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CAPÍTULO 1
Mangalacarana
Há uma declaração, yah kenapy atibhagyena jata sraddho ' sya sevane: uma
pessoa atinge fé no serviço do Senhor por extrema boa fortuna. As palavras
atibhagyena, extrema boa fortuna, devem ser ultimamente
compreendidades como sendo a obtenção da misericórdia do devoto (bhakta
karunya), que ultrapassa (atikrama) a fortuna que resulta das atividades
materiais piedosas (shubha karma). Aqui, não se deve considerar que o
devoto é dependente da vontade do Senhor e portanto não pode iniciar a
outorgação de misericórdia. Pois o Senhor aceita subserviência a Seu
devoto (sva--bhaktavashyata) e dá proeminência a posição do devoto dando-
lhe o poder de conceder a misericórdia do próprio Senhor (sva-kripa-shakti).
O Senhor como paramatma observa aqueles assuntos relacionados aos
sentidos externos da jiva, a recompensa para suas atividades prévias,
contudo, Ele concede misericórdia especial a Seus devotos (sva-prasada).
No Bhagavad-gita, mat-prasadat param santim... mat-samstham
adhigacchati... (BG 18.62 e 6.15). Shri Chakravartipada cita estes slokas
quase como se eles fossem um. A verdadeira expressão do primeiro é tat-
prasadat, mas aqui desde que tat se refere ao Senhor, mat também pode ser
usada. O próprio Krishna fala de Sua prasada ou misericórdia como o meio
de atingir paz transcedental e Seu supremo e eterno reino. Esta prasada
assume a forma da ourtogação do Senhor de Sua própria kripa shakti, ou
poder de misericórdia, a Seu devoto. Em outras palavras, pode-se receber a
misericórdia do Senhor através da misericórdia do devoto que a concede,
como foi explicado previamente.
pela tensão do verbo pratilabhya (tendo atingido) neste verso é muito claro
que bhakti primeiro se manifesta no estágio onde ainda existem desejos
luxuriosos no coração, e então, após sua manifestação, desejos luxuriosos
são aniquilados. Isto é devido ao fato de que bhakti é supremamente
independente (parama svatantra). Além disso, embora tais impurezas como
kama possam as vezes surgirem no devoto, as escrituras nunca condenam
tal devoto :
Bhakti pura, sem misturas com karma e jnana, é como uma trepadeira que
satisfaz todos os desejos aparecendo no campo dos sentidos. Esta bhakti é
o refúgio daqueles devotos que fazem um voto firme (dhrita vrata) de nunca
buscarem outros frutos exceto bhakti, como abelhas (madhu vrata) que são
obcecadas com o desejo de saborear apenas néctar. A própria vida desta
trepadeira é uma atitude favorável ao serviço para o prazer do Senhor.
Como uma pedra filosofal, a própria presença de bhakti faz o coração e
sentidos gradualmente perderem suas qualidades materiais que se
assemelham ao ferro e adquirirem qualidades espirituais como ouro puro.
Tal como uma trapadeira brotando cresce para cima e origina duas folhas,
no processo de sadhana bhakti, duas qualidades surgem. A primeira é
chamada kleshaghni (alívio dos sofrimentos materiais) e a segunda é
chamada de shubhada (início de toda auspiciosidade).
Vyudha vikalpa: “Devo passar minha vida feliz na vida familiar, tornar minha
família consciente de Krishna e adorar o Senhor? Ou devo abandoná-los e ir
a Vrindavana e me aperfeiçoar engajando-me o tempo todo em ouvir e
cantar sem distrações? Devo esperar até o último estágio, depois de
desfrutar de todos os tipos de prazeres, quando eu tiver finalmente
compreendido que todo o mundo material é simplesmente um incêndio
florestal de aflição? Ou devo renunciar agora? Considere estes versos:
Aqueles apegos que são muito difíceis de abandonar, bela esposa, filhos
obedientes, amigos devotados, um vasto império, tudo que o coração deseja,
Maharaja Bharata abandonou-os em sua juventude como se fossem fezes
devido a sua atração pelo Senhor. (SB 5.14.43)
Devo então abandonar a incerta vida familiar sendo ainda jovem? Por outro
lado, não é apropriado renunciar imediatamente. Eu não deveria esperar a
morte de meus velhos pais antes de renunciar?
