Farpatoon... ...por Meca JANEIRO 2010 , Série II, N.

º 1
Web: pcplordelo.blogspot.com

Boletim editado pelo PCP/Lordelo

No muro da escola de Parteira lê-se :“O meu filho não sai daqui”

A Escola EB 2,3 é a sede do

agrupamento escolar de Lordelo

Lordelo visto do espaço... Lordelo na televisão...

Lordelo é obra?
Junto à agência dos CTT Estrada Nacional 209 A Escola EB 1 da Igreja é a úni-
ca a receber refeições confeccio-
nadas fora do estabelecimento

Director: Miguel Correia

A Escola EB1 de Moinhos tem o maior número de alunos no 1.º ciclo
Recordar a nossa terra...
Equipa sénior do Aliados 1966/67. Em cima: Manuel Feio, Neca Castelo, Fernando Santos,
Zé Pedro, Mário João, Barbosa e Lita. Em baixo: Ilídio, Quim, Pedro, Monteiro, Amadeu.
A EDUCAÇÃO EM LORDELO

Conheça por dentro o Agrupamento

Vertical das Escolas de Lordelo, o
trabalho da sua directora e dos pais,
principais responsáveis pela resolu-
ção dos problemas das escolas peran-
te o alheamento do poder político.

“Fazemos tudo para ter uma

Recorde a 1.ª Edição em:
pcp-afarpa.blogspot.com
escola aberta à comunidade”
(Beatriz Castro)
ENVIE AS SUAS SUGESTÕES, CRÍTICAS e REFLEXÕES: Email: pcplordelo@gmail.com /Telm.: 964783409
2 A FARPA / Janeiro 2010 / 2.ª Série / N.º 1
EDITORIAL
Após longa ausência, a Farpa regressa
novamente, indo de encontro aos
anseios dos lordelenses e não só.
Pretendemos com esta publicação
criar um espaço aberto à reflexão, ao
espírito crítico e à participação de
todos quantos o queiram fazer, inde-
pendentemente das suas convicções,
sempre com o mesmo espírito de
abertura que nos caracteriza alicerça-
da na reflexão séria dos problemas
que afectam o nosso povo.
Após o feito histórico da CDU ter elei-
to um deputado para a Assembleia de
Freguesia de Lordelo, servirá esta
publicação como órgão divulgador do
trabalho que ali se efectuará pelo seu
representante. Cientes das responsa-
bilidades que tal tarefa acarreta,
entendemos que é nosso dever expli-
car e divulgar as nossas propostas e
actividades em prol do desenvolvi-
mento da nossa cidade.
Este primeiro número irá incidir sobre
um tema que entendemos ser de
extrema importância para todos: a
educação.
Assim, com as nossas limitações, ten-
taremos dar a conhecer aos lordelen-
ses o actual estado das coisas numa
altura de viragem em que o apareci-
mento dos pólos educativos se apre-
senta como uma nova realidade.
Urge compreender as implicações que
esta realidade acarreta para a vida da
comunidade. Sabemos que o tema é
vasto e não se esgota, daí que sirva
de base para um debate alargado no
futuro por parte de todos os agentes
envolvidos nesta área.
Esperamos que não só este tema mas
todos os problemas com a qual a
comunidade se debate num momen-
to difícil como o actual, este espaço
sirva como prova da intervenção polí-
tica qualificada do PCP e da CDU/
Lordelo, pois o nosso objectivo é ser-
vir abnegadamente a nossa terra.
O PCP/Lordelo
NÃO ÀS PORTAGENS NA A42
A Organização da Cidade de Lordelo do Partido Comunista Português
emitiu um comunicado, no passado dia 24 de Novembro, onde manifes-
tou o seu protesto em relação à pretensão do Governo introduzir porta-
gens nas SCUT´s, em particular na A41 e A42, vias estruturantes para o
desenvolvimento de Lordelo, por razões económicas, sociais e pela ine-
xistência de reais alternativas.
