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4 . Objeto de análise a lei referente ao furto de madeira – no que tange à Dieta Renana;
e no que tange a si mesma.
10. “O proprietário florestal não deixa o legislador falar, pois as paredes têm ouvidos”
(p.79)
11. A alegação do deputado da nobreza de que a Câmara estaria ‘perdendo tempo’ com
questões redacionais – a possibilidade de transformar cidadãos comuns em ladrões
tratada como ‘purismo’ gramatical – o poder dos termos, das palavras, das
expressões.
12. Subtrair madeira caída ou ajuntar madeira seca são atos subsumidos sob a rubrica
“furto”, igualando-os aos atos de subtrair madeira verde ou de árvores ainda em pé.
14.A analogia entre árvores verdejantes e madeira seca para descrever a prisão dos que
fossem pegos apanhando madeira caída ou seca nas prisões (pp. 79-80).
Os ídolos de madeira obtém a vitória e as vítimas humanas são abatidas. (p.80)
15. A alusão ao Código penal do século XVI (conhecido pelo rigor exagerado das penas
– fogueira, esquartejamento, afogamento ) e a defesa de que o Código em votação
deveria ser mais humano.
16. A argumentação sobre a diferença de cortar madeira das árvores e colhê-la seca, do
chão, como atos diferentes, portanto não devendo implicar na mesma penalização (80-
81).
17. Quando chama de ‘furto de madeira’ um ato que nem chega a ser um delito de
exploração de madeira, a lei mente e o pobre é sacrificado por uma mentira legal –
citação de O espírito das leis, de Montesquieu (1997, p.125): “Há dois tipos de
corrupção: um quando o povo não respeita as leis; outro quando a lei os corrompe – um
mal incurável já que está no próprio remédio”.
18. Tese sobre a anomia decorrente da não distinção entre o crime o não crime - o
risco de borrar os limites entre o crime e o não crime – a ineficiência dos critérios que
os distingue no imaginário coletivo – (a situação do sistema judiciário brasileiro que
solta e prende ao sabor das relações de amizade e dos interesses políticos);
20. Volta ao objeto – a rejeição, na Câmara dos Deputados, da distinção entre coleta de
madeira seca no chão, a exploração da madeira e o furto de madeira – ao mesmo tempo
em que decide aplicar pena mais grave se a extração da madeira verde for feita com
serra ou madeira – a diferença é considerada como elemento agravante, mas não como
elemento atenuante. (p.83)
21. A discussão sobre a relação entre a gradação da pena e o tipo do crime – o decisivo
não é esgotar a diferença, mas fazer a diferença – roubar uma galinha e roubar 1 milhão
dos cofres públicos.
26. O costume dos pobres X os costumes dos nobres – o direito não depende mais da
contingência de o costume ser razoável, mas o costume se torna razoável porque o
direito se tornou legal, porque o costume se tornou costume do Estado – a questão da
propriedade das terras. (86)
27. A maneira diferenciada pela qual o direito consuetudinário dos ricos ser
transformado em Direito e o direito consuetudinário ser transformado em crime. O
exemplo dos conventos: quando a propriedade dos coventos foi convertida em
propriedade privada e os conventos foram de certo modo indenizados, não houve
qualquer indenização para os pobres que viviam dos conventos – isto aconteceu com
todas as transformações de privilégios em direitos. (87)
29. O caráter das coisas é um produto do entendimento. Cada coisa precisa se isolar
para ser algo... o entendimento produz a multilateralidade do mundo, pois o mundo não
seria multilateral sem as muitas unilateralidades. (88)
30. O direito consuetudinário dos pobres e sua capacidade de captar a propriedade com
seu instinto certeiro por seu lado indeciso: os pobres satisfazem suas necessidades
naturais, mas também um impulso legal – e exemplo da madeira seca no chão. (89)
32. O que cabe aos ricos e aos pobres como contingência histórica. (90)
37. A tese da punição que reduz um indivíduo ao crime que ele cometeu – o Estado
amputa a si mesmo toda vez que reduz o indivíduo a apenas um criminoso. (92)
38. Um legislador ético tomará muito cuidado toda vez que se lhe demandar que
subsuma sob a esfera dos atos criminosos uma ação até ali considerada irrepreensível.
(O exemplo das pedaladas fiscais, de Dilma)
39. A criação do aplicador da lei – o guarda florestal – como uma figura que
denuncia e estabelece o tamanho do pagamento devido alguém que defende não os
interesses coletivos (dos que cometeram o crime de serem extorquidos; dos que
sofreram a violação dos direitos – os proprietários), mas apenas os interesses dos donos
das florestas. (93)
42. Os deputados das comunidades rurais, da nobreza e doas cidades e a defesa dos
direitos dos pequenos proprietários florestais, que estariam prejudicados pelo instituto
do guarda florestal vitalício como responsável pela denúncia e aplicação das penas aos
que violassem a lei do furto da madeira [por não poder pagá-los]. (97)
Por que o pequeno proprietário florestal exige a mesma proteção que o grande?
Porque ambos são proprietários florestais. Não são ambos, o proprietário florestal e o
que viola a lei do furto de madeira, cidadãos do Estado? Não teriam ambos os tipos
direito à proteção do Estado? [ver o caso de estudantes – professores] (97)
43. A defesa do controle sobre os guardas florestais e contra a contratação vitalícia - o
interesse próprio e os óculos pretos e coloridos (100)
44. A decisão de atribuir aos prefeitos a determinação de que os que cometessem delitos
relativos à lei do furto da madeira fizessem serviços comunitários [para cuja realização
haveria funcionários pagos].
52. A exposição mostra como a Câmara dos Deputados rebaixa o poder executivo, as
autoridades administrativas, a vida do acusado, o próprio crime e a pena à condição de
meios materiais do interesse privado. (122)
53. As funções sociais do processo : O processo é apenas uma escolta segura para
levar o adversário à prisão, mera preparação da execução. Onde ele quer ser mais do
que isso, é levado a calar-se.O interesse do Direito pode falar enquanto for o direito do
interesse privado; mas deve calar assim que colide com o sagrado interesse privado.
(124)
54. A Câmara dos Deputados decidiu por votação se os princípios do Direito deveriam
ser sacrificados em nome do interesse da exploração florestal ou se os interesses da
exploração florestal deveriam ser sacrificados em nome dos princípios do Direito, e o
interesse dos proprietários florestais venceu o Direito pelo voto.(125)
55. Os legisladores usaram seu tino certeiro para corrigir e complementar, fazendo com
que o interesse provado dite leis ao Direito, onde antes o Direito ditava leis ao interesse
privado, cumprindo cabalmente sua destinação. (126)