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DESENHO TÉCNICO

PROFESSORES
Me. Patricia Bruder Barbosa Olini
Esp. Lucas Kauê Babetto Mendes
Sandra G. Marques
DESENHO TÉCNICO

NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


FURLAN, Ana Paula; OLIVEIRA, Denis Martins de; SANTOS, Vanessa
Barbosa dos.
Desenho Técnico. Patricia Bruder Barbosa Olini; Lucas Kauê Babetto
Mendes; Sandra G. Marques.
(Reimpressão)
Maringá - PR.:UniCesumar, 2017.
178p.
“Graduação em Design - EaD”.
1. Desenho. 2. Técnico. 3. Design EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-0448-9
CDD - 22ª Ed. 720
CIP - NBR 12899 - AACR/2

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho, Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha,
Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Mercado Hilton Pereira, Direção de Polos
Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de Relacionamento
Alessandra Baron, Gerência de Produção de Conteúdo Juliano de Souza, Supervisão do Núcleo de
Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Coordenador(a) de Conteúdo Larissa Camargo,
Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Thayla Daiany Guimarães Cripaldi, Designer
Educacional Maria Fernanda Vasconcelos, Ana Claudia Salvadego Revisão Textual Yara Dias, Gabriel
Bruno Martins Ilustração Bruno Pardinho, Marta Kakitani Fotos Shutterstock.

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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande as demandas institucionais e sociais; a realização
desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, de uma prática acadêmica que contribua para o
informação, conhecimento de qualidade, novas desenvolvimento da consciência social e política e, por
habilidades para liderança e solução de problemas fim, a democratização do conhecimento acadêmico
com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência com a articulação e a integração com a sociedade.
no mundo do trabalho. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: ser reconhecida como uma instituição universitária
as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará de referência regional e nacional pela qualidade
grande diferença no futuro. e compromisso do corpo docente; aquisição de
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume competências institucionais para o desenvolvimento
o compromisso de democratizar o conhecimento por de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos universitária; qualidade da oferta dos ensinos
brasileiros. presencial e a distância; bem-estar e satisfação da
No cumprimento de sua missão – “promover a comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica
educação de qualidade nas diferentes áreas do e administrativa; compromisso social de inclusão;
conhecimento, formando profissionais cidadãos que processos de cooperação e parceria com o mundo
contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade do trabalho, como também pelo compromisso
justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar e relacionamento permanente com os egressos,
busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com incentivando a educação continuada.
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à A apropriação dessa nova forma de conhecer


Comunidade do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores de
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas tecnologia que temos e que está disponível.
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
atemporal, global, democratizado, transformado pelas modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, que não as portas para melhores oportunidades. Como já disse
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Kátia Solange Coelho


Diretoria Operacional de Ensino

Fabrício Lazilha
Diretoria de Planejamento de Ensino

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível crescimento e construção do conhecimento deve
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
CURRÍCULO DOS PROFESSORES

Mestre Patricia Bruder Barbosa Olini

Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Estadual


de Maringá, UEM, (2005) e especialização pela Universidade Estadual de
Londrina, UEL, (2008). Mestre em arquitetura e urbanismo, UEM/UEL
(2016) atua, desde 2012, como docente do curso de Arquitetura e Urba-
nismo do Centro Universitário de Maringá (Unicesumar).

Especialista Lucas Kauê Babetto Mendes

Possui graduação em Design de Interiores pelo Centro Universitário de


Maringá, Unicesumar (2013), e especialização em Metodologia do Ensi-
no de Artes, também pela Unicesumar. Atua, desde 2014, como docente
do curso de Design de Interiores do Centro Universitário de Maringá
(Unicesumar).
CURRÍCULO DOS PROFESSORES

Sandra G. Marques

Possui graduação em design de Interiores pelo Centro Universitário de


Maringá, Unicesumar (2012), curso Profissionalizante em Decoração,
Decoração de Ambientes, pela Criart Escola de Artes Decorativas, em
Porto Alegre (2010), curso de Formação em Visual Merchadising/Vitri-
nismo, pelo SENAC, Canoas-RS (2010), e atualmente é aluna do curso de
especialização em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável pelo
UNINTER - Centro Universitário Internacional.
apresentação do material

DESENHO TÉCNICO
Lucas Kauê Babetto Mendes; Patricia Bruder Barbosa Olini; Sandra G. Marques

Olá, aluno(a) de design de interiores! É com grande prazer que damos início ao
conteúdo de desenho técnico, conteúdo tão importante para a sua futura prática
profissional.

Imagino que, quando você optou pela formação superior em design de interiores,
estava em busca do aprimoramento técnico, do diferencial de mercado, enten-
dendo que um título de graduação traz não apenas a satisfação dessa realização,
mas também uma carga de conhecimentos que o coloca a um patamar acima. O
desenho técnico vem ao encontro dessa busca, quando apresenta para você uma
forma profissional de apresentar os seus projetos, não apenas aos seus futuros
clientes, mas a todos os envolvidos no processo de um projeto de interiores, da
elaboração de ideias à execução delas.

Dessa maneira, na primeira unidade, você será introduzido(a) ao desenho técnico,


conhecerá os instrumentos utilizados para sua elaboração, as orientações sobre
como utilizá-los adequadamente. Conhecerá também as normas técnicas refe-
rentes ao desenho do ambiente construído, aplicando-as ao desenho de margens,
carimbo e escrita técnica, além de receber recomendações para o bom planeja-
mento e apresentação da prancha de desenho. Ainda nessa unidade, aprenderá a
reconhecer os diferentes tipos de traços e suas respectivas aplicações no desenho
técnico, os conceitos básicos referentes às escalas de redução e ampliação, bem
como a cotagem de projetos.

Já na segunda unidade, apresentaremos a você as projeções ortogonais e perspectiva


isométrica, definindo o que são essas técnicas de representação e sua importância
para o projeto de interiores. Você conhecerá os tipos de planos e vistas ortogonais,
assim como quando aplicá-las em seus projetos.
Na terceira unidade, entraremos nas especificidades do desenho técnico de mobi-
liário, compreendendo os padrões de detalhamento de móveis, a partir de vistas
ortogonais, a técnica de hachuras para representação de materiais de construção
e acabamento e o desenvolvimento de detalhamento tridimensionais, com pers-
pectivas isométricas explodidas.

Chegaremos, então, à quarta unidade, quando apresentaremos a você a planta


baixa, umas das representações mais importantes quando se trata de desenho
técnico de interiores. Para isso, você irá conhecer e identificar as diferentes formas
de representação arquitetônica, ler e entender uma planta baixa, sendo capaz de,
interpretando suas convenções, formar uma imagem mental da edificação repre-
sentada, além de ter uma compreensão clara de escalas e cotas, que lhe permitam
dimensionar corretamente o projeto representado.

E, para finalizar, na última unidade, iremos estudar sobre a representação de pa-


redes, com as técnicas de cortes, vistas e perspectivas que são diferentes maneiras
de representação de uma parede, aplicadas a cada situação de projeto, em que
você irá especificar elementos relacionados, incluindo materiais de acabamento e
revestimento dessas paredes.

E, assim, finalizaremos o livro de desenho técnico, produzido especialmente para o


curso superior de tecnologia em design de interiores da Unicesumar, com a certeza
de que, com esses conhecimentos, você estará mais próximo das etapas seguintes,
que logo chegarão, do projeto de interiores em sí, sabendo como representá-lo de
forma profissional e técnica.

Desejamos a você, aluno(a), sucesso profissional, cheio de plantas-baixa, cortes,


elevações, perspectivas, hachuras e cotas!
sum ário

UNIDADE I UNIDADE IV
INTRODUÇÃO AO DESENHO TÉCNICO PLANTA BAIXA
16 Material e Instrumentos de Desenho 118 Representação Gráfica: Breve Histórico
30 Normas Técnicas e a Apresentação da 119 Desenho Arquitetônico
Prancha
127 Layout Técnico
38 Linhas de Representação, Escalas e Cotas
132 Cotas e Especificações
48 Considerações Finais
135 Elementos de Construção: Portas e Janelas
137 Layout Humanizado
UNIDADE II
140 Considerações Finais
PROJEÇÃO ORTOGONAL E PERSPECTIVA
ISOMÉTRICA
64 Breve Histórico da Geometria Descritiva
UNIDADE V
66 Definição e Tipos de Projeção
PAREDES: CORTES, VISTAS E PERSPECTIVAS
68 Projeção Ortogonal
152 Cortes e Vistas
71 Vistas Ortogonais
159 Paginação de Paredes
72 Definição e Tipos de Perspectiva
163 Perspectiva Isométrica de Ambientes
74 Perspectiva Isométrica
167 Considerações Finais
79 Considerações Finais

UNIDADE III
178 CONCLUSÃO GERAL
DESENHO TÉCNICO DE MOBILIÁRIO
90 Vistas Ortogonais de Mobiliário
97 Hachuras
100 Perspectiva Isométrica Explodida
103 Detalhes
104 Considerações Finais
INTRODUÇÃO AO
DESENHO TÉCNICO

Professora Me. Patricia Bruder Barbosa Olini

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Material e instrumentos de desenho
• Normas técnicas e a apresentação da prancha
• Linhas de representação, escalas e cotas

Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar o material e os instrumentos de desenho
técnico e dar orientações sobre como utilizá-los
adequadamente.
• Conhecer as normas técnicas referentes ao desenho do
ambiente construído e aplicá-las ao desenho de margens,
carimbo e escrita técnica.
• Conhecer as recomendações para o bom planejamento e
apresentação da prancha de desenho.
• Reconhecer os diferentes tipos de traços e suas respectivas
aplicações no desenho técnico.
• Conhecer e aplicar os conceitos básicos referentes às
escalas de redução e ampliação, bem como para cotagem
de projetos.
unidade

I
INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Esta unidade tem como objeti-
vo introduzi-lo(a) nas práticas e recomendações para o desenho técnico
manual. A ideia é que você aprenda, primeiramente, os conceitos e fun-
damentos básicos da comunicação por meio do desenho para que, nas
próximas unidades, possa aplicá-los nas atividades propostas, voltadas à
representação gráfica do ambiente construído.
Independentemente se o desenho é realizado manualmente ou com o
auxílio do computador, é necessário que você aprenda as regras, conven-
ções e normas técnicas referentes a ele para, posteriormente, comunicar
suas ideias de projeto com clareza e de forma que possibilite fácil com-
preensão. Para que isso seja possível, você deve desenhar com frequên-
cia, a exemplo de qualquer ofício que nos propomos a aprender, como
tocar um instrumento musical, que exige muita prática e persistência.
Quanto maior é a prática, maior é o rigor que você, aluno(a), desenvolve
na confecção e avaliação de desenhos técnicos, o que também o levará ao
domínio do traço: o futuro designer deve saber se expressar por meio do
desenho, o que também o auxiliará na concepção de novas ideias.
Antes de mais nada, é necessário conhecer quais são os instrumentos
de desenho técnico manual e como utilizá-los da forma mais adequada.
É importante ressaltar que esta unidade trabalhará com o desenho ex-
clusivamente manual, porém sempre com o auxílio de instrumentos – o
desenho à mão livre será abordado em outra(s) unidade(s). Em seguida,
trataremos de recomendações para que a prancha de desenho tenha uma
boa apresentação, por meio das margens, carimbo e escrita técnica, bem
como do reconhecimento dos diferentes tipos de traços e da distribuição
e planejamento dos desenhos na folha. Como resultado, finalizaremos
esta unidade com a aplicação dos conceitos apresentados, por meio do
desenho de objetos com escalas distintas, com a respectiva indicação de
suas dimensões.
DESENHO TÉCNICO

Material e Instrumentos
de Desenho
Caro(a) aluno(a), para começar, você deve ter acesso derá aproveitar no dia a dia da profissão.
aos instrumentos básicos de desenho manual, para Alguns cuidados são necessários na aquisição,
desenvolver as atividades propostas. Portanto iremos, manutenção e utilização dos instrumentos de dese-
inicialmente, conhecer quais são esses instrumentos e nho, o que influencia na execução e apresentação do
materiais, a finalidade de cada um, bem como apren- projeto como um todo. Yee (2014, p. 1) alerta que
der a forma mais adequada de utilização deles. Na Era as “ferramentas de desenho devem ser tratadas com
da computação gráfica, não há necessidade de inves- grande zelo, objetivando o aumento de sua vida útil”,
tirmos em materiais de alto custo, como, por exem- tendo em vista também o investimento realizado.
plo, canetas de nanquim, gabaritos dos mais diversos, Para Bortolucci e Porto (2005, p. 55), “a forma cor-
entre outros instrumentos. O intuito é proporcionar reta de manuseio dos instrumentos evita a impreci-
a você os conhecimentos básicos, o que será realizado são, a lentidão, as dificuldades na construção do de-
com instrumental mais simples, muitos dos quais po- senho e a baixa qualidade da apresentação gráfica”.

16
DESIGN

A listagem a seguir apresenta os instrumentos e que a folha, considerando o espaço necessário para
materiais básicos de desenho manual. Os primeiros a régua paralela ou régua T – abordadas a seguir – e
materiais apresentados são obrigatórios, necessários para os instrumentos de desenho. As menores pran-
ao desenvolvimento das atividades a serem propos- chetas disponíveis no mercado, adequadas a esse
tas. Alguns instrumentos, no entanto, são opcionais, tamanho de folha, possuem, em média, 420 x 520
conforme indicação, ou seja, facilitam o desenvolvi- mm. O formato A3 é suficiente para as atividades
mento do desenho, porém, caso você não os tenha, aqui propostas, todavia há quem prefira pranchetas
não irá prejudicá-lo de forma alguma. É importante maiores, já que possui maior superfície para os ins-
que verifique nas próximas páginas as recomenda- trumentos de desenho.
ções referentes a cada material ou instrumento antes Há, no mercado, pranchetas portáteis para co-
de adquiri-los. mercialização, que já vêm com a régua paralela ins-
• Lapiseira para desenho técnico – 0.3 mm talada, com valores mais acessíveis se comparados
(com grafite do tipo H). ao das mesas de desenho. Alguns modelos permitem
• Lapiseira para desenho técnico – 0.5 mm a regulagem da inclinação do tampo e possuem es-
(com grafite do tipo H). paço para guardar papéis e demais materiais de de-
• Lapiseira para desenho técnico – 0.7 mm senho em seu interior. Também há a possibilidade
(com grafite do tipo HB).
de confeccionar sua própria prancheta, reaprovei-
• Papel formato A3 (297 x 420 mm), com gra-
tando móveis e materiais disponíveis em casa. Use
matura de 90 g/m².
sua imaginação.
• Borracha macia plástica.
• Escalímetro triangular n° 1 (30 cm).
• Esquadro de 45° sem graduação.
• Esquadro de 30 e 60° sem graduação.
• Compasso.
• Flanela.
• Fita crepe.
• Pasta de plástico formato A3 (maleta com
alça) ou tubo de projetos, caso você necessite
transportar o material.

PRANCHETA

Para as atividades a serem desenvolvidas, será ne-


cessária uma prancheta com tamanho mínimo
adequado à folha formato A3, ou seja, com dimen-
sões mínimas de 420 X 297 mm, ou uma superfície
adequada à utilização da régua T. A prancheta ou
superfície de trabalho deve ser um pouco maior do

17
DESENHO TÉCNICO

Para que as atividades de desenho sejam reali- Uma boa postura ao sentar também contribui para
zadas de forma confortável, devemos tomar alguns o bom rendimento do trabalho e o seu bem-estar. Yee
cuidados quanto à iluminação e à postura, conside- (2014, p. 15) alerta que “projetar e desenhar requer
rando que, geralmente, são exercícios que exigem longas horas sentado na mesma posição” e, se isso for
horas de prática. A prancheta ou mesa deve ser ins- realizado com uma postura inadequada, “acarretará
talada em um local com boa iluminação, de forma cansaço, redução da capacidade de desenhar e preju-
que a fonte luminosa esteja do lado contrário à mão dicará seu estado físico”.
que será utilizada para desenhar, ou seja, no caso Caso seja necessário, o transporte das folhas
dos destros, a iluminação deve estar do lado esquer- deve ser realizado em pasta apropriada, formato A3,
do. De acordo com Montenegro (2001, p. 4), “se a ou por meio de tubos de projetos, a fim de evitar que
luz vem da direita, provoca sombra da mão e dos sejam danificadas. A vantagem das pastas é que já
esquadros, escurecendo o campo de trabalho e pre- permitem guardar também os instrumentos de de-
judicando a visibilidade”, ou seja, “não deve haver senho, além das folhas.
sombra da mão na ponta” da lapiseira. O mesmo
autor recomenda que a superfície de trabalho seja RÉGUA PARALELA OU RÉGUA T
fosca, já que as superfícies com brilho provocam o
cansaço visual. Além de uma mesa com superfície adequada, deverá
dispor de uma régua paralela ou régua T para auxi-
liar fundamentalmente no traçado de retas paralelas
horizontais, bem como para apoio dos esquadros
ao traçar retas verticais ou oblíquas. É importante
ressaltar que todas as retas horizontais no desenho
devem ser traçadas, obrigatoriamente, com a utiliza-
ção da régua paralela ou régua T e nunca com uma
régua regular, sem apoio.
Tanto a régua paralela quanto a régua T possuem
a mesma finalidade e são encontradas no mercado
em tamanhos diversos. No entanto, apesar da régua
paralela exigir um maior investimento e maior difi-
culdade para sua instalação, essa é a mais indicada
para o desenho técnico manual, já que nos permite
maior facilidade em seu manuseio e propicia mais
conforto e precisão nos traços (BORTOLUCCI;
PORTO, 2005; CHING, 2011). A fim de manter a
folha mais limpa, ao deslizar a régua paralela para
A3
mato
ca for cima ou para baixo, procure levantá-la levemente
ast a plásti
a 2 -P
Figur para que não encoste no desenho.

18
DESIGN

Deslizar régua
Deslizar régua paralelaparalela
sem encostar no
sem encostar no
desenho, puxando as
desenho, puxando
duas extremidades ao as
mesmo tempo!
duas extremidades ao
mesmo tempo!

Figura 3 - Recomendações para a utilização da régua paralela


Fonte: os autores.

Quando não for possível dispor de uma pran- Para a utilização da régua T, são exigidos alguns
cheta com régua paralela, você poderá utilizar uma cuidados adicionais, já que a régua não é fixada na
régua T, desde que tenha disponível uma superfí- mesa. De acordo com Bortolucci e Porto (2005, p.
cie de trabalho com borda reta e nivelada na qual 57), o papel deve ser fixado na superfície de traba-
o cabeçote da régua possa deslizar. Segundo Ching lho de forma que fique mais próximo ao cabeçote
(2011, p. 14), esse cabeçote “desliza ao longo da da régua, com aproximadamente 5 cm de distância
borda de uma prancheta como um guia, para esta- da borda da mesa, “para aproveitar a área de maior
belecer e desenhar linhas retas paralelas”. A maio- precisão da régua T”. No caso dos destros, a régua
ria dessas réguas, a exemplo das réguas paralelas, deve ser “colocada no lado esquerdo da prancheta”,
contém uma “borda em acrílico transparente”, a fim já que o(a) aluno(a) deverá pressionar o cabeçote da
de facilitar “a visão do que está sendo trabalhado” régua contra a prancheta enquanto desenha com a
(YEE, 2014, p. 8). Existem opções com dimensões mão direita, “evitando assim que a régua oscile”. É
variadas no mercado, porém, como iremos traba- importante salientar que a régua T deve ser utiliza-
lhar com folhas de menor dimensão, a régua com da somente para traçar linhas horizontais e nunca
comprimento de 60 cm é suficiente para realizar as verticais, o que deve ser feito somente com o uso
atividades aqui propostas. dos esquadros.

19
DESENHO TÉCNICO

É errado empurrar
Éoerrado empurrar
traço voltando
o traço
para voltando
a esquerda.
para a esquerda.

Certo:
Certo:
Puxar o traço!
Puxar o traço!

Traça-se as horizontais de
Traça-se
cimaaspara
horizontais
baixo. de
cima para baixo.

Certo! Vem deslizando o


Certo! Vempara
esquadro deslizando
a direita.o
esquadro para a direita.

Certo:
Certo:
Puxar o traço!
Puxar o traço!

Figura 4 - Recomendações para o traçado das linhas


Fonte: Tamashiro (2010).

20
DESIGN

Papel deve estar próximo à


borda (aprox. 5 cm)

Pressionar contra a prancheta!

Evite utilizar esta


extremidade, já
que a régua pode
oscilar!

Figura 5 - Recomendações para a utilização da régua T


Fonte: os autores.

Ao desenhar, você, aluno(a), deverá traçar as linhas produção”. O papel manteiga, por exemplo, é indica-
horizontais sempre utilizando a parte superior da ré- do por Ching (2011, p. 22) para croquis e estudos à
gua paralela ou régua T e nunca a borda inferior, visto mão livre, pois pemite “o uso de sobreposições”, fa-
que a régua pode fazer sombra na ponteira da lapiseira, cilitando o desenvolvimento mais rápido de novos
ou mesmo mover-se no caso da régua T, provocando estudos e a comparação entre eles. O papel canson,
a imprecisão do desenho. Além disso, deve-se cuidar por sua vez, é muito utilizado para o desenho à mão
com o correto direcionamento dos traços horizontais e livre, pois é adequado ao uso de grafites mais macios
verticais: o traço deve ser realizado da esquerda para a e de maior espessura. De forma geral, os papéis mais
direita, no caso da utilização da régua paralela ou régua lisos são mais adequados ao “trabalho com nanquim,
T, e de baixo para cima ao desenhar com os esquadros. enquanto papéis mais rugosos são melhores para o
trabalho com grafite” (YEE, 2014, p. 16).
PAPEL No caso das atividades a serem desenvolvidas
neste módulo, iremos adotar o papel sulfite forma-
De acordo com a NBR 6492 (1994), o desenho manu- to A3 (420 x 297 mm), com gramatura de 90 g/m².
al com o uso de instrumentos pode ser realizado em Você deve tomar o cuidado em adquirir o papel com
papéis transparentes, como é o caso do papel man- gramatura mais adequada, pois, se o papel for muito
teiga e do papel vegetal ou em papéis opacos, como grosso, dificultará a dobragem da folha e, se muito
o sulfite grosso e o papel canson, desde que propor- fino, pode rasgar com maior facilidade. Esse papel
cionem “resistência e durabilidade apropriadas”. A também pode ser encontrado com margem, porém,
norma indica que a escolha do papel depende “dos geralmente, não atende às especificações da norma
objetivos, do tipo do projeto e das facilidades de re- técnica quanto ao tamanho da folha e das margens.

21
DESENHO TÉCNICO

LAPISEIRAS E BORRACHA

No desenho técnico produzido à mão, utilizamos la-


piseiras com grafites de diferentes espessuras. Os lápis
não são indicados, nesse caso, já que são mais adequa-
dos ao desenho à mão livre, sem o uso de instrumentos.
O contraste entre as linhas é imprescindível ao bom en-
tendimento do desenho e, por esse motivo, utilizaremos
lapiseiras com grafites de espessuras distintas: 0,3 mm,
0,5 mm, 0,7 mm e 0,9 mm a fim de facilitar a represen-
tação de linhas finas, médias e grossas. A lapiseira, no
entanto, deve ser específica para desenho técnico, com
a ponta fixa metálica, a fim de facilitar a utilização dos
instrumentos de desenho e, consequentemente, permi-
tir maior clareza e precisão. A ponta metálica “deve ser
longa o bastante para não tocar nas bordas dos esqua-
dros e das réguas” (CHING, 2011, p. 10).
Além do tipo de lapiseira, também é importante
tomar cuidado na escolha do grafite. Existem minas
de grafite das mais diversas durezas e cada uma de-
las é indicada para fins diferentes. Segundo Ching
(2011, p. 11),

a dureza das minas de grafite para se desenhar em superfícies de papel varia de 9H (ex-
tremamente duras) a 6B (extremamente macias). Sob uma mesma pressão, as minas mais
duras produzem linhas mais leves e finas, enquanto as minas mais macias produzem
linhas mais densas e grossas.

