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Violência e do Crime
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA
Reitor
Prof. MSc. Pe. José Romualdo Desgaperi
Pró-Reitor de Graduação
Prof. MSc. José Leão
Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Prof. Dr. Pe. Geraldo Caliman
Pró Reitor de Extensão
Prof. Dr. Luiz Síveres
Diretor Geral
Prof. Dr. Francisco Villa Ulhôa Botelho
Diretoria de Pós-Graduação e Extensão
Prof.ª MSc. Ana Paula Costa e Silva
Diretoria de Graduação
Prof.ª MSc. Bernadete Moreira Pessanha Cordeiro
Coordenação de Informática
Weslley Rodrigues Sepúlvida
Coordenação de Secretaria Acadêmica e Apoio ao Aluno
Karlla Vanessa do Lago Aragão
Coordenação de Pólos e Relacionamento
Francisco Roberto Ferreira dos Santos
Coordenação de Produção
Edleide Epaminondas de Freitas Alves
Sumário
Objetivo.................................................................................................6
Aula 01 – A Biologia do Comportamento Criminoso............................................7
1.1 A Frenologia .............................................................................................. 7
1.2 A Antropologia Criminal de Lombroso ................................................................ 8
1.3 A Síndome do Duplo “Y” ...............................................................................10
1.4 As Alterações Genéticas ...............................................................................11
1.5 O Estudo com Gêmeos .................................................................................12
Aula 02 - Conceito de Violência ................................................................. 14
2.1 O Conceito de Violência ...............................................................................14
2.2 Tipologia da Violência..................................................................................16
Aula 03 - Introdução ao Estudo da Sociologia do Crime .................................... 20
3.1 O conceito de Sociologia...............................................................................20
3.2 A Sociologia do Crime ..................................................................................22
3.3 A Escola de Chicago ....................................................................................22
Aula 04 - O Crime como Problema Social ...................................................... 26
4.1 Teoria da Anomia .......................................................................................26
4.2 Teoria da Subcultura ...................................................................................27
4.3 Teoria da Associação Diferencial .....................................................................28
4.4 Teoria do Controle Social..............................................................................28
4.5 Teoria da Rotulação (Labeling Approach)...........................................................29
Aula 05 - A Lei como Mecanismo de Controle Social ........................................ 30
5.1 O Controle Social........................................................................................30
5.2 O Crime e a Classe Dominante ........................................................................32
5.3 O Controle do Crime no Estado Capitalista .........................................................32
Aula 06 - A Condição Humana: Perspectiva Teórica Psicológica .......................... 34
6.1 Teoria da Personalidade de Gordon Allport ........................................................34
6.2 Teoria Behaviorista .....................................................................................35
6.3 O Trabalho de B. F. Skinner ...........................................................................36
6.4 A Teoria Psicanalítica ..................................................................................38
Aula 07 - A Condição Humana: Agressividade, Violência e Conduta Criminosa........ 41
7.1 A Personalidade Anti-Social ...........................................................................41
7.2 Considerações Históricas ..............................................................................42
7.3 Características Diagnósticas...........................................................................43
7.4 A Classificação Segundo Blackburn...................................................................44
7.5 Relevância para a Segurança Pública ................................................................45
Aula 08 - O Comportamento Desviante......................................................... 47
8.1 O Conceito de Normal e Desviante...................................................................47
8.2 Desvio Positivo e Desvio Negativo ....................................................................47
8.3 Os Tipos de Desvio e a Consolidação do Comportamento Desviante ...........................49
8.4 As Formas de Desviação................................................................................50
Aula 09 - A Doença Mental e o Crime........................................................... 51
9.1 A Medida de Segurança ................................................................................51
9.2 A Doença Mental no Código Penal ....................................................................51
9.3 A Alienação Mental .....................................................................................52
9.4 Outros Estados Psíquicos Considerados no Código Penal .........................................54
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Sumário
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Objetivo
Objetivo
A biologia do comportamento criminoso. Introdução ao estudo da Sociologia da violência e do crime.
Tipologia da violência. O crime como problema social: evolução do pensamento sociológico. A Lei como
mecanismo de controle social: análise das necessidades, funções, utilização e efeitos dos mecanismos
formais e informais de controle social; perspectivas teóricas da lei e do controle social; exame empírico
das teorias da lei como mecanismo de controle social. A condição humana: perspectiva teórica
psicológica; agressividade, violência e conduta criminosa. O comportamento desviante e a doença
mental. A delinqüência juvenil: causas, padrões de sintomas e abordagens para o tratamento.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 01
A abordagem biológica é muito criticada no meio científico atual, mas já exerceu um grande fascínio em
períodos passados da história da ciência. Os adeptos dessa corrente de pensamento advogam que
algumas pessoas são incapazes de se conformarem com as normas sociais devido a um defeito biológico.
Desde os tempos de Aristóteles (384-322 a.C.) já havia interesse pelo comportamento criminoso e suas
origens. A suspeita de que o crime tenha uma base biológica foi alvo de muitas discussões e trabalhos
científicos. Desde as investigações de Lombroso (item 1.2), no século XIX, até as pesquisas com
ressonância magnética, as buscas por resposta para a questão da existência de base biológica para o
comportamento criminoso ainda não chegaram a um resultado definitivo. Vamos explorar, nesta primeira
aula, alguns aspectos históricos dessa busca!
1.1 A Frenologia
No século XVIII, um anatomista austríaco chamado Franz Joseph Gall desenvolveu uma teoria em torno
da seguinte idéia: a maioria das características humanas, inclusive o comportamento anti-social, seria
regulada por regiões específicas do cérebro. Cada comportamento estaria, então, sob o comando de um
centro cerebral específico. Veja a Figura 1.1:
De acordo com essa teoria, quanto mais robusto fosse o centro cerebral específico de um
comportamento, mais intensa seria a expressão desse comportamento. Essa teoria ganhou o nome de
Frenologia (de phrenos = mente e logos = estudo).
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 01
Franz Gall imaginava que, ao crescer, os centros cerebrais exerciam pressão contra os ossos da cabeça,
deixando neles saliências que poderiam ser vistas ou palpadas. As pessoas com tendências criminosas
poderiam, então, ser reconhecidas pelo exame cuidadoso dessas protuberâncias e depressões ósseas
presentes no crânio!
A teoria de Gall não prosperou, pois não teve confirmação científica. Mas a idéia de achar uma explicação
biológica para a prática criminosa, uma explicação interna ao próprio ser humano, continuou a seduzir
muitos pesquisadores.
De acordo com a teoria de Lombroso, existiriam certas características físicas capazes de identificar o ser
humano delinqüente, como: protuberância occipital, órbitas dos olhos grandes, testa fugidia, arcos
superciliares excessivos, zigomas salientes, nariz torcido, lábios grossos, arcada dentária defeituosa,
braços excessivamente longos, mãos grandes, anomalias nos órgãos genitais, orelhas grandes e
separadas etc.
Para Refletir
Nos dias de hoje, você acha que uma teoria dessa natureza poderia ter sido proposta? Por quê?
Tendo feito observações e chegado ao que acreditava ser uma constatação, Lombroso lançou seu famoso
livro O homem delinqüente.Nessa obra, o cientista divulgou suas idéias e lançou a base de sua teoria.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 01
Para ele, o indivíduo criminoso seria um ser atávico, que teria dado um salto atrás no desenvolvimento
ontogenético e que poderia ser identificado por estigmas anatômicos, funcionais e psicológicos.
Por quase duzentos anos, a teoria de Lombroso influenciou pesquisadores e seus objetos de pesquisa.
Hoje sabemos que a comprovação de suas idéias está cada vez mais distante da realidade científica.
Para Refletir
Você acha que a teoria de Lombroso poderia ser relacionada a preconceitos étnicos?
Apesar de seu equívoco, Lombroso tem o mérito de ter voltado as atenções para o estudo da intimidade
do criminoso. Mas, embora tenha realizado centenas de autópsias e observado milhares de sentenciados
vivos, sua metodologia prejudicou suas intenções e o levou a propor conclusões hoje refutadas pela
ciência.
Uma das críticas ao trabalho de Lombroso foi o fato de ter utilizado uma amostra muito restrita. Em sua
maioria, os criminosos estudados por ele eram militares, geralmente provenientes da marinha italiana,
quase todos da região do sul da Itália, onde a miscigenação racial é bem diferente do restante do país.
O trabalho de Lombroso deu origem ao “positivismo criminológico”, que influenciou diretamente outros
estudiosos, como Enrico Ferri, Rafael Garófalo e Franz Von Liszt. Outros cientistas também
desenvolveram teses correlatas à teoria biológica: trabalhando com tipos de corpo físico e traços de
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 01
temperamento, acreditaram ter encontrado uma relação entre ambos. Como representantes desse grupo
temos: Kretschmer (1925), Hooton (1939), von Hentig (1947) e Sheldon (1949).
