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2017
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Governador do Distrito Federal
Rodrigo Rollemberg
Elaboração
Profª. M.a. Eny da Luz Lacerda Oliveira
Profª. M.a. Maria Leoneide Rodrigues de Almeida
Profª. Mércia Aparecida de Souza
Profª. Sônia Maria Soares dos Reis
Colaboração
Coordenações Regionais de Ensino
Diretoria de Educação Infantil
Diretoria de Ensino Fundamental
Diretoria do Ensino Médio
Diretoria de Programas Institucionais, Educação Física e Desporto Escolar
Professores e Coordenadores Intermediários e Locais
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SUMÁRIO
Apresentação
Considerações Finais
Referências
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APRESENTAÇÃO
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Integral (EMTI) como limite mínimo de carga horária constituinte da Matriz Curricular.
Nessa direção, a Secretaria de Estado de Educação apresenta, como produto de um
trabalho coletivo, as Diretrizes Pedagógicas e Operacionais para a Educação em Tempo
Integral nas Unidades Escolares de Educação Infantil e dos Ensinos Fundamental e Médio
da Rede Pública de Ensino do Distrito Federal. Não obstante, sinaliza que a política de
Educação Integral está permanentemente em construção e espera-se que gestores,
professores, estudantes e toda a comunidade escolar tomem-na como um caminho e uma
referência para desenvolvimento da política pública de Educação em Tempo Integral.
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educativas. A ideia é a ampliação dos tempos escolares, possibilitando às crianças, aos
adolescentes e aos jovens envolver-se em atividades educativas, artísticas, culturais,
esportivas e de lazer, com vistas à redução da evasão, da reprovação e da defasagem idade-
ano, ou seja, de estudantes fora do fluxo da etapa própria para a sua idade; também, com
vistas à promoção de uma prática pedagógica que otimize a formação integral e integrada
do estudante, tanto nos aspectos cognitivos quanto nos aspectos socioemocionais,
observando os quatro pilares da educação para o Século XXI: aprender a conhecer,
aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser.
Acrescentam-se, a este suporte legal, ações do MEC por meio do Programa Novo
Mais Educação, as quais buscam induzir a Educação Integral em Tempo Integral em todos
os estados e municípios, oferecendo assistência técnica, recursos pedagógicos e humanos e
o incremento de verbas destinadas especificamente para a Educação Integral em todo o
território nacional, por intermédio do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) e do
Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). E em 2017, para o Ensino Médio, a ação se
dá por meio do Programa de Fomento à Implementação de Escolas do Ensino Médio em
tempo integral que visa, com a ampliação da jornada escolar, à formação integral e
integrada do estudante, considerando que a parte flexível da Matriz Curricular propõe sua
formação ampliada, com possibilidade de iniciação de um itinerário formativo.
Nesse contexto, para todas as etapas da Educação Básica – Educação Infantil,
Ensino Fundamental e Ensino Médio – cabe considerar que esta Secretaria tem como meta
importante a implantação de uma Educação em Tempo Integral que compreenda, também,
a ampliação de tempos e espaços, sobretudo, com oportunidades educacionais por meio da
realização de atividades que possam favorecer as aprendizagens dos estudantes, bem como
desenvolver as competências inerentes ao desenvolvimento da cidadania (PORTARIA Nº
01 DE 27 DE NOVEMBRO, 2009, DISTRITO FEDERAL). Ademais, busca-se
concretizar como ação educativa transformadora de realidades e contextos, que envolva
todos os atores da educação, quais sejam, estudantes, pais, professores, demais membros
da equipe pedagógica e comunidade em geral, formando cidadãos autônomos, com
domínios das competências pedagógicas modernas, criativos, críticos, participativos, éticos
e preenchidos de valores humanísticos, condizentes com os princípios da alteridade e da
solidariedade para vivência plena em sociedade.
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Assim, ao construir as Diretrizes pedagógicas para as Unidades Escolares de
Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio em Tempo Integral, busca-se não
apenas preencher espaços e tempos ociosos dos estudantes, mas reforçar a intencionalidade
educativa da Unidade Escolar, que proporcionará, por meio de ações pedagógicas efetivas,
um espaço convidativo a seu público.
Nessa direção, conforme a Portaria supramencionada, as diretrizes norteadoras
para a implementação de política de educação integral no Distrito Federal esclarece que
em uma escola de tempo integral e não em uma escola dividida em turnos, todas
as atividades são entendidas como educativas e curriculares. Diferentes
atividades – esportivas e de lazer, culturais, artísticas, de educomunicação, de
educação ambiental, de inclusão digital, entre outras – não são consideradas
extra-curriculares ou extra-classes, pois fazem parte de um projeto curricular
transversal que oferece oportunidades para aprendizagens significativas e
prazerosas (p. 21).
Vemos, assim, a Unidade Escolar cumprindo uma das suas funções sociais, que é
a de conduzir esse processo de interação do capital cultural dos estudantes com o capital
social adquirido. A educação, aqui, é entendida como mediação no seio da prática social
global. É o ponto de partida e de chegada da prática educativa.
Por fim, participam do atendimento da Educação em Tempo Integral, estudantes
matriculados na Educação Infantil, no Ensino Fundamental, considerando-se como público
alvo para atendimento, prioritariamente, os estudantes que estão em situação de
vulnerabilidade social, em defasagem idade/ano, com dificuldades de aprendizagem e que
possuem histórico de evasão e repetência escolar. E, mais recentemente, após a edição da
Lei 13.415, que instituiu a política de fomento à implementação de escolas de Ensino
Médio na Educação Integral, o atendimento a este estudante deve considerar a formação
integral do adolescente, de maneira a adotar um trabalho voltado para a construção de seu
projeto de vida e para a sua formação, nos aspectos físico, cognitivo e socioemocional.
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tempo de permanência dos (as) alunos (as) na escola, ou sob sua
responsabilidade, passe a ser igual ou superior a 7 (sete) horas diárias durante
todo o ano letivo, com a ampliação progressiva da jornada de professores em
uma única escola.
A Lei Orgânica do Distrito Federal (LODF), em seu artigo 221, diz que:
Art.221 A Educação, direito de todos, dever do Estado e da família, nos
termos da Constituição Federal, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, fundada nos ideais democráticos de liberdade,
igualdade, respeito aos direitos humanos e valorização da vida, e terá por
fim a formação integral da pessoa humana, sua preparação para o
exercício consciente da cidadania e sua qualificação para o trabalho. [...]
Para tanto, é salutar que a educação em tempo integral seja uma das formas de
desenvolvermos a educação brasileira com qualidade para todos. Sabemos que esta é uma
iniciativa que possui respaldo em outros países como Japão, Estados Unidos e Canadá.
Hoje, a educação em tempo integral retorna à cena educacional de tal maneira, que vários
estudiosos do assunto projetam que a educação em turno único use a práxis como aliada
para se obter êxito nessa proposta.
Como fomento à Educação em Tempo Integral, o Ministério de Educação (MEC),
instituiu pela Portaria Interministerial nº 17/2007, regulamentada pelo Decreto 7.083/2010,
um programa federal que integra as ações do Plano de Desenvolvimento da Educação
(PDE) como uma estratégia do Governo Federal para induzir a ampliação da jornada
escolar e a organização curricular, na perspectiva da Educação Integral. A adesão ao
programa vem acontecendo no DF desde 2008. Em 2016, a Portaria/MEC nº - 1.144, de 10
de outubro de 2016 instituiu o Programa Novo Mais Educação, que visa melhorar a
aprendizagem em língua portuguesa e matemática no ensino fundamental, por meio da
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ampliação da jornada escolar de crianças e adolescentes, mediante a complementação da
carga horária de quinze horas semanais no turno e contraturno escolar.
Nessa mesma direção, o Programa de Fomento à Implementação de Escolas do
Ensino Médio em Tempo Integral, instituído pela Portaria Nº 727 de 13 de junho de 2017,
publicada pelo Ministério da Educação, em consonância com a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação, LDBEN 9.394/96, alterada pela Lei 13.415, de 16 de fevereiro de 2017, do
Governo Federal, também visa, por meio da ampliação da jornada escolar, à formação
integral, em tempo integral, e integrada do estudante. E a proposta pedagógica das
Unidades Escolares de ensino médio em tempo integral terá como pilar a Base Nacional
Comum Curricular e a nova estrutura do Ensino Médio, conforme preceitua o parágrafo
único do Artigo 1º da referida Portaria.
Com a implementação dos Programas, a Secretaria de Estado de Educação do
Distrito Federal - SEEDF - visa atender às metas e aos objetivos de seu Planejamento
Estratégico 2015-2018, que define, como garantia em seu objetivo 02, estratégia 01, a
“melhoria da qualidade da educação na rede pública de ensino”, ampliando a oferta de
educação em tempo integral, objetivando a execução das metas do Plano Distrital de
Educação, Lei 5.499 de 2015 que, em harmonia com o Plano Nacional de Educação,
estipula, entre outras, as seguintes metas:
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Com efeito, ressalta-se a importância deste PDE, que pode ser considerado, hoje,
elemento central da Unidade Escolar: construir uma agenda de educação integral,
articulando políticas públicas, equipamentos públicos, comunidade, família e atores sociais
que contribuam para a diversidade e riqueza de vivências. Nesta nova configuração, as
possibilidades educativas extrapolam os muros da escola, alcançando espaços e contextos
com múltiplas possibilidades educativas. (LOMONACO e SILVA, 2013)
Neste caminho, para a implementação e sucesso da Educação em Tempo Integral
nas Unidades Escolares da Rede Pública de Ensino do Distrito Federal, alguns objetivos
devem ser traçados.