Para o PCP/Lordelo, a região do Vale do Sousa não cumpre nenhum dos
critérios definidos pelo anterior Governo:
- Índice do PIB igual ou superior a 90% da média nacional (a média da
região é de 60%);
- Índice de poder de compra igual ou superior a 75% da média nacional
(o poder de compra regional é de 65%)
- Tempo de percurso das vias alternativas que não ultrapasse uma per-
centagem superior a 130% do tempo de percurso de cada SCUT. (o tem-
po gasto no percurso alternativo é de 300% em relação ao tempo gasto
pelos troços da SCUT´s)
Além disso, os indicadores socioeconómicos actuais só atestam o agra-
vamento profundo da crise económica e social vivida na região, sendo
por isso inaceitável a introdução de mais um custo para os empresários e
cidadãos.
Lembra ainda a luta da população da região que se traduziu, entre outros
actos, na entrega ao Primeiro-ministro de um abaixo-assinado com mais
de 63 mil assinaturas, de uma marcha automóvel com muitas centenas
de viaturas e de um buzinão em muitos pontos do distrito do Porto com
enorme adesão. O último buzinão teve lugar na rotunda dos produtos
Estrela, no passado dia 22 de Dezembro.
O PCP/Lordelo apoia a luta desenvolvida pela população e suas comis-
sões de utentes e estará sempre ao lado das populações e do desenvolvi-
mento da cidade de Lordelo e da região do Vale do Sousa.
(ver mais: pcp.lordelo.blogspot.com ou www.naoasportagensnasscuts.com)
DEPUTADOS COMUNISTAS EM LORDELO
Durante o período de campanha eleitoral, a CDU/Lordelo promoveu
diversas iniciativas, entre as quais, uma conferência sobre o tema das
Cooperativas de Habitação, com a participação de Honório Novo, depu-
tado à Assembleia da República pelo PCP, e Álvaro Pinto, sindicalista e
presidente da Junta de Freguesia de Parada de Todeia, e um lanche/
convívio com Jorge Machado, deputado comunista na Assembleia da
República.
Álvaro Pinto, Miguel Correia e Honório Novo (12 Setembro 2009)
A FARPA / Janeiro 2010/ 2.ª Série / N.º 1
É preciso saber capitalizar o esforço de todos os interve-
nientes na construção de uma escola melhor e mais bem
preparada para enfrentar os exigentes desafios que o
mundo hoje nos impõe. Sabemos de antemão, o quão
difícil se torna angariar meios para suprir todas as
carências com que a escola e não só se debatem. Por
isso mesmo, exige-se maior sacrifício a quem de direito
cabe o poder decisório.
Não podemos dar-nos ao luxo de desperdiçar todo o
esforço e capital humano que a comunidade desenvolve
neste âmbito. O desalento e a descrença nos políticos
devem dar o lugar ao dinamismo e à vontade férrea de
em conjunto trabalharmos num sentido único. Por
vezes, é nas pequenas coisas para uns e grandiosas para
outros, que surgem grande parte dos conflitos.
Quer queiramos, quer não, é normal que quem sente no
terreno as dificuldades quotidianas sejam as Associa-
ções, o corpo docente e toda a comunidade.
Sessão da Assembleia de Freguesia de Lordelo de 26 de Dezembro 2009
Na sua primeira intervenção na Assembleia de Fregue-
sia, Miguel Correia, representante da CDU, colocou oito
questões ao presidente da Junta, Joaquim Mota, a saber:
1 - Quais as diligências que o Executivo da
Junta tomou para evitar a introdução de porta-
gens na A42?
2 - Para quando a requalificação da estátua
Ribeiro da Silva?
3 – Para quando a resolução da falta de esta-
cionamento e passeios na EN209, nomeada-
mente entre o edifício da Batalha e o edifício
Servilor?
4 – É possível que a Junta de Freguesia possa
servir para certificar a situação de desempre-
Miguel Correia
go, impedindo que os lordelenses desempre-
gados tenham, de 15 em 15 dias, se apresentarem na
Junta de Freguesia de Rebordosa?
5 – Para quando a colocação ou recolocação das placas
toponímicas nas ruas de Lordelo?
6 – Porque é que após a realização de cada feira não de
procede imediatamente à limpeza do local?
7 – O que pretende a Junta fazer para resolver a situação
de criação de lençóis de água, sobretudo em período de
mau tempo, em diversos pontos da cidade, como por
exemplo, na ponte da Igreja ou na curva da EN 209 em
frente à Rua José Dias Carneiro?
8 – Existe regulamento do funcionamento do auditório
da Junta?
