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Cartilha de

Orientação Política

/
"Alegres por
causa
V da esperança"
(Rm 12,12)
1

*1
Os cristãos e as
Eleições 2018
1ÿ0 ARQUIDIOCESE
i-
anos DE BELO HORIZONTE
1921 •2021

fill . ■
l=£!
=1
ÍNDICE
Premissa . 2
PARTE 1 | PREOCUPAÇÕES
Crise ética 3
Ameaças à democracia 4
Corrupção 5
Descrédito na política e nos políticos 6
Acirramento da polarização 7
Sinais de esperança 8
PARTE 2 | A IGREJA E AS ELEIÇÕES
Papa Francisco aos políticos católicos da América Latina 10
Cartilhas e debates r 12
Lei Contra a corrupção eleitoral 12
Lei da "FICHA LIMPA" 13
Incentivo aos leigos e leigas na vida pública 14
Desafiados a uma maior participação católica 15
PARTE 3 | ELEIÇÕES 2018 E ALTERAÇÕES NA LEI ELEITORAL
Principais funções dos futuros eleitos 16
O que significa a palavra candidato? 18
Voto num candidato a deputado e elejo outro 19
Votos nulos ou brancos não anulam a eleição 20
De onde sairá o dinheiro para as campanhas eleitorais? 21
PARTE 4 | CORRESPONSABILIDADE PELO BRASIL
Orientações sobre a responsabilidade do voto 22
Antes das eleições 22
Fake News 24
Durante as eleições 25
Vote em quem 25
Não vote em quem . 26
Denuncie a compra de votos 28
Depois das eleições 31
PRECISAMOS DE BONS POLÍTICOS

"Há necessidade de dirigentes políticos que vivam com


paixão o seu serviço aos povos, solidários com os seus
sofrimentos e esperanças; políticos que anteponham
o bem comum aos seus interesses privados, que sejam
abertos a ouvir e a aprender no diálogo democrático, que
conjuguem a busca da justiça com a
misericórdia e a reconciliação".

k* Políticos que
anteponham o bem
comum aos seus
1 interesses privados.
U

f
íl f
f

I (Papa aos políticos latino-americanos, 1-3


de dezembro de 2017).

J
/ PREMISSA

A missão da Igreja por ocasião das eleições?


é Evangelizar. Como o Evange¬ A Igreja é comprometida com
lho tem implicações sociais, eis o a política no sentido amplo do
motivo desta Cartilha. Trata-se de
termo, pois a política tem a ver
um subsídio destinado a eleitores com a paz, a justiça e cuida da
e candidatos, a grupos, comuni¬ vida de uma cidade, de um povo
dades e meios de comunicação, inteiro e da humanidade.
que visa orientar sem interferir
indevidamente. A partir do Evangelho, a Igreja
desenvolveu, ao longo de seus
Focaliza as eleições 2018, na óti¬ dois mil anos de história, uma
ca da Conferência Nacional dos
doutrina ética que orienta o agir
Bispos do Brasil (CNBB), institui¬ das pessoas e uma doutrina so¬
ção que não se identifica com
cial que contempla a sociedade
nenhuma ideologia ou partido como um todo. Atenta ao exer¬
político1. cício da política, a Igreja é impe-
Esta cartilha dá destaque à espe- lida a ser "advogada da justiça e
rança, revalorizando a política, defensora dos pobres diante das
num momento em que o Brasil intoleráveis desigualdades so-
vive sérias crises, particularmen- ciais e económicas, que clamam
te no âmbito político. Ela profes- ao céu"2.
sa que a fraternidade é o maior A Igreja deseja a mobilização de
valor do bem comum. todos, independentemente de
Há quem pergunte: por que a partidos políticos, em vista de
Igreja deveria se "envolver em uma convivência pacífica, frater-
política", publicando cartilhas na e solidária.

1 Mensagem da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil ao Povo de Deus, 56® Assembleia
Geral, Aparecida (SP), 19 de abril de 2018.
2 Documento de Aparecida, n. 395.