O mesmo autor indica que as graduações mais adequadas ao desenho técnico são F e H. O
grafite HB também pode ser utilizado, pois permite facilidade ao traçar e apagar linhas, mas
tende a borrar facilmente, podendo prejudicar o aspecto e limpeza da folha. Quanto à gradu-
ação 2H, ela pode ser utilizada no desenho técnico, porém com cuidado, já que produz linhas
que “não são apagadas com facilidade se desenhadas com uma mão pesada” (CHING, 2011,
p. 11). Os grafites mais duros não são indicados, segundo Ching (2011), pois podem danificar
a folha, e os grafites mais macios são indicados somente para o desenho à mão livre.

Figura 6 - Lapiseiras de desenho técnico

22
DESIGN

Dureza dos Relativamente


Macio Médio Duro Duríssimo
grafites macio

6B-4B-2B-B HB F-H 2H 3H a 9H

Facilidade para Não utilizados


Mais utilizado Uso mais ade- Linhas não são
traçar e apagar, po- para o desenho
Utilização para desenhos à quado em dese- apagadas com
rém tende a borrar técnico: pode da-
mão livre nhos técnicos facilidade
facilmente nificar o papel

Quadro 1 - Graduação dos grafites


Fonte: adaptado de Montenegro (2001, p. 11) e Ching (2011, p. 11).

De posse das lapiseiras com grafites mais adequa- Quanto à borracha, esta deve ser macia, de vinil
dos, há algumas recomendações em sua utilização. ou de plástico PVC, pois esses materiais são flexí-
Deve-se sempre incliná-las levemente no sentido veis, não abrasivos, não borram e nem danificam
do traço, puxando-as da esquerda para a direita, a superfície do papel (YEE, 2014; CHING, 2011).
no caso do traço de linhas horizontais, e de baixo Também há disponível no mercado a borracha do
para cima para as linhas verticais. A lapiseira nun- tipo bastão, que auxilia ao apagar detalhes do de-
ca deve ser inclinada com relação à régua paralela. senho.

1. Inclinar levemente a lapiseira 2. Não inclinar a lapiseira no 3. Não inclinar a lapiseira de


no sentido do traço – sempre sentido da régua paralela. forma que fique afastada da
puxar o traço, nunca empurrá-lo! régua ou mal apoaiada.

Figura 7 - Recomendações para a utilização das lapiseiras


Fonte: Tamashiro (2010).

23
DESENHO TÉCNICO

ESCALÍMETRO

No desenho do ambiente construído, sempre utili-


zamos escalas numéricas de redução, ou seja, preci-
samos reduzir proporcionalmente as dimensões do
objeto real para que seja possível representá-lo em
uma folha de papel. Para facilitar o desenho em di-
ferentes escalas, podemos utilizar um instrumento
denominado escalímetro, que nada mais é do que
uma régua em formato triangular com seis escalas
distintas, duas por face. Esse instrumento “facilita
a medição, leitura e elaboração de projetos, dispen-
sando a utilização de diversas réguas com diferentes
graduações de medidas” (BORTOLUCCI; PORTO,
2005, p. 58).
Para o desenho de projetos de arquitetura e de-
sign de interiores, utilizamos o escalímetro do tipo
triplo decímetro, especificamente o escalímetro n° 1,
já que possui as escalas mais adequadas ao desenho
de edificações, recomendadas pela norma técnica de
desenho: 1:20, 1:25, 1:50, 1:75, 1:100 e 1:1251 (NBR
6492, 1994). Há disponível no mercado escalímetros
com 15 e 30 cm, porém o último é o mais indicado,
pois abrange maior espaço da folha de desenho.
Esse é um instrumento que pode ser utilizado
por todo o exercício da profissão, portanto, vale a
pena tomar o cuidado para que não seja danificado
com o tempo. Para isso, não se deve utilizar o escalí-
metro para traçar linhas e muito menos para cortar
papéis, “pois acabam por perder as marcações e a
precisão” (BORTOLUCCI; PORTO, 2005, p. 58).

1
Das escalas citadas, a escala 1:125 é a única que não consta nas recomenda-
ções da NBR 6492 (1994).

Figura 8 - Escalímetro do tipo tripo decímetro

24
DESIGN

ESQUADROS

Em conjunto com a régua paralela ou régua T, o lapiseira. Alguns esquadros possuem esse rebaixo
jogo de esquadros é imprescindível para o traça- para auxílio do desenho em nanquim, a fim de evi-
do de retas verticais e em ângulos específicos. Um tar que o traçado seja borrado com a tinta, porém
dos esquadros possui ângulo de 45°, o outro pos- esse não é caso, já que os desenhos serão confeccio-
sui ângulos de 30° e 60°, além do ângulo reto (90°), nados com lapiseiras.
presente em ambos os instrumentos. É importante Além dos ângulos de 30°, 45°, 60° e 90°, quan-
ressaltar que você deverá tomar o cuidado de adqui- do utilizamos o jogo de esquadros, é possível traçar
rir esquadros transparentes e sem graduação, com retas em ângulos de 15° e 75°. A combinação dos
comprimento de aproximadamente 30 cm, pois esquadros também nos permite traçar retas parale-
possibilitam que o traço seja contínuo e uniforme las e perpendiculares, mesmo em ângulos desconhe-
em desenhos maiores, sem a necessidade de emen- cidos. Isso é possível mantendo um dos esquadros
das. Além disso, outra precaução ao adquirir os es- como apoio, fixando-o com uma das mãos, enquan-
quadros é certificar-se de que não possuem arestas to o outro é movimentado com a outra mão. Obser-
rebaixadas, para melhor apoio da ponta metálica da ve nos exemplos da página a seguir.

Figura 9 - Todas as linhas verticais ou em ângulos de 30°, 45° e 60° deverão ser traçadas com o esquadro sempre apoiado na régua paralela ou régua T
Fonte: os autores.

25
DESENHO TÉCNICO

2. Deslize este
quadro sobre o
outro, no mesmo
ângulo da linha a
ser copiada.

1.Mantenha um dos
esquadros fixo,
segurando-o firme
com uma das mãos.
Figura 10 - Traçado de retas paralelas com o jogo de esquadros
Fonte: os autores.

2. Encaixe o outro
esquadro logo acima
formando um ângulo de
90º.

1. Mantenha um dos
quadros fixo, segurando-o
firme com uma das mãos.

Figura 11 - Traçado de retas perpendiculares com o jogo de esquadros


Fonte: os autores.
90º - VERTICAL
75º

75º
60

º
60
º
45

º
45
º

30 º
º 30

15º 15º

HORIZONTAL 0º

Figura 12 - A combinação dos esquadros nos permite obter ângulos de 15° e 75°
Fonte: adaptado de Bortolucci (2005, p. 61).

26
DESIGN

COMPASSO

Os círculos ou arcos com grande circunferência do círculo no papel, primeiramente com a lapisei-
serão realizados com o auxílio de um compasso, ra, para, depois, colocar ali a ponta seca e girá-lo
que deve estar com o grafite bem apontado, ali- no sentido horário, inclinando-o levemente no
nhado com a ponta seca. A fim de evitar danifi- sentido do traço. É importante salientar que a pre-
car o papel, o ajuste da abertura necessária deve cisão do desenho não depende somente do mane-
ser realizado fora do desenho, com a utilização do jo mais adequado, mas também da qualidade do
escalímetro. Em seguida, deve-se marcar o centro compasso (BORTOLUCCI; PORTO, 2005).

Inclinação da Inclinação
mão da mão

Giro do compasso
Giro do compasso

Sentido do traço
Sentido do traço
a mão

mpasso

aço
Figura 13 - Recomendações para a utilização do compasso
Fonte: adaptado de Bortolucci e Porto (2005, p. 62).

27
DESENHO TÉCNICO

MATERIAIS OPCIONAIS LIMPEZA DOS MATERIAIS E FIXAÇÃO DA


FOLHA
Além dos materiais já citados, necessários ao desen-
volvimento das atividades aqui propostas, existem A partir do próximo tópico, todas as atividades suge-
outros instrumentos de apoio que podem facilitar ridas serão realizadas com a utilização dos materiais
e agilizar o desenho, mas que são opcionais nesse de desenho. Portanto, antes de começar a desenhar,
caso, já que o intuito é aprender e praticar os con- certifique-se de que a prancheta, a régua paralela ou
ceitos básicos do desenho técnico manual para, em régua T, os esquadros e demais instrumentos este-
seguida, aplicá-los ao desenho executado por meio jam limpos, a fim de garantir, consequentemente, a
de sistemas computacionais. limpeza da folha. É por isso que, na lista de mate-
Os instrumentos mais comuns são os gaba- riais, constam itens como o álcool em gel e a flanela
ritos: réguas plásticas transparentes com figuras ou pano de algodão. Além da limpeza inicial, tam-
e símbolos vazados, disponíveis em diversas es- bém pode ser utilizada a escova de limpeza, também
calas, utilizadas para guiar o traçado de formas conhecida como “bigode”, que serve para manter a
padronizadas. O gabarito de planta baixa, por prancheta e a folha de desenho livres de poeira, res-
exemplo, possui símbolos padronizados de mobi- quícios de borracha ou mesmo de grafite, enquanto
liário e equipamentos hidráulicos, como lavatório o desenho é executado.
ou bacia sanitária. Outro exemplo é o gabarito de Após a limpeza, o próximo passo será fixar a fo-
círculos, também conhecido como “bolômetro”, lha de desenho na mesa ou prancheta, tomando o
que auxilia no desenho de círculos pequenos com cuidado para alinhá-la com a régua paralela ou com
diâmetro conhecido, expresso em milímetros. Yee a borda da mesa, no caso da régua T. No primeiro
(2014) indica que, ao utilizar um gabarito, se deve caso, posicione a folha de forma que fique aproxima-
manter a lapiseira perpendicular à superfície do damente 2 a 3 cm acima da parte superior da régua
papel, o que possibilita a uniformidade do dese- paralela, para que haja espaço para o manuseio dos
nho. instrumentos. No segundo caso, posicione a folha
Existem outros materiais, que já foram muito próximo à borda esquerda da mesa, para que fique
utilizados enquanto o desenho à mão ainda era pre- mais próxima do cabeçote da régua T, cerca de 5 cm.
dominante no exercício da profissão, tais como as Em ambos os casos, o esquadro pode ser utilizado
canetas em nanquim, o normógrafo, a curva fran- para auxiliar no alinhamento da folha.
cesa, entre outros. Entretanto, a maioria desses ins- De acordo com Bortolucci e Porto (2005, p. 57),
trumentos já não é mais utilizado na elaboração de após alinhar a folha, você deve tomar o cuidado para
desenhos finais em arquitetura ou design de interio- fixá-la na prancheta ou mesa, com o uso de fitas ade-
res, em função da utilização do computador para sivas “dispostas no sentido das diagonais do papel”.
este fim, não sendo necessários para a execução dos A fita crepe é a mais indicada, uma vez que a fita
exercícios aqui propostos. transparente pode danificar o papel ao ser retirada.

28
DESIGN

28 30 32 35

25 22 20 18 16 15

6 7 8 9 10 12 14
1 2 3 4 5

Figura 14 - Gabarito de círculos


Fonte: adaptado de O Projetista (on-line).

Figura 15 - Escova para limpeza do desenho


Fonte: Ching (2011, p. 19).

29
DESENHO TÉCNICO

Normas Técnicas e a
Apresentação da Prancha
O desenho é uma forma de comunicação, assim Quanto ao desenho técnico, são inúmeras as normas
como a fala ou a escrita. E, para que seja bem com- que tratam sobre esse assunto. A principal delas é a
preendido, deve fazer uso de símbolos e convenções, NBR 6492 (1994), intitulada “Representação de pro-
conhecidos pelos profissionais ligados ao projeto do jetos de arquitetura”, que “fixa as condições exigíveis
ambiente construído como um todo, como arqui- para representação gráfica de projetos de arquitetu-
tetos, designers ou engenheiros. Ou seja, para que ra, visando a sua boa compreensão”. No entanto te-
o projeto seja executado de forma adequada, todos mos muitas outras, conforme a lista que segue2:
devem falar a mesma língua. 2
A listagem apresenta as principais normas de desenho técnico, elaboradas
pelo Comitê Brasileiro de Máquinas e Equipamentos Mecânicos e, as-
Nesse sentido, a Associação Brasileira de Nor- sim, mais voltadas ao desenho técnico mecânico. A NBR 6492 (1994) foi
elaborada pelo Comitê Brasileiro de Construção Civil e, portanto, reúne
mas Técnicas – ABNT tem a função de definir re- uma série de informações referentes ao desenho de edificações, inclusive
comendações e padronizar uma série de procedi- abordando alguns dos assuntos tratados nas demais normas citadas. Su-
gerimos que o(a) aluno(a) sempre consulte as normas em conjunto com
mentos das mais diversas áreas do conhecimento. a NBR 6492 (1994).

30
DESIGN

REFLITA

Seja um desenho feito à mão ou desenvolvido com o auxílio de um computador, os padrões e as


avaliações que se aplicam à comunicação efetiva das ideias em projetos da arquitetura continuam os
mesmos (Ching).

SAIBA MAIS

O conteúdo das normas técnicas é definido com a participação e representação de vários setores da
sociedade, como associações, entidades, universidades, empresas, entre outros. O projeto de uma
norma é sempre “submetido à Consulta Nacional pela ABNT, com ampla divulgação, dando assim
oportunidade a todas as partes interessadas para examiná-lo e emitir suas considerações. [...] Nesta
etapa, qualquer pessoa ou entidade pode enviar comentários e sugestões ou então recomendar a
sua desaprovação. As sugestões aceitas são consolidadas no Projeto de Norma, que é homologado e
publicado pela ABNT como Norma Brasileira, recebendo a sigla ABNT NBR e seu respectivo número”.

Fonte: adaptado de Normalização… (on-line).1.

• NBR 10067 (1995): princípios gerais de re- • NBR 10582/1988: apresentação da folha para
presentação em desenho técnico. desenho técnico.
• NBR 10068/1987: folha de desenho: leiaute e • NBR 13142/1999: desenho técnico – dobra-
dimensões – padronização. mento de cópia.
• NBR 8402/1994: execução de caracteres para • NBR 8196/1999: desenho técnico – emprego
escrita em desenhos técnicos – procedimento. de escalas.
• NBR 8403/1984: aplicação de linhas em de- • NBR 12298/1995: representação de área de
senhos – tipos de linhas – largura das linhas corte por meio de hachuras em desenho téc-
– procedimento. nico.
• NBR 10647/1989: desenho técnico – define • NBR 10126/1987: cotagem em desenho téc-
os termos empregados em desenho técnico. nico.

31
DESENHO TÉCNICO

ESCRITA TÉCNICA

Segundo Vizioli et al. (2009, p. 14), a representação Na escrita técnica manual, deve-se tomar o cui-
de letras e números “faz parte da boa apresentação dado para que os textos sejam legíveis, uniformes e
do projeto”. Ao longo da profissão, o designer de in- regulares. Para que isso seja possível, é necessário
teriores trabalhará com o auxílio de sistemas com- que você faça o uso de linhas auxiliares horizontais,
putacionais, no entanto o bom senso com relação a fim de garantir que as letras e números tenham a
ao tipo de letra a ser utilizado e ao tamanho dessa é mesma altura. Essas linhas de apoio devem ser fi-
muito importante para o bom entendimento do pro- nas e leves, quase não aparentes, para que não seja
jeto. Além do mais, ao longo da vida profissional, necessário apagá-las posteriormente. É importante
uma letra bem apresentável é sempre bem-vinda e salientar que os textos nunca devem se apoiar nas
vista com bons olhos, especialmente pelo cliente. linhas do desenho, do carimbo ou das margens.
Para Bortolucci e Porto (2005, p. 66), a coloca- Quanto ao tipo dos caracteres, a NBR 6492
ção de textos em uma prancha de desenho exige co- (1994) recomenda que as letras sejam “sempre mai-
nhecimentos básicos da escrita técnica, assim como úsculas e não inclinadas”, do tipo bastão (sem seri-
“alguma habilidade e experiência do desenhista”, in- fas). A norma indica que no desenho à mão as letras
dependentemente se o desenho será realizado à mão tenham 3 mm ou 5 mm, e que o espaço das entreli-
ou no computador. Essa tarefa implica em decidir nhas seja igual ou superior a 2 mm. Já no desenho
o tamanho mais adequado das letras e algarismos e realizado em computador, são recomendadas quatro
a melhor disposição dos textos com relação aos de- alturas distintas, com espessuras de linhas diferen-
senhos na folha, de forma ordenada, legível e que tes3. No caso das atividades aqui sugeridas, adotare-
possibilite uma boa compreensão de todas as infor- mos as alturas do desenho à mão, sendo que os tex-
mações. Para isso, é necessário que os textos sejam tos menores, com 3 mm, serão representados com
organizados de acordo com uma hierarquia visual: linha fina, e os maiores com linha média ou grossa.
títulos com letras maiores, tópicos menos importan- Com a prática, você terá mais controle e preci-
tes com letras medianas, textos em geral com letras são dos traços, de forma que as letras e algarismos
pequenas e assim por diante. Cabe ressaltar, porém, tenham proporções e espaçamentos semelhantes,
que o texto nunca deve competir com o desenho. até o momento em que as linhas auxiliares não serão
Segundo Yee (2014, p. 25), “uma vez que o objetivo mais necessárias. Segundo Yee (2014, p. 28), “uma
principal de um desenho arquitetônico é a represen- boa escrita arquitetônica reside na arte de dominar
tação gráfica de um objeto, qualquer escrita deve ser os movimentos básicos: horizontais, verticais, incli-
suficientemente pequena para não competir com a nados e curvilíneos”.
parte gráfica”.

3
Para a escrita técnica com o uso de instrumentos, a norma ainda traz como
referência o número das réguas antigamente utilizadas, conhecidas como
normógrafos, com algarismos, letras maiúsculas e minúsculas vazadas,
para direcionar a escrita.

32
DESIGN

Figura 16 - As linhas auxiliares devem corresponder aos limites superior e inferior dos textos e devem ser leves, quase não aparentes
Fonte: os autores.1
1
Desenho elaborado pela aluna Luana Aparecida Bermudes (2016), do 1º ano do curso presencial de Arquitetura e Urbanismo do Unicesumar.

Além do cuidado com a regularidade dos carac- rentes indicações textuais, mas também com relação
teres, também deve-se atentar para o sentido de lei- aos próprios desenhos. Por convenção, os títulos de-
tura dos textos – considerando que a prancha é lida vem ser posicionados logo abaixo dos desenhos, de
da esquerda para a direita e de baixo para cima – e preferência do lado esquerdo, conforme você pode
para o alinhamento desses, não somente entre dife- observar no exemplo a seguir.

SENTIDO INCORRETO

5,70
SENTIDO INCORRETO

1,90 1,90 1,90

SENTIDO CORRETO
1,75
5,25
1,75
1,75

SENTIDO CORRETO

LEGENDA

Figura 17 - Sentido correto de leitura da folha: da esquerda para a direita e de baixo para cima
Fonte: os autores.

33
DESENHO TÉCNICO

FORMATOS, MARGENS E DOBRAS DO


PAPEL

Os formatos do papel são indicados na NBR 10068 mensões, de preferência com a utilização de for-
(1987), que adota como padrão a série “A”, com di- matos menores, que permitam melhor manuseio,
mensões em milímetros. Essa série tem como base não somente durante a elaboração dos desenhos,
a folha A0, com formato retangular de 1 m² de su- mas também na utilização desses no local de exe-
perfície, com lados medindo 841 mm x 1189 mm. cução do projeto. De acordo com a norma, caso
Os demais formatos são menores: o tamanho da fo- seja necessário utilizar papéis com formatos distin-
lha A1 equivale à metade da folha A0, a folha A2 é tos dos padrões da série A, recomenda-se adotar
correspondente à metade do formato A1, a folha A3 folhas com dimensões correspondentes a múlti-
equivale à metade da folha A2 e assim por diante. plos do padrão. Por exemplo, pode-se adotar uma
Dentro do possível, é recomendado que todas folha com a mesma altura da folha A3, porém com
as pranchas de um projeto tenham as mesmas di- maior comprimento.

A1
594 x 841

A0
841 x 1189 A3
A2
297 x 420

420 x 594
A4
210 x 297

Figura 18 - Formatos de papel – Série A


Fonte: os autores.

34
DESIGN

A NBR 10068 (1987) também define o tamanho Quando for necessário, as folhas devem ser dobra-
das margens, que diferem de acordo com o formato das considerando as dimensões do formato A4. As
do papel. A margem esquerda sempre é maior, com dobras devem ser realizadas de forma que a mar-
25 mm, para que seja possível sua fixação em pastas gem esquerda fique livre para a fixação da folha em
ou arquivos, e as demais (margem direita, superior e pastas ou arquivos e que as informações básicas do
inferior) devem ter 10 mm ou 7 mm, de acordo com carimbo estejam visíveis. A NBR 6492 (1994) tam-
o Quadro 2. bém recomenda indicar as posições das dobras nas
margens, para facilitar o dobramento.
Dimensões Margem
Formato
(mm) (mm)
Esquerda Demais
A0 841 x 1189 25 10 A3
297 x 420
A1 594 x 841 25 10

dobra

dobra
A2 420 x 594 25 7

297
A3 297 x 420 25 7
A4 210 x 297 25 7

Quadro 2 - Formatos da série “A” e respectivas margens


Fonte: NBR 10068 (1987). LEGENDA

No caso das atividades a serem desenvolvidas neste


130 105 185
módulo, adotaremos a folha formato A3 em função
da facilidade de manuseio e transporte.

420
A3
297 x 420
7
dobra

dobra

297

A3
297

277

LEGENDA

130 105 185


7

25 385 7

Figura 19 - Folha formato A3 Figura 20 - Dobramento da folha A3


Fonte: os autores. Fonte: os autores.

35
DESENHO TÉCNICO

LEGENDA OU CARIMBO

• Identificação da empresa e do profissional


A legenda ou carimbo deve estar posicionada no
responsável pelo projeto.
canto inferior direito da folha, de forma que seja
• Identificação do cliente, nome do projeto ou
possível visualizar as informações básicas a respei- do empreendimento.
to do projeto e o conteúdo da prancha. Isso se tor- • Título do desenho.
na ainda mais importante no manuseio de projetos • Indicação sequencial do projeto (números ou
maiores, compostos por muitas pranchas de dese- letras).
nho, possibilitando localizar rapidamente qualquer • Escalas.
conteúdo específico, sem que seja necessário desdo- • Data.
brar todas as folhas. • Autoria do desenho e do projeto.
Segundo a NBR 10086 (1987), a legenda deve ter • Indicação de revisão.
comprimento de 178 mm “nos formatos A4, A3 e
A2 e 175 mm nos formatos A1 e A0”. É importan- Além dessas informações, a norma recomenda que ou-
te salientar que as normas técnicas não apresentam tros dados estejam próximos do carimbo, como escalas
um modelo específico de carimbo a ser seguido, mas gráficas, descrição da revisão do projeto, convenções
sim quais informações mínimas devem constar no gráficas, notas gerais ou desenhos de referência. Por
mesmo, a fim de caracterizar o projeto de forma fim, no campo de atuação do designer de interiores
mais clara e facilitar o manuseio e localização dos também é importante destacar a marca ou logotipo do
desenhos. As informações a seguir são recomenda- profissional ou empresa no carimbo, buscando valori-
das pela NBR 6492 (1994): zar a identidade visual no projeto como um todo.

