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Empreendedorismo

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Empreendedorismo
Sumário

Sumário
Ementa................................................................................................. 6
::: Parte 01 ::: ...................................................................................... 9
Aprendizagem para a vida e ................................................................. 9
Teoria do Observador........................................................................... 9
Aula 01 – Introdução ao Empreendedorismo ..................................... 11
INTRODUÇÃO ............................................................................................. 11
CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS .......................................................... 12
Aula 02 – Distinções de Aprendizagem .............................................. 15
DISTINÇÕES DA APRENDIZAGEM .................................................................. 15
Aula 03 – A Teoria do Observador ...................................................... 19
A TEORIA DO OBSERVADOR ......................................................................... 19
TIPOLOGIAS DO OBSERVADOR : OS ENFOQUES ÚNICO E MÚLTIPLO .................. 24
Aula 04 – Domínios Constitutivos do Observador............................... 27
INTRODUÇÃO ............................................................................................. 27
OS TRÊS DOMÍNIOS CONSTITUTIVOS ............................................................ 27
Aula 05 – O Observador e a ação ....................................................... 33
INTRODUÇÃO ............................................................................................. 33
NOÇÃO DE PESSOA ..................................................................................... 34
NOÇÃO DE MAESTRIA .................................................................................. 37
TIPOLOGIA DE AÇÕES.................................................................................. 39
O OBSERVADOR DENTRO DA VISÃO DA NOVA SISTÊMICA ................................ 41
::: Parte 02 ::: .................................................................................... 45
Competências Empreendedoras ......................................................... 45
Aula 01 – Competêcias Empreendedoras............................................ 47
DISTINÇÃO DE COMPETÊNCIATINÇÃO DE COMPETÊNCIA .................................. 47
Aula 02 – Competências Empreendedoras.......................................... 55
COMPETÊNCIA PARA OS RELACIONAMENTOS .................................................. 55
Aula 03 – Competências Empreendedoras.......................................... 65
COMPETÊNCIAS PARA A AÇÃO....................................................................... 65
Glossário ............................................................................................ 71
Referências Bibliográficas .................................................................. 81
Referências Eletrônicas ...................................................................... 83

5
Empreendedorismo
Ementa e objetivos

Ementa

O propósito básico deste curso é desenvolver competências empreendedoras. Se assenta na idéia de que
empreendedorismo é essencialmente uma questão de atitudes e de valores e, com base nisso, se propõe,
tipicamente, a fazer desabrochar no(a) aluno(a) seu espírito empreendedor, proporcionando-lhe
distinções (ie., conceitos, idéias, conhecimentos,...) e habilidades (uso de ferramentas, métodos,
técnicas,...) através das quais possa por em prática , em benefício da Sociedade, seus talentos,
motivações e sonhos de cidadania. Dito em outros termos, assume-se que competência é fruto de uma
combinação de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores e que, portanto, a idéia da disciplina é
desenvolver competências empreendedoras , que não são exclusivamente uma questão de talento, mas
algo que, também, pode ser aprendido e desenvolvido.

Esta curso lhe oportunizará:

Ampliação crítica do conhecimento a respeito dos temas:

• Empreendedorismo

• Características do emprendedor

• Teoria do Observador

• Aprendizagem

• O empreendedor como um observador

• Competências empreendedoras

Reflexão criativa sobre:

• Características pessoais

• O empreendedor que você é

• O observador que você é

• Competências empreendedoras que você possui

Mudança ou consolidação da práxis em relação a:

• Empreendedorismo

6
Empreendedorismo
Ementa e objetivos

• Empreendedor

• Aprendizagem

• Observação

• Metas pessoais

• Competências

• Avaliação

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Empreendedorismo
Parte 01

::: Parte 01 :::


Aprendizagem para a vida e
Teoria do Observador

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Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 01

Aula 01 – Introdução ao Empreendedorismo

Nessa primeira aula, vamos apresentar as características do empreendedor e as suas capacidades


básicas.

INTRODUÇÃO
Um dito popular afirma que “os empresários nascem, não se fazem”. Este dito nos toca de
diversas maneiras ao abordar o tema do empreendedorismo. De forma geral, a noção de
empreendedorismo é associada com as noções de ter ou desenvolver um empreendimento

e de ser um empresário. Comumente associamos aspectos positivos ou negativos à


imagem do empreendedor, como por exemplo, o lado positivo é ser audacioso, persistente
e ter uma clara visão de futuro; e o lado negativo é ser uma pessoa esquisita, que gosta de correr riscos
e que se ocupa só consigo mesmo e com o dinheiro. Compartilhamos parcialmente com estas idéias
porque pensamos que o empreendedor é isso e muito mais.

Entendemos o empreendedorismo como uma atitude, uma postura perante a vida, um estado de espírito
que nos motiva e impulsiona para sonhar e agir, para sermos AGENTES DE MUDANÇA e transformação.
Um grande pensador e empreendedor contemporâneo, FERNANDO FLORES(1995), diz que o ser humano
alcança sua plenitude não na sua reflexão abstrata, mas quando atua se envolvendo com a mudança,
inovando-a no cotidiano e principalmente quando se torna conscientemente o protagonista da sua
história. Este ser humano na plenitude do seu ser, é consciente do seu papel na comunidade à qual
pertence e se sente responsável pelo passado e pelo futuro que têm em comum.

Assim, retornando ao dito popular mencionado no começo, poderíamos contrapor outro assim:
“empreendedores nascemos e nos fazemos”. O desafio de nos tornarmos empreendedores é o desafio de
sermos responsáveis pelo nosso futuro e pelo futuro da comunidade em que vivemos. Por isso, existem
empreendedores criando empresas e gerando empregos, participando dos processos de governo com
responsabilidade, realizando atividades sociais, enxergando oportunidades nos momentos de crise,
desempenhando seu trabalho com altos níveis de inovação, agenciando programas educativos e de
conscientização ambiental, aprendendo na organização, promovendo uma melhor qualidade de vida nas
organizações, entre outros.

Entendemos o empreendedor como um agente de mudanças, onde quer que ele esteja. Empreendedor
não diz respeito somente àquelas pessoas que criam novas empresas, é um termo mais abrangente que
se refere a uma atitude, a uma postura diferenciada diante das situações da vida.

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Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 01

CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS
Vejam as principais características do empreendedor:

• Aceitação do risco - O empreendedor aceita riscos, ainda que seja, muitas vezes, cauteloso e
precavido. A verdade é que ele os aceita em alguma medida.

• Autoconfiança - O empreendedor tem autoconfiança, isto é, acredita em si mesmo. Se não


acreditasse, seria difícil para ele tomar iniciativas. Acreditar em si mesmo faz o indivíduo arriscar
mais, ousar, oferecer-se para realizar tarefas desafiadoras, enfim, torna-o mais empreendedor.

• Automotivação e entusiasmo - Pessoas empreendedoras são capazes de se automotivarem


com desafios e tarefas em que verdadeiramente acreditam. Não necessitam de prêmios externos,
como recompensação financeira, por exemplo. São capazes de se entusiasmarem com suas
próprias idéias e projetos.

• Controle e influência - O empreendedor acredita que sua realização depende de si mesmo e


não de forças externas sobre as quais não tem controle. Ele se vê como capaz de controlar a si
mesmo e de influenciar o meio de tal modo que possa atingir seus objetivos.

• Decisão e responsabilidade - O empreendedor não fica esperando que os outros decidam por
ele. Ele toma as decisões e se responsabiliza pela decisão tomada e pelas conseqüências.

• Energia - Há situações que requerem uma dose de energia para se lançar em novas realizações,
que usualmente exigem intensos esforços iniciais. O empreendedor dispõe dessa reserva de
energia, vinda provavelmente de seu entusiasmo e motivação.

• Iniciativa - A iniciativa, enfim, é a capacidade daquele que, tendo um objetivo


qualquer, age: “arregaça as mangas” e parte para a solução, sem esperar que os
outros (o governo, o empregador, o parente, o padrinho etc) venham resolver os
seus problemas. Os empreendedores são pessoas que começam coisas novas.

• Otimismo - O empreendedor é otimista, o que não quer dizer “sonhador” ou


iludido. Acredita nas possibilidades que o mundo oferece, acredita na possibilidade de solução dos
problemas, acredita no potencial de desenvolvimento da vida.

• Persistência - O empreendedor, por estar motivado, convicto, entusiasmado e crente nas


possibilidades, é capaz de persistir até que as coisas comecem a funcionar adequadamente.

• Sem temor do fracasso e da rejeição - O empreendedor fará tudo o que for necessário para
não fracassar, mas não é atormentado pelo medo paralisante do fracasso. Pessoas com pouco
amor próprio e medo do fracasso preferem não tentar correr o risco de errar - ficam, então,
paralisadas.

• Voltado para equipe - O empreendedor em geral não é um fazedor, no sentido obreiro da


palavra. Ele cria equipe, delega, acredita nos outros. Obtém resultados por meio dos outros.

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Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 01

Empreendedorismo, uma Questão de Atitude

FILION, (1993) um dos principais pesquisadores sobre empreendedorismo no Canadá, define o


empreendedor como uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões. Nós concordamos com esta
noção porque, segundo ela, um empreendedor pode ser uma pessoa que inicia projetos sociais e
comunitários; um colaborador que desafia seu próprio tempo e recursos, introduzindo inovações e
provocando a expansão da empresa; um gestor público que mobiliza sua equipe ou gera novas políticas
governamentais; e mesmo aquele que gera um auto-emprego como profissional autônomo.

No Brasil, para além das distinções empresariais vinculadas ao empreendedorismo


de um modo geral, há um movimento orquestrado pelo Governo no setor de
tecnologias da informação no qual se destaca o trabalho do FERNANDO DOLABELA
(1999), professor da UFMG. A alavancagem da indústria de software no Brasil
passa pela influência do trabalho deste autor que, há cerca de uma década,
quando teve início o ainda hoje prioritário programa de governo Softex, vem se
dedicando ao desenvolvimento do empreendedorismo no Brasil.

FLORES (1995), afirma que o ser humano vive em plenitude quando é empreendedor. Esta idéia nos atrai
mais porque vê o ser humano não como um consumidor da vida, mas como um criador de mundo. Esse
empreendedor é consciente de sua vida na comunidade e isso requer compartilhar o passado e o futuro e
exercer solidariedade.

A totalidade dos textos pesquisados, seja na Internet, em livros, ou em cursos promovidos por
instituições brasileiras, invariavelmente apresenta o empreendedor como aquele que se torna
empresário. Nós, por outro lado, acreditamos que ser empreendedor é desenvolver um potencial que
todo ser humano tem, independentemente de se a pessoa é um empresário ou não.

Ser empreendedor é uma questão de atitude e, por isso, o empreendedorismo é fundamental para
qualquer maneira de ganhar a vida, seja como funcionário ou como dono de empresa. Ser empreendedor
não é uma questão de talento só para alguns escolhidos. Estamos convencidos que é uma qualidade em
potencial que, ao contrário do que se pensa, é muito comum entre a população em geral.

Para se definir um perfil empreendedor, a profissão é um critério irrelevante. Qualquer pessoa - desde
que se oriente pela ação e por resultados, que perceba o mundo como um imenso e inesgotável espaço
de possibilidades, que tenha visões, imaginação e que, ao longo de sua existência, construa um histórico
de realizações - pode ser considerada um empreendedor.

O Que é Empreendedorismo?

Empreendedorismo tem a ver com o fenômeno humano e se traduz na maneira de estar e agir no
mundo. Essa atitude compreende três capacidades básicas:

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Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 01

• A capacidade de observação diferenciada do mundo - Isto é, a capacidade de tomar a


iniciativa, buscar soluções inovadoras e agir no sentido de realizar objetivos pessoais ou
comunitários. Essa capacidade está marcada por um sentimento de “querer fazer” antes mesmo
do fazer propriamente dito. O empreendedorismo, nesse sentido, é uma questão de atitude.

• A capacidade de realizar ações significativas - Uma vez instalado o querer fazer, atitude
imprescindível e necessária para a ação exitosa, empreender também compreende o “sentido de
realização”, ou seja, o sentido de realizar a ação, sem a qual o sentimento anterior do querer, da
atitude, se tornaria inócuo.

• A capacidade de gerar resultados úteis para a sociedade - Observação privilegiada e ações


significativas não bastam por si só. Empreendedorismo também requer a geração de resultados
úteis para a sociedade. O empreendedorismo, nesse sentido, é uma questão de consciência social
e, mesmo que não estejamos enfatizando a atividade, estaremos, nesta
disciplina, discutindo o papel do empreendedor como co-responsável
social.

Como Observamos o Empreendedor?

Este será um mapa de rota que iremos ampliando e completando no transcurso da unidade, para falar do
empreendedor. Pretendemos com ele fazer um ponto de checagem e resumo dos conteúdos no
transcorrer das unidades.

Conclusão:

As noções de observação privilegiada, ações


significativas e resultados conseqüentes, além de
situarem o empreendedorismo sugerindo uma
visão diferenciada, também trazem consigo a
noção de aprendizagem. Isso porque não se nasce
com as capacidades de observar, agir e obter
resultados; essas capacidades são aprendidas ao
longo da vida da pessoa.

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Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 02

Aula 02 – Distinções de Aprendizagem

Nessa segunda aula, apresentaremos a aprendizagem como um fenômeno humano, os níveis de


aprendizagem e os desafios da aprendizagem. Tenha uma boa aula!

DISTINÇÕES DA APRENDIZAGEM
A aprendizagem é tanto uma arte quanto uma disciplina:
enquanto arte, requer sensibilidade para dar matizes, para
ser audaz, para lidar com incertezas; requer humildade e firmeza de propósito para superar o fracasso, e
também a capacidade para respeitar-se sempre, em qualquer condição; enquanto disciplina, é um
processo que tem características estruturais, que se assenta no passado (história), se realiza no presente
(com a ação, com a prática) e nos permite desenhar o futuro (fazer história, criar). Tudo isso é
aprendizagem. E aprendizagem continuada é desenvolvimento.

A aprendizagem tem um papel fundamental nos resultados que obtemos, tanto no domínio pessoal
quanto organizacional. Referimo-nos à aprendizagem como um processo que permeia todos os domínios
da vida e não só aquele associado ao “aprendizado de sala de aula”. A vida nos apresenta situações nas
quais não sabemos o que fazer, nem com os quais sabemos lidar. Coloca-nos diante do desconhecido e
exige que atuemos com alto grau de efetividade. Você se lembra de como se sente quando é pego sem
saber como fazer algo? É nesses momentos que ter a noção de ser aprendiz converte tais situações em
oportunidades para expandirmos nossa consciência e nossas competências.

As reflexões de Fernando Flores (1995) sobre o fenômeno da aprendizagem nos dizem que nela podemos
identificar dois tempos: um tempo inicial, no qual não sabemos fazer algo e um tempo final, no qual
podemos declarar que sabemos fazer esse algo. Existem três condições para que possamos dizer que
sabemos: primeiro, que isso que aprendi posso fazê-lo com autonomia, ou seja, sem precisar da ajuda de
outros; segundo, que posso fazê-lo com efetividade, ou seja, com eficácia e eficiência; e terceiro, que
consigo resultados positivos recorrentemente.

Os Níveis de Aprendizagem

Existem níveis escalonados no processo da aprendizagem. Desde o momento em que nascemos, estamos
aprendendo. Por isso, ainda hoje, como em qualquer outro momento de nossas vidas, identificamos
situações nas quais somos “experts” e outras em que somos simplesmente principiantes. Em resumo,
somos aprendizes durante toda a vida.

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Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 02

Fernando Flores (1995) compreende o desenvolvimento da aprendizagem das pessoas num processo
progressivo através de seis níveis de competências. Esta progressão vai desde o nível do principiante até
o nível do mestre. Vejamos, a seguir:

• Principiante - Neste nível, o aprendiz começa a desenvolver habilidades seguindo as regras e


distinções dadas por um manual. O principiante não tem condições para antecipar a maneira
como vai agir em situações em que não existam as regras que ele aprendeu. Seu trabalho será
rotineiro e terá dificuldades em responder a situações novas. Palavras-chave: segue regras.

• Principiante avançado - Neste nível, o aprendiz começa a demonstrar capacidade de atuar em


domínios novos, ainda que sob supervisão. Embora não confie em si mesmo para atuar
independentemente, já demonstra ter experiência em usar regras e começa a distinguir sintomas
nas situações. Seu mundo expande-se, na medida em que valoriza cada vez mais a experiência e
a sabedoria adquirida para reconhecer e antecipar problemas que estão além de sua competência
atual. Palavras-chave: reconhece situações.

• Competente - Neste nível, o aprendiz trabalha com independência, podendo antecipar e lidar
com problemas sem muita deliberação sobre o que tem que fazer e, em conseqüência, não
precisa mais seguir regras ou instruções. Seu desempenho é considerado bom, embora não
consiga ainda lidar com situações inesperadas que estejam fora de suas práticas padrões.
Palavras-chave: Sabedoria prática.

• Especialista - Neste nível, o aprendiz é reconhecido por outras pessoas pela sua destreza com o
assunto. Os resultados que obtém são acima da média. Ele consegue rapidamente identificar
novas situações e tem experiência para se adaptar às novas circunstâncias. O especialista está
em condições de ensinar a outros, mesmo que ainda não seja líder ou inovador nesse campo.
Palavra-chave: Excelência.

• Virtuoso - Neste nível, o aprendiz sabe executar sua tarefa com excelência e ainda aumenta a
efetividade das pessoas que estão à sua volta. Observa seus próprios limites e os limites da sua
disciplina e se esforça para superá-los. Palavras-chave: supera limites.

• Mestre - Neste nível, já não é mais aprendiz porque possui excelência histórica. Ou seja, ele não
só consegue se desempenhar no seu domínio, mas também é capaz de criar uma revolução na
história desse domínio. Sabe se deparar com as anomalias da disciplina, observando-as e criando
possibilidade de reconstituição substancial. Palavra-chave: reinventando a disciplina.

Modelo de Aprendizagem

Jacques Delors, no Relatório feito para a UNESCO sobre Educação para o século
XXI, apresenta os Quatro Pilares da Educação: conhecer, fazer, ser e conviver.
Posteriormente, a própria UNESCO, através de seus dirigentes, passará a se
referir a um quinto pilar da Educação: o saber-aprender. Essa comissão pensa

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Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 02

que cada pilar deverá ser objeto do ensino estruturado para que a educação seja uma experiência global,
que se realiza ao longo da vida, tanto nos planos cognitivo e prático quanto no plano do indivíduo como
pessoa e membro de uma sociedade.

Uma nova concepção de Educação visa a realização da pessoa na sua totalidade, em que todos possam
descobrir, estimular e fortalecer o potencial criativo. Em outras palavras, revelar o tesouro
escondido em cada um de nós. Assim se ultrapassa a visão da aprendizagem puramente
instrumental e chega-se a uma visão de aprendizagem integral e presente durante a vida
toda.

• Aprender a conhecer - O aprender a conhecer visa, mais que adquirir um repertório


determinado de conhecimentos, desenvolver o domínio dos instrumentos do conhecimento. Por
instrumentos do conhecimento entendemos aprender a refletir, procurar, inquirir, propor e
interpretar, exercitando a atenção, a memória e o pensamento de análise e síntese.