Oxalá! Meus pais são velhos e minha esposa está com um bebê em seu colo
e outras crianças estão ao seu redor. Sem mim eles não terão proteção e
sofrerão em demasia. Como eles viverão na minha ausência? (SB 11.17.57)
Meu querido Senhor Krishna, até que as pessoas se tornem Seus devotos,
seus apegos materiais continuam sendo ladrões, suas casas prisões, e seus
sentimentos afetuosos por suas famílias algemas para os pés. (SB 10.14.36)
A vida familiar é uma prisão apenas para aqueles que são apegados, para
um devoto, não há problemas na vida familiar. Assim devo me manter em
casa e me ocupar em cantar e ouvir, ou devo me ocupar em serviço?
Preferencialmente, como Ambarisha Maharaja se manteve na vida familiar
e executou todos os angas (membros) de bhakti, eu devo fazer o mesmo.”
Esta batalha que está sendo travada com seus desejos previamente
adquiridos pelo prazer sensorial, no qual as vezes ele é vitorioso e as vezes
é derrotado, é chamada de vishaya sangara ou luta com o prazer dos
sentidos.
Niyamakshama: Então o devoto irá decidir, “De hoje em diante irei cantar
tantos e tantos números de voltas de japa e prestarei tantas reverências. Eu
também irei executar serviços aos devotos. Eu não falarei sobre nenhum
objeto além do Senhor e irei abandonar toda associação com pessoas que
falam de assuntos materiais.” Embora ele tome tais decisões todos os dias,
ele nem sempre consegue cumpri-las. Isto é chamado de niyamakshama ou
incapacidade de seguir regras. Vishaya sangara é a incapacidade de
abandonar o desfrute material, enquanto niyamakshama é a incapacidade
de incrementar seu serviço devocional.
CAPÍTULO 3
Após bhajana kriya, surge anartha nivritti, ou limpeza das más qualidades
que obstruem o progresso de bhakti. Anarthas podem ser classificados em
quatro tipos, de acordo com sua origem: aqueles que surgem de pecados
prévios, aqueles que surgem de atividades piedosas prévias, aqueles que
surgem de ofensas e aqueles que surgem de bhakti.
Simplesmente apenas por recitar este mantra de dez sílabas, ele receberá a
perfeição.
Aqui a palavra nimilya (fechar os olhos) significa que a pessoa possui olhos
(ela não é cega) mas os fechou. A palavra dhavan (correr) significa proceder
rapidamente movendo os pés de uma maneira incomum, exagerada. Estes
são os significados diretos. Este verso se refere a uma pessoa que toma
abrigo do serviço devocional e está praticando os angas primários. O
significado é que tal pessoa não sofre perda de resultados nem é privada do
objetivo, mesmo se conhecendo todos os angas de bhakti, ela negligencia e
executa apenas algum dos angas secundários, como se fosse ignorante.
Shiva aceita voluntariamente os três gunas e parece ser coberto por eles.
(SB 10.88.3)
Embora Shiva pareça ser coberto pelos gunas, não se deve pensar que ele
está na categoria de jiva pois o Brahma-samhita diz:
Aqueles que são influenciados pela aishvarya shakti são de dois tipos:
aqueles absortos em jnana pertencentes a esfera espiritual (pe. os Quatro
Kumaras), e aqueles absortos nas funções da criação, etc. da esfera material
(Brahma, etc). Assim pode-se considerar que Vishnu e Shiva não são
diferentes, sendo o mesmo ishvara chaitanya.
Depois estão os anarthas que surgem de bhakti. Tal como muitas ervas
daninhas crescem com a planta principal, junto de bhakti aparecerem
aquisição de riqueza material e outras facilidades, adoração e respeito por
outros, uma posição confortável e fama (labha, puja, pratishtha). Devido a
sua natureza, elas possuem o poder de influenciar o coração do devoto,
expandirem-se, e retardar o crescimento da planta principal que se deseja
cultivar (bhakti).
Isto tudo é verdade. Não se deve duvidar que o Santo Nome possui em
todos os casos tal poder inestimável. Contudo, o Santo Nome, estando
descontente com as ofensas cometidas contra ele, não manifesta seu poder
completo no ofensor. Esta é de fato a razão pela qual tendências
pecaminosas continuam no ofensor. Ainda assim, os servos da morte não
possuem o poder de atacar tal pessoa (como no caso de Ajamila).