Pois bem, esse cientista encontrou peixes que possuíam um cromossomo sexual a mais! Algumas
pessoas, sabendo dessa descoberta, chegaram a classificar os animais como “supermachos”!O fato é que
Hamilton percebeu que esses peixes da espécie “killi”,com cromossomos a mais, os “supermachos”, eram
mais agressivos que os demais machos e assediavam as fêmeas com mais intensidade do que os peixes
normais.
Também ao final da década de 1960, com o advento da microscopia eletrônica, o cientista Montagu
aventou a hipótese da síndrome do duplo Y entre os seres humanos. Essa hipótese foi confirmada logo
em seguida. Assim, justificava-se que alguns indivíduos herdavam um cromossomo a mais no seu
cariótipo – o que provocaria alterações de comportamentos desviantes, tal qual nos peixinhos de
Hamilton.
Na mesma época, Robert Stock lançou, nos Estados Unidos, o livro The XYY and The Criminal,afirmando
que meninos nascidos com cromossomos XYY têm inclinação incomum para a delinqüência (Oliveira,
1987). Depois disso, muitos pesquisadores relataram ter descoberto algumas características comuns ao
grupo de indivíduos portadores da síndrome XYY, entre as quais podemos destacar: caracteres de
agressividade, inquietude e impulsividade; quociente intelectivo abaixo da média grupal; inadaptação
escolar; lentidão no desenvolvimento sexual; conduta anti-social; excesso de espinhas no rosto; estatura
acima da média; doença mental.
Essas supostas descobertas, entretanto, são questionadas por diversos pesquisadores. Eles consideram
que há uma forte influência do meio sobre o comportamento dos portadores da síndrome do duplo Y e
que esses indivíduos, uma vez identificados, passam a ser estigmatizados pela comunidade como
portadores de algum tipo de anomalia.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 01
Em verdade, a única característica que os pesquisadores são unânimes em aceitar é que os portadores da
síndrome do duplo Y têm sempre estatura acima da média, ou seja, são altos. Há alguns pesquisadores
que atribuem a isso o fato de eles serem presos com mais facilidade: um indivíduo alto, quando em fuga
pela prática de um crime, tem mais dificuldade em se esquivar da ação da polícia!
A freqüência desse gene é de um para cada mil nascimentos. As pesquisas não chegaram a conclusões
seguras, e essa teoria é, então, muito pouco utilizada para explicação de comportamentos desviantes.
Em 1993, H. G. Brunner pesquisou uma família alemã em que todos os integrantes do sexo masculino
possuíam um retardo mental associado a comportamentos agressivos. O cientista encontrou como causa
desse comportamento a mutação de um gene que codifica a enzima monoamino oxidase, conhecida
também como MAO A.
Dois anos depois, o pesquisador Oliver Cases relatou que ratos que foram geneticamente modificados e
ficaram sem a atuação da enzima MAO A apresentaram altos níveis do neurotransmissor serotonina,
apresentando comportamentos anormais como: tremor, medo, reação de espanto e agressão.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 01
Enfim, as pesquisas indicam que alterações funcionais nos genes ou enzimas causam alterações
metabólicas e, por conseqüência, alterações comportamentais. O que não foi encontrado é uma alteração
genética que, por si só, determinasse a eclosão de comportamentos criminosos.
Em 14 de abril de 2003, o consórcio internacional que constituiu o Projeto Genoma Humano anunciou
oficialmente a conclusão do seqüenciamento dos 3 bilhões de bases do DNA da espécie humana com
99,9% de precisão. O projeto durou 13 anos e, segundo se afirmou, consumiu 2,7 bilhões de dólares. Até
a presente data não foi anunciada a identificação de nenhum gene como determinante direto do
comportamento criminoso.
Ora, se os gêmeos são iguais quanto ao material genético, se um herdou a tendência para cometer
crimes, em tese, o outro também deverá ter herdado essa condição. Isso, é claro, se assumirmos que a
genética tem mesmo influência sobre condutas criminosas, o que, como vimos, não foi plenamente
comprovado pela ciência!
Apesar de a evidência dos dados apontar para a existência de fatores genéticos associados à
criminalidade, o papel do ambiente também tem importante influência sobre comportamentos
desviantes. Em estudo com crianças adotadas e filhas de pais biológicos com comportamentos
criminosos, verificou-se que, quando os pais adotivos pertenciam a meio sócio-economicamente
desfavorecido, as crianças apresentavam mais comportamentos criminosos do que aquelas cujos pais
adotivos pertenciam a classes de estatuto sócio-econômico superior.
O que podemos concluir é que, apesar de existir um fator genético capaz de aumentar a suscetibilidade
da pessoa para comportamentos criminosos, essa suscetibilidade estará sempre sujeita às condições
ambientais.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 01
A Teoria Biológica sobre o comportamento criminoso dominou boa parte das pesquisas do século XIX.
Com o avanço da ciência no século XX, novas pesquisas foram realizadas, utilizando-se as novas
tecnologias. Entretanto, até o presente momento, a teoria biológica não explicou, em definitivo, a razão
do comportamento desviante, sobretudo naqueles casos em que não há comprovação de nenhum
comprometimento biológico, mas, ainda assim, existe o desvio comportamental.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 02
Nesta aula, vamos estudar o conceito de violência e os diversos tipos de violência. Bom estudo!
O uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa,
ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em lesão,
morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação (OMS, 2002, p.5).
A definição apresentada pela Organização Mundial de Saúde inclui alguns elementos importantes. Vamos
analisá-los? São eles:
A violência é algo intencional, portanto, o perpetrador do ato violento deseja obter o resultado da
ação.
A ação violenta geralmente é constituída por uma força física, mas também há casos em que ela
é representada pelo simples exercício do poder. A História já nos mostrou vários episódios de
violência praticados, por exemplo, por monarcas tiranos. Você se lembra de algum desses
episódios?
A violência pode ser sofrida fisicamente pela vítima, sendo, portanto, constatada, observada e até
registrada. Você já deve ter visto alguma vítima de agressão física com hematomas. Mas, de
acordo com a definição apresentada pela OMS (2002), a violência também pode ser constituída
de ameaça, que não deixará lesões na vítima e, portanto, será de difícil constatação e
comprovação. Mas, ainda assim, será violência, podendo deixar outras repercussões na saúde
mental da vítima.
A violência pode ser praticada por uma pessoa contra si própria. Você já viu na televisão
indivíduos que protestam ateando fogo em seus corpos? Consegue se lembrar dos motivos que
levaram algumas dessas pessoas a esse ato extremo de violência contra si mesmas?
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 02
Em geral, entretanto, a violência é direcionada contra o meio, sendo comum atingir uma outra
pessoa. Porém, a OMS (2002) admite que um ato violento possa atingir um grupo de pessoas ou
mesmo uma comunidade, e não precisa ser praticado contra cada membro em particular. Por
exemplo: quando um minerador interrompe o curso de um rio, deixando as comunidades
ribeirinhas sem água para a sobrevivência, esse ato atinge aquele grupo de pessoas em um
mesmo momento.
Por último, a OMS (2002) mostrou-se preocupada com as repercussões advindas da violência, ou
seja, com os danos causados à vitima. Lembre que a violência pode provocar lesão física ou
mesmo a morte.
A Organização Mundial de Saúde, com essa definição, inovou, ou melhor, ampliou o horizonte a ser
observado e passou a admitir o dano psicológico,a deficiência de desenvolvimentoe
aprivaçãocomo elementos resultantes da violência.
O dano psicológico é um conceito ainda novo no ordenamento jurídico brasileiro, porém, vem sendo
implantado pelo Sistema de Justiça Criminal. O dano psicológico é definido como uma manifestação
inédita na vida da vítima, que lhe traz um prejuízo adaptativo, lhe causa sofrimento íntimo e que possui
um nexo de causalidade com o evento traumático anterior. Você é capaz de imaginar danos psicológicos
resultantes de atos violentos?
A deficiência de desenvolvimento e a privação são outras seqüelas que podem ocorrer em razão da
violência, mas que muitas vezes passam despercebidas na avaliação da vítima. Uma criança, por
exemplo, pode ser levada à morte por uma privação de alimentos provocada intencionalmente e de
maneira dissimulada pelo agressor.
Para Refletir
Observe a imagem a seguir (Figura 2.1) e reflita: de acordo com a definição da OMS (2002), a fome na
África é resultado de violência? Quem são os responsáveis por esse problema? Quais são suas causas? E
o que podemos dizer sobre a fome nas regiões mais pobres de nosso país?
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 02
Violência física
Categoria de violência que possui diversas formas. Envolve algum tipo de agressão à integridade física do
outro, podendo causar perigo de vida; debilidade; perda ou inutilização de membro, sentido ou função;
incapacidade para as ocupações habituais; aceleração de parto ou mesmo aborto; enfermidade incurável;
deformidade permanente entre outros.