Aprender a conhecer aproxima-se de dois objetivos: um meio e outro fim: o objetivo meio, vai permitir à
pessoa compreender o mundo, desenvolver suas capacidades profissionais e interagir na sociedade; e, o
objetivo fim, vai permitir à pessoa experimentar o prazer do conhecer, o deleite de descobrir novos
mundos. O processo de aprendizagem do conhecimento nunca estará acabado e pode se enriquecer com
qualquer experiência.

• Aprender a fazer - Ligado com a idéia de aprender a conhecer, o aprender a fazer vai além de
adquirir o simples conhecimento do quê e do porquê das coisas; aprender a fazer tem a ver com
realizar a tarefa, executar a ação propriamente dita, tendo em vista o contexto de oportunidade e
efetividade em que a ação se insere. É no fazer que a ação significativa se realiza, e com esta
realização é que se atinge o resultado desejado.O aprender a fazer também está relacionado com
a noção de educação profissional e a educação para a realização de atividades informais. Por um
lado, está relacionado à formação profissional e ao desempenho de atividades formais, como
Medicina, Direito, Engenharia etc., nas quais existem conhecimentos e maneiras específicas de
fazer. Por outro lado, está relacionado ao exercício de atividades informais, como nas áreas de
comércio, artesanato e, em geral, o setor de serviços que não estão associados a uma profissão
formal e que, em países em desenvolvimento como os da América Latina, são muito freqüentes.

• Aprender a conviver - Aprender a conviver visa a descobrir progressivamente o outro e atuar


em projetos com interesses comuns com esse outro. Sem dúvida, esta aprendizagem é um dos
desafios mais importantes não só para o sistema educativo, mas para nós mesmos, agora. De
maneira natural, nos acostumamos a valorizar mais as nossas qualidades e as qualidades do
grupo a que pertencemos, seja este político, religioso, cultural. Temos dificuldades em valorizar o
outro e suas qualidades diferentes. Isso é estimulado até mesmo pelo sistema educativo, com o
clima de competição que prioriza sucesso individual. Aprender a conviver significa ver o outro
como um legítimo outro, com igualdade de oportunidades, direitos e possibilidades. Isso é

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Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 02

possível quando conseguimos perceber-nos como diferentes e legítimos. Então, é possível


estabelecer comunicação entre os membros de grupos diferentes, abrindo um espaço de respeito
e legitimidade mútua. Aprender a conviver significa sentirmo-nos co-responsáveis e co-autores
das realidades sociais e encontrar os objetivos comuns, criar projetos comuns em beneficio dos
outros, que abram espaços para a cooperação e até para a amizade.

• Aprender a ser - Aprender a ser visa ao desenvolvimento


total da pessoa. Todo ser humano deve ser educado e
preparado para elaborar pensamentos autônomos e críticos,
formular os seus próprios juízos de valor, de modo a poder
decidir, por si mesmo, como atuar nas diferentes
circunstâncias da vida. Aprender a ser é um complemento
do aprender a conviver. Aprender a ser é um processo que
começa pelo conhecimento de nós mesmos, de nosso
potencial e complexidade, numa viagem de maturação contínua como indivíduo, membro de uma
comunidade, inventor de realidades e criador de sonhos. Aprender a ser significa o
desenvolvimento do espírito e do corpo, da inteligência, da responsabilidade pessoal e social, da
sensibilidade, do sentido estético e da espiritualidade. Aprender a aprender é uma meta-
aprendizagem. É o saber que permeia os outros quatro pilares e que significa aprender a se
beneficiar das oportunidades oferecidas ao longo da vida, em todos os domínios do ser,
anteriormente mencionadas. Aprender a aprender supõe uma atitude aberta aos acontecimentos
e experiências na vida.

Como Observamos o Empreendedor ?

Conclusão: O empreendedor adquire as


capacidades que o diferenciam a partir do
desenvolvimento dos pilares da educação. Ele
aprende a conhecer e a fazer certas coisas;
aprende a ser o dono da sua realidade e
aprende a conviver com responsabilidade e
participação.

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Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 03

Aula 03 – A Teoria do Observador

Nesta aula você estudará a teoria do observador, suas distinções


básicas e importância.

A TEORIA DO OBSERVADOR
Pretendemos, de agora em diante, fazer um mergulho em novos conceitos sobre o tipo de observador
que somos. Vamos apresentar-lhe as distinções do observador.

Distinções do Observador

Observar é o resultado dos atos de perceber e distinguir. Neste tópico, vamos introduzir as distinções
do observador; portanto, pedimos a sua abertura e entusiasmo para esta viagem que o levará a lugares
desconhecidos. Vejamos as distinções:

Somos Observadores Diferentes

A primeira e mais importante distinção é que somos observadores diferentes.


Leia o texto que você redigiu na atividade 1 (EU SOU). Cada um de nós tem
experiências diferentes, ninguém poderá escrever esse mesmo relato, ainda que
tenha passado por situações iguais. Damos maior ênfase e atenção a certas
coisas e a outras não. Tem quem fale de si mesmo a partir de sua vida
profissional, outros a partir de sua vida familiar, ou a partir da trajetória
acadêmica, ou de seus sonhos e crenças. Outros falam a partir dos costumes do
lugar onde nasceram e outros pelas perdas que teve de seres amados. Qualquer
que seja, todos estamos falando a partir do observador que somos e das coisas que são importantes para
nós. Isto nos faz definitivamente diferentes.

Mas por que somos diferentes? Vamos observar com lupa o relato do EU SOU para descobrir outras
coisas.

Somos diferentes porque temos distinções diferentes. Uma mesma situação é observada de forma
diferente, segundo as distinções de cada pessoa nessa mesma situação. Se vamos juntos a um mesmo
restaurante e eu sou um freguês, mas você é um chefe de cozinha, as observações que você poderá
fazer a respeito do preparo e apresentação da comida serão muito mais sofisticadas que as de um
simples freguês. Por sua vez, eu poderei fazer observações acerca do meu gosto particular de tempero,
do atendimento, do ambiente aconchegante e da decoração em geral, que serão as questões que vão
definir se freqüentarei novamente o local.

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Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 03

Segundo o tipo de distinções, possuímos um conjunto de ações possíveis, o que para outros, que não as
possuem, são impossíveis. Veja o exemplo do neurocirurgião. Ele, com as distinções que tem, pode fazer
intervenções no cérebro de outro ser humano com expectativa de sucesso. Essas ações estão fora das
possibilidades de uma pessoa que não tenha conhecimento em neurocirurgia, que não compartilha
dessas distinções, e isso a faz diferente. Observe que existem ações que você consegue realizar na sua
vida porque tem distinções específicas que diferenciam dos outros, como, por exemplo, as decisões que
você toma no seu trabalho, na sua família, as conversações que você tem com colegas ou amigos, etc.

Esta é outra distinção essencial do observador, a capacidade de fazer juízos, o que corresponde ao
posicionamento que o observador assume ao usar as distinções. O anterior nos remete também a que,
como observadores, somos afetados pelo que nos acontece, e isto nos leva a tomar partido e fazer juízos
diferentes. Minha opinião sobre o que me acontece faz com que aprecie mundos de possibilidades
diferentes. Se tiver o juízo de que, com o novo Governo, o Brasil vai mudar, então minha maneira de
apreciar as mudanças será aberta e vai facilitar que novas coisas aconteçam. Se meu juízo é de que no
serviço público nada muda e tudo o que acontece é devagar, então qualquer iniciativa será considerada
como apenas mais uma. Não nos interessa discutir qual juízo é melhor ou pior e, sim, mostrar que
qualquer que seja o juízo que se tenha, estão se abrindo ou fechando possibilidades. Os juízos com os
quais observamos o que acontece à nossa volta orientam nossas ações a rumos diferentes. Observe os
juízos presentes no seu relato da atividade 1 e reflita sobre as ações que lhe são possíveis e não são
possíveis.

Outra coisa que podemos observar na história do EU SOU são as narrativas. Observe a maneira como
você entrelaçou as diferentes distinções e juízos, ou seja, os acontecimentos vivenciados por você,
gerando um sentido de coerência e significados entre as distinções que fez. O papel da linguagem, na
maneira como construímos explicações e narrativas sobre o que nos acontece, também nos faz ser
observadores diferentes. Lembre-se do último filme que assistiu com algum amigo ou amiga. Após a
sessão, num Café, conversando sobre o que chamou sua atenção no filme, descobre que o outro
observou coisas muito diferentes de você, e a maneira como explica a trama ou como fala sobre o que o
diretor queria mostrar naquela cena dá a impressão de que estão falando de filmes diferentes. Lembre-se
da última notícia sobre o Governo ou sobre futebol comentada no escritório. Não falta quem faça uma
narrativa completamente diferente e, mesmo que você discorde, para o outro narrador ela faz sentido.
Com nossas narrativas, nós damos significados diferentes às coisas que observamos e, com isso,
constituímos mundos diferentes. É como se, para cada observador, existisse um mundo diferente.

O Observador Inventa e Constrói sua Própria Realidade.

A terceira distinção é que o observador inventa e constrói sua própria realidade. Essa distinção é
complexa, mas vamos tentar avançar de uma maneira simples e cuidadosa. Estamos seguros de que
você já participou ou presenciou discussões intermináveis em temas de controvérsia como política,
esporte, religião etc. E você se dá conta de que, depois de todo o sufoco e esquentamento, no melhor
dos casos, a conversa termina num acordo de respeito pela diferença de opiniões, mesmo quando algum

20
Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 03

dos participantes mude de idéia. E, no pior dos casos, temos testemunhado discussões que terminam em
mágoas entre amigos, separações de casais, demissões, vinganças, mortes e até guerras.

Se refletirmos sobre esses tipos de situações, poderemos ver que o que está por trás delas é um apelo à
verdade, numa tentativa de conseguir convencer aos outros de que a nossa verdade é fiel à realidade.
Achar que possuímos a verdade, ou, correspondentemente, que não a possuímos, é uma postura
costumeira nos nossos relacionamentos; de alguma maneira achamos que as nossas opiniões coincidem
com o fato de como as coisas realmente são e, como vimos no exemplo acima, conseqüências funestas
têm acontecido devido a essa postura. Mas não devemos pensar que esta seja uma postura propositada
das pessoas; pelo contrário, é algo tão transparente que não conseguimos vê-lo, a não ser que alguém
nos mostre. Ou seja, nos relacionamentos que construímos, damos por estabelecido que alguém possui a
razão, mas nunca passa pela nossa cabeça que talvez todos ou nenhum a tenham.

Existem dois fatores que contribuem para que isso ocorra: o consenso e a efetividade.

• Consenso

É quando todos coincidem numa mesma observação e ninguém discorda dela. Por exemplo, poderíamos
afirmar que o ano tem doze meses, a começar no dia primeiro de janeiro e a terminar no dia 31 de
dezembro. É muito fácil achar que é assim mesmo, sem duvidar, mas esse calendário, numa comunidade
muçulmana ou judaica, não faz nenhum sentido, pois, nessas culturas, a noção de calendário construída
é diferente da nossa. Ou seja, as "realidades" podem mudar ou serem reconstruídas, dependendo da
comunidade ou do tempo histórico em que vivemos.

• Efetividade

É quando a maneira de observar e atuar gera os resultados esperados e,


obviamente, nesses momentos achamos que estamos certos. Por exemplo,
existe um chuveiro elétrico em todas as casas. Ele é um aparelho efetivo no
que diz respeito a nos oferecer água quente rapidamente, a um custo que é
adequado para o serviço que oferece. Por consenso e efetividade,
continuaremos a instalar chuveiros elétricos até o dia em que uma mudança de
contexto faça com que esse aparelho não seja mais eficiente. Uma mudança
dessas pode ser um racionamento de energia como aquele que vivemos no
Brasil, no ano 2001, ou uma crise econômica que nos obrigue a economizar.
Nesse momento, o chuveiro não é mais eficiente, e nos vemos na necessidade de procurar alternativas
que sejam econômicas. Ou seja, as "realidades" podem mudar ou serem reconstruídas, dependendo das
mudanças do contexto. No exemplo, essa mudança foi externa, mas também poderá ser interna ao
observador.

21
Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 03

Como observadores, só podemos falar do que observamos. Mesmo que nas nossas observações nos
façam pensar que a realidade é como a vemos, seja pelo consenso ou seja pela efetividade, como seres
humanos não podemos fazer tal afirmação. Durante séculos, discussões filosóficas muito complexas têm
tido o objetivo de discernir se a realidade existe ou não. Não queremos adentrar nessa discussão; o que
queremos afirmar é que, como seres humanos, temos vários filtros que, de alguma forma moldam nossa
percepção e nossas distinções do mundo. Um desses filtros é, por exemplo, nossa biologia. Este é um
exemplo bem prático do que estamos falando. Por sermos biologicamente como somos, existem
diferenças na maneira como percebemos o mundo comparado com outras espécies de seres vivos.
Sabemos da maior capacidade auditiva que tem o cachorro, a capacidade visual que tem a águia durante
o dia, ou a coruja durante a noite. Cada ser vivo tem seus próprios limites biológicos. Imaginem neste
momento qual será o som da realidade. Quantos sons, além dos que conseguimos escutar, estão
presentes agora ao nosso redor. Pensemos ainda em algo mais próximo, nas diferenças entre nós,
homens e mulheres da mesma espécie. Há aqueles que têm miopia, aqueles que são surdos, daltônicos,
baixos, altos, saudáveis, doentes, obesos, adictos etc. Nossa biologia define e filtra a maneira como
percebemos o universo.

Não só observamos com os olhos, mas também com as emoções, com nossas distinções básicas, com
nossos juízos. Essas emoções, distinções, juízos etc, também funcionam como filtros, assim como
acontece com nossa biologia. Segundo as distinções de uma pessoa com relação ao futebol e sua opinião
acerca do futebol brasileiro, ela vai interpretar, ou seja, observar, de maneira particular, os comentários
e reportagens feitos nos jornais esportivos. Mas, como já foi dito, só se pode falar do que é observado,
ou seja, essa pessoa não tem como falar de como o futebol brasileiro realmente é.

Já foi feita a reflexão de que somos diferentes, mas agora estamos acrescentando que ser diferente nos
faz observar mundos diferentes. E agora temos nas mãos uma "batata quente". Como vamos nos
relacionar com os outros, se não existe realidade? Como vai ser definido o que é certo e errado? Sem um
critério de verdade, tudo parece possível! Como vamos lidar com isso?

Pensemos por um momento. Hoje, no tipo de sociedade em que vivemos, tudo está sendo possível. É
possível, como falamos anteriormente, mentir, enganar, ignorar e até eliminar; como também é possível
negociar, respeitar, confiar, cooperar etc. Existe algo que produz uma diferença entre um e outro. Parece
que o paradigma atual de verdade e realidade que persistimos em manter não é aquilo que garante que
possamos viver num mundo melhor e mais seguro.

Se reconhecemos que somos observadores diferentes e que vivemos em mundos diferentes, a alternativa
que nos resta para uma convivência ética e harmoniosa é o respeito pelo outro e pela legitimidade de sua
diferença. A razão de ser dessa postura ética e dessa legitimação do outro, na verdade, decorre de um
processo de auto-respeito e de autolegitimação, por dois motivos complementares: por um lado porque
somos semelhantes no compartilhamento da forma de ser, que é ser humano; por outro lado, sendo
humanos, somos diferentes enquanto indivíduos. Esse paradoxo aparente, de sermos iguais e diferentes
ao mesmo tempo, é o que torna possível ao ser humano uma convivência de respeito.

22
Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 03

Desta maneira, propomos um tipo de relacionamento entre seres humanos baseados no respeito pelo
outro e reconhecimento da legitimidade das diferenças mútuas. Isso não significa que qualquer
comportamento é legítimo só porque é o comportamento de um observador. Não, o que estamos dizendo
é que o comportamento, para ser legítimo, é aquele no qual se reconhece a legitimidade própria e se
reconhece a legitimidade do outro.

O observador Pode Observar a Si Mesmo

Aceitar as duas distinções anteriores - a de que somos observadores diferentes e a de que a maneira
como observamos o mundo é só a forma como o observamos - nos leva a introduzir a terceira distinção,
a de que o observador pode observar a si mesmo. Com esta distinção, nos capacitamos a nos perguntar
pelo tipo de observador que somos.

Faz parte da condição humana a ação reflexiva de observar o observador que se é. Ao introduzir as
distinções acerca do observador, estamos possibilitando que você se torne um observador particular,
digamos com mais poder, no sentido de possuir uma nova e maior capacidade de ação, o poder daquele
que consegue observar a si próprio. Até agora, você está em condições de ver suas distinções, alguns
juízos e narrativas, mas, principalmente, está em condições de começar a se perceber diferente do outro
e perceber o outro com admiração pela diferença que existe entre vocês.

Como seres humanos, estamos em constante mudança e transformação. Estamos em permanente


interação com o mundo e com outros seres humanos. Estas interações acontecem de maneira aleatória e,
em conseqüência, o observador que somos vai se transformando. De maneira nenhuma somos estáveis.
Você não é o mesmo que era há dez anos, nem aquele antes de começar a fazer este curso.

Possuir as distinções do observador, isto é, poder observar o observador


que se é, dá ao indivíduo a possibilidade de intervir positivamente no seu
próprio processo de transformação, percebendo-se nos movimentos e nos
aprendizados. Nos tópicos adiante, estaremos introduzindo mais
distinções a respeito do observador, aperfeiçoando a teoria e abrindo
possibilidades para uma prática consciente de mudança de si próprio e do
mundo que observa.

• Como observamos o empreendedor?

23
Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 03

Conclusão:

As capacidades do empreendedor: observar


privilegiadamente e atuar significativamente estão
intimamente ligadas ao tipo particular de
observador que ele é. O empreendedor constrói
realidades, atribui significados às suas ações e
intervêm no seu próprio processo de
transformação.

TIPOLOGIAS DO OBSERVADOR : OS ENFOQUES ÚNICO E


MÚLTIPLO
Tipologias do observador segundo o enfoque único ou múltiplo

• Característica 1 - Observador de enfoque único

Essa pessoa acredita que a maneira como ela vê as coisas num dado momento é a maneira correta e
única válida. Quando as outras pessoas não compartilham sua opinião, é porque elas não estão
conseguindo ver da sua maneira. Quando é necessário atuar em conjunto, esta pessoa tenta convencer,
subordinar, ameaçar e, em último caso, até eliminar as pessoas que observam de maneira diferente. O
ideal ético é a tolerância, que está relacionada com a censura ao outro e a paciência temporal dela
própria.

• Característica 2 - Observador de enfoque múltiplo

Essa pessoa acredita que a maneira como ela vê as coisas num dado momento é só uma dentre infinitas
formas de vê-las. Quando as outras pessoas não compartilham sua opinião, é porque elas estão vendo de
maneira diferente, o que é perfeitamente legítimo. Quando é necessário atuar em conjunto, essa pessoa
tenta convencer, seduzir e mostrar as possibilidades às pessoas que observam de maneira diferente. O
ideal ético é o respeito, que está relacionado com o reconhecimento à diferença e legitimidade do outro.

