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Ética: Uma breve introdução

(Apresentação da disciplina)

Maurício Fernandes (UFPI)


mauriciofernandes@ufpi.edu.br

Ética? O que é? Um dos conceitos mais esvaziados semanticamente em nossa


contemporaneidade é o conceito de ética. Esvaziado aqui quer significar a supressão
em parte de seu horizonte semântico originário por uma compreensão
instrumentalizada e abstrata, com a qual geralmente se evoca tal conceito. Assim como
a filosofia, a ética em nossa contemporaneidade se espraia por um campo vasto de
saberes e conhecimentos, procurando ser, em geral, uma tábua com a qual se “guiam”
os procedimentos dentro destes campos, ou padrões com os quais as pessoas orientam
suas vidas. Assim, temos a ética médica, a ética jurídica, a ética dos negócios, a ética
evocada pela política, e, junto a tais, temos comissões de ética, grupos formados com o
propósito de debater os procedimentos a serem tomados em seus mais distintos
campos de ação; porém, diante de um horizonte vasto de concepções de ética, o que
vem a ser? O que podemos compreender como ética?
A pergunta pelo significado do conceito de ética, é uma pergunta filosófica. Se
insere no contexto de um questionar-se pela própria existência humana, não buscando
apenas respostas, mas centrando-se no questionar como mola propulsora de nosso agir
no mundo. A ética, assim como a filosofia, escapa às respostas prontas e que se
pretendem como definitivas. Ao final, compreenderemos que a ética está relacionada
intrinsecamente com o nosso ex(i)stir, e desta forma não se configura como uma
estrutura estática ou imutável, mas acompanha-nos em nosso processo evolutivo
epistêmico e cognitivo. Existir aqui como projeção. Lançar-se para fora continuamente
em um movimento dialético constitutivo de uma fenomenologia da liberdade que nos
caracteriza. A consciência é sempre projeção, intencionalidade no mundo e regresso a
si1.
Em resumo, estamos imersos no fenômeno ético, somos condenados ao agir
ético/moral porque possuímos um elemento constitutivo e condicional da vida ética, a
saber: a liberdade. Com a liberdade estamos potencialmente expostos às vitórias e
conquistas, mas também aos fracassos e erros que se atualizam sob a forma de nossas
escolhas. O cerne do agir ético reside na possibilidade de, diante de determinadas
circunstâncias, sermos capazes de formular a seguinte questão: O que devo fazer?

***
Nesta disciplina, partindo do eixo norteador e dialogal: O que é ética?, serão
expostos elementos constitutivos de uma aproximação introdutória ao conceito de
ética com o intuito de oferecer ao discente um cabedal teórico e conceitual importante
e necessário para uma compreensão acerca do pensamento ético e seus
desdobramentos e diferenciações.

1 HEGEL, 1979.
Na unidade 1, a partir do texto do professor Henrique Cláudio de Lima Vaz
intitulado Fenomenologia do Ethos2, colheremos os primeiros rudimentos conceituais
e semânticos para uma aproximação ao conceito de ética. Percorreremos um itinerário
que parte de um imbricamento fenomenológico entre ethos e physis no qual podemos
compreender a importância da cultura (tradição, educação) no processo de cultivo do
espírito ético. Aqui podemos compreender a ética como um refinamento do espírito,
que consegue recusar e domesticar seu instinto inserindo-se em um contexto evolutivo
marcado pela intersubjetividade e guiado por regras, normas e valores: eis a gênese do
processo de hominização!
No texto Ética e razão, o professor Lima Vaz nos remete a um problema
fundamental já esboçado por Aristóteles e que ganha contornos expressivos em nossa
contemporaneidade: a ciência do ethos – uma eticologia (ethikè logos), encontrando-
se entre duas estruturas constitutivas da dimensão humana, de um lado a teoria
(theoria) e de outro a técnica (práxis), deve constituir-se a partir de um movimento de
busca de um lugar epistemológico que assegure a si um desvelar-se no campo da
própria práxis humana, fugindo da mera contemplação teórica. A ciência do ethos se
desdobrará sobre a própria condição humana, em resumo, a vida humana; somente no
horizonte da vida pode existir ação e decisão. A pergunta colocada por Lima Vaz se
traduz da seguinte forma: “pode o homem viver de forma autêntica nesse horizonte
determinado unilateralmente pelos critérios da técnica, da utilidade e da
produtividade3?” E precisamente uma fenomenologia do ethos procura, assim como o
próprio conceito de fenomenologia, erguer-se como uma possível resposta diante de
um avanço significativo e massivo do campo abstracional tecnocientífico, que ameaça
tragar a própria existência humana transcrevendo-a como mera imagem4. A ciência da
ética ao fundo procura evidenciar a ação humana, e como eixo nodal deste agir no
mundo, encontra-se a Vida. A ciência da ética pode ser compreendida como uma
tentativa de recuperação de uma subjetividade como estofo primário do agir humano.
A partir do exposto anteriormente, na unidade 2 discorreremos acerca da
diferenciação etimológico-conceitual entre ética e moral, procurando evidenciar
conceitos fundamentais acerca destas duas esferas. Seriam ética e moral conceitos
equivalentes e complementares? O que podemos compreender como moral? A partir
da leitura dos textos de William Frankena Moralidade e Filosofia Moral5, de Adolfo
Sánchez Vásquez La esencia de la Ética6 e de Zildo Gallo Ética e Moral: uma rápida
fundamentação7, procuraremos situar o conceito de moral num horizonte de
complementariedade ao conceito de ética, atado ao campo do agir humano e, por
conseguinte, à Vida8. A moralidade como uma auto-entrega do sujeito à exterioridade
do mundo e com isso aberto às consequências oriundas de seu agir.
Na unidade 3, trabalharemos as relações no campo do agir ético/moral no
sistema da ética filosófica vaziana, procurando apontar para o movimento dialético
expresso em tal, que se estende desde o agir ético à vida ética, bem como suas
estruturas subjetiva, objetiva e intersubjetiva. Aqui procuraremos expor a transposição

