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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Número do 1.0344.15.004653-2/001 Númeração 0046532-


Relator: Des.(a) Mariangela Meyer
Relator do Acordão: Des.(a) Mariangela Meyer
Data do Julgamento: 24/04/2018
Data da Publicação: 07/05/2018

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE COBRANÇA - DPVAT -


PRESCRIÇÃO - ARTIGO 206, § 3º INCISO IX DO CÓDIGO CIVIL - MARCO
INICIAL - PAGAMENTO ADMINISTRATIVO - PRESCRIÇÃO
RECONHECIDA - INTERRUPÇÃO DO PRAZO QUE SÓ PODE OCORRER
UMA ÚNICA VEZ - INTELIGÊNCIA DO ART. 202 DO CÓDIGO CIVIL -
SENTENÇA MANTIDA - RECURSO NÃO PROVIDO.

- "O prazo de prescrição para o recebimento da complementação do Seguro


DPVAT é trienal (art. 206, § 3º, inciso IX, Código Civil) - porque trienal
também é o prazo para o recebimento da totalidade do seguro - e se inicia
com o pagamento administrativo a menor, marco interruptivo da prescrição
anteriormente iniciada para o recebimento da totalidade da indenização
securitária (art. 202, inciso VI, Código Civil)" (STJ, AgRg no AREsp
122.012/SP).

- Na espécie, forçoso reconhecer a ocorrência de prescrição, pois o


ajuizamento da ação se deu depois de ultrapassado o prazo de três anos do
pagamento administrativo que o autor entende ter sido feito a menor.

- Ainda que o autor tenha ajuizado ação de cobrança junto ao Juizado


Especial, a citação válida naquele Juízo não interrompe a prescrição, tendo
em vista que o pagamento administrativo anterior é considerado o marco
interruptivo da prescrição, que somente poderá ocorrer uma única vez,
conforme caput do artigo 202 do CC.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0344.15.004653-2/001 - COMARCA DE ITURAMA -


APELANTE(S): EZIO DIAS DE OLIVEIRA - APELADO(A)(S):
SEGURADORA LÍDER DOS CONSÓRCIOS DO SEGURO DPVAT S/A

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ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 10ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de


Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos,
em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.

DESA. MARIÂNGELA MEYER

RELATORA.

DESA. MARIÂNGELA MEYER (RELATORA)

VOTO

Trata-se de recurso de apelação interposto por EZIO DIAS DE OLIVEIRA


contra a sentença de fls. 102/105 proferida pelo MM. Juiz da 1ª Vara Cível da
Comarca de Iturama que, nos autos da ação de cobrança ajuizada em face
de SEGURADORA LÍDER DOS CONSÓRCIOS DO SEGURO DPVAT S/A,
julgou extinto o feito por reconhecer a prescrição, com fundamento no artigo
487, inciso II do CPC. Condenou o autor ao pagamento das custas e
honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor da causa, suspensa a
exigibilidade tendo em vista que a parte litiga sob o pálio da justiça gratuita.

Entende o autor, que não há se falar em prescrição, uma vez que o prazo
prescricional foi suspenso em razão da propositura da ação de cobrança no
juizado especial.

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Aduz que a tabela utilizada para se apurar o grau de invalidez incorreu


em severas injustiças, acrescentando que no próprio site da SUSEP informa
que referida tabela apresenta apenas os percentuais mínimos, não estando
as seguradoras obrigadas a segui-la, mas apenas respeitá-la como
parâmetro.

Impugna o pagamento recebido administrativamente, suscitando dúvidas


quanto ao percentual apurado pelo perito da própria seguradora.

Requer o provimento do recurso de apelação, para que seja reformada a


sentença, afastando-se a prescrição. Em consequência, pugna pela
procedência do pedido inicial, condenando-se a recorrida ao pagamento do
valor da indenização total do seguro, bem como nas custas e honorários
advocatícios.

Sem preparo.

Contrarrazões apresentadas pela seguradora às fls. 120/124,


oportunidade em que se manifestou pela manutenção da sentença.

Relatado, examino e, ao final, decido.

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Presentes os pressupostos objetivos e subjetivos de admissibilidade,


conheço do recurso.

Recebo a apelação com fundamento no artigo 1.012 do CPC.