Embora isto seja verdade, eles não possuem outros meios de purificação
além de se tornarem livres de nama aparadha. Citando o Padma Purana na
discussão sobre as dez ofensas o Hari Bhakti Vilasa diz:
Alguém pode argumentar que, eu nunca cometi ofensa alguma. Não se deve
fazer tais declarações. Embora a ofensa não possa ter sido cometida
recentemente, ela pode ter sido feita no passado, mas pode-se concluir que
existem ofensas por seus efeitos. O efeito da ofensa é que a pessoa não
manifestará qualquer sintoma de prema executando nama kirtana.
Isto é verdade. Tal como durante uma febre séria, perdendo todo o gosto
por alimentos, uma pessoa considera impossível comer, assim uma pessoa
que comete uma ofensa série perde a iniciativa de ouvir, cantar e executar
atividades devocionais. Não há dúvidas sobre isto. Contudo, se a febre
diminui com o tempo, algum gosto pela comida surge. Mesmo então,
alimentos nutritivos como o leite e arroz não podem dar seu poder completo
de nutrição a pessoa que sofre de febre crônica. Eles concedem algum
benefício, mas não podem lhe aliviar de sua condição perdida. A dieta de
um inválido e remédios podem, contudo, com o tempo, restaurar-lhe sua
condição saudável anterior. Em tal momento a potência completa da comida
comum pode ser utilizada pelo corpo. Da mesma forma, após um longo
período de sofrimento dos efeitos de aparadha, a intensidade reduz de
alguma forma e o devoto desenvolve um pequeno gosto. Novamente o
devoto se torna qualificado para bhakti. Doses repetidas de ouvir e cantar
os Nomes do Senhor e a execução de outros processos devocionais,
gradualmente tudo é revelado em progressão. Os santos descreveram esta
progressão como se segue:
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
Quinta Torrente de Néctar
"Ó amigo, abandonando o néctar dos nomes de Krishna, por que você está
ocupado em conversas inúteis de assuntos familiares sobre segurança e
desfrute? O que eu posso dizer-lhe? Eu mesmo sou tão perverso, embora eu
tenha recebida a jóia preciosa de bhakti pela misericórdia do mestre
espiritual, eu sou tão desafortunado que eu a mantive amarrada no cinto de
minha roupa. Não conhecendo valor, eu estive procurando por conchas
quebradas, um pequeno ponto de falsa felicidade no litoral do oceano de
ocupações materiais. Vagando aqui e ali, eu passei os anos de minha vida
em vão. Não praticando nenhuma atividade de bhakti, eu simplesmente
demonstrei letargia. Oxalá, veja como eu sou ou meu paladar que eu lambo
fofocas amargas, enganosas e profanas como sendo néctar e me mantenho
apático a ouvir os nomes, qualidades e passatempos do Senhor. Quão
desafortunado eu sou! Quando eu começo a ouvir sobre o Senhor, eu
confortavelmente começo a dormir, e quando há oportunidade de discussões
vulgares, eu desperto meus ouvidos e me torno totalmente desperto. Deste
modo, eu sempre contaminei a assembléia de todos os devotos. Que
atividades pecaminosas eu não executei, simplesmente para a satisfação de
meu estômago insáciavel até mesmo em minha decrépita idade avançada.
Eu não sei por quanto tempo e em que tipo de inferno eu irei ter que sofrer
por todas as minhas atividades."
CAPÍTULO 6
Após isso, quando o gosto pelas atividades de bhajana (ouvir, cantar, etc.)
atingir profundeza extrema e Krishna se tornar o próprio objeto de suas
atividades devocionais, atinge-se asakti ou apego. No estágio de asakti, a
trepadeira de bhakti, que satisfaz todos os desejos, origina aglomerados de
botões de flores, anunciando a repentina manifestação das flores de bhava
e então frutos no estágio de prema. A diferença entre ruchi e asakti é a
seguinte: ruchi possui bhajana, prática devocional, como sujeito e asakti
possui o Senhor, o próprio objeto de bhajana, como o sujeito. O estágio pode
ser identificado a partir da quantidade de cada componente. Na verdade,
ruchi e asakti possuem os dois componentes, porém pela intensidade de um
ou de outro, ruchi e ashakti se tornam estágios distintos entre si. Asakti
lustra o espelho do coração a uma condição tal que o reflexo do senhor
repentinamente parece ser quase visível nele.
