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2016
Resenha Temática
Resenha Crítica
Manual de Resenhas
1
Texto adaptado dos livros: CAMPOS, Magna. Letramento acadêmico e argumentação: incursões
teóricas e práticas. Mariana: EA, 2015. 142p. ISBN: 978-85-918919-4-8 e CAMPOS, Magna. Manual
de gêneros acadêmicos: resenha, fichamento, memorial, resumo científico, relatório, projeto de
pesquisa, artigo científico/paper, normas da ABNT. Mariana: EA, 2012-2015. ISBN: 978-85-918919-1-
7.
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MOTTA-ROTH, Désirée; HENDGES, Graciela. Produção textual na universidade. São Paulo:
Parábola, 2010.
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ALCOVERDE, Maria Divanira; ALCOVERDE, Rossana Delmar. Produzindo gêneros textuais: a
resenha. Natal: UEPB/UFRN, 2007.
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BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: ______. Estética da criação verbal. 4.ed. São
Paulo: Martins Fontes, 2003. p. 277-326.
Magna Campos
contexto social nos possibilita a participação nessa vida grupal de maneira mais
igualitária, espontânea e verdadeira.
Motta-Roth e Hendges (2010) contribuem, quando ensinam que a análise do
gênero textual resenha evidencia que resenhar um texto implica quatro ações:
apresentar, descrever, avaliar, (não) recomendar o livro. Essas ações tendem, em
geral, a aparecerem nesta ordem ou, dependendo do estilo do resenhador, a
descrição e a avaliação aparecem juntas: à medida que se descreve, avalia-se.
Nesta perspectiva, Campos (2012-2015) explica que a resenha consiste,
portanto, na apresentação sucinta do texto resenhado e de seu autor, no resumo, na
apreciação crítica do conteúdo e do estilo e na indicação de leitura, sendo
antecedida pela referência do texto resenhado. A resenha deve levar ao leitor
informações objetivas sobre o assunto de que trata a obra, destacando, assim, a
contribuição do autor no que tange à abordagem inovadora do tema ou problema,
aos novos conhecimentos, às novas teorias, às relações com os saberes de uma
determinada área do conhecimento, dentre outras possibilidades de avaliação
crítica, além de ser capaz indicar o “leitor virtual” mais adequado para a leitura da
obra, por isso o recomendar ou não sua leitura.
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2. Tipos de resenhas5:
FICHA TÉCNICA
Características: filme iraniano, colorido, legendado, com 86 minutos, produzido em 1998.
Direção: Samira Makhmalbaf
Gênero: drama
Distribuição em vídeo: Cult Filmes
Qualificação:
Fonte: portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Profa/cat_res.pdf
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Na internet, há inúmeras confusões sobre o que é de fato uma resenha. Alguns sites inclusive
apontam o resumo crítico como sendo uma resenha, o que configura uma falha descritiva e
conteudística.
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KÖCHE, Vanilda; BOFF, Odete; PAVANI, Cinara. Prática textual: atividades de leitura e escrita.
6.ed. Petrópolis: Vozes, 2009.
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Referências bibliográficas:
DAWKINS, R. O gene egoísta. São Paulo: EDUSP. 1979.
DAMÁSIO, A. O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. São Paulo: Companhia das
5
Letras. 1996.
DESCARTES, R.. Discurso do método. São Paulo, SP: Editora Escala, 2006
SKINNER, B. F. Ciência e comportamento humano. 8. Ed. São Paulo: Martins Fontes. 1993.
Fonte: Texto reescrito e adaptado a partir do texto de Hilton Caio Vieira. Disponível em:
http://pt.scribd.com/doc/61000137/Resenha-Tematica-Hilton-Caio-Vieira.
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Create a Research Space. Modelo de organização retórica de um gênero textual.
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Não se separam as seções da resenha por tópicos, texto elaborado com sequência de parágrafos
normais.
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Movimento 3: Santin descreve que, ao longo do tempo, com sucessivas formas de governo
resumo
informativo e no constitucionalismo brasileiro, acontece novas restrições de autonomia
do texto
municipalista. Mesmo com a implantação de autonomia de direito, de fato acontece
o contrário, pois os sucessivos golpes militares restringiram o poder político
administrativo e financeiro dos municípios, impondo intervenções de governabilidade
de todos eles.
Na segunda parte do artigo, menciona sobre as práticas influenciadoras que
caracterizaram a formação do poder local no Brasil, estendendo-as ao poder central
e a perpetuação ainda vista nos dias de hoje. A pesquisadora destaca o clientelismo
e o personalismo como sendo o principal comprometedor das políticas públicas em
prol do cidadão. Essas práticas herdadas do império português se alastraram como
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Referência Bibliográfica:
PF investigará denúncia por compra de votos na Bahia. Folha de São, p. 8, 15 jul.