• Característica empreendedora

Observador com enfoque único e enfoque múltiplo. Essa pessoa consegue combinar as duas
características de uma maneira equilibrada. Tem um enfoque único: sabe quando sua observação é
poderosa e, mesmo que outros não a compartilhem, toma decisões assertivas e persiste em seus
objetivos. Ao mesmo tempo, tem um enfoque múltiplo: compreende que outras pessoas podem fazer

24
Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 03

observações importantes e, ao mesmo tempo, diferentes das dele. Gosta de se surpreender com o outro.
O seu ideal ético é o respeito pela diferença.

Os Paradigmas Metafísico e Ontológico

• Característica 1 - Paradigma Metafísico

Essa pessoa acredita que, como ser humano, existe dentro dela algo que é imutável. Igualmente acha
que existe uma verdade fora de si mesma e que deve ser descoberta. Existe uma única realidade à qual
pode fazer referência porque, de alguma maneira, tem acesso a ela. Exclui ou tenta convencer aquele
que não compartilha da sua realidade.

• Característica 2 - Paradigma Ontológico

Essa pessoa acredita que, como ser humano, é mutável e pode inventar a si próprio. Acha que não existe
uma verdade, mas múltiplas interpretações. Sabe que não tem acesso à realidade como ela é e só pode
fazer referência às suas particulares observações. Inclui todos aqueles que observam de maneira
diferente porque ele mesmo é um observador diferente.

• Característica empreendedora - O empreendedor ontológico

Neste curso, propomos o desenvolvimento do empreendedor ontológico. Acreditamos que este paradigma
seja mais coerente com o tipo de ações e relacionamentos que desejamos construir. Mesmo assim, e por
ser ontológico, não nos vemos no direito de desqualificar o empreendedor metafísico que outros cursos
possam oferecer.

25
Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 04

Aula 04 – Domínios Constitutivos do Observador

Nesta aula trabalharemos os três domínios básicos do observador:


a linguagem, a emocionalidade e a corporalidade .

INTRODUÇÃO
O Observador está constituído por três domínios básicos: a linguagem, a emocionalidade e a
corporalidade. Esta seção apresenta as características de cada um desses domínios, com o objetivo de
continuar ampliando as noções a respeito do observador.

Primeiramente, apresentamos uma contextualização acerca de como os domínios estão relacionados; na


seqüência, apresentamos cada um dos três em separado e, em todos, estaremos referenciando
permanentemente a observação do observador que você é.

OS TRÊS DOMÍNIOS CONSTITUTIVOS


Dizemos que o observador está constituído por três domínios básicos: a linguagem, a emocionalidade e a
corporalidade. Todos nós conseguimos perceber esses três domínios. Pense em você agora. Como estão
se manifestando seus três domínios neste exato momento? Você está numa emocionalidade apropriada
para estudar e aprender; do contrário, nem teria conseguido se sentar para entrar no site do curso. Sua
corporalidade também está presente. Pode ser que esteja relaxado ou com fome, mais seu atuar agora é
ler e acompanhar esta fala. E sua linguagem é quem o faz distinguir a condição na qual se encontra e
principalmente observar em você mesmo os três domínios.

Estes três domínios são considerados com igual importância; isto significa que é tão importante o pensar,
quanto o sentir e o atuar. Por muito, tempo tentaram explicar o ser humano a partir da sua natureza
racional. Somente os aspectos da linguagem, do pensar e da razão eram considerados importantes e a
ele eram subordinados os outros dois domínios. Mas, nas últimas décadas do século passado, grandes
avanços aconteceram, com os quais foi reconhecida principalmente a importância da emocionalidade. A
corporalidade vem sendo reconhecida aos poucos, por movimentos alternativos da medicina e de terapias
corporais, mas ainda é precário o status desse domínio no meio organizacional.

Além de serem igualmente importantes, esses domínios são coerentes entre si. Por exemplo, nossa
emocionalidade se manifesta no nosso corpo e na nossa linguagem. Imagine alguém com muita raiva
(sentir), com o corpo deitado (atuar) e lendo um livro (pensar); você conseguiu? É improvável que
alguém possa imaginar que essa pessoa esteja com sentimento de raiva, prestes a “explodir”, deitada e
lendo. Nesse caso, não se vê uma coerência entre os três domínios. Na coerência, quando estamos

27
Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 04

experimentando raiva (sentir), nosso corpo está tenso e ágil, grunhindo ou bufando, com movimentos
rápidos (atuar) e, definitivamente, falando rápido, remoendo e tentando explicar o que aconteceu
(pensar).

Esses domínios também estão interconectados; isto significa que, ao mudar um deles, necessariamente
os outros dois vão estar afetados. Por exemplo, se estou preguiçoso sem conseguir me mexer (atuar) e
recebo uma ligação de alguém de quem gosto muito (sentir) e conversamos sobre assuntos que me
motivam (pensar), é provável que no meio do papo eu já esteja em pé, querendo fazer alguma coisa.
Isto abre possibilidades para observar o observador que somos e pensar em alternativas para mudanças
em algum domínio.

Finalmente, esses três domínios também interagem com o sistema (ou entorno) . A família, amigos,
colegas, entre outros, constituem o sistema social no qual nos movimentamos. Nosso pensar, sentir e
atuar não pode ser compreendido apenas através da observação do indivíduo como ser único. Por um
lado, o sistema, ou seja, o meio em que vivemos, está permanentemente nos estimulando para
desenvolver novas emoções, atitudes, posturas, idéias etc., que produzem mudanças em nós. E ainda,
com nossas opiniões, sentimentos e formas de agir, também estamos produzindo estímulos e mudanças
no sistema. Indivíduo e sistema interagem e se afetam mutuamente, num continuum.

Linguagem

Quando pensamos, o que pensamos? Como pensamos? Estas são algumas das perguntas interessantes
que podemos fazer relacionadas a esse domínio. O tempo todo, nossa mente está com idéias, imagens
mentais, opiniões, conceitos, associações etc., e acontece com tanta facilidade que às vezes se torna
“transparente”, ou seja, não percebemos que estamos pensando, acontece
sem que “eu pense que vou pensar”. Vamos tirar o pensar dessa
transparência e “trazer o fenômeno à sala” (lembrem que definimos esta
expressão com a idéia de observar o fenômeno, neste caso, o pensar, e

28
Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 04

juntos observá-lo e destrinchá-lo) para que possamos fazer novas distinções a respeito do pensar.

Este é o nosso fenômeno: Pensamos numa garrafa de refrigerante plástica. Achamos que são melhores
do que aquelas garrafas de vidro antigas, porque esses tipos de garrafas oferecem maior segurança no
caso de acidentes em casa e porque aparentemente são mais higiênicas.

Vamos fazer uma análise do nosso fenômeno, e você, igualmente, no seu caso particular. Vamos ver em
que dá isto.

No nosso fenômeno, estamos fazendo distinções de um objeto: uma garrafa de refrigerante plástica. Mas
estamos utilizando outras distinções para falar dela, como, por exemplo: garrafa de refrigerante de vidro,
vazio, antigo, segurança, acidentes, casa, higiene - as distinções nos permitem nomear as coisas que
vemos no mundo. As distinções também são compartilhadas na comunidade. Se eu chego perguntando
por uma “botella”, só as pessoas que tem distinções compartilhadas do idioma espanhol saberão que
estamos falando exatamente do mesmo objeto.

No mesmo exemplo, vamos ver os juízos: é muito melhor do que aquelas garrafas de vidro antigas;
oferece maior segurança no caso de acidentes em casa; é mais higiênica. Com os juízos, nos
posicionamos a respeito do que estamos distinguindo, ou seja, da garrafa, neste caso. Os juízos também
falam de nós. Poderíamos nos perguntar por que é tão importante para esta pessoa a segurança. Será
que tem crianças em casa, ou terá sofrido algum acidente no passado etc.? Os juízos falam do que
opinamos do mundo, mas também falam do que nos importa.

A narrativa, por sua vez, é a maneira como “costuramos” as distinções e os juízos que fazemos do
mundo. Neste exemplo, a narrativa fala de alguém que valoriza o avanço tecnológico porque garante um
maior bem-estar para sua vida. Um ambientalista, por exemplo, poderia estar falando exatamente o
contrário, com o objetivo de gerar uma maior consciência ambiental, dizendo que nenhuma garrafa é
melhor que outra, pelos processos de reciclagem dos componentes e o nível de contaminação que
deixam no planeta. Já um empresário poderia estar tentando seduzir um potencial investidor para sua
empresa de distribuição de refrigerantes. A narrativa tem em si uma noção de poder. Este poder,
entendido como poder de ação, identifica-se pela capacidade que você tem de fazer as coisas
acontecerem nas suas interações com equipes, famílias etc. A narrativa é poderosa quando faz sentido
para as pessoas e faz com que coisas aconteçam.

Emocionalidade

Quando sentimos, o que sentimos? Como sentimos? Estas são algumas perguntas
muito interessantes que podemos fazer relacionadas a esse domínio. Lembre-se
das últimas 5 horas. Procure distinguir os sentimentos que surgiram ao longo deste
período. Teve recordações, lembrou de cenas agradáveis, sentiu raiva, esteve
preocupado, ansioso, esteve relaxado, teve alguma perda e ficou triste, falou com

29
Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 04

alguém e se sentiu feliz? Se qualquer dessas coisas aconteceu, então você tomou contato com o domínio

da emocionalidade.

Observemos, em primeiro lugar, que a emocionalidade flui de um estado a outro. Num curto período de

tempo, podemos identificar um grande fluxo de emoções que serão mais conturbadas ou tranqüilas,
dependendo do nível de agitação e estresse do dia. Numa hora, estamos tranqüilos, logo depois,
ansiosos, à espera de algo e, depois, felizes porque aquilo que esperávamos aconteceu. É um fluir
interminável.

Dizemos também que a emocionalidade é contagiosa: naturalmente ficamos felizes, tristes ou sentimos
ternura se alguém próximo de nós tem esses sentimentos. Principalmente, estamos mais expostos a este
contágio quando alguma das pessoas que amamos vivencia alguma emocionalidade em particular. Isto é
muito interessante porque líderes e empreendedores sabem disto, eles com sua própria emocionalidade
conseguem contagiar grupos, povos e nações com uma emocionalidade específica. A emocionalidade é
contagiosa e predispõe para a ação.

Vejamos o exemplo de emocionalidades contagiosas em alguns empreendedores mundiais: por um lado,


Gandhi, através da emocionalidade da paz e do amor, contagiou, conseguiu predispor o povo indiano
para que mudanças acontecessem. Por outro lado, Hitler predispôs o povo alemão para a guerra e a luta
pela supremacia germânica. No nosso caso, quando precisamos desempenhar uma ação com efetividade,
devemos nos perguntar se estamos com a emocionalidade adequada para obter sucesso na tarefa. Não
será possível me concentrar para estudar um texto se estou em “clima de paquera” num barzinho.
Também não poderei escutar atentamente meu filho se estou esperando que passe na TV o informe do
valor do dólar.

Todas as nossas observações acontecem num espaço emocional. Uma mesma situação observada por
dois observadores levará a resultados diferentes, dependendo do estado emocional em que se encontre
cada um. Se virmos uma mulher batendo num menino, um observador que esteja se sentindo triste
provavelmente vai ficar mais desanimado ainda, sentindo que nada pode fazer para mudar o mundo. Por
outro lado, diante da mesma situação, se outro observador estiver com compaixão, provavelmente vai se
aproximar respeitosamente e oferecer ajuda a ambos.

Assim como dissemos que os pensamentos aparecem de três formas (distinções,


juízos ou narrativas), no sentir podemos distinguir duas formas: emoções e estados
de ânimo. No nosso quadro acima, podemos identificar claramente as emoções,
porque elas são superficiais e passageiras e sempre estão relacionadas a algum
acontecimento concreto, e, como vimos, mudam contínua e rapidamente. Se você, ao
fazer o exercício, não conseguiu identificar o evento que desencadeou uma
emocionalidade, então provavelmente estamos diante de um estado de ânimo. Os
estados de ânimo são mais profundos e recorrentes e chegam a caracterizar as

30
Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 04

pessoas. Você conhece pessoas que são tristes ou pessoas que são preocupadas? Ou pessoas que estão
sempre sorrindo, de bom humor? Todos nós temos estados de ânimo que nos caracterizam; em geral,
estamos nele, mesmo que tenhamos momentos com emoções diferentes, logo que passam, voltamos ao
nosso recorrente estado de ânimo.

Corporalidade

Quando atuamos, o que fazemos? Como atuamos? Você observa seu corpo? Seu corpo lhe envia sinais
como dores, enfermidades, alergias, momentos de contração ou descontração, suores, odores, secreções
etc. Ele está permanentemente interagindo e acompanhando as nossas ações, emoções e pensamentos.

O domínio da corporalidade é o domínio com o qual temos menor nível de contato e consciência. Em
geral, facilmente identificamos os nossos pensamentos e as nossas emoções, mas grande parte da nossa
corporalidade passa inadvertida para nós mesmos. Por um lado, é interessante quando nos vemos em
algum filme familiar gravado em VHS ou similar, e não reconhecemos nossos movimentos ou nossa
postura. É como se nos acháramos diferentes. Por outro lado, é interessante que, quase sem nenhum
esforço consciente e mesmo de longe, reconhecemos as pessoas pela sua maneira de caminhar ou seu
jeito de se movimentar.

A corporalidade nos remete tanto ao corpo quanto à postura corporal. Podemos caracterizar o nosso
corpo pela sua biologia, estrutura, estado de saúde ou histórico de doenças; podemos também nos referir
ao relacionamento que temos com ele, o quanto o aceitamos e cuidamos, como o alimentamos,
exercitamos e limpamos etc. Também podemos caracterizar a postura de nosso corpo pelo nível de
energia, ritmo e rotinas que são recorrentes. Reflita sobre as anotações da atividade anterior e faça uma
caracterização da sua postura. Poderá ver que em situações similares, a postura é a mesma.

Em particular, nos interessa aprofundar a reflexão quanto à postura. Se, por um lado, temos uma
estrutura que nos condiciona e limita, como é o caso do corpo, por outro lado, temos uma postura que
nos caracteriza e nos afeta na vida. Pela nossa biologia, podemos realizar certas ações e outras não, isto
é, alguns de nós poderiam ser profissionais de futebol, de boxe ou ginastica, mas cada um desses
esportes requer certas características estruturais da nossa biologia. Pela nossa postura, seja presunçosa
ou altiva, tímida ou segura, relaxada ou frouxa, algumas ações, oportunidades ou dificuldades são
possíveis de acontecer, e outras não.

Observadores diferentes adotam uma postura diferente, segundo o espaço onde se encontram. Como
você pode ver no exercício, dependendo do local onde você se encontre e do nível de segurança que você
perceba, seu corpo tem uma postura particular. Pessoas diferentes reagem com sua postura de maneira
diferente, segundo seus hábitos, padrões e costumes sociais.

A postura física são hábitos corporais construídos ao longo de toda a nossa vida. Além de caracterizar a
maneira como caminhamos, como olhamos para as pessoas, como sorrimos, como comemos etc., essa

31
Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 04

postura foi aprendida da nossa família, amigos e pessoas que admiramos. Quantas vezes nos falam que
somos iguais a alguém da família, mas, se formos observar, a semelhança se apresenta mais no corpo
que na postura.

Sendo assim, e acreditando que a postura nos afeta na vida, então, podemos incorporar novas posturas e
criar novas ações e possibilidades para nós.

Como Observamos o Empreendedor?

Conclusão:

O empreendedor reconhece em si mesmo e nos


outros sua maneira de pensar, sentir e atuar na
vida. Esses três domínios são coerentes com sua
visão empreendedora.

32
Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 05

Aula 05 – O Observador e a ação

Nesta aula apresentaremos as distinções básicas da ação. Você irá reconhecer a relação entre o
observador e a ação humana e adquirir
as distinções de transparência e quiebre.

INTRODUÇÃO
A ação é tão importante quanto o observador e, nesta unidade de empreendedorismo, consideramos esta
distinção fundamental para o futuro desenvolvimento de competências empreendedoras.

Temos apresentado aspectos que consideramos mais importantes no observador e, neste tópico, vamos
iniciar a apresentação da noção de "ação" que consideramos igualmente importante à do observador. A
importância da ação pode ser resumida em dois aspectos: primeiro, a ação determina os resultados que
obtemos na vida e, segundo, que a ação depende do tipo de observador que somos. CHRIS
ARGYRIS(1992) nos oferece uma maneira de entender a relação entre o observador, a ação e os
resultados. Vejam figura a seguir:

Todo e qualquer resultado que obtenhamos na nossa vida, seja no trabalho ou no âmbito pessoal, é

conseqüência das ações que realizamos. Por sua vez, toda ação realizada é feita por um observador.

A ação tem como efeito alterar o que é possível. A ação se realiza porque temos a expectativa de que
algo novo aconteça. Fazer uma ligação, enviar uma mensagem, fazer um projeto, preparar uma comida,
qualquer coisa que fazemos altera a realidade e faz com que outras coisas se tornem possíveis. Inclusive,
não atuar pode ser uma ação que estamos realizando, mas com o mesmo interesse de provocar uma
mudança. Nas ocasiões em que as mudanças esperadas não acontecem apesar de nossas ações,
costumamos dizer que “não fizemos nada”.

33
Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 05

Dizemos que o atuar é o princípio ativo de nosso “ vir-a-ser”. Por um lado, nós atuamos conforme
somos, ou seja, o ser precede à ação. Isto significa que se eu observo as ações de uma pessoa, poderei
conhecê-la. Se eu participo de programas de beneficência, você poderá concluir que sou solidário; se
você observa que mantenho uma rotina de trabalho bem estabelecida, você pode achar que sou
disciplinado e, concluindo de outra forma, se você vir que sempre estou envolvido em atividades
esportivas, você dificilmente vai considerar que sou sedentário.

Mas, por outro lado, também somos conforme atuamos, ou seja, mais
precisamente, a ação gera o ser. Se mudarmos nossas ações, estaremos
influindo no processo de geração de nosso ser, transformando-o; se mudo
meus hábitos alimentícios e me alimento melhor e sou cuidadoso na
preparação dos alimentos, necessariamente vou adquirir novas distinções, e
isso me fará diferente; se realizar esta disciplina desenvolvendo um rigoroso processo de aprendizagem,
então vou me tornar especialista. A ação é um caminho para mudar o observador que somos.

Vamos abordar o observador e a ação a partir de uma perspectiva sistêmica. Como apresentamos em
aula anterior, a teoria do observador está enquadrada numa corrente de pensamento chamada
construtivista. Essa visão construtivista, por sua vez, surge numa linha de pensamento ainda maior,
chamada sistêmica. Ou seja, o construtivismo é uma ramificação do pensamento sistêmico. Nosso
propósito ao apresentar este conteúdo é que a teoria do observador seja compreendida num amplo
contexto. Veremos, brevemente, alguns dos fundamentos da nova sistêmica, que consideramos
relevantes para o estudo do empreendedorismo e, na seqüência, as reflexões que a nova sistêmica faz
sobre o fenômeno da aprendizagem. Nessa reflexão, apresentam-se as distinções de aprendizagem de
1ª, 2ª e 3ª ordem, com as quais encerraremos o estudo da Teoria do Observador.