Nesta intervenção, antes do período da ordem dia, o
eleito da CDU alertou para a circunstância de a sessão
ter começado uma hora de atraso e aludiu também ao
facto de não terem sido cumpridos os quesitos legais
pelos quais este órgão se deve reger, nomeadamente, no
que concerne às normas pelos quais os deputados desta
Assembleia devem ser convocados.
Respondendo à primeira questão, o presidente da Junta
disse ser contra as portagens na A42 e já ter chamado a
atenção aos órgãos competentes. O PCP/Lordelo emitiu
um comunicado sobre o tema, em Novembro passado.
7
Por isso, não convém pensar de antemão que a criação
dos novos pólos irão sanar, por completo, as lacunas
existentes, até porque, o normal nestas situações é o
adiamento daquilo se promete.
Até ao seu aparecimento, ainda
há um longo período de activida-
de que não se pode descurar.
Como tal, não deveremos invocar
constantemente “que agora não
vale a pena” resolver os proble-
mas prementes, desculpando-nos
com a construção destas novas
infra-estruturas.
Se enveredarmos por essa via,
poderemos estar a criar condi-
ções para que, todos aqueles que
na comunidade desenvolvem um trabalho meritório, se
sintam cada vez mais desalentados. FIM
A bancada do PSD apresentou uma moção no mesmo
sentido, aprovada por unanimidade.
Sobre os outros pontos, o presidente disse que tudo está
a fazer para resolver os problemas prometen-
do, por exemplo, a remodelação da EN209.
Relativamente à questão do auditório da Junta,
Joaquim Mota admitiu a inexistência de um
regulamento, mas afirmou que esse espaço
nunca estará disponível para iniciativas políti-
co-partidárias.
O Orçamento para 2010 foi aprovado com os
votos favoráveis das bancadas do PSD e PS e
a abstenção da CDU, que apresentou uma
declaração de voto (ver blog do PCP/Lordelo:
pcplordelo.blogspot.com).
A propósito do relatório de actividades da Junta, Miguel
Correia avançou com a ideia da organização, em Lorde-
lo, de Olimpíadas Internacionais de Desporto, em parce-
rias com cidades estrangeiras, aproveitando os espaços
desportivos existentes, nomeadamente, o Pavilhão Rota
de Móveis.
Foi ainda apresentado, pelo presidente da Câmara Muni-
cipal de Paredes, o Projecto do Parque (2.º fase), sem
antes criticar fortemente um artigo publicado no Jornal
de Notícias, em 19 de Dezembro, que se opunha ao
anunciado mastro com a bandeira de Portugal (pode ler
o artigo no blog do PCP/Lordelo).
Tal como na tomada de posse da Assembleia de Fregue-
sia de Lordelo, no passado dia 30 de Outubro, nesta
sessão ordinária da Assembleia de Freguesia, Celso
Ferreira reafirmou que o milhão de euros previstos não
é só para o mastro, mas também para requalificar a zona
envolvente do Cruzeiro de Meda, em Lordelo.
Assim, e ao contrário do que foi anunciado na Assem-
bleia Municipal de Paredes e nos órgãos de comunica-
ção social, em que supostamente ainda não se sabe o
local para esta obra, Celso Ferreira reafirmou publica-
mente, que a freguesia que vai acolher o mastro de 100
metros com a bandeira portuguesa é Lordelo.
6 A FARPA / Janeiro 2010 / 2.ª Série / N.º 1
Perante esta intransigência, a
Câmara cedeu e concordou que
alguns desses alunos continuas-
sem em Parteira. Prometeu ain-
da, dois professores a tempo
inteiro e um de apoio, mas,
segundo Laurinda Dias, a vice-
presidente da Associação, “tudo
isto não se cumpriu” e lembra
que “pedimos um contentor
Alguns alunos de Parteira estudam na EB1 Vila
para mais uma sala, mas disse-
ram-nos que estão à espera dos pólos educativos”. Este
problema leva a que, na mesma sala, estejam alunos do
2º, 3.º e 4º. anos. “As turmas mistas são sempre compli-
cadas”, desabafa Paula Silva.