2014.
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PEREIRA, Maurício Gomes. Artigos científicos: como redigir, publicar e avaliar. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2014.
O autor, Dr. Mauricio Gomes Pereira, é médico com especialização em pediatria e em saúde
pública e professor titular da Universidade de Brasília. Tem vários livros publicados, entre eles
Epidemiologia: teoria e prática, e vasta experiência na área de metodologia científica e de
epidemiologia. O livro Artigos Científicos: como redigir, publicar e avaliar torna maior sua contribuição
para o ensino e a pesquisa no Brasil, foi lançado recentemente pela Editora Guanabara Koogan. Com
o objetivo de orientar os potenciais autores sobre como vencer as muitas barreiras na elaboração e
publicação de artigos científicos, o livro aborda cada uma das etapas desse processo em 24
capítulos.
Os três primeiros capítulos tratam dos aspectos da preparação do trabalho. O primeiro
capítulo, Pesquisa e Comunicação Cientifica, versa sobre a necessidade de divulgação dos
resultados das pesquisas como forma de finalização da mesma. Aborda, de modo geral, a evolução
da comunicação cientifica nas ciências da saúde, menciona os periódicos de acesso livre e a situação
atual de elevada competição para publicar .
No segundo capítulo, Canais de Comunicação Cientifica, o autor descreve os tipos de
periódicos, os tipos de artigos, as formas de publicação e as normas que as regem.
Do terceiro ao décimo quinto capítulo é apresentada cada parte da estrutura de um trabalho
cientifico, começando pelo planejamento, abordando a estrutura, redação e revisão do texto, a
introdução, o método, os resultados, a discussão, as referências bibliográficas, o título, a autoria, o
resumo, as palavras-chave, a escolha do periódico e um capítulo com temas para a complementação
do artigo (capítulo 15).
Somam-se a esse conjunto de capítulos, que orientam a elaboração de cada seção do artigo
cientifico, outros três capítulos que exploram a Estatística (capítulo 18), a Preparação de Tabelas
(capítulo 19) e a Preparação de Figuras (capítulo 20). 11
O leitor irá encontrar também capítulos sobre a Submissão do Artigo para a Publicação, sobre
a Avaliação de artigo Cientifico e sobre Ética (capítulo 21).
Os três últimos capítulos do livro versam sobre temas auxiliares, enfocando a motivação para
divulgar os resultados de uma pesquisa e os recursos para publicá-los. O capítulo 22 , Vale a pena
publicar Artigo Científico?, lista os motivos pelos quais esta prática é cada vez mais importante e
competitiva assim como os auxílios disponíveis para uma escrita de qualidade. O capitulo seguinte,
Como ter Artigo aprovado para Publicação, aponta as particularidades dos textos recusados, como
falta de relevância do tema, pouca originalidade, os erros mais comuns de redação, entre outros
aspectos que devem ser evitados para que um trabalho seja aprovado para publicação.
O livro termina com Síntese das Sugestões sobre Redação Científica, onde são agregadas as
informações que resumem os demais capítulos do livro.
Os capítulos são estruturados em itens, apresentados com texto curto e com um ou mais
exemplos, quando pertinente. A estrutura do texto obedece a lógica de apresentação de cada tópico,
do geral ao especifico, havendo dois itens comuns a todos os capítulos, o item Sugestões e outro
com Comentário final.
Os temas são apresentados com uma linguagem clara e direta. Além disso, vários recursos
utilizados pelo autor facilitam a leitura, como a inclusão de exemplos e o resumo do conteúdo de cada
capítulo, apresentado em tabela, fazendo referência à seção onde cada tema aparece.
O leitor pode esperar instruções sobre cada etapa do processo de elaboração de um texto
científico para publicação, com a exposição de cada detalhe envolvido e dicas sobre o que deve ser
considerado para se obter um resultado apropriado.
Além disso, aspectos importantes relacionados ao encaminhamento e à publicação do artigo
são abordados na obra. Entre esses, como preparar uma carta ao editor, como lidar com o processo
de revisão, e como proceder para avaliar um artigo cientifico.
A inclusão de um capítulo sobre estatística, assim como sobre a preparação de tabelas e
figuras reflete a abrangência da obra. Nota-se, em toda a obra, uma abordagem além do que seria
esperado para os temas propostos.