Violência psicológica
Também denominada violência emocional. Trata-se de uma das formas de violência mais difíceis de se
observar, pois geralmente não há um incidente específico ou danos visíveis. Os efeitos da violência
psicológica, entretanto, podem ser severos. A violência psicológica constitui-se de situações em que a
vítima é exposta a tratamento hostil, porém, sem agressão física. A vítima é exposta a situações
ridículas, ameaças, intimidações, discriminação e rejeição, entre outros.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 02
Violência sexual
Não se trata apenas de violação à liberdade sexual do outro, mas também de violação aos Direitos
Humanos. Nos casos de violência sexual, o agressor tem a intenção de impor o seu desejo sexual. Muitas
vezes esse tipo de violência está ligado à natureza da relação, ou seja, a relação de poder que tem o
agressor sobre a vítima. Considerando o fator “relação de poder” na definição de violência sexual, e
lembrando que o poder econômico é também um tipo de poder nas relações humanas, reflita: na sua
opinião, a prostituição envolve violência sexual?
Negligência
Corresponde a situações em que crianças sofrem prejuízo em seu desenvolvimento ou em sua segurança,
como resultado de omissão por parte das pessoas que têm a responsabilidade pelos cuidados básicos
com a criança. De acordo com a OMS (2002), a negligência pode atingir áreas como: saúde, educação,
desenvolvimento emocional, nutrição, abrigo e segurança de vida. Você acha que também podemos
classificar como negligência o mesmo tipo de situação envolvendo os cuidados com pessoas idosas ou
pessoas com deficiência?
Para Refletir
Atenção! Você não deve confundir os efeitos da negligência com aqueles provocados pelas circunstâncias
de pobreza, em que faltam condições materiais para o atendimento das necessidades da criança. Reflita:
nos casos que envolvem a carência causada pela pobreza, podemos dizer que a sociedade é negligente?
Existem ainda outras formas de violência menos divulgadas, mas que também são importantes. Entre
elas, destacamos a violência política e a violência cultural. É interessante que você as conheça um pouco
mais! Senão vejamos:
A violência política consiste em atos praticados por governos autoritários. Geralmente, o objetivo da
violência política é a imposição de ideologias ou a aniquilação de opositores. Você já deve ter ouvido falar
na Revolução Francesa, certo? Pois bem, após essa revolução, houve um período de 16 meses em que o
número de mortes chegou a 12 mil – esse período passou a ser chamado de Período do Terror, dando
origem ao conceito de terrorismo.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 02
A Revolução Russa de 1918 é outro exemplo clássico de violência política. Entretanto, os dois exemplos
mais emblemáticos são o fascismo e o nazismo. Você já deve ter visto filmes sobre Hitler, o nazismo e
os campos de concentração! Você sabia que os judeus não foram as únicas vítimas do nazismo e que,
durante esse período, muitos negros, ciganos e homossexuais também sofreram a violência política?
Na História brasileira também tivemos violência política no período da ditadura militar, não é? O que você
sabe sobre isso?
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 02
A violência cultural, por sua vez, representa a substituição de uma cultura pelos valores de uma outra
cultura, impostos às vezes de maneira sutil, outras vezes, de forma violenta. Os efeitos são intensos e,
muitas vezes, permanentes. Um exemplo marcante foi a chegada dos europeus às Américas, tendo os
colonizadores aniquilado muitas culturas pela violência física e cultural. As ruínas de Machu Pichu,
resquícios do antigo império Inca, lembram a prática dessa violência.
Nesta aula, você estudou o conceito de violência de acordo com a definição da Organização Mundial de
Saúde. Vimos que o conceito de violência é complexo, possuindo alguns componentes que precisam ser
analisados. Também discutimos a existência de tipos distintos de violência.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 03
Apesar de a violência e a criminalidade serem termos constantemente usados, seus significados não são
tão claros para a maioria das pessoas, como vimos na aula anterior. A Sociologia foi uma das primeiras
ciências a analisar o fenômeno da criminalidade em meio urbano; nesta terceira aula, vamos explorar a
Sociologia do Crime.
Boa aula!
Para Refletir
Sabemos que o ser humano tem, cada vez mais, causado mudanças severas no ambiente. Mas você já
pensou sobre as influências que o meio exerce sobre nós?
No final do século XIX, surgiu uma nova ciência, denominada Sociologia. A Sociologia, como ciência,
preocupa-se em investigar o funcionamento e a organização interna das sociedades – sejam tribos
isoladas ou metrópoles – e em levantar as influências recíprocas entre o ser humano e o meio social.
Portanto, a Sociologia tem como objeto principal de seu estudo os grupos sociais.
Um dos precursores da Sociologia foi Auguste Comte (1798-1857), que inicialmente denominou essa
ciência como Física Social. Influenciado pelo positivismo, Comte trouxe à Sociologia uma abordagem
científica de acordo com os preceitos da época. Ele aplicou à Sociologia os métodos das ciências naturais
(biologia, física etc.), admitindo como única fonte de conhecimento e de verdade a experiência. O método
científico predominante nessa época era exclusivamente descritivo e deveria investigar apenas os fatos.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 03
Mas foi com Émile Durkheim (1858-1917) que a sociologia ganhou modernidade. Ele definiu os métodos
de trabalhos do sociólogo e estabeleceu alguns dos principais conceitos a serem utilizados pela
Sociologia.
Para Durkheim, a Sociologia é o estudo dos fatos sociais, que, por sua vez, refletem o modo de pensar,
sentir e agir de um grupo social. De acordo com o modelo de sociologia de Durkheim, os fatos sociais são
introjetados pelos indivíduos e exercem um poder de coerção sobre eles (OLIVEIRA, 2002).
Assim, a Sociologia utiliza modelos teóricos como forma de explicar a realidade imediata e evita
explicações baseadas no senso comum, procurando estabelecer relações não evidentes entre os fatos
sociais.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 03
A Sociologia do crime adquiriu status de ciência a partir do III Congresso de Antropologia Criminal,
realizado em Bruxelas, em 1892. Formalizou-se então o interesse da Sociologia pelo crime, agora
considerado fato social e não dependente exclusivamente do indivíduo criminoso.
De acordo com Garraud (apud FUNES, 1955), os objetos de estudo da Sociologia do crime são:
Como expoentes da Sociologia do crime, além de Durkeim (1858-1917) temos Lacassagne (1843-1924)
e Gabriel Tarde (1843-1904). Durkeim teve o importante papel de chamar atenção para a relação entre
crime e sociedade, destoando da maioria dos pesquisadores positivistas da época, que focavam o papel
da individualidade.
De acordo com Lacassagne, é a sociedade que produz os criminosos, pois os caracteres de personalidade,
por mais anômalos que sejam, não são suficientes para se chegar ao crime. Para tanto, é necessário um
ambiente social desfavorável.
Gabriel Tarde, por sua vez, defendia que fatores endógenos não devem ser considerados como
desencadeadores do crime, e buscava, no meio social, as possíveis causas exógenas da criminalidade. Ele
considerava a delinqüência um fenômeno social provocado, em grande parte, pela imitação de
comportamento.
O que você pensa sobre isso? O comportamento criminoso deve ser considerado uma conseqüência de
características internas ao indivíduo ou uma conseqüência da estruturação da sociedade?
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 03
com as constantes mudanças sociais e o acelerado crescimento entre o final do século XIX e início do
século XX (FREITAS, 2002).
Assim, em 1890, Chicago já deparava com o surgimento de fenômenos sociais até então desconhecidos.
A cidade passou a ter grandes áreas de pobreza, com a instalação de guetos de imigrantes, o
aparecimento das chamadas “gangues” de jovens e a proliferação de crimes diversos.
Em meio ao caos social, mas com um bom suporte financeiro, na cidade de Chicago criou-se uma
universidade com o mesmo nome. A Universidade de Chicago foi a primeira universidade estadunidense a
criar um Departamento de Sociologia.
Para os sociólogos da Universidade de Chicago, a própria cidade era um imenso laboratório para pesquisa
social. Assim, montaram uma linha de pesquisa com objetos definidos e deram origem, dentro da
Sociologia, à chamada Escola de Chicago.
Uma das grandes contribuições da Escola de Chicago foi a Teoria das Zonas Concêntricas, de Ernest
Burgess (1886-1966). De acordo com essa teoria, a cidade de Chicago era dividida em cinco zonas
concêntricas bem definidas, que se expandiam a partir do centro da cidade. Os pesquisadores concluíram
que quanto mais próxima fosse a localização da zona em relação ao centro da cidade, maior seria a taxa
de criminalidade. Isso porque essas zonas próximas ao centro correspondiam aos locais de maior
deterioração do espaço urbano, onde a população local vivia em condições sociais mais delicadas.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 03
Desse modo, a Escola de Chicago criou os conceitos de região moral e área criminal (ou delitiva). Apesar
de os conceitos não explicarem o fenômeno da criminalidade como um todo, serviram para demonstrar
que o ato criminoso, ainda que tenha uma origem individual, também é influenciado pela desorganização
social.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 03
Nesta aula você aprendeu um pouco sobre a sociologia e, em especial, sobre a sociologia do crime.
