pessoas (tu e vós) são exceções,
conjugando-se por meio do presente do indicativo, retirando-se a letra S final:
Estuda tu
Estude ele (você)
Estudemos nós
Estudai vós
Estudem eles (vocês)
Voltemos à questão: As frases apresentadas estão nas formas afirmativas e a questão quer justamente as exceções (tu e
vós). Conjugaremos os verbos VER e CANTAR pelo presente do indicativo e a letra S final “cairá”:
GERÚNDIO
Tendo feito, por telefone,
Gritando muito, ele chamava Estou ouvindo o disco que várias reclamações que
o pai. você me deu. não foram atendidas,
resolvi ir pessoalmente à
Administração Regional.
Chegado – chego
Abrido – cobrido – escrevido – aberto – coberto – escrito
Ganhado – pagado – gastado – ganho – pago - gasto
Exemplos de uso:
Eu havia acendido a luz / A luz estava acesa
A diretora tinha expulsado o aluno / O aluno foi expulso pela diretora
Observe que as frases com o particípio regular estão na voz ativa. Já as frases com o particípio irregular estão na voz
passiva.
Outras observações:
- Trago é o particípio do verbo TRAGAR
- Trazido é o particípio do verbo TRAZER
- As formas que estão riscadas não existem.
É importante lembrar que a maioria dos verbos possui apenas uma forma de particípio: regular ou irregular. Os verbos
que possuem as duas formas é que são conhecidos como verbos abundantes.
CLASSIFICAÇÃO
1ª conjugação: verbos terminados em AR: dar, estar, verbos em EAR, verbos em IAR.
2ª conjugação: Verbos terminados em ER: caber, crer, dizer, fazer, perder, prover etc. O verbo pôr entra na 2ª conjugação.
3ª conjugação: Verbos terminados em IR: acudir, agredir, dormir, polir, ouvir, cobrir, aderir, ir, vir etc.
b) VERBOS IRREGULARES: Não seguem o padrão estabelecido, não mantêm a estrutura do radical.
c) VERBOS ANÔMALOS: São tão irregulares que apresentam mais de um radical. Os representantes são IR, SER,
TER.
Exemplo: IR: Eu sou / Eu era / Eu fui / Ela será / Nós fomos etc.
d) VERBOS DEFECTIVOS: faltam-lhes algumas pessoas, ou seja, a conjugação verbal fica incompleta, defeituosa.
1o grupo: Abolir, aturdir, banir, carpir, colorir, delinquir, demolir, exaurir, explodir, extorquir, retorquir etc. — não são
conjugados na primeira pessoa do singular do presente do indicativo.
2o grupo: Adequar, aguerrir, combalir, comedir-se, falir, fornir, foragir-se, precaver, reaver, remir etc. — no presente do
indicativo, só são conjugados na primeira e na segunda pessoa do plural. Se tentarmos conjugar, por exemplo, o verbo
FALIR na primeira pessoa do singular do presente do indicativo, não conseguiremos: “Eu falo”? (só pode ser a conjugação
do verbo FALAR). “Eu falho”? (só pode ser a conjugação do verbo FALHAR).
OBS:
a) Alguns autores admitem a conjugação do verbo ADEQUAR;
b) PRECAVER não deriva de VER. Comporta-se como verbo regular no pretérito perfeito do indicativo e tempos derivados;
c) REAVER só existe nas formas em que o verbo “haver” apresenta a letra “v”;
d) os verbos defectivos são conjugados normalmente nos pretéritos e futuros.
VERBOS IMPESSOAIS
Alguns verbos não têm sujeito. Por isso, ficam na terceira pessoa do singular. Quando esses verbos fazem parte
de uma locução verbal, sendo verbo principal, a impessoalidade passa para o verbo auxiliar, ou seja, o auxiliar
fica na terceira pessoa do singular e o principal, numa forma nominal (infinitivo, gerúndio ou particípio).
a) SER, ESTAR, FAZER, HAVER, IR, indicando tempo decorrido: Faz dez anos que ela casou. / Vai fazer dez meses
que ele foi embora. / Vai para dez dias que ele me deixou.
b) SER, ESTAR, FAZER, indicando fenômeno meteorológico: É quente aqui. / Faz frio na Holanda. / Está muito
gelado em Nova Iorque.
c) Verbos que indicam fenômeno da natureza: Chove na cidade grande. / Trovejou na serra. / Nevou na
Dinamarca.
OBS: Caso o verbo esteja em sentido figurado, pode haver sujeito. Nesse caso, o verbo concordará com o sujeito:
Choveram livros na sala de aula.
d) Verbo HAVER no sentido de existir: Houve confusões naquela manhã. / Havia funcionários capacitados
naquela empresa. / Vai haver vagas de emprego naquela padaria.
Uma grande parte dos verbos cobrados em provas de concursos públicos são verbos derivados de outros, que
aqui chamaremos de líderes e suas famílias. A dificuldade do aluno é justamente na família, mas, quando o
candidato tem noção da conjugação dos tempos e modos dos líderes, fica mais fácil conjugar a família.
Os principais líderes cobrados em provas são: VER, VIR, TER, PÔR e HAVER. É de suma importância saber a
conjugação desses verbos, pois os derivados seguem o mesmo padrão do verbo líder. O verbo TER, por exemplo,
origina os verbos DETER, CONTER, RETER, MANTER etc., o verbo PÔR origina REPOR, COMPOR DEPOR,
CONTRAPOR, DISPOR etc., o verbo VER origina REVER, PREVER, ANTEVER etc., o verbo VIR origina CONVIR,
INTERVIR, ADVIR etc., o verbo HAVER origina REAVER.
A questão afirmou, no enunciado, que todos os verbos das alternativas são derivados de PÔR. Isso não é comum
de acontecer em provas, pois, normalmente, a banca apenas pede para marcar a certa ou a errada. Os verbos
usados foram PREDISPOR, DISPOR, RECOMPOR e INDISPOR. Para saber como são conjugados, devemos
conhecer a conjugação do líder: na letra A, não seria “Se o time se por”, e sim “Se o timer se puser” (futuro do
subjuntivo), portanto a correção é “Se o time se predispuser”. Na letra B, não seria “Caso possem”, e sim “Caso
pusessem” (pretérito do subjuntivo), portanto a correção é “Caso dispusessem”.
Na letra C, que é o gabarito, o verbo está conjugado de acordo com o líder: “Quando... puser” (futuro do
subjuntivo) / “Quando... recompuser”. Na letra D, não seria “E se os craques não se porem”, e sim “E se os
craques puserem” (futuro do subjuntivo), portanto a correção é “E se os craques se dispuserem”. Na letra E, não
seria “os treinadores se poram”, e sim “os treinadores se puseram” (pretérito perfeito do indicativo), portanto
a correção é “os treinadores se indispuseram”.
OBS: Cuidado com o verbo REQUERER, pois NÃO é da família do QUERER. As bancas tentam induzir o candidato
a conjugar o primeiro da mesma maneira que o segundo. A primeira pessoa do singular do presente do indicativo
é a mais cobrada em prova, pois o verbo QUERER é conjugado como EU QUERO, mas o REQUERER não é
conjugado como EU REQUERO, e sim como EU REQUEIRO.
O verbo grifado no enunciado da questão está no pretérito do subjuntivo. Na letra A, a banca induz o candidato
a conjugar o REQUERER da mesma forma que o QUERER, mas não são da mesma família, portanto o correto
seria “requeresse”. Na letra B, o verbo usado é o ENTRETER, da família do TER. O TER no pretérito do subjuntivo
se conjuga da seguinte forma: se eu tivesse, se tu tivesses, se ele tivesse... Portanto, o certo é ENTRETIVESSE.
Na letra C, o correto é PASSEASSE. Na letra D, o verbo usado é o CONVIR, da família do VIR, que se conjuga assim:
Se eu viesse, se tu viesses, se ele viesse... Portanto, o correto é CONVIESSE. Na letra E, o verbo usado é o
DESDIZER, da família do DIZER, que se conjuga dessa forma: se eu dissesse, se tu dissesses, se ele dissesse...
Portanto, esta é a alternativa correta.
OBS: O verbo REAVER é um defectivo, ele não se conjuga em todas as pessoas. Mas é fácil fixar quais são as
pessoas: o verbo é conjugado em todas as pessoas em que o verbo HAVER aparece conjugado com a letra V:
Presente do Indicativo
HAVER REAVER
Eu hei Eu -----
Tu hás Tu -----
Ele há Ele -----
Nós havemos Nós reavemos
Vós haveis Vós reaveis
Eles hão Eles -----
Outra questão:
(COVEST-COPSET-2013-UFPEANALISTA) Analise os enunciados abaixo, no que respeita à conjugação dos verbos.
1) A falta de ética ocasionou séria briga entre os magistrados, na qual ninguém interviu.
2) Denuncie, sempre que você vir atitudes antiéticas dos políticos.
3) Os eleitores requereram dos candidatos, antes de tudo, um comportamento ético e comprometido.
4) Nas últimas eleições, alguns candidatos proporam coisas absurdas aos possíveis eleitores.
a) 1, 2, 3 e 4.
b) 2 e 3, apenas.
c) 1 e 3, apenas.
d) 1, 2 e 3, apenas.
e) 1 e 4, apenas.
O item 1 apresenta o verbo INTERVIR conjugado no pretérito perfeito. INTERVIR é da família do VIR, que se
conjuga da seguinte maneira na terceira pessoa do singular do pretérito perfeito: ele veio. Portanto, o correto
é “ninguém interveio”. O item 2 apresenta o verbo VER conjugado corretamente no futuro do subjuntivo.
Cuidado com esse verbo, pois ele é irregular! Não o confundir com o VIR:
O item 3 apresenta o verbo REQUERER conjugado corretamente. O item 4 apresente o verbo PROPOR, da família
do PÔR, conjugado incorretamente no pretérito perfeito do indicativo, pois o líder é conjugado da seguinte
forma: PUSERAM. Portanto, o correto é PROPUSERAM. Apenas os itens 2 e 3 estão corretos. Gabarito letra B.