Além do problema das poucas salas de aula, os pais
identificam outras lacunas: a falta de rede, que impeça
os alunos de saltarem para fora da escola, o piso degra-
dado do recreio, falta de balneários, para as aulas de
Actividade Física, ou, como lembra Laurinda Dias, “a
fotocopiadora que está avariada, mas ninguém a com-
põe. Não deviam ser os pais a pagar isso!
Vim do Luxemburgo há 20 anos e tudo era
pago pelo Estado, aqui pagamos tudo”!
Os alunos almoçam na cantina do Centro
Sócio-Educativo de Parteira. Mas, esta situa-
ção levanta um problema: o transporte entre
estas duas entidades não é feito nas melho-
res condições, “vão todos amontoados na
carrinha do Centro”, alertam as representan-
tes dos pais.
O Jardim de Infância de Parteira, situado na Paula Silva
Rua dos Combatentes, paredes-meias com o
prédio social, continua a sofrer de alguns problemas de
insegurança e vandalismo, que podem ser resolvidos
com a instalação de uma nova vedação.
Ass. de Pais da Escola/JI de Vila
A Escola EB1 e JI de Vila sofre de alguns problemas de
higiene pública. O mais grave: a existência de ratos!
“Houve desratização há pouco tempo e costuma haver
todos os anos, devido ao campo ao lado que não lim-
pam. Os ratos chegaram a roer algum material, mas não
chegaram a ir para a cozinha!”, adianta Paula Silva, a
presidente da Associação de Pais. Como se isto não
bastasse, há uma mina de água que brota junto ao muro
do lado da Estrada Nacional que “cria muita bicharada”.
O mau estado do pavimento exterior e o espaço exíguo
da cantina são outras duas situações, que preocupam a
Associação de Pais.
A conjugação de esforços entre pais, empresas e Câma-
ra, permitiu fazer melhoramentos no edifício: adapta-
ções para deficientes motores, colocação de estores,
pintura das salas e das paredes exteriores, entre outros.
Paula Silva orgulha-se da sua escola ter sido pioneira na
aquisição do computador Magalhães, mas ainda mais de
todo o trabalho que os pais têm feito. Os pais ajudam na
requalificação da escola (“compramos um frigorífico e
uma fotocopiadora que custou mais de 1300 euros”) e
participam nas diversas actividades escolares (o S. Mar-
tinho, o Natal, a Páscoa ou a festa do Final de Ano).
Os pólos educativos
Todos os entrevistados têm
expectativas positivas em rela-
ção ao aparecimento dos pólos
educativos mas, e usando as
palavras de Paula Silva, da
Escola da Vila, “esperam para
ver”. Contudo, esta nova reali-
dade levanta algumas inquieta-
ções, sobretudo, no que con-
cerne ao problema dos trans-
portes. Para a directora do agrupamento, “os novos
pólos terão melhores condições físicas, mas receio o
problema da deslocalização, dos transportes, terá que
haver grande articulação. Vai ser uma fase de incutir
novas regras”.
José Luís Rodrigues também concorda com a sua imple-
mentação, desde que não sejam esquecidos alguns deta-
lhes: dotação e manutenção de equipamentos, transpor-
tes adequados, e principalmente, estreita comunicação
entre Câmara, docentes e dirigentes associativos, “senão
passamos os vícios actuais para uma casa
nova”.
Estas preocupações são partilhadas por
outros pais. Paula Moreira questiona mesmo
se os pais estão preparados para os pólos
educativos: “é preciso adaptação a novas
regras para que não se criem maus vícios.
Quando apareceram os apartamentos, as pes-
soas punham a roupa a secar, a pingar para o
vizinho (…) parece-me que as pessoas ainda
não estão vocacionadas para os pólos educa-
tivos”.
Também Laurinda Dias, receia o problema do transporte
e o tempo que os alunos vão ter que esperar pelo auto-
carro, pois “é um problema quando chove”, e manifesta
preocupação quanto à localização dos novos pólos:
“eles deviam antes avaliar onde há mais população
infantil e não fazer onde eles querem”!
José António Seabra mostra a sua preocupação relativa-
mente ao destino das actuais Escolas EB1 e Jardins de
Infância, considerando que estes estabelecimentos
deviam ser aproveitados, dando um exemplo: “a escola
de Corregais devia ser aproveitada para fazer um dos
pólos educativos, pois acho que tem condições e terreno
para isso”.