NOÇÃO DE PESSOA
A noção de pessoa considera com igual importância tanto o tipo de observador que somos quanto as
nossas ações. Somos pessoas tanto pelos pensamentos e emoções quanto pelas ações que realizamos.
Poderíamos pensar em alguém que só é o que pensa? Ou, de outra forma, poderia conhecer você sem
conhecer sua maneira de pensar, de sentir e de atuar? Somos o observador que somos, somado às ações
que realizamos.

34
Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 05

Isto parece evidente, mas nos comportamos no mundo observando as ações dos outros, e fazendo juízos
sem nos deter a perguntar pelo observador que fez aquilo, como no caso de alguém que atua de uma
maneira inesperada, reagindo com violência e batendo nas paredes. Julgamos precipitadamente as
ações, as quais achamos erradas e, dificilmente, nos questionamos sobre a coerência que está por trás
dessa pessoa, do observador que fez o que fez. Não estamos querendo legitimar as ações violentas,
queremos observar o observador que somos, que só observa as ações dos outros, sem nos perguntarmos
pelo que levou essa pessoa a atuar de determinada maneira.

Independente da resposta que você deu no exercício anterior, observe que a sua resposta está sendo
gerada por você, está em você e não no Rubem. Nada pode nos dizer o que faz Rubem caminhar. O que
realmente faz Rubem caminhar é algo que ele movimenta do fundo de sua alma, algo que nem ele
mesmo é capaz de expressar com clareza. Esse “algo que nos move”, que nos faz agir e partir para a
ação propriamente dita é o que chamamos de inquietude. Outra maneira de fazer a pergunta do exercício
acima é: qual é a inquietude do Rubem, que o faz caminhar todo dia de manhã?

A inquietude é um tipo particular de distinção, porque ela é a única que relaciona diretamente o
observador e a ação. Costumamos dizer que a inquietude é o cordão umbilical que nutre e mantém
unidos a ação e o observador; ou também como vínculo entre o criador e a criatura: o observador é o
criador que traz a inquietude, e a criatura é a ação que nasce dela. As outras distinções da linguagem
(distinções, juízos e narrativas) não são suficientes para motivar a pessoa a atuar; é necessário que
exista a inquietude para que os atos aconteçam.

Enquanto um observador não age, dizemos que a inquietude ainda não se manifestou. A noção de
inquietude, mesmo que resida no observador, só se revela quando acontece uma ação. No caso do
diálogo acima, Ruben tinha explicações e opiniões médicas sobre a importância de caminhar, mas algo
acontecia até então, a inquietude não surgia para fazê-lo agir.

Nem sempre é possível desvendar a inquietude. Nem sempre temos uma resposta clara para dizer que a
inquietude do Ruben era a preocupação com a saúde. No diálogo, ele mesmo não sabia. Neste sentido,
como observadores, temos nossos limites. Como já sabemos, o máximo que podemos fazer é observar,
gerar interpretações sobre as ações e nos perguntar pelo observador que atua.

35
Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 05

Mas sabemos algumas coisas sobre as inquietudes. Sabemos que cada vez que uma inquietude surge, há
por trás o juízo de que algo falta no mundo, de que há algo que desejamos e de que precisamos intervir,
ou seja, de que é preciso atuar para que essa carência seja suprida, porque, no caso de não atuar, o
mundo vai continuar do jeito que está. Para Ruben, está faltando saúde, juventude, beleza etc., não
sabemos com certeza, mas algo falta no seu mundo e, se ele continuar agindo de forma sedentária, o
que falta não vai acontecer.

Tipologias do Observador Segundo as Inquietudes que Promovem a Ação

• Característica 1 - Observador que atua em função das suas próprias inquietudes

Essa pessoa está interessada nos seus propósitos, sonhos ou desejos. Tem energia para batalhar
pelos seus objetivos. Dificilmente percebe as inquietudes dos outros. Geralmente, não
compreende porque o outro se interessa por coisas diferentes das dele.

• Característica 2 - Observador que atua em função das inquietudes do outro


Essa pessoa sempre pensa no que o outro deseja. É solidário, generoso e dificilmente se recusa a
pedidos, mesmo quando não quer ou não pode realizá-los. Dificilmente percebe seus profundos
desejos ou sonhos. Não compreende como há pessoas que só pensam em si mesmas.

• Característica empreendedora - O empreendedor constrói inquietudes compartilhadas


Essa pessoa consegue combinar as duas características de uma maneira equilibrada. Não se
esquece dos seus sonhos e propósitos, mas constrói empreendimentos que vão ao encontro
também das inquietudes dos outros. É uma característica fundamental para o trabalho em
equipe.

Como Observamos o Empreendedor?

Conclusão: O empreendedor é consciente


do seu papel na comunidade à qual pertence
e é protagonista da sua historia; por isso, as
principais inquietudes do empreendedor o
levam a realizar ações significativas e com
responsabilidade social.

36
Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 05

NOÇÃO DE MAESTRIA
Trazemos a noção de maestria porque ela está intimamente relacionada com a ação. Chamamos mestre
àquele que domina uma técnica ou é competente para fazer certas coisas. O regente de orquestra é
aquele que consegue sintonizar e harmonizar um grupo de intérpretes junto com vários tipos de
instrumentos conforme uma música escolhida. Não é uma tarefa fácil, mas ele tem conhecimentos,
habilidades e atitudes para desempenhar essa coordenação de ações. O interesse em estudar esta noção
consiste em reconhecer que existem alguns domínios nos quais somos mestres e em outros não.

Na teoria da maestria de HEIDEGGER (1971), ele postula que uma pessoa é mestre no
momento em que seu ser é igual ao seu fazer. Para entender este postulado vamos
destacar dois pontos. Primeiro, que ser mestre não é algo permanente. Eu não posso
dizer que sou mestre em tudo, mas, sim, posso dizer que sou mestre em vendas. Ser
mestre acontece em alguns momentos e em algumas ações em particular. Eu posso
ser mestre dançando forró, mas no tango não. Segundo, o ser mestre acontece quando atuamos e
somos, ao mesmo tempo, sem esforço.

Ser mestre é quando entramos livremente em interação com uma situação; é esse momento em que o
ser é igual ao atuar. Por exemplo, quando somos aprendizes de dirigir carro, não entramos livremente
em interação com o trânsito. Estamos tensos, querendo antecipar movimentos e com medo de não ter a
habilidade para atuar corretamente a qualquer momento. Mas, depois de uma prática contínua, a
insegurança começa a desaparecer e, um dia, inesperadamente, percebemos que aquela tensão passou.
A partir desse momento, dirigir não é mais algo que nos estressa, dirigir acontece simplesmente. Então,
estamos interagindo livremente, nossa atenção não está no ato de dirigir, dirigir é “transparente” porque
nossa atenção está no ato de interagir com o trânsito.

Noções de Transparência

Preste atenção à distinção de transparência, porque há duas noções associadas: uma associada à noção
de maestria e outra à noção de ignorância pura.

• Transparência associada à noção de maestria

Dizemos que atuamos na transparência quando atuamos sem enfocar nossa atenção no processo de
atuar. São estes os momentos em que somos mestres, porque são aqueles momentos em que não
fazemos esforço algum para atuar. No exemplo do carro, quando entro nele e arranco, eu não penso na
chave, na embreagem, na marcha etc. Quando escrevo no computador, minha atenção não está no
teclado, ou no mouse. Minha atenção está posta na interação com aquilo que escrevo ou com o site que
estou visitando.

• Transparência associada à noção de ignorância

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Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 05

Dizemos que atuamos na transparência quando atuamos sem observar, ou


seja, sem perceber nem distinguir a ação que estamos realizando. São estes
momentos em que somos ignorantes, porque são aqueles momentos em que
não temos consciência alguma ao atuar. Um exemplo disso é quando vamos a
um concerto de música medieval do qual gostamos, mas fica transparente para
nós a harmonia, a estrutura e até o contexto em que essa música foi
composta, porque somos ignorantes nessa área.

A transparência, seja qual for, muitas vezes é percebida só quando é “quebrada”. Quando algo falta ou
algo sobra, essa transparência é interrompida. A maneira como chamamos essa ruptura da transparência
tem conservado seu nome em espanhol, em que costumamos chamá-la de quiebre. Esta é outra
distinção importante. Quando não achamos a chave do carro, quando o pneu está furado, quando o
mouse não responde, quando a água da torneira sai com muita força, quando alguém nos fala de música
medieval e nos ensina a escutá-la, então percebemos que essas coisas existem. Dizemos que a
transparência foi quebrada e que esses objetos saem da transparência.

Dependendo de como seja interpretado o quiebre, este poderá ser um problema ou uma oportunidade.
Temos falado várias vezes que o observador dá sentido às coisas que acontecem no mundo. Muitas
vezes, o que observamos no mundo são precisamente quiebres. Dependendo do estado de ânimo em que
nos encontremos e dos juízos que tenhamos do quiebre, este poderá se constituir em problema ou
oportunidade. Por exemplo, se tiver planejado um vôo, para mim são transparentes os procedimentos de
segurança e manutenção do avião; mas, com certeza será um quiebre se o vôo atrasar. Ficar no
aeroporto por duas horas pode ser um problema enorme e algo muito desgastante se eu estiver ansioso
e tiver o juízo de que o aeroporto é muito chato e não oferece nada para fazer. Por outro lado, pode ser
uma oportunidade, se eu estiver tranqüilo e tiver o juízo de que nesse tempo posso fazer muitas coisas,
ver lojas de livros, procurar um presente que tinha esquecido, ou ler aquele artigo de revista que sempre
estou adiando.

Diante dessas novas distinções, podemos nos perguntar: que postura típica tem um empreendedor frente
aos quiebres? Frente aos quiebres, posso ter uma postura empreendedora, me perguntando pelo que
falta ou sobra para que eles voltem à transparência. Com esta postura, estarei sendo responsável e
estarei abrindo possibilidades para a mudança. Observo muitos quiebres no mundo, no Brasil, na
universidade, no trabalho, em casa, em mim mesmo. O que fazer com esses quiebres? Se no ambiente
de trabalho um quiebre que temos observado é a falta de maiores oportunidades de negócios, uma
postura empreendedora ou pró-ativa frente a esse quiebre é responder à pergunta: o que falta ou o que
sobra nesta empresa para ter maiores oportunidades de negócio? Ou, o que poderíamos fazer para que
as oportunidades de negócios fossem transparentes e elas sempre estivessem ali?

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Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 05

Como Observamos o Empreendedor?

Conclusão: O empreendedor tem


competências tanto para declarar quiebres
que já existem, quanto para se antecipar a
eles. Por isso, suas ações significativas vão
ao encontro do que falta o do que sobra no
mundo para muda-lo. Ele é um agente de
mudanças e transformações que procura
resultados conseqüentes.

TIPOLOGIA DE AÇÕES
Você já pensou no que você faz quando age? Geralmente, quando penso no que faço,
penso nas ações mesmas que executo, por exemplo, escrever neste momento, marcar
uma reunião com um colega, ligar para o banco para resolver um problema ou avaliar
os resultados de uma prova.

Tarefa Individual

Caracteriza-se pela presença de procedimentos que orientam as ações da pessoa. A flexibilidade


determina se a tarefa individual é rotineira, contingente ou inovadora. Pode ser tanto uma atividade
manual como uma atividade não manual. A tarefa individual se fundamenta no que chamamos de
competências genéricas. Essas competências são aquelas requeridas para a realização e cumprimento
dos compromissos assumidos com outras pessoas. Por exemplo, elaborar um projeto ou fazer um plano
de negócios. Essas tarefas requerem conhecimentos específicos necessários para cumprir com esse
pedido. Sobre a tarefa individual, vários pensadores têm refletido, como no caso de Marx, Taylor, Ford e
outros mais contemporâneos, como Drucker. Disciplinas organizacionais, como organização e métodos,
reengenharia ou redesenho de processos, costumam refletir e implementar mudanças neste particular
tipo de ação.

Coordenação de Ações.

A linguagem é a principal ferramenta desta ação. O espaço compartilhado de inquietudes e o nível de


confiança construído entre as pessoas ou instituições é que determina se a coordenação de ações é um
processo simples ou complexo - ou seja, se as pessoas que estão se coordenando têm compartilhado

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Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 05

com clareza a ação a ser realizada, o motivo e o resultado esperado, gerando o interesse de todos por
alcançá-los, e, se têm a confiança uns nos outros, a respeito de competências, responsabilidade e
sinceridade para executar o trabalho, o que tornará a coordenação de ações muito simples. Mas se
alguma dessas características não estiver presente, então o processo será complexo e vulnerável às
dificuldades e problemas.

Ela se fundamenta no que chamamos de competências conversacionais. Essas competências


conversacionais são aquelas requeridas para fazer pedidos, ofertas e promessas. Esta ação não está
interessada, sem deixar de reconhecer sua importância, na realização das tarefas individuais, e, sim, nos
pontos de contato entre as tarefas individuais. Noutras palavras, este tipo de ação se interessa em
observar os relacionamentos, as interfases entre as pessoas, como elas se articulam, negociam, chegam
a acordos, em suma, como realizam e cumprem suas promessas.

A principal contribuição no estudo desta ação é de Flores, que não só se interessou pelo desenvolvimento
das competências conversacionais, mas que está desenvolvendo tecnologias chamadas “workflow”, as
quais se utilizam de programas computacionais para executar atividades de coordenação de ações.

Trabalho Reflexivo

A principal ferramenta desta ação é questionar a maneira como atuamos, como fazemos as coisas que
fazemos. É característica da linguagem humana voltar-se sobre si mesma e se perguntar, por exemplo,
sobre a maneira como formulamos nossas perguntas. Esses tipos de questionamentos pertencem ao
domínio da linguagem e podem ser feitos através de reflexões individuais ou através de conversações de
equipes de trabalho.

A realização dessa ação tem um caráter preventivo e busca garantir que a nossa capacidade de atuação
continue a ser efetiva no futuro. Num presente de mudanças permanentes, se faz necessário aprender
com a maior rapidez. De forma resumida, podemos dizer que é uma “reflexão na ação”, não sendo
necessário parar de agir para pensar e refletir sobre os resultados que se têm obtido ou que se gostaria
de obter. A reflexão tem um movimento em espiral, voltando sobre si mesmo, ou seja, atua e reflete
sobre a ação.

Aportes como os de PETER SENGE (1999) e sua equipe de pesquisa, no âmbito da Aprendizagem
Organizacional, vão ao encontro deste tipo de ações nas empresas. No passado, quando se falava em
aprender, referia-se a “algo que identificávamos” para ser aprendido. Hoje, o aprender é inerente à ação.
Aprender não é mais questão de “o quê” aprender, mas de como somos competentes para aprender.

Tipologias do observador segundo a ação que o orienta

• Característica 1 - Observador orientado para a tarefa

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Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 05

Essa pessoa procura resultados concretos. Sua estratégia para obter esses resultados é realizar e
executar as tarefas conforme planejado, produzindo de maneira sistemática. Não atuar é pôr em risco o
resultado esperado.

• Característica 2 - Observador orientado para a coordenação de ações

Essa pessoa procura garantir os resultados coordenando ações com os outros. Sua estratégia para obter
resultados é estabelecer redes de apoio e evitar conflitos. Não se relacionar é pôr em risco o resultado
esperado.

• Característica Empreendedora - O empreendedor orientado para a ação coordenada de


equipes

O empreendedor é orientado para os resultados e sabe obtê-los com trabalho conjunto. Essa pessoa
consegue combinar as duas características de uma maneira equilibrada. É fortemente orientado para a
ação, mas igualmente tem competências para criar redes de apoio.

O OBSERVADOR DENTRO DA VISÃO DA NOVA SISTÊMICA


A nova sistêmica surge com o reconhecimento da dinâmica relacional entre os seres humanos e o
reconhecimento da coexistência de múltiplos observadores e modelos de mundo. Sobre este último, já
vimos discorrendo ao longo de toda a disciplina, e estaremos conversando neste item sobre a dinâmica
relacional mencionada acima.

Bertalanffy, (1968) autor da Teoria Geral de Sistemas, define sistemas como entidades mantidas pela

interação mútua de suas partes, do átomo ao cosmos. Exemplos comuns de sistemas incluem o
telefone, os correios e os sistemas de trânsito. Um sistema pode ser físico como um aparelho de TV,
biológico como um cão cocker spaniel, psicológico como uma personalidade, sociológico como um
sindicato de trabalhadores, ou simbólico como um conjunto de leis. Um sistema pode ser composto de
sistemas menores e pode também ser parte de um sistema mais amplo, como um Estado, que é
composto de cidades e faz parte de uma nação. Conseqüentemente, a mesma entidade pode ser
encarada como um sistema ou como um subsistema, dependendo do foco de interesse do observador.
Segundo Bertalanffy, os grupos sociais são sistemas abertos, ou seja, sistemas vivos que estão
interagindo continuamente com o seu ambiente. Esta interação é o que, no parágrafo anterior,
chamamos de dinâmica relacional.

A respeito da dinâmica relacional entre os seres humanos, a perspectiva predominante, e que todo
mundo provavelmente já sabe, é que somos parte de um sistema que nos condiciona. Podemos falar de
diversos tipos de sistemas como, por exemplo, sistema de Governo, sistema familiar, sistema comercial,
sistema tecnológico, sistema educacional etc. Sempre estamos em interação com esses sistemas e,

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Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 05

segundo a maneira como eles estão estruturados, nossos comportamentos são condicionados. Por
exemplo, a estrutura do calendário de atividades do sistema educativo básico e médio é o período de
estudo de fevereiro a dezembro, e o período de férias é em julho, dezembro e janeiro. Nossa vida,
particularmente das famílias que tem crianças e adolescentes, está condicionada a esse sistema.

Outra perspectiva, não tão predominante, mas a qual queremos


enfatizar, é que, por ser parte do sistema, também somos agentes
condicionantes dele. Esta é uma perspectiva muito importante em geral,
mas principalmente para a visão empreendedora. O sistema comercial é
condicionado não só pelas estruturas do sistema econômico, como as
taxas de juros, por exemplo, mas pelas necessidades e conveniências
dos clientes. Nós, clientes, determinamos o quê, como, quando, e onde queremos. Determinamos nossas
conveniências, condicionamos as estratégias de vendas e principalmente o desenvolvimento de novos
produtos.

Segundo a nova sistêmica, quando a estrutura de um sistema muda, coisas que antes não eram
possíveis, eventualmente, passam a sê-lo. Por exemplo, no âmbito dos sistemas sociais quando a mulher
só trabalhava em casa e não era possível trabalhar fora, o sistema familiar tinha uma certa estrutura que
dava conta da alimentação e educação dos filhos. Quando esta situação mudou e a mulher saiu de casa
para trabalhar, a estrutura mudou. Hoje, por um lado, outros subsistemas, como creches e escolinhas,
passaram a ter maior participação na educação dos filhos e, com isso, coisas que antes não eram
possíveis para a mulher, como tomar outras decisões, ter seu próprio dinheiro, investir na sua própria
educação etc., passaram a sê-lo. De acordo com o anterior, fica claro que, na medida em que mudamos
o tipo de observadores que somos, estamos mudando por sua vez o sistema ao qual pertencemos, o que,
por sua vez, estará nos condicionando para novas mudanças e aprendizagens, numa dinâmica relacional.

