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6. LITERATURA DE CORDEL:
CORDEL: HISTÓRIA E ORALIDADE
ORALIDA
O presenteartigo centra-se
se emestudar a literatura de cordel, colocando emevidênciaalgunsaspectos
emevidênciaalgunsaspectos ligados ao
gênero, bem como, a partir dele, ressaltara importânciadoo trabalho de oralidade na sala de aula.
Combasenosestudos de Abreu, Maxado e Marcuschi,
Marcuschi o corpusa ser analisado é constituído de quatrofolhetos
de literatura de cordel,, publicados emdiferentesdécadas do século XX. Os folhetossão: “O cachorro dos
mortos”, de Leandro Gomes de Barros, “História do capitão do navio”, de Silvino Pirauá de Lima, Lima “A
chegada de Lampião no Inferno”, de José Pacheco, e “Vaquejada de setepeões prá derrubar uma mineira”.
Esteartigo está dividido emtrêspartes. Na primeiraparte, é feita uma discussãogeralsobreliteratura de cordel.
Na segundaparte buscamos fazer uma breveretomada da história da literatura de cordeldesde Portugal
atésuachegadaemterras brasileiras.
rasileiras. Na terceiraparte é analisada a materialidade dos folhetos, quando
pretendemos darconta de aspectos ligados à forma e ao conteúdo da literatura de cordel.
This paper focus on studying Cordel literature in a diachronic perspective, highlighting the changes and
continuities of some aspects related to genres and the work of orality in the classroom, in order to stress the
importance of this genre. Based ed on studies of Abreu, Maxado and Marcuschi,
Marcuschi the corpus to be analyzed
consists of four leaflets of this literature, published in different decades of the twentieth century. This article
is divided into three parts. In the first part, a general discussion of Cordel literature is made. In the second
part we seek to make a brief resume of the history of Cordel literature from Portugal to his arrival on
Brazilian soil. The third part analyzes the materiality of the leaflets, when we want to account for aspects of
the form and content of the musical literature.
lite
Cadernos
nos do Tempo Presente, n.15, mar./abr.,
mar./abr p. 86-100 | www.getempo.org
LITERATURA DE CORDEL: HISTÓRIA E ORALIDADE
Este artigo está dividido emtrêspartes, além da introdução. Na primeiraparte, é feita uma
discussãogeralsobreliteratura de cordel. Na segundaparte buscamos fazer uma breveretomada da
história da literatura de cordeldesde Portugal atésuachegadaemterras brasileiras. Na terceiraparte
serão analisadas ascaracterísticas do gênero, quando pretendemos darconta de aspectos ligados à
forma (capa, estrutura poética e autoria) e ao conteúdo da literatura de cordel. E, finalmente, ainda
na terceiraparte e últimadimensão da análise do gênero, será evidenciado como o estudo da
literatura de cordelemsala de aula pode corroborarcom o aspectooral da línguaemaulas de
português.
De acordocom essa ótica, GalvãoIX, afirma que “váriosestudos [...] apontam a função informativa
como uma das maisimportantes desempenhadas pelaliteratura de cordel”.Então,não raras vezes, as
camadasmaispopularesaqui no Brasil, principalmente no interior do nordeste, só tinham acesso às
informaçõesatravés das declamações dos folhetos dos poetas.
MaxadoX ressalta que a literatura de cordel pode sertambém denominada de folhetos, abecês,
romances, histórias, pasquimouarrecife. Arrecife, porque a cidade do Recife foi a
primeiracidadebrasileira a tertipografias especializadas na publicação de folhetos de cordel. De
acordocomMatosXI, no Brasil, é apenasdepois da década de 1960 que os poetaspopulares conhecem
a nomenclaturaliteratura de cordel. Antes disso, só o públicointelectualizado, quetinhaacesso às
manifestações culturais e literárias ibéricas, conhecia a expressão “literatura de cordel”. A
nomeação dos gêneros é uma construção de caráterhistórico e socialXII. Istoreforça a ideia de que a
denominação “literatura de cordel” passou a ser utilizada emlargaescalasódepois da adesão do
termopelospoetaspopulares. A partir do momentoquetantointelectuais como cordelistas passaram a
utilizar o nomeliteratura de cordelparadesignar esses folhetosemprosacomtemáticas variadas é que
o públicoleitortambém aderiu à nomenclatura.