Os verbos terminados em –EAR apresentam a ditongação EI nas três primeiras pessoas do singular e na terceira
do plural do presente do indicativo. Exemplos:
PRESENTE DO INDICATIVO
PASSEAR NOMEAR
Eu passeio Eu nomeio
Tu passeias Tu nomeias
Ele passeia Ele nomeia
Nós passeamos Nós nomeamos
Vós passeais Vós nomeais
Eles passeiam Eles nomeiam
OBS: Como o presente do indicativo forma o presente do subjuntivo, essa ditongação EI também vai aparecer
no presente do subjuntivo, nas mesmas pessoas.
PRESENTE DO INDICATIVO
CRIAR MAQUIAR
Eu crio Eu maquio
Tu crias Tu maquias
Ele cria Ele maquia
Nós criamos Nós maquiamos
Vós criais Vós maquiais
Eles criam Eles maquiam
Porém, há um grupo de verbos terminados em –IAR que são exceção, ou seja, esses verbos apresentam a
ditongação EI, conjugando-se como se fossem verbos terminados em –EAR. Quem são esses verbos? O “MARIO”:
Mediar, Ansiar, Remediar, Incendiar e Odiar:
PRESENTE DO INDICATIVO:
5. OS PRONOMES:
DEFINIÇÃO
SEMANTICAMENTE: Palavras denunciadoras das pessoas do discurso: o emissor (1ª pessoa); o receptor (2ª
pessoa); e o referente (3ª pessoa).
MORFICAMENTE: Palavras flexionáveis em gênero, número.
FUNCIONALMENTE: Palavras que servem de núcleo ou de adjunto. Diferem-se das outras classes por indicarem
as três pessoas do discurso.
CLASSIFICAÇÃO
5.1 PRONOMES PESSOAIS
DE TRATAMENTO
Você, Senhora, Senhor, Senhorita, Vossa Excelência, Vossa Majestade, Vossa Santidade etc.
OBSERVAÇÃO 1: Não se pode misturar o pronomes quando se tratar do mesmo referente, senão haverá erro
gramatical: “Eu se arrumo todos os dias”, o correto é “Eu me arrumo todo os dias”, pois o pronome oblíquo SE
é um pronome de terceira pessoa e o sujeito da frase é o pronome EU, de primeira pessoa.
OBSERVAÇÃO 2: O pronome CONSIGO tem ideia reflexiva: “Maria fala consigo”, quer dizer que Maria fala com
ela mesma.
OBSERVAÇÃO 3: A concordância com os pronomes de tratamento se faz por meio da terceira pessoa (ele/ela /
eles/elas): Você fez os deveres de casa? / Vossa Excelência quer o seu café na cama?
OBSERVAÇÃO 4: A diferença entre VOSSA (2ª pessoa) e SUA (3ª pessoa): Vossa Majestade irá jantar cedo? (Aqui,
o emissor está se dirigindo a majestade, falando COM ELA). Sua Majestade virá à festa? (Aqui, o emissor não
está se dirigindo a Majestade, portanto, está falando DELA com outra pessoa).
OBSERVAÇÃO 5: Os pronomes oblíquos átonos “o”, “a”, “os”, “as”, “lhe” e “lhes”, quando ligados a verbos, têm
função sintática definida. Os pronomes “o”, “a”, “os”, “as” substituem objetos diretos, assumindo esta função
sintática, e os pronomes “lhe” e “lhes” substituem objetos indiretos, assumindo esta função sintática. Exemplos:
O policial deu voz de prisão ao bandido. / O policial deu-lhe voz de prisão. / Comprei aquela bolsa cara no
shopping. / Comprei-a no shopping. / Ofertei flores aos meus avôs. / Ofertei-lhes flores. / Mandei presentes ao
meu avô. / Mandei-os ao meu avô.
Usa-se eu quando este pronome for sujeito de algum verbo da frase. Usa-se mim quando este pronome não for
sujeito (na maioria das vezes, será objeto indireto).
Equivalência:
RETOS POSSESSIVOS
Eu Meu e minha (s)
Tu Teu e tua (s)
Ele Seu e sua
Nós Nosso e nossa (s)
Vós Vosso e vossa (s)
Eles Seus e suas
OBS: Nas frases ”Quero o que me faz feliz”, “Não quero qualquer vaga de concurso, quero a que me pague muito
bem” e “Não quero o prato do dia, quero o de sempre”, os elementos grifados, que acompanham pronome
relativo ou preposição, não são artigos, e sim pronomes demonstrativos, pois equivalem a “aquilo”, “aquela” e
“aquele”, respectivamente.
Que, quem (o qual, a qual, os quais, as quais) Substituem palavras ou expressões que atuam
com a função morfológica de substantivo:
Aquela é a menina a qual fez as provas. A QUAL
refere-se ao substantivo MENINA. O pronome
“quem” só pode ser usado para referir-se a uma
pessoa.
Cujo, cuja, cujos, cujas Geralmente, substituem palavras / expressões
relacionadas a um substantivo, com a ideia de
posse: Aquela é a menina cuja mãe é
empresária. CUJA refere-se ao núcleo
substantivo “mãe”, da expressão “a mãe da
menina” (ideia de posse).
Onde, aonde, donde, quando, como Substituem palavras ou expressões de caráter
adverbial. ONDE só pode ser usado para referir-
se a um lugar: Aquela é a escola onde me formei.
A ideia é: Formei-me naquela escola. (lugar)
6. AS PREPOSIÇÕES
DEFINIÇÃO
MORFICAMENTE: São palavras inflexionáveis.
FUNCIONALMENTE: São palavras relacionais, ou seja, promovem uma relação entre dois elementos — uma
relação que pode ter significado ou que pode ser simplesmente uma obrigação gramatical.
CLASSIFICAÇÃO
6.1 PREPOSIÇÕES ESSENCIAIS: a, ante, até, após, com, contra, de, desde, em, entre, para, por, per, perante,
sem, sob, sobre, trás.
COMBINAÇÃO: Algumas preposições podem combinar-se com outras palavras, formando um vocábulo único.
Exemplos:
DE EM
CONTRAÇÃO: Junção da preposição A com o artigo A(s) ou com os demonstrativos AQUELE, AQUELA, AQUILO
e A.
Trata-se de outra forma de classificar as preposições, agora enfatizando a existência de significado ou não na
relação que ela promove.
Exemplos: “Gosto dela”. A preposição DE é uma preposição relacional, exigida pelo verbo GOSTAR. “Bebi do
vinho”. A preposição DE é uma preposição nocional (valor semântico), que não foi exigida pelo verbo BEBER (já
que este é transitivo direto), mas está na frase para fazer a diferença entre “todo” e “parte”: não bebi o vinho
inteiro, a garrafa inteira, mas uma parte, um cálice. Portanto, “do vinho” não é objeto indireto, mas sim objeto
direto preposicionado.
7. AS CONJUNÇÕES
DEFINIÇÃO
MORFICAMENTE: São palavras inflexionáveis.
FUNCIONALMENTE: São palavras relacionais, ou seja, promovem uma relação entre dois elementos (geralmente
relacionam duas orações) — uma relação que possui um significado.
CLASSIFICAÇÃO
FUNCIONALMENTE:
1. CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS (unem as orações subordinadas às principais)
2. CONJUNÇÕES COORDENATIVAS (unem as orações coordenadas)
Observe os casos abaixo que completam a seguinte oração: Ele ficará sem voz...
*OBS: No número 5, não há é uma locução conjuntiva que dá a ideia de concessão, mas sim uma locução
prepositiva.
OBS: Uma dúvida recorrente é em relação à diferença entre uma conjunção explicativa (introduz uma oração
coordenada) e uma conjunção causal (introduz uma oração subordinada adverbial). As duas semânticas
compartilham basicamente os mesmos conectores: pois, porque, visto, que, porquanto, e a diferença de sentido
é tênue. É preciso entender que para haver causa tem que haver uma consequência, ou seja, uma ação que
aconteceu antes e outra ação que aconteceu depois. Portanto, a causa é um fato. Observe as orações abaixo:
1. Ele não foi à aula, porque estava doente. – causal (“estar doente” é a causa, o motivo para não ter ido à aula.
Relação de causa (estar doente) e consequência (não ir à aula). A vírgula antes do conector é facultativa.
2. Estude, porque a vida é difícil. – explicativa (não há como estabelecer uma relação de causa e consequência:
“a vida ser difícil” não é uma causa que gerou uma consequência (estudar). Na verdade, é apenas uma sugestão:
o interlocutor está aconselhando alguém a estudar e EXPLICA o porquê: a vida é difícil. A vírgula é obrigatória
antes do conector.
3. Nós não saímos porque chovia muito. – Aqui, tem-se uma relação de causa e consequência (fatos: chover
muito (causa, motivo) gerou uma consequência (não saímos de casa), primeiro choveu, depois nós saímos. O
conector é causal.
4. Choveu, porque a rua está molhada. – Aqui, não se tem uma relação de causa e consequência, seria incoerente
dizer que a rua estar molhada é uma causa que gerou uma consequência (chover). Semanticamente, não é
possível. Além disso, a frase trata de uma suposição: alguém passou, viu que a rua estava molhada e deduziu
que choveu, mas a rua poderia estar molhada devido a um caminhão-pipa, vazando água, ter passado naquela
rua. Portanto, o conector é explicativo.
CAPÍTULO 6
SINTAXE DE COLOCAÇÃO; COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Neste capítulo veremos a colocação dos pronomes oblíquos átonos em relação aos verbos. Os pronomes
oblíquos átonos (me, te, se, nos, vos, o, a, os, as, lhe, lhes) podem estar:
Primeiramente, é importante saber que não se começa uma frase com pronome oblíquo átono. Casos como
“Me empreste o livro” ou “Te direi tudo” não são aceitos pela norma culta da língua portuguesa. Quando há
uma pausa interna no período – uso da vírgula –, não se pode colocar o pronome após essa pausa: “Empreste-
me o livro, me devolva os cadernos”. Nesta última frase, houve uma pausa interna no período e, logo após, a
próclise do pronome ME, causando erro gramatical. Existem regras para a disposição desses pronomes em
relação aos verbos. Abaixo, uma tabela mostrando as regras da colocação:
a) PALAVRAS QUE ATRAEM PRÓCLISE - As de sentido negativo: Não nos perguntaram sobre a prova.