O Observador e a Aprendizagem

A nova sistêmica propõe uma reflexão, entre outros temas, sobre o fenômeno da aprendizagem. A
aprendizagem é uma competência que se desenvolve em todos os sistemas vivos, mas, particularmente
no domínio do observador, ela tem características que estaremos discutindo agora.

O que é a aprendizagem? Flores (1995) diz que uma pessoa aprendeu algo quando ela pode, confiante,
empreender novas ações, de maneira que essas ações satisfaçam seus interesses futuros e os dos
outros. A aprendizagem é um conceito relacionado diretamente com a ação, ou seja, por mais
informações, teorias e conhecimento que eu possua, só poderei dizer que aprendi quando puder agir
efetivamente, e dessas ações obtiver resultados satisfatórios pelas minhas ações.

Chris Argyris desenvolveu um modelo baseado em ciclos de aprendizagem (“Single loop learning” e
“double loop learning”) em que apresenta com muita clareza a relação entre as dimensões do

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Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 05

Observador, a Ação e os Resultados com a aprendizagem. Segundo o modelo, o observador avalia


permanentemente seus resultados e, de acordo com essa avaliação, ele toma ou não a decisão de que
deve aprender algo. Suponha, por exemplo, que Paulo está avaliando sua saúde e conclui que ela não
está boa; sua digestão está ruim, sente acidez estomacal o tempo todo. O que fazer diante isso? São
várias as possibilidades para Paulo. Uma delas, apesar da insatisfação com os resultados, é persistir em
continuar agindo como sempre. Há pessoas que como Paulo, sentem acidez estomacal durante anos, às
vezes até vão ao médico, mas nunca decidem mudar sua situação. Outra seria decidir mudar a maneira
de atuar em relação à situação em foco.

Nesse modelo, o observador toma a decisão de aprender. Essa decisão pode ser gerada porque após a
avaliação ele ficou insatisfeito com os resultados ou, mesmo satisfeito, acha que ainda pode ser melhor.
As perguntas que surgem imediatamente para explicar a insatisfação são: o que fiz para obter esses
resultados até hoje? Ou, o que deixei de fazer para obter esses resultados? Estas duas perguntas nos
remetem à ordem das aprendizagens a que vamos nos referir:

Ordem das Aprendizagens

• Aprendizagem de 1ª ordem — refere-se às aprendizagens que fazemos no nível da ação.

A aprendizagem de 1ª ordem será a opção escolhida até que seus recursos estejam esgotados. Paulo
segue a opção recomendada por um médico e começa a tomar um remédio, um anti-ácido para após as
refeições. Se esta ação soluciona o desconforto, provavelmente Paulo vai continuar com esse
comportamento. Mas se, mesmo tomando a medicação, a acidez persiste, então Paulo vai tentar novas
coisas, mudar a medicação, tomar chá, tirar alguns alimentos etc. Só no momento em que a moléstia
insuportável e as ações possíveis foram esgotadas é que novas possibilidades se abrem, porque nesse
momento, novas perguntas surgem, como: por que isto acontece comigo? Em que consiste este sintoma?

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Empreendedorismo
Parte 01 - Aula 05

Como outras pessoas têm dado solução a esse problema? Essa tipologia de perguntas nos remete a outra
ordem de aprendizagem:

• Aprendizagem de 2ª ordem — refere-se às aprendizagens que fazemos no nível do


observador

A aprendizagem de 2ª ordem abre novas possibilidades porque nos transforma em outro tipo de
observador. Para se chegar a essa ordem de aprendizagem, não necessariamente temos que passar pela
aprendizagem de 1ª ordem, ou seja, esgotar todas as possibilidades de comportamentos, de ação, a
ponto de tornarmos nosso processo de aprendizagem cansativo e sem prazer. Podemos chegar a ele cada
vez que nos perguntemos pelo tipo de observador que somos, e que está gerando determinados
resultados. Paulo, do exemplo anterior, tem achado algumas respostas a essas perguntas. Por exemplo,
sabe que a acidez é produzida não só por certos alimentos, mas também pelo estresse. Paulo adquire
novos conceitos, decide aprender outras maneiras mais saudáveis de se alimentar e, agora, ele tem
novas possibilidades de ação.

• Aprendizagem de 3ª ordem — refere-se às aprendizagens que fazemos no nível da


modelagem dos sistemas

A nova sistêmica nos convida para aprendizagens de 3ª ordem, embora sua proposta seja a
aprendizagem de 2ª ordem. Só a título de ilustração, a aprendizagem de 3ª ordem nos questiona sobre
os modelos dos sistemas em que vivemos. Conhecer é construir modelos ou interpretações do mundo,
mas, por mais úteis e efetivos que sejam hoje, eles são essencialmente transitórios e imperfeitos.
Quando esses modelos deixam de ser vistos como transitórios e os convertemos em dogmas ou
verdades, eles, com o tempo, emperram e tanto o indivíduo quanto o sistema ficam bloqueados. No caso
de Paulo, uma aprendizagem de 3ª ordem poderia acontecer se, por exemplo, nessas buscas por
maneiras mais saudáveis de viver, ele se deparar com modelos, até então desconhecidos por ele, que
proponham novas maneiras de vida mais espiritual. Paulo, com esta possibilidade, poderá rever o modelo
do sistema de crenças que construiu até o momento e construir um novo modelo que lhe seja mais
proveitoso e satisfatório. Em resumo, o essencial é a capacidade que temos de modelar modelos de
mundos, e não de possuir o modelo.

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Empreendedorismo
Parte 02

::: Parte 02 :::


Competências Empreendedoras

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Empreendedorismo
Parte 02 – Aula 01

Aula 01 – Competêcias Empreendedoras


Nesta aula você estudará a noção de empreendedor e as competências empreendedoras.

DISTINÇÃO DE COMPETÊNCIATINÇÃO DE COMPETÊNCIA


O termo competência é amplamente utilizado no nível organizacional, mas sempre temos sentido falta de
uma definição rigorosa e cuidadosa. Por isso, temos feito um esforço especial em trazer um conceito
claro e útil para o desenvolvimento do mesmo.d

O termo competência é amplamente utilizado, mas poucas vezes definido com o rigor necessário para
que, além de esclarecer, também ofereça um caminho para a aprendizagem e o desenvolvimento. De
forma genérica, este termo é utilizado para qualificar um indivíduo capaz de realizar um determinado
trabalho ou, dito de outra maneira, mais empresarial, como a capacidade de uma pessoa de gerar
resultados dentro dos objetivos organizacionais.

Dizemos que é competente, em alguma área específica, aquela pessoa que


tenha não só as habilidades necessárias para desenvolver aquela atividade e o

conhecimento correspondente, mas as atitudes e valores coerentes com o


sistema organizacional em que essas competências serão utilizadas. A título de
exemplo, poderemos dizer que João é um gerente competente na empresa X,
para a qual trabalha, se, além de ter as habilidades para se comunicar,
planejar, “fazer acontecer”, além de ter o conhecimento do mercado e da
organização para tomar decisões certas, ele também tiver a atitude cuidadosa
dos seus compromissos com clientes, fornecedores, empregados e colegas, e
ser ambicioso (no sentido anglo-saxão de crescimento e expansão, e não no sentido ruim, pejorativo,
predominante na comunidade latina e cristã), para atingir os objetivos que aceitou cumprir na empresa, e
se for uma pessoa regida por princípios e valores éticos e cooperativos semelhantes aos da empresa X.

Dizer que uma pessoa não é competente para desempenhar alguma função é tanto possível quanto
necessário, fazendo também a indicação do que lhe falta para se tornar apto. Isto é de suma
importância, pois, se temos alguém sem habilidades ou conhecimentos necessários, mas com uma
atitude de disposição para aprender e com valores fortes e afinados com a organização, então esta
pessoa poderia ser eleita, sob a condição de participar de um programa de treinamento e capacitação.
Por outro lado, se temos uma pessoa com habilidades e conhecimentos sobressalentes, mas com uma
atitude egoísta e interesseira, sabemos que vai precisar de muito trabalho para ganhar respeito e
confiança da sua equipe. Contudo, ainda assim é possível, embora difícil, que esta pessoa consiga,
através de processos de formação e desenvolvimento dos seus potenciais, identificar o conjunto de
atitudes que a atrapalha. Em último caso, se uma pessoa tem habilidades, conhecimentos e atitudes
adequadas para um cargo, mas com valores completamente incoerentes com a empresa, por exemplo,

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Empreendedorismo
Parte 02 – Aula 01

desonestidade, será o trabalho de uma vida inteira conseguir uma tomada de consciência e
transformação, o que só poderá estar nas mãos da própria pessoa.

Definir estas quatro dimensões – habilidades, conhecimentos, atitudes e valores – nos facilita dois
processos importantes, entre outros, dentro das organizações. Primeiro, definir o perfil do tipo de
colaboradores que estamos querendo contratar, seja como empregado, consultor, fornecedor etc.; e,
segundo, funcionar como uma ferramenta para o desenvolvimento dos talentos humanos já vinculados
com a empresa, no sentido de que fornece um sistema de avaliação de competências e permite desenhar
um plano de capacitação, treinamento e formação.

De tais dimensões, podemos dizer que, em geral, elas são interdependentes, são coerentes entre si, são
desenvolvidas por meio da aprendizagem, tanto individual quanto coletiva. Alguns autores atribuem
competências tanto a indivíduos quanto a equipes de trabalho. Neste último caso, principalmente as
dimensões de atitudes e valores compartilhadas pela equipe têm uma alta influência na aprendizagem e
no desempenho como um todo.

Competências para o Planejamento e Gestão

Esse é o primeiro de três grupos de competências do empreendedor. As competências para o


planejamento e gestão referem-se à maneira como o empreendedor traça e cuida dos seus planos.
Dizemos que os planos são trilhas e não trilhos que marcam o caminho para nossos objetivos e metas.
Os planos não nos fazem rígidos, mas ágeis para adaptação a mudanças, porque os cenários e
perspectivas já foram inicialmente pensados.

Neste grupo identificamos algumas competências genéricas e outras competências conversacionais


para serem desenvolvidas pelo empreendedor. Por competências genéricas, nos referimos àquelas
relacionadas propriamente com o planejamento e gestão, como a aplicação de métodos de melhora,
planejamento estratégico, elaboração de planos de negócios etc. Por competências conversacionais,
compreendemos aquelas que se referem a processos relacionais, como o escutar clientes e assessores,
dar e receber juízos, fazer declarações etc. Iremos abordando essas competências na medida em que se
vão apresentando no texto.

Em resumo, neste grupo de competências vamos discutir sobre o sentido de estabelecer metas, ou seja,

de nos comprometer com o futuro, como empreendedores, e fazer a gestão respectiva desses
compromissos.

Procura de Informações

Associamos esse comportamento com a competência que tem um observador para obter informações de
pessoas, clientes, fornecedores, concorrentes, assessores etc. Uma maneira de se obter essas
informações é perguntando e principalmente escutando a essas pessoas. Outra maneira de se obter

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Empreendedorismo
Parte 02 – Aula 01

informações importantes é mudando o observador que somos, ampliando nossos conceitos e, com isto,
ampliando as possibilidades de interpretar situações e pessoas.

O empreendedor é um observador aberto para ir ao encontro do novo, para se questionar por aquilo que
não está evidente; dessa maneira, ele fareja informações, não se conformando com aquilo que já
conhece. Quanto maior a quantidade e qualidade de distinções e maior a capacidade de escuta, maiores
serão as informações de que ele vai dispor para tomar decisões, criar possibilidades, gerar

empreendimentos. Na medida em que o empreendedor disponha de um universo rico de distinções,


poderá observar coisas que outras pessoas não observam, e isto o torna mais poderoso.

Três exemplos de ações que o empreendedor competente em procurar informações realiza são:

• Interessa-se por conversar e interagir com clientes, fornecedores ou concorrentes

Nesta ação, particularmente, conversar ou interagir tem a ver com o fenômeno do escutar. Escutar é um
processo complexo que, contrariamente ao que se pensa comumente, não é passivo ou simplesmente
acontece. Escutar conjuga duas ações, ouvir e interpretar. Ouvir é um fenômeno puramente biológico e
interpretar é um fenômeno lingüístico. É por isso que não só escutamos sons e palavras: também
escutamos silêncios, ausências, gestos etc.

Escutar é uma das pontes para se chegar ao mundo que o outro vê. Quando estamos escutando,
deixamos um pouco de lado nossas opiniões, experiências e inquietudes, para nos abrirmos às opiniões,
experiências e inquietudes do outro. Sabendo que somos diferentes e que construímos mundos
diferentes, é errado pensar que o que você fala coincide com aquilo que eu escuto. Quantos conflitos
existem em nossa vida devido a situações do tipo: aquilo que eu entendi não era aquilo que você queria
dizer, ou vice-versa?

O empreendedor que tem competência para escutar o outro, seja cliente interno ou externo, seja o
mercado ou o sistema financeiro, tem condições de indagar pelo que o outro deseja realmente, pelas
inquietudes e vontades, pelos riscos e possibilidades e, com isto, desenhar o futuro para ir ao encontro
de seus objetivos particulares, os de sua empresa e os de sua comunidade.

• Conversa com especialistas na procura das suas opiniões

Essa ação envolve novamente o escutar, mas não se refere a escutar qualquer coisa, mas opiniões de
pessoas que achamos experts nas áreas do nosso interesse. Este é um tipo particular de escuta, porque
de antemão temos conferido autoridade a essas pessoas para darem opiniões que, se viessem de outros,
não escutaríamos com tanta atenção.

É importante para o empreendedor ter pessoas próximas a quem ele confere autoridade, mas também é
importante que esse conferir seja a partir de uma reflexão e baseado em fatos concretos. Há pessoas que

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Empreendedorismo
Parte 02 – Aula 01

têm dificuldade em atribuir autoridade a pessoas experientes, como se isso as deixasse numa posição
vulnerável.

Há outras pessoas que, pelo contrário, atribuem autoridade a qualquer pessoa que passa pela frente,
sem nenhum critério, como se qualquer um fosse mais expert que elas. Em ambos os casos, a pessoa
está deslegitimando o outro e a si próprio. Você é legitimamente diferente dos outros, ninguém pode lhe
tirar isso e, por isso mesmo, o outro também é legítimo e você está em condições de igualdade com ele.

Escutar e conversar com experts e assessores requer uma postura digna e uma apreciação digna do
outro. Só assim essas interações são frutíferas e enriquecedoras para ambas as partes. Pode-se
estabelecer um diálogo em que se agregam novas distinções, há aprendizado conjunto e se expandem as
possibilidades para todos.

• Permanentemente está ampliando suas distinções

Como competência genérica, o empreendedor é um aprendiz. Observa-se a si mesmo como um aprendiz


e tem um permanente interesse por se qualificar, por estudar aquilo que não compreende, desenvolver
habilidades e adquirir conhecimentos.

Estabelecimento de Metas

As metas são os resultados esperados pelas ações realizadas ou aquelas que planejamos realizar.
Lembre-se do modelo do observador, ação e resultados no qual associamos os resultados às ações e, por
sua vez, as ações ao tipo particular de observador que somos. Segundo esse modelo, as conseqüências
da “falta de metas” é que as ações podem ficar sem um norte, ou simplesmente não acontecem. Sem
resultados esperados, nosso atuar corre o risco de ser suspenso ou de ficar à deriva.

Três exemplos de ações que o empreendedor competente em estabelecer metas realiza são:

• Estabelecer sua visão pessoal

No estabelecimento de metas, identificamos duas ações. Numa ação, o empreendedor define sua visão e,

noutra ação, o empreendedor define as metas que pretende alcançar para


realizá-la. Desde o começo desta disciplina, estamos dizendo que o
empreendedor é aquele que imagina e realiza suas visões. Onde quer que ele
esteja ou trabalhe, o empreendedor sabe o porquê de estar nesse lugar, o
propósito de fazer o que está fazendo num sentido maior, e os resultados que
espera alcançar em função das suas ações.

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Empreendedorismo
Parte 02 – Aula 01

• Definir clara e especificamente metas e objetivos desafiantes que tenham a ver com sua visão

Ao definir uma meta, o que o empreendedor está fazendo é uma declaração. Uma declaração é uma
distinção das competências conversacionais, portanto, dizemos que é uma ação lingüística que tem o
poder de mudar ou definir o futuro. Quando você decidiu fazer este curso de empreendedorismo, quando
você falou que sim ante um juíz de paz e se casou, quando alguém lhe falou que era aceito num
emprego, quando você declarou que seria um empresário etc., em qualquer desses casos, seu futuro e o
das pessoas envolvidas com você mudou. Além disso, você teve autoridade para declarar e atuou em
concordância com sua declaração.

Existem muitos tipos de declarações que vamos discutir, mas declarar uma meta tem características que
a diferenciam das outras. Dizer: vou me formar em direito, vou trabalhar como terapeuta, vou fazer
aquele concurso público, vou conquistar aquele mercado etc., tem características diferentes de outras
declarações: elas são alcançáveis, ou seja, você tem condições mínimas para que essa meta possa ser
alcançada, elas são importantes para nossas vidas, principalmente para nosso futuro; têm um prazo de
tempo definido, em geral maior que um ano, e posso claramente saber onde estou e o momento em que
as atingi, isto é, elas são mensuráveis.

• Estabelecer metas de curto prazo, tendo em vista os objetivos de longo prazo

O empreendedor tem consciência de que é tão importante ter clareza das metas quanto ter clareza do
que falta no mundo. Sem ter clareza nesses dois aspectos, pode-se correr o risco de não se ter metas ou,
o que é pior, ter uma meta e agir naquilo que não acrescenta nada para consegui-la. Quando isso
acontece, ficamos cansados de fazer coisas e não avançar em nada em direção às metas.

Gestão

Quando falamos em gestão, estamos utilizando o conceito de FLORES (1995), e dizemos que o
empreendedor faz gestão dos compromissos que adquire consigo próprio, com clientes, fornecedores, o
Estado etc. Os compromissos são estabelecidos através de pedidos, ofertas e promessas; dessas
distinções falaremos mais adiante. Mas queremos destacar as características dos compromissos e as
características da gestão de compromissos.

Os compromissos dizem respeito a prazos, condições para o cumprimento, critérios de satisfação,


expectativas do cliente, das expectativas de lucro, benefícios e resultados positivos de ambas as partes.
A gestão diz respeito a planejar, organizar, coordenar, lidar com situações onde se está em risco de não
cumprir uma promessa, negociar, monitorar os avanços no cumprimento, etc. O empreendedor
competente na gestão sabe desses conceitos, mas principalmente possui a atitude de quem cuida do
cliente e também de quem constrói e cuida da sua imagem pública. Isto, desde já, sinaliza para o vínculo
com as distinções diferenciadas do observador, às quais nos referimos anteriormente.