DIALÉCTICA DE ESFORÇOS
O resultado da análise das entrevistas realizadas obriga
a uma reflexão por parte de todos os agentes que lidam,
directa ou indirectamente, numa área tão sensível quan-
to é a Educação.
É de primordial importância estabelecer parcerias e con-
jugação de esforços entre poder político e a comunidade
educativa.
Numa altura em que o país atravessa uma crise profunda
e transversal a todos os sectores, mais se exige um
empenho redobrado na resolução dos problemas.
Sabemos que o esforço desenvolvido na educação não é
por vezes reconhecido no imediato, no entanto, só atra-
vés dele poderemos ambicionar um futuro melhor.
A FARPA / Janeiro 2010/ 2.ª Série / N.º 1
A Educação em Lordelo
O Agrupamento Vertical das Escolas de Lordelo é cons-
tituído pelos seguintes estabelecimentos de ensino:
- EB1/JI de Corregais (R. da Abroeira);
- EB1 de Igreja (R. da Ribeira);
- EB1/JI de Moinhos (R. da Escola);
- JI de Parteira (R. dos Combatentes);
- EB1 de Parteira (R. da Floresta);
- EB1/JI de Soutelo (R. Castro Araújo);
- EB1/JI de Vila (R. da Vila);
- EB 2, 3 de Lordelo (EN209).
Este último estabelecimento passou, este ano
lectivo, a ministrar novamente o ensino
secundário, depois de um interregno de 16 Beatriz Castro
anos. As escolas de Corregais e de Soutelo não têm
associações de pais.
Beatriz Castro, o rosto do agrupamento escolar
No terceiro ano como directora do Agrupamento Verti-
cal das Escolas de Lordelo, Beatriz Castro rompeu com
um tempo onde a “escola era isolada, sem ligação aos
outros estabelecimentos e à comunidade envolvente”
para um tempo de uma escola aberta e inclusiva, capaz
de envolver todos os intervenientes do processo educati-
vo, em especial, os pais.
Para isso, promove reuniões com os pais e com os
representantes dos estabelecimentos escolares do agru-
pamento com o objectivo de envolvê-los no processo
educativo dos seus filhos. Este envolvimento concretiza
-se na participação dos pais nas actividades escolares,
nos colóquios e debates, ou na resolução de casos de
indisciplina ou de baixo rendimento escolar. Esta rela-
ção da escola com os pais foi importante para impor
novas regras para o bom funcionamento do agrupamen-
to, como por exemplo, o impedimento dos alunos e pais
entrarem e saírem a qualquer hora dos estabelecimentos.
“As pessoas acataram as novas regras, agora aplicam-se
regras para resolver problemas, o que dantes não se
fazia”. Dá outro exemplo: “os alunos indisciplinados em
vez de irem para casa de castigo prestam apoio à escola.
Limpam, ajudam na cantina, fazem trabalhos de jardina-
gem, etc.”. Mas, como afirma esta responsável escolar,
“não há uma receita, temos que envolver os pais”.
Além dos pais, o agrupamento estabelece relações com
diversas instituições. A ADIL recebe postais de Natal
oferecidos pelos alunos e bens alimentares recolhidos
pela escola. A Lord
usufrui do espaço da A zona da entrada da Escola EB 2,3 preocupa a directora
escola para ministrar
cursos sem qualquer
contrapartida financei-
ra. A GNR tenta resol-
ver os problemas de
insegurança: “levam em
determinadas situações
os alunos a casa, fazem
a ronda ao fim-de-
semana na EB 2,3, até
lhes cedemos a chave
da escola para isso”.
3
“Também disponibilizámos o polivalente para os janta-
res dos Expansivos, do Aliados, dos Escuteiros, do Car-
naval, do BTT 24 horas, etc. Há uma boa relação com as
entidades”, afiança Beatriz Castro.
A par destas mudanças, a directora do agru-
pamento encetou uma série de requalificações
do espaço da Escola EB 2,3 com a preciosa
ajuda de algumas empresas, da Junta de Fre-
guesia, da Câmara Municipal, mas sobretudo
dos pais, professores e alunos.
“Pedimos às empresas os materiais. Os pro-
fessores e os alunos pintaram e arranjaram as
salas de aula e as casas de banho, os pais pin-
taram e colocaram cortinas e deram mobiliário e outros
materiais. Tínhamos uma escola decadente, agora não!”,
confessa.