(Essas palavras aparecem antes do verbo e/ Nunca me fizeram favores. / Jamais te contaram a verdade.
fazem com que o pronome seja colocado - Os advérbios: Depois nos veremos. / Ali se vendem flores.
também antes do verbo) (Se houver pausa depois do advérbio, a próclise não ocorrerá).
- Pronomes relativos, indefinidos e demonstrativos: Alguém o
ajudará./ Isso me faz triste. / Aquela é a menina que me
emprestou os livros.
- Conjunções subordinativas adverbiais: Quando te falarem a
verdade, você poderá resolver esses problemas. / Como me
disseram, eu fiz o trabalho.
- Sujeito: (Alguns autores e algumas bancas já aceitam o sujeito
como atrativo de próclise, mas essa atração ainda não é
considerada norma culta). Os alunos se enturmaram. / Eu lhe
falei a verdade.
- Exclamativas: Essas coisas me aborrecem!
b) FRASES QUE FORMAM PRÓCLISE - Interrogativas: Quem te disse isso?
- As que exprimem desejo: Jesus te abençoe.
- Gerúndio precedido de preposição EM: Em se tratando desse
c) OUTROS CASOS DE PRÓCLISE assunto, prefiro não comentar.
- Infinitivo pessoal precedido de preposição: Foram punidos
por nos trazerem até aqui.
- Verbo no futuro do presente do indicativo: Dar-te-ei os
d) MESÓCLISE (o pronome “quebra” o verbo presentes.
ao meio, ficando entre o radical e a - Verbo no futuro do pretérito do indicativo: Dar-te-ia os
desinência) presentes.
OBS: O infinitivo pessoal é aquele que ganha uma desinência de pessoa. Observe a diferença:
O bom é estudar (infinitivo). / O bom é estudarmos. (infinitivo pessoal, pois ganhou a desinência –mos de
primeira pessoa do plural).
a) Se a forma verbal terminar em vogal oral ou ditongo oral, não há alteração no pronome oblíquo (Ensina-o;
Escondeu-as);
b) Se a forma verbal terminar em “r”, “s” ou “z”, o pronome oblíquo virá acompanhado de “l”, e o verbo perderá
a consoante final (cantá-lo; recebê-la; fi-las);
c) Se a forma verbal terminar em ditongo nasal, o pronome oblíquo virá acompanhado de “n” (dão-no; contam-
nas).
OBS: Se a forma verbal estiver na 1a pessoa do plural e for acompanhada pelo pronome “nos”, cai o “s” final do
verbo (Espantamo-nos).
d) Quando aparecerem as letras “r”, “s”, “z” (nos verbos) imediatamente antes dos pronomes “o”, “a”, “os”,
“as” na mesóclise, o verbo perderá as letras citadas e os pronomes ganharão a letra L: comprarei + o = comprá-
lo-ei / levaria + os = levá-los-ia.
CAPÍTULO 7
CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL
I. VERBAL
g) SUJEITO COMPOSTO LIGADO POR “NEM” Nem Pedro nem João será o primeiro colocado no
concurso de Matemática. (Nenhum dos dois = verbo
no singular).
Nem o Brasil nem o Chile jogaram bem. (Os dois =
verbo no plural. Entende-se que ambos não
jogaram bem.)
h) NÚCLEO DE SUJEITO COM SENTIDO PARTITIVO A maioria dos alunos faltou. / A maioria dos alunos
OU COLETIVO GENERALIZANTE (PARTE DE, PORÇÃO faltaram.
DE, A MAIOR PARTE, A MENOR PARTE, A MAIORIA DE, O bando de pássaros voou. / O bando de pássaros
A MINORIA DE, BANDO...) + ADJUNTO ADNOMINAL voaram.
NO PLURAL Grande número de empresários faliu. / Grande
(Verbo no singular, concordando com o núcleo ou verbo número de empresários faliram.
no plural, concordando com o adjunto adnominal
plural) Se o adjunto adnominal estiver no singular e o verbo
no singular: A maioria da turma faltou. (Observe
que, aqui, tanto o núcleo quanto o adjunto estão no
singular, então, o verbo fica no singular)
i) PERTO DE, MAIS DE, MENOS DE, CERDA DE + Perto de quinhentas pessoas compareceram ao
NUMERAL evento.
(O verbo da oração concordará com o numeral, com Mais de dois alunos desistiram do concurso.
exceção do caso que aparece na letra d, em que o verbo Menos de duzentas pessoas viajaram neste final de
obrigatoriamente irá para o plural) semana.
Mais de um aluno ficou doente.
Cerca de dez animais fugiram daquele sítio.
j) “UM DOS QUE”, “UMAS DAS QUE” Ela foi umas das que pediram afastamento no
(Há divergência entre alguns gramáticos, mas as bancas trabalho. / Ela foi uma das que pediu afastamento
no geral têm aceitado o verbo tanto no singular quanto no trabalho.
no plural) Ele foi um dos que passaram naquele concurso. / Ele
foi um dos que passou naquele concurso.
k) PRONOME RELATIVO QUE / PRONOME Ela é uma pessoa que trabalha muito.
RELATIVO QUEM Fui eu que mandei o recado.
(Pronome QUE: o verbo da oração subordinada És tu que precisas de dinheiro.
concorda com o termo antecedente ao pronome QUE. Fui eu quem mandei o recado. / Fui eu quem
Pronome QUEM: o verbo da oração subordinada mandou o recado.
concorda com o termo antecedente ao pronome QUEM És tu quem sabes tudo. / És tu quem sabe tudo.
ou concorda com o pronome QUEM – neste caso, o
verbo fica na terceira pessoa do singular).
l) NOMES DE LUGAR NO PLURAL Os Estados Unidos são um país capitalista.
(Observar o artigo! Se aparecer o artigo plural, verbo no Estados Unidos é um país capitalista.
plural. Se não aparecer o artigo, verbo no singular). Minas Gerais produz ouro.
As Minas Gerais produzem ouro.
n) DAR, BATER, SOAR + NUMERAL Bateram três horas no relógio da igreja. (“no
(O verbo concorda com o numeral, porém se algum relógio” não pode ser sujeito, pois está
substantivo na frase virar sujeito, o verbo concordará
preposicionado)
com esse sujeito). Deu uma hora.
Soaram duas horas no relógio da catedral.
O relógio da catedral soou duas horas. (Aqui,
“relógio” é o sujeito, portanto o verbo SOAR ficou
na terceira pessoal do singular)
o) NUMERAL EM PORCENTAGEM OU 10% da população vivem na miséria. / 10% da
FRACIONÁRIO + ADJUNTO ADNOMINAL. população vive na miséria.
(O verbo concorda com o numeral núcleo do sujeito ou 80% dos candidatos são ficha suja.
com o adjunto adnominal. O numeral só é considerado 80% da turma fizeram boa prova. / 80% da turma fez
plural de “2” em diante). boa prova.
1% dos alunos faltaram ontem. / 1% dos alunos
faltou ontem.
1% da classe faltou ontem.
OBS: SILEPSE: Expressões que concordam com a ideia expressa, e não com a expressão escrita. São, portanto,
concordâncias ideológicas.
• de número:
a) Os Lusíadas é uma obra fantástica.
b) Apareceu gente de todos os cantos. E gritavam.
Observe que o verbo SER na letra a concorda com a ideia de “obra” (singular), e não com o termo plural expresso
“Os Lusíadas”. Na letra b, o verbo plural “gritavam” concorda com a ideia de “muitas pessoas”, e não com o
termo singular expresso “gente”
• de pessoa:
a) Os brasileiros somos alegres.
b) Tu vai à festa amanhã?
Observe que na letra a o verbo SER concorda com a ideia de primeira pessoa do plural (nós), e não com o termo
expresso “os brasileiros” (terceira pessoa do plural). Na letra b, o verbo “vai” concorda com a ideia de terceira
pessoa (você), e não com o termo expresso “tu” (segunda pessoa).
Você pode se perguntar: “Mas esse tipo de concordância é gramaticalmente correto?”. A resposta é: depende.
Frase como “Os Lusíadas é uma obra fantástica” está de acordo com a norma culta, como visto na letra m, porém
frase como “Tu vai à festa” não é aceita pela norma culta, no entanto é bastante usada na linguagem informal.
É importante entender que a prova pode perguntar qual é o tipo de concordância que aparece nessas frases, e
simplesmente não perguntar se está “certo” ou “errado”.
II. NOMINAL
NUMERAIS X ADVÉRBIOS
A palavra MEIO:
- O numeral indica METADE e pode se ligar a substantivos. Pode variar.
- O advérbio indica INTENSIDADE e se liga a adjetivos. Não varia.
Não falo MEIAS palavras. / O relógio marca MEIO dia e MEIA.
Carla saiu MEIO desapontada. / As janelas estavam MEIO cerradas. (advérbio = não varia)
A palavra TODO: não confundir a utilização do advérbio TODO, pois ele se liga a adjetivo e indica totalmente.
Elas estão TODO molhadas. Ela é TODO poderosa.
PRONOMES X ADVÉRBIOS
As palavras MUITO, POUCO, BASTANTE, MENOS E MAIS
- Serão pronomes indefinidos quando ligados a substantivos.
- Serão advérbios quando ligados a verbos ou a adjetivos.
O pronome MESMO: A expressão reflexiva sempre se flexionará de acordo com o sujeito. Assim como PRÓPRIO.
Eu MESMA farei o bolo – disse ela. / Cumprimentavam a si MESMOS. / Ela PRÓPRIA fará os exercícios.
Vão EM ANEXO as folhas. Vão EM ANEXO ao processo várias fotografias. Os documentos seguem EM ANEXO.
EM ANEXO estão as anotações.