1.3 Objetivos
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Planejar e promover ações que favoreçam as aprendizagens dos estudantes com
defasagem idade/ano;
Fortalecer as estratégias de ensino por meio de um trabalho articulado,
intersetorial e interdisciplinar com o objetivo de reduzir a evasão e reprovação
escolar;
Ampliar o acesso a atividades artísticas, literárias, de línguas estrangeiras,
desportivas, tecnológicas, de saúde e cidadania, considerando as múltiplas
dimensões e necessidades educativas;
Estimular e promover o protagonismo juvenil, com vistas a desenvolver o
sentimento de responsabilidade do estudante para com a sua própria trajetória de
vida;
Possibilitar, com maior frequência, o acesso dos estudantes às referências
culturais, estéticas, políticas e éticas que contribuam para integrar a organização
curricular das Unidades Escolares ao Programa de Fomento à Implantação de
Escolas em Tempo Integral;
Estimular o vínculo do estudante e da comunidade, considerando as suas
necessidades de desenvolvimento de habilidades procedimentais e
socioemocionais por meio de vivências teórico-práticas de atividades culturais,
técnico-científicas, artísticas e esportivas;
Contribuir para a formação integral dos estudantes por meio de atividades
pedagógicas que valorizem a integralidade humana, que o preparem para o
mundo do trabalho, para o prosseguimento e níveis de estudos posteriores, com
base em valores como respeito às diferenças, ética, companheirismo,
fraternidade, justiça, sustentabilidade, perseverança, responsabilidade, dentre
outros, que constituem alicerces da vida em sociedade e do bem estar social;
Oferecer educação com qualidades humanística, democrática e inclusiva;
Valorizar a educação pública resgatando o respeito e o reconhecimento da
Unidade Escolar como espaço social privilegiado de construção de
conhecimentos e significados éticos, necessários ao indivíduo para sua
participação ativa na sociedade contemporânea.
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2. ORGANIZAÇÃO DOS TEMPOS E ESPAÇOS NAS ETAPAS E
MODALIDADES
Com a garantia das estruturas básicas ‒ material e humana ‒ será possível pensar
rotinas diárias que atendam às demandas e respeitem as especificidades de cada
etapa/modalidade de ensino e de cada Unidade Escolar. Essas rotinas devem constar no
Projeto Político Pedagógico da Unidade de Ensino, observando que as atividades
complementares deverão ser planejadas de acordo com as peculiaridades locais e/ou
regionais. A organização do trabalho pedagógico precisa ter como núcleo a organização
dos tempos, dos ambientes e dos materiais, sendo que estes, quando integrados,
possibilitam uma rotina condizente com os interesses e as necessidades do estudante.
Essa rotina não pode configurar-se como uma camisa de força; deve ser adequada
às necessidades dos estudantes e não o inverso. A estabilidade que a rotina oferece não
pode significar a repetição, o automatismo, o fazer sempre igual. Neste sentido, a rotina
escolar não pode caracterizar-se como ruptura no processo de desenvolvimento.
A grade horária de cada Unidade Escolar deverá ser definida em acordo com a
comunidade escolar, e esta será explicitada em sua Proposta Pedagógica de modo que as
atividades complementares planejadas possam atender às peculiaridades locais/regionais.
Sua composição deverá, também, respeitar a Base Nacional Comum 1, adequando-se à
perspectiva do tempo contínuo de ensino-aprendizagem, inserindo de 3 a 5 horas diárias de
jornada ampliada.
Visando garantir o sucesso e a participação ativa no acompanhamento das
atividades, faz-se necessário o envolvimento da equipe de coordenação pedagógica local
atuando como articuladora entre as atividades da Base Nacional Comum e da Parte
Flexível, evitando que seja suscitada a existência de dois turnos distintos na Unidade
Escolar. Este coordenador pedagógico, por sua vez, será encarregado de subsidiar todo
trabalho escolar, inclusive do voluntariado e dos executores de oficinas e projetos,
realizando coordenações pedagógicas periódicas a fim de dar suporte à implementação de
atividades complementares que dialoguem com as atividades da Base Nacional Comum.
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A Base Nacional Comum e a parte diversificada do Currículo do Ensino Fundamental e Médio
constituem um todo integrado e não podem ser considerado como dois blocos distintos, conforme dispõe
o Art. 10, da Resolução CNE/CEB nº 7, de 14 de dezembro de 2010.
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Todos os sujeitos envolvidos no processo são responsáveis pelos estudantes em
todos os momentos do dia; especialmente em horários de refeição, por exemplo, é preciso
o envolvimento de outros profissionais, sejam estes professores, funcionários da cozinha,
auxiliares de educação, coordenadores pedagógicos, gestores, outros. Assim, cada Unidade
Escolar deverá fazer sua escala de atendimento ao estudante, de forma que todos tenham
diariamente acesso à maior quantidade possível de oportunidades educacionais em diversos
espaços/ambientes.
Parcerias podem ser articuladas com vistas à ressignificação dos espaços
educacionais, seja no ambiente escolar ou não. Independente do que tenha sido acordado
entre os parceiros, é importante que ambos se conheçam e desenvolvam um
relacionamento de médio e longo prazo.
Para o sucesso de uma parceria, faz-se necessário definir algumas questões:
até onde vão as responsabilidades de cada parte?
como trabalhar em conjunto sem perder o foco e a identidade?
como garantir benefício e aprendizado a ambas as partes?
que impacto deve ser esperado num projeto em parceria/aliança?
que termos devem reger as parcerias/alianças?
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e práticas cotidianas as quais as crianças vivenciam e constroem sua identidade pessoal e
coletiva, brincando, imaginando, fantasiando, desejando, aprendendo, observando,
experimentando, narrando, questionando e construindo sentidos sobre a natureza e a
sociedade, ou seja, produzindo cultura.
A organização dos tempos escolares de cada Unidade Escolar deve levar em
consideração a realidade, a localização e a estrutura de cada instituição, além de atender às
necessidades de estudantes, professores e comunidade. Assim:
É importante salientar que a organização das rotinas pedagógicas não deve estar
subordinada a uma sequenciação hierarquizada que espelhe apenas a lógica e a
organização do adulto, mas que adapte e respeite os diferentes ritmos das
crianças, assim como o ritmo único da instituição.
Por vezes, as crianças querem ou propõem outros elementos que transgridam as
formalidades da rotina, das jornadas integrais ou parciais, dos momentos
instituídos pelos profissionais, seja no sono, alimentação, higiene, “hora da
atividade”, brincadeiras, entre outros. A partir da observação, é possível detectar
como as crianças vivem o cotidiano da instituição. Esses sinais das crianças
ajudam a apontar possibilidades que não se limitam às rotinas mecanizadas e
fornecem subsídios para trazer à tona a surpresa, o inusitado, a novidade, ou
seja, o viés flexível inerente às rotinas pedagógicas.
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familiar e social, o meio ambiente, a cultura, as linguagens, o trabalho, o lazer, a
ciência e a tecnologia;
Tudo isso deve acontecer num contexto em que cuidados e educação se realizem de
modo prazeroso e lúdico. Nesta perspectiva, as brincadeiras espontâneas, o uso de
materiais, os jogos, as danças e os cantos, as comidas e as roupas, as múltiplas formas de
comunicação, de expressão, de criação e de movimento, o exercício de tarefas rotineiras do
cotidiano e as experiências dirigidas exigem que o conhecimento dos limites e alcances das
ações das crianças e dos adultos estejam contemplados. Ademais, as estratégias
pedagógicas devem evitar a monotonia, o exagero de atividades “acadêmicas” ou de
disciplinamento estéril.
Ressalta-se que todas essas orientações vêm ao encontro das propostas previstas na
Educação em Tempo Integral, no sentido de tornar o processo de ensino aprendizagem algo
significativo, transformador, isto é, pleno, completo e global.
Na proposta de educação em tempo integral não existem modelos predefinidos, no
entanto é fundamental organizar um currículo capaz de integrar os diferentes campos do
conhecimento, bem como as diversas dimensões formadoras dos estudantes, demandadas
na contemporaneidade.
A ampliação do direito à educação, favorecida pela política de Educação em Tempo
Integral da SEEDF, não deve ser executada apenas quantitativamente, mas, sobretudo,
qualitativamente; e uma escola de qualidade, que respeita o estudante e os seus direitos,
neste caso específico das Anos Iniciais, deve assegurar-lhe o tempo da infância.
O Ensino Fundamental pode ser visto como parte central da Educação Básica. Sua
especificidade é tamanha que dentro de um mesmo seguimento ocorrem divisões
fundamentais em sua estrutura. Ele é dividido em duas fases: Anos Iniciais e Anos Finais.
Essa divisão se faz necessária para que cada fase de desenvolvimento seja respeitada e
trabalhada de maneira adequada. Este último coincide com a maturação fisiológica,
psicológica e sexual do estudante e, acompanhando esse processo, a escola traz a quebra de
uma rotina com um único profissional de educação, para que possa lidar com outros atores
que entram para somar no contexto educacional e também para possibilitar maior
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autonomia a esse estudante e, assim sendo, necessariamente, precisa ter uma organização
de espaço e tempo muito maior.
É nesse período que o estudante rompe com o egocentrismo e se vê como sujeito
integrante do próprio processo educativo. É quando surgem relações de companheirismo
com seus pares, visto que enfrentam a mesma fase de desenvolvimento e compartilham
muitas vezes as mesmas angústias e inquietações; e, apesar de ser visto como fruto futuro
de grandes aspirações, não deixa de ser conflitante com o sistema e uma inerente
necessidade de subversão. Nesse contexto, cabe uma questão: Por que ofertar Educação em
Tempo Integral para a 2ª fase do Ensino Fundamental? E a resposta simples pertinente ao
questionamento é a seguinte: pelo simples fato de ser uma fase de extrema vulnerabilidade
quando se trata de abandono, evasão escolar e, consequentemente, de defasagem
idade/ano.
Vale ressaltar, dentre outros, um grande desafio enfrentado para implementar a
Educação Integral em Tempo Integral nos Anos Finais do Ensino Fundamental: a
fragmentação. Alguns aspectos complexificam a rotina escolar dos (as) estudantes, que
vivenciam novas experiências na sua trajetória escolar como, por exemplo, o aumento do
número de professores, a interação com professores especialistas, níveis de exigências
distintos, demandas de maior responsabilidade e diferentes estilos de organização social e
didática da aula. Assim, o que a princípio é somente uma divisão operacional que define
este segmento educacional obrigatório no País, o Ensino Fundamental, pode ser um
aspecto que colabora para ocultar as especificidades dos Anos Finais.
Parece que as rupturas (fragmentações) observadas se passam, notadamente, na
interação dos estudantes com os professores que, agora, são em maior número e muito
diferentes entre si. Como cada docente acompanha o estudante em circunstâncias
diferentes, ou seja, apenas na disciplina que ministra e nem sempre há, entre eles,
colaboração para que as demandas dirigidas aos estudantes sejam mais planejadas e
articuladas.