51
Empreendedorismo
Parte 02 – Aula 01

Três exemplos de ações que o empreendedor competente para a gestão realiza são:

• Fazer, cumprir e avaliar seus compromissos

Os compromissos são promessas que se realizam entre pessoas e/ou instituições. A promessa é outra
das distinções das competências conversacionais. Em particular, a promessa é o ato lingüístico que nos
une em nossas redes de relacionamentos. Costumamos dizer que as promessas são elos com que nos
ligamos uns aos outros. Nossa vida está constituída de promessas. A você foi feita a promessa de que
todo dia 30 sua organização deposita o pagamento de seu salário e, por isso, seus compromissos (outras
promessas) com bancos, cartões, escola dos filhos, compras para a casa, prestação do carro etc., estão
condicionados a essa promessa. Por sua vez, as pessoas se condicionam e planejam suas ações baseadas
nas promessas que você faz com elas.

O gestor empreendedor conhece o poder de sua palavra e a responsabilidade que assume com as
promessas que faz. Somos mais ou menos poderosos, de acordo com as promessas que estamos em
condições de fazer e cumprir. As pessoas fazem promessas aos seus clientes, à sociedade, às instituições
onde atuam. O empreendedor cumpre com suas promessas e as avalia, para se certificar de que foram
satisfatórios seus resultados e para implementar melhoras e aprendizados. Em todos esses
comportamentos, é nítida a presença das observações diferenciadas, das ações significativas e dos
resultados conseqüentes.

• Planejar dividindo grandes compromissos em compromissos menores com prazos definidos

O primeiro compromisso que o empreendedor tem é com sua visão e com as pessoas que estejam
envolvidas nesse compromisso. Depois desse compromisso, ele analisa as etapas, define metas e
objetivos; então constitui promessas menores, com prazos de entrega e condições de satisfação
claramente definidas.

• Monitorar constantemente os resultados obtidos.

Após fazer as promessas pertinentes, o empreendedor implementa sistemas


de monitoramento dos compromissos, ou seja, ele acompanha se foram
concluídos, se estão em acordo com as condições acordadas, se houve
adiamentos ou cancelamentos etc. O empreendedor avalia as circunstâncias
que implicaram mudanças e o impacto das variações nos resultados finais.
Existem tecnologias disponíveis que facilitam este trabalho de
monitoramento, como o Project, as agendas eletrônicas etc.

52
Empreendedorismo
Parte 02 – Aula 01

Como Observamos o Empreendedor?

Conclusão:
O empreendedor é um agente de
mudanças, mas essas mudanças só podem
acontecer com resultados significativos se
estão por trás delas uma visão de mundo e
uma gestão de compromissos responsável

53
Empreendedorismo
Parte 02 – Aula 02

Aula 02 – Competências Empreendedoras


Nesta aula, vamos apresentar as competências para os relacionamentos, tão necessários para um
empreendedor, são eles: conectividade, persuasão, independência, autoconfiança, iniciativa,
retroalimentação.

COMPETÊNCIA PARA OS RELACIONAMENTOS


Este é o segundo grupo de competências empreendedoras. Os
relacionamentos são uma parte central e fundamental para a visão
do empreendedorismo. A título de exemplo, imagine um arqueólogo
que está executando um projeto de procura de marcas de um
assentamento ancestral em uma dada comunidade. Ele está indo
atrás da sua idéia, não tem sócios e, portanto, sente que não
precisa utilizar suas competências para relacionamentos.

Mesmo trabalhando “sozinho”, existem pessoas que necessariamente terá de se relacionar, mesmo que
de forma indireta, por exemplo, colaboradores, pessoas que vendem serviços e auxiliam em transporte,
alimentação, roupa, implementos e materiais indispensáveis para sua pesquisa, e até mesmo a própria
comunidade estudada. Nesse caso, não é possível ter sucesso em seu empreendimento sem ter a
competência para relacionar-se com aqueles que estão à sua volta e até mesmo consigo próprio, visto
que o trabalho reflexivo e as tarefas individuais também são ações que necessitam do desenvolvimento
dessa competência para se obter um resultado mais efetivo.

As competências para os relacionamentos são fundamentalmente conversacionais. Estaremos fazendo


referência a seis competências básicas:

• para criar redes de contatos,

• para persuadir,

• para atuar com independência,

• para atuar com autoconfiança,

• para atuar com iniciativa e

• para se retroalimentar.

Não se trata só de saber se comunicar com suas equipes, ou ser persuasivo, mas de como o
empreendedor observa a si mesmo como um facilitador e servidor da sua comunidade. Para todas as
competências anteriores, existe uma meta-competência que estaremos mencionando permanentemente:
de estabelecer vínculos de confiança.

55
Empreendedorismo
Parte 02 – Aula 02

Conectividade (Rede de Contatos)

A conectividade é a capacidade de estabelecer redes de contatos, e é um dos comportamentos


fundamentais para o sucesso do empreendedor. A conectividade dá luz aos relacionamentos. Ser
consciente da importância da conectividade novamente nos coloca de frente com a questão das
promessas, da imagem pública e da construção da confiança. Não é possível pensar hoje num
empreendedor sem uma rede de clientes, fornecedores, assessores, amigos, etc. No perfil de
empreendedor que estamos construindo nesta disciplina, a rede de contatos tem uma importância ainda
maior, porque estamos falando de um inventor de mundo que conjuga sua visão com as visões das
pessoas com quem trabalha e da comunidade que está em volta.

Três exemplos de ações que o empreendedor competente realiza para criar redes de contatos são:

• Atuar em conformidade com os compromissos que assume.

Em outras palavras, é uma pessoa confiável. Ser confiável significa construir


uma identidade pública, ao longo do tempo, na qual recorrentemente o
empreendedor tem apresentado comportamentos responsáveis, e sinceros para com as pessoas com
quem firma compromissos. Além do mais, é cuidadoso não só com as promessas que faz, no sentido de
se certificar de ter as competências para realizá-las, mas é cuidadoso também quando não pode, por
eventualidades, cumpri-las.

• Compartilhar as próprias inquietudes e estar aberto para escutar as inquietudes dos outros.

Uma das principais ações no estabelecimento da conectividade é a “dança” entre o propor e o indagar
entre os envolvidos na conexão. Por um lado, propor é mostrar suas idéias, inquietudes e sonhos, é fazer
com que as pessoas com quem se estabelece contato saibam mais de você e possam servir de “antenas”
ou “radares” captadores de oportunidades que vão de encontro aos seus interesses. Quando você fala do
que lhe interessa, as pessoas voltam a atenção para o que você falou, e então elas passam a lhe trazer
comentários, notícias, sugestões e reportagens sobre algo que lhe interessa, ou comentam sobre uma
pessoa que pode ser chave para seu projeto, etc. Por outro lado, indagar é abrir o seu espaço para
conhecer o outro, se interessar verdadeiramente pelas inquietudes e os desejos do outro e se
disponibilizar para conhecer sua alma.

Conversas com alto nível de proposição e indagação, nas quais se estabelece confiança, são aquelas das
quais você sai se sentindo diferente, acolhido e respeitado, até amado. Estas conversas são muito
poderosas e transformadoras, porque você se depara com a experiência de ter legitimado e ter sido

legitimado também. Humberto Maturana (1994) costuma chamar este fenômeno de amor.

• Utilizar-se de tecnologia para expandir sua rede de contatos.

56
Empreendedorismo
Parte 02 – Aula 02

Em termos de competências genéricas, o empreendedor sabe se utilizar das tecnologias como por
exemplo, chats, e-mail, sites e grupos de discussão para criar conectividade. Uma nova dimensão das
comunicações, baseada na interatividade está se abrindo. É a hora de adquirir distinções que nos
permitam tirar proveito dessas tecnologias para impulsionar e achar aliados para nossos
empreendimentos.

Persuasão

Esse comportamento é geralmente mal interpretado, chegando, às vezes, a ser


confundido com manipulação. Por isso dizemos que a persuasão é principalmente
um comportamento baseado em atitudes e valores. Esse comportamento
também pode ser entendido como “sedução”, no sentido de se mostrar como
uma oportunidade para o outro, pois com nossas ofertas e pedidos, podemos
abrir um espaço de possibilidades para os que nos rodeiam, e não só isso, mas
uma extensão para atingir novos resultados. Noutras palavras, estamos dizendo

que ao ser persuasivo ou sedutor, o empreendedor está se disponibilizando


como um servidor do outro ou da comunidade, ou seja, se ocupa tanto das suas
próprias inquietudes como das inquietudes dos outros.

Três exemplos de ações que o empreendedor persuasivo realiza são:

• Fazer ofertas que vão ao encontro das necessidades do cliente.

Fazer ofertas poderosas tem a ver não só com as competências que você possui, mas com as
necessidades que o outro tem, mesmo que ele não as tenha identificado ainda. Fazer ofertas envolve dois
momentos importantes: o da escuta das inquietudes do outro, onde se identificam as necessidades que
estamos em condições de atender; e a proposição de idéias de maneira persuasiva, de maneira que
sejamos uma oportunidade ótima para atender essas necessidades. No nível das inquietudes, muitas
vezes são tão profundas que nem nós mesmos sabemos que as temos, por isso que profissionais como os
de marketing são experts indagadores dessas inquietudes. Uma vez identificadas, eles as transformam
em produtos que sedutoramente são ofertadas aos clientes. O empreendedor é um atento escutador e
está prestes a se ofertar com dignidade e profissionalismo.

• Fazer pedidos à pessoa certa e de maneira cuidadosa.

Por sua vez, fazer pedidos faz o caminho inverso das ofertas. Fazer pedidos tem a ver com você
identificar o que está faltando e perceber o quê ou quem pode atendê-lo. Novamente estamos falando de
um processo de escutar nossas inquietudes, dificuldades ou desejos. Tanto para as ofertas, mas
principalmente para os pedidos, a etapa de identificar o que falta é muito importante. Um dos principais
problemas organizacionais é que contratamos serviços ou pessoas que não precisamos por falta de um

57
Empreendedorismo
Parte 02 – Aula 02

adequado processo de identificação de pedidos. O empreendedor sabe cativar as pessoas para que
atendam seus pedidos com impecabilidade e esmero.

• Desenhar as conversações nas quais vai fazer ofertas ou pedidos persuasivos.

O empreendedor sabe, certamente, fazer as ofertas e os pedidos no momento certo e no local adequado.
Para distinguir a noção de “momento certo”, ou de oportunidade, recorremos aos gregos, que
identificavam duas tipologias do tempo: um, o cronos que é o tempo que conhecemos como aquele onde
se conta com minutos e segundos, constante e regularmente; outro, o kairós que é o tempo humano e
que denominamos o tempo oportuno. As crianças e adolescentes sabem muito bem do tempo kairós,
quando ficam esperando o momento de fazer um pedido ao papai. Ele escuta a emocionalidade e a
corporalidade oportuna para que o pedido, sem dúvidas, seja aceito. O empreendedor sabe fazer ofertas
e pedidos no tempo oportuno.

Independência

Esse comportamento é enfocado mais no nível dos valores. Não estamos falando do
empreendedor que vai trabalhar sozinho ou que tem dificuldades em mudar suas
próprias idéias só por querer ser “independente”. Segundo COVEY (1989), a
independência faz referência à consciência que o empreendedor tem sobre sua missão.
Ou seja, tem clareza dos aspectos e das realizações com os quais ele quer contribuir
para a sociedade. O empreendedor terá refletido profundamente sobre seus próprios
valores e tem estabelecido claramente suas prioridades.

O empreendedor se percebe interdependente também, mas tem claros os valores que guiam sua vida.
Ser independente não deve ser confundido com não escutar o outro ou não levar em consideração outras
pessoas para tomar decisões. O empreendedor é independente no sentido de que sabe o que procura e,
no seu íntimo, tanto suas escolhas quanto o seu identificar-se ou não com outras pessoas, têm
propósitos bem caracterizados.

Três exemplos de ações que o empreendedor independente realiza são:

• Tomar decisões com autonomia, fundamentadas na sua missão e nos seus valores.

O empreendedor independente toma suas decisões, mesmo que estejam em desacordo com as opiniões
das demais pessoas, porque elas estão fundamentadas na sua missão. Os exemplos de pessoas que tem
uma vida bem sucedida em empresas e se retiram para viver com outros valores, menos consumistas e
mais práticos ou espirituais, são tipicamente os casos de empreendedores independentes. Não significa
que estejamos propondo a vocês largar tudo e “ir para o Tibet”, mas que você reflita no que realmente
você acredita, reveja seus valores e construa seu mundo com responsabilidade.

58
Empreendedorismo
Parte 02 – Aula 02

• Assumir a responsabilidade pelas suas escolhas.

O empreendedor independente sabe que a cada escolha que ele faz o mundo se transforma. Sabe
também que essas escolhas podem não ser sempre as melhores segundo a situação, mas ele assume a
responsabilidade dessas escolhas e vai ao mundo arraigado em seus valores e tirando proveito dos
resultados das suas ações.

• Respeitar profundamente a independência dos outros.

Ser independente e legitimar nossas escolhas e nossas decisões implica necessariamente em legitimar a
independência, escolhas e decisões do outro. Isto condiz com temas que abordamos ao apresentar o
modelo do observador, no qual discutíamos a ética dos relacionamentos. Nesta ação, o empreendedor
está se posicionando como uma pessoa consciente dos seus limites e em igualdade de direitos que o
outro.

Autoconfiança

A autoconfiança é um estado emocional e como tal flui, se contagia, está em


movimento, ou seja, a autoconfiança não é uma coisa que se tem ou não, mas um
estado em que se encontra. Por ser um estado ele se reflete nas ações que
realizamos ou deixamos de realizar. Ao contrário do que se pensa, que é algo que se
possui, em realidade é algo que se cria, que se inventa e que se re-inventa.

Exemplos de ações que o empreendedor autoconfiante realiza nessa competência


são:

• Contagiar com autoconfiança o seu entorno.

Por estar no domínio da emocionalidade a autoconfiança é um estado emocional contagiante. O


empreendedor autoconfiante sabe do que é capaz e reconhece a capacidade dos outros membros de sua
rede de relacionamentos. Por um lado, o empreendedor possui a ambição para alcançar suas metas, para
compartilhá-las com seu entorno, para fazer promessas e assumir desafios. Por outro lado, o
empreendedor possui a paz para reconhecer suas limitações e as coisas que não da conta.

• Ter consciência dos seus limites e potencialidades.

A autoconfiança se encontra no domínio da emocionalidade e se reflete no domínio da linguagem sobre a


forma de juízos. A autoconfiança a exemplo da falta de autoconfiança é um juízo de efetividade que se
tem sobre si mesmo. A dimensão temporária dos juízos nos faz pensar que podemos vir-a-ser, no caso
de nos encontrarmos no espaço da falta de autoconfiança. Ter um juízo de inefetividade sobre si mesmo
em algum domínio não corresponde a ter falta de autoconfiança. A falta de autoconfiança acontece

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Empreendedorismo
Parte 02 – Aula 02

porque esquecemos que a inefetividade que possuímos, existe num domínio e não em todos os domínios
da vida. Acontece que generalizamos e então a falta de autoconfiança se instala em nós.

• Ter consciência de ser inacabado.

A autoconfiança também se estabelece nas narrativas, que tem a ver com as “histórias” que contamos de
nos mesmos. Nessas histórias não é incomum confundir as ações com suas causas e conseqüências. Por
exemplo, se estou determinado a escrever um livro, começo, mas nunca chego nem à metade e
abandono o projeto, então concluo que sou inconstante. Passo a acreditar que por ser inconstante nunca
termino nada que inicio. Ou seja, algo que poderia ter sido algo circunstancial, de momento, de repente
se transforma numa caracterização de mim enquanto pessoa. Resumindo, a autoconfiança também se
reflete nas narrativas ao redor de nos mesmos. O empreendedor sabe disso e por isso mesmo constrói
narrativas

Iniciativa

Tem iniciativa a pessoa que, antes mesmo que lhe peçam algo, decide agir
seguindo sua própria vontade. Além disso, mediante uma situação de crise ou
mesmo quando observa que tudo está bem, quer se antecipar às crises.
Acreditamos que a vida das pessoas e das organizações está num permanente
pulsar, na qual há momentos de contração e de expansão, de baixos e altos. Esse
pulsar é o movimento de toda a natureza e a pessoa que tem iniciativa percebe
esse ritmo. Quando se está em “alta”, é o momento de olhar para o horizonte e
definir novos rumos; quando se está em “baixa”, é o momento de refletir e se
auto-observar. Seja qual for o momento, o empreendedor consegue perceber a
ação que pode tomar e não fica no pensamento, mas atua.

Três exemplos de ações que o empreendedor com iniciativa realiza são:

• Agir antes de solicitado.

Uma das principais características de quem tem iniciativa é atuar antes de ser solicitado. Esta é uma das
características assinaladas como chave para o sucesso nos empreendimentos. Você só poderá se
antecipar nas suas ações quando é competente para escutar ou farejar as necessidades das pessoas do
mercado. Segundo Charles Handy, quando as pessoas dizem o que querem ou o que precisam, o
empreendedor chegou tarde. Quando o cliente chega a solicitar o que quer, isso significa que o mercado
está cobrando de você sua atenção e certamente já terá vários concorrentes se preparando para suprir
essas necessidades. Ter iniciativa é se antecipar ao pedido, é você observar atentamente e identificar o
que a pessoa está necessitando, mesmo antes de ela mesma saber.

60
Empreendedorismo
Parte 02 – Aula 02

• Receber um “Não” não lhe amedronta.

Entre outras ações, um empreendedor pode realizar com iniciativa pedidos ou ofertas. Pedir ou oferecer
tem riscos, porque pode se receber um não como resposta. Você já pensou nas coisas que deixou de
fazer na vida porque tem medo de um “Não”? Mas se formos ver o não é uma declaração muito
importante na vida das pessoas e é completamente legítima, mesmo quando às vezes gostaríamos de
escutar um sim. Ter iniciativa é tomar a decisão de fazer as ofertas ou os pedidos que temos em mente,
sem dar tanta importância à palavra não. É o que acontece quando o empreendedor, firme em suas
idéias e desejos, se mostra persuasivo, exibe possibilidades para o outro e fica em paz. Se o outro não
enxergar os benefícios que lhe são oferecidos, o empreendedor pode persistir ou simplesmente legitimar
o espaço e tempo do outro com tranqüilidade. O empreendedor com iniciativa faz o que tem que ser feito
e está preparado para receber a resposta, seja ele qual for.

• Implementar novas práticas e tecnologias ao trabalho.

Ter iniciativa também está relacionado a competências genéricas no domínio da ação. Seja na tarefa
individual, nas atividades de coordenação ou no trabalho reflexivo, você sempre poderá implementar
novas formas de fazer as coisas que lhe facilite e faça mais prazeroso seu dia-a-dia. Ter iniciativa é
manter permanentemente uma atitude orientada ao melhoramento. Como escrever melhor, como se
relacionar de maneira mais efetiva, como manter mais organizados os arquivos, são exemplos de
reflexões comuns nas pessoas com iniciativa.

Retroalimentação

A competência da retroalimentação, ou em outros termos, a capacidade de dar e receber juízos,


fundamentalmente contribui para fortalecer os laços entre as pessoas. Como sabemos, não é sempre que
nos sentimos capazes de retroalimentar as pessoas ou receber retroalimentação dos outros nas várias
situações da vida que nos acompanham no dia-a-dia. Uma das principais características de um
relacionamento forte e duradouro, é que as pessoas têm abertura para expressar suas opiniões sem ter
que “pisar em ovos”. Os relacionamentos sem troca sincera e cuidadosa de juízos ou opiniões tende a ser
superficial. É por isso que o empreendedor é uma pessoa competente para fazer retroalimentação, isto é,
dar e receber juízos. Os juízos são outra ação lingüística que fazem parte das competências
conversacionais.