A palavra OBRIGADO
- Variável.
A palavra QUITE
- Variável
Estamos quites.
A palavra JUNTO
- Variável;
- Quando vem acompanhada das preposição A/DE/COM, é invariável.
As alunas foram ao teatro JUNTO com o mestre. As máquinas estão JUNTO à ponte.
Nós sairemos JUNTOS. Antônio e Maria chegaram JUNTOS.
A palavra LESO
- Variável
A palavra SÓ
- Variável, quando equivale ao adjetivo SOZINHO;
- Invariável, quando equivale à palavra SOMENTE.
A palavra ALERTA
- Invariável
Garotas JOIA.
Reuniões RELÂMPAGO.
Comícios MONSTRO.
Calças laranja.
Blusas cinza.
Observe que, na maioria dos casos, o sentido muda. Portanto, temos de ter cuidado ao escolhermos a
concordância.
A palavra CONFORME
- Quando equivale a SEGUNDO, DE ACORDO COM, COMO é invariável;
- Quando equivale a CONFORMADO é adjetivo; portanto é variável.
A palavra POSSÍVEL
- Variável.
Observe que POSSÍVEL concorda com o artigo da expressão O MAIS/ OS MAIS, enquanto o adjetivo COMPLICADO
concorda com seu substantivo CASOS. Quando mudamos a ordem da frase, entendemos melhor esse tipo de
concordância: São casos complicados os mais possíveis. / São casos complicados o mais possível.
SILEPSE
Expressões que concordam com a ideia expressa, e não com a expressão escrita.
- de gênero:
Vossa Majestade é muito bondoso. (A estrutura do pronome pessoal de tratamento VOSSA MAJESTADE é uma
estrutura feminina, porém a frase se refere a um rei, e não a uma rainha)
A gente ficou calado. (A estrutura de A GENTE é uma estrutura feminina, porém a concordância deu-se
entendendo que nesse grupo de pessoas há homens e mulheres ou há só homens, ficando, portanto, o adjetivo
CALADO no masculino)
São Paulo era encantadora. (SÃO PAULO é masculino, porém a concordância do adjetivo no feminino deu-se
com a ideia de CIDADE)
CAPÍTULO 8
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL
Para entendermos Regência, precisamos também entender Transitividade. A transitividade é a relação que o
verbo mantém com o seu complemento. Se o verbo não apresenta complemento, ele não transita, por isso é
chamado de intransitivo. Se o verbo tem complemento, ele transita e, dependendo da forma como faz essa
transitividade, o verbo será chamado de transitivo direto (quando não há necessidade de existir uma preposição
entre o verbo e o complemento), transitivo indireto (quando há necessidade de existir uma preposição entre o
verbo e o complemento) ou transitivo direto e indireto (bitransitivo). Os complementos dos verbos são
chamados de objetos, que são os alvos da ação verbal. Não confundir objeto com adjunto adverbial, que é um
termo acessório da oração e modifica o verbo, por meio de uma circunstância: lugar, tempo, modo, companhia
etc.
a) Luciana ofereceu muito dinheiro ao seu irmão. – O verbo OFERECER tem, nesse contexto, dois alvos, ou seja
dois complementos: “muito dinheiro” (objeto direto) e “ao seu irmão” (objeto indireto). Luciana OFERECEU
alguma coisa A alguém. Portanto, transitivo direto e indireto.
b) Luciana ofereceu muito dinheiro. – Nesse contexto, o verbo OFERECER tem apenas um complemento, o
objeto direto “muito dinheiro”. Portanto, transitivo direto.
c) Luciana ofereceu ao seu irmão. – Nesse contexto, o verbo OFERECER tem apenas um complemento, o objeto
indireto “ao seu irmão”. Portanto, transitivo indireto.
d) Luciana ofereceu de bom grado. – Nesse contexto, o verbo OFERECER não tem nem objeto direto (o que
ofereceu) nem objeto indireto (a quem ofereceu). A expressão “de bom grado” é o modo como Luciana praticou
a ação verbal, portanto é um adjunto adverbial de modo. Se não há objeto(s), não podemos dizer que o verbo
transitou, portanto o verbo é intransitivo.
Outros exemplos:
e) Juliana estudou língua portuguesa ontem. – “língua portuguesa” é o objeto direto do verbo ESTUDAR (o que
Juliana estudou). A palavra “ontem” indica o momento em que a ação verbal aconteceu, portanto é o adjunto
adverbial de tempo. Nesse contexto, o verbo tem um objeto e esse objeto é direto: verbo transitivo direto.
f) Juliana estudou ontem. – perceba que agora o objeto direto não está mais presente na frase, portanto não há
como se falar em transitividade, mas sim em intransitividade.
OBS: Nem todo objeto preposicionado é um objeto indireto. Existe o objeto direto preposicionado, aquele que
recebeu uma preposição por uma questão semântica, e não sintática, ou seja, o verbo não exige a preposição.
Exemplo: Bebeu o vinho / bebeu do vinho. O verbo BEBER é transitivo direto, pois “quem bebe BEBE algo” e a
preposição da segunda frase tem a função modificar o sentido: “Bebeu do vinho” = bebeu uma parte, um cálice.
A regência trata da relação de dependência entre termos de uma oração ou entre uma oração e outra oração.
Termos que exigem a presença de outros termos chamam-se subordinantes ou regentes, e termos que são
exigidos chamam-se termos subordinados ou regidos. Quando o termo subordinante é um verbo, a regência é
verbal. E, é importante saber se, nessa regência, haverá ou não a presença de uma preposição e, se houver, é
importante saber qual é a preposição exigida.
Abaixo, uma lista com os principais verbos cobrados em concursos públicos e suas corretas regências.
1. ASSISTIR
a) No sentido de ver: ASSISTE A algo.
Assistimos ao filme de ontem.
Assistimos à novela de ontem.
2. ASPIRAR
a) No sentido de respirar, sorver: ASPIRAR algo
Ele aspirou o pó da mesa da sala.
Ela aspirou o perfume das flores.
b) No sentido de desejar, almejar: ASPIRAR A algo
Ele aspira ao cargo daquele concurso.
Ele aspira à vaga daquele concurso.
3. VISAR
a) No sentido de rubricar, confirmar, autenticar: VISAR algo
O gerente do banco visou o cheque
b) No sentido de mirar: VISAR algo
O caçador visou o leão de longe.
c) No sentido de desejar, almejar: VISAR A algo
O candidato visa ao cargo daquele concurso.
O candidato visa à vaga daquele concurso.
4. LEMBRAR E ESQUECER
“Quem lembra LEMBRA algo/alguém” ou “Quem se lembra SE LEMBRA DE algo/alguém”
“Quem esquece ESQUECE algo/alguém” ou ‘Quem se esquece SE ESQUECE DE algo/alguém
Percebam que, quando o verbo está pronominal (o verbo vem acompanhado de um pronome oblíquo) , a
preposição é exigida. Mas quando o verbo não vem acompanhado do pronome, a preposição não é exigida:
5. OBEDECER/DESOBEDECER: OBEDECER A
7. AGRADAR
a) No sentido de satisfazer: AGRADA A algo/alguém.
As notas boas agradaram ao professor no final do ano.
8. QUERER
a) No sentido de pretender, desejar: QUERER algo
Ela quer os brincos de ouro.
Ela quer a vaga do concurso.
b) No sentido de ter afeto, estimar: QUERER A algo/alguém
Ela quer muito aos seus pais.
Observe que há a possibilidade de se colocar o artigo, contanto que este esteja presente nos dois complementos,
para que haja o paralelismo sintático.
OBS: Não se pode intensificar o verbo PREFERIR. Por exemplo: Ela prefere MUITO MAIS teatro a cinema. Essa
construção não é admita pela norma culta, visto que o próprio verbo já dá a ideia intensificadora.
11. IMPLICAR
a) No sentido de acarretar, gerar consequência: ACARRETAR algo.
A confusão no escritório implicou diversas demissões.
b) No sentido de ter implicância: IMPLICAR COM
Ela implica o tempo todo com o irmão.
c) No sentido de comprometer, envolver: IMPLICAR algo/alguém EM algo.
Ele implicou a família EM negócios ilícitos.
OBS: É comum lermos frases como “A empresa não obteve lucro no ano passado. Isso implicará em demissões”.
Porém, como visto na letra a, o verbo IMPLICAR no sentido de GERAR UMA CONSEQUÊNCIA não exige
preposição, de acordo com a norma culta. Logo, a frase corrigida é “Isso implicará demissões”.
OBS: É comum, no cotidiano, os usuários da língua portuguesa usarem um pronome oblíquo acompanhando o
ver SIMPATIZAR, como no exemplo a seguir: Eu me simpatizo com ela. Porém, essa construção não é aceita pela
norma culta. O mais formal é: Eu simpatizo com ela.
Tome cuidado com esses verbos, pois usamos de uma forma e a norma culta cobra de outra. Os verbos que
indicam movimento NÃO são acompanhados da preposição EM. Costumamos dizer frases como “Quando eu
chegar EM casa, irei estudar”, “Voltarei EM Niterói para resolver os problemas”. Essas construções devem ser
feitas com a preposição A (vale também a preposição ATÉ).
14. INFORMAR.
Esse verbo e mais os verbos LEMBRAR, AVISAR, CERTIFICAR, NOTIFICAR e PREVENIR podem apresentar mais de
um complemento. Dos dois complementos apresentados, um será o OD e o outro será o OI. A “pessoa” pode
ser o OD, desde que a “coisa” seja o OI ou a “pessoa” pode ser o OI, desde que a “coisa” seja o OD. Vejamos:
“Quem informa INFORMA alguém DE/SOBRE alguma coisa” ou “Quem informa INFORMA alguma coisa A
alguém”.
OBS: Não se esqueça de que o pronome LHE substitui o objeto indireto e os pronomes O, A, OS, AS substituem
o objeto direto.
Observe a seguinte estrutura: Ontem passou na TV o filme que eu gosto. Na frase há o pronome relativo QUE e,
após esse pronome, há um pronome pessoal do caso reto (Eu) e o verbo GOSTAR. Mas quem gosta GOSTA DE.