O autor não se limita a identificar o conteúdo básico de cada item de um artigo cientifico e a
explorar formas de preparar cada parte do trabalho, oferecendo ao leitor a chance de rever cada
tópico da preparação do estudo. Por exemplo, o capítulo de Método aborda detalhes de cada um dos
seus itens como tipos de estudo, características da amostra, classificação das variáveis, erros a
Magna Campos
serem evitados, entre outros. No capítulo Resultados, somado à seqüência de apresentação dos
dados, o autor também descreve as formas estatísticas para apresentar o efeito encontrado no
estudo.
No capítulo sobre Complementação do Artigo o leitor encontrará instruções sobre as revisões
para o aprimoramento do artigo, os erros e os vícios de linguagem a serem evitados, normas para o
uso de siglas e de citação de números no texto, tempos verbais a serem usados em cada parte do
artigo, entre outros aspectos necessários a uma redação correta.
A abrangência do conteúdo torna inevitável algumas repetições, até porque alguns temas
apresentados se sobrepõem.
Ainda que o foco seja a redação de artigo cientifico, é evidente a quantidade de informação
teórica sobre pesquisa epidemiológica disponibilizada. O livro não se limita a propor normas de
redação, como uma receita do que deve conter a introdução, a parte de métodos ou as demais partes
do artigo, mas inclui um conteúdo teórico sobre temas relacionados a cada tópico. Desta forma, o
livro pode ser útil para aqueles que querem um roteiro ou orientação para aprimorar seus manuscritos
científicos e que têm dúvidas específicas, mas também para os iniciantes, que se beneficiarão ao ler
um texto mais extenso, com um teor maior de informação sobre cada aspecto envolvido na produção
cientifica.
Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-790X2012000200021. Acesso
em: 19 out. 2015.
BAUMAN, Zygmunt. Tempos Líquidos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007, 119p.
Nesse sentido, o autor cunha as expressões “capital do medo”, “círculo vicioso do medo”,
“fantasma do medo” para caracterizar o estado obsessivo em que nos encontramos,
consequência de uma intencionalidade política que não se legitima mais pelos padrões sociais
do estado de bem-estar social, agora substituído pelo discurso em torno do “Estado da proteção
pessoal”, assentado no sentimento do medo.
No segundo capítulo, intitulado A Humanidade em Movimento, Bauman explicita uma das
faces mais perversas do discurso em torno da segurança – a que tem a ver com a condição
social dos refugiados e imigrantes. Partindo do que a filósofa Rosa Luxemburgo havia previsto
acerca da característica de o capitalismo se nutrir de ambientes não-capitalistas, o autor
debruça-se sobre o que ele considerará o “lixo humano” produzido pelo capitalismo global
contemporâneo.
Bauman se refere a um enorme contingente humano de imigrantes refugiados, oriundo,
sobretudo, de contextos bélicos e de dissidências étnicas e políticas que acabam sendo
expulsos e indo parar em outros países, mas ficando confinados em “campos de refugiados” que
lhe servem de “abrigo”. Os refugiados, no entanto, não mais têm caminho de volta ou qualquer
tipo de reintegração social (quer nos seus países de origem, onde deixaram tudo que possuíam,
quer nos países onde se encontram agora), cumprindo os “campos de refugiados” o papel
implícito de manterem-nos afastados, excluídos, haja vista não serem mais reintegrados à esfera
econômica e, consequentemente, sociocultural, já que tais vítimas da globalização crescem
muito mais rapidamente do que a própria capacidade de a produção econômica é capaz de
absorvê-los. Conforme argumenta Bauman, os refugiados são a própria encarnação do “lixo
humano”, sem função útil a desempenhar na terra em que chegam onde permanecerão
temporariamente, e sem a intenção ou esperança realista de serem assimilados e incluídos no
novo corpo social (BAUMAN, 2007, p 47)
O autor destaca ainda dois pontos que corroboram para a análise que empreende acerca
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dos refugiados. A primeira delas diz respeito às próprias políticas implementadas pelos poderes
públicos dos principais Estados, a maioria destes, centrais do capitalismo, que atuam no sentido
de reduzir e dificultar a entrada de imigrantes, integrando a isso as ações de deportação. A
segunda, concernente à ajuda humanitária que contraditoriamente acaba, sob certas
circunstâncias, por corroborar com tais políticas. O autor conclui sua análise da condição em que
se encontram os imigrantes refugiados definindo-a como de um movimento para lugar nenhum,
ou “de via única” já que perderam sua pátria de origem e não foram integrados a nenhuma outra.
A ausência de uma identidade que os localize em algum lugar resume essa condição de
“permanentemente temporária”, não sendo nem sedentários, nem nômades, “suspenso num
vácuo espacial em que o tempo foi interrompido”; lixo humano, porém sem direito nem à
reciclagem.