A Secretaria e a nova Biblioteca Escolar são dois espa-
ços dignos de visita.
Apesar de todas estas melhorias, Beatriz Castro reco-
nhece que ainda há muita coisa a fazer.
“Encomendamos aquecedores, queremos ter um por
cada sala. Precisamos de cacifos novos para os balneá-
rios (…) É preciso arranjar uma sala de reuniões para
Associação de Estudantes, deve ser criada porque ainda
não há.”
Mas pensa resolver algumas lacunas, recorrendo ao
orçamento privativo da Escola EB2,3, só possível pela
angariação de dinheiro através de algumas actividades
escolares, para além do obtido pelo aluguer do ginásio,
cujo dinheiro passou a reverter para a Escola e não para
um funcionário, como acontecia antes.
Outro problema que preocupa a directora é a entrada da
Escola EB 2,3: “é um perigo, não há passadeiras, os
alunos saem a correr, quando chove é um pandemónio.
Acho que isto é sobretudo uma questão política que
urge ser resolvida. Já falei à Junta de Freguesia e à
Câmara sobre esta questão, mas nunca deram um prazo
para uma nova entrada.”
Em relação aos outros estabelecimentos do agrupamen-
to, esta professora lembra que “faltam cobertos em qua-
se todas os estabelecimentos, é preciso colocar alarmes
nas Escolas” para combater os assaltos frequentes, como
acontece na Escola de Corregais.
Para solucionar todos estes problemas não se tem inibi-
do de pedir ajuda. “Sempre que eu peço, a Câmara aju-
da, mas deviam ajudar
mais, para os pais não
terem que dispor do
seu dinheiro. A Câma-
ra não quer investir
muito por causa dos
novos pólos escola-
res.” Também por par-
te da Junta de Fregue-
sia “notou que não
querem investir muito,
mas para pequenas
coisas há muita pronti-
dão”.
4 A FARPA / Janeiro 2010 / 2.ª Série / N.º 1
INQUIETAÇÕES E ACTIVIDADES DOS PAIS
Ass. de Pais da Escola EB 2, 3
José António Seabra, no quarto mandato
como presidente da Associação de Pais da
Escola EB 2, 3 e Secundário, e com larga
experiência como representante dos pais, foi
um dos que mais lutou para que fossem cria-
das associações de pais nas escolas do agru-
pamento.
Relativamente à “sua” escola, sente-se orgu-
lhoso de ter alcançado o número recorde de
sócios, cerca de 120 pais num universo de José António Seabra
cerca de 700, que pagam uma quota anual.
Esta contribuição serve, entre outras coisas, para adqui-
rir equipamento para Escola, como por exemplo, a tele-
visão ou o aquário que compraram no ano passado.
Mas, lamenta: “muitas vezes sinto-me só e às vezes
tenho que recorrer a pessoas de fora para me ajudar”.
Por isso alerta: “é preciso que os pais participem mais,
pois preocupam-se mais quando acontece algo ao seu
filho e menos quando ele faz algo de errado na escola”.
Dá o exemplo da alimentação e da tendência para os
alunos se queixarem da comida. Apesar de reconhecer
que há barulho a mais na cantina, a qualida-
de das refeições está assegurada, pois alguns
pais, de vez em quando, de surpresa, almo-
çam na escola e concluem que “a comida é
razoável e a escola dispõe de tudo a nível de
alimentação e muito mais barato que lá fora.
Era interessante haver mais pais interessados
em almoçar na cantina”. Este dirigente asso-
ciativo admite que os pais estão atentos a
esta situação, mas “caem no mesmo erro e
dão autorização para os filhos saírem. Uns José Luís Rodrigues insuficiente para aguentar todos os equipa-
vão almoçar a casas mas outros não… Vejo-os a comer
bolos e outras coisas do género à porta do Mini-Preço.
Eles deviam ser educados em casa”.
Uma das obras que ainda deseja realizar, é a construção
de uma cobertura no portão da Escola. “Antes do Celso
Ferreira se candidatar pela primeira vez à Câmara em
2005, queríamos fazer um coberto para a entrada finan-
ciado pelo Mini-Preço. O Celso ficou a saber e disse-me
para nós não avançar com isso, prometeu fazer altera-
ções na EN 209 em frente à Escola e uma nova entrada.