Se perguntarmos para a frase “De quem eu gosto?”, a resposta será “o filme”, referente para o complemento
de GOSTAR. Lá em Período Simples aprendemos que, na verdade, o objeto indireto do verbo dessa frase é o
pronome relativo, mas o que interessa aqui é o referente. Temos um verbo pedindo preposição e temos um
termo que representa o objeto indireto. Portanto, só está faltando quem? Óbvio que é a preposição. Mas onde
a encaixaremos? A resposta é: imediatamente antes do pronome relativo. O resultado será: Ontem passou na
TV o filme DE que eu gosto.
Mais exemplos:
Conversei com o menino A quem você se referiu. – a preposição A, que aparece imediatamente antes do
pronome relativo QUEM, foi exigida pelo verbo que vem após o pronome: Quem se refere SE REFERE A
algo/alguém.
Não gosto do lugar PARA o qual ela se mudou. (Ela se mudou PARA o lugar).
Citei a amiga COM quem ela convive há anos. (Ela convive COM a amiga)
Não falarei mais com os amigos Aos quais sempre envio mensagens, mas nunca me respondem. (Eu envio
mensagens Aos amigos/PARA os amigos)
Não é só verbo que rege preposição, nomes também, quando vêm acompanhados de um complemento
nominal. Abaixo, a regência de alguns nomes importantes para provas de concursos públicos:
OBS: Os advérbios terminados em –mente, por serem derivados de adjetivos, tendem a seguir a regência desses
adjetivos. Exemplo: paralelo a, paralelamente a / relativo a, relativamente a.
CAPÍTULO 9
EMPREGO DO ACENTO DA CRASE
A crase significa a fusão de dois sons iguais na língua falada. Tem particular importância a fusão da preposição
A com o artigo A(s), visto que ninguém pronuncia “Vou a a padaria” (o primeiro A é a preposição regida pelo
verbo IR, e o segundo A é artigo que acompanha o substantivo feminino PADARIA). Na língua, juntamos esses
dois sons iguais, pronunciado “Vou a padaria”; é necessário, portanto, que haja, na escrita, uma marca que
indique essa fusão. Essa marca é o acento grave (`): “Vou à padaria”.
A (PREPOSIÇÃO, exigida pelo termo anterior, que pode ser um verbo ou um nome)
+
A (ARTIGO, exigido pelo substantivo) ou
AQUELE, AQUELA, AQUILO (no plural ou não) ou
A (Pronome demonstrativo) ou
A QUAL (AS QUAIS)
Quando formar AO (S) (preposição + artigo) com o masculino, haverá crase no feminino À(S) (preposição +
artigo): Referi-me ao menino / Referi-me à menina / Fiz referência ao patrão do meu irmão / Fiz referência à
patroa do meu irmão.
Só haverá crase antes de nome próprio de lugar quando esse nome admitir artigo definido feminino e o termo
anterior reger preposição A. Para saber se haverá artigo, vale o aprendizado da época da escola: “quem volta
DA, crase há” (pois DA é preposição mais ARTIGO) e “quem volta DE, crase pra quê?” (pois DE é apenas
preposição). Então, peguemos dois exemplos já citados: em “Fui a Santa Catarina” não há crase, pois voltamos
DE Santa Catarina, mas em “Fui à Tijuca” há crase, pois voltamos DA Tijuca.
OBS: Caso o nome venha acompanhado de um especificador, será “craseado”: em “Fui a São Paulo” não há
crase, pois voltamos DE São Paulo, porém em “Fui à São Paulo da garoa” haverá crase, pois “São Paulo” ganhou
um especificador, um qualificador: “da garoa”. O sentido é “Fui à cidade da garoa”, portanto “voltamos DA
cidade da garoa”.
Caso apareça outra preposição antes da hora, não haverá crase: A reunião está marcada para as 14h. Não pode
haver duas preposições acompanhando o mesmo termo. Com exceção da preposição ATÉ: será facultativo o uso
da crase: A reunião irá até às 14h / A reunião irá até as 14h.
Observe que ambos os “lados” têm que ficar “iguais” para haver o paralelismo. No primeiro exemplo, há
preposição e artigo antes de “5h” e preposição e artigo antes de “6h”. Já no segundo exemplo, há só preposição
antes de “5h” e só preposição antes de “6h”. Assim acontece também com o terceiro e o quarto exemplos.
O pronome relativo “a qual” / “as quais” será “craseado” se algum verbo ou nome da oração que o pronome
inicia pedir a preposição A. No primeiro e no terceiro exemplos o nome ALUSÃO e o verbo pronominal REFERIR-
SE pedem preposição A. Já no segundo exemplo, o pronome A QUAL não está craseado, pois não há nenhum
termo regendo preposição A: o verbo DESCONHECER é transitivo direto.
OUVI UMA MÚSICA SEMELHANTE à do rádio (o sentido é “ouvi uma música semelhante àquela música do rádio”)
Ele cortou o cabelo à Roberto Carlos / Comeu bife à parmegiana / Gostava de tutu à mineira / Comeu um frango
à milanesa
Muitos gramáticos entendem que não dá para subentender a expressão “à moda de” antes de palavras que
designam animais, portanto, para esses gramáticos, não haverá crase nestes casos: bife a cavalo / frango a
passarinho.
Por isso, não há crase em locuções adverbiais formadas por palavras masculinas: “Comprei a televisão a prazo”,
“Escrevo o texto a lápis”.
OBS: Em “Darei um presente a/à sua mãe”, a crase é facultativa. Porém em “Darei um presente às suas irmãs”
e “Não darei um presente à minha mãe e não à sua” (na segunda ocorrência), a crase é obrigatória, pois, na
primeira frase, o pronome possessivo está no plural: a facultatividade é em relação ao artigo, e não à preposição.
Caso se retire o acento indicativo de crase, a preposição será retirada da frase e o artigo continuará (Darei um
presente as suas irmãs), causando um erro de regência, pois a preposição é exigida pelo verbo DAR. E, na
segunda frase, o pronome possessivo é substantivo (neste caso, o artigo não é facultativo, e sim obrigatório).
RESUMINDO: Os casos facultativos são nome próprio feminino, pronome possessivo adjetivo feminino no
singular e preposição ATÉ.
OBS:
1. Tempo futuro: Daqui a dois anos me formarei na faculdade.
2. Tempo passado: Há dois anos ela se formou na faculdade.
3. A crase e os numerais: no geral não há crase antes de numeral: Lombada a 100 metros. / Precisamos contar
de 1 a 20. Mas, haverá crase em alguns casos:
a) Quando estiver subentendido, antes do numeral, um substantivo feminino: Li da página 1 à 10. (Li da página
1 à página 10). Este caso também obedece ao paralelismo, visto no CASO 3.
b) Quando houver explícito um substantivo feminino diante de numeral. Neste caso, o numeral é apenas um
determinante do substantivo: Dirigiu-se às duas pessoas abandonadas. No masculino seria “Dirigiu-se aos dois
moradores de rua”, provando que há preposição + artigo.
QUESTÃO DE CONCURSO:
(UFRJ-PR4-2015-AUXILIAR EM ADMINISTRAÇÃO) Assinale a alternativa em que o uso do sinal indicativo de crase
está de acordo com a modalidade escrita formal da Língua Portuguesa.
a) Pequenos rios do Cerrado morrem à cada hora.
b) A visita àqueles biomas revelou a redução da fora.
c) A vegetação do Cerrado não brota mais à passos largos.
d) A atenção à áreas ameaçadas deve ser reforçada.
e) O Brasil deve à esta região do Cerrado sua abundância.
GABARITO: letra B (o nome VISITA rege preposição A; não confundir com o verbo VISITAR, que é transitivo
direto). Na letra A, o certo é “a cada hora” (pronome indefinido); na letra C, o certo é “a passos largos” (locução
adverbial formada por palavra masculina); na letra D, o certo é “a áreas” (há apenas preposição A; ÁREAS está
no plural. Estaria correto também “às áreas, com o artigo plural); na letra E, o certo é “a esta” (pronome
demonstrativo).
CAPÍTULO 10
NEXOS SEMÂNTICOS E SINTÁTICOS ENTRE AS ORAÇÕES, NA CONSTRUÇÃO DO PERÍODO
SINTAXE é a análise estrutural das palavras e das sentenças em um enunciado, as relações formais que
interligam os constituintes de uma sentença e SEMÂNTICA é o sentido das palavras e das sentenças em um
enunciado.
A análise sintática de um termo difere da análise morfológica. Enquanto na análise morfológica pede-se, por
exemplo, para classificar o termo de acordo com sua classe gramatical ou identificar o termo em sua estrutura,
ou seja, identificar a formação dessa palavra, na análise sintática pede-se para indicar qual papel aquela classe
gramatical está exercendo dentro de uma frase, dentro de um contexto. Vejamos os seguintes exemplos abaixo:
Para entendermos melhor a matéria, antes das explicações sobre cada função sintática, vamos entender alguns
conceitos importantes:
1) FRASE: Todo enunciado que tenha significado, sentido completo. As frases transmitem emoções,
informações, ordens, apelos etc.
Que frio!
Atenção!
OBS: Nem toda oração é uma frase. O primeiro exemplo é uma oração – pois tem verbo – e uma frase – pois
tem sentido completo -, mas o segundo é apenas uma oração – pois não faz sentido.
3) PERÍODO: É o conjunto de orações. Esse conjunto pode conter apenas uma oração ou duas, três etc.
Eu estudo muito. – É uma frase, pois faz sentido, é uma oração, pois tem verbo e é um período simples, pois
possui apenas um verbo, uma enunciação verbal.
Eu estou estudando muito. - É uma frase, pois faz sentido, é uma oração, pois tem verbo e é um período simples,
pois, apesar de apresentar dois verbos, possui apenas um enunciado verbal, uma oração. Perceba que os dois
verbos indicam apenas uma ação, a ação de estudar. Temos aqui, portanto, uma única oração, composta por
uma locução verbal (verbo auxiliar ESTAR + verbo principal ESTUDAR).