36
DESIGN

PLANEJAMENTO DAS PRANCHAS

O planejamento das pranchas é importante para também devem seguir uma organização clara, o
assegurar que o projeto seja apresentado de forma que pode ser obtido por meio de um planejamento
clara e legível, o que implica o bom aproveitamen- prévio da localização dos desenhos na prancha e do
to das folhas e o planejamento da sequência e dis- alinhamento entre desenhos e textos. Esse planeja-
tribuição de todos os desenhos nas pranchas. Para mento se faz especialmente necessário no desenho
Ching (2011, p. 214), o excesso de informações pode à mão, já que no desenho elaborado por meio do
dificultar o entendimento de um projeto e ofuscar computador há a possibilidade de mover os dese-
“a intenção e a proposta da apresentação”. O autor nhos finalizados ou mesmo mudar as escalas antes
sugere que sejamos “econômicos” ao apresentar uma que o projeto seja impresso.
proposta, “utilizando apenas o necessário para co- Para organização da folha, recomenda-se mar-
municar uma ideia”. car, primeiramente, a localização e tamanho de to-
dos os desenhos que irão compor a prancha para,
Com o mínimo de elementos, os desenhos de em seguida, desenvolver cada um, com detalhamen-
apresentação devem explicar um projeto cla-
tos, indicações textuais e espessuras distintas de li-
ramente e com detalhes suficientes, de modo
que as pessoas não familiarizadas com ele se- nhas. Você deverá tomar o cuidado para centralizar
jam capazes de entender a proposta de projeto. os desenhos na folha, de forma que os espaçamentos
(CHING, 2011, p. 204) entre os desenhos e com relação às margens fiquem
uniformes. Além disso, por convenção, os títulos
Os desenhos devem ser dispostos na prancha con- dos desenhos devem ser posicionados logo abaixo
siderando o sentido de leitura do projeto, ou seja, dos desenhos, de preferência alinhados do lado es-
da esquerda para a direita e de cima para baixo, mas querdo.

37
DESENHO TÉCNICO

Linhas de Representação,
Escalas e Cotas
Um aspecto muito importante de ser observado no dos elementos seccionados com relação aos elemen-
desenho técnico é a variação de tipos e espessuras de tos em vista ou representar de forma clara quais
linhas, com o intuito de facilitar a leitura e entendi- elementos estão em projeção. No desenho manual,
mento do projeto, independentemente se o desenho essas variações são possíveis por meio da correta
é realizado à mão ou por meio da computação grá- utilização de lapiseiras com espessuras distintas.
fica. As linhas podem ter espessuras distintas, mas A seguir, serão apresentadas algumas recomen-
também diferentes configurações – contínuas, tra- dações para aplicação dos diferentes tipos de linhas,
cejadas, entre outros –, de forma que os elementos de acordo com a NBR 6492 (1994), mas também
do projeto sejam representados de acordo com sua com base em publicações mais recentes a respeito
natureza. Por exemplo, deve-se fazer clara distinção do tema4:

4
T (2010); Y (2014); V et al. (2009).

38
DESIGN

a Linhas de contorno contínuas

As linhas mais grossas são utilizadas para a representação de objetos cortados e para o desenho das margens
da folha. Conforme a norma, a espessura das linhas varia de acordo com a escala e a natureza do desenho,
por exemplo, no desenho de uma planta baixa, as paredes seccionadas são sempre representadas com linha
grossa, por meio da utilização das lapiseiras 0.7 mm ou 0.9 mm. Quanto maior é a escala utilizada, maior será
a espessura das linhas. Isso, porém, será aprofundado na unidade III, quando iremos tratar do desenho da
planta da edificação.

b Linhas contínuas e finas

As linhas que representam elementos em vista devem ser finas, contínuas e bem definidas. É importante que
haja a hierarquia das linhas, de forma que o leitor identifique rapidamente quais são os elementos secciona-
dos ou em vista. No desenho à mão, pode-se utilizar a lapiseira 0.5 mm, porém tomando o cuidado para que
fiquem mais leves do que as linhas executadas com as lapiseiras 0.7 ou 0.9 mm5.

Alguns alunos possuem dificuldade de executar traços finos. Se esse for o seu caso, poderá substituir a lapiseira 0.5 mm pela lapiseira mais fina, com espessura
5

de 0.3 mm.

c Linhas tracejadas

Os elementos em projeção devem ser representados com linha tracejada, sempre mais fina, ou seja, com a
utilização da lapiseira 0.5 mm. Segundo Yee (2014), essas linhas expressam elementos ocultos, que o obser-
vador não consegue ver, por estarem acima de um plano de corte, como beirais de um telhado, ou mesmo
armários suspensos, no caso do desenho de ambientes internos. A norma não indica o tamanho dos traços,
mas recomendamos que esses tenham aproximadamente 2 a 3 mm cada, com espaçamento médio de 1,5 mm
entre eles.

39
DESENHO TÉCNICO

d Linhas de eixo ou coordenadas

As linhas de eixo ou coordenadas são finas, representadas com traço longo e ponto. Os traços devem ter em
torno de 1 cm cada e podem ser desenhados com lapiseira 0.3 mm.

e Linhas de cota e de chamadas

Tanto as linhas de cotas quanto aquelas utilizadas para puxar indicações textuais devem ser finas e contínuas,
porém bem definidas e aparentes, a fim de não sobressaírem mais do que os desenhos. Nesse caso, também
pode ser utilizada a lapiseira 0.3 mm.

f Linha de interrupção

Essa linha é representada com espessura fina, aplicada para interromper desenhos. Por exemplo, no detalha-
mento de uma esquadria, é possível mostrar somente o detalhe do batente, utilizando uma linha de interrup-
ção para indicar que não foi representado todo o comprimento da porta ou janela.

g Linhas auxiliares

A norma também recomenda a utilização de linhas auxiliares, com a função de guiar a construção do dese-
nho e da escrita técnica. Essas devem ser contínuas, porém muito finas e leves, quase não aparentes, o que
pode ser obtido com a utilização da lapiseira 0.3 mm. As linhas auxiliares devem ser leves o suficiente para
que não precisem ser apagadas, sem prejudicar a apresentação final do trabalho.

Figura 21 - Linhas
Fonte: os autores.

40
DESIGN

Além dessas aplicações, também utilizamos as linha fina. Essa hierarquia também pode ser apli-
diferentes espessuras de linhas para representar a cada no desenho de vistas de um ambiente inter-
proximidade ou distância de um objeto com rela- no ou mesmo na representação do mobiliário. Se-
ção ao observador. No desenho de uma fachada, gundo Yee (2014, p. 37), “quanto maior a variação
por exemplo, representamos os elementos mais na hierarquia dos pesos das linhas de grossa até
próximos com linhas grossas, enquanto aqueles fina, maior será a percepção de profundidade no
elementos mais ao fundo são representados com desenho”.

Figura 22 - Planta baixa de uma residência térrea, mostrando a diferença das linhas grossas e finas
Fonte: os autores.

41
DESENHO TÉCNICO

REVESTIMENTO EM
TIJOLO APARENTE

PINTURA
ACRÍLICA (COR:
BRANCO)

PORTA EM
MADEIRA

ELEVAÇÃO LATERAL - 02
7 ESCALA 1:50
Figura 23 - Exemplo da fachada de uma edificação com hierarquia de linhas
Fonte: os autores.

Figura 24 - Desenho realizado para aprendizagem da hierarquia de linhas e uso dos esquadros
Fonte: os autores.1

1
Desenho elaborado pela aluna Jaqueline Aparecida de Jesus Saganski (2016), do 1º ano do curso presencial de Arquitetura e Urbanismo do Unicesumar.

42
DESIGN

Por fim, sejam finas ou grossas, contínuas ou não, as li- 1/250; 1/500. Na prática do desenho à mão, o escalí-
nhas devem ser uniformes. No desenho das linhas con- metro6 nos permite utilizar todas essas escalas, além da
tínuas, deve-se tomar o cuidado para que o traço não escala 1/125, sem a necessidade de fazer cálculos7.
tenha “emendas” e, nas linhas tracejadas ou com traço 1:5 1:75 1:10 1:125* 1:2 1:25
e ponto, os traços devem ter tamanhos e espaçamen- 1:50 1:100 1:20 1:250
tos regulares. O encontro das linhas também merece 1:500 1:200
atenção: deve-se evitar “cantos que não se interceptam”,
Quadro 3 - Escalas mais usuais na representação de desenhos arquite-
bem como superposições exageradas, de forma que as tônicos
linhas apenas se toquem nas extremidades. Fonte: adaptado de NBR 6492 (1994).
* A escala 1:125 é a única que não é recomendada pela norma técnica,
porém é utilizada no dia a dia da profissão.
ESCALAS E DIMENSIONAMENTOS
As escalas podem ser numéricas – naturais, de redu-
De acordo com Bortolucci e Porto (2005, p. 68), “a ção ou ampliação – ou gráficas:
necessidade de usar escalas no desenho técnico exis-
te porque, na maioria dos casos, não é possível dese- ESCALA NATURAL
nhar os objetos no seu tamanho natural”. Por exem-
plo, quando vamos desenhar uma casa, precisamos Quando a escala é natural, significa que as dimen-
representá-la com tamanho reduzido, para que seja sões do desenho são iguais às dimensões reais do
possível fazê-lo em uma folha de papel. Da mesma objeto, ou seja, não há redução ou ampliação. Essa
forma, ao desenharmos os detalhes de um relógio, escala é representada como 1:1 ou 1/1.
devemos representá-lo com dimensões ampliadas,
sempre de forma proporcional. Portanto a escala
nada mais é do que a relação entre as dimensões do
desenho e o tamanho real do objeto.
Como saber, porém, qual é a escala mais adequa-
da? Isso irá depender do tamanho do objeto a ser re- Figura 25 - Escala natural
presentado, das dimensões da folha de papel adotada, Fonte: os autores.

mas também do nível de detalhamento desejado na


6
Desde que seja utilizado o escalímetro n° 1, do tipo triplo decímetro.
apresentação dos desenhos. Quanto maior for a escala 7
Para Montenegro (2001), o uso do escalímetro é “perfeitamente dispensá-
de um desenho, mais detalhes e informações ele deve vel”, pois “vicia o desenhista, que acaba por perder o hábito de passar as
medidas ou cotas de uma escala para outra”. Essa ferramenta faz com que
conter. De acordo com a NBR 6492 (1994), as escalas o desenho em diferentes escalas seja facilitado, porém é sempre importan-
te entender a relação de uma escala para outra, o que auxilia até mesmo
mais usuais na representação de ambientes construídos na utilização e configuração de desenhos desenvolvidos na computação
são: 1/2; 1/5; 1/10; 1/20; 1/25; 1/50; 1/75; 1/100; 1/200; gráfica.

43
DESENHO TÉCNICO

ESCALA DE REDUÇÃO ESCALA GRÁFICA

As escalas numéricas de redução são as mais utilizadas Segundo Montenegro (2001, 32), “a escala gráfica é a
por profissionais ligados ao projeto do ambiente cons- representação da escala numérica”. Trata-se de uma
truído, como arquitetos, engenheiros ou designers de espécie de régua, em que são indicadas algumas uni-
interiores. Nesse caso, as dimensões do desenho são dades para leitura ou medição do projeto, sempre
menores do que as do objeto real e, portanto, são re- com a mesma escala do desenho. Por exemplo, se um
presentadas da seguinte forma: 1:2, 1:5, 1:10, 1:20, desenho original for reduzido para uma escala não
1:25, 1:50, entre outras. Por exemplo, quando utiliza- conhecida, a escala gráfica deve ser reduzida da mes-
mos a escala de redução 1:10, significa que cada 1 cm ma forma, de modo que possibilite tirar quaisquer
do desenho equivale a 10 cm do objeto real, ou seja, dúvidas de dimensões específicas não informadas.
o desenho será 10 vezes menor do que o objeto real.
0 1 2 5

ESCALA GRÁFICA
Figura 28 - A escala gráfica deve ter a mesma escala do desenho

Figura 26 - Escala de redução Fonte: os autores.


Fonte: os autores.

ESCALA DE AMPLIAÇÃO Ao utilizar o escalímetro, você deverá ter atenção


na correta leitura das medidas, já que cada escala é
A escala numérica de ampliação é muito utilizada representada nesse instrumento com intervalos dis-
para a representação de objetos com pequenos deta- tintos. Por exemplo, na escala 1:75, as menores mar-
lhes, como relógios, jóias, entre outros. Nesse caso, as cações geralmente têm intervalos de 5 unidades, en-
dimensões do desenho são maiores do que as do obje- quanto, na escala 1:25, as menores graduações têm
to real e, portanto, são representadas da seguinte for- intervalos de duas unidades. Os exemplos a seguir
ma: 2:1, 5:1, 10:1, entre outras. Por exemplo, quando foram ampliados com relação ao tamanho real da
utilizamos a escala de ampliação 5:1, significa que o escala métrica para facilitar a leitura das subdivisões:
desenho é 5 vezes maior do que o objeto real, ou seja,
cada 5 cm do desenho representam 1 cm do objeto.
1m
5 cm

Figura 27: Escala de ampliação Figura 29 - Leitura do escalímetro na escala 1:75


Fonte: os autores. Fonte: os autores.

44
DESIGN

1m Por fim, é importante ressaltar que a escolha da esca-


6 cm la a ser utilizada também está atrelada ao tamanho da
folha adotada, especialmente no desenho à mão. Po-
de-se escolher a escala e depois definir o formato de
papel padrão ou vice e versa, desde que a escala per-
mita o claro entendimento de todos os detalhes repre-
sentados. Segundo Bortolucci e Porto (2005, p. 63), no
Figura 30 - Leitura do escalímetro na escala 1:25
Fonte: os autores. desenho feito por meio da computação gráfica, “esta
preocupação inicial é desnecessária, visto que os pro-
gramas de CAD permitem a execução dos desenhos
Além dos exemplos apresentados, as escalas 1:2, 1:5, sem a definição prévia da escala”, informação exigida
1:10, 1:200 ou 1:500 também podem ser represen- somente no momento em que o trabalho será impres-
tadas com a utilização do mesmo escalímetro, entre so. No entanto isso não dispensa o planejamento sem-
muitas outras possibilidades. Por exemplo, no caso da pre necessário, considerando o tamanho dos desenhos
escala 100, 1 cm pode representar 0,1, 1, 10, 100 ou até na prancha, o espaço entre eles e as margens, o tama-
1.000 metros (YEE, 2014). Veja os exemplos a seguir: nho dos textos e cotas ou a hierarquia de linhas.

COTAGEM
7,5 m (escala 1:100)
0,75 m (escala 1:10)
De acordo com Bortolucci (2005, 149), “as cotas são
informações numéricas colocadas no desenho e cor-
respondem às dimensões reais do objeto represen-
tado”, independentemente da escala utilizada. Essas
Figura 31 - A medida representa 7,50 metros na escala 1:100 e 0,75 me-
tros na escala 1:10 têm a função de informar todas as medidas neces-
Fonte: os autores. sárias para que um objeto seja construído, sem que
haja a necessidade de recorrer ao escalímetro. Seja
no desenho à mão ou no computador, você deve ter
12 m (escala 1:200)
1,20 m (escala 1:20)
conhecimento das regras básicas de cotagem.
A NBR 6492 (1994) traz algumas recomen-
dações para a cotagem de projetos de arquitetura.
Primeiramente, os desenhos devem ser cotados em
Figura 32 - A medida representa 1,20 metros na es cala 1:20, e 12,00
metros na escala 1:200 metros (m) para as dimensões iguais e superiores
Fonte: os autores. a 1 metro e em centímetros (cm) para as medidas
inferiores a 1 metro. Caso seja necessário indicar a
terceira casa decimal – os milímetros (mm) –, deve-
mos apresentá-la como expoente, conforme o exem-
plo da Figura 33.

45
DESENHO TÉCNICO

Figura 33 - Exemplo de cotagem, com medidas em metros, centímetros e milímetros


Fonte: NBR 6492 (1994).

tura, sempre com linha fina, com distancia-


A norma ainda recomenda uma série de cuidados,
mento acerca de 1,5 mm da linha de cota (os
representados na figura a seguir. números nunca devem se apoiar nas linhas de
• Dentro do possível, as linhas de cota devem cota).
estar sempre fora do desenho. Em projetos • De preferência, o valor numérico da cota
mais complexos, nem sempre isso é possível, deve estar centralizado, com exceção da co-
porém deve-se tomar o cuidado para que as tagem de pequenas dimensões, em que pode-
cotas internas não prejudiquem o entendi- mos representar o número ao lado ou acima,
mento do desenho. indicando com uma linha qual medida está
• As linhas de chamada não podem encostar sendo cotada.
no desenho, de forma que haja um espaça- • O(A) aluno(a) deve evitar ao máximo a du-
mento de aproximadamente 2 mm a 3 mm plicação de cotas, representando apenas as
do ponto dimensionado. informações necessárias para o entendimen-
• Os números das cotas devem ter 3 mm de al- to do desenho.

Figura 34 - Recomendações para o desenho das cotas


Fonte: adaptado de NBR 6492 (1994).

46
DESIGN

Observe que, nos exemplos dados, sempre há uma a primeira cota e de 6 ou 7 mm a partir da segun-
marcação dos limites da cota por meio de um pe- da linha de cota, independentemente da escala uti-
queno traço com inclinação de 45°. Outra forma de lizada. É importante ressaltar que as cotas parciais
destacar esse limite é com a utilização de um pe- devem ser sempre representadas mais próximas do
queno círculo preenchido. Tamashiro (2010, p. 185) desenho e, em seguida, as cotas totais, de forma que
ressalta que essas marcações devem ter tamanho su- a linha de chamada fique contínua. O cruzamento
ficiente para indicar “claramente os limites de uma das linhas de cota deve ser evitado.
cota”, mas também não podem ser demasiadamente Bortolucci (2005, p. 150) indica que o texto deve
grandes, de forma que não interfiram no entendi- ser colocado sempre “sobre a linha de cota, sem tocá-
mento do desenho. O autor alerta que as setas não la”, respeitando o sentido de leitura da folha, ou seja,
são recomendadas para o desenho de projetos do da esquerda para a direita na horizontal e de cima para
ambiente construído, mas sim para o desenho técni- baixo na vertical. Quando for necessário, é possível
co mecânico. Além da marcação, note que as linhas descentralizar os algarismos da cota, para a esquerda
de chamada e as linhas de cota sempre se cruzam, ou direita, a fim de permitir melhor visualização de al-
com um prolongamento de cerca de 2 mm. gum elemento do desenho. Para a cotagem de círculos
Quanto ao espaçamento entre a linha de cota e o ou desenhos curvilíneos, utilizamos o símbolo ø para
desenho, esse pode ser em torno de 10 a 15 mm para indicar o diâmetro, ou a letra R para o raio.

0,46
0,56
0,76

0,10
0,20

0,20

0,20 0,26 0,20


ESC: 1:10 0,66
0 0,2 0,5 1,0

Figura 35 - Exemplo de um objeto cotado, mostrando cotas parciais e totais


Fonte: os autores.1
1
Desenho elaborado pela aluna Jaqueline Aparecida de Jesus Saganski (2016), do 1º ano do curso presencial de Arquitetura e Urbanismo do Unicesumar.

47
DESENHO TÉCNICO

Considerações Finais
Caro(a) aluno(a), nesta unidade, vimos alguns dos desenho. Caberá ao futuro profissional designer de
conceitos e regras básicas do desenho técnico volta- interiores aplicar os conceitos e regras básicas aqui
do à representação do ambiente construído. Todas apresentadas, porém imprimindo sua própria iden-
as informações aqui apresentadas serão aplicadas tidade visual, de forma que o conjunto de desenhos
nas próximas unidades, na representação gráfica de e a organização da prancha como um todo tenham
plantas, vistas ou cortes, sempre com a utilização relação com os princípios mais importantes para
dos instrumentos e materiais de desenho. o profissional, aqueles aplicados em seus próprios
Vimos que as regras se aplicam ao desenho téc- projetos.
nico arquitetônico como um todo, seja aquele ela- Aluno(a), com a prática, você irá identificará os
borado à mão ou executado no computador. Inde- próprios erros e desenvolver maior senso crítico na
pendentemente do método utilizado, a hierarquia de avaliação de seus próprios desenhos. O desenho, as-
linhas é de extrema importância para o melhor en- sim como qualquer outra atividade que se proponha
tendimento do projeto, de forma que os elementos a fazer, deve ser praticado periodicamente, o que irá
seccionados ou mais próximos da visão do obser- lhe render melhores resultados com o tempo. Vale
vador se destaquem com relação ao conjunto repre- lembrar que não se trata somente de praticar a téc-
sentado. Os diferentes tipos de linhas também têm nica, mas esse exercício também lhe permite evoluir
grande importância, e, nas próximas unidades, você habilidades relacionadas à percepção visual, ao ra-
verá como aplicar cada uma delas: linhas grossas, fi- ciocínio de dimensões e relações espaciais.
nas, contínuas, tracejadas, entre outras. O próximo passo será entender a planificação
Entender a relação entre as diferentes escalas de objetos tridimensionais em uma folha de papel,
também auxilia no planejamento das pranchas de a fim de treinar a visão espacial. Vamos em frente!

48
LEITURA
COMPLEMENTAR

Caro(a) aluno(a), leia o texto a seguir, extraído do livro Toda linguagem é estruturada sobre um código próprio
“Desenho: teoria & prática”, que aborda a importância de (conjunto de sinais que possuem regras específicas). Te-
conhecer a linguagem do desenho técnico. Boa leitura! mos de conhecer bem as regras para poder usá-las de
forma criativa. Isso justifica porque precisamos conhecer
São os diferentes tipos de representação por desenhos as regras do desenho geométrico, da geometria descri-
que permitem a compreensão das consequências de tiva, do desenho técnico. Sem esse conhecimento não
cada ato de decisão durante o procedimento de simula- podemos raciocinar como projetistas e também não con-
ção de ideias espaciais – o projeto – e os desenhos são seguiremos nos comunicar com os outros profissionais
o suporte de representação material deste raciocínio si- envolvidos na nossa área de atuação. A produção cria-
mulatório. Dessa forma, o projetista realizará uma série tiva depende de um pensamento flexível, capaz de pro-
de construções gráficas, procurando elaborar e descre- curar analogias, de recombinar, fazer novas associações,
ver as concepções mentais decorrentes do ato de criar. aventurar-se sobre o próprio conhecimento acumulado.
Isso porque o desenho, sendo linguagem, faz parte de E para o projetista, a habilidade do desenho, a capacida-
um processo complexo de raciocínio. de de visualização espacial adquirida com a prática do
Cada um dos tipos de desenho presta-se, em momentos desenho, a reflexão crítica sobre a própria linguagem do
diferentes do desenvolvimento de uma ideia, a auxiliar a desenho serão fundamentais para alimentar as opera-
visualização daquilo que pensamos: permite selecionar, ções mentais criativas e para favorecer o uso pleno de
eliminar e sintetizar produtos de nossa imaginação cria- qualquer instrumental de desenho.
dora. É o desenho que, aliado a conhecimentos técnico- Um simples esboço possui linhas carregadas de significa-
científicos, dá suporte à capacidade de inventar, transfor- do para aquele que usa a expressão pelo desenho como
mar o mundo. Por isso é uma forma de conhecimento, é forma de raciocínio, exercício de visualização. Materiali-
uma linguagem universal, no espaço e no tempo. za no papel a representação de suas ideias espaciais. Ao
Por sua vez, cada instrumental de construção do dese- enxergá-las, concebe-as melhor e alimenta seu próprio
nho é um organismo que se estrutura e se articula de processo imaginativo.
maneira diferenciada dos demais. Cada uma produz for-
mas distintas de conhecimento e descreve a represen- Fonte: Porto (2005, p. 25-26).
tação diversificadamente. Para fazer uso de um instru-
mento de representação, qualquer que seja, do lápis ao
computador, é necessário apropriar-se dos conceitos e
técnicas que fundamentam este instrumento.