Destacamos a Escola de Chicago como um dos primeiros movimentos acadêmicos a estudar o fenômeno
social do crime e correlacioná-lo ao ambiente urbano. As idéias da Escola de Chicago são polêmicas, mas
ainda hoje possuem aplicabilidade na área de segurança pública, por isso elas são úteis para sua prática
profissional!
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 04
Bom proveito!
Para Merton, a impossibilidade de o indivíduo atingir uma meta por ele desejada e planejada seria a
motivação para o surgimento do comportamento delinqüente. Desse modo, a frustração dos objetivos do
indivíduo enfraqueceria seus vínculos com a própria cultura, tornando-o distante da sociedade. Merton
argumenta que essa frustração o tornaria capaz de apresentar comportamentos desviantes ou, ao
contrário, mostrar-se conformista.
As idéias de Merton são combatidas, pois, segundo seus pressupostos, a camada mais empobrecida da
sociedade (mais freqüentemente frustrada em seus objetivos) seria a responsável pelos índices de
criminalidade.
Para refletir: você acha que um jovem que, em criança, sonhava ser médico e viu seu sonho frustrado
pelas (im)possibilidades relacionadas à estrutura da distribuição da Educação no Brasil tem mais chances
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 04
de apresentar comportamento criminoso que um jovem que teve maior facilidade em realizar seus
sonhos?
Uma subcultura surge quando um grupo de indivíduos enfrenta dificuldades de adaptação com o grupo
dominante, o que reduz a interação social e leva a um contato mínimo entre ambos os grupos. Assim, o
grupo minoritário passa a rejeitar os valores do grupo dominante, criando os próprios. Como exemplo de
subcultura, temos os skinheads (Figura 4.2).
Em outras palavras, a subcultura representa a oposição aos valores de uma cultura dominante. Com o
afastamento, o grupo minoritário passa a manifestar comportamentos de agressão e rejeição ao grupo
dominante e, muitas vezes, termina por praticar atos anti-sociais e predatórios para confirmar a sua
rejeição ao grupo em oposição. Assim, surgem o furto e o dano, crimes comuns na chamada subcultura
da delinqüência.
De acordo com Cohen (apud ALBERGARIA, 1978), a teoria da subcultura é útil para que se entenda a
delinqüência juvenil: essa teoria permite entender o que é e como lidar com o problema das ‘gangues’ de
delinqüentes juvenis. Você concorda?
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 04
Assim, os grupos sociais básicos – como família, escola, amigos e comunidade local – têm um papel
fundamental na socialização do indivíduo. A influência desses grupos pode resultar na aquisição ou não
do comportamento desviante.
A teoria da associação diferencial pode ser resumida em nove afirmativas, formuladas pelo próprio
Sutherland (apud FELDMAN, 1979). Vamos a elas:
Para Refletir
Você já ouviu a expressão “Diga com quem andas e te direi quem és”? Compare a teoria da associação
diferencial com o senso comum acerca da influência de “más companhias” no comportamento de jovens.
28
Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 04
De acordo com a teoria do controle social, considera-se que, quanto maior o grau de envolvimento e
adaptação do indivíduo à sociedade, menores são as chances de ocorrência da prática de atos criminosos
contra ela. A teoria denomina esse fenômeno como concordância.
A concordância é percebida nas interações sociais do indivíduo e na aceitação das normas e valores
sociais. Alguns desses valores são o trabalho, a crença religiosa, os comportamentos sociais
padronizados.
Para Refletir
Pense um pouco mais: você vê relação entre a Teoria do Controle Social e a Teoria da Subcultura?
A crítica a essa corrente de pensamento é que, ao ser “etiquetado”, o indivíduo tende a sofrer uma
pressão para sua permanência no papel social de desviante e passa a sofrer uma estigmatização por
parte da sociedade. Você concorda? Pense, por exemplo, no estigma que pesa contra os ex-presidiários!
Outro aspecto considerado negativo, na teoria da rotulação, é que ela coloca em situação delicada o
sistema penal, pois, da maneira como funciona esse sistema, ele acaba reforçando a identidade desviante
do prisioneiro. Você certamente já ouviu alguém dizer que o sistema penitenciário é uma “universidade
do crime”! O que pensa sobre isso?
Os críticos dessa teoria, então, afirmam que o comportamento desviante é reforçado pela própria
tentativa de controle implantada pela sociedade, ou seja, pela própria rotulação. Primeiro, porque o
indivíduo “rotulado” agirá para confirmar sua identidade desviante; segundo, porque a comunidade ficará
atenta a qualquer deslize cometido por aquele que já estiver “etiquetado” como desviante!
Nesta aula, você conheceu algumas teorias sociológicas sobre o crime. Muitas dessas teorias serviram ou
servem de base para políticas públicas para a área de segurança pública em diversas sociedades. Não há
teoria certa ou errada, há a tentativa de buscar a compreensão de cada realidade. A teoria mais
adequada será aquela que nos permita formular soluções para nossos problemas!
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 05
Na sociedade moderna, o controle social é exercido por meio do Sistema de Justiça Criminal. Assim, o
Direito Criminal torna-se o instrumento coercitivo do Estado e sua classe dominante, com o intuito de
manter a ordem social e a economia vigente. Nesta aula, vamos discutir o controle social, sua relação
com o crime e sua utilidade para a classe dominante.
As sanções de caráter positivo têm efeito promocional: elas visam recompensar àqueles que cumprem as
normas. Por exemplo, a premiação de um estudante universitário que se destacou com as melhores
notas ou projetos estudantis é uma sanção positiva.
Já as sanções de caráter negativo têm uma finalidade repressiva: impõem conseqüências desagradáveis
para os transgressores das normas. Elas variam desde uma simples reprimenda até o decreto de uma
prisão. É sobre as sanções negativas que vamos discutir neste tópico. Antes de seguir adiante, reflita um
pouco: que tipo de sanções negativas você já conhece?
As sanções negativas se dividem em duas categorias, tendo em vista a finalidade. Há sanções negativas
de cunho preventivo e outras de cunho reparador. A primeira categoria, como o nome já indica, tem a
finalidade de se antecipar à ocorrência de um desvio por descumprimento da norma. Para isso, as
sanções negativas preventivas aplicam restrições ou medidas de controle em prováveis transgressores,
de modo que eles não concretizem suas intenções. Essas intenções têm certa restrição por parte de
juristas que zelam pelo Estado de direito. Quando muito, são aceitas as medidas de fiscalização como
forma de prevenção objetiva.
As sanções negativas reparativas, por sua vez, são aplicadas contra transgressores das normas sociais
que tenham causado danos a terceiros. O objetivo dessa categoria de sanção é restaurar o estado de
normalidade.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 05
O principal mecanismo de poder com a finalidade de exercer o controle social utilizando sanções
negativas reparativas é o sistema prisional. Embora a prisão seja sempre criticada, da perspectiva de sua
ineficácia no controle da criminalidade e na recuperação de sentenciados, ela nunca deixou de existir.
Alguns autores consideram que o controle social não se destina apenas a manter os cidadãos dentro dos
padrões de conformidade, evitando a ruptura da ordem social. O controle social é visto, então, como um
instrumento para o exercício e a manutenção do poder. Você já havia pensado sobre isso?
Para Foucault (1977), a prisão desempenha funções importantes na manutenção do poder e no controle
da sociedade, pois permite segregar aqueles indivíduos ou grupos considerados indesejáveis. Uma prova
de que no Brasil a prisão é apenas um braço do poder está no fato de que as nossas prisões não
cumprem sua finalidade principal, que é re-socializar o delinqüente para que ele emende seu
comportamento e não reincida.
Ao invés disso... Bem, você já sabe como são nossas prisões. Conhecendo nosso sistema prisional, acha
que ele pode ser capaz de cumprir seu papel?
Se abordarmos a questão por outro ângulo, veremos que o controle social também impede que a
sociedade se desenvolva, pois não permite a expressão espontânea de seus componentes. Assim, não
permite a ocorrência de um desvio social, inclusive na forma de crime. Isso parece contraditório? Então
vejamos!
Embora tenha seus efeitos negativos sobre a pessoa da vítima, o crime apresenta aspectos positivos para
a sociedade, de acordo com o pensamento de Durkheim (1990). Segundo esse autor, o crime tem efeitos
benéficos para a sociedade, pois permite o fortalecimento da consciência coletiva: ao reagir
espontameamente à violação da lei, a sociedade assegura a manutenção de seus valores e normas.
Durkheim (1990) também considera que o crime tem um caráter progressista, já que, em alguns casos,
a sociedade precisa mudar as regras e normas existentes para se adaptar a novos padrões de
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 05
comportamento e desvio. Assim, ao impedirmos o desvio pelo controle social, podemos estar negando à
sociedade a introdução de novos padrões de comportamento e, portanto, uma mudança social. Você
concorda com as idéias de Durkheim?