A origem da literatura de cordel é incerta, pois os estudos que já foram realizados na área não
entram em consenso com relação ao surgimento desse gênero, que, na perspectiva de AbreuXIV,
surgiu como um “gênero editorial” que permitiu a divulgação de gêneros variados e textos de
origens diversas. A maioria das pesquisas atribui uma origem ibérica ao cordel, mas também
existem aquelas que apontam uma suposta origem árabe. A única certeza que existe sobre o início
da circulação desse gênero é que ele surgiu da cultura oral, e só com o advento da imprensa, no
A literatura de cordel portuguesa, como assinala AbreuXVII, abarcava textos tanto em prosa quanto
em verso de gêneros diversificados, produzidos e consumidos por diferentes camadas sociais. Os
textos que circulavam sob a forma de folhetos de cordel geralmente não tinham sido feitos para
aquele tipo de publicação, por isso não obedeciam, na maioria das vezes, a regras formais. Eram
textos inseridos no suporte do cordel para facilitar a circulação e a venda, já que era utilizado um
material de baixo custo para confeccioná-los. A literatura de cordel portuguesa, então, era acessível
tanto às classes abastadas como às classes menos favorecidas.
Literatura de cego é outra denominação para os folhetos portugueses, pois, por muitos séculos em
Portugal, a venda desses textos era de exclusividade dos cegos, que tinham recebido esse direito
através de uma imposição régia. Os cegos de memória declamavam as histórias em praças e feiras,
costume herdado da Idade Média, época em que era comum a declamação de canções decoradas e
improvisações de versos por menestréis e trovadores provençais.
É por volta de 1769 e 1782 que chegam ao Brasil os primeiros cordéis vindos de Portugal. Sílvio
RomeroXVIII afirmava que os cordéis portugueses podiam ser encontrados no Brasil nas principais
cidades do Império. Os folhetos contavam geralmente histórias de heróis e personalidades
portugueses e na sua maioria eram em prosa. Em contato com a realidade brasileira, os cordéis,
provindos de Portugal, sofreram algumas alterações para adaptarem-se ao estilo das cantorias
existentes no Brasil, principalmente no nordeste, região na qual o cordel fincou suas raízes e
floresceu.
Não existe uma conciliação entre os estudiosos da literatura de cordel sobre o primeiro folheto de
cordel brasileiro. Não há uma convergência, como afirma o estudo de MaxadoXIX. De acordo com o
autor,
O grande folclorista Câmara Cascudo diz que o primeiro folheto de cordel brasileiro
publicado foi o romance “Zezinho e a Mariquinha ou a Vingança do Sultão”, do cantador
Silvino Pirauá de Lima, em fins do século XIX. [...] Entretanto, Ariano Suassuna dá notícia
de um folheto impresso em 1836, o “Romance d’ A Pedra do Reino”, que circulava pelos
sertões.
Já Horácio de Almeida, outro folclorista, afirma que foi de Leandro Gomes de Barros os
primeiros folhetos impressos, nos fins do século passado.