No terceiro capítulo, intitulado Estado, Democracia e a Administração dos Medos,
Bauman explicita as origens e características da insegurança e medo na sociedade
contemporânea, mais especificamente, na segunda fase da modernidade, no contexto das
transformações históricas, no que pesa o papel do Estado e o da democracia. Nesse sentido,
distingue três fases históricas, assim enumeradas: fase pré-moderna, caracterizada por
vínculos sociais estabelecidos e duradouros, na qual prevaleciam a comunidade e as
corporações; primeira fase da modernidade, com a sobrevalorização do indivíduo, sob os
auspícios do Estado, com um aparato institucional que lhe asseguraria direitos políticos – à qual
o autor se refere como “fase sólida da modernidade”, e que se caracterizava pelo pacto entre o
direito político e o direito pessoal como forma de proteção social contra os medos decorrentes
das vicissitudes e arbitrariedades reais da época pré-moderna; e fase líquida da modernidade,
que coincide com o momento que vivemos hoje, caracterizada sobretudo pela desintegração dos
vínculos estabelecidos na primeira fase da modernidade, uma vez que não bastou a associação
entre os direitos políticos e pessoais para que a democracia deixasse de ser restritiva, limitada
somente a uma classe minoritária de ricos, como forma de proteção.
É a essa terceira fase que o autor se dedicará mais especificamente, assim como em
toda a obra, para caracterizar os medos e as incertezas que atingem a numerosa classe dos
excluídos sociais, desencaixada em relação tanto às formas de “solidariedade natural”, que
caracterizou a fase pré-moderna, quanto à “solidariedade legal”, sob os auspícios do Estado, no
início da fase moderna e mais ainda no atual momento histórico, em função da crise de
administração e planejamento que atravessa o próprio Estado, sob os efeitos da globalização.
Magna Campos
No entanto, para o maior aproveitamento das questões tratadas neste livro, é importante
a leitura de outro livro do mesmo autor, no qual Bauman lança as bases de suas teorias dos “era
dos líquidos”, trata-se do livro Modernidade Líquida. Muitas questões em Tempos Líquidos
podem ser mais bem entendidas quando subsidiadas pelas postulações daquele livro. A falta de
leitura desse livro anterior pode incorrer em falhas ou vazios no entendimento e interpretação
das proposições de Bauman (2007).
As provocações de Bauman, no livro aqui resenhado, no que tange a sensação de
insegurança, podem ser consideradas pertinentes se pensarmos, por exemplo, no acirramento
da segmentação social que pode ser observada pelo aumento vertiginoso dos condomínios
fechados, como os existentes na Barra da Tijuca – RJ, Região dos Lagos – RJ, São Paulo – SP,
Alphaville – BH (MG) e em outras grandes cidades brasileiras que sofrem pelo aumento dos
índices de violência contra a vida e ao patrimônio. Pois, como afirma Bauman, qualquer um que
tenha condições adquire uma residência num “condomínio”, planejado para ser uma habitação
isolada, fisicamente dentro da cidade, mas social e espiritualmente fora dela. O traço mais
proeminente do condomínio é seu “isolamento e distância da cidade […] isolamento que
significa a separação daqueles considerados socialmente inferiores. As cercas têm dois lados
[…] Elas dividem em “dentro” e “fora” um espaço que seria uniforme” (p. 79).
Ainda, poderíamos verificar que essa sensação global de insegurança não está
relacionada apenas à questão criminal, mas também a questão da insegurança em termos de
saúde, fato que pode ser observado no caso dos surtos de gripes pandêmicas que provocam
“pânico” mundial.
Esses pequenos exemplos, mostra-nos a pertinência teórica das proposições de Bauman
e o seu valor explicativo não só para as ciências sociais, mas para as ciências contemporâneas
de uma forma geral, pois nos incita à reflexão sobre o mundo em que vivemos de uma forma
mais crítica e menos casual, possibilitando-nos um melhor entendimento das formas como se
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dão as relações sociais.
Por isso, esse livro se torna uma leitura importante para todos aqueles que queiram
entender mais criticamente a realidade em que vivemos e, especialmente, para os que estão
estudando na área das ciências sociais, uma vez que suas proposições apresentam grande
poder explicativo.
3. Considerações finais:
Cada espécie do gênero textual resenha implica, como pode ser observado
nos processos descritos anteriormente, aprendizado que envolve propósitos
comunicativos e movimentos retóricos específicos, além de diferentes tipos de
conhecimentos. Sendo assim, o ensino deve levar em consideração tais
especificidades, uma vez que o ensino da produção textual não pode ser o mesmo
para todo e qualquer espécie e gênero a ser estudado.
ATENÇÃO: