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Manutenção de transformadores
Capítulo XI
Avaliação da condição de
transformadores de potência
Determinação da Condição de
Transformadores de Potência
para Avaliação da Vida Útil
Por Marcelo Paulino*
processo continuo no tempo, um valor numérico pode ser obtido FMEA (Análise do Modo e Efeito da Falha). Os resultados
em cada estágio representado por um Índice de Condição (IC) são usados para a definição de uma matriz de detecção
do transformador em cada intervalo de tempo. Essa condição e diagnóstico de falhas (DDF) mostrado na Tabela 2. A
ao longo do tempo pode ser dividida em cinco estágios, descrição das abreviações usadas na matriz para os métodos
conforme sugerido por Cigré WG A2.18, sendo a condição em de diagnósticos é apresentada na Tabela 1.
cada estágio também dividida em diferentes estados. A Figura 1 Tabela 1 – Métodos de Detecção e Diagnóstico
mostra a hierarquia do IC. Abreviação Descrição
DGA Análise dos Gases Dissolvidos no óleo
PCA Análise físico-química do óleo
COND Condutividade do Óleo
Testes Químicos
Estado 1
COSU Análise do Enxofre Corrosivo
MORS Saturação relativa da umidade no óleo
Estágio 1 Estado 2 MPED Umidade no papel com diagramas de equilíbrio
MPIS Umidade no papel (sorption isotherms)
Índice de Estágio 2
MPKF Umidade no papel via titulação KF
Condição Estado n
FUR Análise de Furan
DPO Grau de Polimerização
Estágio n
RATI Relação
EXCU Corrente de excitação
Figura 1 – Hierarquia do IC com estágios e estados. MABA Teste do balanço magnético
SWR Resistência estática do enrolamento
Na Figura 2 é associado um IC a cada avaliação de cada
Testes Elétricos
DWR
e diagnóstico. Neste trabalho, um método sistemático de FRDF Resp. frequência do fator de dissipação (15-400 Hz)
obtenção de índices de condição é proposto. Um diagrama de FRC Resp. frequência de capacitância (15-400 Hz)
blocos ilustrando o processo é mostrado na Figura 3. FRCL Resp. frequência de perdas núcleo (15-400 Hz)
FRLR Resp. frequência da reatância dispersão (15-400Hz)
COND
MPED
MPKF
FRDF
DGA
INRE
Modos de Falha
DPO
SWR
FRSL
RATI
FUR
POL
PCA
FRA
FRC
FDS
condição
PD
DF
Curto circuito entre enrolamentos
Curto circuito entre espiras
Curto circuito para terra
Elétrica
Flutuação de potencial
Curto circuito das laminações do núcleo
Múltiplos aterramentos do núcleo
Núcleo desaterrado
Térmica
Buckling
Movimento de massa
Estrutura de fixação solta
Deformação do condutor
Degradação por umidade no óleo
Degradação
(S). Isto é realizado para cada modo de falha. Por exemplo, A seguir são apresentados os critérios de interpretação de
para o modo de falha “degradação devido a água no papel”, alguns métodos de teste. As tabelas 4 e 5 a seguir mostram o
o vetor de estágio (S) pode apresentar como resultado cada um critério de interpretação.
dos estágios: novo, normal, anormal, defeituoso ou falhado, Tabela 3 – Critérios de Interpretação – critérios gerais
dependendo da concentração de água do transformador. Método de Critério
Outros tipos de falha que não estão relacionadas ao processo Diagnóstico
Relação Desvio dos dados de placa ≤±0.5% (7)
de degradação por umidade, como deformações mecânicas,
Para injeção na fase central (B) a tensão induzida nas outras
falhas elétricas e térmicas, também receberam um estado do
Teste de balanço fases deve estar entre 40-60% da tensão aplicada
estágio. magnético Para injeção nas outras fases (A ou C), a tensão na fase B
Para a determinação do vetor de estágio são utilizados os deve estar entre 85-90% da tensão aplicada.
métodos apontados na Tabela 1, sendo que cada um deles Corrente de excitação Desvios entre outras fases ≤±10% para enrolamentos YN (7)
possui suas características próprias para análise da condição do Fator de dissipação Novo <0.5% (20°C), 0.5%≤Normal≤1%, >1% Defeituoso (7)
Reatância de dispersão Desvios devem ser ≤±3% (7)
transformador.