Trata-se de indenização oriunda do Seguro DPVAT, na qual EZIO DIAS


DE OLIVEIRA pretende receber a complementação da indenização referente
ao seguro no valor de R$ 12.150,00 (doze mil cento e cinquenta reais), bem
como indenização por danos morais diante do atraso no pagamento integral
do seguro pela seguradora.

O magistrado primevo reconheceu a prescrição do direito do autor e


julgou extinto feito com julgamento do mérito.

Inconformado, recorre o autor, defendendo a ausência de prescrição no


presente caso, pugnando pelo prosseguimento e consequente condenação
da seguradora.

Dúvida não se tem de que prescreve em três anos a pretensão do


segurado contra o segurador, em caso de cobrança de seguro DPVAT, de
acordo com o disposto no art. 206, IX, § 3º, do CC/02, a saber:

"Art. 206 - Prescreve:

(...)

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§ 3º - Em três anos:

(...)

IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro


prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório."

Com efeito, em se tratando de pretensão indenizatória de seguro DPVAT


por invalidez, o termo inicial para a contagem do prazo prescricional é aquele
da ciência inequívoca pelo segurado de sua invalidez permanente.

Nesse sentido, foi inclusive editada a súmula 278 do STJ, que assim
estabelece:

"O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em


que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral."

Ressalto que, para a verificação da data de início do prazo prescricional,


não há exigência legal de que o segurado tenha se submetido a tratamento
médico entre a data em que ocorreu o acidente de trânsito e a constatação
de sua invalidez definitiva, nos termos do julgado do Resp nº 1.388.030/MG,
julgado como representativo da controvérsia.

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Todavia, no caso dos autos, constata-se uma peculiaridade a ser


observada, pois, conforme documento de fl. 26, em 17/05/2012, a apelada
procedeu ao pagamento administrativo da indenização securitária.

Disso resulta a contagem de novo prazo prescricional a partir desse


pagamento administrativo.

Desse modo, o termo inicial do prazo de prescrição, agora para a


cobrança da diferença de indenização paga a menor ao autor a título do
seguro obrigatório DPVAT, é a data do aludido pagamento parcial.

Nesse sentido o colendo Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do


REsp de n° 1.418.347/MG, submetido ao rito do art. 543-C do CPC/73, já
assentou entendimento, restando pacificado que o pagamento administrativo
configura causa interruptiva da prescrição, consoante o disposto no art. 202,
VI, do Código Civil.

Veja-se a ementa de referido julgado:

RECURSO ESPECIAL. REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. AÇÃO


DE COBRANÇA. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT. COMPLEMENTAÇÃO
DE VALOR. PRESCRIÇÃO. PRAZO TRIENAL. SÚMULA Nº 405/STJ.
TERMO INICIAL. PAGAMENTO PARCIAL. 1. A pretensão de cobrança e a
pretensão a diferenças de valores do seguro obrigatório (DPVAT)
prescrevem em três anos, sendo o termo inicial, no último caso, o pagamento
administrativo considerado a menor. 2. Recurso especial

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provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da


Resolução/STJ nº 8/2008.

No caso em apreço, portanto, a data do pagamento administrativo a


menor é considerada o marco inicial para a contagem do prazo prescricional
para o ajuizamento da presente ação de cobrança de complementação da
indenização do seguro DPVAT.

Nesse passo, o autor tinha até o dia 17/05/2015 para ajuizar a presente
ação de cobrança do seguro DPVAT, o que não ocorreu, tendo em vista que
a ação somente foi ajuizada em 21/07/2015, estando, pois, configurada a
prescrição de fundo de direito.

Nesse sentido, já se manifestou este Tribunal:

"APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. DPVAT. INVALIDEZ


PERMANENTE. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. DATA DO PAGAMENTO
A MENOR.

- Consoante entendimento do STJ, sedimentado pela Súmula 573, "Nas


ações de indenização decorrente de seguro DPVAT, a ciência inequívoca do
caráter permanente da invalidez, para fins de contagem do prazo
prescricional, depende de laudo médico, exceto nos casos de invalidez
permanente notória ou naqueles em que o conhecimento anterior resulte
comprovado na fase de instrução."

- A formulação de pedido administrativo de recebimento da indenização


securitária suspende o prazo prescricional, voltando o prazo a fluir após a
resposta definitiva da seguradora.