Cedo pela manhã, vendo outro devoto, ele começará a falar. "De onde você
está vindo? Você possui, por acaso, uma shalagrama shila na pequena bolsa
pendurada em seu corpo? Sua língua está agitada a todo momento devido a
saborear o néctar do nome de Krishna enquanto o canta suavemente. Eu
não sei por que você está dando seu darshan a uma pessoa desafortunada
como eu e me concedendo imensa bem aventurança. Me diga sobre todos os
locais sagrados que você visitou. Me descreva todas as almas santas que
você encontrou e com quais realizações elas te abençoaram. Deste modo,
você está aperfeiçoando a si mesmo e também a outros." Deste modo ele irá
gastar algum tempo bebendo o néctar em uma conversa íntima. Em outro
local, vendo outro devoto, ele dirá, "A encantadora escritura em baixo de
seu braço está lhe fazendo parecer muito elegante, assim eu posso deduzir
que você é muito erudito e cheio de realizações. Bondosamente recite para
mim um verso do décimo canto e traga vida ao pássaro chataki de meus
ouvidos esperando as gotas de chuva do néctar de suas explicações."
Ouvindo a explicação, seus pêlos se arrepiam em extâse.
Indo a outro local, vendo uma assembléia de devotos, ele dirá, "Ó, hoje
minha vida será bem sucedida, pois a associação dos devotos irá destruir
todos os meus pecados." Pensando deste modo, ele irá prestrar repetidas
reverências a eles caindo como um bastão no chão. Sendo recebido com
afeição pelo mais erudito maha bhagavata, a jóia da coroa de todos os
devotos, ele se sentará diante dele em uma postura servil. Ele
humildemente implora-lhe com lágrimas em seus olhos, "Ó mestre, você é a
jóia da coroa dos médicos, capaz de erradicar a grave doença material que
aflige as entidades vivas dos três mundos. Eu sou a pessoa mais caída e
depravada. Por favor, examine meu pulso e diagnostique minha doença,
receitando-me qual dieta e remédio adotar. Com tal remédio milagroso, me
dê a nutrição adequada." Extremamente feliz com o olhar misericordioso
daquele maha bhagavata e o néctar escorrendo de suas palavras doces, ele
irá permanecer alguns dias para servir os pés de lótus de tal devoto.
Algumas vezes vagando na floresta absorto em emoção, observando
movimentos dos animais e pássaros, ele irá intuitvamente interpretá-los
como sinais de misericórdia ou punição de Krishna sobre ele. "Se Krishna
está mostrando Sua misericórdia a mim, então aquele antílope virá em
minha direção por três ou quatro passos. Se Ele não está demonstrando
misericórdia, o antílope irá virar-se." Nos arredores de um vilarejo, vendo
um pequeno menino brahmana brincando lembrando-lhe da santa criança,
Sanaka, ele irá perguntar-lhe, "Eu verei Vrajendra Kumara?" "Não." ouvindo
aquela simples sílaba, ele irá deliberar se deve assumir a resposta em seu
valor direto ou buscar um significado mais profundo.
Capítulo 7
Tal como existem diferentes graus de espessura nos sucos de manga, jaca,
cana de açúcar ou uvas, existem diferentes graus de doçura de bhava.
Assim existem cinco tipos de devotos de acordo com o bhava no qual eles
estão agindo: shantas (admiradores neutros), dasas (servos), sakhas
(amigos), pitris (antepassados), preyasi (amantes), agindo em cinco bhavas
diferentes. Isto é, shantas estão agindo em shanti (paz), os dasas em priti
(afeição), os sakas em sakhyam (amizade), os pitris em vatsalyam (amor
parental), e os preyas em priyata (amor conjugal).
Então novamente, estes cinco bhavas, por sua própria energia, obtém
vibhava, anubhava, sattviki, vyabhichari como seus assuntos juntamente
com suas opulências e se tornam os reis conhecidos como sthayi bhavas.
Estes cinco sthayi bhavas se misturando com estes elementos se
transformam em outras cinco rasas: shanta, dasya, sakhya, vatsalya e
ujjvala.
Os textos shruti definem rasa como a própria essência do Senhor: raso vai
sah rasam hy evayam labdhv ananda bhavati, o Senhor é a própria rasa
(rasa svarupa), e, atingindo tal rasa, a jiva se torna bem aventurada. Tal
como a água está presente em todos os córregos, rios e lagoas, mas é
personificada no oceano, rasa está presente em todos os avataras do
Senhor, mas não atinge a perfeição em nenhum deles. Pelo contrário, ela
atinge seu climax absoluto em Vrajendranandana, Krishna, o filho do rei de
Vraja. Quando bhava primeiro amadurece e começa a se transformar em
prema, aquele próprio Vrajendranandana, que é a personificação de rasa, é
diretamente realizado pelos devotos qualificados.