A Educação em Tempo Integral propõe a utilização dos espaços físicos, bem como
das potencialidades da Unidade Escolar, dos professores e também dos estudantes para
organizar a rotina de atividades. Assim sendo, sugere-se que as aulas sejam duplas no
intuito de criar maiores espaços de interação do estudante com o professor e, dessa
maneira, oportunizar a criação de vínculos. Sugere-se, ainda, que se replanejem os espaços
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educativos e que a grade horária entrepasse os conteúdos da Base Nacional Comum
Curricular com a parte diversificada do currículo, de tal modo que dialoguem oportunizem
momentos de apropriação de conhecimento e de crescimento pessoal do estudante.
De acordo com os dispositivos legais, na parte diversificada do currículo do
Ensino Fundamental, será incluída, obrigatoriamente, a partir do 6° ano, o ensino de pelo
menos uma Língua Estrangeira moderna. Na Educação em Tempo Integral o estudo de
Língua Estrangeira configura-se como espaço e tempo de apropriação de saberes, de
convivência, troca de experiência e de conhecimento de outras culturas.
Vale lembrar, que ampliar a jornada escolar não significa, exclusivamente, ampliar
o tempo em sala e dar maior ênfase ao componente curricular como matemática e
português, mas sim ampliar as oportunidades educativas e formativas que privilegiem
todas as dimensões humanas. Assim sendo, ao se planejar o trabalho pedagógico, deve-se
ter como núcleo a organização do tempo, dos ambientes e dos materiais didáticos, de modo
que, integrados, possibilitem uma rotina condizente com os interesses e as necessidades do
estudante, em consonância com a realidade local. Importante salientar que a rotina escolar
deverá respeitar as necessidades de cada comunidade escolar, ser definida por ela e inserida
no Projeto Político Pedagógico da Unidade Escolar.
Observações
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Para adesão ao Programa, as Unidades Escolares selecionadas devem elaborar o
Plano de Atendimento em conformidade com o Projeto Político Pedagógico, priorizando o
atendimento aos estudantes das UE de regiões mais vulneráveis e com maiores
dificuldades de aprendizagem, bem como às escolas com piores indicadores educacionais.
O Programa será implementado por meio da realização de acompanhamento
pedagógico em língua portuguesa e matemática e do desenvolvimento de atividades nos
campos de artes, cultura, esporte e lazer, com foco na melhoria do desempenho
educacional. Para a execução e operacionalização do referido programa, o governo
federal/MEC, por intermédio do Programa Dinheiro Direto na Escola – PDDE/Educação
Integral, disponibiliza aporte financeiro às Unidades Escolares de acordo com o número de
estudantes e atividades cadastradas no Programa.
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atender aos estudantes, obrigatoriamente, com professores habilitados. Serão
disponibilizados professores para atendimento aos estudantes nos dois turnos
(matutino e vespertino);
considerar o dia letivo, compreendido em dois períodos (matutino e vespertino)
como um turno contínuo, sem interrupções;
disponibilizar transporte escolar para a locomoção dos estudantes por ocasião de
atividades sistemáticas externas ao ambiente escolar.
Obs.: Aos estudantes não será facultado o direito de se ausentarem em nenhum dos
períodos.
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Para cada conjunto de até 15 turmas a escola fará jus a 01 professor
de Educação Física, sendo que as Unidades Escolares atendidas nas
Escolas Parque não serão contempladas com este profissional.
Ensino Fundamental – Anos Finais
Base Nacional Comum: regido por professores específicos – 40h ou
20h
Parte Flexível: regido por professores específicos – 40 ou 20h
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a fim de evitar as rupturas cronológicas, didáticas, pedagógicas ou outras de qualquer
ordem no trabalho docente.
A oferta de cursos de formação continuada a todos os professores envolvidos nesse
atendimento fica a cargo da Coordenação de Políticas Educacionais Transversais - COETE
e da Coordenação de Políticas Educacionais para Educação Infantil e Ensino Fundamental
– COEIF, que deverão proceder a articulação junto a Centro de Aperfeiçoamento do
Profissionais da Educação – EAPE.
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magistério utilizará os próprios professores de jornada ampliada que já estão lotados nas
Escolas Classe e nas Escolas Parques para a regência dos componentes curriculares.
Portanto, nesta organização do trabalho pedagógico o estudante terá diariamente 5h
de aula na Escola Classe e 5h na Escola Parque, assim distribuídas:
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Acompanhamento Pedagógico - Prioritário
Língua Portuguesa
Exploração de Conhecimentos e
Acesso a Oportunidades de Domínio Técnico Pesquisa Avançada
Aprendizagem
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Acompanhamento Pedagógico - Prioritário
Matemática
Exploração de Conhecimentos e
Acesso a Oportunidades de Domínio Técnico Pesquisa Avançada
Aprendizagem
Elaboração de jogos de Oficinas diversas: de jogos Campeonato inter e
estratégias matemáticas geométricos (relacionar com intraescolar de
Elaboração de jogos de adivinhas os significados/elementos matemática
matemáticos: quantidade, peso, semióticos das figuras Elaboração de atividades
medida etc geométricas: uso dicionários pedagógicas e jogos
Espaço de aprendizagens: reunião de símbolos), de tangran, matemáticos
de diferentes jogos –Tangran; xadrez, equações e inequações Elaboração de “Um Guia
Xadrez, Banco Imobiliário, de etc de Curiosidades de
estratégias, quebra-cabeças etc Curso básico de análise de Matemática”
Estudo e análise das regras de dados estatísticos
jogos matemáticos Atividades pedagógicas Projeto “Malba Tahan: o
Estudo de gráficos, fluxogramas diversas com medidas e Moleiro de Malba -
e infográficos das matérias de medidores: réguas, ensinando matemática
jornais, livros didáticos etc hidrômetros, voltímetros etc por meio de histórias”
Elaboração de mural/painel de Consultoria sobre mercado de Elaboração de softwares
desafios matemáticos capitais com exercícios
Visitas a sites de atividades Consultoria sobre censos do matemáticos
pedagógicas de matemática IBGE, de dados estatísticos de Campeonatos de Xadrez,
Estudo e análise de contas de luz, crimes ecológicos, de surtos Sudoku, Jogos
água etc epidemiológicos de Dengue, Estatísticos etc
Visitas a Bancos e Casas de Zika e chikungunya; do IDEB
Câmbio etc
Exploração de Conhecimentos e
Acesso a Oportunidades de Domínio Técnico Pesquisa Avançada
Aprendizagem
Fóruns de debates sobre valores e Organização das atividades Elaboração de jogos sobre os
cultura da paz por meio de oficinas, temas transversais e integradores
Assistir a filmes e documentários compreendidas como Ensaios sobre as interfaces entre
sobre relações étnico-raciais, espaços-tempos para a os pensadores da teologia e os
direitos humanos e vivência, a reflexão e o da filosofia
sustentabilidade, aprendizado coletivos e para Planejamento e execução de
Palestras, rodas de conversa e a organização de novos mostra sobre as diversas etnias
debates sobre os temas transversais saberes e práticas brasileiras
e integradores relacionadas aos direitos Confecção de Antologias
Mostra de filmes temáticos: direitos humanos e à diversidade poéticas de diferentes povos e
humanos e diversidade, Oficinas temáticas: estudo culturas
sustentabilidade, gênero e dos direitos humanos, Coletânea musical; analisar o
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sexualidade relações étnico-raciais; conteúdo das letras das músicas
Utilizar notícias de jornal, textos diversidade cultural selecionadas; parodiar uma
publicitários, fotografias acerca das Estudo comparativo: abordar música modificando seu
questões da diversidade em termos estereotipias e preconceitos significado original; criar uma
sociais e políticos e promover na diferenciação de canais e música que combine (em letra e
debates em grupos e/ou com a programas de acordo com ritmo) com um conteúdo
turma a partir de perguntas distintos grupos de trabalhado;
questionadoras. telespectadores/as. Painel musical: estudar a origem
Júri simulado e/ou dramatização Estudo comparativo: levantar histórica de determinados
sobre os temas abordados pelas marcas de gênero e etnia em gêneros musicais; pesquisar a
notícias do jornal, pelas novelas, apresentadores/as de existência de segmentação de
programas de TV e Rádio e pelos programas; ouvintes (de acordo com gênero,
textos publicitários Estudo básico: analisar a orientação sexual e relações
Coletar exemplos de publicidade – construção de herói/heroína e étnico-raciais);
folders, folhetos, fotos de cartazes anti-herói e anti-heroína e Releituras musicais e de textos
e/ou outdoor, encartes para análise personagens secundários nas publicitários: comparar músicas
das mensagens veiculadas, do novelas; o elemento que tocam em diferentes
público-alvo e da composição apelativo em diferentes ambientes sociais; levantar
estética programas de humor e estereótipos relacionados à
Seleção de músicas cujas letras entretenimento; a seleção de música e aos textos publicitários
falem das relações de gênero ou notícias para telejornais de referentes às questões étnico-
especificamente de um dos gêneros, distintas emissoras. raciais. Fazer releituras
suas formas de amar e se relacionar, positivas.
os papéis sociais, os
comportamentos etc
Parcerias/Consultoria/Pesquisa: Revista - Filosofia Ciência e Vida Araguaia Indústria Gráfica e Editora;
Revista de História da Biblioteca Nacional Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro;
site da Secretaria Especial de Direitos Humanos (http://www.sdh.gov.br/); site da SECADI
(http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-continuada-alfabetizacao-diversidade-e-inclusao/quem-e-
quem); Publicação: Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos / Comitê Nacional de Educação em
Direitos Humanos. – Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministério da Educação, Ministério
da Justiça, UNESCO, 2007.
Fonte: Diretrizes Pedagógicas para a Educação Integral no Distrito Federal – Versão Preliminar 2009.
Adaptado
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A Matriz Curricular constitui-se da Base Comum e da Parte Flexível. A oferta do
tempo pedagógico estabelecido na matriz curricular é de 2.250 (dois mil, duzentos e
cinquenta) minutos semanais, limite mínimo exigido pelo Programa do EMTI. Desse
tempo, 1.500 (mil e quinhentos) minutos são destinados à formação geral do estudante,
referente à Base Comum, distribuídos em seis tempos diários de 50 minutos, em cinco dias
da semana. E a Parte Flexível, que é constituída de atividades complementares para a
formação ampliada do estudante, acontecerá com oficinas e projetos pedagógicos
direcionados à construção de desenvolvimento de habilidades específicas ou a do seu
itinerário formativo. A distribuição desse tempo deve ser em 03 (três) dias da semana, com
05 (cinco) tempos de cinquenta minutos cada, sendo que três (03) tempos semanais são
para o horário de formação de hábitos individual e social (horário do almoço), ou seja, um
tempo em cada dia; 03 (três), para projetos de matemática e 02 (dois), para os de língua
portuguesa. Quanto à formação com os projetos e oficinas, a distribuição é de 07 (sete)
tempos de cinquenta minutos, distribuídos nos três dias de acordo com a conveniência da
unidade escolar.