De acordo com Quinney (1980), o direito na sociedade capitalista é fortemente submisso aos interesses
privados da classe dominante. O direito criminal é a base daquilo que chamamos ordem legal.
Quinney (1980) considera que a instituição da ordem legal foi o mecanismo encontrado pela classe
dominante para obter o controle da população, usando os recursos oficiais do Estado em seu favor. A
classe dominante, então, aparelha o Estado com seus representantes, a fim proteger seus interesses.
Assim, juízes, promotores e policiais são nada menos que os representantes legais da classe dominante!
Esses atores sociais agem em nome da classe dominante e impedem a classe dominada de se rebelar
contra a dominação e, potencialmente, chegar ao poder.
Você tem conhecimento de que vivemos em uma sociedade capitalista. Pois bem, em sociedades
capitalistas, a classe dominante é aquela que possui e controla os meios de produção, criando uma elite
no seio da sociedade.
Quinney (1980) define o Estado como um conjunto de instituições particulares que interagem como
partes integrantes. Para Miliband (apud QUINNEY, 1980), o Estado é constituído pelos seguintes
elementos:
o governo;
a administração;
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 05
os militares e a polícia;
o sistema judiciário;
os escalões intermediários do governo.
Entre esses elementos do Estado, você já percebeu que existe um com estreita ligação com a
manutenção da ordem legal: os militares e a polícia! Em outras palavras, você já deve ter percebido que
o pessoal da segurança pública ficou com a parte mais difícil do papel Estado, ou seja, o exercício da
força coercitiva!
Para Refletir
A pretexto de manter a ordem legal, a polícia exerce uma força coercitiva contra as minorias. É sobre
esse tema que vamos refletir no texto “Violências e Dilemas do Controle Social nas Sociedades da
Modernidade Tardia”. Boa leitura!
Nesta aula, discutimos o conceito de controle social e vimos os modos como ele é exercido na sociedade
para a manutenção do controle sobre seus integrantes. Embora o controle social sirva para manter o
equilíbrio coletivo, ele também dificulta a evolução da própria sociedade. Isso porque os desvios, mesmo
que transgressivos, permitem o aperfeiçoamento social por meio de novas regras e a assimilação de
novos padrões de comportamento. O exercício do poder está ligado aos interesses da classe dominante,
que controlam os agentes do Estado.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 06
Nesta aula, iremos conhecer as principais teorias psicológicas sobre a personalidade humana e o seu
funcionamento a partir de cada ponto de vista teórico. Está curioso?
A referência a sistemas psicofísicos significa que a personalidade não é exclusivamente mental, nem
exclusivamente física. Ela funciona em razão da harmonia entre mente e corpo. Para Allport, a
personalidade é quem faz o contato entre nosso mundo interior e o meio; ela é a interface entre nossa
intimidade e o mundo externo.
Gordon Allport (citado por Hall e Lindzey, 1973) considera importante que façamos uma distinção entre
personalidade, temperamento e caráter. Nós usamos muito essas palavras, mas você perceberá que, às
vezes – ou melhor, quase sempre – não as empregamos corretamente. Vamos discutir a diferença entre
esses conceitos?
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 06
O caráter é outro conceito também confundido com a personalidade. Allport considera que o caráter está
ligado a um código de conduta, ou seja, envolve um juízo de valor. O caráter está ligado àqueles
comportamentos que obtemos por meio de nossa educação. Ele sofre influência da cultura, dos processos
educacionais, da educação familiar, da sociabilidade. Os comportamentos são aprendidos, e portanto
podem ser modificados ou desenvolvidos (aprimorados).
Outro conceito importante da teoria de Gordon Allport é o de traço psicológico. O traço é uma
tendência determinante ou uma predisposição de certas respostas para estímulos específicos. Por
exemplo: se, diante de uma situação que causa frustração, uma pessoa reage, invariavelmente, com
agressividade, dizemos que a agressividade é um traço de sua personalidade.Você saberia identificar
alguns traços de sua própria personalidade?
O traço não deve ser confundido com o hábito, pois este último está ligado a um objeto ou classe de
objetos específicos. Assim, quando o indivíduo costuma agir de uma determinada maneira em uma
situação específica, estamos falando de um hábito. O traço lhe permitirá uma atitude mais constante em
quase todas as situações.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 06
Para Watson, o objeto de estudo da Psicologia seria a previsão e o controle do comportamento de todos
os animais, inclusive o ser humano. Assim, a Psicologia deveria ser objetiva e, para isso, seu objeto seria
o comportamento. A fim de conferir à Psicologia uma maior independência como ciência, Watson pregava
a observação do comportamento e negava a participação dos fenômenos psíquicos, rejeitando, portanto,
o conceito de consciência ou mente.
Para Refletir
Com base no que vimos sobre a Teoria Behaviorista, você saberia identificar sua influência positivista?
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 06
Skinner realizou pesquisa com um desses ratos brancos encontrados nas lojas de produtos
veterinários. Ele desenvolveu uma caixa na qual foi possível manipular variáveis e estudar o
comportamento desses animais. A caixa ficou conhecida como “Caixa de Skinner”.
Skinner distinguiu dois tipos de comportamento: o respondente e o operante. Vamos ver agora o
conceito de cada um. Fique atento às definições, pois a diferença, a princípio, parece ser muito sutil!
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 06
(condicionado) pelos pesquisadores (já que a reação de medo original era relacionada ao barulho, não ao
rato), ele foi denominado condicionamento respondente.
negativo.
Você já deve ter percebido que na vida cotidiana temos muitos exemplos da aplicação dessa teoria! Por
exemplo, quando passamos por um radar de controle de velocidade, vulgarmente conhecido como
“pardal”,e recebemos uma multa de trânsito, a nossa tendência é passar a prestar mais atenção no
velocímetro, a fim de evitar futuras multas! Não é? Nesse caso, que tipo de comportamento é observado?
E a multa, pode ser classificada como que tipo de reforço?
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 06
Freud propôs que a mente humana seria constituída de três grandes sistemas: ID, EGO e SUPERGO. De
acordo com a Psicanálise, esses sistemas atuariam independentes, mas harmonicamente – integrando a
personalidade humana. Vejamos cada um deles:
Outros aspectos abordados pela Teoria Psicanalítica são os “Mecanismos de defesa do Ego”, medidas
defensivas destinadas a proteger a pessoa contra os impulsos ou afetos que possam ocasionar conflitos
internos e desadaptação ao meio ambiente. Entre os principais mecanismos utilizados como defesa do
Ego, destacamos:
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 06
Nesta aula, você conheceu três teorias que buscam explicar como funciona a personalidade humana. São
pontos de vista diferentes, mas que nos ajudam a entender diversas situações do cotidiano. Isso inclui
situações que envolvem os fenômenos da violência e da criminalidade! Busque estabelecer relações entre
as teorias que estudamos nesta aula e o campo da Segurança Pública!
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 08
A agressividade e a violência dos crimes deixam as sociedades estarrecidas e levantam as questões: Por
que o indivíduo cometeu esse crime? Terá ele algum problema psíquico? Ou será simplesmente uma
pessoa maldosa?
No meio forense, é comum depararmos com crimes praticados por um tipo específico de transtorno de
personalidade. Esse transtorno não tem alta freqüência na população criminal, mas os crimes praticados
por pessoas com esse transtorno são aqueles de grande repercussão social – estamos falando da
“personalidade anti-social”.
Apesar das diferentes tipologias propostas por diversos autores, todos parecem estar de acordo com a
presença de algumas características típicas em indivíduos como esse transtorno. Essas características
são: impulsividade; falta de sentimento de culpa ou arrependimento; ausência de sentido moral e
desrespeito por normas, regras e obrigações sociais.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 08
A Organização Mundial de Saúde, por sua vez, considera que o Transtorno da Personalidade Anti-
Socialtem como característica principal a disparidade flagrante entre o comportamento de seu portador e
as normas sociais predominantes.
Em 1809, Philippe Pinel, médico pioneiro no tratamento de doentes mentais, afirmou que “existem
manias sem delírio”. O que ele queria dizer com isso é que algumas pessoas podem ser portadoras de
uma doença mental próxima à loucura, mas sem apresentar nenhum prejuízo intelectual. Logo, essas
pessoas são capazes de fazer tudo que as outras pessoas fazem, e não apresentarem as características
típicas da loucura.
Em 1822, Evans Pritchard, antropólogo britânico, relatou a existência de pessoas com uma espécie de
insanidade moral (moral insanity), ou seja, pessoas que podem discernir e raciocinar lucidamente sobre
qualquer tema, porém, não são capazes de se conduzir com decência e decoro.
Em 1917, Emil Kraepelin, psiquiatra alemão, referindo-se a esse tipo de pessoa, cunhou o termo
inferioridades psicopáticas,que depois deu origem ao termo personalidade psicopática,como forma de
designar aqueles pacientes descritos por seus antecessores.