2 LIMA VAZ, 2006, pp. 35 - 43; 2002, pp. 11 – 35.


3 SAMPAIO, 2006, p. 146.
4 HEIDEGGER, 1977.
5 FRANKENA, 1975, pp. 13 – 25.
6 VÁZQUEZ, 1984, pp. 65 – 68.
7 GALLO, 2007, pp. 11 – 16.
8 ROSA, 2006, 09 – 16.
de uma moralidade em seu campo subjetivo para o âmbito social, ancorada na
compreensão do outro como ponto fulcral no contexto do agir social. A moralidade
como internalização do princípio de liberdade que encontra na alteridade seu desafio
e limite. O ser humano tal qual descrito por Aristóteles é animal político [zoon
politikon], isto significa que somente pode realizar-se no contexto intersubjetivo.
Na unidade 4, trabalharemos os eixos temáticos da ética contemporânea e as
perspectivas éticas abertas, principalmente, a partir dos avanços da tecnociência.
Encetaremos uma aproximação às propostas éticas do século XX. Vivemos uma época
expressivamente marcada por um posicionamento basilar das tecnociências, na qual,
paradoxalmente, desfrutamos um sentimento de total supressão das necessidades,
mas também mergulhamos num universo de incertezas ante ao avanço desenfreado do
campo de intervenções (bio) tecnocientíficas, principalmente no contexto da própria
natureza humana. Deparamo-nos com problemas novos e urgentes oriundos de tal
avanço, que à velocidade em que se efetuam não proporcionam ao homem a
possibilidade de estruturação de conteúdos ético-morais que possam inserir tais
problemas no contexto hodierno dos debates e reflexões bioéticas.
O século XX se apresenta como momento marcante no qual o avanço das
tecnociências atingiu o seu apogeu, iniciando com uma massiva industrialização e
tecnificação gradativa de todas as esferas do existir humano e terminou com a abertura
de um horizonte marcado por um lado pela infusão esperançosa de ânimos no campo
das intervenções terapêuticas, e por outro lado, por um acentuado senso de perigo
diante de tal horizonte, uma vez em que fora deslocado o próprio homem para o âmbito
de tais intervenções e manipulações. Desta forma, tal momento se configura de forma
ímpar na história do homem e de seu saber e agir tecnocientíficos, não encontrando
precedentes na senda humana, e também, se estruturou enquanto período conturbado
mediante as experiências negativas em relação às tecnociências. Dos campos de
concentração às bombas atômicas, da construção da máquina de raios-X ao anúncio
do término exitoso do mapeamento do genoma humano a tecnociência se direcionou
para uma condição ímpar nas sociedades humanas, principalmente, ocidentais.
Eutanásia, clonagem humana, diagnóstico genético de pré-implantação, aborto são
alguns dos tópicos nos debates atuais em bioética.
Assim, perfaremos um caminho introdutório à ética que, de modo substancial,
nos propiciará uma aproximação a tal conceito, tendo como divisa e máxima a
compreensão de que a ética e a moral não são monólitos normativos, mas antes, se
constituem como estruturas condicionantes de nosso agir uma vez oriundas de nossa
liberdade, sendo deste modo, necessário sempre a reflexão acerca de nossas ações, de
seus motivos e também se suas consequências tanto no âmbito subjetivo quanto no
contexto comunitário do existir humano.

Maurício Fernandes
Teresina, fevereiro de 2018
Referências:

FRANKENA, W. Moralidade e Filosofia Moral. In: Ética. 2. Ed. Rio de Janeiro:


Zahar, 1975.

GALLO, Z. Ética e moral: Uma rápida fundamentação. In: Ethos: a grande


morada humana. Economia, ecologia e ética. Itu: Ottoni Editora, 2007.

HEGEL, W. F. G. Phänomenologie des Geites. Werke. Band 3, Frankfurt a. M.


1979.

HEGENBERG, L. Filosofia Moral: Metaética. Rio de Janeiro: E – papers, 2010.

HEIDEGGER, M. Die Zeit des Welbildes. In: Gesamtausgabe. Band 5. Holzwege.


Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 1977.

ROSA, J. M. S. O 'ethos' da ética na Fenomenologia radical de Michel Henry.


Estudos de fenomenologia, Lisboa, Centro de. Filosofia da Universidade de Lisboa,
2006. Disponível em: http://www.lusosofia.net/textos/jose_rosa_o_ethos_da_etica
_fenomenologia _michel_henry.pdf. Acessado em: 12/02/2018.

SAMPAIO, R. G. Metafísica e Modernidade: método e estrutura, temas e sistema


em Henrique Cláudio de Lima Vaz. São Paulo: Loyola, 2006.

VAZ, H.C.L. Escritos de Filosofia II: Ética e Cultura. São Paulo: Loyola, 1988.

____________ Escritos de Filosofia IV: Introdução à Ética Filosófica I. 3. ed.


São Paulo: Loyola, 2006.

VÁZQUEZ, A. S. La esencia de la moral. In: Ética. Barcelona: Editorial Crítica,


1984, pp. 65 -68.

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