Mas ainda nada se fez”. Seabra confessa-se arrependido
de ter acreditado no actual presidente da Câmara.
A FARPA / Janeiro 2010/ 2.ª Série / N.º 1
Para este pai, há uma relação muito estreita entre a A vedação em mau estado e um terreno por limpar, jun-
Associações de Pais e o Agrupamento que se manifesta, to ao recinto escolar, são situações que também têm
por exemplo, na participação dos pais em preocupado os pais, que já solicitaram, atra-
diversas actividades: colóquios, construção vés da Associação, o apoio da Câmara e
do Carro de Carnaval – “só damos a mão-de- aguardam mais desenvolvimentos.
obra, o tema é da responsabilidade da Esco- Consciente que a Câmara Municipal não vai
la” –, ou na intervenção nos casos de indisci- fazer obras de fundo por causa dos pólos
plina. E vai mais longe, ao dizer que “com educativos, considera que “até lá as crianças
esta directora (Beatriz Castro) as coisas continuam a ter aulas e devem ter condições
melhoraram muito e até tem havido relações minimamente aceitáveis”.
com as outras Associação de Pais”, pois há Os pais compraram vários equipamentos e
pelo menos uma reunião com todas as asso- suportam a manutenção dos mesmos e dos
ciações, em que cada uma possa expor as restantes que já existiam, ao ponto de José Paula Moreira
suas inquietações. Luís Rodrigues confessar que “em dois
anos gastamos mais de 5 mil euros”. A Associação tem
Ass. de Pais da Escola EB1 da Igreja uma conta aberta na Casa Stop para poder responder às
Apesar da Escola EB1 da Igreja ser o estabelecimento solicitações dos professores, pois “quando os professo-
mais recente do parque escolar de Lordelo, tem lacunas res não têm para onde se virar, viram-se para a Associa-
estruturais que a Associação de Pais procura colmatar. ção”.
Uma delas é a falta de cantina. É por isso, que esta esco- No ano lectivo passado, entre as várias actividades pro-
la do 1.º Ciclo, é a única de Lordelo que recebe as refei- movidas pela Associação, destaca-se a ida ao Rivoli, no
ções confeccionadas por uma empresa privada, a qual Porto, assistir à peça de teatro “Alice no País das Mara-
entrega as refeições em doses individuais às 10h da vilhas” de Filipe La Féria. A Associação financiou o
manhã para ser servida às 12h. Esta situação já levou transporte, os pais os bilhetes. Outra actividade relevan-
alguns pais a queixarem-se. te, foi a Festa de Final de Ano Lectivo, reali-
As refeições para os 57 alunos que almoçam zada no auditório da Fundação “A Lord”,
na Escola são servidas num espaço que mais que resultou na realização de um filme em
não é do que um contentor, que além do DVD. Também esta actividade contou uni-
refeitório, tem algum equipamento adquirido camente com os pais, nem sequer o espaço
pela Associação de Pais. Para José Luís foi gratuito: “Tivemos que pagar 250 euros
Rodrigues, o presidente da Associação, “este mais IVA à Lord, o que é injusto para uma
contentor veio resolver um problema mas instituição sem fins lucrativos”, critica. Para
trouxe outros”, como por exemplo, o facto este dirigente associativo, devia haver mais
da potência instalada no quadro eléctrico ser articulação entre Câmara, Agrupamento e
Associações, para que se resolvessem pro- Paula Silva
mentos, pois “a escola foi dimensionada para uma coisa blemas, em simultâneo, que muitas vezes,
e agora é outra”. Este contentor, que serve de cantina são comuns nas várias escolas do agrupa-
provisória, não tem ligação coberta com o edifício da mento.
Escola, nem o recreio tem qualquer tipo de cobertura.
Foi, por isso, que teve duas reuniões com o Vereador Ass. de Pais da Escola EB1/JI de Moinhos
Pedro Mendes, a 1ª em Setembro 2008, a 2ª em Novem- Paula Moreira, a presidente da Associação
bro 2009, sobre esta e outras questões. “Nós propuse- de Pais da EB1/JI de Moinhos orgulha-se de
mos fazer o coberto e a Câmara só arranjava os mate- pertencer a “um grupo de pessoas amigas”
riais, o Sr. Vereador aceitou e prometeu arranjar os em que “cada um faz aquilo em que se sente
materiais. Até hoje”, informa. à vontade. Tomamos decisões por maioria,
Também a caldeira, que está há mais de um ano a fun- quem não concorda assume a decisão do Laurinda Dias
cionar a 20 ou 25%, não aquece minimamente as salas. grupo e respeita aquilo que foi acordado”.