Desde então, a personalidade psicopática passou a ser investigada mais sistematicamente, e suas
características foram reunidas ao longo do tempo. Pessoas portadoras do Transtorno da Personalidade
Anti-Social sofrem de incapacidade de adaptação às normas, associada a uma falta de empatia. Tendem
a ser insensíveis e a desprezar os sentimentos, direitos e sofrimentos alheios.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 08
Em 1950, o psiquiatra estadunidense Hervey Milton Cleckley (1903-1984) estudou vários indivíduos com
esse transtorno e conseguiu reunir as principais características de personalidade ligadas ao problema.
Veja essas características listadas a seguir:
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 08
Já os critérios diagnósticos apresentados pela Organização Mundial de Saúde (1993) na CID-10 são:
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 08
De acordo com a tipologia de Blackburn, psicopatas primários têm convicções mais firmes para efetuar
crimes violentos, enquanto psicopatas secundários estão mais aptos para os roubos. Psicopatas
secundários, entretanto, mostram mais fúria diante da ameaça, tanto física como verbal, e muito mais
ansiedade social, já que apresentam comportamentos evitativos e passivo-agressivos.
Apresentam também indiferença pela verdade e, se são descobertos ou desmascarados, podem continuar
demonstrando total indiferença. Uma de suas maiores habilidades é a facilidade que têm em influenciar
pessoas, podendo adotar um ar de inocência, de vítima, de líder. Tendem a assumir o papel mais
indicado para cada circunstância, por isso, não é indicado ao profissional de segurança pública que facilite
o contato desses indivíduos com a mídia. Eles conseguem enganar os outros com encanto e eloqüência!
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 08
Nesta aula, você aprendeu o que significa o termo psicopata. Vimos que o termo técnico correto para a
“psicopatia” é Transtorno da Personalidade Anti-Social, pois os indivíduos que sofrem desse transtorno
não possuem uma patologia física ou mental diagnosticável. O que apresentam de marcante são certas
características de personalidade que trazem sérios problemas para o convívio social em razão de sua
conduta nociva aos demais. Para os organismos de segurança pública, identificar esse tipo de
personalidade é crucial para um trabalho de investigação e prevenção do crime.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 08
Nesta aula iremos abordar o comportamento desviante e alguns conceitos correlacionados. Você já
conhece as diferentes formas de desviação? Vamos aprender sobre esse tema!
Observe as diferenças existentes entre os modos de vida de pessoas que moram no litoral e aquelas que
moram no interior, e isso dentro de um mesmo país! Por exemplo: é comum, em cidades litorâneas, as
pessoas utilizarem o transporte público em trajes de banho, quando se dirigem à praia. Esse mesmo
comportamento não é observado no interior, mesmo que as pessoas estejam indo para um clube!
Àquelas pessoas que se comportam de acordo com as normas de seu meio ambiente chamamos de
conformantes. Por outro lado,ações e formas de comportamento que não são punidas com sanções
sociais legais mas que se opõem às normas geralmente aceitas são consideradas comportamentos
desviantes.
Um comportamento não é desviante por si só, é preciso que ele seja considerado, em um contexto
específico, como desviante. Assim, esse conceito é relativo e depende dos padrões de costumes, ética,
moral, religião de uma determinada comunidade ou sociedade. Nem todo comportamento desviante é
obrigatoriamente transgressivo!
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 08
desvio dessas pessoas é em prol do bem comum: nesses casos, o comportamento desviante busca o
benefício do próximo, ainda que enfrentando adversidades. Alguns autores consideram que o máximo da
desviação positiva leva à santidade.
Por outro lado, temos outro tipo de desvio de comportamento que é desaprovado pelo grupo ou pela
sociedade por violar normas pré-estabelecidas. Nesse caso, o desvio traz malefícios à comunidade,
podendo colocar em risco a segurança das pessoas. Nesses casos, temos o desvio negativo de
comportamento, em que a desviação máxima chega ao que denominamos crime.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 08
Para Refletir
Você concorda com essas etapas? Acha que é assim mesmo que acontece a consolidação do
comportamento desviante? Conhece alguma história de desviação que exemplifique esse quadro?
Pense: com que medidas os organismos da Segurança Pública poderiam atuar no rompimento desse
ciclo?
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 08
O comportamento desviante é algo existente em todas as sociedades. Por isso, há quem considere que o
desvio é o causador de mudanças sociais. Existem basicamente dois tipos de desvio: aqueles aceitos pela
sociedade e aqueles rejeitados por ela. Esses últimos acabam por gerar comportamentos transgressivos
que a sociedade considera crimes, buscando sua repreensão.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 09
Nesta aula, a doença mental, vista por muitos como um desvio, será examinada sob o ponto de vista da
lei brasileira. Vamos lá?
A medida de segurança é uma sanção penal com finalidade preventiva, ao contrário da pena, que é uma
sanção penal com fim repressivo. A aplicação de medida de segurança encontra fundamento na
comprovação da periculosidade. A periculosidade, por sua vez, é a probalidade de o sujeito vir a praticar
crimes ou reincidir na prática de crimes.
Tanto a medida de segurança quanto a pena pressupõem a prática de ato ilícito; vão contra a pessoa em
reação a uma agressão contra um bem jurídico tutelado. Outro aspecto compartilhado por ambas é que
um de seus objetivos é tirar o delinqüente da rua.
De acordo com a lei de execução penal, a medida de segurança pode ser de internação ou de tratamento
ambulatorial. No primeiro caso, o indivíduo é internado em um Hospital de Custódia e Tratamento
Psiquiátrico, que é uma unidade prisional do próprio sistema penitenciário. No segundo caso, o indivíduo
pode fazer o tratamento em qualquer unidade hospitalar da rede pública, sendo sua freqüência
controlada pelo juízo da execução penal.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 09
No tocante à questão da saúde mental, há divergência entre os textos legais e a literatura especializada.
Nosso Código Penal, em seu artigo 26, escreve, in verbis:
Redução de pena
Como você vê, nosso Código Penal utiliza a terminologia doença mental, ainda que a própria Organização
Mundial de Saúde (2002) e os profissionais de saúde mental já não utilizem essa nomenclatura. Isso
obriga a interpretação da lei por parte de profissionais da saúde mental para que haja harmonia entre os
textos legais e a literatura técnica.
Outro termo utilizado nos textos legais e que também traz certa confusão, pois não há uma definição
clara a seu respeito, é alienação mental. Na prática, o que observamos é que os termos doença mental e
alienação mental têm sido usados como sinônimos (TABORDA et al., 2004).
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 09
Tecnicamente, a alucinação é uma “alteração das representações mentais”, mas o que interessa mesmo
saber é que o indivíduo que sofre com alucinações percebe coisas que nós, a seu lado, não percebemos.
Por exemplo: ele pode ouvir vozes, na forma de sussurros ou comandos; pode também ouvir barulhos
como um toque de sino, uma batida na porta; pode ver imagens que nós não vemos; pode ter sensações
como um bicho andando sobre seu corpo ou movimentos autônomos de partes do corpo. Em alguns
casos, há relatos de indivíduos que sentem cheiros e gostos não percebidos pelos demais.
As idéias delirantes, também identificadas como “delírios” na literatura especializada, são “alterações do
juízo”. O que você precisa saber sobre as idéias delirantes é que elas alteram a maneira como a pessoa
interpreta a realidade. Um exemplo típico é aquele indivíduo que, nos programas de humor, acredita ser
Napoleão Bonaparte. Você se lembra de já ter visto isso em programas humorísticos? Nesse caso, o
indivíduo age como se fosse o personagem.
Cabe aqui um episódio anedótico: certa vez, no sistema penitenciário do Distrito Federal, os funcionários
encontraram um preso que gerava problemas de relacionamento, pois dizia ser um ex-presidente da
república e exigia ser tratado como tal. Era um caso de delírio.
Para atender ao artigo 26 do Código Penal, precisamos recorrer a interpretações feitas por profissionais
de saúde mental. Vamos utilizar, à guisa de exemplo, os Critérios de Avaliação da Condição de Invalidez
do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (IPSEMG), a fim de obter uma idéia
sobre quais são os casos considerados como alienação mental.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 09
Acerca do significado do termo “perturbação da saúde mental”, Araújo (2006) ensina que, nesse caso, “o
indivíduo não é tão sadio para merecer uma sanção tão extrema e nem tão louco para eximir-se da
pena”. Para Taborda et al. (2004), a categoria de perturbação da saúde mental diz respeito aos casos de
neurose e de transtornos de personalidade, pois,nesses casos, não há presença de alucinação nem de
delírios. Assim, os indivíduos que sofrem perturbação da saúde mental percebem adequadamente a
realidade imediata.
Existem dois outros casos que você, como profissional da segurança pública, deve conhecer, já que estão
citados no artigo 26 do Código Penal Brasileiro. A redação do Código Penal, entretanto, não deixa claro
do que se trata!