Ele considera amigos como sendo tão inúteis quanto um poço seco, coberto
de vegetação, e seu lar se torna como uma floresta repleta de espinhos. A
comida se torna completamente sem sabor. Elogios de outros devotos são
como picadas de uma cobra. Deveres diárias se tornam difíceis de se
executar como a morte. Todos os membros do corpo se tornam um fardo
intolerável. O console de seus camaradas é como veneno. Mesmo embora
ele se mantenha constantemente acordado, estar acordado é um oceano de
arrependimento, e seu sono parece estar apenas voando (destruindo) de sua
vida. Seu corpo parece ser um alvo de castigo para o Senhor. Seu ar vital se
torna tão desprovido de vida quanto grãos torrados. O que ele previamente
aceitou como os deveres de sua vida é abandonado como sendo uma grande
calamidade. Até mesmo pensar no Senhor faz seu corpo ter a sensação de
estar sendo despedaçado.
O Senhor revela primeiro Sua beleza (saundarya) aos olhos do devoto nesta
condição notável. Devido a doçura daquela beleza, todos os sentidos e a
mente capturam aquela visão, e obstáculos, tais como paralisia, tremor e
lágrimas são ocasionados. A partir de então o devoto desmaia em bem
aventurança. Para consolar o devoto, o Senhor então revela Sua fragrância
as narinas do devoto, e todos os sentidos do devoto capturam aquele cheiro.
Novamente o devoto desmaia em bem aventurança. O Senhor então revela
sua voz retumbante aos ouvidos do devoto: Ó Meu devoto, Eu estou sob seu
controle. Não se sinta oprimido, mas satisfaça totalmente seu desejo por Me
saborear. Todos os sentidos se tornam ouvidos para ouvirem e, pela terceira
vez, o devoto desmaia. No início do desmaio, o Senhor então
misericordiosamente concede o toque de Seus pés de lótus, Suas mãos e
Seu peito ao devoto, e revela Sua jovialidade fresca (saukaumarya) ao
devoto. Para aqueles no humor de servidão, Ele concede Seus pés de lótus
a suas mãos, para aqueles no humor de amizade, Ele segura suas mãos com
a Dele. Para aqueles no humor de afeição parental, Ele enxuga suas
lágrimas com Sua própria mão. Para aqueles no humor conjugal, Ele os
recompensa com Seu abraço, tocando-os com Suas mãos e peito. Então
todos os sentidos do devoto seguram o tato e então o devoto cai novamente
em um desmaio profundo. No início da queda, o Senhor então o recompõe
dando-lhe o sabor (saurasya) de Seus próprios lábios. Isto, contudo, é
revelado apenas para aqueles no humor conjugal. Os sentidos do devoto
assumem o sentido do paladar e ele desmaia pela quinta vez. Este desmaio
bem aventurado é tão profundo que o Senhor deve revivê-lo para outorgar-
lhe Sua audarya (generosidade). Audarya se refere ao estado no qual
simultaneamente todas as qualidades do Senhor (Sua beleza, fragrância,
som, textura e sabor) repentinamente se manifestam aos diferentes sentidos
do devoto.
