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OBJETIVOS:
1 . Conhecer a composição do leite materno, suas variáveis e
benefícios para o bebê.
# CADERNO DE ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA ALEITAMENTO
MATERNO - SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
Composição do Leite Materno
Água
A água é o maior componente do leite e desempenha papel fundamental na
regulação da temperatura corporal. Na água estão dissolvidos ou suspensos as
proteínas, os compostos nitrogenados não proteicos, os carboidratos, os
minerais (íons monovalentes) e as vitaminas hidrossolúveis (C e Complexo B).
Já que a maior concentração do leite é de água, então não há necessidade de
dar água para o bebê mesmo em dias quentes.
Proteínas
Na primeira semana o leite humano, colostro, é rico em proteínas protetoras
especialmente a imunoglobulina secretória A, que age contra infecções e alergia
alimentar.
O leite maduro contém mais proteínas nutritivas que o colostro. As proteínas
presentes no leite são a caseína e as proteínas do soro. O leite humano fornece
ao ser humano todos os aminoácidos essenciais (isoleucina, lisina, leucina,
triptofano, treonina, metionina, fenilalanina, valina e taurina), assim pela
excelente qualidade de proteínas, quanto à digestibilidade e alta
biodisponibilidade, supre satisfatoriamente as necessidades dos RN, incluindo o
RN pré-termo, garantindo taxas de crescimento adequadas, geralmente
dispensando suplementação.
Lipídios
O leite humano disponibiliza quantidades adequadas de lipídios, que aumentam
com o tempo de lactação e são compostos principalmente por triglicerídios, que
fornecem cerca de 50% da energia do leite. O leite humano possui ácidos graxos
de cadeia longa w–6 (araquidônico) e w–3 (docosaexaenóico). Esses ácidos
graxos são componentes importantes do cérebro e do sistema nervoso, além de
possuírem outras ações biológicas. Como no primeiro ano de vida ocorre intenso
crescimento e diferenciação cerebral nos RN pré-termo, a ingestão desses
ácidos graxos de cadeia longa parece ser de grande relevância, uma vez que
são de grande importância para o desenvolvimento cerebral.
Vitaminas e Minerais
O leite humano fornece todas as vitaminas e minerais, mucronutrientes
necessários para o crescimento e desenvolvimento infantil. Durante os primeiros
seis meses o aleitamento materno exclusivo garante boa biodisponibilidade de
todos os nutrientes.
Os minerais presentes no leite são classificados em macrominerais,
encontrados em maior quantidade (potássio, cloro, cálcio, sódio, fósforo e
magnésio), e os microminerais, em menor quantidade (zinco, ferro, cobre, iodo,
cromo, selê- nio, flúor, manganês, etc). Ainda são encontrados na forma de íons
monovalentes (sódio, potássio, cloro), íons divalentes (cálcio, magnésio, citrato),
sais não ionizados e sais fracamente ionizados. O zinco é essencial ao
organismo, encontra-se em maior quantidade no colostro, atendendo às
necessidades do lactente. O ferro garante o aporte necessário à criança em
aleitamento materno exclusivo. Embora em pequena quantidade, o cobre, o
selênio, o cromo, o molibdênio e o níquel desempenham papel fundamental no
desenvolvimento e crescimento infantis.
O colostro, além de proteínas e alguns minerais, também apresentam maiores
teores de betacaroteno e demais vitaminas lipossolúveis. A vitamina D está
presente no soro e na fração lipídica do leite em quantidades não suficientes. O
mesmo ocorre com a vitamina K, que é administrada no bebê logo após o
nascimento, ainda na sala de parto, e a vitamina D precisa ser reposta conforme
indicação do pediatra quando a exposição solar não for suficiente.
Anticorpos
Os anticorpos, também chamados de imunoglobulinas, apresentam 5 formas
básicas, designadas como IgG, IgA, IgM, IgD e IgE. Todas são encontradas no
leite humano.
