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712
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Registro: 2018.0000606675
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1031914-08.2013.8.26.0100 e código 9456F6B.
ACÓRDÃO
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MONICA SALLES PENNA MACHADO, liberado nos autos em 13/08/2018 às 15:14 .
do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram provimento
parcial ao recurso, nos termos que constarão do acórdão. V. U., de conformidade com
o voto do relator, que integra este acórdão.
Penna Machado
Relator
Assinatura Eletrônica
fls. 713
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1031914-08.2013.8.26.0100 e código 9456F6B.
APELANTE: ELIANA VAZ DE LIMA
APELADAS: COOPERATIVA HABITACIONAL DOS BANCARIOS DE SÃO
PAULO BANCOOP E OAS EMPREENDIMENTOS S/A
COMARCA: SÃO PAULO
JUÍZ “A QUO”: LUCAS PEREIRA MORAES GARCIA
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débito cumulada com pedido de obrigação de fazer e tutela
antecipada. Inconformismo da autora. Acolhimento. Incidência das
regras do CDC. Cobrança de resíduo final sem lastro em
documentos idôneos. Inexistência de demonstração contábil dos
custos referentes ao excesso de preço. Precedentes deste egrégio
TJSP. Autora, ademais, que quitou o preço do imóvel, razão pela
qual é de se impor às requeridas a outorga da escritura. Danos
morais não configurados. Ainda que abusiva a cobrança de resíduo
final, não se trata de situação excepcional, a ensejar o arbitramento
de indenização a título de danos morais. Reforma da sentença.
RECURSO PROVIDO EM PARTE, para julgar parcialmente
procedente a demanda, a fim de se declarar a inexigibilidade de
valores cobrados da autora a título de reforço de caixa referente ao
apartamento por ela adquirido e reconhecer a quitação do contrato,
condenando-se as requeridas à outorga da escritura e ao
pagamento dos ônus inerentes à sucumbência.
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oito). Afirmou que já havia pago R$ 219.082,82 (duzentos e dezenove mil e oitenta e dois
reais e oitenta e dois centavos) e resolveu quitar as referidas parcelas após a entrega das
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chaves. Aduziu que não foi informada sobre a transferência de direitos e obrigações da
primeira corré para a segunda. Afirmou ter sido coagida a assinar a proposta de rescisão do
contrato outrora firmado entre as partes e de restituição dos valores pagos pela requerente.
Entende ser nula a proposta de restituição do crédito, porque ausente a assinatura de seu
cônjuge. Assevera que, em março de 2013, a segunda corré informou à requerente o saldo
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devedor de R$ 259.399,20 (duzentos e cinquenta e nove mil, trezentos e noventa e nove
reais e vinte centavos) para a aquisição do bem imóvel, aumento de preço que a autora
considera abusivo. Assim, pugna pela outorga da escritura e pretende a declaração de
inexigibilidade das parcelas de números 57 (cinquenta e sete) e 58 (cinquenta e oito) e do
valor de R$ 259.399,20 (duzentos e cinquenta e nove mil, trezentos e noventa e nove reais
e vinte centavos). Requer a declaração de nulidade das cláusulas contratuais que preveem a
possibilidade de reforço de caixa, bem como a transferência de titularidade do imóvel
descrito na inicial para o seu nome. Por fim, pleiteou a condenação das rés ao pagamento
de indenização por danos morais no importe de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).
É o breve relatório.
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de R$ 135.764,94 (cento e trinta e cinco mil, setecentos e sessenta e quatro reais e noventa
e quatro centavos) (fls. 38/43).
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Após pagar a última parcela fixa (60/60) do acordado entre as partes,
relatou a autora que foi surpreendida com o aviso da BANCOOP, relativo à ausência de
pagamento das parcelas de números 57 (cinquenta e sete) e 58 (cinquenta e oito). Afirmou
que já havia pago R$ 219.082, 82 (duzentos e dezenove mil, oitenta e dois reais e oitenta e
dois centavos), mesmo assim quitou as referidas parcelas após a entrega das chaves. E para
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finalização do empreendimento, a primeira corré transferiu direitos e obrigações para a
segunda. Então, a autora assinou, em 11/03/2010, a proposta de rescisão e restituição do
crédito.
É cristalino que a relação jurídica havida entre as partes deve ser regida
pela legislação consumerista. Isto porque o que se extrai dos autos é que houve uma
simples compra e venda de imóvel e a cooperada nunca teve nenhum poder de decisão.
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documentos complementares.
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É cediço que a lei cooperativista exige efetiva discussão entre os
cooperados acerca do rateio de novas despesas e quaisquer providências necessárias à
conclusão do empreendimento. E no caso dos autos, é evidente que ela deveria ter ocorrido
à época da apuração do saldo residual, para que os cooperados pudessem deliberar sobre o
novo rateio.
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E a apelante não participou de nenhuma discussão, mas tão somente lhes
foram apresentadas novas parcelas e, com a transferência dos direitos e deveres da primeira
para a segunda corré, novo valor do imóvel, mais que dobrando de preço.
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proposições. Além da devolução pura e simples do dinheiro a perder de
vista, facultou a manutenção na empreitada daqueles que assim o
preferissem; mas por novos preços, de mercado, que livremente
estabeleceu. Dele abatido o valor já pago, na prática, mais do que
dobrando o valor do negócio. Confira-se a proposta formulada, a fl.
427/439, afinal homologada em juízo (fls. 440). Afirma-se a nulidade da
assembleia em exame, por irregularidades formais, isso evidentemente
não tem como ser discutido aqui. Mas é certo que, irregular ou não, não
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podia vincular todos os cooperados, a estes era dado manter o contrato
primitivo ou não. Aqui, argumenta a apelante já haver pago o preço, e
tem razão. Até porque a cooperativa ré, de tal, só tinha o nome, como
sistematicamente decidido por esta corte” (apelação nº.
0121931-78.2011.8.26.0100, 4ª câmara de direito privado, j. em
04/04/2013).
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em 29/04/2014).
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Bem por isso, declara-se a inexigibilidade de valores cobrados da autora
a título de reforço de caixa referente ao apartamento por ela adquirido.
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Reconhece-se, outrossim, a quitação do contrato, condenando-se as
requeridas à outorga da escritura, com fixação de multa diária no valor de R$ 1.000,00 (até
o limite de R$ 30.000,00), a qual poderá incidir a partir de 15 dias do trânsito em julgado
deste julgamento.
Por fim, melhor sorte não assiste à autora no que tange o pleito de
condenação a título de danos morais. Senão vejamos.
Em que pese a autora tenha sido cobrada por quantia indevida, ao que se
depreende dos autos, a apelante realizou o pagamento, imitindo-se na posse do imóvel, não
tendo trazido relatos de situação excepcional, de modo a ensejar o arbitramento de tal
indenização.
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não se apresenta como suficiente para produzir dano na esfera íntima do
indivíduo, até porque o descumprimento de obrigações contratuais não é
de todo imprevisível." (REsp 876.527/RJ). 3.- agravo improvido.” (agrg
no AREsp 287.870/SE, rel. ministro Sidnei Beneti, 3ª turma, julgado em
14/05/2013).
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pedidos contidos na inicial, de rigor a condenação das requeridas no pagamento das custas
e despesas processuais, além de honorários advocatícios fixados em R$ 4.000,00 (quatro
mil reais).
PENNA MACHADO
Relatora