Isto aumenta prema, que normalmente controla a tudo como a lua preside
sobre o oceano, e então parece remover seus poderes. Isto cria no coração
do devoto uma fricção quase destrutiva e rasgando entre os sabores
simultâneos, um conflito de uma centena de ondas no oceano de bem
aventurança. Então novamente, prema assume o papel de governante, a
deidade atuante, e manifesta seu poder específico que permite que o devoto
experiencie os diferentes sabores simultaneamente e sem conflitos. Não se
deve pensar que o devoto não será capaz de experienciar com totalidade
todos os sabores porque a sua multitude que pode causar diluição dos
próprios sabores. Pelo contrário, todos os sentidos atingem a inconcebível,
surpreendente, extraordinária qualidade de executar as funções dos outros
sentidos para apreciar as várias qualidades do Senhor. Deste modo, eles não
podem experienciar o sabor mais intensamente. Sobre estes assuntos, não
se pode utilizar concepções materiais desenvolvidas em experiências
materiais. As condições inconcebíveis de prema não estão sujeitas a lógica
mundana (acintya). Mesmo se o devoto deseja saborear todos os tipos de
doçura, de saundarya, etc., todas de uma só vez, mas como um pássaro
chataka quer beber todas as gotas de chuva com o seu bico, o que é
impossível. O devoto tenta experienciar os doces sabores da beleza do
Senhor, fragrância, som, toque, gosto e audarya tudo de uma vez tal como o
pássaro chataka que deseja pegar todas as gotas da chuva. Então o Senhor,
vendo que tudo não pode encontrar espaço em Seu devoto, considera, "Por
que eu estou portando tantas qualidades estonteantes Comigo?" Para deixar
o devoto também compartilhar de todas elas, o Senhor manifesta Sua kripa
shakti (também chamada de anugraha), a superintendente de todas as
shaktis, através da qual o devoto se torna atrativo até mesmo para o
Senhor. Esta shakti está situada como uma imperatriz no meio de um lótus
cujas oito pétalas são oito shaktis (vimala, utkarshini, jnana, kriya, yoga,
prahvi, satya e isani). Esta anugraha decore a si mesma nos olhos do
Senhor e aparece em diferentes formas tais como vatsalya (afeoção em
relação a Seus devotos no humor de servidão, etc. (dasa, sakha, etc.). Em
alguns casos ela aparece como karunya (compaixão. Quando ela aparece em
relação ao humor conjugal dos devotos é conhecida como citta viddravini
akarshani shakti (que derrete o coração de Krishna e atrai a Ele). As vezes
de acordo aos diferentes humores de diferentes devotos, ela é conhecida
por outros como nams também. Por sua kripa shakti, o elemento todo-
penetrante do livre arbítrio do Senhor influência o coração e causa grande
espanto até mesmo naquelas almas realizadas que são completamente auto
satisfeitas (atmaramas). Por esta energia, a qualidade chamada de bhakta
vatsalya (afeição por Seus devotos), como um imperador, governa toda a
auspiciosidade, qualidades espirituais tais como satya, shaucha, daya e
tapas mencionadas no Primeiro Canto do Shrimad Bhagavatam.
Então novamente ele lamenta, "Eu não terei mais aquela associação. Foi um
torrente de misericórdia de algum grande devoto do Senhor sobre esta alma
desafortunada? Ou foi mero acaso, ou foi o resultado de algum esforço
honesto do passado? Ou talvez foi simplesmente a misericórdia sem causa
do Senhor? Devido a alguma fortuna indescritível eu obtive o Senhor, mas
então, devido a uma ofensa grave, eu O perdi novamente. Sem vida, sem
inteligência, eu não posso determinar a verdade. Para onde eu devo ir? O
que eu devo fazer e como? A quem perguntar? Eu estou completamente
vazio, sem alma, sem abrigo, qeimado por um incêndio. Os três mundos
parecem me devorar. Abandonando esta associação mundana, eu irei viver
em solidão por algum tempo."
Ruchi: "Ó grande sábio, tão logo eu obtive um gosto pela Suprema
Personalidade de Deus, minha atenção para ouvir sobre o Senhor se tornou
inabalável." (SB 1.5.27)
Bhava: "Assim ouvindo com atenção, meu gosto por ouvir sobre a
Personalidade de Deus amentou a cada passo." (SB 1.5.26)
Prema: "Ó Vyasadeva, naquele momento, sendo excessivamente
sobrepujado por sentimentos de felicidade, todas as partes do meu corpo se
tornaram separadamente animadas. Estando absorto em um oceano de
êxtase, eu não pude perceber nem a mim nem ao Senhor" (SB 1.6.17)
Sintomas de bhava: "Ó brahmanas, como ferro atraído por uma pedra
magnética automaticamente se move em direção a aquela pedra, minha
consciência, tendo sido mudada pela vontade Dele, está apegada ao Senhor
Vishnu, que carrega um disco em Sua mão. Portanto eu não tenho
independência." (SB 7.5.14)
Associação do Senhor: "Ó Minha Mãe, Meus devotos sempre vêem meu
rosto sorridente de Minha forma com olhos que parecem o sol nascente da
manhã. Eles gostem de ver Minhas diferentes formas transcedentais, que
são todas benevolentes, e eles também conversam Comigo
favoravelmente." (SB 3.25.35)