Definições de Aleitamento Materno
O Ministério da Saúde adota as seguintes definições de AM que são
preconizadas pela OMS 12:
AME/Aleitamento Materno Exclusivo: quando a criança recebe somente leite
materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem
outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo
vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos.
AM predominante: quando a criança recebe, além do leite materno, água ou
bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e
fluidos rituais.
AM: quando a criança recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado),
independentemente de outros alimentos.
AM complementado: quando a criança recebe, além do leite materno,
alimentos complementares, que são alimentos sólidos ou semi-sólidos que
complementam o leite materno. Nesta categoria a criança pode estar recebendo,
além do leite materno, outro tipo de leite, mas este não é considerado alimento
complementar.
AM misto ou parcial: quando a criança recebe leite materno e outros tipos de
leite
Fases do Leite Materno
Colostro : Esse é o primeiro leite produzido pela mãe, entre o 1° e o 5° dia
após o parto. É um líquido mais transparente ou amarelo, que é rico em
proteínas. Também possui alta concentração de imunoglobulinas, o que faz
com que tenha um papel de destaque para a imunidade do recém-nascido.
Leite de transição : A quantidade de leite aumenta entre o 6° e o 15° dia após
o nascimento do bebê. E sua composição também é alterada: ele se torna mais
rico em gorduras e nutrientes que contribuem para o desenvolvimento e o
crescimento da criança.
Leite maduro : É o leite que alimentará o bebê do 15° dia em diante. Ele
contém todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento físico e
cognitivo da criança.
É importante lembrar que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda
o aleitamento exclusivo nos 6 primeiros meses de vida, podendo ser
prolongado até os 2 anos ou mais.
Benefícios da amamentação para o bebê
# A impotância do aleitamento materno exclusivo até os meses de idade para a
promoção de saúde da mãe e do bebê – Karina de castro
# CADERNO DE ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA ALEITAMENTO
MATERNO - SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
Redução da mortalidade na infância. O AM é a estratégia isolada que mais
previne mortes infantis, tendo o potencial de evitar 13% das mortes de crianças
menores de cinco anos em todo o mundo, por causas preveníveis3
■ Proteção contra diarréia. A amamentação além de diminuir o risco da
diarréia, exerce influência sobre a gravidade da doença. Crianças não
amamentadas possuem risco três vezes maior de desidratarem e de morrerem
por diarréia, quando comparadas com as amamentadas. Essa proteção pode
diminuir quando o AM deixa de ser exclusivo3 .
■ Proteção contra infecções respiratórias. O leite materno, além de proteger
contra doenças respiratórias, interfere positivamente na manifestação dessas
doenças3 .
■ Proteção contra alergias. A amamentação exclusiva nos primeiros meses de
vida diminui o risco de alergia à proteína do leite de vaca, dermatite atópica e
outros tipos de alergias3 .
■ Proteção contra hipertensão, hipercolesterolemia e diabetes. Indivíduos
amamentados apresentam pressões sistó- lica e diastólica mais baixas, níveis
menores de colesterol total e risco 37% menor de apresentar diabetes tipo II.
Além disso, a exposição precoce ao leite de vaca (antes dos quatro meses) é
considerada um importante fator relacionado ao desenvolvimento de Diabetes
Mellitus tipo I 4 . Estima-se que 30% dos casos de Diabetes Mellitus tipo I
poderiam ser prevenidos se 90% das crianças até três meses não recebessem
leite de vaca5 .
■ Proteção contra obesidade. Na maioria dos estudos em que se avaliou a
relação entre obesidade em crianças maiores de três anos e tipo de
alimentação no início da vida, constatou-se menor frequência de
sobrepeso/obesidade em crianças que haviam sido amamentadas6
. ■ Promoção do crescimento. O leite materno contém todos os nutrientes
essenciais para o crescimento da criança pequena, além de ser mais bem
digerido, quando comparado com leites de outras espécies. Atualmente, utiliza-
se como padrão o crescimento das crianças amamentadas .
