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A emergência do infinito
12/05/2017 02h50
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"Toda nossa época, quer seja pela lógica ou pela epistemologia, quer
seja por meio de Marx ou de Nietzsche, tenta escapar de Hegel (...) Mas
realmente escapar de Hegel supõe apreciar de maneira exata quanto
custa se desvincular dele; supõe saber até onde Hegel, talvez de
maneira insidiosa, aproximou-se de nós; supõe saber o que é ainda
hegeliano naquilo que nos permite pensar contra Hegel e medir em que
nosso recurso contra ele é ainda uma astúcia que ele mesmo nos opõe e
ao final da qual ele mesmo nos espera, imóvel".
Para tanto, era necessário, primeiro, lembrar que tais leis puras do
pensamento não são metafisicamente neutras. Elas são a expressão de
toda uma metafísica que, de maneira insidiosa, se faz passar por forma
natural de pensar. Como se Hegel adiantasse em décadas a intuição de
Nietzsche, para quem: "Nunca nos desvencilharemos de Deus
enquanto acreditarmos na gramática". Pois a gramática define um
modo de ser, ela nos diz, por exemplo, que para todo predicado deve
haver um sujeito, para todo efeito deve haver uma causa. Ela cria
mundos, como Deus.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/vladimirsafatle/2017/05/1883080-a-
emergencia-do-infinito.shtml