49
atividades de estudo

1. Copie o texto a seguir utilizando a caligrafia técnica. Todas as letras devem ser maiúsculas,
não inclinadas, com alturas de 5,0 mm (título) e 3,0 mm (texto). Trace linhas auxiliares e
procure fazer com que todos os caracteres tenham proporções semelhantes.
SÍMBOLOS GRÁFICOS
OS SÍMBOLOS GRÁFICOS BASEIAM-SE EM CONVENÇÕES PARA TRANSMITIR
INFORMAÇÕES. PARA SEREM FACILMENTE RECONHECÍVEIS E LEGÍVEIS, MAN-
TENHA-OS SIMPLES E CLAROS – SEM DETALHES IRRELEVANTES E FLOREIOS ES-
TILÍSTICOS. AO RESSALTAR A CLAREZA E A LEGIBILIDADE DE UMA APRESEN-
TAÇÃO, ESTAS FERRAMENTAS TAMBÉM SE TORNAM ELEMENTOS IMPORTANTES
NA COMPOSIÇÃO GERAL DO DESENHO OU DA APRESENTAÇÃO (CHING, 2011, P.
210).
2. Em uma folha formato A3, desenhe as margens conforme as indicações da norma técnica, ou
seja, com 25 mm no lado esquerdo e 7 mm na margem direita, superior e inferior.
Para fins de aprendizagem, adotaremos um carimbo simplificado, com dimensões totais de
178 mm x 40 mm, que deve ser preenchido com letras e algarismos técnicos. O primeiro
carimbo será utilizado para a terceira atividade de estudo (tópico 3), referente à prática dos
tipos e espessuras de linhas. Observe que o carimbo deve ficar encostado nas margens infe-
rior e lateral direita.
Lembre-se de limpar a prancheta, a régua paralela e os instrumentos de desenho antes de
começar. Siga as dimensões e indicações apresentadas na figura a seguir:

178 margem 7
borda da folha!
NOME:
NOME COMPLETO DO ALUNO
10 10 10

MÓDULO: FOLHA
DESENHO TÉCNICO
40

CONTEÚDO:
TIPOS E ESPESSURAS DE LINHAS
DATA: ESCALA:
21/03/2016 1:100
7 10

borda da folha!
74 74 30
Fonte: os autores.

50
atividades de estudo

3. Neste exercício, vamos treinar a utilização dos esquadros e do compasso, os tipos e espessu-
ras distintas das linhas, bem como o planejamento da prancha de desenho. Primeiramente,
desenhe as margens e o carimbo, conforme instruções do tópico 2 – você poderá utilizar a
folha da atividade anterior, em que as margens e o carimbo já estão prontos.
Desenhe as figuras a seguir com o auxílio dos instrumentos de desenho – não faça nenhuma
linha à mão livre. Primeiramente, desenhe o contorno das duas figuras, tomando o cuidado
para centralizá-las na folha, de forma que fiquem alinhadas. A princípio, construa todo o
desenho com a ajuda de linhas auxiliares, com a lapiseira 0.3 mm, pois os erros poderão ser
corrigidos sem marcar a folha. Por último, trace as linhas médias e grossas sobre as linhas
auxiliares. Lembre-se que, quanto maior o contraste entre as linhas, melhor será o entendi-
mento do desenho.
a. Desenhe a figura a seguir utilizando o esquadro de 30° e 60°. Utilize a lapiseira 0.3 mm para
os traços finos; a lapiseira 0.5 mm para os traços medianos; e a lapiseira 0.7 mm para traçar
as linhas grossas. Para desenhar as linhas perpendiculares (90°), utilize o ângulo de 60° ou o
jogo de esquadros.

LINHA FINA

LINHA GROSSA
90º
5
5
7,00

LINHA MÉDIA

LINHA FINA

1,50 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50


10,50

Tipos e espessuras de linhas


Fonte: os autores.

51
atividades de estudo

b. Desenhe a figura a seguir utilizando o esquadro de 45°. Observe as espessuras das linhas.

1,00
2,00 LINHA FINA

LINHA GROSSA
7,00
2,00

LINHA MÉDIA
2,00

LINHA FINA

2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00


10,50
Tipos e espessuras de linhas
Fonte: os autores.

4. Desenhe uma linha para cada medida indicada, com o auxílio da régua paralela e do escalí-
metro, com as seguintes escalas:
a. Represente 3,32 metros na escala 1:25.
b. Represente 4,58 metros na escala 1:50.
5. Como parte de um projeto de interiores para uma residência, um profissional precisou deta-
lhar um móvel que seria produzido sob medida para seu cliente. O desenho foi realizado na
escala 1:20 e, portanto, foi representado com 20,75 cm de comprimento no total. Consideran-
do a escala informada, qual é a dimensão real desse móvel?
a. 1,04 metros.
b. 4,15 metros.
c. 2,75 metros.
d. 10,37 metros.
6. Esta atividade tem como objetivo resumirmos todo o conteúdo dado ao longo desta unidade,
incluindo a prática da cotagem de projetos. Sendo assim, desenhe os dois objetos que seguem
nas escalas indicadas e indique as cotas parciais e totais de todos eles. Logo abaixo de cada
desenho, indique a escala utilizada, bem como a escala gráfica. Lembre-se de planejar os de-
senhos na prancha, tomando o cuidado para alinhá-los e centralizá-los na folha. O carimbo
e as margens são sempre necessários, especialmente para o arquivamento e identificação das
atividades propostas.

52
atividades de estudo

a. Desenhe o objeto a seguir na escala 1:50:

5,70
1,90 1,90 1,90

1,75
1,75
5,25
1,75

Escalas e cotas
Fonte: os autores.

b. Desenhe o objeto a seguir na escala 1:200:

2,45
2,45

5,00
R=5

12,45
00,
10,00

5,00
5,00

2,45 10,00 2,45 10,00 2,45


27,35
Escalas e cotas
Fonte: os autores.

53
DESENHO TÉCNICO

Desenho Arquitetônico
Gildo A. Montenegro
Editora: Blucher
Sinopse: O livro trata de maneira bastante didática a respeito
do desenho técnico manual, trazendo orientações a respeito dos
instrumentos a serem utilizados, traços distintos, escalas e cotas
- conteúdo abordado nesta unidade - além de ensinamentos re-
ferentes às peças gráficas do projeto arquitetônico: planta baixa,
implantação e cobertura, cortes e fachadas.

54
referências

ABNT NBR 10068. Folha de desenho: leiaute e dimensões. Rio de Janeiro, 1987.
ABNT NBR 6492. Representação de projetos de arquitetura. Rio de Janeiro, 1994.
BORTOLUCCI, M. A. P. C. S. et al. Desenho: Teoria & Prática. São Carlos: SAP/EESC-USP,
2005.
BORTOLUCCI, M. A. P. C. S.; PORTO, M. V. Material e Instrumentos. In: BORTOLUCCI, M.
A. P. C. S. et al. Desenho: Teoria & Prática. São Carlos: SAP/EESC-USP, 2005.
CHING, F. D. K. Representação gráfica em arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2011.
MONTENEGRO, G. A. Desenho Arquitetônico. São Paulo: Blucher, 2001.
PORTO, M. V. Reflexões sobre o desenhar. In: BORTOLUCCI, M. A. P. C. S. et al. Desenho:
Teoria & Prática. São Carlos: SAP/EESC-USP, 2005.
TAMASHIRO, H. A. Entendimento técnico-construtivo e desenho arquitetônico: uma
possibilidade de inovação didática. Tese Doutorado em Arquitetura e Urbanismo. Uni-
versidade de São Paulo – São Carlos, 2010.
VIZIOLI, S. H. T.; MARCELO, V. C. C. et al. Desenho Arquitetônico Básico. São Paulo: Pini,
2009.
YEE, R. Desenho Arquitetônico: um compêndio visual de tipos e métodos. Rio de Janei-
ro: LTC, 2014.

Referências On-Line
1
Em: <http://www.abnt.org.br/normalizacao/o-que-e/o-que-e>. Acesso em: 11 abr.
2016.
2
Em: <http://www.oprojetista.com.br/produto/201_gabarito-circulos-D-1.html>. Aces-
so en: 18 jul. 2016.

55
gabarito

1.
• Fixe a folha na prancheta seguindo as orientações dadas no tópico 1.
• Trace a primeira linha auxiliar com a ajuda da régua paralela.
• Marque a altura das letras com o auxílio do escalímetro e trace a linha auxiliar superior
(utilize a escala 1:100).
• Tome cuidado para que as letras não fiquem inclinadas. Caso precise de ajuda, utilize o
esquadro para traçar as retas verticais.
2.
a. Após realizar a limpeza da superfície de trabalho e dos instrumentos e fixar a folha na pran-
cheta, marque o tamanho das margens com o auxílio do escalímetro, utilizando a escala
1:100.
b. Com a lapiseira mais fina (0.3 mm), trace as margens inferior e superior com o auxílio da
régua paralela e as margens esquerda e direita utilizando o esquadro, apoiado na régua
paralela.
c. Marque as dimensões do carimbo com o auxílio do escalímetro e trace todas as linhas do
carimbo, a princípio com a lapiseira mais fina.
d. Ainda com a lapiseira mais fina, trace linhas auxiliares para guiá-lo na escrita técnica (lem-
bre-se que o texto nunca poderá encostar nas margens ou linhas do carimbo).
e. Escreva os textos menores – com altura de 3 mm – utilizando a lapiseira mais fina e os tex-
tos maiores com a lapiseira 0.5 mm, procurando fazer com que todas as letras e números
tenham o mesmo tamanho e proporções (observe no carimbo apresentado como exemplo
que os textos estão todos alinhados!).
f. É preferível que as linhas médias e grossas, referentes ao contorno do carimbo e margens
respectivamente, sejam passadas somente após a elaboração da atividade de estudo 3, a fim
de manter a folha mais limpa.
3. Primeiramente, desenhe somente o contorno dos dois desenhos na folha com uma lapiseira
fina, com linhas auxiliares, procurando centralizá-los.

a b

Legenda

56
gabarito

a. No primeiro exercício, comece traçando com o esquadro de 30°. A princípio, trace todas
as linhas com lapiseira fina (0.3 mm), tomando o cuidado para que a linha tracejada tenha
traços com tamanho e espessura uniforme. Lembre-se: o esquadro deve estar apoiado na
régua paralela.

Ponto de partida,
com esquadro
de 30º!

Após terminar o primeiro passo, desenhe as linhas perpendiculares com o jogo de esquadros,
conforme orientações no tópico 1. Para finalizar, trace as linhas médias e grossas.

Utilize o jogo de 90º


esquadros para
traçar as retas
perpendiculares!

57
gabarito

No segundo exercício, comece pelas linhas verticais, sempre com a lapiseira fina (0.3 mm).

Em seguida, trace as linhas inclinadas com o esquadro de 45°, tomando o cuidado com os
encontros das linhas. Trace as linhas grossas somente ao finalizar o desenho.

58
gabarito

4.
a. 3,32 metros na escala 1:25.

b. 4,58 metros na escala 1:50.

5. b) A dimensão real desse móvel é de 4,15 metros. Na escala 1:20, cada centímetro do desenho equivale
a 20 cm do objeto real. Logo, se o desenho possui 20,75 cm, o objeto terá 415 cm ou 4,15 metros (o
objeto será 20 vezes maior do que o desenho).
6. Assim como no exercício 3, comece com o planejamento dos desenhos na folha, procurando centrali-
zá-los. Lembre-se de prever espaço para as cotas, escala gráfica e título do desenho!
Sugerimos que você desenhe os objetos primeiramente em um rascunho, a fim de identificar suas
dimensões finais na escala correta. Desenhe, então, na folha definitiva com a lapiseira fina (0.3 mm),
tomando cuidado com a leitura do escalímetro.

59
PROJEÇÃO ORTOGONAL E
PERSPECTIVA ISOMÉTRICA

Professora Sandra G. Marques

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Breve histórico da Geometria Descritiva
• Definição e tipos de projeção
• Projeção Ortogonal
• Vistas Ortogonais
• Definição e tipos de perspectiva
• Perspectiva isométrica

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer as origens e os objetivos da Representação
Gráfica em Desenho Técnico.
• Definir projeção e perspectiva.
• Conhecer os diferentes tipos de projeções.
• Definir Projeção Ortogonal e sua importância para
entendermos um projeto.
• Conhecer os tipos de Planos e Vistas Ortogonais e quando
aplicá-las.
• Conhecer a perspectiva isométrica e seus métodos de
construção.
unidade

II
INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) a mais uma unidade do nosso


livro de Desenho Técnico.
A finalidade do Desenho Técnico é facilitar a comunicação entre o pro-
jetista e o executor. Descreve os sistemas formais para representar objetos e
espaços tridimencionais, que constituem a linguagem do desenho no pro-
jeto.
Nesta unidade, vamos compreender os métodos mais utilizados na re-
presentação de objetos tridimensionais em planos bidimensionais. Vamos
conhecer os diferentes tipos de projeções e de perspectivas, enfocando es-
pecialmente a Projeção Ortogonal e a Perspectiva Isométrica, métodos con-
sagrados e mais utilizados.
Começaremos com um breve histórico da representação Gráfica. Ve-
remos como a Revolução Industrial trouxe o conceito da padronização dos
processos produtivos e dos produtos, tornando necessária a definição de
uma linguagem projetual igualmente padronizada. Lacuna que foi ocupada
pelo matemático francês Gaspard Monge, criador da geometria descritiva.
Dentro do estudo da Projeção Ortogonal, veremos sua definição e seus
elementos. Conheceremos o método, que se baseia na projeção das diversas
faces de um objeto sobre planos perpendiculares. Veremos também os tipos
de planos de projeção e de vistas ortogonais.
Definiremos ainda a Perspectiva Isométrica e seus métodos de constru-
ção. A perspectiva isométrica é um dos métodos de perspectiva mais utili-
zado devido ao seu traçado simples e por seu resultado ser o mais parecido
com a percepção do olho humano.
Hoje, em tempos de softwares que representam objetos, ambientes e
até cidades em 3D, não damos tanta importância às representações gráficas
feitas à mão, já que elas já vêm embutidas, calculadas e representadas au-
tomaticamente. No entanto, para a criação desses programas, que facilitam
tanto nossa vida, foi preciso um início de muito estudo e experimentação.
Vamos ao trabalho? Desejo que o estudo desta unidade seja instigante
e muito proveitoso.
DESENHO TÉCNICO

Ilustração: Marcio Francisco Lopes - 2016

Breve Histórico da
Geometria Descritiva
No início do século XVII, com o advento da Revolu- O responsável por suprir essa demanda foi o
ção Industrial, a produção deixou de ser artesanal e matemático francês Gaspard Monge (1746 a 1818).
passou a ser padronizada em grandes quantidades. O Monge partiu das técnicas de representação gráfica
trabalho manual deu lugar às máquinas. Essa trans- usadas pelos egípcios, que representavam apenas a
formação dos meios de produção trouxe a necessida- planta, a elevação e o perfil. O método de Monge
de de uma representação gráfica definida e precisa, utiliza dois Planos de projeção perpendiculares en-
que proporcionasse a padronização dos produtos, tre si (plano horizontal e plano vertical) e ilimitados
além de uma forma universal de interpretação dos nos quais são feitas as projeções das figuras que se
projetos (MARQUES; CHISTÉ, 2015, on-line). quer representar em duas dimensões.

64
DESIGN

Monge criou, assim, a Geometria Descritiva, que é


a base matemática do desenho técnico. Na definição
do seu próprio criador, a Geometria Descritiva é a
parte da Matemática que tem por fim representar
sobre um plano as figuras do espaço, de modo a po-
der resolver, com o auxílio da Geometria Plana, os
problemas em que se consideram as três dimensões.
A Geometria Descritiva permite a construção de
vistas, que mostram as diferentes faces do objeto a
ser representado, em verdadeira grandeza, ou seja,
em suas medidas originais, sem distorções (BARI-
SON, on-line).
Figura 1 - Gaspard Monge, matemático francês
Fonte: File:Gaspard… (on-line).

SAIBA MAIS REFLITA

Com destacada atuação política, Edgard Em tempos de softwares que represen-


Monge foi ministro e amigo pessoal de tam automaticamente objetos e ambien-
Napoleão Bonaparte. Seu interesse no de- tes, não damos tanta importância às
senvolvimento da geometria descritiva teve representações gráficas, mas seu desen-
origem em seu desejo de tornar a França volvimento demandou muito estudo e
independente da indústria estrangeira. experimentação

Fonte: adaptado de Barison (on-line).1

65
DESENHO TÉCNICO

Definição e Tipos
de Projeção
Projetar significa representar um objeto graficamen-
te em um plano. A projeção é formada pelos pontos TIPOS DE PROJEÇÃO
de interseção dos raios projetantes, que tangenciam
o objeto a se representar, com uma superfície plana, De acordo com a posição do centro projetivo em
chamada plano projetivo (RABELLO, 2005, on-line). relação ao plano de projeção, as projeções se classi-
ficam em:
ELEMENTOS DA PROJEÇÃO • Cônicas - quando o centro projetivo está a
uma distância finita do plano de projeção e os
raios projetantes são divergentes (Figura 2).

+
(P) • Cilíndricas - quando o centro projetivo está
a uma distância infinita do plano de projeção
e os raios projetantes são paralelos (Figura 3).

(A) (C)
(B)

A C

(α) B

P: Centro de projeção.
Retas PA, PB e PC: raios projetantes. Figura 3 - Exemplo de projeção cônica

Triângulo (A), (B), (C): objeto. Fonte: os autores1.

Triângulo A, B, C: projeção do objeto.


: plano de projeção.
Figura 2 - Elementos da projeção
Fonte: Miceli e Ferreira (2010, p. 21). 1
Cedido por Marcio Francisco Lopes (2016).

66
DESIGN

Figura 4 - Exemplo de projeção cilíndrica


Fonte: os autores1.

Nas projeções cilíndricas, os raios projetantes são


paralelos entre si e, por isso, são também chamadas
de projeções paralelas. As projeções cilíndricas, ou
paralelas, se dividem em Oblíquas e Ortogonais.
(A) (C)

(B)
(A)
(C)
(B)

o A
A C
C
(α) B
(α) B

Figura 5 - Exemplo de projeção cilíndrica oblíqua Figura 6 - Exemplo de projeção cilíndrica ortogonal
Fonte: Miceli e Ferreira (2010, p. 22). Fonte: Miceli e Ferreira (2010, p. 22).

1
Cedido por Marcio Francisco Lopes (2016).

67
DESENHO TÉCNICO

Projeção
Ortogonal
Segundo definição do vocabulário de termos relativos mensional projetando linhas perpendiculares ao
aos métodos de projeção da Associação Brasileira de plano do desenho. Para construirmos uma Projeção
Normas Técnicas (ABNT - NBR ISO 10209-2, 2005), Ortogonal, desenhamos linhas de projeções para-
Projeção Ortogonal é a projeção paralela na qual todas lelas a partir de vários pontos do objeto de modo
a projetantes interceptam o plano de projeção em ângu- que elas incidem perpendicularmente ao plano do
lo reto (ABNT, on-line). É a representação de um obje- desenho. A seguir, conectamos os pontos projetados
to em vistas distintas, mantidas as dimensões, de forma na ordem adequada, para obter vista do objeto ou
que o conjunto da vistas descreve o objeto no todo. da edificação no plano do desenho referimo-nos à
Segundo Ching (2011, p. 38), a Projeção Orto- imagem resultante no plano do desenho como Vista
gonal representa uma forma ou construção tridi- Ortogonal (CHING; JUROSZEK, 2012, p.136)

68
DESIGN

2º DIEDRO 1º DIEDRO
(π’’)
A’ (A)

(π’)
(π’)

A
L (π)

(π)
3º DIEDRO 4º DIEDRO
Figura 7 - Ilustração para Projeção Ortogonal
Fonte: Miceli e Ferreira (2010, p. 35).

π = plano horizontal.
π’= plano vertical.
Com uma vista ortogonal apenas não é possível des- LT= Linha de Terra.
crever o objeto de forma tridimensional, por isso, (A)= ponto no espaço a ser projetado.
faz-se necessário o emprego de um sistema de dois A= projeção horizontal do ponto (A).
A’= projeção vertical do ponto (A).
planos de projeção perpendiculares entre si, um na
Figura 8 - Ilustração de diedros
posição horizontal e outro na vertical. Método cria-
Fonte: Miceli e Ferreira (2010, p. 23).
do por Gaspard Monge, como vimos no início desta
unidade.
A intersecção entre o plano horizontal e o plano No desenho técnico, utiliza-se apenas o 1º e o 3º
vertical formam uma reta chamada Linha de Terra. diedros. O 1º diedro é também chamado de siste-
Os planos ortogonais formam no espaço 4 porções ma europeu. O 3º diedro é conhecido como sistema
iguais, denominadas Diedros. americano. No Brasil, adota-se o 1º diedro.

69
DESENHO TÉCNICO

ÉPURA PLANO DE PERFIL

Para que os dois planos de projeção sejam represen- Para definir mais precisamente a localização de um
tados em uma superfície plana, faz-se o rebatimento ponto no espaço emprega-se um terceiro plano per-
de um plano sobre o outro, girando-o 90º sobre a Li- pendicular aos outros dois, o plano de perfil. Assim,
nha de Terra. A esse processo de rebatimento dá-se o ponto será definido por três coordenadas (x, y, z)
o nome de Épura. que correspondem a: abscissa, afastamento e cota.
• Abscissa (x) = é a distância entre o ponto no
espaço e sua projeção no plano de perfil.
• Afastamento (y) = é a distância entre o ponto
no espaço e sua projeção no plano vertical.
• Cota (z) = é a distância entre o ponto no es-
paço e sua projeção no plano horizontal.

π'
A' (A) A'
T T
π
A
L
L REBATIMENTO
A
DIEDROS DE DO PLANO
PROJEÇÃO DE PROJEÇÃO

A' A'

L T

PLANOS A A
REBATIDOS ÉPURA
Figura 9 - Exemplos de Épura
Fonte: Miceli e Ferreira (2010, p. 24).