■ Promoção do desenvolvimento cognitivo. A maioria dos estudos conclui que
as crianças amamentadas apresentam vantagens nas suas funções cognitivas
quando comparadas com as não amamentadas, principalmente as com baixo
peso de nascimento4.
■ Promoção do desenvolvimento da cavidade bucal. O exercício que a criança
faz para retirar o leite da mama da mãe é muito importante para o
desenvolvimento adequado de sua cavidade oral. O desmame precoce pode
levar à ruptura do desenvolvimento motor oral adequado, podendo prejudicar
as funções de mastigação, deglutição, respiração e articulação dos sons da
fala, ocasionar má-oclusão dentária e respiração bucal . Promoção do vínculo
afetivo entre mãe e filho. A amamentação é uma forma muito especial de
contato entre a mãe e seu bebê, além de uma oportunidade da criança
aprender muito cedo a comunicar-se e relacionar-se com afeto e confiança .
Para a família, a instituição e a sociedade
Economia com a alimentação do recém-nascido. A compra de leite acresce
custos com mamadeiras, bicos e gás de cozinha, além de eventuais gastos
decorrentes de doenças, que são mais comuns em crianças não amamentadas.
• Princípio da Beneficência
O Princípio da Beneficência tem duas importantes funções e regras:
a) não causar o mal e
b) maximizar os benefícios possíveis e minimizar os danos possíveis
O Princípio da Beneficência é que estabelece esta obrigação moral de agir em
benefício dos outros. A Beneficência no contexto médico é o dever de agir no
interesse do paciente, a fim de proporcionar-lhe o maior conforto possível e/ou
o menor sofrimento ao seu mal.
• Princípio da Privacidade
Funda-se em uma relação de confiança, credibilidade e de intimidade que não
permite a exposição da situação médica do paciente para pessoas não
envolvidas com o seu tratamento.
Em 1972, o professor, Robert Veatch, do Instituto Kennedy de Ética da
Universidade Georgetown, definiu quatro modelos de relação médico-paciente:
• Modelo Sacerdotal é o mais arcaico, que propõe e completa submissão do
paciente ao médico, sem valorizar a cultura e opinião do paciente; há pouco
envolvimento (relação) e a decisão é tomada somente pelo médico em nome
da beneficência. Médico -> Paciente
• Modelo Engenheiro é o inverso do sacerdotal. Nele o médico tem a função
de informar e executar procedimentos. A decisão é inteiramente tomada pelo
paciente. Nesse modelo o médico tem uma atitude de acomodação (‘’lava suas
mãos’’), e baixo envolvimento. Médico <- Paciente
• Modelo Colegial: há um alto envolvimento entre o profissional e o doente. O
poder de decisão é compartilhado de forma igualitária através de uma
negociação e não há relação de superioridade/inferioridade. Médico <-
> Paciente
• Modelo Contratualista é o mais adequado, em que o conhecimento e as
habilidades do médico são valorizados, preservando sua autoridade. Havendo
a participação ativa tanto do paciente quanto do médico, devido a isso há uma
efetiva troca de informações e um comprometimento de ambas as partes.
Médico <-> Paciente
Em 1992, Ezequiel Emanuel e Linda Emanuel propuseram uma alteração na
denominação para dois modelos, chamando o modelo
sacerdotal de paternalístico e o modelo do engenheiro de informativo. Não
se referem ao modelo colegial e subdividem o modelo contratualista em dois
outros, interpretativo (médio envolvimento) e deliberativo (alto
envolvimento), de acordo com o grau de autonomia do paciente. Estes autores
chegam a comentar a possibilidade de um quinto modelo que seria
o modelo instrumental, onde o paciente seria utilizado pelo médico apenas
como um meio para atingir uma outra finalidade. Dão como exemplo a
utilização abusiva de pacientes em projetos de pesquisa.
Atualização científica