5
Esta amizade aliada à democracia interna, permitiu esta-
belecer uma boa relação com pais e professores. Esta
relação é importante para a solução dos pro-
blemas que afectam a Escola.
Alguns deles já resolvidos, como são os
casos da sala de prolongamento ou das casas
de banho, que não tinham condições condig-
nas, ou os casos da criação da Biblioteca e
da construção de um coberto.
Mas, subsiste um grande problema: o parque
de recreio sem condições que “fica enlamea-
do quando chove”. Este problema já foi
exposto à Câmara Municipal de Paredes,
“mas a resposta é sempre a mesma: para quê
investir se vamos fazer os pólos educativos?”, lamenta.
Para alcançar os seus objectivos, a Associação nunca se
inibiu de pedir ajuda. “Somos conhecidos como os
pedintes”, diz Paula Moreira, em tom de brincadeira,
“pedimos materiais, tintas, móveis, a várias empresas e
à Câmara e com a ajuda dos pais conseguimos resolver
todos os pequenos problemas”.
Além disso, promovem diversas actividades ao longo do
ano, onde angariam fundos, que lhes permitiu adquirir
diversos equipamentos: televisão, leitor de DVD, apare-
lho de som para a Biblioteca e uma fotoco-
piadora. A manutenção e reparação da foto-
copiadora são da responsabilidade dos pais.
Ass. de Pais Escola EB1 de Parteira
Depois de ter estado inactiva durante algum
tempo, a Associação de Pais da Escola EB1
de Parteira está recuperar a sua actividade.
“Ainda estamos a formar a Associação”,
confessa Paula Silva, a presidente.
Para esta mãe, os principais problemas da
Escola EB1 prendem-se com as condições
físicas do estabelecimento. A falta de salas
de aula não permitiu, que no ano lectivo
anterior, os alunos que terminaram o último
ano do Jardim de Infância de Parteira,
pudessem ser todos colocados na Escola
EB1.
Alguns alunos teriam que ser colocados na
Escola da Vila!
Esta situação gerou protestos por parte de
alguns pais, que reivindicaram a permanên-
cia dos seus filhos em Parteira.

População pré-escolar, de acordo com a faixa etária População escolar do 1.ª ciclo do ensino básico População escolar /percursos qualificantes População escolar no ensino básico (2º e 3º
Estabelecimento Turmas 3 anos 4 anos 5 anos Total Estabelecimento Turmas 1.º ano 2.º ano 3.º ano 4.º ano Total Tipo de Curso Tur- Alunos ciclos) e ensino secundário.
EB1 Corregais 4 21 20 20 22 83 mas Ano/Nível de ensino Turmas Alunos
JI de Corregais 2 9 22 14 45
Curso Educação e 2 39
JI de Moinhos 2 18 20 12 50 EB1 Igreja 4 22 20 20 22 84 Formação (CEF) 5.º ano (2.º ciclo) 6 144
EB1 Moinhos 5 29 39 22 23 113 Curso Profissional 1 17 6.º ano (2.º ciclo) 5 115
JI de Parteira 2 19 19 22 60
7.º ano (3.º ciclo) 5 135
JI de Soutelo 2 12 24 14 50 EB1 Parteira 3 25 13 22 5 65 População escolar - formação de adultos 8.º ano (3.º ciclo) 4 102
JI de Vila 2 14 11 13 38 EB1 Soutelo 4 18 36 24 28 106 Tipo de Curso Turmas Alunos 9.º ano (3.º ciclo) 5 118
Educação e Forma- 3 47 10.º ano (Secundário) 2 49
Totais 11 72 96 75 243 EB1 Vila 6 20 21 22 44 107
ção de adultos
Totais 26 135 149 130 144 558 Alfabetização 1 21 Totais 27 663
Fonte: Projecto Educativo do Agrupamento (PEA) - 2009/2013