70
DESIGN

Vistas Ortogonais
No desenho técnico, as representações gráficas ob- VISTAS COMPLEMENTARES
tidas por meio da projeção ortogonal do objeto nos
planos de projeção corresponderão as três vistas or- O número de vistas ortogonais necessárias para des-
tográficas principais (MICELI; FERREIRA, 2010, p. crever a forma tridimensional de um objeto vai de-
39): pender de sua complexidade. Um recurso que pode
• Vista Frontal: a projeção do objeto no plano ser aplicado na representação de um objeto muito
vertical. complexo é aumentar para seis o número de vistas.
• Vista Superior: a projeção do objeto no plano Assim, são considerados dois planos em cada posi-
horizontal. ção (MICELI; FERREIRA, 2010, p. 41):
• Vista Lateral Esquerda: a projeção do objeto • Horizontal - abaixo e acima do sólido.
no plano de perfil.
• Vertical - atrás e à frente do sólido.
Na Arquitetura, segundo Ching e Juroszek (2012), • De perfil - à direita e à esquerda do sólido.
as vistas ortogonais principais recebem os nomes de
planta, elevação e corte. ESCOLHA DAS VISTAS
• Planta: corresponde à vista superior do obje-
to, ou seja, sua projeção no plano horizontal. A definição de quantas e quais vistas usar na repre-
• Elevação: corresponde à vista frontal do ob- sentação de um objeto deve seguir alguns critérios:
jeto, ou seja, sua projeção no plano vertical. • A vista frontal deve conter a face mais impor-
• Corte: corresponde à vista lateral do objeto, tante do objeto, a que tenha mais detalhes,
ou seja, sua projeção no plano de perfil. preferencialmente, a do comprimento.
• Limitar quanto possível o número de vistas.
• Evitar vistas com repetição de detalhes (MI-
CELI; FERREIRA, 2010, p. 41).

INFERIOR SUPERIOR

LATERAL LATERAL LATERAL LATERAL


FRONTAL ESQUERDA POSTERIOR POSTERIOR
ESQUERDA FRONTAL DIREITA
DIREITA

SUPERIOR INFERIOR

Seis vistas no 1º diedro Seis vistas no 3º diedro


Figura 11 - Exemplo de vistas complementares
Fonte: Miceli e Ferreira (2010, p. 41).

71
DESENHO TÉCNICO

Definição e Tipos
de Perspectiva

72
DESIGN

A palavra perspectiva vem do latim perspicere e sig- PERSPECTIVA AXONOMÉTRICA


nifica “ver através de”. A perspectiva representa os OU AXONOMETRIA
objetos como eles aparecem a nossa vista, com três
dimensões. É a representação gráfica de um objeto A axonometria é um tipo de projeção cilíndrica
de modo que suas três faces principais sejam visíveis que usa como referência um sistema ortogonal de
em um único plano. três eixos que formam um triedro. O termo axo-
A perspectiva é resultado de uma projeção, sen- nometria vem do grego axon (eixo) e metron (me-
do assim, o centro de projeção é o olho do observa- dida).
dor; as projetantes correspondem aos raios visuais
e a projeção no plano é a perspectiva do desenho A perspectiva axonométrica pode ser:
(MICELI; FERREIRA, 2010, p. 60). • Isométrica.
De acordo com forma com que se projetam so- • Dimétrica.
bre o plano, as perspectivas se dividem em: • Trimétrica.
• Perspectiva cônica ou exata – resulta da pro-
jeção cônica. Observação:
• Perspectiva Cavaleira ou Militar – resulta da As perspectivas mais utilizadas na represen-
projeção cilíndrica oblíqua. tação de desenho técnico são a isométrica e a ca-
• Perspectiva Axonométrica – resulta da proje- valeira.
ção cilíndrica ortogonal.

73
DESENHO TÉCNICO

Perspectiva
Isométrica
Na perspectiva isométrica, o objeto é representado de A posição no papel do eixo OZ é vertical (eixo
tal maneira que permite demonstrar três de suas faces, das alturas) e os eixos OX (eixo dos comprimen-
geralmente a frontal, a lateral esquerda e a superior. tos) e OY (eixo das larguras) formam ângulo de
As faces são montadas sobre três eixos, perpendicula- 30° com a reta horizontal (MICELI; FERREIRA,
res entre si, que servem de suporte para as três dimen- 2010, p. 62).
sões (altura, largura e comprimento) e são colocados A perspectiva isométrica é a mais utilizada
obliquamente em relação ao plano de projeção. por ser simples e de fácil compreensão. Outra
Os três eixos, chamados eixos isométricos, têm vantagem é que ela deforma menos o objeto, por
origem no mesmo ponto e são igualmente inclinados representá-lo em proporções iguais as suas re-
em relação ao plano de projeção, formando entre si ais dimensões. Por isso, vem o termo isométrica
ângulos de 120°. (mesma medida).

Z
12

12

30° 30°

120° X Y
Figura 12 - Eixos isométricos Figura 13 - Eixos isométricos em relação ao plano
Fonte: Miceli e Ferreira (2010, p. 61). Fonte: Miceli e Ferreira (2010, p. 62).

74
DESIGN

LINHAS ISOMÉTRICAS LINHAS NÃO ISOMÉTRICAS

As linhas paralelas às semirretas que compõem o As linhas não paralelas aos eixos isométricos são li-
eixo isométrico são chamadas de linhas isométricas. nhas não isométricas.
As retas r e s são paralelas ao eixo y, enquanto as A reta v é um exemplo de reta não isométrica
linhas t e u são paralelas aos eixos z e x, respectiva- por não ser paralela a nenhum dos eixos isomé-
mente, logo são linhas isométricas. tricos.

r v
X y
X y
t
u
0 0
s

Z Z

Figura 14 - Exemplo de linhas isométricas Figura 15 - Exemplo de linha não isométrica


Fonte: Souza e Machado (on-line). Fonte: Souza e Machado (on-line).

75
DESENHO TÉCNICO

TRAÇADO DE LINHAS NÃO CONSTRUÇÃO DA PERSPECTIVA


ISOMÉTRICAS
A construção da perspectiva isométrica de um obje-
Para traçar linhas não isométricas deve-se conside- to é feita a partir de um sólido envolvente, cujas di-
rar o sólido envolvente (um retângulo ou quadrado mensões totais (altura, comprimento e largura) são
em que o objeto a ser representado esteja circuns- medidas sobre os três eixos. Sobre esse sólido, são
crito) como elemento auxiliar. Marca-se nas linhas marcados os detalhes do objeto, traçando-se retas
isométricas os pontos extremos das linhas não iso- paralelas aos três eixos.
métricas, unindo-os posteriormente. A representação em perspectiva isométrica pro-
Segundo Miceli e Ferreira, os ângulos, assim voca uma pequena deformação visual. Nas medidas
como as arestas não isométricas não são represen- dos objetos, é aplicado um coeficiente de redução
tados em verdadeira grandeza em perspectiva; para que corresponde a 0,816 do comprimento real. Para
seu traçado utilizamos o mesmo recurso das arestas facilitar a execução do desenho, abandona-se o co-
não isométricas, ou seja, considerar o sólido envol- eficiente de redução, aplicando-se as medidas em
vente como elemento auxiliar. verdadeira grandeza sobre os três eixos. Esse pro-
cedimento tem o nome de desenho isométrico e é
1
3 aproximadamente 20% maior do que a perspectiva
isométrica. (MICELI; FERREIRA, 2010, p. 62).
2

CIRCUNFERÊNCIA EM PERSPECTIVA
ISOMÉTRICA

1 A perspectiva isométrica de uma circunferência é


3
uma elipse. Para traçar a circunferência em pers-
2 pectiva isométrica, deve-se construir um quadrado
isométrico cujos lados tenham a mesma medida do
diâmetro da circunferência a ser perspectivada. Em
seguida, marca-se os pontos médios dos lados do
quadrado. Eles serão os pontos de tangência da elipse.
1 Os vértices do quadrado isométrico que formam
3
sua diagonal menor serão os centros dos arcos a se-
2 rem traçados entre os pontos médios opostos. Esses
serão os arcos maiores da elipse.
Traçando-se retas entre os centros 1 e 2, determi-
nados no passo anterior, e os pontos médios opostos,
Figura 16 - Traçado de linha não isométrica obtêm-se, nas interseções dessas retas, os centros 3 e
Fonte: Miceli e Ferreira (2010, p. 63). 4 dos arcos menores que completam a elipse.

76
DESIGN

A construção de arcos de circunferência segue o


mesmo processo.

Figura 17 - Circunferência em perspectiva isométrica 1º passo


Figura 19 - Circunferência em perspectiva isométrica 3º passo
Fonte: Granato, Santana e Claudino (on-line).
Fonte: Granato, Santana e Claudino (on-line).

SAIBA MAIS

Nas perspectivas não se consegue uma


1 visualização exata porque a representação
parte de um ponto de vista e é lançado
sobre uma superfície plana, enquanto a
2 imagem real é binocular e obtida na super-
fície curva do olho.

Fonte: adaptado de Góes (on-line).2

Figura 18 - Circunferência em perspectiva isométrica 2º passo


Fonte: Granato, Santana e Claudino (on-line).

77
DESENHO TÉCNICO

PAPEL ISOMÉTRICO
REFLITA
Para facilitar o traçado da perspectiva isométrica à
mão livre, podemos utilizar o papel isométrico ou
Se você se colocar atrás de uma janela envi-
grade isométrica. Ele é composto por três conjun- draçada e, sem se mover do lugar, riscar no
tos de linhas paralelas que representam as três di- vidro, o que está “vendo através da janela”
mensões (largura, altura e comprimento), formando terá feito uma perspectiva (Barison).

uma grade de triângulos equiláteros.

Figura 20 - Papel isométrico


Fonte: Souza e Machado (on-line).

78
DESIGN

Considerações Finais
Prezado(a) aluno(a), como vimos nesta unidade de- todo tem a vantagem de representar em verdadeira
dicada ao estudo da Projeção Ortogonal e da Pers- grandeza todas as faces do objeto projetado.
pectiva Isométrica, a Geometria Descritiva surgiu Estudamos, também, a perspectiva isométrica,
para atender a uma demanda da indústria em trans- seus elementos e seus métodos de construção. Vi-
formação no início do século XVII. A Revolução In- mos que, em virtude da simplicidade do seu traçado
dustrial impôs a padronização dos produtos e dos e por ser a forma de perspectiva em que a represen-
métodos de fabricação, fazendo necessária a ado- tação do objeto mais se assemelha à percepção da
ção de uma linguagem gráfica padronizada. Pai da vista humana, a perspectiva isométrica é a mais usa-
Geometria descritiva, o matemático francês Edgard da das formas de perspectiva.
Monge desenvolveu um sistema de planos perpen- Conhecemos os eixos isométricos, que são a
diculares, no qual se projetam, ortogonalmente, as base do desenho de objetos em perspectiva isomé-
vistas do objeto a ser representado, a chamada Pro- trica. Vimos que os três eixos, em que se represen-
jeção Ortogonal. tam as três dimensões dos sólidos a serem represen-
Conhecemos, ainda, as definições e os diferentes tados – a altura, a largura e o comprimento – partem
tipos de projeção e de perspectiva, enfocando em es- de um ponto central em comum e que forma entre
pecial a projeção ortogonal e a perspectiva isométrica. si ângulos de 120º.
Vimos que a projeção ortogonal é a base das Apresentado o conteúdo, fica o incentivo para
representações ortográficas e que o desenho orto- que você, aluno(a), desenvolva os conhecimentos
gráfico é definido por linhas de projeção paralelas aqui abordados, experimentando as muitas possibi-
e perpendiculares aos planos de projeção. Esse mé- lidades da representação gráfica.

79
LEITURA
COMPLEMENTAR

Harmonia
A harmonia se refere à consonância – a agradável con- Às vezes, queremos combinar um desenho feito à mão e
cordância das partes em um projeto ou uma composi- uma representação digital em uma única imagem com-
ção. Enquanto o equilíbrio atinge a unidade por meio da posta. Para tanto, é preciso ter o cuidado de controlar o
cuidadosa combinação de elementos tantos similares estilo, a variação e o contraste em pesos de linha e tonali-
quanto diferentes, o princípio da harmonia envolve a dades a fim de assegurar uma relação harmoniosa entre
seleção criteriosa de elementos que compartilhem um os desenhos analógicos e digitais.
traço ou uma característica: Ainda que os estilos analógico e digital não devam com-
• Tamanho comum. petir de maneira agressiva, podemos usar um contraste
• Formato comum. sutil no estilo para manter a ênfase no tópico de um de-
• Tonalidade ou cor comum. senho e esmaecer o contexto ou fundo.
• Orientação similar. A digitalização de um desenho à mão por meio de um
• Características similares de detalhes. programa de processamento de imagem nos permite
Talvez o modo mais natural de produzir harmonia em modificar sua cor e gama de tonalidades.
um desenho seja usar um meio ou uma técnica comuns Quanto à digitalização (também chamada de escanea-
em toda a composição. Empregar o princípio da harmo- mento) de um desenho à mão, precisa ser reduzida ou
nia muito rigorosamente pode resultar em composições ampliada.
unificadas, mas pouco interessantes. Os desenhos pre- Contudo os pesos de linha de um desenho a base de ve-
cisam de diversidade, como um antídoto à monotonia. tores podem ser ampliados ou reduzidos com ou sem
Contudo a variedade, quando levada ao extremo, pode mudança de escala simultânea nos pesos de linha.
resultar em caos visual e mensagem fragmentada. É de
uma tensão elaborada e artística entre ordem e desor- Fonte: Ching e Juroszek (2012, p. 356-357).
dem, entre unidade e variedade, que ressalta a harmo-
nia. Estabilidade e unidade se obtêm estimulando cons-
trastes, assim como unindo semelhanças.

80
atividades de estudo

1. De acordo com a posição do centro projetivo em relação ao plano, as projeções se classificam


em:
a. Cilíndrica ou Paralela.
b. Cônica ou Cilíndrica.
c. Ortogonal ou Obliqua.
d. Cavaleira ou Exata.
e. Oblíqua ou Exata.

2. Preencha as lacunas (A, B, C, D e E) com os elementos da projeção.

Fonte: os autores1.

3. Qual a diferença entre desenho isométrico e perspectiva isométrica?

Cedido por Marcio Francisco Lopes (2016).


1

81
atividades de estudo

4. Assinale a alternativa que representa o objeto em perspectiva isométrica.

A B C
Fonte: Souza e Machado (on-line).

a. Somente o dado A está em perspectiva isométrica.


b. Somente o dado B está em perspectiva isométrica.
c. Somente o dado C está em perspectiva isométrica.
d. Os dados A e B estão em perspectiva isométrica.
e. Nenhum dos dados estão em perspectiva isométrica.

5. Conforme as afirmativas a seguir, assinale a alternativa correta:


I. A perspectiva isométrica de uma circunferência é uma elipse.
II. A vista frontal corresponde à projeção do objeto no plano vertical.
III. A construção da perspectiva isométrica de um objeto é feita a partir de um sólido envolvente.
IV. A perspectiva cavaleira ou militar resulta da projeção cilíndrica ortogonal.
V. As linhas paralelas aos eixos isométricos são chamadas de linhas isométricas.
Podemos afirmar que:
a. Somente as alternativas I e II estão corretas.
b. Somente as alternativas I, II e III estão correta.
c. Somente as alternativas I, II, IV e V estão corretas.
d. Somente as alternativas I, II, III e V estão corretas.
e. Todas as alternativas estão corretas.

82
DESIGN

Fábricas e Homens - A Revolução Industrial e o


Cotidiano dos Trabalhadores
Edgar De Decca
Editora: Atual Editora
Sinopse: A obra faz parte da coleção História Geral em
Documentos, que trata de temas importantes da história
universal, utilizando-se de vários tipos de documentos de
época - documentos raros, polêmicos, surpreendentes, que
ilustram de maneira viva acontecimentos e períodos mar-
cantes da história do mundo. Este volume aborda os seguin-
tes tópicos - as diferenças entre a vida tradicional no campo
e a vida na cidade nos primeiros tempos do capitalismo; o
dia a dia nas fábricas; os castigos aplicados a adultos e crian-
ças; as organizações sindicais e as greves na luta dos trabalhadores; o lazer e as festas na
vida dos operários.
Comentário: Como vimos no início da unidade, a Revolução Industrial impulsionou o desen-
volvimento da geometria descritiva. Este livro permite a você, aluno(a), compreender mais a
fundo o cotidiano de quem viveu esse momento histórico, com enfoque sobre os trabalha-
dores.

83
referências

ABNT. Documentação Técnica de Produto – Vocabulário. Parte 2: Termos Relativos aos Métodos de Pro-
jeção. ABNT NBR ISO 10209-2:2005. Disponível em: <http://www.dca.ufrn.br/~acari/Desenho%20Mecanico/
Normas%20ABNT%20para%20Desenho/NBR10209.pdf>. Acesso em: 5 jun. 2016.
BARISON, M. B. Geometria Descritiva. Departamento de Matemática da Universidade Estadual de Londrina.
Disponível em: <http://www.uel.br/cce/mat/geometrica/php/gd_t/gd_3t.php>. Acesso em: 19 jul. 2016.
BARISON, M. B. Perspectivas. Departamento de Matemática da Universidade Estadual de Londrina. Dispo-
nível em: <http://www.uel.br/cce/mat/geometrica/php/pdf/gd_perspectivas.pdf>. Acesso em: 19 jul. 2016.
CHING, F. D. K. Técnicas de Construção Ilustradas. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.
_______. Representação Gráfica em Arquitetura. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011.
CHING, F. D. K.; JUROSZEK S. P. Desenho para Arquitetos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman. 2012.
CRUZ, D. C.; AMARAL, L. G. H. Apostila de Geometria descritiva. Universidade Federal da Bahia. Disponível
em: <http://www2.fsanet.com.br/Professor/Material/Material-de-Apoio/Thais-Rodrigues-Ibiapina/Bachare-
lado-em-Engenharia-Civil/Geometria-Descritiva/Apostila-de-Geometria-Descritiva-2012.1.pdf>. Acesso em:
17 jun. 2016.
FILE:GASPARD monge litho delpech.jpg. Wikimedia Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.
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FRENCH, T. E.; VIERCK, C. J. Desenho Técnico e Tecnologia Gráfica. 7. ed. São Paulo: Globo, 2002.
GÓES, R. T. Geometria no Ensino. Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Exatas, Departamento
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GRANATO, M.; SANTANA, R.; CLAUDINO, R. Perspectiva Isométrica. PUC Goiás. Disponível em: <http://www2.
ucg.br/design/da2/perspectiva.pdf>. Acesso em: 5 jun. 2016.
MARQUES, J. C.; CHISTÉ, P. S. A Aula de Projeção Ortogonal na Disciplina de Desenho Técnico: um exemplo
de atividade realizada nas turmas do curso técnico em Eletrotécnica no IFES. Instituto Federal do Espírito
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em: 5 jun. 2016.
MICELI, M. T.; FERREIRA, P. Desenho Técnico Básico. 4. ed. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2010.
MONTENEGRO, G. A. Desenho Arquitetônico. 4. ed. São Paulo: Blucher, 2001.
RABELLO, P. S. Geometria Descritiva Básica. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 2005. Disponível em:
<http://www.exatas.ufpr.br/portal/degraf_rossano/wp-content/uploads/sites/16/2014/10/GEOMETRIA-DES-
CRITIVA-B%C3%81SICA-Paulo-S%C3%A9rgio-Brunner-Rabello.pdf>. Acesso em: 15 maio 2016.
SOUZA, P. C.; MACHADO, A. V. Perspectiva Isométrica. Universidade Federal Fluminense. Disponível em:
<http://desenhobasicouff.weebly.com/uploads/7/1/0/5/7105339/slidesaula.pdf>. Acesso em: 19 jul. 2016.

Referências On-Line
1 Em: <http://www.uel.br/cce/mat/geometrica/php/pdf/gd_perspectivas.pdf>. Acesso em: 19 jul. 2016.
2 Em: <http://www.degraf.ufpr.br/docentes/anderson/pdf/GeometriaNoEnsino/Perspectivas.pdf>. Acesso
em: 19 jul. 2016.

84
gabarito

1. B.
A. Centro de Projeção.
B. Objeto.
C. Raio Projetante.
D. Projeção do Objeto.
E. Plano de Projeção.
2. Por não empregar o coeficiente de redução, o desenho isométrico é cerca de 20%
maior do que a perspectiva isométrica.
3. A.
4. D.

85
DESENHO TÉCNICO DE MOBILIÁRIO

Professor Esp. Lucas Kauê Babetto Mendes

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Vistas ortogonais de mobiliário
• Hachuras
• Perspectiva isométrica explodida
• Detalhes

Objetivos de Aprendizagem
• Estabelecer os padrões de detalhamento de móveis, a
partir de vistas ortogonais.
• Especificar as diferentes hachuras para representação de
materiais de construção e acabamento.
• Desenvolver detalhamento tridimensionais, com
perspectivas isométricas explodidas.
• Compreender a forma correta de expor características
específicas em outras escalas para melhor leitura de
projeto.
unidade

III
INTRODUÇÃO

Olá, aluno(a)! Nesta unidade, falaremos sobre a representação do mobili-


ário que ambientará nossos projetos compreenderemos a importância de
um detalhamento adequado para a produção e execução de móveis.
Como designer de interiores, você poderá atuar na criação e con-
cepção de móveis, produtos e utensílios em geral para a adequação em
ambientes internos. Hoje em dia, a personalização de móveis é prati-
camente inevitável, por conta da redução dos espaços físicos, tanto em
projetos residenciais como comerciais, as edificações recentes tendem
a ser cada dia menores, obrigando-nos a um aproveitamento de espa-
ço muito bem estudado, com a inserção de móveis multifuncionais, ou
seja, que atendam várias funções, como, por exemplo, os armários mul-
tiuso para áreas de serviço que, além de armazenarem produtos e uten-
sílios de limpeza, contêm ainda cesto de roupas e tábua de passar. Para
que tais produtos possam ser executados, necessitamos de representa-
ções gráficas que reproduzam fielmente cada detalhe de construção e
funcionamento dessas criações.
Ainda nesta unidade, você aprenderá as diferentes formas de deta-
lhamento de mobiliário, contemplando a produção de vistas ortogonais
que, como vimos na unidade anterior, expõe todas as faces de um ele-
mento especificando aberturas e volumes, que contribuirão na inserção
do mobiliário em plantas para elaboração de layouts, estudos de circu-
lação e fluxo nos ambientes, irá, além dessas representações bidimen-
sionais, conceber perspectivas isométricas explodidas, representando
tridimensionalmente cada elemento que compõe a elaboração desses
moveis, como gavetas, portas, puxadores e trilhos. Todos esses desenhos
juntos compõem o detalhamento necessário para compreensão dos pro-
fissionais que executarão esses projetos, pois, geralmente, o processo de
fabricação é obtido por meio da mão de obra de terceiros, como mar-
ceneiros, vidraceiros, tapeceiros, entre outros profissionais que atuam
juntamente com designers de interiores na ambientação de espaços.
DESENHO TÉCNICO

Vistas Ortogonais
de Mobiliário

90
DESIGN

Aluno(a), como você já viu, as vistas ortogonais são Ressalta-se que, para a concepção de mobiliários
representações gráficas que possibilitam a reprodu- e outros detalhes em desenhos técnicos, o ideal é
ção de elementos tridimensionais em superfícies pla- trabalhar escalas maiores como a 1:25 e 1:20, afim
nas. Dessa forma, expondo no desenho todas as seis de facilitar a compreensão dos detalhes.
faces, frontal, lateral direita, lateral esquerda, pos- Ainda quanto a facilitar a leitura e compre-
terior, superior e inferior desse elemento. Veja que, ensão dos desenhos, utilizamos também a hie-
quando trabalhamos com a criação de mobiliários, rarquia de linhas, anteriormente apresentada na
esse procedimento é indispensável para a leitura e unidade II, para definirmos as distâncias referen-
interpretação do projeto, uma vez que, com as vistas, tes ao plano que observamos, sendo assim, nas
podemos observar as diferentes aberturas, encaixes, vistas de mobiliários, comumente usamos, quan-
componentes e vazios do móvel, auxiliando na con- do reproduzidos à mão, a lapiseira com espessura
fecção de cada parte que integra a fabricação do mes- de 0,9mm, para todos os primeiros planos como
mo, como gavetas, portas, forros, tampos e pés. frentes de gavetas, puxadores e tampos, para os
Representaremos as vistas no 1º diedro como sen- segundos planos como fechamentos, prateleiras
do a vista frontal, a mais representativa e de referência e nichos utilizamos a lapiseira com espessura de
a outras cinco, posicionando a lateral direta à esquer- 0,5mm e para componentes mais distantes, como
da da vista frontal, a lateral esquerda à direita da vista pés e prateleiras internas, a lapiseira com espessu-
frontal, a posterior a direita da lateral esquerda, a su- ra de 0,3mm, além de linhas de projeção. Como
perior abaixo da frontal e a inferior acima da frontal. ilustrado na figura a seguir.