Eu estudo muito e trabalho. - É uma frase, pois faz sentido, é uma oração, pois tem verbo e é um período
composto, pois possui dois enunciados verbais, duas orações: ESTUDAR e TRABALHAR (duas ações).
CUIDADO: Não confundir verbo com oração. A partir de duas orações, o período é considerado COMPOSTO.
1. O SUJEITO: termo a respeito do qual se declara algo, de quem se fala ou do que se fala.
Precisa-se de dinheiro.
(indeterminado: verbo na 3ª pessoa +
SE pronome indeterminador do
sujeito)
SUBSTANTIVOS, PRONOMES EM
3ª PESSOA (DETERMINADO: SIMPLES GERAL, NUMERAIS
OU COMPOSTO, INDETERMINADO) Eles irão ao show.
Alguns irão ao show.
Muitos irão ao show.
João e Maria irão ao show.
Vieram ao show (verbo na terceira
pessoa do plural, sem referente =
sujeito indeterminado).
OBS: Qualquer termo ou expressão
que servir como referente se tornará
sujeito explícito da frase: Muitos
vieram ao show. / Eles vieram ao show.
/ Mil pessoas vieram ao show.
O sujeito recebe a ação: sujeito A ideia é a de que “um” fez a ação contra “o
PACIENTE outro” ao mesmo tempo: RECIPROCIDADE
Os lutadores agrediram-se
Discutiram um com o outro
2. O PREDICADO: é o que se declara sobre o sujeito. Lembrando que nem todo predicado possui sujeito.
TIPOS DE PREDICADO
2.1. PREDICADO VERBAL: o núcleo é um verbo de ação (transitivo ou intransitivo).
A menina chorava muito. (verbo intransitivo + adjunto adverbial) / O aluno comprou livros usados. (verbo
transitivo + objeto direto) / O professor ofereceu apostilas aos alunos. (verbo transitivo + objeto direto + objeto
indireto).
A menina é feliz. (verbo de ligação SER + predicativo “feliz”) / João parece um touro. (verbo de ligação PARECER
+ predicativo “touro”) / Juliana está doente. (verbo de ligação ESTAR + predicativo “doente”)
OBS: O verbo de ligação é um verbo não nocional, ou seja, é um verbo que não indica ação, mas sim estado,
qualidade. Há verbos que se tornam de ligação dependendo do contexto: O vento virou a canoa. (verbo de ação
VIRAR + objeto direto “a canoa” – predicado verbal) / A menina virou moça. (verbo de ligação VIRAR - pois não
há ação - + predicativo “moça”.)
Os meninos chegaram exaustos da viagem. (verbo de ação CHEGAR + predicativo “exausto”). Essa frase pode
ser divida em duas, uma só com predicado verbal e outra só com predicado nominal: “Os meninos chegaram da
viagem” e “Os meninos estavam exaustos” (nesta última, aparece o verbo de ligação).
O mar rugia agitado. (verbo de ação RUGIR + predicativo “agitado”). Assim como a anterior, esta frase pode ser
dividida em duas: “O mar rugia” e “O mar estava agitado”.
3. ADJUNTO ADNOMINAL: representado por artigos, adjetivos (ou locuções), pronomes adjetivos ou numerais
adjetivos. Tem esse nome por ser considerado “preso” a um núcleo substantivo. No sujeito da frase “Cem livros
da escola pegaram fogo”, o núcleo “livros” vem acompanhado de dois adjuntos adnominais: o numeral “cem” e
a locução “da escola”.
EXEMPLOS:
5. APOSTO: de origem substantiva, o aposto é termo de caráter acessório, ligado a um núcleo substantivo e tem
a intenção de explicar, enumerar, resumir etc.
OBS: A cidade de Florianópolis é linda. (aposto especificador, pois “Florianópolis” é o nome da cidade, portanto,
natureza substantiva). / A cidade vizinha é linda. (adjunto adnominal, pois ”vizinha” não é o nome da cidade, e
sim um qualificador, portanto, natureza adjetiva).
7. ADJUNTO ADVERBIAL: Função que modifica o verbo, o adjetivo ou outro advérbio, apresentando
circunstâncias (essas circunstâncias são vistas no capítulo sobre Morfossintaxe, no subitem Advérbios).
8. PREDICATIVO: único termo que pode ser núcleo do predicado caso este núcleo não seja o verbo e é de caráter
adjetivo tal qual o ADJUNTO ADNOMINAL (de fato, eles são os únicos de valor morfossintático adjetivo).
OBS: Não pode haver um verbo separando o adjunto do - “feliz” é característica temporária do sujeito EU.
termo ao qual ele se refere (como pode acontecer com Perceba que o sujeito não estava assim antes.
o predicativo), pois o adJUNTO fica JUNTO. O adjunto PREDICATIVO DO SUJEITO, pois caracteriza o sujeito
sempre ficará JUNTO do termo que caracteriza: O EU.
menino muito triste não vive bem. / Não vive bem o
menino muito triste. O predicativo pode se descolar na frase:
Caso 1: Haverá uma locução verbal cujo verbo auxiliar será o verbo SER e obrigatoriamente acompanhado de
um particípio, que representará o verbo principal.
Caso 2: Haverá verbo ligado a uma partícula SE. Ocorre a necessidade de esse verbo ter sido VTD fora de
contexto e a palavra que está posposta a esse verbo ter a possibilidade de ser sujeito: não ser preposicionada e
responder às perguntas QUEM ou O QUÊ.
OBS: O AGENTE DA PASSIVA ocorrerá no caso 1, e com raridade no caso 2 (Celso Cunha e Pasquale, ainda que
mencionem tal possibilidade, não apresentam exemplos);
OBS: Ocorrer no caso 1 não significa ocorrer sempre que houver caso 1;
OBS: Talvez exista AGENTE DA PASSIVA relacionado a orações que não se encontram em voz passiva, mas que
estejam apassivadas por causa do particípio: O bolo feito PELO COLEGA estava gostoso.
Como visto neste capítulo, o período que contém mais de uma oração é um período composto. Esse período
pode ser composto por subordinação e/ou por coordenação. As orações subordinadas são vinculadas a um
termo da Oração principal (OP) e são divididas em três:
EXEMPLO: É preciso que o país melhore. = É preciso ISSO (a troca pelo pronome ISSO fez sentido, portanto a
oração é SUBSTANTIVA). Observe que o período está na ordem inversa, começando pelo verbo. Ordem direta:
ISSO é preciso. Portanto, a oração é subordinada substantiva subjetiva, pois exerce a função de sujeito da oração
principal.
Modelo 2: A OP termina por verbos causativos (MANDAR, DEXAR, FAZER) ou sensitivos (VER, ESCUTAR,
OLHAR)
Eu vi MEU TIME CAIR. (Eu vi ISSO = OD)
Mandei O MENINO ENTRAR.
Deixei A CRIANÇA VER.
OBS: Quando desenvolvidas, as orações substantivas são introduzidas por CONJUNÇÃO INTEGRANTE.
Geralmente, QUE ou SE.
Perceba que os dois trechos grifados têm a função de caracterizar o substantivo ALUNA, a diferença é que,
enquanto na primeira frase o termo é apenas um adjetivo, na segunda frase, a expressão grifada é uma oração.
Mandei um telegrama para meu irmão QUE MORA EM ROMA. (subentende-se que não tenho só esse irmão,
pois mandei o telegrama SOMENTE para o irmão que mora em Roma)
Mandei um telegrama para meu irmão, QUE MORA EM ROMA. (só tenho esse irmão)
OBS: Quando desenvolvidas, as orações adjetivas são introduzidas pelos pronomes relativos. Veja esse tema no
capítulo Morfossintaxe, no subitem Pronomes.
Os pronomes relativos apresentam funções sintáticas de acordo com o contexto. Como identificar a função?
Alguns exemplos:
OBS: Os pronomes relativos ONDE e CUJO exercem sempre a função sintática de adjunto adverbial de lugar e
adjunto adnominal, respectivamente.
EXEMPLO: Não fui à escola porque fiquei doente. A oração grifada traz uma circunstância para a oração principal,
dando o motivo da falta. Oração Subordinada Adverbial Causal.
OBS: Veja as classificações que as adverbiais podem assumir no capítulo Morfossintaxe, no subitem Conjunções.
OBS: Quando uma oração subordinada (seja ela substantiva, adjetiva ou adverbial) não apresentar conector e
seu verbo estiver em uma forma nominal (infinitivo, gerúndio ou particípio), essa oração será considerada
reduzida. Observe os exemplos abaixo:
1. Quero que ela estude mais. – a oração subordinada substantiva apresenta conector (a conjunção integrante
QUE) e seu verbo – ESTUDAR – está conjugado. Essa oração é desenvolvida.
2. Ele dá a impressão de ser um palhaço. – a oração subordinada substantiva não apresenta conjunção
integrante e seu verbo está em uma forma nominal (infinitivo). Essa oração é reduzida de infinitivo. A versão
desenvolvida seria “Ele dá a impressão de que é um palhaço”.
3. Comprado o apartamento, a família mudou-se. – a oração subordinada adverbial grifada não tem conector e
seu verbo está em uma forma nominal (particípio). Essa oração é reduzida de particípio, com ideia temporal. A
seguir duas possíveis versões desenvolvidas: “Quando o apartamento foi comprado, a família mudou-se.”. /
“Assim que comprou o apartamento, a família mudou-se.”.
4) ORAÇÕES COORDENADAS
As orações coordenadas são orações independentes entre si. Uma oração “auxilia” a outra, mas não há relação
de independência/hierarquia. Podem ser divididas basicamente em dois grupos:
Os conectores das orações sindéticas podem apresentar cinco valores semânticos, fazendo com que as orações
coordenadas sejam: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas ou explicativas.
OBS: Veja as explicações para esses valores semânticos das coordenadas no capítulo Morfologia, no subitem
Conjunções.