A organização pedagógica para a distribuição das atividades da grade curricular
poderá ser no contraturno (a Base Comum em um turno e a Parte Flexível em outro); ou
entremeado (tanto a Base Comum quanto a Parte Flexível são organizadas no mesmo
turno). Entretanto, independente da forma escolhida, o atendimento deve ser bem
planejado para uma prática articulada, diferenciada, prazerosa e atrativa, principalmente,
da Parte Flexível, cujo objetivo é possibilitar vivências pedagógicas mais significativas
para o aluno, estimulando-o a participar ativamente da construção de conhecimentos
diversificados, da organização de experiências curriculares contextualizadas, da promoção
de experiências sociais com temas e situações-problema presentes na sua realidade,
aprofundando e alargando a compreensão crítico-reflexiva de si próprios e do seu mundo.
Para fins da modulação, deverão ser observadas as normas vigentes, inclusive
quanto aos coordenadores pedagógicos. No que se refere aos professores da Base Comum,
a regência deve ser de professores específicos – 40h ou 20h; e para a Parte Flexível,
professores específicos – 40h ou 20h, ou profissionais executores de projetos e oficinas,
contratados pelo Programa. Ratificando as orientações anteriores, o Ensino Médio deve
usar o momento da coordenação pedagógica para trocas de informações e experiências
pedagógicas vivenciadas, a fim de articular e alinhar suas ações docentes.
38
Quanto à formação continuada dos professores envolvidos no Ensino Médio em
Tempo Integral, cabe à Coordenação de Políticas Educacionais para Juventude e Adultos –
COEJA, à Diretoria de Ensino Médio (DIEM) e à Comissão do Programa EMTI, articular
com o Centro de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação – EAPE a oferta de
cursos. Porém, as Unidades Escolares podem manifestar interesse conforme suas
necessidades.
39
Além disso, a aula, espaço-tempo privilegiado de formação humana, acadêmica e
profissional (SILVA, 2011), pode ocorrer em praças, clubes, cinemas, comércio local,
teatro, em horários organizados conforme os objetivos de aprendizagens/Currículo da
SEEDF, elaborados pelos profissionais que desenvolverão as atividades junto aos
estudantes. Diante do que explicita o autor, numa concepção de educação integral, o termo
aula fica compreendido e ampliado pela expressão Trabalho Pedagógico.
Concebe-se, ademais, que a ampliação progressiva do tempo diário de
permanência na Escola, previsto no artigo 34 da LDB, só faz sentido - especialmente na
sociedade contemporânea - se trouxer uma reorganização qualificada desse tempo. Não se
trata, pois, de imaginar uma escola sem horários ou regras, mas de recriá-los em função de
um projeto curricular mais ambicioso do ponto de vista das oportunidades formativas, que
ali os indivíduos possam encontrar (CAVALIERE, 2006).
Nesse ínterim, o mapeamento de espaços, tempos e oportunidades é tarefa a ser
realizada junto às famílias, aos vizinhos e a toda comunidade. Para tanto, a Unidade
Escolar pode estruturar os espaços, dentro e fora dela, que possibilitarão o
desenvolvimento de situações de aprendizagem - atividades, estratégias pedagógicas,
projetos etc. para o alcance de seus objetivos, conforme sugere o quadro a seguir:
40
Quadro 2 - Mapeamento de espaços e tempos para a organização do trabalho pedagógico
Situações de
Espaços Horários
Aprendizagem
Biblioteca Escolar
Pátio
Sala de Vídeo
Laboratório de Informática
Na Unidade Escolar
Horta
Jardim
Escola Parque
Etc.
Parque
Praça
Unidades de Conservação
(Parques Sucupira, Três
Meninas, Saburo
Onoyama, Águas Claras)
Na Comunidade Igreja
Centro Olímpico
Ginásio de Esporte
Centro Comunitário
Asilo
Creche
Escolas Parque
Museu
Cinema
Feira Popular
Aeroporto/Empresas
Aéreas
Teatro
Jardim Zoológico
Em outros espaços Parque Nacional de
Brasília
Planetário
Pontos turísticos
Parque Gráfico de
Imprensa
Etc
Fonte: caderno “Mais Educação – Passo a Passo” (BRASIL, s/a) – Adaptado.
41
A elaboração coletiva de um projeto político-pedagógico de Educação em Tempo
Integral requer a ressignificação do espaço-tempo de coordenação pedagógica nas unidades
escolares públicas. É preciso recuperar os seus objetivos e finalidades como espaço de
formação continuada dos profissionais da educação; de discussão, elaboração,
acompanhamento e avaliação do projeto político-pedagógico; espaço de autorreflexão
como parte da autoavaliação dos sujeitos, individualmente, e da escola na perspectiva da
avaliação institucional. Espaço de pensar e repensar a organização do trabalho pedagógico
da unidade escolar como um todo e da sala de aula, num processo de ação-reflexão-ação.
Ao mesmo tempo, pensar, elaborar e desenvolver um projeto de educação em
tempo integral requer conceber o projeto político-pedagógico como instrumento de
construção da autonomia da escola. A perspectiva de projeto pedagógico assumida é a de
instrumento emancipador, que tenha como um de seus princípios a formação continuada
dos professores, que ocorre no espaço-tempo da coordenação pedagógica. De acordo com
Veiga (1998, p. 20), o projeto político-pedagógico “não deve limitar-se aos conteúdos
curriculares, mas se estender à discussão da unidade escolar como um todo e suas relações
com a sociedade”. Portanto, o projeto político-pedagógico deve ser visto como “eixo
norteador do trabalho da unidade escolar e da coordenação pedagógica - espaço de
formação continuada do professor, procurando mostrar a indissociabilidade entre ambos”
(SILVA, 2007, p. 136).
É desafiante propor a organização da coordenação pedagógica vinculada ao
processo de construção do projeto político-pedagógico e de formação continuada dos
profissionais da educação. Esses três elementos formam uma tríade que deve ser repensada
e ressignificada com base nos princípios da educação em tempo integral apresentados neste
documento.
O projeto político-pedagógico é o instrumento pelo qual a unidade escolar,
organizada coletivamente, pensa, concretiza e avalia um trabalho que atenda às
necessidades de aprendizagem e desenvolvimento integral dos estudantes com a
participação da comunidade. É também instrumento que sinaliza novas trilhas e novos
caminhos, em busca de outras paragens, de novas possibilidades, para que o professor
invista em sua formação nos espaços da própria unidade escolar, dinamizando-os e
ressignificando-os por meio da coordenação pedagógica.
42
Reforça-se, assim, a relação de dialeticidade entre o projeto da unidade escolar e a
coordenação pedagógica (ibidem). A prática sistemática de avaliação do projeto
pedagógico de tempo integral de uma unidade escolar representa maior possibilidade de
sucesso e, por conseguinte, continuidade e melhoria das ações propostas. A criação de
indicadores da satisfação dos estudantes, pais, professores e demais profissionais da
unidade escolar, em relação à gestão, às práticas pedagógicas e aos resultados da
aprendizagem são fundamentais para uma avaliação crítica do Projeto.
É, ainda, Silva que nos alerta para o fato de que a elaboração do projeto político-
pedagógico “requer uma reflexão profunda sobre as finalidades da unidade escolar, sobre o
reconhecimento de sua historicidade e sobre um processo de autoavaliação que possibilite
construir uma nova organização do trabalho escolar” (2007 p. 139), conforme representado
pelo fluxograma abaixo:
43
vivências e práticas socioculturais, numa concepção de Educação em Tempo Integral que
proporcione ao educando seu desenvolvimento físico, cultural, afetivo, social, cognitivo e
ético. Essa nova matriz curricular surge da integração da Base Nacional Curricular Comum
(Áreas de Conhecimento e Parte Diversificada) - Currículo Básico - com as Atividades
complementares ao Currículo a qual denominamos de Parte Flexível. Os componentes
curriculares da Base Nacional Comum e da Parte Flexível devem ser agrupados no período
de atendimento, por áreas afins.
No horário entre os períodos matutino e vespertino será desenvolvido o Projeto
Formação de Hábitos Individual e Social. Esta atividade deverá estar de acordo com o
Projeto Político Pedagógico e Regimento Escolar da unidade escolar, com finalidade
formativa e informativa de âmbito pedagógico, no qual estejam previstos: o
acompanhamento e orientação para a formação de bons hábitos durante a refeição, a
orientação e o auxílio na higienização e os momentos de caráter lúdico, socializador e de
descanso. Contarão com a participação de professores, executores de projetos e oficinas e
do voluntariado.
É importante registrar que na Portaria nº 247, de 02 de dezembro de 2008, em seu
Art. 3º, determina que não haja reprovação do estudante nos Projetos Interdisciplinares,
constantes na Parte Diversificada das Matrizes Curriculares.
45
Matriz Curricular para Educação Infantil – Jornada Escolar de Tempo Integral - 10 horas diárias
1º CICLO
CRECHE PRÉ-ESCOLA
LINGUAGENS
Berçário I Berçário II Maternal I Maternal II 1º Período 2º Período
Linguagem Corporal X X X X X X
Linguagem Matemática X X X X X X
Linguagem Artística X X X X X X
Linguagem Oral e Escrita X X X X X X
Linguagem Digital X X X X X X
Cuidado consigo e com o outro X X X X X X
Interação com a natureza e com a Sociedade X X X X X X
Projeto Formação de Hábitos Individual e Social X X X X X X
CARGA HORÁRIA DIÁRIA 10 10 10 10 10 10
CARGA HORÁRIA SEMANAL (hora-relógio) 50 50 50 50 50 50
CARGA HORÁRIA ANUAL (hora-relógio) 2000 2000 2000 2000 2000 2000
OBSERVAÇÕES:
.1. Os horários de início e término do período letivo letivo são definidos pela Unidade Escolar.
.2. O dia letivo é composto de 10 (dez) horas-relógio, sendo a carga horária aproveitada, integralmente, incluindo o horário de intervalos e
almoço, que será trabalhada na forma de práticas educativas, com orientações e acompanhamento de professores e/ou monitores.