Figura 1 - Vistas ortogonais e hierarquia de linhas - criado mudo


Fonte: os autores.

91
DESENHO TÉCNICO

SAIBA MAIS Para desenhar as vistas ortogonais de um mobiliário,


você utilizará os mesmos princípios vistos na unida-
de anterior, o primeiro passo após ter desenhado as
Móveis sob medida
margens e o carimbo é descobrir o centro da folha
Personalização: quem não encontrou o para a reprodução do conteúdo de forma organiza-
móvel com a cara que queria nas lojas de
mobiliário pronto pode ter na marcenaria
da, para isso, você poderá medir com o escalimetro
uma grande aliada. Junto com a empresa, o em escala natural e encontrar o centro da folha, ou
interessado pode desenhar qualquer mobi- ligando os vértices da margem opostos em diagonal
liário imaginado.
como na Figura 2.
Ajuste ao ambiente: os móveis de marce- Assim, o ponto no qual se intersecionam as li-
naria são indicados também para tornar o
nhas diagonais é o centro da folha. Tendo encontra-
mobiliário bem ajustado às dimensões da
residência. Isso porque são feitos nas medi- do o centro da folha, a primeira vista a ser desenha-
das dos ambientes que irão ocupar. Com os da deve ser a frontal, pois é a de maior relevância
móveis prontos, esse ajuste perfeito nem
e que referenciará as outras cinco, ela deve ser in-
sempre é possível.
serida na prancha centralizada referente às margens
Uniformidade: para quem procura unifor-
horizontais e um a dois centímetros à esquerda do
midade de traços, estilos e cores no mobi-
liário de todo o ambiente ou residência, a centro da folha referente às margens verticais, como
solução é projetá-lo com um marceneiro. mostra a Figura 3.
Com móveis prontos, essa combinação
Após a inserção da vista frontal, respeitamos
exige muitas procura e tempo.
três centímetros para direita e reproduzimos a vis-
Fontes: Loyola, Negri e Porfirio (2009, on-line).1
ta lateral esquerda, o mesmo acontece para a vista
lateral direita que será reproduzida três centímetros
à esquerda da vista frontal, as principais linhas hori-
zontais dessas vistas devem ser extraídas das alturas
referenciadas na vista frontal, com auxílio da régua
paralela como exposto a seguir.

92
DESIGN

Figura 2 - Exemplo de centralização em prancha


Fonte: os autores.

Figura 3 - Primeiro passo: desenho de vistas ortogonais


Fonte: os autores.

93
DESENHO TÉCNICO

Ao lado direito da vista lateral esquerda, respeita-se SAIBA MAIS


o mesmo espaço de três centímetros da extremidade
da vista lateral esquerda para a desenvolver a vista Móveis prontos
posterior, novamente se utiliza a régua paralela para
Redução de custo: por serem feitos em
referenciar as alturas da vista frontal. série, os móveis prontos têm, via de regra,
A vista inferior deve ser reproduzida acima da preços mais baixos que os sob medida.
vista frontal, respeitando um espaço de quatro cen- Para orçamentos apertados, são a solução
mais econômica.
tímetros da extremidade superior da vista frontal
para a base da vista inferior, o mesmo se repetirá Mudanças constantes: como os móveis de
marcenaria são feitos nas medidas de uma
para a vista superior, que deve ser desenhada quatro determinada residência (ou ambiente),
centímetros abaixo da extremidade inferior da vista famílias que costumam mudar de endereço
frontal. As larguras do móvel devem ser referentes às constantemente devem optar pelos móveis
em série. Eles têm dimensões mais ajustá-
apresentadas na vista frontal, para isso, utiliza-se o veis à maioria das residências brasileiras.
ângulo reto do esquadro apoiado na régua paralela,
Fontes: Loyola, Negri e Porfirio (2009, on-line).1
veja na Figura 6.
Tendo desenhado todas as seis vistas, concluí-
mos a prancha com cotas, linhas de chamada e le-
gendas pertinentes a compreensão do conteúdo,
esses elementos serão reproduzidos nos espaços dei-
xados entre as vistas.
Conclui-se, assim, uma representação gráfica
capaz de retratar cada face de um móvel e suas es-
pecificidades. Essa é uma das ferramentas de comu-
nicação com terceiros que farão parte da execução
desse projeto (visualize o passo a passo nas páginas
seguintes).

94
DESIGN

Figura 4 - Segundo passo: desenho de vistas ortogonais


Fonte: os autores.

Figura 5 - Terceiro passo: desenho de vistas ortogonais


Fonte: os autores.

95
DESENHO TÉCNICO

Figura 6 - Quarto passo: desenho de vistas ortogonais


Fonte: os autores.

Figura 7 - Conclusão do passo a passo de vistas ortogonais


Fonte: os autores.

96
DESIGN

Hachuras

97
DESENHO TÉCNICO

Figura 8 - Padrões de hachuras


Fonte: os autores.

98
DESIGN

Caro(a) aluno(a), ainda falando de ferramentas que sucessões de linhas e pontos que formam um padrão
possibilitem maior compreensão dos projetos e re- propiciando assim a leitura visual como unidade. Para
presentações gráficas, temos a necessidade de repro- alguns materiais, existe um senso comum para repro-
duzir de forma simples e bidimensional os materiais dução desses padrões, observe na Figura 8 uma repre-
que compõem cada peça e elemento de um projeto. sentação gráfica adequada para cada tipo de material.
Para isso, utilizamos as hachuras. Para os materiais que não possuem padrões es-
Hachura é conjunto de traços que cobre o papel tabelecidos, desenvolve-se um novo padrão e refe-
destinado a certos trabalhos de artes gráficas (HO- rencia-se por meio de legendas na apresentação do
LANDA, 1996). projeto, possibilitando, assim, infinitas representa-
Dessa forma, as hachuras são formas de represen- ções e maior clareza para a exposição do desenho,
tação gráfica de texturas e materiais, compostas por como exemplificado na Figura 9.

MÁRMORE
CARRARA

OSB
NAVAL

LACA
VISTA FRONTAL BANCADA BRANCA
ESCALA: 1:20

Figura 9 - Exemplo de aplicação e desenvolvimento de hachuras


Fonte: os autores.

99
DESENHO TÉCNICO

Perspectiva
Isométrica Explodida
Até o presente momento trabalhamos representações técnicos, pois não possuem volume ou relevos. Para
gráficas técnicas para o detalhamento do mobiliário auxiliar na compreensão dos projetos por esses indiví-
bidimensionais, ou seja, que possuem apenas dois duos, que podem ser clientes ou até mesmo profissio-
eixos de dimensionamento: a altura e largura. Essas nais que executam tais criações, utilizamos represen-
representações tendem a dificultar a compreensão de tações tridimensionais, as quais possuem, então, três
indivíduos que nunca tiveram contato com desenhos eixos de dimensão, altura, largura e profundidade.

100
DESIGN

Como realizado anteriormente, na segunda uni- Para esse tipo de representação, inicia-se o
dade, para a perspectiva isométrica, trabalhamos os desenho com os elementos que compõe as faces
eixos de largura e de profundidade com ângulo de das vistas frontal e a lateral esquerda do objeto,
30º, eles são oblíquos ao eixo vertical da altura com desenha-se todas as espessuras e detalhes de cada
ângulo de 90º, dessa forma, gerando equidistância de um dos componentes. O posicionamento de cada
120º para cada eixo como expõe a figura que segue. elemento variará de acordo com as dimensões do
A representação explodida de um móvel é capaz objeto, de forma que todas as partes possam ser
de expor todos os elementos de construção desse contempladas, respeitando, então, espaços livres
produto, como encaixes e peças embutidas, facili- para auxiliar na compreensão de todos os ele-
tando, assim, a compreensão do processo de fabrica- mentos que fazem parte da construção do móvel.
ção e funcionamento do móvel.
12

12

30° 30°

Figura 10 - Esquema de ângulos perspectiva isométrica Figura 11 - Primeiro passo: desenvolvimento de perspectiva explodida
Fonte: os autores. Fonte: os autores.

101
DESENHO TÉCNICO

Os próximos elementos a serem desenhados são os Para finalizar, insere-se os componentes que fazem
das faces lateral direita e os da posterior; deve-se parte da face da vista superior acima dos elementos
desenhar propiciando uma leitura da esquerda para já desenhados e os da face da vista inferior abaixo de
direita, sendo, então, a vista posterior a última na todo o conjunto, dessa forma temos todas as partes
extremidade direita do desenho. que compõem a construção de um produto.

Figura 12 - Segundo passo: desenvolvimento de perspectiva explodida Figura 13 - Terceiro passo e conclusão do desenvolvimento de perspec-
Fonte: os autores. tiva explodida
Fonte: os autores.

REFLITA

Se o trabalho do profissional de design de interiores é referenciado popularmente pela precisão e


riqueza de detalhes, de qual maneira poderemos representar nossas criações se sempre desenvol-
vermos desenhos em escalas reduzidas?

102
DESIGN

Detalhes
Muitas vezes, a escala escolhida para projeto ou componente de sua cons-
o desenvolvimento do desenho de trução – em escala maior, possibilitan-
um projeto se adequa ao tamanho do a contemplação de partes menores
das pranchas, fazendo com que tra- e maiores detalhes, como as espessuras
balhemos com escalas mais reduzidas dos materiais, elementos de fixação, ca-
e impossibilitando um detalhamento vilhas e parafusos, permitindo a cota-
aprofundado. Para essas situações, é gem e especificação dos materiais por
indicado o recurso do detalhe – é cha- meio de linhas de chamada ou hachu-
mado detalhe a exposição de parte do ras, como ilustra a imagem que segue.

DET
DETALHE
ESCALA: 1:10

VISTA
VISTA LA
LATERAL
TERAL ESQ.
ESCALA: 1:10

Figura 14 - Exemplo de vista com detalhe de componente


Fonte: os autores.

103
DESENHO TÉCNICO

Considerações Finais
Prezado(a) aluno(a), nesta unidade, aprendemos to- leigos a leitura e interpretação de desenhos técni-
dos os processos que compõem o detalhamento de cos, por possuírem a tridimensionalidade, ou seja,
mobiliário, desenvolvemos passo a passo represen- largura altura e profundidade. Realizamos, assim, a
tações gráficas bidimensionais como as projeções or- perspectiva isométrica explodida que enfatiza todos
togonais, que servem para expor cada uma das faces os componentes e partes de um móvel, permitindo
de um móvel, permitindo, além da leitura e desen- a contemplação de elementos de fundamental im-
volvimento da peça por outros profissionais, como portância para execução e montagem de um mó-
marceneiros e metalúrgicos, também a inserção des- vel, como trilhos de gavetas parafusos, dobradiças
ses mobiliários em plantas baixas cortes e elevações. e puxadores que, muitas vezes, não são referencia-
Estabelecemos padrões para representação de dos em outras vistas ou perspectivas. Descobrimos
materiais por meio das hachuras, auxiliando a inter- a possibilidade da inserção do detalhe, artifício para
pretação dos desenhos e propiciando uma prospec- destacar e expor maiores detalhes de um móvel em
ção do resultado final do produto executado, pois a escalas maiores as utilizadas no restante do conteú-
representação de materiais nos desenhos técnicos os do do projeto.
tornam mais próximos da realidade física e palpá- Concluímos, dessa forma, todas as possibilida-
vel. Ainda nesse contexto de aproximação do pro- des de detalhamento pertinentes para o desenvolvi-
duto real, desenvolvemos representações técnicas mento e execução de projetos de móveis e produtos
tridimensionais, que facilitam na execução ou até em geral, compreendendo a necessidade para que
mesmo na exposição dos projetos para indivíduos projetos e ideias saiam do papel de forma exequível.

104
LEITURA
COMPLEMENTAR

Aluno(a), leia o texto a seguir que aponta as vantagens no Outra vantagem é que, na fase do projeto, podemos visu-
desenvolvimento de móveis planejados e exclusivos. Boa alizar como ficará cada ambiente e, com isso, fazer altera-
leitura! ção, caso seja necessária, evitando atrasos na entrega e
Por que optar por Móveis Planejados? tendo o resultado final fiel ao seu pedido.
Frequentemente, ouvimos falar que é mais vantajoso finan- Qualidade e Durabilidade
ceiramente comprar móveis prontos que mandar fazer mó- Esse ponto é muito importante. A qualidade do material uti-
veis planejados. Essa afirmativa nem sempre é verdadeira lizado na confecção dos Móveis Planejados normalmente
e abaixo listamos ótimos motivos para que você tenha sua é muito superior aos móveis prontos. A matéria-prima utili-
casa decorada com móveis planejados. zada é de qualidade, sendo usado MDF, MDP, painéis de
Custo-benefício pibra e madeira, entre outros. Dessa forma, seu móvel terá
Nem sempre um projeto sob medida é mais caro que um uma durabilidade muito maior que um móvel pronto.
móvel pronto. Quanto maior for o seu projeto, maior será o Aproveitamento do espaço
seu desconto. Muitas vezes, é bem mais econômico padro- Outra grande vantagem. Como fazemos todo o projeto an-
nizar a mobília da sua casa. Uma encomenda de móveis tes, conseguimos adequar o móvel ao espaço existente,
para a cozinha, armários de quartos, estantes e outros mó- tendo, assim, um total aproveitamento do espaço. Isso é
veis pode lhe render ótimos descontos, além padronizar a muito útil, por exemplo, em apartamentos ou casas peque-
harmonizar a decoração dos ambientes. Além disso, o pa- nos, em que cada espaço tem que ser muito bem aprovei-
gamento pode ser facilitado, pois parcelamos sua compra. tado.
Personalização Outro ponto importante é a continuidade do projeto. Ao
Outra grande vantagem é a personalização dos seus mó- optar por móveis sob medida, você pode prever etapas
veis. Móveis planejados são adequados ao gosto do clien- posteriores ao projeto original, seguindo uma mesma linha
te, no qual pode ser escolhidas cores, materiais, desenhos e atendendo a novas necessidades que vão surgindo ao
e formas. Sua casa terá a decoração toda moldada ao seu longo do tempo.
gosto e estilo. Fonte: Por que… (on-line).2

105
atividades de estudo

1. Como orientado quanto ao desenvolvimento de detalhamento de mobiliário nesta unidade, de-


senvolva, a partir da perspectiva isométrica apresentada a seguir, as seis vistas ortogonáis em
escala 1:20 em folha de papel A3.

CÔMODA
ESCALA: 1:20
Fonte: os autores.

2. Analise a perspectiva isométrica do bloco a seguir e relacione as afirmações quanto as vistas


ortogonais:

Fonte: os autores.

106
atividades de estudo

I – Vista Frontal IV – Vista Lateral Direita

II – Vista Lateral Esquerda


V – Vista Superior

III – Vista Posterior


VI – Vista Inferior

Fonte: os autores.

Assinale a alternativa correta:


a. Apenas I, II e V estão corretas.
b. Apenas II, III e VI estão corretas.
c. Apenas I, IV e V estão corretas.
d. Apenas I, IV e VI estão corretas.
e. Todas as alternativas estão corretas.

107
atividades de estudo

3. Analisando as vistas frontal e superior da mesa expostas a seguir, desenvolva em prancha A3 a


perspectiva isométrica em escala 1:10 do móvel e insira a hachura de madeira para a base e de
vidro para o tampo (superfície).

Fonte: os autores.

108
atividades de estudo

4. Desenvolva em prancha de de papel A3 a perspectiva isométrica explodida da mesa realizada


na atividade anterior, inserindo novamente as hachuras pertinentes a compreensão do desenho.
5. Em prancha de papel formato A3, desenhe em escala 1:10 apenas a vista lateral direita da gaveta
exposta em perspectiva isométrica a seguir e promova o detalhe do puxador de cava, esculpido
no componente em escala natural 1:1.

Fonte: os autores.

109
DESENHO TÉCNICO

Desenho técnico: medidas e representações gráficas


Michele David da Cruz e Carlos Alberto Morioka
Editora: Érica
Sinopse: Este livro apresenta as normas técnicas aplicáveis a
desenhos técnicos de acordo com a ABNT (Associação Brasileira
de Normas Técnicas). Traz informações sobre os principais ins-
trumentos utilizados para a construção de desenhos, caligrafia
técnica, construções geométricas, perspectiva isométrica, proje-
ção ortogonal, escalas, cotagem, vistas seccionadas e hachuras.

110
referências

CHING, F. D. K. Representação gráfica em arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2011.


HOLANDA, A. B. de. Novo dicionário Aurélio de Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Frontei-
ra, 1996.
MONTENEGRO, G. A. Desenho arquitetônico. São Paulo: Blucher, 2001.

Referências On-Line
1
Em: <http://www.gazetadopovo.com.br/imoveis/mobiliario-sob-medida-bidpdnlgn18mp50b-
q6a6a9efi>. Acesso em: 28 maio 2016.
2
Em: <http://www.meumovelplanejado.com.br/dicas/porque-optar-por-moveis-planejados/>.
Acesso em: 19 jul. 2016.

111
gabarito

1.

2. C

3.

112
gabarito

4.

5.

VISTA LATERAL DIREITA


DETALHE ESCALA: 1:10
ESCALA: 1:1

113
PLANTA BAIXA

Professora Sandra G. Marques

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Representação Gráfica: breve histórico
• Desenho Arquitetônico
• Layout Técnico
• Cotas e especificações
• Elementos de construção: portas e janelas
• Layout Humanizado

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer e identificar as diferentes formas de
representação arquitetônica.
• Ler e entender uma planta baixa, sendo capaz de,
interpretando suas convenções, formar uma imagem
mental da edificação representada.
• Ter uma compreensão clara de escalas e cotas, que
lhe permitam dimensionar corretamente o projeto
representado.
unidade

IV
INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a)! Nesta unidade, vamos nos dedicar ao estudo das
plantas baixas, uma forma de projeção ortogonal em que os elementos
de construção de uma edificação, vistos de cima, são projetados em um
plano horizontal.
Inicialmente, daremos um breve passeio nas origens da representa-
ção gráfica e mais especificamente do desenho arquitetônico. Depois,
abordaremos mais detalhadamente o desenho arquitetônico e as várias
formas de representação. Veremos que, além do plano horizontal de pro-
jeção, em que se representam as plantas, temos o plano vertical, que per-
mitem o desenho dos cortes e das elevações.
Abordaremos a necessidade de padronização da linguagem gráfica e
como essa padronização foi estabelecida com o advento de instituições
como a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, no Brasil, e
da International Organization for Standardization - ISO, em âmbito in-
ternacional.
Conheceremos as especificações adotadas na padronização do de-
senho arquitetônico, tratando de conceitos, como a escala, as linhas e as
cotas.
Veremos as formas de representação, em planta baixa, das portas e
janela, elementos construtivos que devem ter medidas e localização bem
explicitadas nas plantas, com especial cuidado na diferenciação clara en-
tre espaços preenchidos e vazios.
Por fim, abordaremos um tipo de planta que deriva das plantas baixas
e que se tornou importante ferramenta de construtoras e incorporadoras
para apresentar e conquistar compradores para seus empreendimentos.
Trata-se das plantas humanizadas. Veremos que, com a adição de cores,
texturas, sombras, mobiliário e elementos decorativos, esse tipo de re-
presentação dá ao observador a possibilidade de conceber mentalmente
o imóvel pronto para morar. Bons estudos!
DESENHO TÉCNICO

Representação Gráfica:
Breve Histórico
Desde os primórdios, o homem usa os desenhos No século XVII, como vimos na unidade II, Gaspar
para se comunicar. As primeiras representações grá- Monge introduziu as projeções ortogonais, dando ori-
ficas que conhecemos são as pinturas rupestres, cuja gem à Geometria Descritiva, base do desenho técnico.
mostra mais importante foi encontrada na caverna O passo seguinte foi a padronização internacio-
de Altamira, na Espanha. nal da linguagem utilizada no Desenho Técnico a
As mais antigas representações de edificações fim de viabilizar o intercâmbio de informações tec-
em plantas e elevações de que se tem conhecimento nológicas entre os países. Para tanto, foi criada, em
datam de 1490 e são de autoria do arquiteto italiano 1947, a Organização Internacional de Normatização
Giuliano de Sangalo, que viveu entre 1443 e 1516. – International Organization for Standardization –
Seus projetos encontram-se nos álbuns de desenhos ISO (RIBEIRO; PERES; IZIDORO, 2013, p. 8). No
da Livraria do Vaticano (HOELSCHER; SPRIN- Brasil, o órgão normatizador é a Associação Brasi-
GER; DOBROVOLNY, 1978). leira de Normas Técnicas – ABNT.

SAIBA MAIS

O caderno de rascunhos de Giuliano de Sangalo, referido por H, S E D, (1978) testemunha a prolífica


produção de desenhos do arquiteto e é uma fonte valiosa de conhecimento sobre seu trabalho. O
pequeno formato e o estilo dos desenhos indicam que o caderno era para estudo pessoal e uma ferra-
menta de trabalho. Extremamente variado, inclui esboços, principalmente com um tema arquitetônico
e muitas vezes acompanhados de medições e notas técnicas e ideias.

Fonte: adaptado de O caderno… (on-line).1

118
DESIGN

Desenho Arquitetônico
O Desenho Arquitetônico é uma especialização do PLANOS VERTICAIS
desenho técnico normatizado, voltada para a execu-
ção e representação de projetos de arquitetura (XA- Quando o plano de representação corta a edificação
VIER, 2011, on-line). verticalmente obtemos os cortes e as elevações.
Na representação gráfica de projetos arquitetô-
nicos, adotam-se planos de projeção que cortam a CORTES
edificação a ser representada, demonstrando seus
elementos construtivos, projetados ortogonalmente Um corte é uma projeção ortogonal de como ve-
nos planos. ríamos um objeto cortado por um plano vertical
Ching (2011) adota a expressão Desenhos em (CHING, 2011).
Vistas Múltiplas para se referir a esse sistema de O corte complementa a planta baixa por acrescen-
planos horizontais e verticais. Os desenhos em tar a dimensão ALTURA, enquanto as plantas baixas
vistas múltiplas estabelecem campos bidimen- mostram apenas a largura e o comprimento dos ele-
sionais nos quais conseguimos estudar padrões mentos construtivos. Os cortes podem ser transversais,
formais e espaciais bem como relações de pro- quando o plano de projeção corta a edificação em sua
porção e escala em uma composição. menor dimensão da edificação, ou longitudinais, quan-
do o corte é feito na dimensão maior da edificação.

SAIBA MAIS

Já em 1978, na introdução de seu livro Desenho Arquitetônico, o autor Gildo Montenegro dizia que
“o Desenho Arquitetônico é artesanato em plena era da Tecnologia”. O que dizer hoje, quase quatro
décadas depois? Mas a despeito de todo desenvolvimento tecnológico e dos avançados softwares
disponíveis, o conhecimento das técnicas e das normas utilizadas na elaboração de plantas e cortes é
imprescindível para a concepção de um bom projeto.

Fonte: os autores.