Três exemplos de ações que o empreendedor realiza nessa competência:

• Fazer juízos sobre o que observa, cuidando para caracterizá-los.

Para ser efetivo e gerar aprendizagem o processo de retroalimentação precisa estar baseado em juízos
fundamentados. Um juízo fundamentado é aquele feito com seriedade, baseado em fatos e que tem um
propósito responsável pelo qual é feito. Por exemplo, se eu falar para meu colega que “Pedro é

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Empreendedorismo
Parte 02 – Aula 02

incompetente para desenvolver projetos com ONG”, será melhor eu ter um fundamento cuidadoso da
minha opinião porque todas as pessoas envolvidas nesse juízo estão sendo afetadas. Em primeiro lugar,
se meu juízo for aceito, provavelmente Pedro perderá oportunidades pela sua “dita incompetência”; em
segundo lugar, o colega para quem fiz o comentário sobre Pedro começará a ver com olhos diferentes o
Pedro e a mim, até concluir se o juízo é fundamentado ou não; e em terceiro lugar, ao fazer juízos falo
muito mais de mim do que dos outros, e ao emiti-lo sem fundamentos, posso obter resultados negativos.

Duas coisas devem ser levadas em consideração na hora de emitir um juízo fundamentado: um, fazer um

processo reflexivo sobre “para que estou fazendo esse juízo? O que quero mostrar para essa pessoa?
Em que domínio particular da vida dela isso acontece? No trabalho ou na família?” e; dois, ter evidências
que demonstrem aquilo que estamos falando.

• Receber juízos dando abertura para observar aquilo que o outro vê.

Os juízos expressam o sentido que damos às coisas que observamos. Qual é a sua reação quando alguém
opina de maneira diferente de você? Qual é a emocionalidade com que você recebe esses juízos?
Dependendo da maneira como recebemos os juízos dos outros, estaremos mais abertos ou não a ver o
mundo com novos olhos. Experimente da próxima vez que alguém opinar diferente dizer: “mas que
interessante escutar sua opinião, como foi que você chegou a essa conclusão?” Um empreendedor
aproveita as oportunidades para ampliar sua observação do mundo, tem uma emocionalidade de
abertura, não tem necessidade de brigar para ter razão e cria novas e mais ricas maneiras de se
relacionar.

• Permitir-se discrepar (discordar) dos juízos dos outros sem entrar em conflitos.

Os juízos falam do que observamos e não de como as coisas são. Suponha que você é o diretor do
departamento de atendimento ao cliente da empresa X, e um dia eu chego lá, sou mal atendido e faço
uma reclamação. Observe que quando falo que o serviço é ruim, não estou falando apenas de como o
serviço é, mas principalmente de como eu me sinto. Poderia acontecer que outro cliente discorde do meu
juízo, e ache que o atendimento é ótimo. Antes de entrar em conflito comigo, você pode rever os
aspectos no atendimento que para mim são importantes. De qualquer forma, a retroalimentação é
sempre uma oportunidade de aprendizado e melhora.

62
Empreendedorismo
Parte 02 – Aula 02

Como Observamos o Empreendedor?

Conclusão:
O empreendedor é competente para se
relacionar. Nos relacionamentos que ele
constrói ele respeita o outro e respeita a si
mesmo; sabe das oportunidades que pode
representar para a expansão do mundo em
conjunto; sabe muito bem trocar opiniões e
sugestões que enriquecem e estimulam o
crescimento das pessoas e equipes e
principalmente tem valores que orientam sua
vida e suas ações que empreende com outras
pessoas.

63
Empreendedorismo
Parte 02 – Aula 03

Aula 03 – Competências Empreendedoras

Continuando a apresentação das competências empreendedoras, nesta aula você estudará as


competências para a ação, que são: riscos e desafios, oportunidades e soluções, coordenações e ações,
impecabilidade e persistência.

COMPETÊNCIAS PARA A AÇÃO


Este é o terceiro grupo de competências empreendedoras. Sem elas, a pessoa não
se qualifica como empreendedor. Por exemplo, imagine-se com capacidade para
planejar e estabelecer metas (primeiro grupo) e com as atitudes e os
relacionamentos desenvolvidos (segundo grupo), mas sem ação; o empreendedor
fica como um visionário ou um sonhador. Não dizemos com isso que não podemos
ser sonhadores. Pelo contrário: estamos dizendo que merecemos fazer nossos
sonhos tornarem-se realidade. Somos inventores e construtores do mundo. Por isso,
precisamos atuar, fazer acontecer.

As competências para a ação são fundamentalmente conversacionais. Estaremos


fazendo referência a cinco competências: para observar (isto é, perceber e
distinguir) oportunidades e soluções; para assumir riscos e desafios; para atuar com impecabilidade;
para coordenar ações e para persistir nos seus objetivos.

Riscos e Desafios

As promessas que estamos ou não em condições de fazer e cumprir,


efetivamente, determinam nosso poder de ação. Os riscos e desafios
aparecem a nossa frente quando temos a oportunidade de fazer promessas,
para os outros ou para nós mesmos, que estão aparentemente além das nossas capacidades. Não
assumir novos riscos e desafios nos deixa na mesmice de sempre, e assumir riscos com ações para as
quais não temos condições de cumprir põe em perigo nossa identidade pública. Por isso, o empreendedor
avalia desafios e os assume, consciente dos níveis de aprendizagem que vai percorrer.

Três exemplos de ações que o empreendedor realiza nessa competência:

• Colocar-se propositadamente em situações de relativo risco para desenvolver aprendizagens

A aprendizagem e o desenvolvimento de novas competências se adquire na prática. Aprender a andar de


bicicleta foi possível porque sistematicamente nos colocamos em situações que nos obrigavam a pedalar,

65
Empreendedorismo
Parte 02 – Aula 03

mesmo que tal situação envolvesse certo nível de risco, até se conseguir desempenhos cada vez mais
confiantes e com melhores resultados.

• Criar contextos para aumentar as possibilidades de êxito

A criação de contexto é uma das ações mais importantes na hora de aumentar as possibilidades de êxito
no desafio que se está por enfrentar. Quando criamos contextos, o que estamos fazendo é abrir o leque
de possibilidades e criar condições favoráveis para que nossas ações sejam exitosas. Por exemplo, no
caso de ter que executar um projeto, o empreendedor criará as condições necessárias, conversará com
as pessoas ou disponibilizará os recursos, para que, no momento de executar o projeto propriamente
dito, as chances de sucesso sejam boas.

• Compartilhar seus desafios com possíveis parceiros para diminuir os riscos

O empreendedor não está indo atrás de um reconhecimento individual, mas de um resultado que
beneficia a muitos. Por isso, compartilhar seus sonhos e desafios com outros lhe é natural, pois ele
deseja somar experiências e forças, já que assim é mais fácil atingir os resultados. Contar com parceiros
aumenta a possibilidade de sucesso, mas, ao mesmo tempo, requer uma atitude de persuasão, iniciativa
e doação. O empreendedor observa o mundo com abundância, por isso, compartilhar seus desafios não
implica uma perda, pois no mundo há possibilidades para todos.

Oportunidades e Soluções

O empreendedor observa o mundo, identifica os acontecimentos e as coisas em si, e depois procura a


explicação ou interpretação que melhor cabe para seus objetivos. Temos sido recorrentes nisso. Nós,
como observadores, conferimos sentido àquilo que observamos. Somos contadores de histórias, criamos
narrativas com nossas experiências. O mundo é perfeito do jeito que ele é, nós atribuímos a ele
expectativas, vemos nele problemas ou oportunidades. É por isto que dizemos que o empreendedor é
aquele que leva em si uma atitude de oportunidade. O empreendedor pode ver oportunidades onde antes
ninguém viu, e isto lhe permite ações diferentes.

Três exemplos de ações que o empreendedor realiza nessa competência são:

• Observar atentamente os fatos e os acontecimentos

O empreendedor sabe que a oportunidade e as soluções estão nele, por isso, observa os fatos com uma
postura de atenção e liberdade para as interpretações e idéias que surgem. É uma postura na qual ele
nunca acha que sabe o que está acontecendo de antemão. Está sempre tentando novas explicações que
lhe ofereçam maiores opções.

66
Empreendedorismo
Parte 02 – Aula 03

• Escutar as explicações de outras pessoas com senso crítico

Os problemas não estão no mundo, não estão do lado de fora. Quando


o empreendedor discute com alguém sobre um problema, ele escuta as
explicações com um senso crítico. Confere legitimidade à interpretação

do outro, mas, se necessário, permite-se recriar essas explicações. O


desapego às idéias pré-concebidas e ao desejo de ser possuidor da
razão são as atitudes que caracterizam esta ação.

• Aproveitar as oportunidades, desenhando ações para isso

Desenhar é uma ação na qual refletimos sobre as ações que poderíamos tomar para construir algo em
que não cabe esperar pelo curso normal dos acontecimentos. Desenhar implica fazer o nosso juízo a
respeito do que existe, e sabendo que juízos são interpretações, se permitir questionar e fazer novas
interpretações, inventar novas possibilidades e selecionar as ações que nos conduzam à materialização
dessas possibilidades. Como falamos na introdução deste grupo de competências, estamos enfocando o
agir do empreendedor, e desenhar é uma dessas ações. O empreendedor desenha suas ações a partir
das possibilidades que descobre.

Coordenação de Ações

Uma das ações centrais do empreendedor é a de coordenar ações com outras pessoas. Essa coordenação
ocorre através de pedidos, ofertas e promessas mútuas, que o empreendedor e demais integrantes de
sua rede de relacionamentos continuamente desenvolvem.

Três exemplos de ações que o empreendedor realiza nessa competência são:

• Desenhar ações conforme a estrutura do ciclo de coordenação de ações

A coordenação, como o próprio termo sugere, implica coordenar, organizar e estruturar para que as
ações produzam os efeitos que se pretendem. Organiza-se em forma de um ciclo de promessas que se
repete e configura a rede de relacionamentos em que se insere o empreendedor. Cada ciclo está
estruturado por uma etapa de formulação da promessa e uma etapa de cumprimento da mesma. Por sua
vez, cada uma dessas etapas se subdivide em duas fases. A etapa de formulação da promessa
compreende uma fase de criação de contexto, seguida de uma fase de negociação, culminando com a
aceitação (ou não), correspondendo com isso (ou não) ao estabelecimento da promessa. A etapa de
cumprimento da promessa também compreende duas fases: uma de realização e outra de avaliação,
culminando com a declaração de satisfação do cliente a quem foi feita a promessa.

Subjacente a essa estrutura, jaz a idéia de confiança mútua e de compartilhamento de inquietudes entre
os componentes da rede. A essa confiança e compartilhamento de inquietudes costumamos chamar de

67
Empreendedorismo
Parte 02 – Aula 03

“coração” do ciclo da coordenação de ações, uma vez que isso é vital para o êxito ou efetividade do
processo de coordenação de ações em questão.

• Criar espaços de confiança que facilitam a coordenação de ações

Definimos a confiança como a conjugação de três comportamentos: ter sinceridade consigo mesmo e
com os outros, ter consciência clara de suas competências e ter um apurado senso de responsabilidade.
O empreendedor será aquela pessoa que gera espaços de confiança, ou seja, é sincero, competente e
responsável; e é aquele que, além disso, tem visões e inquietudes que vão ao encontro dos outros
membros com quem coordena ações. O empreendedor é um fazedor e ele sabe que as coisas só
acontecem porque são coordenadas.

• Promover o compartilhamento das inquietudes entre os elementos com quem se vá coordenar


as ações

Definimos inquietudes compartilhadas como as inquietudes que movem esses observadores (que
compartilham essa coordenação) para a ação. Coordenar ações não é meramente um compromisso, é
uma extensão do ser; coisas que eu não consigo sozinho são possíveis através de uma coordenação com
outras pessoas. A coordenação de ações é uma das principais competências conversacionais. O
empreendedor tem consciência disso e se ocupa permanentemente em desenvolver esta competência.

Impecabilidade

A impecabilidade diz respeito à construção da identidade pública a partir do


cumprimento de promessas. As ofertas e as petições, principalmente aquelas que
tenham a ver com aspectos muito importantes, não são feitas a qualquer que tenha
competência, mas sim àquele que é impecável em seu atuar. É impecável aquela
pessoa que obtém, recorrentemente, resultados esperados satisfatórios. Nos
momentos fortuitos em que não é possível cumprir suas promessas, quem é
impecável cuida tanto de si quanto do outro, para não gerar maiores prejuízos a
ninguém.

Três exemplos de ações que o empreendedor impecável realiza são:

• Avaliar permanentemente o nível de satisfação dos clientes

O empreendedor não se satisfaz com o fato de ter cumprido os acordos, mas com o fato de ter atendido
às necessidades do cliente. Não tem temor em perguntar quais são os aspectos a melhorar e sempre sua
principal expectativa é que o cliente volte a procurá-lo porque com ele está garantido o serviço. Uma das
principais qualidades para o empreendedor é perguntar pelas necessidades particulares das pessoas com
quem coordena ações e procurar atendê-las.

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Empreendedorismo
Parte 02 – Aula 03

• Fazer pedidos e ofertas cuidadosas

Fazer pedidos e ofertas é quase uma arte. Por um lado, é competente para fazer pedidos e ofertas quem
em geral recebe como resposta um sim e estabelece promessas. Por outro lado, é competente quem
constrói com impecabilidade esses pedidos ou ofertas. Tem pessoas que conseguem um “sim” com a
maior facilidade, mas, na hora de avaliar o cumprimento das promessas, se deparam com o fato de que
não atenderam as condições de satisfação do cliente. Essas condições de satisfação se referem ao acordo
sobre o que está faltando, a ação a ser realizada para preencher essa falta, quem vai fazê-lo e, o mais
importante, o prazo de tempo em que se espera seja concluída essa promessa.

• Cancelar, revogar ou adiar suas promessas

Fazer promessas implica lidar com o futuro e com as condições variáveis dele; por isso, quando o
empreendedor se depara com o inesperado e verifica que não poderá cumprir sua promessa, ele atua
com a antecedência possível e cancela, revoga ou adia o prazo de finalização das promessas. Na maioria
das vezes, qualquer uma dessas alternativas gera encargos e custos, e por essas despesas o
empreendedor se faz responsável.

Persistência

A persistência é decorrência da percepção de que tudo o que se


passa no mundo se passa segundo um processo evolutivo de
aprendizagem. Em geral, persistimos em alguma coisa porque
achamos que, com o tempo, vamos ter êxito naquilo que
estamos procurando, porque somos aprendizes e estamos lidando com aprendizes também. O
empreendedor não só se apercebe aprendiz e compreende que precisa de tempo para se aprimorar,
como também é consciente de que o cliente também é aprendiz.

Três exemplos de ações que o empreendedor persistente realiza são:

• Reinterpretar os “obstáculos” como “processos de aprendizagem”

O empreendedor pode se deparar com obstáculos que dificultam a obtenção dos seus objetivos. Esses
obstáculos poderão ser legítimos, mas, ainda assim, o empreendedor não desiste de seu propósito. Ele
interpreta esses obstáculos como uma situação que apresenta espaços onde é preciso aprender. Por
exemplo, o empreendedor que se depara com uma crise econômica e se vê em apuros percebe que está
vivendo um novo contexto do mercado, no qual tem oportunidades para desenvolver novas
competências, e esse aprendizado poderá lhe ser útil no futuro.

Por isso, dizemos que o empreendedor reinterpreta os obstáculos e, mantendo-se enfocado nos seus
objetivos significativos, age repetidas vezes ou muda sua estratégia, sentindo-se comprometido com os

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Empreendedorismo
Parte 02 – Aula 03

resultados e inquietudes que o movimentam. Ele sabe aprender e esperar o tempo das coisas
acontecerem, sem desistir.

• Reinterpretar as histórias ou crenças que obstaculizam o alcance dos seus objetivos

Nosso agir está condicionado às narrativas, sejam histórias ou crenças. Expressões como: isso é difícil,
não vale a pena o esforço, se fora sob outras circunstâncias ... etc. (que caracterizam o entorno); ou, eu
não consigo, sou covarde, costumo desistir rapidamente etc. (que caracterizam a pessoa) são
freqüentemente confundidas com causas para não persistir, quando geralmente são resultados de
experiências anteriores, numa área da vida específica, e acreditamos que se estendem para todas as
áreas.

Neste caso, não estamos falando de obstáculos legítimos e, sim, das narrativas que nos condicionam. O

empreendedor questiona essas narrativas que o obstaculizam e as reinterpreta; primeiro, identificando


o domínio específico em que essa narrativa é válida e em quais não são válidas; segundo, percebendo-se
um aprendiz, no qual ele não é “assim ou assado”, mas que pode vir-a-ser e se transformar em alguém
diferente.

• Assumir a responsabilidade pelas ações e os resultados

Temos falado, desde o começo, que o empreendedor é uma pessoa orientada por resultados. Ficar nesse
nível limitaria a visão do empreendedor como um ser eficaz. Entretanto, além dessa preocupação com os
resultados, o empreendedor persiste em ser eficiente em suas ações, assumindo inteira responsabilidade.
Essa persistência (busca tenaz) do empreendedor em realizar (ser conseqüente) com ações significativas
(eficientes) é o que faz do ser empreendedor uma pessoa efetiva, diferenciada.

Como Observamos o Empreendedor?

Conclusão:

O empreendedor é competente para atuar


significativamente. É impecável nos
compromissos que adquire, reinterpreta os
obstáculos e dificuldades, assume desafios
e persiste nos seus propósitos. È um
construtor de realidades e faz realidade
seus sonhos.

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Empreendedorismo
Glossário

Glossário
Ação: Ato ou efeito de atuar. Manifestação de um agente. No contexto desta disciplina, atuar resulta da
combinação do pensar, do sentir e do agir. A ação é exatamente o ato ou manifestação desse agir.

Acordo Multifibras: Acordo sobre têxteis e confecções celebrado anteriormente à criação da OMC e
incorporado por ela.

Aladi: a Associação Latino-Americana de Integração, criada em 1980, pelo Tratado de Montevideo II,
substituiu a ALALC, Associação Latino Americana de Livre Comércio.

Analogia: é a aplicação, por parte do julgador, da legislação editada para regular um caso, a outro caso,
em face da semelhança existente entre os dois casos.

Aprendizagem: Ato ou efeito de aprender.

Aprender: Tomar o conhecimento de (aprender a conhecer); tornar-se apto ou capaz de fazer algo
(aprender a fazer); tornar-se (aprender a ser); evoluir em seus padrões éticos de relacionamentos
(aprender a conviver). Exemplos de padrões éticos de relacionamentos: submissão pela força,
intolerância, tolerância, respeito, amor.

APEX – Agência de Promoção de Exportações

Atitude: Modo de proceder ou agir; comportamento, procedimento. Atitude tem a ver com conduta,
maneira de comportar-se.