46
elementos que constituem a organização de um trabalho pedagógico comprometido com a
construção da cidadania dos estudantes. Não se trata simplesmente de fazer aulas
repetitivas, monótonas, com saídas ou excursões sem cunho pedagógico, ou seja, toda e
qualquer atividade tem que ter intencionalidade pedagógica. Ademais, é fundamental que
haja integração entre o trabalho realizado pelos professores que coordenam as atividades
durante todo o período de atendimento escolar.
A matriz curricular de referência para as Unidades Escolares que atendem na
perspectiva de Educação em Tempo Integral, como em todas as outras escolas da Rede,
deverá atender à concepção de educação estabelecida pela política educacional da SEEDF,
considerando, sobretudo, os preceitos legais vigentes, os documentos norteadores dessa
política e as expectativas da comunidade na qual a unidade escolar está inserida.
No horário entre os períodos matutino e vespertino será realizado o Projeto
Formação de Hábitos Individual e Social que prevê o acompanhamento e orientação para a
formação de bons hábitos durante a refeição, a orientação e o auxílio na higienização e os
momentos de caráter lúdico, socializador e de descanso.
Parte Flexível
A parte flexível constitui, junto à Base Nacional Comum, o currículo integrado.
Portanto, deve estar articulada com as demais áreas do conhecimento, contemplando um ou
mais Componentes Curriculares. Compreende as atividades atinentes ao tempo ampliado,
proporcionando, assim, maiores possibilidades de aprendizagem aos estudantes. Tais
atividades devem constar no Projeto Político Pedagógico e dialogar com o Currículo
Básico, devendo ser realizadas por meio de projetos interdisciplinares nas áreas de:
Atividades de Acompanhamento Pedagógico em Português e Matemática
(obrigatório);
Atividades Culturais, Artísticas e Esportivas (prioritário);
Atividades de Formação Pessoal e Social
As atividades devem ser organizadas por reagrupamentos, respeitando,
preferencialmente, os anos afins do ensino fundamental, bem como a estrutura física
necessária ao desenvolvimento das atividades.
47
Matriz Curricular de Referência para Jornada Escolar de Tempo Integral - 10h
Parte
Diversificada Projeto X X X X X 2 2 2 2
Interdisciplinar
Acompanhamento Pedagógico – 5 5 5 5 5 5 5 5 5
Português
5 5 5 5 5 5 5 5 5
Acompanhamento Pedagógico –
Matemática
Parte
Flexível
Atividades Culturais, Artísticas e 5 5 5 5 5 4 4 4 4
Esportivas
48
As atividades de Acompanhamento Pedagógico em Linguagem e Matemática têm
caráter obrigatório devendo ser organizadas em 10 (dez) horas semanais,
necessariamente, distribuídas em 5 (cinco) horas de Língua Portuguesa e 5 (cinco)
horas de Matemática.
As atividades Culturais, Artísticas e Esportivas e Atividades de Formação Pessoal e
Social serão organizadas por reagrupamentos, respeitando, preferencialmente, os
anos afins do ensino fundamental, bem como a estrutura física necessária ao
desenvolvimento das atividades;
Parte Flexível
A parte flexível desta matriz curricular deverá ser construída pela unidade escolar,
em consonância com a Base Comum, indicada nas Diretrizes Pedagógicas da SEEDF.
Deve atender aos propósitos da formação integral do estudante, considerando os aspectos
diversos do desenvolvimento juvenil, com projetos que contemplem as áreas de formação
para o mundo do trabalho, para cidadania, para os esportes, para a sustentabilidade social,
econômica e ambiental, para a pesquisa e tecnologia, entre outros segmentos que possam
atender à plena formação humana do estudante, tendo por eixos integradores a ciência, a
tecnologia, a cultura e o mundo do trabalho, conforme preconiza o Currículo em
50
Movimento da Educação Básica para o Ensino Médio da SEEDF (DISTRITO FEDERAL,
2013, CURRÍCULO EM MOVIMENTO, p. 13).
Nessa direção, as áreas de conhecimento, os componentes curriculares, o formato
das ações pedagógicas (projetos interdisciplinares, projetos integradores, oficinas,
palestras, encontros etc.) e a distribuição de suas respectivas cargas horárias, bem como a
designação dos profissionais que atuarão com a parte flexível desta matriz curricular,
ficarão na incumbência de cada unidade escolar, desde que esteja de acordo com as
exigências legais.
Assim, ao construir sua Parte Flexível da Matriz Curricular, a UE deverá
considerar a participação da comunidade escolar, na figura de seus órgãos representativos,
a saber, o Conselho Escolar, respeitando sua identidade e vocação pedagógica, articulando
a construção dos saberes em harmonia com as diretrizes e orientações diversas da
Secretaria de Estado do Distrito Federal.
Na organização da grade curricular, deverá ser considerada a seguinte
distribuição: cinco (05) módulos-aula diários de 50 (cinquenta) minutos cada, distribuídos
em três (03) dias da semana, totalizando quatro (04) horas/relógio diárias.
Obrigatoriamente, 02 (dois) módulos-aula semanais, devem constituir projetos
pedagógicos para Língua Portuguesa e 03 (três) módulos-aula semanais em projetos
pedagógicos para Matemática, cujos temas e conteúdos podem ter tratamento diferenciado
e independente do que está sendo desenvolvido na Base Comum. Além desses cinco (05)
módulos obrigatórios para a prática de letramento em português e matemática, deve
constituir a Parte Flexível da Matriz Curricular, sete (07) módulos-aula (de 50 minutos),
eletivos para os projetos e oficinas que atenderão a formação ampliada do estudante em seu
itinerário formativo, de acordo com os interesses, necessidades e possibilidades de cada
Unidade Escolar. Por fim, devem-se considerar, também, os três (03) módulos-aula
semanais para a formação de hábitos individual e social, no horário do almoço, que
também comporão a Parte Flexível desta matriz curricular. Dessa forma, a Parte Flexível
da Matriz Curricular do Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI) soma uma oferta de
doze (12) módulos-aula, em quatro (04) horas/relógio de permanência, em três dias na
semana.
Atenta-se para o fato de que, conforme o conceito de educação integral, orienta-se
que os componentes curriculares da Parte Flexível e aqueles que compõem a Base Comum
51
devem dialogar, articulando-se entre si, por meio de projetos interdisciplinares, capazes de
catalisar os anseios pedagógicos da unidade escolar. Por isso, essa articulação deverá ser
feita de acordo com as possibilidades de cada UE e poderá acontecer, de preferência, no
contraturno; ou de forma entremeada, desde que seja assegurado o caráter de formação
ampliada do estudante, com componentes eletivos para a composição do seu itinerário
formativo.
Dessa forma, toda a prática pedagógica deve ser planejada e executada na
perspectiva da integralidade do indivíduo, o que implica oferecer vivências de atividades
pedagógicas diferenciadas das que acontecem, convencionalmente, no currículo de
formação geral da base comum. E com o intuito de corroborar as concepções dessas
práticas diferenciadas como foco no pilar aprender a fazer e a conviver, considerando a
metodologia de oficina, apresentam-se três pensamentos acerca dessa temática, transcritos
da página Centro de Referência em Educação Integral. O primeiro é apresentado pela
educadora Vera Maria Candau (1995):
A oficina constitui um espaço de construção coletiva do conhecimento,
de análise da realidade, de confronto e troca de experiências. A atividade,
a participação, a socialização da palavra, a vivência de situações
concretas através de sociodramas, análise de acontecimentos, a leitura e a
discussão de textos, o trabalho com distintas expressões da cultura
popular, são elementos fundamentais na dinâmica das oficinas
pedagógicas. Portanto, as oficinas são unidades produtivas de
conhecimentos a partir de uma realidade concreta, para serem transferidas
a essa realidade a fim de transformá-la.(KISNERMAN, apud OMISTE;
LÓPEZ; RAMÍREZ, 2000, p.178).
E o terceiro conclui:
Assim, as oficinas pedagógicas possibilitam um processo
educativo composto de sensibilização, compreensão, reflexão, análise,
ação, avaliação. Esse trabalho concebe o homem como ser capaz de
assumir-se como sujeito de sua história e da História, como agente de
transformação de si e do mundo e como fonte de criação, liberdade e
52
construção dos projetos pessoais e sociais, numa dada sociedade, por uma
prática crítica, criativa e participativa (GRACIANI, 1997, p.310).3
3
Idem ao anterior.
53
É neste sentido que se direcionam estas orientações para uma proposta
pedagógica, buscando aproveitamento do tempo-espaço escolar como momento
efetivamente transformador de realidades. Cavaliere (2007) faz um importante
questionamento: “o que justifica, afinal, a ampliação do tempo escolar?”. E responde-nos a
própria autora:
No aspecto estrito da instrução escolar, não parece lógico que, com as novas
tecnologias da informação, seja preciso mais tempo de escola para as funções
relacionadas ao ensino e à aprendizagem. Portanto, a ampliação do tempo de
escola somente se justifica na perspectiva de propiciar mudanças no caráter da
experiência escolar, ou melhor, na perspectiva de aprofundar e dar maior
consequência a determinados traços da vida escolar. (CAVALIERE, 2007, p.
1021).
54
Além destas duas escolas, outras duas (02) são do campo, seis (06) são Centros de
Ensino Médio e três (03) são Centros Educacionais, conforme indicações a seguir:
Escolas do Campo:
Centros Educacionais:
55
Matriz Curricular Anual
56
Observações:
Quantidade de semanas 40
anuais:
Módulo-aula: 50 (cinquenta) minutos
57
Organização da Grade Curricular4
MATUTINO
Entrada 7h30min
Aula Início Término segunda terça quarta quinta sexta
s
1ª 7h30min 8h20min
2ª 8h20min 9h10min
3ª 9h10min 10h
4ª 10h 10h50min
5ª 10h50 11h40
6ª 11h40 12h30min
VESPERTINO
7º 12h30min 13h30min Formação de Formação Formação de
hábitos de hábitos hábitos
individual e individual e individual e
5 6
social social Liberação do social Liberação do
aluno. aluno.
8º 13h30min 14h20min Matemática Língua
Flexível Portuguesa OFICINA/
Flexível PROJETO
Coordenação
9º 14h20min 15h10min Matemática Pedagógica dos Coordenação
Flexível OFICINA/ Professores OFICINA/ Pedagógica dos
PROJETO PROJETO Professores
4
A organização dos horários de oficinas/projetos, projetos de Língua Portuguesa e de Matemática é, apenas,
uma sugestão ilustrativa para facilitar a visualização da grade em seu quantitativo de módulos-aula. Fica,
portanto, a critério de cada unidade escolar fazer a distribuição da grade a ser aplicada na UE.