119
DESENHO TÉCNICO

Como em toda projeção ortogonal, os planos para-


lelos ao plano de desenho são representados em ta-
manho, forma e proporção reais (CHING; JUROS-
ZEK, 2012).
Figura 1 - Corte transversal
Fonte: Montenegro (1978, p. 55).

Figura 2 - Exemplo de corte: Corte Esquemático


Fonte: os autores1.

1
Cedido por �ales Sinhorini (2016).

120
DESIGN

ELEVAÇÕES PLANOS HORIZONTAIS

A elevação, ou fachada, também emprega um pla- Quando o plano de projeção representa um corte no
no vertical de projeção, porém, nesse caso, o plano sentido horizontal, temos as plantas. As plantas po-
vertical não corta a edificação, é uma vista externa. dem ser de quatro tipos:
A escala usada na planta baixa deve ser a mesma no • Planta de coberta ou cobertura.
corte e na elevação. (CARMO, on-line). • Planta de situação.
Obs.: embora os autores usem os termos elevação • Planta de locação.
e fachada como sinônimos, a ABNT define Fachada • Planta baixa.
como representação gráfica de planos externos da
edificação e Elevações como a representação gráfica
de planos internos ou de elementos da edificação.

Figura 3 - Exemplo de Elevação: Elevação Esquemática


Fonte: os autores1.

1
Cedido por �ales Sinhorini (2016).

121
DESENHO TÉCNICO

PLANTA DE COBERTURA

Assim como na elevação, a planta de coberta ou cobertura não corta a edificação, mas está posi-
cionada acima dela. Ela descreve a forma, o volume e o material de uma cobertura ou o leiaute de
elementos de cobertura como claraboias, terraços e casas de máquinas (CHING, 2011).

Figura 4 - Exemplo de planta de cobertura


Fonte: os autores1.

1
Cedido por �ales Sinhorini (2016).

122
DESIGN

PLANTA DE SITUAÇÃO

A planta de situação mostra o contexto externo em que se situa o terreno que contém a edificação
representada ou onde ela vai ser construída. Geralmente, são desenhadas em escala 1:500, 1:1000 ou
1:2000. Ainda nesta unidade, estudaremos as escalas mais a fundo.

Figura 5 - Exemplo de planta de situação


Fonte: os autores1.

1
Cedido por �ales Sinhorini (2016).

123
DESENHO TÉCNICO

PLANTA DE LOCAÇÃO OU DE LOCALIZAÇÃO

A planta de locação mostra a posição e a localização da edificação dentro do terreno. Mostra ainda
elementos naturais do terreno, como desníveis, vegetação ou cursos d’água.

Figura 6 - Exemplo de planta de locação


Fonte: os autores1.

1
Cedido por �ales Sinhorini (2016).

124
DESIGN

PLANTA BAIXA

Uma planta baixa representa um corte de uma edificação feito no plano horizontal, removendo-se a por-
ção superior. A planta baixa é uma projeção ortográfica da porção que permanece (CHING, 2011, p. 53).
Por convenção, o corte horizontal é feito a 1,5 metros de altura acima do piso, mas essa medida
pode variar de acordo com as necessidades de representação específicas de cada projeto.
A planta baixa orienta todo o projeto. Ela mostra as dimensões do imóvel, a distribuição dos cômodos,
as configurações de paredes e pilastras e o padrão de aberturas (portas e janelas). É, também, a partir dela
que se elabora as demais plantas, como projeto elétrico, o telhado, projeto hidráulico, entre outros.

Figura 7 - Ilustração de corte horizontal


Fonte: Montenegro (1978, p. 47).

Figura 8 - Exemplo de planta baixa


Fonte: Montenegro (1978, p. 69).

125
DESENHO TÉCNICO

SAIBA MAIS

A fim de expressar a sensação de dimensão vertical e a existência de volume espacial (nas plantas
baixas), devemos utilizar uma hierarquia de pesos de linhas ou várias tonalidades. A técnica que em-
pregaremos dependerá da escala da planta, dos instrumentos de desenhos e do grau de contraste
necessário para distinguir sólidos de vazios.

Fonte: Ching e Juroszek (2012, p. 147).

REFLITA

Ler um desenho significa entender a forma espacial do objeto representado no desenho bidimensio-
nal resultante das projeções ortogonais.

(Ribeiro, Peres e Izidoro).

126
DESIGN

Layout
Técnico
Para possibilitar a compreensão entre projetistas e
os demais profissionais envolvidos nas diversas fases
e especialidades aplicadas a um projeto construtivo,
faz-se necessária a padronização da linguagem grá-
fica. Essa padronização é feita por meio de normas
técnicas seguidas e respeitadas internacionalmente
(RIBEIRO; PERES; IZIDORO, 2013, p. 8).
Como vimos no tópico sobre as origens da repre-
sentação gráfica, as normas que regem a padronização
do desenho técnico são ditadas, em esfera internacio-
nal, pela International Organization for Standardiza-
tion – ISO e, no Brasil, pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas – ABNT. As normas da ABNT são
registradas pelo INMETRO (Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial)
como normas brasileiras - NBR e estão em consonân-
cia com as normas internacionais aprovadas pela ISO.
(RIBEIRO; PERES; IZIDORO, 2013, p. 8)

127
DESENHO TÉCNICO

Figura 9 - Exemplo de planta baixa layout técnico: Layout Projeto de Interiores de um apartamento em Maringá
Fonte: os autores1.

1
Cedido por �ales Sinhorini (2016).

128
DESIGN

NORMAS TÉCNICAS ESPESSURA MEDIDA TIPO EMPREGO


____ 0,5 a Principais/ Linhas que estão
1,0 mm secundárias sendo cortadas
Caro(a) aluno(a), acompanhe a seguir as principais
normas brasileiras aplicadas ao desenho arquitetô- _______ 0,25 a
0,45
Secundárias Linhas em vista
ou em elevação
nico (NORMAS TÉCNICAS PARA O DESENHO mm
ARQUITETÔNICO, 2010, on-line): __________ 0,05 a Terciárias Linhas de cota
• NBR 6492/94 – apresenta a regulamentação 0,2 mm Linhas auxiliares
geral para a representação de projetos de ar- Quadro 1 - Tipos de linhas
quitetura. Fonte: adaptado de Xavier (2011, on-line).
• NBR 8196/99 – define o emprego de escalas.
• NBR 8403/84 – regula a aplicação de linhas TIPOS DE LINHAS:
– tipos e larguras.
• Linhas de contorno – contínuas: a espessura
• NBR 10068/87 – trata da folha de desenho – varia com a escala e a natureza do desenho.
leiaute e dimensões.
• Linhas internas – contínuas: firmes e menor
• NBR 13142/99 – apresenta regras para o do- valor que as linhas de contorno.
bramento e cópia.
• Linhas situadas além do plano do desenho –
tracejadas: mesmo valor que as linhas de eixo.
LINHAS
• Linhas de projeção - traço e dois pontos: in-
dicadas para representar projeções de pavi-
As linhas são os principais elementos gráficos do de-
mentos superiores, marquises, balanços.
senho arquitetônico. Além de definirem o formato,
• Linhas de eixo ou coordenadas - traço e pon-
dimensões e posicionamento das paredes, portas, ja- to: firmes, definidas, com espessura inferior
nelas, pilares, vigas, escadas etc., também informam às linhas internas e com traços longos.
as características e dimensões de cada elemento pro- • Linhas de cotas – contínuas: firmes, defini-
jetado (XAVIER, 2011, on-line). das, com espessura igual ou inferior à linha
As espessuras das linhas utilizadas no desenho de eixo ou coordenadas.
arquitetônico podem ser classificadas em grossas, • Linhas auxiliares – contínuas: para constru-
médias e finas. As espessuras variam conforme o ção de desenhos, guia de letras e números,
com traço; o mais leve possível.
uso, de acordo com a tabela a seguir:

129
DESENHO TÉCNICO

Figura 10 - Exemplo de planta baixa layout e de mobiliários

130
DESIGN

FUNÇÃO Essa representação tem o objetivo de analisar a ocu-


O layout técnico é uma representação bastante im- pação do espaço e, principalmente, os espaços livres
portante para os projetos de interiores, já que é neste resultantes, considerando a importância da circula-
que são inseridos, tendo a planta baixa como base, ção e do espaço atividade para o uso diário destes
os mobiliários e equipamentos propostos para o ambientes. Desta maneira, o layout técnico apresen-
projeto. Para Ching (2011), o layout técnico deve ser ta apenas contornos dos elementos a serem repre-
utilizado como base para o próprio projeto arqui- sentados, e se o projetista julgar necessário, detalhes
tetônico, considerando assim a ocupação do espaço que ajudam na identificação do que está sendo re-
para as definições sobre este. presentado, como, por exemplo, retângulo na repre-
sentação de uma cama, representando o travesseiro,
ELEMENTOS ou os assentos e braços de um sofá, reforçando que,
O layout de caráter técnico deverá apresentar a neste momento, a representação é para demostrar a
ocupação em planta dos mobiliários e equipamen- ocupação e não detalhes do projeto de interiores.
tos, ou seja, largura e comprimento da vista supe- Além dos mobiliários e equipamentos, devem
rior, não sendo necessária neste momento, definir ser inseridas no layout técnico as cotas desses ele-
detalhes, como a forma de volumes, cores, texturas mentos, sempre que possível, externo a planta, e
e acabamentos. quando necessário, internamente. (CHING, 2011).

131
DESENHO TÉCNICO

Cotas e
Especificações
a. As cotas devem ser preferencialmente exter-
As medidas no desenho técnico, seja arquitetônico
nas.
ou em qualquer outra área da engenharia, são apre-
b. As linhas de cota no mesmo alinhamento de-
sentadas por meio da cotagem. A cotagem dever ser vem ser completas.
clara, simples, sem omissões e devem obedecer a re- c. A quantidade de linhas deve ser distribuída
gras e padronizações. no entorno da construção, sendo que a pri-
Os padrões para a cotagem são estabelecidos meira linha deve ficar afastada 1,5 cm do
pela NBR 10126 (cotagem em desenho técnico) e último elemento a ser cotado e as seguintes
NBR 6492 (representação de projetos de arquitetu- devem afastar-se umas das outras 1,0 cm.
ra). A cotagem deve seguir as seguintes indicações d. Todas as peças e espessuras de paredes devem
ser cotadas.
gerais (SCHULER; MUKAI, on-line):

132
DESIGN

e. Todas as dimensões totais devem ser identi- são daquilo que está sendo cotado e na qual é
ficadas. posicionado o valor numérico da cota.
f. As aberturas de vãos e esquadrias devem ser • Linha de extensão (ou auxiliar ou de chama-
cotadas e amarradas aos elementos constru- da): é a linha que liga a cota ao elemento que
tivos. está sendo cotado. Na representação de ar-
g. As linhas mais subdivididas devem ser as quitetura são utilizadas linhas de extensão de
mais próximas do desenho. comprimento fixo, ao contrário das linhas de
h. As linhas de cota nunca devem se cruzar. comprimento variável utilizadas em projetos
de outras áreas.
i. Identificar pelo menos três linhas de cota:
subdivisão de paredes e esquadrias, cotas das • Finalização das linhas de cota: é o encontro
peças e paredes e cotas totais externas. da linha de conta com a linha de extensão.
Usualmente, na representação dos projetos
A cotagem é composta pelos seguintes elementos de arquitetura, as linhas de cota e de ex-
(XAVIER, 2011, on-line): tensão se cruzam e são adotados pequenos
• Cota: valor numérico correspondente à me- traços inclinados a 45º ou pontos (com uma
dida representada. espessura mais grossa que as linhas de cotas
• Linha de cota: a linha que contém a dimen- e chamadas) nesse cruzamento.

Linha de cota Cota Finalização


4,00
Linha de extensão

Figura 11 - Elementos de cotagem


Fonte: os autores1.

1
Cedido por Marcio Lopes (2016).

133
DESENHO TÉCNICO

Figura 12 - Cotas e especificações de um totem para um mercado em Curitiba


Fonte: os autores1.

1
Cedido por �ales Sinhorini (2015).

134
DESIGN

Elementos de Construção:
Portas e Janelas
Uma planta não revela completamente a aparência correr ou mesmo se ela é sanfonada (CHING; JU-
das aberturas. Para esse tipo de informação, precisa- ROSZEK, 2012).
mos das elevações. O que uma planta baixa mostra, A representação mais comum de uma porta é o
na verdade, é a posição e a largura das aberturas e, desenho da vista de cima da sua lâmina, paralela à
em grau limitado, as esquadrias e ombreiras e o tipo parede, com um quarto de círculo indicado o senti-
de operação – se uma porta, por exemplo, é de abrir, do em que ela se abre.

Figura 13 - Representações de portas


Fonte: os autores1.

1
Cedido por Marcio Lopes (2016).

135
DESENHO TÉCNICO

As janelas também só têm representadas na planta corte, indicando em corte a vidraça e a esquadria da
baixa a posição e a largura das aberturas e, até cer- janela (CHING; JUROSZEK, 2012).
to ponto, as ombreiras e os caixilhos. No entanto a Conforme a escala adotada no desenho, as jane-
planta deve incluir o parapeito abaixo do plano de las podem ser assim representadas, observe:

Figura 14 - Representações de janelas


Fonte: os autores1.

1
Cedido por Marcio Lopes (2016).

136
DESIGN

Layout
Humanizado

137
DESENHO TÉCNICO

A base da planta humanizada é um desenho idêntico mas bidimensionais, como o Corel Draw e o Adobe
à planta baixa em que se suprimem referências téc- Photoshop, são muito usados na representação das
nicas e a cotagem e se acrescentam elementos, como plantas humanizadas.
cores, luzes e sombras, texturização, móveis e deta-
lhes decorativos. O objetivo é permitir uma visuali- ELEMENTOS DE HUMANIZAÇÃO
zação dos ambientes acabados e prontos para morar.
São pensadas de forma estratégica para que possam Elementos como figuras humanas e veículos são
demonstrar de uma forma organizada a melhor ocu- utilizados na representação das fachadas ou plan-
pação do espaço. tas humanizadas como elementos de proporção no
Os empreendimentos imobiliários e construto- desenho. Conhecendo intuitivamente o tamanho de
ras se utilizam da planta humanizada e com muito pessoas e veículos, e os relacionando visualmente
capricho para mostrar seus empreendimentos para com a edificação, o leitor do desenho tem uma no-
facilitar a compreensão de espaço e despertar o de- ção das dimensões proporcionais dos elementos de
sejo pela compra, constituindo-se em importante uma fachada. (XAVIER, 2011, on-line).
papel na negociação de imóveis. Nas plantas huma- A vegetação é outro elemento importante que
nizadas, é importante mostrar quais paredes podem auxilia na composição estética da edificação.
ser removíveis para trazer facilidade para o compra-
dor do imóvel imaginar como será o lugar onde se
deseja morar. Nos projetos de fachada, também são SAIBA MAIS
utilizadas as plantas humanizadas.
As plantas humanizadas podem ser feitas à mão, Para os layouts técnicos ou humanizados, é
mas existem muitos softwares indicados para a ta- possivel a utilização das hachuras, conforme
refa. Os programas que operam em 3D, como Au- as representações encontradas na unidade
III do livro.
toCAD, Sketchup, Max, Lumion e Revit permitem
gerar a planta humanizada, salvando uma cena com Os autores.

uma vista superior do projeto. Além disso, progra-

138
DESIGN

Figura 17 - Planta Humanizada


Fonte: Shutterstock.

139
DESENHO TÉCNICO

Considerações Finais
Muito bem, caro(a) aluno(a), encerramos aqui o apenas uma faceta da edificação, como as plantas
conteúdo desta unidade, na qual estudamos a planta de cobertura.
baixa. Vimos que planta baixa é uma forma de re- No estudo da planta baixa, detalhamos alguns
presentação de edificações ou terrenos, baseado no aspectos da elaboração das plantas, como as esca-
conceito da projeção ortogonal, que estudamos na las, e outros aspectos necessários à padronização
unidade II. Projetados em planos horizontais, no dos projetos, como as cotas e os diferentes tipos de
caso das plantas, ou em planos verticais, como no linhas.
caso dos cortes e das elevações, os elementos cons- Abordamos, também, as formas de representa-
trutivos de cada projeto podem ser apresentados de ção de dois dos mais importantes elementos cons-
forma clara e precisa. trutivos de uma edificação, as portas e as janela, em
Iniciamos a unidade com um pequeno histó- seus diferentes tipos.
rico da representação gráfica, desde as pinturas Encerrando a unidade, falamos sobre as plan-
rupestres até a padronização internacional das tas humanizadas. Vimos como o uso de elementos,
normas. Antes de entrarmos no estudo específi- como cores, texturas, sombras, mobiliário e objetos
cos da planta baixa, conhecemos outros tipos de decorativos, transforma uma planta baixa. Com o
plantas, seus empregos e suas peculiaridades. Vi- uso de programas de computador específicos, ela
mos que existem plantas que abrangem um con- deixa de mostrar apenas aspectos técnicos, para ser
texto mais amplo, mostrando a localização dos uma representação inspiradora do imóvel acabado e
terrenos onde se situam as edificações projetadas, pronto para morar.
outras que mostram a localização da edificação Espero que as informações trazidas lhe sejam
dentro do terreno; outras representam a edifica- úteis e motivadoras, abrindo horizontes para novos
ção como um todo, e outras, ainda, que mostram conhecimentos. Sucesso!

140
LEITURA
COMPLEMENTAR

Apoiando-se na intuição
Na busca de possibilidades e para esboçar escolhas, Desenhar de um modo muito cuidadoso nas etapas
apoiamo-nos na intuição como um guia. Todavia a in- iniciais do processo de projeto pode levar a hesitação
tuição se baseia em experiências incompletas. Não po- e interromper nosso pensamento sobre o problema. O
demos desenhar o que está dentro de cada um de nós. tempo e a energia gastos na criação do desenho podem
Desenhar exige a compreensão do que estamos repre- inibir o desejo de explorar outras possibilidades. Deve-
sentando. Por exemplo, é dificil desenhar de maneira mos compreender que os desenhos de estudos são um
convincente uma forma cuja a estrutura não compreen- processo de tentativa e erro, no qual a etapa mais im-
demos. O ato de exteriorizá-la pode, contudo, conduzir portante é riscar os primeiros traços no papel. Não im-
ao entendimento e guiar a busca por ideias. porta o quão preliminares eles sejam. Devemos confiar
Os primeiros traços que desenhamos são os mais difí- na nossa intuição se desejamos avançar no processo de
ceis. Muitas vezes, temos medo de começar até que a desenho.
ideia esteja totalmente formada na nossa cabeça. Quan- Afluência no processo de criação equivale a ser capaz de
do encaramos uma folha de papel em branco, o que de- gerar um amplo repertório de possibilidades e ideias.
senhamos primeiro? Podemos começar com os aspectos Afluência no processo de desenho significa usar a intui-
específicos de uma forma ou um contexto em particular, ção ao colocar a caneta ou o lápis no papel, responden-
ou com a imagem mais generalizada de um conceito ou do às concepções próprias com desenvoltura e graça. É
cosntrução. Em qualquer caso, o ponto onde começa- importante que consigamos acompanhar nossos pensa-
mos não é tão importante quanto aquele em que termi- mentos, ainda que eles sejam fugazes.
namos.
Fonte: Ching e Juroszek (2012).

141
atividades de estudo

1. Considerando que a planta a seguir foi desenhada na escala 1:75, assinale a alternativa correta:

Fonte: Montenegro (1978, p. 111).

I. Trata-se de uma escala de ampliação.


II. Cada centímetro na planta representa 7,5 metros no objeto real.
III. Trata-se de uma escala de redução.
IV. 2 cm na planta representam 1,5 m no objeto real.
a. Todas as alternativas estão corretas.
b. Somente as alternativas I e II estão corretas.
c. Somentes as alternativas III e IV estão corretas.
d. As alternativas II, III e IV estão corretas.
e. Somente a alternativa III está correta.

142
atividades de estudo

2. Com base no desenho a seguir, assinale a alternativa correta:

Fonte: Montenegro (1978, p. 73).

a. Trata-se de uma planta de situação.


b. Trata-se de uma planta de situação e de cobertura.
c. Trata-se de uma planta baixa.
d. Trata-se de uma planta de localização e de cobertura.
e. Trata-se de uma planta de cobertura.

143
atividades de estudo

3. Um terreno de 12 metros está representado em uma planta por 24 centímetros. Qual é a es-
cala usada?
4. Assinale verdadeiro ou falso:
( ) Nos planos verticais, representam-se as elevações e os cortes.
( ) As elevações pode ser transversais ou longitudinais.
( ) As plantas de situação são como mapas que mostram como chegar a um terreno.
( ) Plantas de cobertura mostram a topografia dos terrenos.
( ) As cotas são imprescindíveis nas plantas humanizadas.
5. Preencha as lacunas com os elementos de cotagem:

Fonte: os autores1.

1
Cedido por Marcio Lopes (2016).

144
DESIGN

Desenho Para Arquitetos


Francis D. K. Ching e Steven P. Juroszek
Editora: Bookman
Sinopse: Este é um manual didático e completo de desenho para
arquitetos. Ching não somente aborda os princípios, os meios e as
técnicas de desenho, como os insere no contexto dos temas dos
projetistas e das razões pelas quais desenham. Apresenta mais de
1.500 desenhos feitos à mão - ilustrações que reforçam os concei-
tos e as lições de cada capítulo.

Documentário de Sydney Pollack


Apresentação: Documentário de Sydney Pollack, que faz uma biografia do arquiteto canadense
naturalizado americano, Frank Ghery. Ganhador do prêmio Pritzker, em 1989, Frank mudou a
imagem da Arquitetura, adicionado uma visão artística da obra, deixando de ser apenas um
arquiteto e se transformando em um arquiteto-artista.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=83oonypLyZQ>.

145
referências

BIBLIOTECA Digital Mundial. Disponível em: <https://www.wdl.org/pt/item/10597/#q=Giuliano>.


Acesso em: 30 jun. 2016.
CARMO, J. Representação de Projeto. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Norte. Disponível em: <http://docente.ifrn.edu.br/joaocarmo/disciplinas/aulas/dese-
nho-arquitetonico/representacao-de-projetos/at_download/file>. Acesso em: 29 jun. 2016.
CHING, F. D. K. Técnicas de Construção Ilustradas. 4. ed. Porto Alegre: Bookman. 2010.
_______________. Representação Gráfica em Arquitetura. 5. ed. Porto Alegre: Bookman. 2011.
CHING, F. D. K.; JUROSZEK, S. P. Desenho para Arquitetos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman. 2012.
HADID, Z. Acredito que as coisas podem ser feitas de outra. Disponível em: <http://peganarquite-
tura.tumblr.com/post/28063950896/acredito-que-as-coisas-podem-ser-feitas-de-outra>. Acesso
em: 20 jul. 2016.
HOELSCHER, R. P.; SPRINGER, C. H.; DOBROVOLNY, J. S. Expressão Gráfica e Desenho Técnico. Rio
de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos. 1978.
MICELI, M. T.; FERREIRA, P. Desenho Técnico Básico. 4. ed. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio.
2010.
MONTENEGRO, G. A. Desenho Arquitetônico. São Paulo: Ed. Edgard Blücher. 1978.
NORMAS Técnicas para o Desenho Arquitetônico. Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Dis-
ponível em: <http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/16109/ma-
terial/Apresenta%C3%A7%C3%A3o%20Normas%20ABNT%20Desenho%20T%C3%A9cnico.pdf>.
Acesso em: Acesso em: 29 jun. 2016.
OBERG, L. Desenho Arquitetônico. 22. ed. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico. 1979.
RIBEIRO, C. A.; PERES, M. P.; IZIDORO, N. Curso de Desenho Técnico e Autocad. 1. ed. São Paulo:
Pearson. 2013.
SCHULER, D.; MUKAI, H. O Desenho Arquitetônico. Disponível em: <http://www.ceap.br/material/
MAT04102012160619.pdf>. Acesso em: 30 jun. 2016.
XAVIER, S. Desenho Arquitetônico. Universidade Federal do Rio Grande. Disponível em: <http://
www.pelotas.com.br/sinval/Apostila_DA_V2-2012.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2016.