A certeza é que o cordel brasileiro, partindo das raízes do cordel português, sofreu adaptações
criando sua forma própria e inserindo em seu enredo elementos e personagens tipicamente
Antes de realizar um breve estudo sobre o percurso da capa, da estrofação e dos direitos autorais na
literatura de cordel será feita uma explanação sobre o suporte do gênero. Deve-se entender por
suporte um ″portador do texto″, ″um locus físico ou virtual com formato específico que serve de
base ou ambiente de fixação do gênero materializado como texto″XXI. Por causa da relação gênero e
suporte é que AbreuXXII em seus estudos afirma que, quando surgiu em Portugal, a literatura de
cordel era considerada um gênero editorial. Segundo a autora, “o termo “literatura de cordel
portuguesa” abarca textos em verso, prosa, de diversos gêneros, oriundos de várias tradições
culturais, produzidos e consumidos por amplas camadas da população”. Com a chegada ao Brasil, a
literatura de cordel portuguesa sofre adaptações que fazem com que ela passe a ser considerada um
gênero. Entre essas adaptações, a mais marcante é a utilização da forma poética.
Capa
Segundo MatosXXIII, a imagem pode representar/ traduzir o texto escrito ou sua ideia central, e por
isso a capa é um dos elementos que mais caracterizam a literatura de cordel, visto que na maioria
dos folhetos é apenas na capa que aparecem ilustrações. Essas imagens na literatura de cordel têm
funções diversas, tais como: remeter o leitor ao assunto que será tratado no folheto, estimular a
imaginação do possível comprador, colaborar para a decifração do texto e servir como meio de
propaganda e divulgação do folheto.
As capas dos folhetos de literatura de cordel, como a maioria das capas dos outros gêneros, têm
características que são facilmente reconhecíveis. Entre estas podemos destacar a xilogravura, que é
a arte de fazer reproduções de imagens gravadas em madeira. A xilogravura funciona como uma
espécie de carimbo e é sempre associada à literatura de cordel. Entretanto, nem sempre esse tipo de
ilustração esteve presente nos folhetos. As primeiras capas de cordel eram denominadas de
“folhetos sem capa”. Essa denominação, segundo SouzaXXIV, era utilizada porque, inicialmente, as
capas brasileiras eram compostas por título e nome do autor, acompanhadas por vinhetas, que foram
utilizadas até meados dos anos 20. Nessa época a função da capa era apenas identificar o exemplar.
AbreuXXVIII evidencia que nos anos 40 e 50 os folhetos pernambucanos mostravam uma tendência
em utilizar capas ilustradas com clichês de zinco, fotografias e/ou cartões postais. A partir dos anos
40 a xilogravura passou a ser, então, a mais utilizada de todas as ilustrações, porque viabilizava a
reutilização do material para imprimir muitas cópias, o que não ocorria com os tipos de ilustrações
anteriores. Isso fazia com que o processo de fabricação da capa fosse mais fácil, rápido e barato.
É importante destacar também que não só as capas de cordel com o tempo também foram ganhando
coloração, mas o folheto inteiro. Outra observação é que durante os estudos não foi encontrado
como se deu o percurso de modificação ou permanência das capas dos cordéis portugueses. Sabe-se
apenas que alguns continham ilustrações em suas capas e outros não.
Direitos autorais
O conceito que se tem hoje de direito autoral nasceu em 1719, na Inglaterra, mas demorou a se
difundir pelo mundo. Antigamente, na literatura de cordel feita no Brasil, quem detinha o direito
sobre as obras eram os editores e não os autores das publicações. Os cordelistas não tinham o
cuidado de garantir os direitos autorais sobre suas obras. O que mais importava, segundo os estudos
de LuytenXXIX, era a presença nos folhetos do nome do editor, que era responsável pela distrição e
venda das histórias. Diferentemente do Brasil, em Portugal as histórias frequentemente traziam os
nomes dos seus autores, já que a literatura de cordel em Portugal, na maior parte das vezes, era um
suporte para outros gêneros.
Nos folhetos de cordel deveriam constar no alto da capa o nome do autor; em seguida o nome do
editor e o título da história. No entanto, poucos folhetos traziam estas informações. Muitas vezes
aparecia na capa apenas o nome do editor, sem identificar o autor. Outras vezes era comum os
editores identificarem-se como editores-proprietátios. Ainda havia aqueles folhetos que só traziam o
nome do autor, sem mencionar editor,data e local de produção.
Quando a população brasileira, principalmente a nordestina, tomou gosto pela literatura de cordel,
os seus autores começaram a ter o interesse de registrar as obras com os seus nomes. Uma
alternativa encontrada foi a utilização de uma composição poética denominada acróstico. O
acróstico é geralmente utilizado na última estrofe da literatura de cordel. Segundo MaxadoXXX, para
se formar o acróstico o autor “[...] começa cada verso com as letras do seu nome ou pseudônimo.”
O acróstico passou, então, a ser uma forma criativa e poética de garantir os direitos autorais, e
quando aparecia nos folhetos era considerado a assinatura do autor. No entanto, não foram raras as
vezes em que editores e até mesmo outros poetas modificaram acrósticos para se apropriarem
indevidamente de folhetos. Algumas vezes, quando esta alteração era feita, era possível perceber
que os versos de uma mesma estrofe ficavam sem conexão entre si.
Às vezes o poeta vendia o direito autoral de algumas de suas obras em troca de dinheiro ou do lucro
da venda de seus próprios folhetos. Outra prática comum era a venda de direitos autorais de
cordelistas falecidos. Suas famílias vendiam os direitos autorais para outro cordelista ou para uma
editora. Essa prática fazia com que a família arrecadasse dinheiro e também mantinha vivas as
histórias do cordelista falecido. O novo dono das histórias publicava-as novamente, utilizando o
título de editor-proprietário ou mesmo de autor.Importante ressaltar que alguns editores-
proprietários mantinham nos textos originais os acrósticos, não como uma forma de preservar o
direito autoral, já que este tinha sido vendido, mas como forma de permanência estilística do
recurso.
Uma maneira também interessante de se garantir o direito autoral foi a utilização da imagem do
autor nos seus folhetos. Os estudos de MatosXXXI apontam que o primeiro autor ausar essa ideia foi
Leandro Gomes de Barros. Além de colocar sua imagem em alguns de seus folhetos, Leandro fez
também uma advertência na contracapa dos seguintes folhetos: “A alma de uma sogra” e “Antonio
Silvino, o rei dos cangaceiros”. A advertência era:
AVISO
Com o fim de evitar os abusos constantes, resolvi, d’ora em diante estampar em
todas as minhas obras o meu retrato em um clichê, sem lugar determinado.
Leandro Gomes de Barros.
Além de Leandro Gomes de Barros, outros autores adotaram a ideia e começaram a imprimir nas
quartas capas de seus folhetos sua imagem. Hoje em dia, o cordelista pernambucano Abdias
Campos continua com essa prática, e todos os seus folhetos trazem a sua imagem impressa na obra.
Estrutura poética
Para se entender a estrutura poética da literatura de cordel é importante saber que em poesia os
versos são considerados cada linha de um poema e a estrofe é o conjunto de vários versos. A estrofe
Muitos estudiosos atribuem ao poeta Silvino Pirauá de Lima a introdução da sextilha, no final do
século XX, na literatura de cordel. A estrutura da sextilha era considerada mais adequada para o
desenvolvimento das ideias, já que em alguns cordéis cada estrofe forma uma unidade de sentido,
um enfoque distinto da história, como é o caso do cordel “História do capitão do navio”, do próprio
Silvino Pirauá de Lima.
Vou narrar uma história
Do tempo da inocencia
De um homem que sofreu
Uma horrenda inclemencia
Sem se maldizer da sorte
Sem faltar-lhe paciencia
(Primeira estrofe do cordel "História do capitão do navio”)
Depois da fixação da sextilha como estrofe a ser utilizada nos folhetos, foi necessário também fixar
o número de sílabas por verso,pois a forma utilizada pelos cordelistas para vender seus folhetos era
a declamação, e, para que pudessem memorizar mais facilmente as histórias, era importante que
houvesse, nas estrofes e nos versos, uma regularidade do ponto de vista formal. Esse número
deveria seguir um padrão durante todo o desenvolvimento da história, que auxiliaria na
memorização das composições poéticas. Foi por esse motivo que “autores e público elegeram as
sextilhas setessilábicas com rimas em ABCBDB como forma predominante”XXXII.
Chegaram sete vaqueiros
Todos sete tinham fama
De derrubar boi fujão
Seja no mato ou na grama
Na capoeira, catinga
Ou em qualquer outra disgrama
(Terceira estrofe do cordel “Vaquejada de sete peões prá derrubar uma mineira”)
Com o passar dos anos outras formas fixas foram sendo incorporadas à literatura de cordel,
destacando-se entre elas as septilhas setessilábicas com rimas ABCBDDB (2º, 4ºe 7º versos
rimados, além do 5º com o 6º) e as décimas setessilábicas no esquema rítmico ABBAACCDDC (1º,
4º e 5º versos rimados, além do 2º com o 3º; o 6º com o 7º e o 10º; e o 8º com o 9º). O folheto “A
chegada de Lampião no inferno” tem estrofes de sete versos, todos utilizando redondilhas maiores,
com rimas ABCBDDB, como exemplificado abaixo:
Um cabra de Lampião A
Por nome Pilão Deitado B
Que morreu numa trincheira C
Um certo tempo passado B
Agora pelo sertão D
D
B
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LITERATURA DE CORDEL: HISTÓRIA E ORALIDADE
Temática
Em Portugal a literatura de cordel era um suporte para a circulação de diversos tipos de gênero, por
isso não se pode precisar quais eram as temáticas que circulavam nos folhetos. No entanto, sabe-se
que os folhetos de cordel que aportaram no Brasil contavam histórias das aventuras do povo
português, dos cavalheiros medievais e dos grandes imperadores europeus, entre eles Carlos
Magno.
Câmara Cascudo admitia os assuntos dos folhetos de cordel são infinitosXXXIII. Por causa dessa
diversidade temática, muitos estudiosos do gênero classificam a literatura de cordel em ciclos. De
acordo com LuytenXXXIV, os cordelistas é que deveriam ser estudados de acordo com os temas que
abordam e não a literatura de cordel, pois não é ela que tem preferência por algum tema, mas sim os
autores. Essas divisões, então, são simplistas e de certa forma problemáticas, pois um folheto de
cordel pode abordar dentro de sua história mais de uma temática e nem todas as classificações
abarcam todos os temas que estão presentes no gênero. Apesar disso, alguns estudiosos continuam
classificando a literatura de cordel de acordo com as suas temáticas mais recorrentes.
Manuel Cavalcanti ProençaXXXVI classifica o gênero em três grupos: a poesia narrativa, a poesia
didática e os poemas de forma convencional. No primeiro grupo estão inclusos: os contos, as gestas,
heróis, heróis animais, anti-heróis pícaros. No segundo grupo estão incluídos ensinamentos e
profecias, a satírica(social, religiosa e política) e as pelejas e discussões. Do grupo dos poemas de
forma convencional fazem parte os padre-nossos, os testamentos, as glosas, os A.B.C., as pelejas e
os pé-quebrado.
Ariano SuassunaXXXVII, em uma classificação sintética, distingue os seguintes ciclos na literatura de
cordel: histórico, heroico, moral/religioso, satírico e maravilhoso, entre outras variações. Já Marlyse
MeyerXXXVIII faz a classificação mais simples. A autora divide os folhetos em dois grupos: os
romances e os folhetos. Dentro do grupo dos romances estão inseridas as histórias que falam de
amor, que contam histórias do povo, histórias sobre valentes, heróis, religiosidade. E as de pelejas e
Apesar de a oralidade ser a principal modalidade de comunicação utilizada pelos seres humanos
quando interagem uns com os outros, é notável a sua marginalização em sala de aula. São
pouquíssimas as abordagens do aspecto oral da língua em aulas de português, os próprios livros
didáticos, às vezes, são omissos com o trabalho com a oralidade. A respeito dessa deficiência dos
livros, MarcuschiXL observa que:
Os autores dos manuais didáticos, em sua maioria, ainda não sabem onde e como situar o
estudo da fala. A visão monolítica da língua leva a postular um dialeto de fala padrão
calcado na escrita, sem maior atenção para as relações de influências mútuas entre fala e
escrita. Certamente, não se trata de ensinar a falar. Trata-se de identificar a imensa riqueza
e variedade de usos da língua.
Tendo em vista que as metodologias de ensino de língua portuguesa dão ênfase à prática da escrita,
em detrimento da oralidade, a literatura de cordel, gênero intimamente ligado à tradição oral e aos
costumes de leitura dos textos em voz alta, inserida em sala de aula, pode ser utilizada como forma
de explorar características da língua oral e ajudar na formação de falantes competentes.
SantosXLI afirma que “[...] o ambiente no qual o cordel floresceu e se solidificou sempre fora
constituído, na sua maioria, por pessoas iletradas, sendo a leitura coletiva a forma mais viável para
propiciar o contato do público com essa Literatura”. Era através da performance, das cantorias e das
declamações que o público analfabeto tinha acesso às histórias dos cordéis. A literatura de cordel
está, então, inserida no que Paul ZumthorXLII classifica de oralidade mista, isto é, oralidade marcada
pela coexistência com uma cultura escrita. Embora tenha as suas narrativas escritas, a literatura de
cordel, na perspectiva de EvaristoXLIII, é um gênero intermediário entre a oralidade e a escrita, pois,
mesmo sendo o texto escrito e impresso, alguns das marcas da oralidade, como rima, ritmo,
repetições e musicalidade, estão fortemente presentes nos folhetos. O que há é uma transposição da
oralidade para a escrita, ou seja, o texto é escrito para posteriormente ser oralizado.
Por meio da íntima relação que existe entre a escrita e a oralidade na literatura de cordel, pode-se
mostrar aos alunos que “não existem diferenças essenciais entre a oralidade e a escrita nem, muito
menos, grandes oposições”XLIV. O que existe é um contínuo entre textos orais e textos escritos – um
não se sobrepõe ao outro. A oralidade e a escrita devem ser concebidas “como atividades interativas
e complementares no contexto das práticas sociais e culturais”XLV.
Com a ciência de que é importante a utilização da modalidade oral em sala de aula, pode-se, através
de atividades com literatura de cordel, tentar desenvolver a aptidão linguística dos alunos. O gênero
permite atividades como encenações de narrativas de cordéis; declamação de folhetos; debates
mediados pelo professor sobre temas que sejam enriquecedores para as aulas; discussões sobre as
marcas da linguagem falada, presentes no cordel; trabalho com embolada, repente, peleja e o
mamulengo. Nas estrofes do cordel “Vaquejada de sete peões prá derrubar uma mineira” fica
evidente a utilização do léxico da fala popular e da prosódia.
Vaquejada no Nordeste
Mexe cum mundão de gente
Vou contar um pr’ocês
Por ter sido diferente
De tão boa que dá saudade
Deixando a alma bem quente
Levar a literatura de cordel para a sala de aula seria, então, uma forma de estimular os alunos a
trabalharem com a oralidade e enxergarem que, assim como a linguagem escrita, a linguagem oral
também apresenta traços e regras próprias e que seus usos também variam do mais informal ao mais
formal. O trabalho com o cordel pode abrir espaço para se trabalhar outros gêneros textuais.
AntunesXLVI defende que as atividades em torno da oralidade devem privilegiar os usos mais
formais do discurso oral, uma vez que a fala informal já faz parte do cotidiano dos alunos.
Considerações Finais
Nossa análise permitiu evidenciar que uma característica – que hoje é tão bem marcada e até mesmo
definidora de um gênero – é resultado de um percurso histórico. Nem sempre um aspecto que
caracteriza um gênero foi sempre caracterizador desse gênero. A literatura de cordel, que hoje é
caracterizada por ser um gênero escrito em versos, nem sempre teve essa característica como sua
marca principal. Isso mostra que os gêneros podem, ao longo de sua existência, passar por
mudanças expressivas.
A literatura de cordel evoluiu, passou da comunicação oral para a comunicação escrita, sem perder
suas características peculiares, como a oralidade e a musicalidade. Desprendeu-se do seu suporte
tradicional, os folhetos, e hoje está presente em diferentes meios de comunicação, levando
informação e divertimento para as pessoas. “O fato é que a literatura de cordel continua
acompanhando as mudanças e inovações ao longo do tempo, incorporando alguns elementos novos
e mantendo outros”XLVII.
Sabemos que muitos professores não trabalham com a literatura de cordel na sala de aula porque
pensam que é uma literatura menor, sem valor. Daí a importância de se mostrar que a literatura de
cordel é um gênero muito rico, que trabalha com diversas temáticas e que pode ser utilizado em sala
de aula para trabalhar com o ensino de língua portuguesa. Dessa forma, a literatura de cordel, por
ter uma natureza oral, pode contribuir com a prática da oralidade no âmbito escolar, fazendo com
que os alunos desenvolvam sua capacidade comunicativa e saibam adequá-las aos diferentes
contextos de uso da língua, além de promover o resgaste cultural de uma literatura que é bastante
desprestigiada.
Notas
I
Aluna de graduação do curso de Letras da UFRPE.
II
Professora associada do Departamento de Letras da UFRPE. Doutora em Linguística.
III
KABATEK, Johannes. Tradiciones discursivas y cambio lingüístico.Lexis – Revista de Lingüística y Literatura, v.
29, n.2, p. 151-177, 2005. (p. 159)
IV
BARROS, Leandro Gomes de. O cachorro dos mortos. Guarabira: livraria Pedro Baptista, 1919. Folheto consultado a
partir do sitehttp://www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/.
V
LIMA, Silvino Pirauá de. História do capitão do navio. Juazeiro: editor José Bernardo da Silva, 1956. Folheto
consultado a partir do sitehttp://www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/.
VI
PACHECO, José. A chegada de Lampião no inferno. São Paulo: Luzeiro, 1963. Folheto consultado a partir do
sitehttp://www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/.
VII
MAXADO, Franklin. Vaquejada de setepeões prá derrubar uma mineira. Bahia: Fazenda Massangano, 1976. Folheto
consultado a partir do livroGêneros do discurso na escola: mito, conto, cordel, discursopolítico,
divulgaçãocientífica.
VIII
SARAIVA, Arnaldo. O folheto de cordel como fonte de informação e modo de comunicação. João Pessoa, 2011.
Disponívelem:
<http://uepb.edu.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2371:folheto-de-cordel-e-tema-de-palestra-do-
professor-portugues-arnaldo-saraiva-no-campus-v-da-uepb-em-joao-pessoa&catid=178:outros-
destaques&Itemid=410>Acessoem: 26 abr. 2012.
IX
GALVÃO, Ana Maria de Oliveira. Ler/ouvir Folhetos de Cordel em Pernambuco (1930-1950).Belo Horizonte:
UFMG, 2000.Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Minas Gerais,
Belo Horizonte, 2000.(p. 182)
X
MAXADO, Franklin. O que é literatura de cordel?Rio de Janeiro: Codecri, 1980. (Alternativa, 3).
XI
MATOS, Edilene.Literatura de Cordel: a escuta de uma voz poética. In: Revista Cultura Crítica: Literatura de
Cordel. São Paulo: Apropuc, 2007.
XII
BEZERRA, Benedito Gomes. Do manuscrito ao livro impresso: investigando o suporte. In: Texto e discurso sobre
múltiplos olhares: gêneros e sequências textuais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.
XIII
ABREU, Márcia. História de cordéis e folhetos. Campinas: Associação de Leitura do Brasil, 1999. ”(p.104).
XIV
Idem, ibidem.
XV
EVARISTO, Marcela Cristina. O cordel em sala de aula. In: Gênero do discurso na escola: mito, conto, cordel,
discurso político, divulgação cientifica. São Paulo: Cortez, 2000.
XVI
ABREU, Márcia. História de cordéis e folhetos. Campinas: Associação de Leitura do Brasil, 1999.
XVII
Idem, ibidem.
XVIII
ROMERO, Sílvio. Estudos sobre a poesia popular do Brasil.Petrópolis: Vozes, 1977. (1a. edição Tip. Laemert,
1888).
XIX
MAXADO, Franklin. Vaquejada de setepeões prá derrubar uma mineira. Bahia: Fazenda Massangano, 1976. Folheto
consultado a partir do livroGêneros do discurso na escola: mito, conto, cordel, discursopolítico,
divulgaçãocientífica. p. 30-31
XX
RAMIRES, Vicentina. Gêneros textuais e produção de resumos nas universidades. Recife: EDUFRPE, 2008.
XXI
BEZERRA, Benedito Gomes. Do manuscrito ao livro impresso: investigando o suporte. In: Texto e discurso sobre
múltiplos olhares: gêneros e sequências textuais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007. (p. 11)
XXII
ABREU, Márcia. História de cordéis e folhetos. Campinas: Associação de Leitura do Brasil, 1999. (p. 46)
XXIII
MATOS, Edilene.Literatura de Cordel: a escuta de uma voz poética. In: Revista Cultura Crítica: Literatura de
Cordel. São Paulo: Apropuc, 2007.
XXIV
SOUZA, Liêdo Maranhão de. O folheto popular: sua capa e seus ilustradores. Recife: Massangana, 1981.
XXV
MATOS, Edilene.Literatura de Cordel: a escuta de uma voz poética. In: Revista Cultura Crítica: Literatura de
Cordel. São Paulo: Apropuc, 2007.
XXVI
HAURÉLIO, Marco.A Trajetória do Cordel no Brasil, em Prosa e Verso.In: Revista Cultura Crítica: Literatura
de Cordel. São Paulo: Apropuc, 2007.
XXVII
TERRA, Ruth Brito Lemos. Memória de luta:primórdios da literatura de folhetos do Nordeste (1893-1930). São
Paulo: Global, 1983.
XXVIII
ABREU, Márcia. História de cordéis e folhetos. Campinas: Associação de Leitura do Brasil, 1999.
XXIX
LUYTEN, Joseph M. O que é Literatura de Cordel.São Paulo: Brasiliense,1983.
XXX
MAXADO, Franklin. O que é literatura de cordel?Rio de Janeiro: Codecri, 1980. (Alternativa, 3).
XXXI
MATOS, Edilene.Literatura de Cordel: a escuta de uma voz poética. In: Revista Cultura Crítica: Literatura de
Cordel. São Paulo: Apropuc, 2007. (p. 14)
XXXII
ABREU, Márcia. História de cordéis e folhetos. Campinas: Associação de Leitura do Brasil, 1999. p. 89.
XXXIII
CASCUDO, Luís da Câmara. Os cinco livros do povo. João Pessoa: Universitária/UFPB, 1994. 456p. (edição
fac-similar da 1a. edição - José Olympio, 1953).
XXXIV
LUYTEN, Joseph M. O que é Literatura de Cordel.São Paulo: Brasiliense,1983.
XXXV
SOUZA, Liêdo Maranhão de. O folheto popular: sua capa e seus ilustradores. Recife: Massangana, 1981.
XXXVI
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