CAPÍTULO 11
EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO
O critério que norteia a pontuação é geralmente sintático. Sendo assim, é melhor ter este respaldo do que se
basear no ouvido. Sendo o critério sintático o principal, algumas duplas sintáticas nunca poderão ser separadas
por qualquer sinal, salvo exceções:
SUJEITO + PREDICADO
NÚCLEO + ADJUNTO ADNOMINAL
VERBOS TRANSITIVOS + OBJETOS
VERBOS DE LIGAÇÃO + PREDICATIVOS
Podem existir expressões deslocadas entre os grupos acima. Nesse sentido, pode haver pontuação entre os dois
elementos.
Exemplos:
João e Maria vão fazer compras amanhã de manhã. (sujeito + locução verbal + adjunto adverbial)
João e Maria, amanhã de manhã, vão fazer compras. (o adjunto adverbial ficou entre o sujeito e o verbo, se
colocássemos uma vírgula apenas, cometeríamos erro gramatical).
João e Maria vão fazer, amanhã de manhã, compras. (aqui, se colocássemos uma vírgula só, separaríamos o
verbo do seu objeto. Não pode!)
VÍRGULA
a) Isolar vocativo: Cara, você não sabe o que me aconteceu! Meu amigo, venha aqui lanchar comigo! /
Alunos, não se esqueçam de estudar muito.
b) Isolar termos sintáticos idênticos: Tomo sorvete de morango, de chocolate, de pistache, de baunilha e
de flocos. (É a famosa enumeração)
c) Isolar termos sintáticos deslocados; em geral, adjuntos adverbiais: Irmãos, todos os dias, pensem uns
nos outros! / Amanhã de manhã, irei à feira.
d) Isolar expressões sem valor sintático, mas que denotem correção ou explicação: aliás, ou seja, isto é,
ou melhor etc.: Você falhou, aliás, não teve um resultado bom. Isto é, você deve repetir o teste.
e) Isolar qualquer objeto ou outra função sintática antes da pleonástica: Meus amigos, como eu os
encontrei abatidos!
f) Isolar o predicativo, sobretudo quando se quer enfatizá-lo: O rapaz, extremamente exausto, resolveu tomar
um remédio e dormir muito. / Extremamente exausto, o rapaz resolveu tomar um remédio e dormir muito.
h) Isolar a oração iniciado por “e” que tenha um novo sujeito ou tenha valor adversativo: O meu time não
ganhou, e o seu técnico foi demitido. (aditiva com sujeito diferente da anterior) / O meu time não ganhou, e
também não foi rebaixado. (adversativa, tem valor de “mas”)
i) Isolar as orações coordenadas: Maria estudou, logo passou. / Ela trabalha, estuda, pratica esporte.
OBS: NÃO se isolam orações coordenadas aditivas de mesmo sujeito: Juliana trabalha e estuda. / Juliana não
trabalha nem estuda.
j) Isolar a oração adjetiva de caráter explicativo: Todos gostam de gatos, que são felinos. / O Brasil, que é o país
do futebol, tem altos índices de criminalidade.
k) Isolar o aposto explicativo: Catarina, minha irmã do meio, passou no vestibular. / Meu professor de
português, um sujeito inteligente, estava doente até ontem.
l) Isolar as palavras repetidas: A prova estava difícil, difícil. / O céu está azul, azul.
OBS: Não confunda sujeito com vocativo! Vejamos os seguintes exemplos: “João estuda todo dia” (“João” é o
sujeito da oração. Na frase, há uma informação sobre ele) / João, estuda todo dia! (“João” é o vocativo. Na frase,
o verbo está no imperativo afirmativo, há uma ordem/conselho para o João seguir. Alguém está falando COM o
João, enquanto no primeiro caso alguém está falando DO João). O sujeito da segunda frase é o pronome TU,
que está elíptico.
OBS: além dos casos sintáticos citados acima, é importante saber que a vírgula pode ter caráter semântico.
Observe as frases abaixo e veja a diferença de sentido entre os pares:
- Não, mate esse menino! / Não mate esse menino! (na primeira, o menino vai morrer; na segunda, não)
- Os funcionários, que fizeram greve, foram demitidos. / Os funcionários que fizeram greve foram demitidos. (na
primeira, todos os funcionários foram demitidos porque todos fizeram greve; na segunda, somente os que
fizeram greve foram demitidos)
- Pedro, o gerente do banco ligou. / Pedro, o gerente do banco, ligou. (na primeira, alguém está avisando ao
Pedro que o gerente do banco ligou; na segunda, Pedro é o gerente do banco)
DOIS-PONTOS
a) Introduzir aposto explicativo ou enumerativo: Só sei de duas coisas: minha cabeça dói e o meu tempo
está se esgotando.
b) Introduzir objetos, geralmente diretos, que denotam fala de alguma personagem: E, de repente, o
rapaz disse: Mãe, você me deve todo seu dinheiro!
c) Introduzir citações: E como afirmou Fernando Pessoa: “Eu sou do tamanho daquilo que vejo, e não do
tamanho da minha altura”.
PONTO E VÍRGULA
a) Isolar termos sintáticos idênticos em uma enumeração, mas que denotem significados diferentes de
acordo com um critério: Meu filho é extrovertido, brincalhão; tem 10 anos, um monte de brinquedos; mostra
coragem e ousadia nas brincadeiras, mas, no fundo, é um medroso.
b) Isolar orações que já tenham, internamente, algum termo separado por vírgula: Existem pessoas que
sabem falar em público; em compensação, existem outras que não conseguem nem ficar em pé diante dele. /
Juliano ama sorvete; Maria, pudim.
c) Isolar os termos de uma enumeração que estejam em forma de lista: Para viajar, é necessário que você
leve os seguintes itens:
- Roupas de cama;
- Escova e pasta de dente;
- Camisa suficiente;
- Dinheiro suficiente.
TRAVESSÃO
a) Introduzir, juntamente com os dois pontos, qualquer objeto, geralmente direto, que denote fala de
alguma personagem:
b) Isolar apostos ou orações adjetivas explicativas: O concurso da Receita Federal - um dos mais difíceis
do país - paga uma boa remuneração. / Frederico - que é meu único irmão - formou-se médico.
ASPAS
a) Destacar uma citação: Foi Charles Chaplin quem disse: “Estou sempre alegre. Essa é a melhor maneira de
resolver os problemas da vida.”.
b) Destacar palavras ou expressões, inclusive as de sentido irônico: Ela não é uma “moça de família”.
c) Destacar fala de personagem: A mãe: “Juliana, venha cá!”. A filha: “Não posso agora!”
d) Destacar estrangeirismos, arcaísmos, neologismos etc.: Hoje, para se dar bem na vida, é necessário ter
“know-how”.
e) Destacar ironia: Aquela “moça” de família destruiu a minha vida.
PONTO
a) Chamado de Ponto Final: Encerrar períodos que terminem com qualquer tipo de oração que não seja a
interrogativa direta, nem a exclamativa, nem as reticências.
b) Acompanhar palavras abreviadas: A informação está na p. 2 / Quero conhecer muitos lugares: Roma, Paris,
Florença etc.
PONTO DE INTERROGAÇÃO
a) Finalizar orações interrogativas diretas, que têm a finalidade de pergunta, mesmo que retórica: Esqueceu
alguma coisa, José?
PONTO DE EXCLAMAÇÃO
a) Finalizar orações exclamativas (indicam estados emocionais, interjeições): Que gentil essa menina! / Ai, que
susto!
OBS: PONTO DE INTERROGAÇÃO E EXCLAMAÇÃO JUNTOS: Você já deve ter visto algumas frases terminadas com
interrogação e exclamação ao mesmo tempo. O autor, nesses casos, quer demonstrar ao leitor que, além de
fazer uma pergunta, está surpreso, como no seguinte exemplo: “Meu Deus, é verdade que o vizinho dela
morreu?!”.
PARÊNTESES E COLCHETES
a) Preencher lacunas de textos, introduzir explicações, adendos e informações que facilitem a compreensão do
texto e servem, até mesmo, para se dirigir ao leitor: Pedro (aquele menino chato) ligou para você. / Eu
suponho (e tudo leva a crer que sim) que você passará em um concurso público. / Vamos confiar (por que
não?) que tudo dará certo. / O país (entenda, caro leitor, que não é uma opinião pessoal) está indo de mal a
pior. / A viagem dela começou em Lisboa (Portugal) e terminou em Roma (Itália).
OBS: O que valer para os termos sintáticos mencionados vale para os mesmos termos em forma de oração.
RETICÊNCIAS
a) Indicar incompletude de pensamento, interrupção ou hesitação:
- João, onde você mora?
- Eu moro...
- Ah, já ia me esquecendo. Marta deixou um recado para você ontem.
Observe que, no diálogo acima, um interlocutor perguntou ao João onde ele mora, mas, antes que João
terminasse a frase, o mesmo interlocutor o interrompeu para dar uma informação. Abaixo, mais exemplos:
(Vinicius de Moraes)
a) Indicar supressão de um trecho de uma transcrição (aqui, geralmente, as reticências vêm entre parênteses):
Observe que, ao final do famoso poema de Manuel bandeira, há reticências, que indicam que o texto foi
recortado exatamente onde está essa pontuação, ou seja, não está transcrito por inteiro. “Vou-me embora pra
Pasárgada” tem mais três estrofes:
OBS: as reticências que indicam recorte de um texto podem estar no início, indicando que trechos anteriores
foram suprimidos, no meio, indicando que trechos internos foram suprimidos, ou ao final, como no exemplo
citado anteriormente.
CAPÍTULO 12
PROVA COMENTADA
01. A palavra “repintando” traz em seu início o prefixo “re-”, que nos dá a noção de algo que se repete. Então,
“repintando” significa “pintar outra vez”. A palavra abaixo formada com esse mesmo prefixo, com ideia de
repetição, é:
(A) retrato.
(B) reabro.
(C) respirar.
(D) remotos.
(E) recendentes.
03. Verbos regulares são aqueles cujos radicais se mantêm inalterados em todas as suas flexões e cujas
desinências seguem estritamente os paradigmas de cada conjugação. Desse modo, afirma-se que são regulares
todas as formas verbais da seguinte opção:
(A) justificam – sobe – sinto.