Resistência de Desvios devem ser ≤±5% (7)
Além das recomendações dadas pelas normas ou estabelecidas
enrolamento
pelos bancos de dados de diagnósticos de transformadores, FRSL ΔR: menor que 15% entre as fases (8)
o critério de interpretação pode ser considerado como um FRA Avaliação de Especialista Humano/AIAFRA*
agente com inteligência própria para gerar uma interpretação de
*AIAFRA é uma ferramenta de software baseada em técnicas de Inteligência Artificial para FRA
resultados, isto é, ao invés de uma avaliação determinística, com
valores e intervalos de tolerância pré-determinados, a avaliação A Tabela 4 e 5 a seguir mostra o critério de interpretação
é realizada pelo usuário que chamaremos de Avaliação do para os resultados do teste de fator de dissipação e
Especialista Humano (AEH), ou realizada através do uso de um capacitância em transformadores a óleo. Para Tabela
Algoritmo com Inteligência Artificial (AIA). 4 (medidas de fator de dissipação ou fator de potência)
Apoio
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pode-se observar três critérios bem definidos de análise, Tabela 4 – Critérios de Interpretação – Fator de
Dissipação / Fator de Potência
sendo:
Fator de Dissipação / Fator de Potência
Estágio / Estado
• Medida em 60 Hz: análise referenciada de acordo com Medida em Medidas entre Variação
60 Hz 15 e 400 Hz FPref
a norma IEEE 62:1995, observando a diferença do valor
Estágio 1: Novo FPmed < 0,5 % AEH/AIA FPmed < 1,1 x FPref
medida com relação ao valor do fator de potência medido
Estado 1 FPmed < 0,5 % AEH/AIA FPmed < 1,1 x FPref
na frequência de 60 Hz.
Estágio 2: Normal 0,5 % < FPmed < 1 % AEH/AIA FPmed < 2 x FPref
• Medida com variação de frequência entre 15 Hz e 400
Estado 1 0,5 % < FPmed < 1 % AEH/AIA FPmed < 2 x FPref
Hz: análise realizada de acordo com a assinatura obtida
Estágio 3: Anormal 1 % < FPmed < 1,2 % AEH/AIA FPmed < 2,3 x FPref
com os valores de fator de potência medidos em várias Estado 1 1 % < FPmed < 1,2 % AEH/AIA FPmed < 2,3 x FPref
frequências, dentro da escala de 15 Hz a 400 Hz. Estágio 4: Defeituoso 1% < FPmed < 1,5 % AEH/AIA FPmed < 2,6 x FPref
• Variação FPref: análise realizada com a comparação Estado 1 1% < FPmed < 1,5 % AEH/AIA FPmed < 2,6 x FPref
do fator de potência/fator de dissipação medido em 60 Estágio 5: Falhado FPmed > 1,5 % AEH/AIA FPmed > 3 x FPref
Hz com o valor de referência ou valor de histórico do Estado 1 FPmed > 1,5 % AEH/AIA FPmed > 3 x FPref
transformador em teste. Onde: FPmed é o resultado do ensaio e FPref é o valor de placa ou de comissionamento.
Da mesma forma, a Tabela 5 trata das medidas de obtida com os valores de capacitância medidos em várias
capacitância, onde se pode observar dois critérios bem frequências, dentro da escala de 15 Hz a 400 Hz.
definidos de análise, sendo: • Variação CAPref: análise realizada com a comparação
da capacitância medida em 60 Hz com capacitância de
• Medida com variação de frequência entre 15 Hz e referência do transformador em teste.
400 Hz: análise realizará de acordo com a assinatura Neste trabalho, o critério de interpretação individual
Apoio
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C57.104 (9) foi adaptado ao modelo de degradação para Considerando que diferentes testes de
o estabelecimento do critério de interpretação do agente diagnósticos oferecem resultados contraditórios, um
DGA. A Tabela 6 mostra o critério de interpretação dos consenso originado por uma votação é introduzido para
resultados do agente DGA (análise cromatográfica) por resolver os conflitos entre agentes e determinar o estágio
meio do método do triângulo de Duval (10). do estado do transformador, utilizando um modelo de
Segundo a metodologia apresentada, pode-se resumir condição da degradação.
que a designação dos agentes é realizada com a utilização
de métodos de detecção e diagnóstico que avaliarão, cada Considerações finais
qual dentre de sua competência, o transformador. Desta Este trabalho apresenta uma proposta que preenche
forma é determinado o estágio por meio do modo de falha de maneira ideal os requisitos do Cigré WG A2.18 para a
e assim determinado o índice de condição. A Figura 4 implementação de sistemas de avaliação de condição. Pela
Tabela 5 – Critérios de Interpretação – Capacitância aplicação desta metodologia, uma avaliação sistemática e
objetiva é possível através de um sistema de pontuação
Capacitância
Estágio / Estado
Medida entre 15 - 400 Hz Variação CAPref
Referências
M. E. C. Paulino, J. L. Velasquez, H. DoCarmo, Avaliação da
Condição como Ferramenta de Gestão do Ciclo de Vida de
Transformador de Potência, XXI SNPTEE, Seminário Nacional de
Produção e Transmissão de Energia Elétrica, Florianópolis, Brasil,
2011.
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D. Morais, J. Rolim, and Z. Vale, DITRANS – A Multi-agent System
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for the detection of transformer winding displacement, CIGRE
SCA2 Colloquium, June 2003, Merida.
IEEE Guide for the Interpretation of Gases in Oil Immersed
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free gases analysis, March 1999.