Referência On-Line
1
Em: <https://www.wdl.org/pt/item/10597/#q=Giuliano>. Acesso em: 19 jul. 2016.

146
gabarito

1. C.
2. D.
3. 1/50
4. V, F, V, F, F.
5. 1- Linha de cota.
2- Cota.
3- Finalização.
4- Linha de extensão.

147
PAREDES: CORTES, VISTAS
E PERSPECTIVAS

Professor Esp. Lucas Kauê Babetto Mendes

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Cortes e vistas
• Paginação de parede
• Perspectiva isométrica de ambientes

Objetivos de Aprendizagem
• Estabelecer os padrões de detalhamento de vistas e cortes.
• Compreender a forma correta de representar e especificar
graficamente materiais de acabamento e revestimentos de
paredes.
• Desenvolver detalhamentos tridimensionais, com
perspectivas isométricas de ambientes.
unidade

V
INTRODUÇÃO

Olá, aluno(a). Seja bem-vindo(a) à última unidade do nosso livro que


compõe o material de desenho técnico. Até o momento, temos trabalhado
representações técnicas de ambientes que se limitaram a vistas superiores,
ou seja, plantas baixas, não permitindo a contemplação das alturas dos
ambientes e elementos que os compõem. Nesta unidade de estudo, você
aprenderá os padrões referentes a projetos de planos verticais, isto é, planos
bidimensionais que baseiam-se em perpendiculares de altura e largura,
desenvolverá, então, cortes e vistas, representações gráficas que se referem
às paredes, possibilitando a contemplação do eixo da altura dos elemen-
tos arquitetônicos e os de composição, como revestimentos e mobiliário.
Você contemplará também a forma correta para detalhar e especificar ma-
teriais de acabamento e revestimento, aprendendo os padrões estabelecidos
para reprodução de paginações de parede, representações gráficas funda-
mentais para execução de projetos de interiores, pois explicitam o posicio-
namento previamente planejado para a instalação dos materiais de revesti-
mento, com o intuito de promover, além de qualidade estética, até mesmo
a responsabilidade ambiental, visto que a compra e a utilização consciente
dos materiais de acabamento evitam o descarte e desperdício de materiais.
Hoje, possuímos, por meio da tecnologia digital, softwares que desen-
volvem imagens com extrema realidade e proximidade com o resultado
final da criação de projetos, ou ainda possibilitam a simulação de visi-
tas virtuais a ambientes por meio da realidade virtual, tudo em busca de
permitir ao espectador a prospecção idealizada por um criador. Ao final
desta unidade, você aprenderá a desenhar ambientes inteiros de forma
tridimensional, criando perspectivas isométricas que expõem desde ele-
mentos arquitetônicos e materiais de acabamento a móveis e a objetos de
decoração. Essas perspectivas são pertinentes para apresentação de nos-
sos projetos a clientes, que contemplarão representações mais próximas
da realidade a ser executada, por possibilitarem a aplicação de cores e
texturas e ainda assim poderão auxiliar na conferência de medidas por se
tratarem de desenhos técnicos em escala. Ótimo estudo!
DESENHO TÉCNICO

Cortes e Vistas
Caro(a) aluno(a), como você já estudou na segunda Na Figura 1, observa-se com mais clareza a que se
unidade, os cortes e vistas são representações gráficas referem essas seções verticais, o plano AB enfatiza
que reproduzem cortes feitos em planos verticais. as paredes e componentes cortados pelo plano e per-
Em projetos desenvolvidos por planos e seções mite a contemplação da edificação daquele ponto
horizontais, ou seja, em planta baixa, contemplamos em diante em projeção ortográfica.
dois eixos, o da largura e o de comprimento, poden- Agora que compreendemos o que são essas pro-
do expor o dimensionamento de tudo que compõe o jeções, vamos aprender passo a passo para a confec-
layout por meio de cotas. Essas representações nem ção delas. A seguir, observa-se uma planta baixa re-
sempre são suficientes para compreensão e execução ferente a uma quitinete; para indicarmos onde ficará
de um projeto, uma vez que não permitem a indica- a seção, utilizamos uma linha tracejada, composta
ção do eixo da altura de todos os itens de composição por longos segmentos de reta intercalados por pon-
do projeto, salvo alguns elementos arquitetônicos, tos, e, nas extremidades dessa linha, setas que indi-
como portas e janelas, que expomos as três dimen- cam a direção da vista. Não é necessário desenhar
sões por meio de legendas, as outras partes que ela- essa linha atravessando toda a planta, mas ao menos
boram os projetos de ambientes, como móveis e re- as paredes externas; quanto à hierarquia de linhas,
vestimentos, só são apreciadas em cortes ou vistas. essa deve possuir a pena mais grossa do desenho.

Figura 1 - Esquema de corte em ambiente


Fonte: os autores.

152
DESIGN

153
DESENHO TÉCNICO

Figura 2 - Exemplo de representação de linha de corte em planta


Fonte: os autores.

Figura 3 - Esquema de posicionamento de pranchas em prancheta para execussão de cortes


Fonte: os autores.

154
DESIGN

Figura 4 - Primeiro passo: desenvolvimento de cortes


Fonte: os autores.

Para desenhar o corte, posicionamos na prancheta a se portas, janelas e elementos fixos, como louças e
planta baixa acima e fixamos a plancha do corte sobre a peças sanitárias. É essencial a reprodução correta da
linha de indicação da planta como ilustrado na Figura 3. hierarquia de linhas; para a compreensão dos cortes,
Isso servirá para facilitar na construção do corte, os elementos em primeiro plano que foram seccio-
visto que se utiliza o esquadro para transferir todas as nados pela linha de corte possuirão a mais alta es-
larguras estabelecidas na planta, otimizando o desen- pessura e os mais distantes as menores, quanto mais
volvimento do corte por permitir que o uso do escali- distante mais fina a pena para reproduzir.
metro seja referente, apenas, às dimensões das alturas.
Comumente, para projetos de interiores, repro- SAIBA MAIS
duzimos com 10 cm de espessura o contrapiso e a
laje. Desenha-se, primeiro, a linha de terra LT e, É muito comum confundir corte e seção ou
acima a altura do pé direito, as espessuras de laje e secção. A rigor, são representações diferen-
contrapiso serão sempre externas a essa delimitação. tes de uma mesma operação de cortar ou
secionar, na Geometria Descritiva. Assim,
Nesse momento, é importante observar se há dife- seção é a representação da parte seciona-
renças de níveis entre os ambientes cortados, pois da. Corte é a representação dos elementos
essas devem estar representadas no corte. secionados e mais as partes vistas adiante
dos planos de corte.
Após a reprodução das paredes, o contrapiso
com os devidos níveis estabelecidos e a laje, insere- Fonte: Montenegro (2001, p. 60).

155
DESENHO TÉCNICO

Para concluir o corte, incluímos as cotas que vêm a tizam apenas os elementos que compõem o projeto
ser apenas na vertical, visto que as larguras e pro- de design de interiores, como nos cortes, são tam-
fundidades dos elementos já estariam dispostos em bém planos verticais, mas não expõem elementos
planta baixa e só poluiriam o desenho, dificultan- arquitetônicos, como paredes e contrapiso, dessa
do a leitura e compreensão. Também inserimos os forma, possibilitando a ênfase em móveis e outros
níveis de cada ambiente, com pequenas linhas que detalhes.
comportam os números referentes ao nível, que pos- O desenvolvimento é semelhante ao dos cortes,
suem uma seta fixada na extremidade esquerda pon- mas sem a reprodução das paredes, laje e contrapiso
tada para linha de terra. seccionadas pelo plano de corte e acrescentando to-
As legendas a seguir do corte, como nas plantas, dos os móveis, revestimentos e outros componentes
indicam em letras maiores ao quê se refere o dese- que estão fixados na parede em vista, como exempli-
nho, no caso dos cortes, a referência do plano de ficado na Figura 7.
seção e, com letras menores, a indicação da escala As vistas podem ser representadas e indicadas
utilizada. na planta baixa com os cortes, mas comumente são
Para a reprodução de um layout completo con- indicadas por um símbolo composto por 4 setas in-
tendo móveis e componentes de acabamento, utili- dicando ângulos ortogonais equidistantes, como no
zamos as vistas. As vistas são representações gráficas exemplo a seguir, possibilitando o detalhamento de
pertinentes aos profissionais que atuam justamente todas as paredes de cada ambiente individualmente,
com a ambientação de interiores, uma vez que enfa- para que facilite a compreensão.

156
DESIGN

Figura 5 - Segundo passo: desenvolvimento de cortes


Fonte: os autores.

Figura 6 - Terceiro passo e conclusão do desenvolvimento de cortes


Fonte: os autores.

157
DESENHO TÉCNICO

Figura 7 - Exemplo de vista


Fonte: os autores.

Figura 8 - Exemplo de símbolo para indicação de vista


Fonte: os autores.

158
DESIGN

Paginação
de Paredes

159
DESENHO TÉCNICO

que o tamanho da parede seja múltiplo do ta-


A paginação de parede não difere em nada quan-
manho do revestimento. Exemplo: para uma
to à função da paginação de piso contemplada na parede de 3 m de largura com pé direito de
unidade anterior. Sendo, então, parte essencial do 2,5 m, um revestimento de 50 cm por 50 cm
detalhamento de um projeto, possibilitando, desde possibilitaria um fechamento com aplicação
orçamentos e compra dos materiais de revestimen- de 30 peças inteiras, 6 peças colocadas na lar-
to à aplicação e instalação desses no ambiente, a gura para 5 peças na altura.
paginação norteará os profissionais envolvidos no • Rodapé, rodameio e rodatéto: se houver
processo, permitindo uma forma de comunicação qualquer um desses elementos compondo
junto com o revestimento aplicado, a altura
pertinente à leitura, interpretação e execução de um
desses deve ser descontada do total do pé di-
projeto. reito e as peças devem se adequar a essas di-
Já que é uma representação gráfica que tem fun- visões na aplicação, sempre priorizando um
ção de, apenas, definir e posicionar os revestimen- melhor aproveitamento e menor perda possí-
tos nas paredes, é interessante que se desenvolva vel com recortes.
individualmente cada ambiente, como no caso das • Recortes: quando não houver adequação do
vistas. Elementos arquitetônicos externos à vista da revestimento com o dimensionamento da
parede desenhada não influenciam na sua compre- parede, os recortes devem ser deixados em
pontos estratégicos, o mais longe possível do
ensão, dessa forma, desenha-se a vista da parede e
olhar de quem adentra o ambiente; isso pode
os elementos arquitetônicos que aparecem em vista variar muito dependendo de cada layout, haja
frontal, como janelas e portas. vista que um recorte pode ser camuflado por
Para escolhermos o posicionamento da primeira um mobiliário fixo planejado em uma das
peça do revestimento; a ser lançado, devemos levar extremidades da parede, propiciando que a
em consideração alguns critérios: aresta oposta tenha a peça inteira. Mas há um
• Tamanho das peças: existem, no mercado, consenso para muitos casos, como sempre
inúmeros padrões e tamanhos disponíveis de priorizar o lançamento de baixo para cima,
revestimentos, para que façamos uma boa es- pois o olhar do observador é mais frequente
pecificação desse material, devemos levar em abaixo de sua linha do horizonte do que para
consideração o dimensionamento da parede cima, e, quanto à largura da parede, prioriza-
a ser aplicada, devemos dar preferência aos se o vão de acesso ao ambiente para o lan-
revestimentos que possibilitem maior apro- çamento das peças. Seguem alguns exemplos
veitamento sem perdas com recortes, ou seja, que ilustram essas situações supracitadas.

160
DESIGN

Figura 9 - Primeiro passo: desenvolvimento de paginação de paredes


Fonte: os autores.

Figura 10 - Exemplos de paginações corretas e erradas


Fonte: os autores.

161
DESENHO TÉCNICO

Para conclusão do detalhamento das paginações, po-


demos inserir cotas pertinentes à compreensão dos
desenhos e linhas de chamada ou legendas que refe-
renciem os revestimentos, como ilustrado a seguir.

Figura 11 - Conclusão do desenvolvimento de paginação de paredes


Fonte: os autores.

Como posso me comunicar por meio de desenhos


técnicos bidimensionais e monocromáticos, quanto
mais concorrer com imagens altamente realistas
obtidas pelo adendo de novas tecnologias digitais?

162
DESIGN

Perspectiva Isométrica
de Ambientes
Como comentado anteriormente nas unidades No caso de perspectivas de ambientes, os eixos para
e tópicos que apresentaram as perspectivas iso- construção das larguras e profundidades permanecem
métricas como forma de representação gráfica e os mesmos de 30º e as alturas também continuam a 90º.
técnica do detalhamento de projetos, quando nos Para facilitar a compreensão do ambiente, removemos
referimos a projetos de interiores, é essencial al- as paredes da vista frontal e da lateral direita, mantendo
guma alternativa que aproxime o projeto técnico apenas duas paredes, a posterior e a lateral esquerda,
aos ambientes posteriormente executados para como ilustrado na Figura 12, mantemos a espessura
facilitar a compreensão deles por terceiros supra- como nos cortes para paredes 15 cm e para contrapiso
mencionados, como clientes e profissionais, que 10 cm. Após o levantamento dos elementos arquitetô-
executam partes específicas desses projetos, como nicos, paredes janelas e portas, desenvolvemos todo o
pintores e azulejistas. mobiliário conforme o planejamento do layout.

163
DESENHO TÉCNICO

Figura 12 - Primeiro passo: desenvolvimento de perspectiva isométrica de ambientes


Fonte: os autores.

164
DESIGN

Figura 13 - Conclusão do desenvolvimento de perspectiva isométrica de ambientes


Fonte: os autores.

165
DESENHO TÉCNICO

Tendo concluído o desenho, podemos acrescentar permanentes e giz pastel seco).


cores e texturas para valorização do desenho e apro- Essa representação gráfica auxilia na com-
ximação com o projeto executado, inserindo som- preensão do projeto e prospecta o resultado fi-
bras e reflexos, podemos ter resultados que simulem nal da execução sem deixar de ser um desenho
até o planejamento quanto à iluminação com mate- técnico com escalas e possibilitando a conferên-
riais e técnicas para essa cromatização (que podem cia de dimensões nos três eixos: altura, largura
ser os mais variados, como lápis de cor, marcadores e profundidade.

Figura 14 - Exemplo de humanização de perspectiva isométrica de ambientes


Fonte: os autores.

166
DESIGN

Considerações Finais
Prezado(a) aluno(a), nesta unidade, desenvolvemos Quanto às paginações de parede, você pode as-
representações técnicas referentes às paredes. Essas similar todos os pontos relevantes e critérios que
possibilitam a interpretação do eixo da altura, eixo embasam, desde a especificação do material a sua
que não havíamos trabalhado nas unidades anterio- aplicação no ambiente, tornando consciente as esco-
res referentes a ambientes. Compreendemos o que lhas, permitindo melhor aproveitamento e qualida-
são os cortes e, assim, também elaboramos, passo a de estética, evitando desperdícios, o que possibilita
passo, o processo de execução, desde a indicação em a minimização na geração de resíduos e outros in-
plantas, o posicionamento correto das pranchas na convenientes.
prancheta, a fim de otimizar o desenvolvimento, até o Por fim, desenvolvemos um ambiente tridimen-
detalhamento com cotas e legendas para o resultado sional, em perspectiva isométrica, considerando e
final. Entendemos a diferença entre planos verticais e estabelecendo padrões para esse tipo de represen-
horizontais e também quanto a secções e cortes. tação gráfica, que mesmo sendo um artifício faci-
Percebemos a semelhança entre vistas e cortes, litador para a leitura e compreensão de leigos, por
mas entendemos as diferenças quanto ao foco e obje- possuir volumetria tridimensional e propiciar a
tivo de exposição das duas, a forma de representação inserção de texturas, cores luz e sombra, é também
dos elementos arquitetônicos, de inserir mobiliários ferramenta útil para conferência de medidas e con-
e materiais de acabamento, bem como observamos templação de um resultado mais próximo do real a
as possibilidades de identificação por meio de sím- ser executado.
bolos em plantas baixas.

167
LEITURA
COMPLEMENTAR

Caro(a) aluno(a), leia o texto a seguir que fala sobre a 1. Sempre faça um projeto da obra, mesmo rudi-
importância de projetar e construir de forma consciente mentar (esboço), ele facilita o orçamento e evita
o desperdício de materiais.
e planejada. Boa leitura!
2. A efetivação de uma pequena equipe de planeja-
As empresas de construção civil têm convivido com inú-
mento e administração de materiais permite re-
meras críticas relacionadas ao desperdício de materiais duzir o desperdício, que chega a representar um
nas obras. O grande volume de entulho desprezado é custo adicional de 12% do valor da obra.
algo que sempre aparece como notícia em jornais, em 3. Faça uma lista de materiais e uma programação
das compras necessárias para toda a obra. Utilize
revistas e em outros meios de comunicação. Sabe-se que
sempre a ajuda de um engenheiro ou arquiteto.
o desperdício de materiais possui um número significati-
4. Ao começar a obra, não faça as compras de mate-
vo nas construções. rial todas de uma vez. A grande quantidade pode
A construção civil nacional tem em média perda de 5%. levar ao desperdício.
Nesse percentual, não está incluso o mercado informal, 5. O canteiro deve estar bem organizado e limpo,
responsável por mais da metade das construções. Se em cuidado ao guardar o material e evite mudanças.

percentagem esse desperdício não é tão grande, finan- 6. O espaço do canteiro deve ser definitivo. Os cor-
redores de passagem bem estabelecidos. Deslo-
ceiramente o número é outro, já que o custo da obra
camento de material gera desperdício.
sempre envolve bastante dinheiro. 7. Quanto aos materiais de construção:
Para que uma construção ou reforma não desperdice • Tijolos e telhas, guardados em pilhas para evi-
muito material, estabelecemos aqui dicas a serem leva- tar quebras.
das em consideração, para um melhor aproveitamento e • Sacos de cimento e argamassas, armazena-
economia na obra. dos longe da umidade.
• Material mais delicado deve ser transportado
em carrinhos de mão.
8. A argamassa para revestimento é um dos mais
frequentes fatores de desperdício nas obras, des-
de as péssimas condições de estocagem e de pre-
paração, até a aplicação.

Fonte: Redação do Fórum da Construção (on-line).1

168
atividades de estudo

1. Desenvolva, como abordado no conteúdo desta unidade, o corte A-B do seguinte ambiente
exposto a seguir, em folha de papel formato A3 em escala 1:25:

Fonte: os autores.

169
atividades de estudo

2. Ainda quanto ao ambiente supracitado, desenvolva as quatro vistas referentes ao seguinte


layout, em prancha formato A3 em escala 1:25:

Fonte: os autores.

3. Referente ao conteúdo de toda unidade, paredes: cortes, vistas e perspectivas, é correto afir-
mar:
I. Corte e seção são ações que resultam em idênticas reproduções gráficas, as mesmas operações
expõem elementos secionados e mais partes ou elementos vistos adiante da linha de corte.
II. Ao desenvolvermos vistas, contemplamos no desenho móveis, revestimentos e outros com-
ponentes do layout proposto, reproduzimos apenas as arestas que limitam as dimensões da
parede em vista, sem representar as paredes, contrapiso e laje secionados pela linha de corte.
III. As paginações de parede possibilitam maior aproveitamento e escolha consciente dos mate-
riais de revestimento, evitando perdas e geração indevida de resíduos.
IV. Ao humanizarmos uma perspectiva isométrica de ambiente, inserindo cores, texturas, luz e
sombra, perdemos o carater técnico do desendo, impossibilitando a conferência de dimen-
sões em escala.

170
atividades de estudo

Assinale a alternativa correta:


a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas II e III estão corretas.
c. Apenas I, II e III estão corretas.
d. Apenas II, III e IV estão corretas.
e. Apenas I, II e IV estão corretas.
4. Em prancha formato A3, desenvolva a paginação para a seguinte parede de 280 cm com pé
direito de 260cm, compondo um rodapé em granito de 10 cm de altura, com revestimento
cerâmico 40 cm x 60 cm e um rodameio em pastilhas de 4 cm x 4 cm em placas de 20 cm x
20 cm, em escala 1:25:

Fonte: os autores.

171
atividades de estudo

5. Desenvolva a perspectiva isométrica para o layout de um home theater, exposto a seguir, em


prancha A3 em escala 1:50, promovendo a contenplação das paredes da janela e do painel
para TV:

Fonte: os autores.

172
DESIGN

O link a seguir expõe o vídeo de uma matéria feita pelo telejornal Tem Notícias, da Rede Glo-
bo, em Sorocaba- SP, que fala da importância do planejamento e orientação de profissionais
para execução de obras, para evitar o desperdício e impactos ambientais.

Disponível em: <http://g1.globo.com/sao-paulo/sorocaba-jundiai/tem-noticias-1edicao/


videos/v/desperdicio-de-materiais-na-construcao-civil-tem-dados-alarmantes-em-soroca-
ba/2986884>.

173
referências

CHING, F. D. K. Representação gráfica em arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2011.


MONTENEGRO, G. A. Desenho arquitetônico. São Paulo: Blucher, 2001.

Referências On-Line
1
Em: <http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=43&Cod=1289>. Acesso em: 3
jun. 2016.

174
gabarito

1.

2.

175
gabarito

3. B.

4.

176
gabarito

5.

177
Conclusão Geral
Enfim, chegamos ao final do livro de desenho técnico, preparado especialmente
para você, aluno(a) do curso de Design de Interiores da Unicesumar. Desejamos
que os conhecimentos adquiridos com este material, produzido especialmente
para você, seja muito aplicável a sua futura vida profissional.
Importante entender que o desenho é algo que deve ser sempre praticado e,
assim como quase todas as áreas de conhecimento de um designer de interiores,
atualizado. Lembre-se sempre que não é o diploma que o torna um profissional
melhor colocado no mercado, mas sim os conhecimentos técnicos apreendidos
durante o curso, e certamente o desenho tecnico é um conteúdo de extrema im-
portância nessa colocação no mercado como profissional qualificado e compe-
tente.
Talvez, mais importante do que saber efetivamente desenvolver desenhos téc-
nicos, é imprescindível para um designer de interiores saber fazer a leitura desses
desenhos, quando os recebe de arquitetos, engenheiros, construtoras ou direta-
mente do cliente. Não tendo esse conhecimento, é praticamente impossível a atu-
ação profissional, pelo menos de forma eficaz, afinal de contas, projetar interiores
utilizando-se da “ciência” do design é muito mais do que soluções estéticas. É por
meio das representações dos desenhos tecnicos que o seu projeto ganha formas
profissionais e pode ser encaminhado para a execução.
Seja bem-vindo(a), então, ao mundo das plantas-baixas, cortes, layouts, esca-
las, cotas, vistas, perspectivas etc. Você, agora, está pronto não apenas para pen-
sar em seu projeto no aspecto conceitual, para o tornar algo executável, por meio
de seus desenhos e representações técnicos. Parabéns por sua escolha por uma
formação de qualidade, sólida e completa, em alguns meses, você estará pronto e
apto para atuar como um designer de interiores!

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