Esses casos são o “desenvolvimento mental incompleto” e o “desenvolvimento mental retardado”. Ambos
não são considerados como modalidades de doença mental, mas sim como alterações do
desenvolvimento. Essas alterações, porém, trazem repercussões na capacidade de entendimento e
determinação de seus portadores.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 09
Finalmente, há mais um aspecto a que você precisa ficar atento: o Código Penal Brasileiro estabelece
dois critérios para analisar a capacidade da pessoa em responder pelos seus atos. Esses critérios,
incluídos no próprio artigo 26, citado anteriormente, são: o entendimento e a determinação.
A doença mental, vista como desvio, é erroneamente considerada como o principal fator criminógeno.
Porém, estatisticamente, o número de crimes praticados por portadores de algum tipo de patologia
mental é baixo; o que chama atenção é a brutalidade desses crimes. Nesta aula, vimos como o Código
Penal brasileiro lida com a doença mental, a alienação mental e outros estados psíquicos.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 10
Ter muito conhecimento sobre armamento e técnicas de defesa pessoal não lhe será tão útil para lidar
com esse público... O que você precisa é conhecer mais a fundo o problema específico que envolve a
delinqüência juvenil. Esse será nosso objetivo nesta última aula da disciplina!
Você precisa entender que o adolescente em conflito com a lei deve ser compreendido a partir de uma
visão que a psicologia denomina sistêmica, ou seja, esse adolescente faz parte de um conjunto social
mais amplo que podemos denominar de sistema.
A visão de que o indivíduo não pode ser considerado como o único responsável por seu comportamento
enfatiza a importância da contribuição do contexto relacional, ou seja, do conjunto de relações sociais de
que a pessoa participa. Essa perspectiva data de meados da década de 1960, quando o chamado Grupo
de Milão desenvolveu a abordagem sistêmica.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 10
A família pode ser considerada como um sistema aberto, pois há uma circulação de seus membros, que
interagem entre si, e também porque há interação da própria família com sistemas extrafamiliares – no
meio social.
Como um sistema aberto, a família está sujeita a certas propriedades como a globalidade, que faz com
que uma mudança em um dos componentes seja sentida no sistema total. O mecanismo de
retroalimentação(ou feedback)permite a circularidade da informação dentro da família e o
comportamento de um membro afeta e é afetado pelo comportamento de cada um dos demais.
Além disso, a família é um sistema que se autogoverna, utilizando-se de regras que definem aquilo que é
permitido ou não para o grupo. Qualquer desvio além do limite de tolerância provoca a atuação de
mecanismos de controle, de modo a assegurar o equilíbrio.
Desse modo, na perspectiva da visão sistêmica, o membro sintomático (isto é, o elemento da família que
apresenta o comportamento desviante) é um representante circunstancial de alguma disfunção no
sistema familiar maior, ou seja, expressa algo de inadequado que vem do interior da família. De acordo
com essa perspectiva, a delinqüência juvenil pode ser interpretada como uma transgressão às leis
sociais, mas, pela ótica familiar e sistêmica, poderá ter uma conotação de sintoma: trata-se do efeito
sintomático de um desequilíbrio na estrutura familiar.
Para Refletir
Assim é o adolescente em conflito com a lei na visão sistêmica: sintoma de um desequilíbrio familiar
maior. Reflita: essa perspectiva se parece com aquela que predomina no senso comum? Assemelha-se ao
modo como o adolescente em conflito com e lei é percebido nas esferas da segurança pública? Em que
aspectos há semelhança ou diferença em relação à perspectiva com a qual você está acostumado a lidar?
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 10
Em relação ao funcionamento familiar, Ausloos (apud Sudbrack, 1992) considera a existência de dois
tipos de família: a de transação rígida e a de transação caótica.
A família de transação rígida é caracterizada pela rigidez das regras internas, o que impede uma boa
circulação da informação e, conseqüentemente, faz com que haja um tempo estático – isto é, reforça a
convicção de que nada pode ser mudado. Para Ausloos, esse tipo de família produz membros psicóticos.
Você concorda com a definição desses dois tipos de família? Como seria, em termos da transação
informacional, uma família equilibrada, apta a produzir pessoas psicologicamente saudáveis? Pense:
como o conhecimento da perspectiva sistêmica de família pode lhe ser útil em sua atividade na
Segurança Pública?
Sudbrack (1992) distingue a função paterna em quatro dimensões consideradas indispensáveis, levando-
se em consideração o papel desempenhado pelo pai e a relação afetiva com a criança. Vejamos:
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Aula 10
Por meio de seus estudos com famílias apresentando transações delitogênicas, Sudbrack (1992)
observou que a função paterna não era exercida em sua plenitude. Assim, a pesquisadora identificou
“pais sem verdadeira paternidade”, a quem denominou de pais semipresentes. Vejamos agora a
classificação de pais semipresentes proposta por Sudbrack (1992):
Pai desconhecido – Classificação relacionada aos casos de filhos que não tiveram
revelada a verdade sobre sua filiação, ou seja, trata-se dos casos em que a criança
desconhece o pai genitor.
Pai perdido – Refere-se aos casos de filhos aos quais foi totalmente proibido o contato
com o pai em virtude da separação do casal parental, apesar da existência de um período
anterior de convivência, na primeira infância.
Pai excluído – Caso em que a família aparenta ser “normalmente” constituída, com a
presença atual do pai genitor, mas este não assume a contento a paternidade ou não é
reconhecido no papel de pai na família.
http://www.cededica.org.br/downloads/texto_IBCcrim_v2.doc
http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/psicologia/article/viewPDFInterstitial/3291/2635
Para Winnicott (1987), mesmo a criança considerada “normal” está repleta de conflitos: nessa fase do
desenvolvimento humano, a personalidade ainda não está bem integrada, e a criança sente dificuldade
em tolerar e enfrentar suas pulsões.
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Aula 10
Desse modo, para dar continuidade a seu desenvolvimento emocional e tornar-se uma criança livre e
independente, ela tem necessidade de vivenciar o amor e, ao mesmo tempo, experimentar os limites
impostos por seus pais, no sentido de frear suas pulsões de poder destrutivo. Assim, a criança pode obter
segurança e autocontrole. Isso foi o que Winnicott (1987) chamou de quadro de referência. Tendo isso
em vista, Winnicott (1987) apresentou a seguinte indagação:
O que acontece quando a criança, imatura emocionalmente, não adquire o quadro de referência?
A primeira resposta em que você pensou é que a criança nessa condição sente-se livre para fazer aquilo
que bem quiser e lhe for prazeroso, certo? Winnicott não concorda! Vejamos.
Ele considera que a criança, ao perder o quadro de referência de sua vida, se tornará angustiada. Se ela
perceber que ainda há uma esperança, irá buscar um quadro de referência substituto com os parentes
próximos (avós, tios, tias, primos) e amigos da família – se a substituição ocorrer em tempo hábil, a
criança poderá concluir com sucesso sua estabilidade emocional.
Nesse ponto, Winnicott (1987) compara a criança “normal” com a de tendência anti-social, e afirma que
esta última transpõe a família, como se estivesse dando um salto, e busca ajuda diretamente na
sociedade. O comportamento anti-social nada mais é, então, do que um pedido de controle externo, já
que a família falhou em prover um quadro de referência.
Em consonância com Winnicott, Sudbrack (1992) também interpreta o ato anti-social cometido por
adolescentes como uma forma de buscar uma terceira pessoa para que exerça a função simbólica dos
pais.
Figura 10.3 – Capa do Livro Adolescente em Conflito com a Lei – Prevenção e Proteção
Em outras palavras, o que se está afirmando é que muitas das ocorrências policiais envolvendo
adolescentes infratores nada mais são do que um pedido de ajuda desses adolescentes para a sociedade.
E a sociedade, no caso, é representada por você!
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Aula 10
Para Refletir
O que você acha disso? Você já tinha olhado para o problema da delinqüência juvenil sob esse ângulo? O
que a sociedade poderia fazer para atender a esse “pedido de ajuda”?
Bowlby (1995) propõe uma tipologia da privação emocional, de acordo com a natureza das relações
estabelecidas entre a figura materna e a criança. Para ele, os três tipos são: privação emocional por
relações insuficientes, privação emocional por relações distorcidas e privação emocional por relações
descontínuas. Vejamos cada um desses casos:
Privação emocional por relações insuficientes – Como o próprio nome diz, nesse caso o
relacionamento com a figura materna não é o bastante ou é insuficiente. Ainda que haja boa
vontade e esforço, o tempo e a intensidade da presença, atenção e carinho da mãe nunca são
suficientes para suprimir aquilo que realmente é necessário para a criança. A carência econômica
colabora para a privação emocional por relações insuficientes, porque faz com que a mãe passe
mais tempo fora de casa, no trabalho. Como se não bastasse o afastamento temporal, a fadiga e
os aborrecimentos ocorridos no período de labor também podem atrapalhar o relacionamento
figura materna-criança.