5
O critério de sugestão de uma das duas tardes ser QUARTA-FEIRA, para liberação do aluno, foi garantir
o momento de encontro com todos os professores envolvidos no Programa EMTI, para a coordenação
coletiva. A definição para a segunda tarde fica, pois, a critério de cada Unidade Escolar. Ou seja, neste
quadro, a indicação da sexta é, apenas, de natureza ilustrativa.
6
Idem ao anterior.
58
Matriz Curricular – Anual
Instituição: SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL
Educação Básica: Ensino Médio em Tempo Integral
Regime: Anual Seriado Módulo: 40 semanas Turno: Integral – 09 horas
Partes do 1ª 2ª 3ª
Áreas do Conhecimento Componentes Curriculares
Currículo Série Série Série
Língua Portuguesa X X X
Linguagem Educação Física X X X
Base Nacional Comum
Arte X X X
Língua Estrangeira Moderna - Inglês X X X
Matemática Matemática X X X
Química X X X
Ciências da Natureza
Física X X X
Biologia X X X
História X X X
Ciências Humanas Geografia X X X
Filosofia X X X
Sociologia X X X
Parte Língua Estrangeira Moderna – Espanhol X X X
Diversific Ensino Religioso X X X
ada
Projeto Interdisciplinar X X X
Total de Módulos-aula Semanais 30 30 30
Formação de Hábitos Individual e Social 03 03 03
Projeto Pedagógico de Língua Portuguesa 02 02 02
Parte Flexível
Projeto Pedagógico de Matemática 03 03 03
Projetos e Oficinas para a construção do itinerário formativo do estudante. 07 07 07
Total de Módulos-aula Semanais 15 15 15
Total Hora/Aula Tempo Integral 45 45 45
Observações:
Tempo de Atendimento: 9 horas diárias de permanência, em três dias na semana, com 11 módulos-aula.
Horário de funcionamento: 7h30h às 16h50
Duração do módulo-aula: 50 minutos
Língua Estrangeira Moderna – Inglês é de oferta obrigatória.
Língua Estrangeira Moderna – Espanhol é de oferta obrigatória pela Unidade Escolar e a matrícula é
facultativa/optativa ao estudante. Caso a Unidade Escolar não tenha estudante(s) optante(s) pelo
Componente Curricular Espanhol, a carga horária a ele destinada deverá ser preenchida por um Projeto
Interdisciplinar da Parte Diversificada.
O Ensino Religioso é de oferta obrigatória pela Unidade Escolar e a matrícula é facultativa/optativa ao
estudante. Caso a Unidade Escolar não tenha estudante(s) optante(s) pelo Componente Curricular Ensino
Religioso, a carga horária a ele destinada deverá ser preenchida por um Projeto Interdisciplinar da Parte
Diversificada.
Os Projetos Pedagógicos da Parte Flexível – Língua Portuguesa, Matemática, Formação de Hábitos Individual
e Social e Itinerário Formativo do estudante são obrigatórios e devem constar do Projeto Político
Pedagógico.
59
A adequada integração dos profissionais exerce influência direta sobre a qualidade
do trabalho socioeducativo, condicionando positivamente a maneira pela qual o grupo de
profissionais atua diante de diversos contextos.
Nesse processo, torna-se fundamental a troca de experiências entre as pessoas, haja
vista interagirem e atuarem coletivamente em torno de um objetivo comum, buscando
garantir o propósito da unidade pedagógica estabelecida como diretrizes e metas a serem
alcançadas ao longo do processo educativo. Sendo assim, em âmbito de gestão, diretores,
supervisores, coordenadores, professores, funcionários administrativos e demais
responsáveis pelo trabalho técnico-administrativo-pedagógico da unidade escolar devem
atuar de forma coletiva, construindo uma identidade compartilhada, fazendo a articulação
entre todas as atividades desenvolvidas ao longo do dia letivo e de todo o processo
pedagógico.
A interação entre os indivíduos na Unidade Escolar não se resume em “estar junto”,
“trocar ideias” ou “dividir tarefas do dia a dia”, mas também planejar, enfrentar os desafios
e superar divergências. Cada sujeito tem a sua relevância neste processo:
Estudante: A definição do estudante identificado e pensado como demandante de
uma escola integral se consolida pelo fato de ele ser um sujeito plural, único e
coletivo, individualizado e multiplicado pelas redes sociais. Portanto, um sujeito
pleno de seus direitos e deveres, um estudante cidadão que tem condições de ditar
seu destino de modo horizontal em todas suas dimensões, ou seja, ser o
protagonista da sua própria história.
60
práticas de ensino, auxiliando e construindo novas situações de aprendizagem,
capazes de auxiliar os estudantes ao longo de sua formação.
Outros atores: Educar não é uma função exclusiva dos professores e/ou dos pais.
Para que possamos pensar em uma educação que seja realmente integral, é
necessário integrar os diferentes saberes acumulados nos diversos tempos e
espaços, reconhecendo que a comunidade pode e deve contribuir com o processo
educativo. Nessa proposta, os agentes comunitários integram o fazer pedagógico da
escola, auxiliando os professores por meio de sistema de monitoria, amparados por
programas específicos. O trabalho do voluntariado deverá ser desempenhado,
preferencialmente, por estudantes universitários em formação específica nas áreas
afins às atividades desenvolvidas na escola, mas também pode ser desempenhado
por pessoas da comunidade com habilidades apropriadas, como, por exemplo,
instrutor de judô, mestre de capoeira, contador de histórias, agricultor para horta
escolar, entre outros. Além disso, poderão desempenhar a função de monitoria os
estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e estudantes do ensino médio,
de acordo com suas competências, saberes e habilidades.
Por fim, todos devem respeitar e buscar o direito de acesso do estudante ao livro e à
leitura, à arte e à cultura, ao esporte, aos jogos e ao lúdico, ao movimento, à expressão e à
criação, à compreensão e à construção do conhecimento, à alimentação, à higiene, ao
autocuidado e ao cuidado com o outro e com o meio.
62
muros e mobiliza os sujeitos envolvidos a dialogarem com o mundo, a partir do
conhecimento escolar produzido no seu interior. Esse movimento de integração da escola
com as suas proximidades e da comunidade com a escola potencializa o estabelecimento
de uma ampla rede de relações e parcerias que muito contribui para o desenvolvimento
político, econômico, social e cultural das pessoas que dela fazem parte.
Nesse contexto encontram-se, também, os Projetos Interventivos, que se
constituem em uma metodologia pedagógica destinada a um grupo menor de estudantes
para atendimento às suas necessidades específicas de aprendizagem, tornando a
intervenção facilitada. Tal ação tem como objetivo sanar essas necessidades assim que
surjam, por meio de trabalhos diversificados. É uma proposta de intervenção
complementar, de inclusão pedagógica e de atendimento individualizado, além de ter
caráter emancipatório, ofertando a possibilidade de aprender a todos os estudantes,
evitando que eles fiquem retidos em algum momento do processo.
63
Nesse sentido, atividades complementares e intercomplementares ao Currículo
podem ser desenvolvidos na própria escola e, também, em outros espaços educativos,
caracterizando os seguintes perfis de atendimento:
65
Nas Unidades Escolares de Educação em Tempo Integral, o Conselho Escolar atua
também como Comitê Local de Educação Integral constituído com o objetivo de integrar
os diferentes atores da comunidade escolar; formular e acompanhar o Plano de Ação Local
de Educação Integral, considerando o Projeto Político Pedagógico; mapear as
oportunidades educativas do local, equipamentos públicos e políticas sociais; formular,
acompanhar e avaliar o Plano de Ação Local de Educação Integral, celebrar parcerias para
potencializar as oportunidades educativas mapeadas. Juntamente com a Unidade Escolar
responde por toda e qualquer alteração no que diz respeito ao atendimento da educação em
tempo integral e a utilização dos recursos financeiros.
Ação Responsáveis Cronograma
66
realização das atividades.
72
escolar. O almoço, ou refeição principal, é o momento oportuno para o desenvolvimento de
projeto que vise à formação de hábitos alimentares saudáveis, de higiene, boas atitudes e
socialização/interação em que se deve incentivar o estudante à alimentação saudável, aos
hábitos alimentares enfatizando os valores nutricionais dos alimentos, destacando o valor
da ingestão de hortaliças e frutas. Os estudantes devem, também, ser acompanhados e
orientados quanto ao valor e à importância da higienização bucal.
Importante: A última hora do turno matutino ou a primeira hora do turno
vespertino serão destinados ao desenvolvimento do referido Projeto.
74
Novamente o coordenador pedagógico assume a função de articular os diversos agentes
envolvidos no processo pedagógico para que estes possam ter condições de incluir no
relatório sua avaliação nos diversos aspectos avaliados, garantindo assim um documento
único e fiel do período vivenciado pelo estudante.
Nos Anos Finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio, os professores
responsáveis pela Parte Diversificada – PD e atividades da Parte Flexível são os
responsáveis pelo registro dos projetos interdisciplinares e das oficinas para cada atividade.
O abalizamento de tempos e espaços propostos neste documento tem um caráter
de proposição. As instituições e CREs têm autonomia relativa para deliberar sobre
reordenações possíveis em relação à organização, desde que sejam preservados os
objetivos consensualizados. Caso haja necessidade e indicação de reordenações, os setores
da SEEDF envolvidos devem ser consultados para avaliá-las conjuntamente.
O Parecer Nº 5/97 CNE - CEB - aprovado em 07/05 de 1997, que apresenta uma
proposta para regulamentação da LDB, nas Disposições Gerais sobre a Educação Básica,
dispõe que as atividades escolares se realizam na tradicional sala de aula, do mesmo modo
que em outros locais adequados a trabalhos teóricos e práticos, as leituras, pesquisas ou
atividades em grupo, treinamento e demonstrações, contato com o meio ambiente e com as
demais atividades humanas de natureza cultural e artística, visando à plenitude da
formação de cada estudante. Assim, não são apenas os limites da sala de aula propriamente
dita que caracterizam com exclusividade a atividade escolar de que fala a lei. Esta se
caracterizará por toda e qualquer programação incluída na proposta pedagógica da
instituição, com frequência exigível e efetiva orientação por professores habilitados.
Devido à ampliação do tempo de permanência do estudante na Unidade Escolar,
faz-se necessário a ampliação do quadro de recursos humanos disponíveis em cada escola,
a fim de garantir atendimento das diversas necessidades educacionais, como por exemplo:
professores, coordenadores, merendeiros, auxiliares, monitores, etc.