(B) foram – estou – compara.
(C) estou – justificam – sento.
(D) sobe – compara – percebo.
(E) sento – percebo – compara.
04. Na expressão “o que pensaram seres como eu em dias assustadoramente remotos”, o advérbio
“assustadoramente” tem a função de:
(A) traduzir a negatividade do pensamento dos seres do passado.
(B) atribuir uma atmosfera de medo típica da antiguidade.
(C) intensificar a distância temporal entre o autor e os seres de antigamente.
(D) apresentar a uniformidade do pensamento humano.
(E) atrair a atenção de leitores admiradores de textos de terror.
05. No trecho “Sinto as frustrações neuróticas de tantos seres ansiosos, e a tentativa de superá-las com o
exercício de supostas santidades”, o pronome “las” se refere a:
(A) exercício.
(B) tentativa.
(C) supostas santidades.
(D) tantos seres ansiosos.
(E) frustrações neuróticas.
06. A opção em que todas as palavras recebem acento gráfico pela mesma regra é:
(A) ninguém – próprio – tríplice.
(B) pirâmides – Éden – ninguém.
(C) história – matemático – Éden.
(D) tríplice – pirâmides – matemático.
(E) próprio – história – superá-las.
07. O corpo humano é dotado de cinco sentidos que lhe possibilita interagir com o mundo exterior (pessoas,
objetos, luzes, fenômenos climáticos, cheiros, sabores, etc.). Na frase abaixo, a palavra em destaque diz respeito
a um dos nossos cinco sentidos, a visão. “VEJO as pirâmides subindo; o rosto da esfinge pela primeira vez
iluminado pela lua cheia que sobe no oriente;...” A palavra em destaque que também se refere a um dos nossos
cinco sentidos é:
(A) “SINTO as frustrações neuróticas de tantos seres ansiosos”.
(B) “OUÇO os gritos dos conquistadores avançando”.
(C) “ENTRO na banheira em Siracusa e percebo, emocionado, meu corpo sofrendo um impulso de baixo para
cima”.
(D) “COMPONHO em minha imaginação o retrato de maravilhosas sedutoras, espiãs, cortesãs e barregãs”.
(E) “ACOMPANHO um homem – num desses raros instantes de competência que embelezam e justificam a
humanidade”.
08. “Sento e sinto e vejo, numa criação única, pessoal e intensa, PORQUE ninguém materializou nada num
teatro, numa televisão, num filme.” O conectivo destacado no período acima produz um efeito de:
(A) tempo.
(B) causa.
(C) concessão.
(D) finalidade.
(E) proporção.
09. De acordo com a Gramática de Cunha e Cintra, “Aposto é o termo de caráter nominal que se junta a um
substantivo, a um pronome, ou a um equivalente destes, a título de explicação ou de apreciação.” Com base
nisso, a expressão que apresenta um exemplo de aposto é:
(A) “Observo o matemático inca no orgasmo de criar a mais simples e fantástica invenção humana – o zero”.
(B) “Sinto as frustrações neuróticas de tantos seres ansiosos, e a tentativa de superá-las com o exercício de
supostas santidades”.
(C) “Reabro feridas de traições, horrores do poder, rios de sangue correm pela história, justos são condenados,
injustos devidamente glorificados”.
(D) “Com a emoção a que nenhum sexo se compara, começo, pouco a pouco, a decifrar, numa pedra com uma
tríplice inscrição, o que pensaram seres como eu em dias assustadoramente
remotos”.
(E) “Componho em minha imaginação o retrato de maravilhosas sedutoras, espiãs, cortesãs e barregãs, que
possivelmente nem foram tão belas, nem seduziram tanto”.
10. O pronome relativo destacado no trecho “Sinto as frustrações neuróticas de tantos seres ansiosos, e a
tentativa de superá-las com o exercício de supostas santidades. Com a emoção a QUE nenhum sexo se
compara,...” estabelece a coesão textual, retomando o seguinte antecedente:
(A) frustações.
(B) sexo.
(C) seres.
(D) emoção.
(E) santidades.
11. A justificativa gramaticalmente correta para o uso da preposição “a” no trecho “Com a emoção a que
nenhum sexo se compara...” é:
(A) trata-se de um fato de regência verbal.
(B) representa um caso de concordância verbal.
(C) exemplifica um uso expletivo da preposição.
(D) participa de uma construção artificial da sintaxe da língua portuguesa.
(E) justifica-se por ser parte integrante do verbo.
12. Pode-se afirmar que o narrador está ciente de toda a narrativa com base no seguinte aspecto gramatical:
(A) uso constante da forma de sujeito indeterminado.
(B) realização da concordância nominal (gênero e número).
(C) desenvolvimento da coerência no uso dos adjetivos.
(D) predominância das desinências modo-temporias do presente do indicativo.
(E) prevalência da desinência número-pessoal de primeira pessoa do singular.
13. “Sinto as frustrações neuróticas de tantos seres ansiosos, e a tentativa de superá-las COM O EXERCÍCIO DE
SUPOSTAS SANTIDADES.” A expressão em destaque na frase acima apresenta um valor de:
(A) modo.
(B) tempo.
(C) condição.
(D) finalidade.
(E) concessão.
15. O adjetivo em destaque na frase “Respiro o ar inaugural do mundo, o perfume das rosas do Éden ainda
RECENDENTES de originalidade” produz o sentido de:
(A) vaporizando sutilezas.
(B) exalando novidades.
(C) resplandecendo sucesso.
(D) aromatizando com perfumes.
(E) transparecendo antiguidades.
GABARITO
1. GABARITO B. A palavra “reabro” é formada pelo prefixo –re mais o vocábulo “abro” (derivação prefixal), que
significa “abrir de novo”.
2. GABARITO B. Por meio das formas infinitivas dos verbos, é possível identificar a que conjugação cada um
pertence: “sentar”, sentir” e “ver”. As terminações -ar, -ir e -er indicam que os verbos pertencem,
respectivamente, às primeira, terceira e segunda conjugações.
3. GABARITO E. O próprio enunciado explica ao candidato o que é um verbo regular (radical inalterado e
desinência seguindo um paradigma). A única opção em que todas as formas verbais mantêm a regularidade é a
letra E. A forma “sento”, do verbo “sentar”, mantém a regularidade dos verbos de primeira conjugação na
primeira pessoa do singular do presente do indicativo: eu amo, eu viajo, eu falo, eu ando. A forma “percebo”,
do verbo “perceber”, mantém a regularidade dos verbos de segunda conjugação na primeira pessoa do singular
do presente do indicativo: eu bebo, permaneço, eu compreendo, eu debato. A forma “compara”, do verbo
“comparar”, mantém a regularidade dos verbos de primeira pessoa na terceira pessoa do singular do presente
do indicativo: ele ama, ele chama, ele chora. Essa forma “compara” também pode ser, em determinado
contexto, o imperativo afirmativo na segunda pessoa do singular: compara tu; mesmo assim, a regularidade será
mantida: ama tu, brinca tu, conta tu.
4. GABARITO C. O narrador vislumbra os fatos passados por meio da leitura. No trecho “o que pensaram seres
como eu em dias assustadoramente remotos”, o advérbio “assustadoramente” enfatiza a idéia estabelecida
pelo adjetivo “remotos”, indicando a distância, no tempo, entre o que o narrador vive hoje e os acontecimentos
passados.
5. GABARITO E. O pronome oblíquo destacado só pode referir-se, devido à sua forma no feminino plural, a um
substantivo no feminino plural. Portanto, as opções A, B e D já têm que ser descartadas imediatamente. Pelo
contexto observa-se que o pronome retoma “as frustrações neuróticas”, cujo núcleo é “frustrações” (... e a
tentativa de superar as frustrações neuróticas).
7. GABARITO B. Os cinco sentidos do corpo humano são visão, audição, paladar, tato e olfato; portanto, a forma
verbal “ouço” é a reposta, visto que se refere ao sentido “audição”.
8. GABARITO B. O período destacado no enunciado gera uma relação de causa e consequência. A oração iniciada
pela conjunção PORQUE é a causa da oração anterior. O narrador consegue sentir e ver de maneira única
justamente porque ninguém conseguiu materializar nem no teatro nem na televisão nem num filme. Isso só se
deu no livro.
10. GABARITO D. O pronome relativo QUE funciona como elemento coesivo, retomando um termo anterior. No
contexto da frase destacada, esse pronome retoma “emoção”, visto que o sentido da oração iniciada pelo
pronome relativo é “nenhum sexo se compara à emoção”.
11. GABARITO A. A preposição que antecede o pronome relativo QUE é exigida pelo verbo da oração adjetiva:
nenhum sexo se COMPARA A (algo).
12. GABARITO E. O narrador do texto não é um narrador observador, visto que participa da narrativa, colocando
suas impressões sobre os fatos. Isso pode ser percebido por meio da primeira pessoa verbal: “respiro”, “vejo”...
13. GABARITO A. O trecho destacado no enunciado indica o MODO como aqueles seres tentaram superar as
frustrações.
14. GABARITO D. O narrador “passa” por fatos da história da humanidade, conforme descrito no trecho “Aqui
sozinho, nesta calma, toda a história da humanidade e da vida rolam diante de mim”. O narrador cita o início da
humanidade, a criação do homem, do ponto de vista bíblico, ao falar sobre Adão e Eva; passa pelas pirâmides,
pela Capela Sistina e outros acontecimentos, demonstrando o quão envolvido nessa leitura ele está e
interpretando-a, refazendo-a à sua maneira, visto que, ao narrar os fatos, o narrador relata-os de uma maneira
peculiar, implícita, como no trecho “Respiro o ar inaugural do mundo, o perfume das rosas do Éden...”.
15. GABARITO B. O adjetivo “recendente” significa “que exala”, “aromático”; portanto, “exalando novidades”
justifica a semântica do adjetivo destacado no contexto com a palavra que o segue no texto: “originalidades”.