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3. Alguns comentários
Segundo Giroux (1997) ao assumir a postura de intelectual transformador, o
professor torna-se capaz de inovar e mudar. Com isso, a cidadania crítica do aluno seria
efetivada, pois o professor agiria com capacidades intelectuais para melhorar a prática
pedagógica.
O autor comenta que como resposta à ideologia da prática educacional
tradicional, surgiu com todo vigor, nos Estados Unidos e Inglaterra, a pedagogia radical
e crítica, preocupada em questionar a dominação social através da escola. Essa pedagogia
tenta desvelar como a escola reproduz a lógica do capital, visto que os tradicionalistas se
recusaram a questionar a natureza política do ensino, privilegiando o domínio de técnicas
pedagógicas e a escola como local de instrução, ignorando as escolas como locais de
políticas e culturas, omitindo a relação entre conhecimento, poder e dominação.
Os críticos radicais questionam essa ideologia educacional tradicional,
apontando o conhecimento transmitido pela escola como representação particular da
cultura dominante, num processo seletivo de exclusões. Nesta visão, as escolas são vistas
quase que exclusivamente como agências de reprodução social, produzindo trabalhadores
obedientes para o capital.
Apesar de trabalhar com a questão da reprodução das ideologias na escola,
Giroux aponta que os críticos radicais recuaram no questionamento que combinasse a
linguagem da crítica com a linguagem da possibilidade (re)construindo um discurso que
colocasse o professor como o centro das transformações no ensino, assim, oferece bases
teóricas para a realização de uma prática docente transformadora. Para esta realização
Giroux elenca dois elementos essenciais: a definição das escolas como esferas públicas
democráticas e a definição dos professores como intelectuais.
Giroux (1997) comenta que o clima político e ideológico não parece favorável
para os professores no momento. As reformas educacionais estão reduzindo os
professores ao status de técnicos de alto nível, cumprindo ordens e objetivos decididos
por especialistas, afastados da realidade cotidiana da sala de aula. Neste momento surge
a oportunidade da união dos professores em torno de um debate que examine as forças
ideológicas e materiais que tentam proletarizar a atividade docente. Para repensar esta
estrutura, os professores devem assumir a postura de intelectuais transformadores.
Ao encarar os professores como intelectuais, elucida-se a idéia de que toda
atividade humana envolve alguma forma de pensamento. E que os mesmos podem
contribuir efetivamente para o fomento da capacidade crítica dos alunos. Os professores
como intelectuais são necessários neste momento em que segundo Giroux (1997) é
necessário tornar o político mais pedagógico e o pedagógico mais político, na tentativa
de humanização da vida de todos os cidadãos.
Porém, como aponta Contreras, “o caráter programático da obra de Giroux
modstra qual deveria ser a situação dos professores enquanto intelectuais, mas não como
os professores que estão presos aos limites de suas salas de aula poderiam chegar a
construir semelhante posição crítica em relação à sua profissão” (2012, p. 178). Assim,
para efetivação de um programa de formação de professores entendidos como intelectuais
transformadores torna-se necessário investigar possibilidades para “as possíveis
articulações com as experiências concretas dos docentes” (CONTRERAS, 2012, p. 178).