Deste parecer, temos que a caracterização de atividade escolar requer a orientação
de professor habilitado, para que assim configure efetivo trabalho escolar.
75
Como proposta inovadora para a Educação em tempo Integral, as atividades
educativas devem ser desenvolvidas, preferencialmente, por professores. Contudo, outros
profissionais poderão contribuir, dentro e fora da escola. Estagiários, oficineiros, monitores
voluntários, educador social voluntário, entre outros atores sociais irão integrar a
comunidade escolar, atuando na formação dos estudantes, em consonância com o Projeto
Pedagógico de cada instituição.
Nessa dinâmica, reafirma-se a importância e o lugar dos professores e gestores,
sobretudo, para superar a frágil relação que hoje se estabelece entre a escola e a
comunidade, expressa, inclusive na fragmentação dialógica do turno e contra turno. Dessa
forma, as escolas de tempo integral devem contar com uma equipe escolar que dará o
subsídio necessário para a execução, com qualidade, do processo educativo.
O Educador Social Voluntário, que subsidiará no desenvolvimento do Programa
Novo Mais Educação atuará como suporte às atividades, no atendimento direto aos
estudantes, estando sempre sob a supervisão de um professor, de acordo com sua atividade
desempenhada. Prestarão serviço nestas Unidades Escolares em regime de 20 horas
semanais, todos os dias da semana, sendo que, cada grupo de 30 estudantes fará jus a 01
agente voluntário. Assim, nas Unidades Escolares aderentes, também, do Programa de
Fomento à Implementação do Ensino Médio em Tempo Integral, os ESV poderão
participar desses momentos, subsidiando, ainda, essa etapa de ensino.
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pedagógicas de cada Unidade Escolar que ofertam a educação em tempo integral. Devem
ser garantidos nestas Unidades Escolares:
Adequação no horário de atendimento do transporte escolar, conforme horário das
escolas.
Manutenção, recursos humanos (motoristas e rodomoças) para o transporte escolar.
Atendimento em todas as escolas inseridas no projeto, com transporte escolar,
inclusive adaptado.
Além de contribuir para que a aprendizagem possa acontecer em ambiente novo,
agradável, motivador, planejado, enriquecido, fora dos muros das escolas, possibilitando
uma aprendizagem de forma lúdica e criativa, o transporte escolar deve estar à disposição
para atender aos novos horários estabelecidos pela unidade escolar, devendo, no entanto,
atentar-se ao período de deslocamento destes estudantes a suas residências, principalmente
nas escolas do campo. As escolas urbanas que tenham estudantes que dependem de
transporte escolar, deverão também atentar-se à necessidade de adequação deles.
Pois, como afirma Arroyo (2012), se um turno já é tão pesado para tantos milhões
de crianças e adolescentes condenados a opressivas reprovações, repetências, evasões,
voltas e para tão extensos deveres de casa, mais um momento restrito à sala de aula torna-
se insuportável. Por isso devemos propiciar aos estudantes a possibilidade de ampliar os
espaços educativos.
Cabe registrar, também, que, para a disponibilização de transporte escolar para as
atividades externas e sistematizadas de Educação em Tempo Integral, faz-se necessário
seguir as orientações previstas na Portaria SEE/DF nº 225 de 22/05/2017, na qual consta o
cronograma, quantitativo de estudantes, local da atividade e horário. A seguir,
apresentamos um quadro modelo para que seja encaminhada a demanda à Diretoria de
Transporte Escolar:
Tal solicitação deve ser encaminhada à Unidade de Educação Básica com vistas à
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Subsecretaria de Educação Básica para manifestação quanto a pertinência do pleito.
Vale ressaltar que a viabilização do transporte escolar para atendimento das
atividades de educação em tempo integral devem constar no cronograma previamente
analisado e validado pela Diretoria de Transporte escolar/Subsecretaria de Infraestrutura de
Apoio Escolar, uma vez que faz-se necessária a verificação de capacidade contratual de
atendimento, tendo em vista que os contratos são estimados.
78
O pagamento das despesas relacionadas deverá ser efetuado com o Cartão do PDDE,
que será fornecido pela agência bancária às UEX beneficiárias. O cartão pode ser usado
em estabelecimentos comerciais credenciados, de acordo com a bandeira do cartão,
para realização de transferências eletrônicas, ordens de crédito, pagamento de boletos
bancários e títulos e guias de recolhimento, entre outros que permitam a identificação
dos fornecedores e prestadores de serviço.
- Enquanto os cartões não forem disponibilizados pelas agências bancárias, as
UEx devem continuar utilizando cheques nominativos ao credor.
- As UEx das escolas do campo poderão optar por adotar ou não o uso do cartão.
Os prazos para prestação de contas dos recursos do PDDE seguem o cronograma abaixo:
• As UEx deverão encaminhar às SEDF a prestação de contas anual até o último
dia útil de janeiro do ano subseqüente à efetivação do crédito nas
correspondentes contas bancárias
• A SEDF tem até 30 de abril do ano subsequente ao repasse para enviar a
prestação consolidada de toda a rede ao FNDE por meio do SIGPC.
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recomposições de seus membros, devendo tais desembolsos serem registrados nas
correspondentes prestações de contas.
O que é proibido?
É vedada a aplicação dos recursos do PDDE em despesas abaixo descritas:
gastos com pessoal;
despesas com tarifas bancárias;
execução de obras que impliquem aumento de área construída, bem como
outras que necessitem avaliação técnica e aprovação da Diretoria de Obras;
pagamento de agente público da ativa por serviços prestados, inclusive
consultoria, assistência técnica e assemelhados;
combustíveis, materiais para manutenção de veículos e transportes para
atividades administrativas;
aquisição de gêneros alimentícios;
festividades, comemorações e decorações de eventos;
pagamento de água, luz e taxas;
aquisição de livros didáticos e de literatura que compõem os acervos
distribuídos pelo FNDE à escola por meio do Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD) e do Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE);
uniformes para merendeira, vigilante, estudantes, professores, por tratar-se de
benefício individual. (exceto para grupos esportivos da escola, como equipes de basquete,
futebol, handball, etc);
aquisição de produtos e/ou realização de serviços que resultem em benefícios
individuais e que não atendam ao interesse coletivo, tais como: materiais para premiação
(medalhas, troféus), materiais para doação para os estudantes (cadernos, agendas, etc.)
dispêndios com tributos federais, distritais e municipais quando não incidentes
sobre os bens adquiridos ou produzidos ou sobre serviços contratados para consecução dos
objetivos do programa.
As aquisições que a UEX realizar em desacordo com os objetivos do programa,
ficam sujeitas à devolução de recursos próprios, à conta corrente da UEx nos
termos da Resolução FNDE nº 08/2016.
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igual ou superior a um mês, ou em fundo de aplicação financeira de curto prazo ou
operação de mercado aberto, lastreada em títulos da dívida pública, se a sua utilização
ocorrer em prazo inferior a um mês, conforme Art. 15 da Resolução FNDE nº 10/2013.
Dessa forma, entende-se que a ausência de aplicação financeira dos recursos
creditados, caracteriza a perda do poder de compra do repasse feito à escola, assim, recai
sobre o gestor escolar que não investiu os valores repassados, a responsabilidade pela
devolução dos valores referentes a rendimentos não auferidos à conta da UEx nos termos
da Resolução FNDE nº 08/2016.
É muito importante certificar-se da classificação patrimonial dos produtos que se
pretende adquirir, antes até da elaboração da Ata de Prioridades, para que seja evitado o
remanejamento de valores entre as naturezas da despesa, ou seja, o gasto do repasse de
custeio para aquisição de bens permanentes e do repasse de capital para aquisição de bens
de consumo.
É vedada a utilização do recurso de custeio para o pagamento de despesas de
capital ou do recurso de capital para o pagamento de despesas de custeio, sendo essa
impropriedade sujeita à devolução de valores à conta corrente da UEx nos termos da
Resolução FNDE nº 08/2016.
A legislação que regulamenta a classificação patrimonial do Distrito Federal é a
Portaria SEFAZ/DF nº 70/2014, publicada em 03/04/2014.
No sentido de subsidiar as ações para o desenvolvimento da política de educação
em tempo integral, a SEEDF, por meio do incremento do Programa de Descentralização de
Administração Financeira – PDAF das Unidades Escolares, institui um programa de
voluntariado do GDF que teve início no ano letivo de 2012. A cada ano o programa é
regulamentado por uma Portaria específica. Tem como objetivo dar suporte às atividades
de monitoria voluntária conforme quadro de vagas por Regional de Ensino para a
Educação Infantil, Ensino Fundamental Anos Iniciais e Finais e Ensino Médio que
atendem em jornada de tempo integral.
O trabalho do Monitor é considerado de natureza voluntária (na forma da Lei nº
9.608/1998), cabendo a esta Secretaria o ressarcimento diário mensal para o auxílio
transporte e auxílio alimentação os quais serão devidos por dia de trabalho voluntário. A
monitoria terá duração de 20 (vinte) horas semanais, de segunda a sexta-feira, em horários
81
e turnos a serem definidos pela Unidade Escolar de acordo com a necessidade de
atendimento.
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Tempo Integral pressupõe não apenas repensar as concepções e princípios avaliativos, mas
também e, principalmente, pensar a própria escola, suas finalidades e sua função social.
Vasconcellos (1993) já alertava sobre a relação intrínseca entre ensino e avaliação
na medida em que não dá para ensinar autenticamente sem avaliar. Para o autor, o melhor
procedimento de avaliação é o procedimento de ensino. Se acreditamos que o
conhecimento novo se dá a partir de um nível de desenvolvimento real, a primeira coisa a
se fazer no ensino é investigar o conhecimento anterior dos estudantes. Neste sentido, a
avaliação está intimamente relacionada com o processo de ensino. Avaliar para
implementar a política de Educação em Tempo Integral é possibilitar a ampliação e a
qualificação dos procedimentos de ensino, com vistas à melhoria da qualidade das
aprendizagens.
A avaliação do estudante a ser realizada pelo professor e pela equipe pedagógica
deve assumir um caráter processual, formativo e participativo; ser contínua, cumulativa e
diagnóstica. Para subsidiar o processo avaliativo, as Unidades Escolares têm como
parâmetro o que determina a Lei de Diretrizes e Bases - LDB, as Diretrizes de Avaliação da
Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal - SEEDF - e o Currículo da
Educação Básica. Desta forma, o que se almeja é possibilitar ao estudante compreender,
raciocinar, analisar, criticar e propor questões relevantes para a sua própria formação como
cidadão, bem como elaborar propostas de intervenção na realidade, com ética e cidadania,
considerando a diversidade sociocultural como inerente à condição humana no mundo e na
história.