Privação emocional por relações distorcidas – Ocorre quando o relacionamento figura
materna-criança apresenta-se contaminado por problemas pessoais da figura materna,
envolvendo suas experiências passadas, angústias e frustrações. Isso impede o amadurecimento
gradual e natural da criança, afetando sua autonomia e a própria formação de sua personalidade.
Os casos mais típicos desse tipo de relação são: rejeição, hostilidade, indulgência excessiva,
controle repressivo e falta de afeto.
Privação emocional por relações descontinuas – É aquela decorrente da interrupção ou da
descontinuidade de uma relação que chegou a existir entre a figura materna e a criança. As
causas para a interrupção da relação são as mais diversas, podendo ser o falecimento da mãe,
uma viagem mais longa, ou outras situações que provoquem o distanciamento definitivo ou
temporário da relação. Assim, a privação emocional por relações descontínuas refere-se ao
rompimento brusco, definitivo ou temporário, na convivência com figuras parentais, o que pode
ocasionar o sentimento de perda.
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Aula 10
Prevenção primária
Exercida por meio de medidas que garantam os direitos fundamentais e as políticas sociais básicas. Se as
causas da delinqüência decorrem de fatores exógenos, a política de prevenção deve basear-se em
medidas capazes de garantir direitos básicos como saúde; liberdade e dignidade; educação; convivência
familiar e comunitária; esporte e lazer; profissionalização e proteção no trabalho. Todos esses direitos
estão garantidos em nossa Constituição!
Reflita: em que aspecto fundamental essa abordagem de prevenção diverge da abordagem psicanalítica
da família como sistema?
Prevenção secundária
Realizada pelos Conselhos Tutelares. Quando se constata que a delinqüência está relacionada à falta de
atendimento das necessidades básicas, é preciso que a prevenção secundária dê preferência aos
programas de apoio, auxílio e orientação ao adolescente e à família. Se o atendimento for de natureza
educativa, com a participação do núcleo familiar e comunitário, as perspectivas de prevenção são
promissoras.
Prevenção terciária
É praticada por meio de medidas sócio-educativas visando readaptar ou educar o adolescente infrator.
Requer alternativas para a privação de liberdade, tais como programas de liberdade assistida, apoio e
acompanhamento temporários, serviços à comunidade etc.
Reflita: em sua experiência como profissional de Segurança Pública, você diria que os adolescentes
infratores que você já conheceu tinham acesso aos direitos básicos previstos na Constituição brasileira?
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Aula 10
Nesta aula, você aprendeu um pouco mais sobre quem são os adolescentes em conflito com a lei. Alguns
costumam chamá-los também de adolescentes infratores. Vimos que, na perspectiva sistêmica, os
adolescentes em conflito com a lei são apenas mais uma peça de uma grande engrenagem que é o
sistema em que estão inseridos. Esse sistema extrapola o núcleo familiar, pois relaciona-se também à
comunidade que está ao seu redor e que, geralmente, sofre as conseqüências imediatas de seu
comportamento anti-social, e a sociedade de um modo mais amplo, por exemplo, na negação do acesso
a direitos sociais básicos. O ponto mais importante desta aula foi informar que, pela visão da terapia
sistêmica, o ato infracional do adolescente é um pedido de socorro!
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Referências
Referências
ALBERGARIA, J. S. Noções de criminologia. Belo Horizonte: Editora Lemi S.A., 1978.
ARAÚJO, C.T.L. Fundamentos Médico-Legais da Perícia em Matéria Criminal. Boletim dos Procuradores da
República. ANPR. Disponível em: <http://www.anpr.org.br/boletim/boletim32/fundamentos.htm>.
Acesso em: 24 de agosto de 2006.
BOWLBY J. Cuidados maternos e saúde mental. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. 14ª ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional,
1990.
FELDMAN, M. P. O comportamento criminoso: uma análise psicológica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
1979.
HALL, CALVIN. S.; LINDZEY, Gardner. Teorias da personalidade. 16ª reimp. São Paulo: EPU, 1973.
MARX, M. H.; HILLIX, W. A. Sistemas e teorias em Psicologia. 3ª edição. São Paulo: Editora Cultrix,
1973.
OLIVEIRA, P. S. Introdução à Sociologia. 24ª ed. 5ª reimp. São Paulo: Ática, 2002.
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Abordagens Sócio-Psicológicas da Violência e do Crime
Referências
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Relatório mundial sobre a violência e saúde. Genebra,
2002.
QUINNEY, R. O controle do crime na sociedade capitalista: uma filosofia crítica da ordem legal. In Taylor,
I.; Walton, P.; Young, J. (orgs.). Criminologia crítica. Rio de Janeiro: Graal, 1980. p.221-247.
SUDBRACK, M. F.O. Da falta do pai à busca da lei: o significado da passagem ao ato delinqüente no
contexto familiar e institucional. Psicologia: teoria e pesquisa, v.8 (Suplemento), p.447-457,1992.
TABORDA, J. G. V.; CHALUB, M.; ABDALLA-FILHO, E. Psiquiatria forense. Porto Alegre: ArtMed. 2004.
WINNICOTT, D. D. Privação e delinqüência. Tradução de Álvaro Cabral. São Paulo: Martins Fontes,
1987.
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Glossário
Glossário
A
Amplitude – Importância, valor, relevância.
C
Capitalismo – Sistema de organização social baseado na propriedade privada, nos meios de produção e
no livre-mercado.
Cariótipo – Conjunto de cromossomos, cujo número e morfologia são característicos de uma espécie ou
de seus gametas.
Comunidade – Grupo sócio-cultural cujos elementos vivam numa dada área sob um governo comum.
Conformista – Indivíduo com atitude ou tendência a aceitar uma situação incômoda ou desfavorável
sem questionamento nem luta.
Constructo – Construção puramente mental, criada a partir de elementos mais simples, para ser parte
de uma teoria.
Cromossomo – Estrutura composta de ADN, normalmente associada à proteína e que contém genes
arranjados em seqüência linear, visível ao microscópio durante a divisão celular.
D
Dano – Mal ou prejuízo de que não se pode recuperar, que não pode ser reparado.
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Glossário
E
Eliciar – Provocar.
Enzima – Cada uma das proteínas produzidas por seres vivos e capazes de catalisar reações químicas
relacionadas com a vida.
F
Fascismo – Regime político adotado por um governo centralizador, prevalecendo os conceitos de Estado
(nação) ou raça sobre os valores individuais.
G
Gene – Unidade fundamental, física e funcional da hereditariedade, constituída pelo segmento de uma
cadeia de DNA responsável por determinar a síntese de uma proteína.
Gueto – Bairro de uma cidade que sofre tratamento discriminatório, onde vivem membros de uma etnia
ou de um grupo minoritário.
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Glossário
I
Impulsividade – Característica que faz com que o indivíduo atue de maneira irrefletida.
Interface – Elemento que proporciona uma ligação entre duas partes que não poderiam ser conectadas
diretamente.
Introjeção – Processo psicológico descrito inicialmente por Ferenczi e que está intimamente ligado ao
mecanismo psicológico de identificação, aproximando-se também do conceito de incorporação. Na
introjeção, há uma assimilação das qualidades de um objeto exterior (por exemplo, as normas sociais)
acomodando-as ao universo psíquico da pessoa.
M
Maternagem – Os cuidados materiais e biológicos com os filhos praticado pela mãe.
Minoritário – Que está em minoria, em condição numérica inferior. Em sociologia, entretanto, nem
sempre ‘minoria’ significa minoria numérica, pois podemos nos referir a grupos minoritários em termos
da falta de acessos.
N
Nazismo – O termo veio da palavra em alemão Nationalsozialismus que significa Socialismo Nacional,
doutrina do movimento e partido liderados por Adolph Hitler.
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Glossário
O
Ontogênese – Desenvolvimento de um indivíduo desde a concepção até a idade adulta.
P
Paternagem – Os cuidados materiais e biológicos com os filhos praticado pelo pai.
Patologia – Doença.
Perpetrador – Aquele que pratica ato moralmente inaceitável (delito, crime etc.).
Postitivismo – Escola filosófica segundo a qual a aquisição de conhecimento do ser humano como ser
social deveria valer-se do método das ciências experimentais (observação, experimentação,
estabelecimento e testes de hipóteses, e criação de uma teoria). O positivismo rejeita a influência das
ideologias religiosas e metafísicas. Assim, para o positivismo a ciência deve ter uma posição neutra e
objetiva para gerar compreensão sobre o mundo.
Pulsão – Processo dinâmico que nasce no Inconsciente e que leva o organismo em direção a um fim,
uma tendência para agir.
R
Racionalização – Mecanismo de defesa pelo qual um indivíduo apresenta uma explicação coerente ou
moralmente aceitável para seus atos, idéias ou sentimentos.
S
Subentendido – Que se entende, mas que não foi expresso.
T
Teoria – Conjunto sistemático de opiniões e idéias sobre um dado tema.
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Glossário
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