- Havendo pagamento em quantia inferior à pleiteada, tem-se como

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indeferido o pedido de indenização integral.

- A data do pagamento administrativo a menor é o termo inicial do prazo


prescricional para o ajuizamento da ação que visa o recebimento de sua
complementação. (TJMG - Apelação Cível 1.0702.08.455167-1/002,
Relator(a): Des.(a) Aparecida Grossi , 16ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
03/05/2017, publicação da súmula em 12/05/2017)

"APELAÇÃO CÍVEL - SEGURO DPVAT - ACIDENTE DE VEÍCULO -


INDENIZAÇÃO - RECEBIMENTO ADMINISTRATIVO - PRESCRIÇÃO
TRIENAL - OCORRÊNCIA - SÚMULA 405, DO STJ - TERMO INICIAL -
DATA DO PAGAMENTO NA VIA ADMINISTRATIVA.

- As pretensões de cobrança do seguro obrigatório (DPVAT) e de eventuais


diferenças prescrevem em três anos, sendo o termo inicial, no último caso, o
pagamento administrativo considerado a menor. (TJMG - Apelação Cível
1.0000.17.017020-3/001, Relator(a): Des.(a) Roberto Vasconcellos , 17ª
CÂMARA CÍVEL, julgamento em 13/07/0017, publicação da súmula em
17/07/2017)

Conforme colhe-se dos autos, o acidente que vitimou o autor ocorreu em


20/01/2011 e o pagamento administrativo foi realizado em 17/05/2012 (fl.26),
ao passo que a presente ação somente foi ajuizada em 21/07/2015 (f. 02-v).

Assim, forçoso reconhecer a ocorrência de prescrição, pois o ajuizamento


da ação se deu depois de ultrapassado o prazo de três anos do pagamento
administrativo que o autor entende ter sido feito a menor.

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Não se descura que o autor ajuizou ação junto ao Juizado Especial, em


22/10/2012, conforme se vê à fl. 29-v, todavia, conforme disposto no artigo
202 do Código Civil, a interrupção da prescrição somente poderá ocorrer
uma vez e, no caso dos autos, a mesma ocorreu quando do pagamento
administrativo, supostamente feito a menor, nos termos do que determina o
inciso VI do aludido dispositivo legal.

Veja-se:

Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez,
dar-se-á:

(...)

VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe


reconhecimento do direito pelo devedor.

Como dito, tendo havido pagamento administrativo, o marco inicial da


prescrição é esse pagamento e não a citação válida no processo que
tramitou no Juizado Especial, tendo em vista que o pagamento realizado pela
seguradora é o primeiro e único marco interruptivo da prescrição, que só
poderá ser obstada uma única vez, conforme artigo 202 do CC.

Nesse sentido, já se manifestou este Tribunal:

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE COBRANÇA - SEGURO DPVAT --


REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO - PRESCRIÇÃO - OCORRÊNCIA. Em
se tratando de ação na qual se busca a complementação indenização do
seguro DPVAT, o prazo prescricional começa a fluir no momento

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em que a seguradora comunica ao beneficiário o resultado do requerimento


administrativo, devendo-se aplicar as disposições do art. 206, §3º do Código
Civil. Restando evidenciado o decurso do prazo trienal, é de se reconhecer a
ocorrência da prescrição, a qual se interrompe uma única vez. Recurso
provido. (TJMG - Apelação Cível 1.0701.10.015568-1/001, Relator (a):
Des.(a) Amorim Siqueira , 9ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 03/05/2016,
publicação da súmula em 01/06/2016)

Destarte, há de ser mantida a sentença que reconheceu a prescrição da


pretensão do autor.

Ante ao exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo a bem


lançada sentença.

Custas recursais pelo autor, suspensa a exigibilidade tendo em vista que


o mesmo litiga sob o pálio da justiça gratuita.

Com fundamento no §11 do artigo 85 do CPC, majoro os honorários


advocatícios para 11% sobre o valor atualizado da causa, igualmente
suspensa a exigibilidade.

É como voto.

DES. VICENTE DE OLIVEIRA SILVA - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. MANOEL DOS REIS MORAIS - De acordo com o(a) Relator(a).

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SÚMULA: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO."

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