Assim sendo, a avaliação representa parte integrante e integralizadora do processo
educativo, devendo ser vista como eixo condutor da organização do trabalho pedagógico.
Com base nessa compreensão, a função formativa da avaliação é assumida pela SEEDF
como a mais adequada à oferta de uma educação pública democrática, inclusiva e
emancipatória, conforme estabelecem as Diretrizes de Avaliação Educacional:
aprendizagem, institucional e em larga escala, 2014 – 2016 (DISTRITO FEDERAL,
SEEDF)
A partir dessa concepção, a política de Educação em Tempo Integral prevê, em sua
implantação, a realização da avaliação diagnóstica com o objetivo de:
a) verificar as competências e habilidades dos estudantes em relação às
aprendizagens;
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b) identificar os estudantes com defasagem de aprendizagem e proceder à
intervenção pedagógica;
c) observar seu comportamento no seu relacionamento interpessoal (a timidez, a
agressividade, a impulsividade, a desatenção, o baixo nível de autoestima etc).
Para acompanhar o processo de desenvolvimento dos estudantes, algumas práticas
podem ser realizadas a partir de planejamento individual e/ou coletivo da equipe
gestora/professores, quais sejam:
análises reflexivas sobre evidências de aprendizagens, a partir de
questionamentos como: o estudante apresentou avanços, interesses,
desenvolvimento nas diferentes áreas de conhecimento? As tarefas avaliativas e
as observações feitas permitem perceber avanços em que sentido? O estudante
ou grupos de estudantes precisam de mais tempo ou de mais atenção dos
professores para alcançar as aprendizagens necessárias? Que tipo de
intervenção é necessário para que isso ocorra? Compreendem-se as razões
didáticas, epistemológicas, relacionais de o estudante não avançar na direção
esperada?
organização de situações para que estudantes e professores se conheçam melhor
e conversem sobre a escola que desejam. Para isso, dinâmicas de grupo podem
ser planejadas pelo coletivo de professores e coordenação pedagógica. Esse
procedimento pode fazer parte da avaliação diagnóstica inicial realizada no
início do ano letivo, das avaliações institucionais realizadas ao longo dele, ou
sempre que for necessário.
registro de aspectos que permitam acompanhar, intervir e promover
oportunidades de aprendizagem a cada estudante, sem perder a atenção ao
grupo como um todo. Os registros podem ser feitos pelos profissionais do SOE,
SEAA, Sala de Recursos, coordenação pedagógica e professores ou pelos
próprios estudantes em um processo de autoavaliação.
observação e anotação do que os estudantes “ainda” não compreenderam, do
que “ainda” não avançaram, do que “ainda” necessitam de maior atenção e
orientação, por meio de registros no Diário de Classe e em outros instrumentos,
como por exemplo, o portfólio construído com essa finalidade. Essa prática
84
possibilita aos professores que lidam com um mesmo estudante, ou grupos de
estudantes, conhecê-los melhor para definir estratégias conjuntas; sugerir novas
atividades e/ou tarefas interdisciplinares. A observação como procedimento
avaliativo permite localizar cada estudante ou grupo de estudantes em seu
momento e trajetos percorridos, alterando o enfoque avaliativo unilateral para
uma visão participativa, ética e inclusiva.
85
nesta, o foco é, predominantemente, no conteúdo ensinado, aquela avalia para ajudar o
aluno a aprender mais e melhor e para o professor conseguir mais eficácia em suas ações
pedagógicas. E tem como objetivo principal promover intervenções, à medida que o
trabalho pedagógico acontece, haja vista a intenção ser de a “avaliar para garantir algo e
não apenas para coletar dados sem comprometimento com o processo.” Na avaliação da
aprendizagem, a verificação das aprendizagens é feita em um determinado período, não
necessariamente com o intuito de realizar intervenções para melhorias na aprendizagem do
estudante, mas apenas para sintetizá-la e promover classificação do aluno; (VILLAS
BOAS, 2012 in CURRÍCULO EM MOVIMENTO-SEEDF-2014).
O fato é que, para que o processo de avaliação para as aprendizagens se consolide,
é de fundamental importância que haja, por parte de todos os profissionais envolvidos,
ações em conjunto que promovam, principalmente nos espaços da coordenação
pedagógica, discussão, reflexão e estudos contínuos acerca da prática de avaliação, uma
vez que os desafios são constantes.
Ademais, na maioria dos casos, faz-se necessário haver mudança de paradigmas
nos procedimentos de avaliação, posto que avaliar implica analisar dados dos estudantes (e
os estudantes); então, pressupõe-se que o avaliador deve conhecer alguns princípios
fundamentais do ato de avaliar, reconhecer aspectos importantes dessa análise antes de se
proceder a uma avaliação; deve, também, identificar os objetivos estabelecidos no processo
de ensino e de aprendizagem do objeto em estudo para, finalmente, decidir a modalidade
mais adequada para uma avaliação eficaz, que possibilite apontar não só os erros mas
também os acertos. Afinal avaliar é fazer “julgamento de valor sobre manifestações
relevantes da realidade tendo em vista uma tomada de decisão”. (LUCKESI, 2002, p.5). A
partir dessa tese, convém, também em conjunto, selecionar estratégias pedagógicas
adequadas às intervenções que deverão ser feitas para minimização ou superação das
deficiências diagnosticadas, sem deixar de ressaltar as competências constatadas.
Seguindo o Regimento da SEEDF, orienta-se que os instrumentos/procedimentos
a serem adotados para a realização de atividades avaliativas deverão ser planejados e
desenvolvidos por professores, coordenadores, orientadores educacionais e equipe gestora
‒ com ou sem a participação do estudante ‒, a fim de promover uma análise reflexiva sobre
as aprendizagens. Assim, a Unidade Escolar é quem definirá como a avaliação deverá ser
realizada dentro da organização do trabalho pedagógico, de modo que possibilite o
86
acompanhamento e a intervenção para a promoção do direito às aprendizagens do
estudante.
Dessa forma, é condição sin ne qua non considerar todos os elementos pertinentes
e necessários à prática de avaliação, no que tange à aprendizagem do estudante e aos
processos para as aprendizagens, para estabelecer a operacionalização dos critérios para os
resultados e para os processos de promoção do estudante, bem como os estudos para
recuperação, progressão parcial, avanços de estudos, matrícula, transferência,
aproveitamento, adaptação e equivalência de estudos. Quanto à avaliação dos componentes
curriculares que integram a Parte Flexível, a orientação é que os resultados dessa avaliação
não poderão ser considerados para efeito de retenção ou reprovação dos estudantes.
Por fim, as Unidades Escolares devem adotar as regras de avaliação expressas no
Regimento Escolar da Rede Pública de Ensino do Distrito Federal, aprovado pela Portaria
nº 15/2015 ‒ SEEDF, por ser o documento orientador da aplicação da legislação vigente e
garantidor do planejamento para o aperfeiçoamento sustentável do trabalho técnico-
pedagógico, realizado pelas Unidades Escolares; e por resguardar as normas e
regulamentações em vigor, nele prescritas, pois é a aplicação do Regimento Escolar que
legitima os atos escolares, as tomadas de decisões e a execução de ações comuns a toda
Rede Pública de Ensino do Distrito Federal.
O MONITORAMENTO E
ACOMPANHAMENTO
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monitorar, acompanhar e avaliar a implementação, os produtos e resultados
alcançados; - realizar a análise dos dados coletados e divulgar o resultado;
capacitar os coordenadores/equipe técnico-pedagógico das Coordenações
Regionais de Ensino.
Esfera Regional – CRE: Equipe da Coordenação Regional de Ensino,
responsáveis pela orientação e acompanhamento do desenvolvimento da Educação em
Tempo Integral, tem como atribuições:
ser o articulador entre a Esfera Central (SEE) e Esfera Local;
dar apoio pedagógico às escolas e capacitar os professores, pedagogos e diretores;
orientar as escolas na elaboração do projeto e acompanhar a execução do plano de
trabalho;
monitorar, acompanhar e avaliar de forma contínua e sistemática.
Esfera Local – UE: Equipe da Unidade Escolar – Conselho Escolar. Ao longo
do ano, todo o projeto deverá ser monitorado e, bimestralmente, o estudante será avaliado,
momento em que os relatórios qualitativos do rendimento escolar serão formalmente
apresentados aos pais e coletados para analise.
A Educação em Tempo Integral contará com um sistema acompanhamento das
suas ações, de modo a viabilizar a comunicação entre a equipe gestora e a equipe
operacional. O sistema informatizado, utilizado como recurso de apoio às atividades do
Projeto, tem a finalidade de tornar mais ágil e eficaz o processo de comunicação através do
cadastramento de recursos humanos, de material, de dados de identificação de estudantes,
de cronograma de atividades diárias e eventos, de gerenciamento de recursos financeiros,
de parceiros, além de disponibilizar outros espaços interativos.
A implementação da política de Educação em Tempo Integral implica enfrentar
diversos desafios como, por exemplo, a organização dos espaços e tempos escolares, haja
vista a ampliação da estadia dos estudantes na escola, rever os métodos e a prática
pedagógica docente, diagnosticar as possibilidades educativas dentro e fora do espaço
escolar, refletir e discutir sobre os diversos pontos de vista da equipe escolar, entre outros.
Para que isso aconteça, de forma efetiva, é necessário o envolvimento e o
compromisso de todos, sendo imprescindível trazer a comunidade escolar para dentro da
escola e envolvê-la no processo educativo. No entanto, não se pode esquecer de que a
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educação em tempo integral precisa ser instigante, de modo que desafie e estimule a
participação de todos os profissionais envolvidos, para que contribuam em todos os
aspectos do processo de educação e formação dos estudantes. É preciso pensar e
implementar ações em parceria com toda a equipe de trabalho, ouvir as famílias, os
estudantes, bem como abrir os portões da Unidade Escolar para dialogar com aqueles que,
em alguma medida, são ou se sentem responsáveis com uma educação de qualidade no
referenciada no Distrito Federal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
91
REFERÊNCIAS
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DISTRITO FEDERAL. Decreto Nº 33.329, de 10 de novembro de 2011. Regulamenta a
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