Atitude empreendedora: Conduta ou comportamento orientado para uma ação fortemente impregnada
por um “querer fazer”, ou seja, por um forte desejo de realização.

BACEN: Banco Central do Brasil.

Balanço básico: do balanço de pagamentos: o balanço do grupo de contas que formam as Transações
Correntes, ou seja, balança comercial, balança de serviços e transferências unilaterais.

Banco Mundial: instituição fundada em 1944 e composta por cinco instituições afiliadas: o Banco
Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD, a Associação Internacional de
Desenvolvimento – AID, a Corporação Financeira Internacional – CFI, o Organismo Multilateral de
Garantia de Investimentos – OMGI, e o Centro Internacional de Ajuste de Diferenças Relativas a
Investimentos – CIADI.

BCB: Banco Central do Brasil.

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Empreendedorismo
Glossário

Cláusula compromissória: é cláusula inserida em contrato pela qual fica estabelecido que qualquer
divergência deverá ser solucionada por meio de arbitragem.

Certificado de origem: exigido nos casos em que o importador pretende usufruir de benefícios
concedidos em função da origem da mercadoria.

COANA: Coordenadoria Geral de Administração Aduaneira da Secretaria da Receita Federal.

Comércio exterior: O comércio de residentes de um determinado país com residentes de outros países.
As relações comerciais realizadas entre um determinado país e um ou os outros países do mundo.

Comércio internacional: comércio exterior de todos os países considerados globalmente. As relações


comerciais de mercadorias e serviços realizadas entre os vários países que compõem a comunidade
mundial.

Competências: Combinação orientada para a ação de conhecimento, habilidades, atitudes e valores.

Compromisso arbitral: o mesmo que cláusula compromissória

Concorrência perfeita: mercado em que, por haver muitos vendedores e muitos compradores, cada um
deles é incapaz de, sozinho, influenciar o preço da mercadoria.

Confiança: Segurança íntima a respeito de como proceder, crença em si mesmo ou em outro, fé em sua
capacidade pessoal ou na de outrem.

Conhecimento: Ato ou efeito de conhecer. Idéias, conceitos, informação, notícia, ciência. Prática da
vida, experiência. Discernimento, critério, apreciação. Consciência de si mesmo.

Conhecimento “máster”: conhecimento “mestre”, emitido em face de unitização de várias cargas


numa unidade de carga.

Conhecimento de transporte: documento emitido pela empresa transportadora que representa o


contrato de transporte celebrado e cuja primeira via original prova a propriedade da mercadoria.

Consenso: Conformidade, acordo ou concordância de idéias, de opiniões. No contexto desta disciplina,


dizemos que há consenso quando há compartilhamento de um universo de distinções (o que inclui idéias,
conceitos, opiniões etc.) entre os membros de uma comunidade.

Contêiner: equipamento de transporte utilizado para unitização e transporte de carga.

Cooperação técnica horizontal: é a cooperação técnica implementada pelo Brasil com outros países
em desenvolvimento.

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Empreendedorismo
Glossário

Coordenação: Ato ou efeito de coordenar.

Coordenação de ações: Ocorre quando os membros participantes de uma ação “coordenam” a forma
pela qual executam juntos a ação. Esta maneira recursiva de expressar a coordenação de ações, em
função da própria coordenação, embute a noção de que os seres humanos são seres lingüísticos e, como
tais, atuam através da linguagem. Segundo essa perspectiva, a coordenação de ações não passa de uma
conversação bem estruturada. A coordenação de ações enquanto conversação envolve: identificação e
declaração de inquietudes, criação de contextos, formulação de pedidos e/ou ofertas, negociações,
realização de tarefas e avaliação.

Corporalidade: Qualidade de corpóreo; corporeidade, corporal. Relativo a corpo. Enquanto domínio


constitutivo do ser humano (juntamente com a linguagem e a emocionalidade), a corporalidade é o
domínio através do qual o corpo do empreendedor se manifesta na realização de suas ações.

Costumes: são práticas reiteradas que se tornam, por isso mesmo, normas jurídicas costumeiras
obrigatórias.

Curva de demanda recíproca: curva que demonstra o comportamento das procuras de dois países
reciprocamente consideradas.

Curva de indiferença: indica os pontos em que é indiferente para o consumidor optar por um ou por
outro produto (nacional ou importado), mantendo o grau máximo de satisfação.

DARF – eletrônico: Documento de Arrecadação de Receitas Federais emitido eletronicamente.

Derrogação: revogação parcial.

Deterioração das relações ou termos de troca: a perda do poder de compra das exportações de um
país frente ao valor ou volume de suas importações.

Direitos antidumping: são imposições do órgão investigador e decisor (CAMEX, no Brasil) resultantes
de investigações positivas de prática de “dumping”.

Direitos compensatórios: são imposições impostas pelo órgão decisor (CAMEX, no Brasil) resultantes
de investigações positivas de prática de subsídios.

Distinção: Ato ou efeito de distinguir. Separação. Características, qualidades pelas quais uma pessoa ou
coisa difere de outra. Diferença.

Doutrina: são opiniões expressadas por jurisconsultos e demais estudiosos do direito.

73
Empreendedorismo
Glossário

Drawback: regime aduaneiro especial que consiste na exoneração dos tributos devidos na importação
de insumos a serem utilizados na industrialização de produtos a serem exportados.

Dumping: é a política de empresa exportadora consistente na introdução no país de importação de


mercadoria por preço abaixo do normalmente praticado no país de exportação.

Economia de escala: ocorre quando são obtidos resultados positivos mais que proporcionais ao
investimento realizado, em face do grande tamanho do mercado.

Efetividade: Qualidade de efetivo, algo que se manifesta por um efeito real; positivo. Atividade real.
Resultado verdadeiro. No contexto do empreendedorismo, “resultado verdadeiro” quer dizer “resultado
certo”, não qualquer resultado, mas aquele marcado pela eficácia; similarmente, ao se referir à
“atividade real”, também não se está referindo a qualquer atividade, mas à “atividade certa”, aquela
impregnada de eficiência. Resumindo: uma combinação de eficácia (fazer a coisa certa) com eficiência
(da maneira certa).

Eficácia: Medida do grau de alcance de um objetivo. Corresponde à relação entre o resultado atingido e
o resultado procurado.

Eficiência: Medida da amplitude dos meios disponibilizados para atingir um objetivo. Corresponde à
relação entre o resultado obtido e os meios (processos inclusive) disponibilizados para atingi-lo.

Elasticidade-renda ou inelasticidade-renda de um produto: o comportamento provocado na


demanda por um produto decorrente da variação da renda. Se a demanda aumentar mais que
proporcionalmente ao aumento da renda, haverá elasticidade-renda do produto. Se o crescimento da
demanda for menos que proporcionalmente ao aumento da renda, haverá inelasticidade.

Emocionalidade: Emotividade. Relativo a emoção. No contexto deste curso, é usado para designar um
dos domínios constitutivos do ser humano. Refere-se ao domínio do sentir, enquanto predisposição para
a ação é determinante para o comportamento empreendedor.

Empreendedorismo: Relativo a empreendedor, aquele que empreende, que é ativo, arrojado e


cometedor. O empreendedor delibera-se a praticar, propõe-se, tenta (por mais laboriosa e difícil que seja
a tarefa); o empreendedor põe-se a executar.

Enforcement: capacidade de prevenção e repressão de irregularidades no cumprimento das regras


comerciais.

Escutar: Relativo a escuta. Pode ser entendido como a contraparte psicológica do processo fisiológico de
ouvir. Resulta da composição dos atos de ouvir mais interpretar (Escutar = ouvir + interpretar).

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Empreendedorismo
Glossário

Especialização produtiva da economia: a liberdade de comércio, geralmente, proporciona a


especialização da economia na produção dos produtos que possui maior aptidão para produzir. Assim, em
face da especialização, a economia importa os demais produtos.

Estrutura interna de demanda agregada: composição da produção/demanda por setores da


economia. Por exemplo, setor primário (produtos básicos), secundário (industria) e terciário (serviços).

Fatura “pró-forma”: fatura comercial provisória emitida pelo exportador e enviado para o importador
com as informações básicas sobre a possível importação.

Fatura comercial: documento, normalmente, exigido pela alfândega e emitido pelo exportador e que
contém informações básicas sobre a mercadoria negociada como preço, quantidade, peso, identificação
da mercadoria, etc. normalmente exigido pela alfândega.

Flat container: equipamento de transporte consistente num estrado com hastes desmontáveis, utilizado
para unitização e transporte de cargas.

Gestão: Ato de gerir; gerência, administração. Compreende ações de concepção, estabelecimento e


acompanhamento e se aplica a variados níveis: planos, processo, pessoas etc.

Habilidades: Relativo ao fazer, refere-se ao “saber como”. Diz-se que uma pessoa tem habilidades em
relação a certa tarefa quando ela é capaz de realizá-la com destreza, com jeito e com eficiência.

IATA – “International Air Transport Association”: Associação de Transporte Aéreo Internacional.

Idéias cepalinas: idéias desenvolvidas, principalmente, por Raul Prebish, então, economista da
Comissão Econômica Para a América Latina - CEPAL, da ONU. Segundo tais idéias, as relações de troca
dos países em desenvolvimento (que exportam, basicamente, produtos primários, não manufaturados),
sofreriam uma deterioração crônica, e sendo assim deveriam tais países promover a industrialização
interna utilizando o processo de substituição das importações como política comercial (colocando
barreiras à importação para forçar a produção local).

Impecabilidade: Qualidade ou caráter de impecável; aquilo que é feito com toda a segurança e/ou
correção. Sem falha ou defeito. Perfeito, correto.

Investigação antidumping: é a investigação procedida por órgão do governo (SECEX, no caso do


Brasil) da prática de “dumping” por parte de exportadores estrangeiros.

Investimento estrangeiro direto: a entrada de capital de risco no mercado nacional, seja para investir
no mercado financeiro, seja para ser aplicado em empreendimentos econômicos fora do mercado
financeiro. Sendo capital de risco, não exige amortização, podendo, entretanto, ser repatriado.

75
Empreendedorismo
Glossário

Juízos: Posicionamentos que assumimos face às distinções que possuímos. Podem ser entendidos como
veredictos que fazemos a respeito de nós mesmos, dos outros, das coisas, das instituições. Enquanto
ações lingüísticas, pertencem à classe das declarações.

Jurisprudência: são decisões reiteradas dos órgãos julgadores sobre determinado assunto.

Legitimidade: Qualidade ou estado de legítimo. Fundado no direito, na razão ou na justiça.

Linguagem: O uso da palavra articulada ou escrita como meio de expressão e de comunicação entre
pessoas. Um dos principais domínios constitutivos do ser humano; os outros são a corporalidade e a
emocionalidade, já introduzidos.

Livre câmbio ou livre comércio: a política comercial que consiste em dar liberdade para importar e
para exportar mercadorias e serviços.

Maestria: Mestria; qualidade de mestre; grande saber; sabedoria, excelência.

Mapa de indiferença: apresenta as diversas curvas de indiferença possíveis em face de alterações nas
preferências e gostos dos consumidores.

Mercado comum: etapa do processo de integração econômica de vários países que prevê a livre
circulação de mercadorias, de mão-de-obra e de capitais, além de uma tarifa externa comum para
terceiros países.

Narrativas: A seqüência de fatos de uma história, seja ela real ou imaginária. No contexto da disciplina,
relaciona-se à maneira pela qual o empreendedor articula suas idéias, suas distinções e seus juízos
correspondentes. A elas se associa o poder de realização do empreendedor.

Nova sistêmica: Pensamento Sistêmico de segunda geração (sistema de sistemas) que reconhece a co-
existência de múltiplos observadores e modelos de mundo. Nela, o observador se observa observando.
Com isso, a neutralidade do observador fica por princípio excluída. O observador deve sempre se incluir
no campo de sua observação.

OACI: Organização de Aviação Civil Internacional.

Observador: Aquele que observa, que percebe e distingue.

Oligopólio: mercado em que há poucos vendedores e muitos compradores.

OPEP: Organização dos Países Exportadores de Petróleo.

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Empreendedorismo
Glossário

Pallet: equipamento de transporte consistente num estrado sobre o qual é empilhada a carga a ser
transportada.

Pessoa: O observador que atua.

Planejamento: Ato ou efeito de planejar. Trabalho de preparação para qualquer empreendimento,


segundo roteiro de métodos determinados; planificação.

Poder: Ter capacidade de ação.

Prática de Subsídios: é a política do governo do país exportador que, em geral, concede ou repassa
recursos aos seus exportadores com o fim de estimular as exportações para o país de importação.

Preços relativos: quando os preços de diversos produtos são avaliados comparando-se uns com os
outros. Por exemplo: se houver um aumento geral dos preços de 10%, não haverá alteração dos preços
relativos. Contudo, se apenas alguns tipos de produtos sofrerem aumento de 10% e outros não, haverá
alterações nos preços relativos, pois os que tiveram aumento custarão, relativamente, mais do que os
outros.

Pré-lingada: rede de naylon utilizada para envolver e transportar a carga.

Pre-sling: o mesmo que “pré-lingada”.

Protecionismo: política que impõe barreiras, especialmente, às importações, como forma de proteger o
mercado produtor interno.

Quiebre: Vocábulo espanhol utilizado para denotar a noção de “ruptura de transparência no viver”.

Redespacho: despachar, novamente, agora para o destino correto, mercadoria descarregada por
engano.

Realidade: Qualidade de real. Aquilo que existe efetivamente; que existe de fato, verdadeiro. No
contexto dessa disciplina há, na verdade, duas referências a se considerar para falar de realidade. Um
referencial metafísico, que acomoda, sem retoques, o significado de “existência de fato”, de “verdadeiro”,
exposto acima. E também, um referencial ontológico em que tudo se refere, ou só faz sentido, em
relação a um observador. No referencial ontológico não faz sentido falar de mundo, de realidade, de
verdade, sem falar de observador. Tudo só faz sentido se considerado em relação ao observador.

Relacionamentos: Ato ou efeito de relacionar(-se). Capacidade, em maior ou menor grau, de


relacionar-se, conviver ou comunicar-se com seus semelhantes.

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Empreendedorismo
Glossário

Relações ou termos de troca: o comportamento do poder de compra das exportações de um país


comparado com as suas importações. Pode ser em termos monetários ou de volumes.

Respeito: Ato ou efeito de respeitar(-se). No contexto da disciplina, refere-se ao ato de compreender e


acatar a diferença do outro estabelecendo, com isso, uma ética diferenciada (da usual tolerância) para os
relacionamentos: a ética do respeito.

Santa Sé: sede da Igreja Católica Apostólica Romana

SECEX: Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio


Exterior.

Siscomex: Sistema Integrado de Comércio Exterior.

SRF: Secretaria da Receita Federal.

Subsídios: os subsídios podem ser definidos de vários modos entre eles: 1°) benefícios a pessoas ou a
empresas pagos pelo governo; 2°) despesas correspondentes à transferência de recursos de uma esfera
de governo em favor de outra; 3°) despesas do governo visando à cobertura de prejuízos das empresas
(públicas ou privadas) ou ainda para financiamento de investimentos.

Substituição de importações (processo de): processo de industrialização do mercado interno,


baseado na imposição de barreiras às importações com o objetivo de substituí-las por produtos
produzidos internamente.

Tarifa Externa Comum do Mercosul: a relação de alíquotas do imposto de importação aplicadas pelos
quatro países do Mercosul nas importações realizadas por estes de outros países do mundo.

Teoria da vantagem absoluta: teoria elaborada por Adam Smith, no livro “Riquesas das Nações”,
publicado em 1776. Segundo tal teoria, cada país deve-se concentrar na produção de produtos em que
tiver maior aptidão para produzi-los e importar os demais.

Teoria das vantagens comparativas: teoria elaborada por David Ricardo, segundo a qual, mesmo que
um país tenha vantagem absoluta na produção de todos os produtos, ainda, assim, será conveniente
concentrar-se na produção dos produtos em que tiver maior aptidão para produzir, devendo importar os
demais.

Termos de troca: comportamento do poder de compra de um país, avaliado pela comparação da


evolução dos preços e/ou volume das exportações e das importações desse país.

Transparência: Segundo a visão ontológica em que estamos nos baseando para desenvolver a noção de
empreendedorismo nessa disciplina, a ação humana tem precedência sobre a razão e sobre a

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Empreendedorismo
Glossário

consciência. Isto é, postula-se que, em geral, quase todas as nossas ações são realizadas sem reflexão
prévia, ou seja, na transparência. Só quando a transparência se interrompe <ver quiebre> é que
percebemos o mundo ao nosso redor.

Tratado-contrato: são os que regulam assuntos especiais, específicos, como os acordos comerciais
entre, por exemplo, o Brasil e o México.

Tratado-lei: são os tratados que veiculam assuntos gerais, como o da constituição da ONU, da OMC, do
Mercosul, etc.

União aduaneira: etapa do processo de integração econômica de vários países em que além de haver a
livre circulação de mercadorias há, também, a adoção de uma tarifa externa comum para terceiros
países.

Unitização de cargas: procedimento de acondicionar várias cargas ou mercadorias numa unidade de


carga, como, por exemplo, num contêiner.

Valores: Normas, princípios ou padrões sociais aceitos ou mantidos por indivíduos, classes, sociedades
etc.

Volatilidade: medida da intensidade e freqüência das flutuações dos preços de um ativo financeiro ou
dos índices em uma bolsa de valores.

ZFM: Zona Franca de Manaus.

ZPE: Zona de Processamento de Exportações.

79
Empreendedorismo
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Empreendedorismo
Referências Bibliográficas

Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior. Site com as seguintes áreas:


empreendedorismo, financiamento, legislação, comercio exterior. http://www.desenvolvimento.gov.br

Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico – CDT – Universidade de Brasília – UnB. Incubadora de


Empresas, Hotel de Projetos, Escola de Empreendedores, Jovem Empreendedor, Empresa Júnior, Núcleo
de Inteligência Competitiva, Núcleo de Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia, Núcleo de
Credenciamento de Laboratórios.
http://www.cdt.unb.br/programas.htm

http://www.starta.com.br

Recomendamos, artigo Charles Handy

Pequenas Empresas & Grandes Negócios. Diversos artigos.


http://empresas.globo.com/Empresasenegocios/0,19125,2474,00.html

Venture Capital Brasil. Site para empreendedores com as seguintes áreas: desenvolvimento econômico-
social; desenvolvimento local; inovação; empreendedorismo; empreendedor social.
http://www.venturecapital.com.br/VCN/empreendedorismo_e_desenvolvimento_CR.asp

Especialização em gestão empreendedora da educação


http://www.pg.cefetpr.br/minhaweb/index.htm

Universidade Federal de Pernambuco


http://www.cin.ufpe.br/hermano/empreendimentos/#porqueParticipar

Faculdade de Estudos Superiores do Pará


http://www.feapa.com.br/
http://www.quepasa.cl/revista/1410/25.html
http://www.ethos.org.br/docs/conceitos_praticas/publicacoes/reflexao/index.shtml
http://www.francianeulaf.com/artigos.htm
http://www.projetoe.org.br/vteams/teles/tele_03/tele_03.html
http://gurusonline.tv/pt/txt_guru.asp?id_gurus=27

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