2
PARTE 1 - PREOCUPAÇÕES
CRISE ÉTICA espaço contaminado pela cor¬
rupção, onde interesses pessoais
A ética é a opção pelo caminho
e corporativistas têm prevaleci¬
do bem e a prática desse cami¬
nho3. Ela regula os relaciona¬ do sobre o bem da coletividade.
E isso é o oposto do que prescre¬
mentos entre as pessoas e as
ve a Constituição Federal:
instituições e é a base da vida
social. Para o bem da sociedade, "É dever de todo servidor pú-
é necessário que todos sejam blico obedecer os princípios
justos, honestos e respeitosos de legalidade, impessoalidade,
com seus semelhantes. moralidade, publicidade e efici¬
Mas, no Brasil, está se intensifi¬
ência" (cf. Art. 37).
cando uma crise ética! Noticiá- Em texto publicado em 2017, a
rios regionais e nacionais apre- CNBB orientou: "A superação da
sentam-se repletos de relatos de grave crise vivida no Brasil exige
corrupção, particularmente no o resgate da ética na política, que
mundo político e empresarial. A desempenha papel fundamental
corrupção é uma doença grave e na sociedade democrática. Urge

r
contagiosa, que estimula práticas um novo modo de fazer política,
de transgressão alicerçado nos valores da hones-
na sociedade, tidade e da justiça social"4.
A impunidade
vem só acentu¬ As suas
*
1
ar essa doença. atitudes
O âmbito da são justas e
política tem se honestas?
revelado um

3 Cf. Aristóteles, Ética a Nicômaco.


4 Nota da CNBB sobre o momento nacional, 19 de maio de 2017.

Cartilha de Orientação Política 3


"PARTE 1
• AMEAÇAS À DEMOCRACIA
Democracia significa que o
poder de governar pertence
Q Quando o Poder Executivo se
serve da máquina adminis-
' ao povo, conforme se lê na trativa ou negocia a liberação de
Constituição Federal: "Todo o po- emendas parlamentares em vista
der emana do povo, que o exer- de interesses particulares, tam-
ce por meio de representantes bém age de forma antidemocrá-
eleitos ou diretamente"5. Conse- tical Os recursos públicos devem
quentemente, a democracia re- ser usados para o bem comum e
quer o exercício do governo em não para privilegiar alguns.
vista do povo, do bem comum. Também a compra de
votos é uma ameaça
Desse modo, práticas ilícitas ou
à democracia. Mais
corruptas por parte de gover¬
nantes no Legislativo e no Exe¬
do que dinheiro vivo, Si
muitas vezes, usa-se
cutivo constituem uma ameaça
o poder de influência
frontal à democracia. É contra¬
ditório ser representante do
para gerar votos. **
povo, do bem comum, e forjar Assim, tem sido comum políticos
leis ou governar em benefício que atuam em esferas mais altas
próprio ou do seu grupo. subornarem prefeitos e vereado¬
res em municípios, como cabos
Por exemplo: eleitorais. Oferecem benefícios
públicos (que não lhes perten¬
QONacional
loteamento do Congresso
em algumas ban¬
cem), para serem disponibiliza-

cadas que aglutinam parlamen¬ dos à população, gerando, des¬


sa forma,
tares em vista de reivindicações
votos para
específicas, é antidemocrático!

5 Constituição Federal, Artigo 12, parágrafo único.

k
candidatos que os eleitores nem
(

CORRUPÇÃO
PREOCUPAÇÕES )


---..
sequer conhecem.
A política está a serviço do bem
Quem é corrupto e se elege com¬
comum. A corrupção pública, ao
prando votos, provavelmente
invés, é roubo daquilo que é co¬
continuará praticando a corrup¬
mum: os recursos públicos.
ção para recuperar o que gastou.
Em 2016, os Bispos do Brasil,
Coloca-se em risco a democracia
reunidos em Assembleia Geral,
também quando o eleitor vende
assim se manifestaram6:
seu voto ou troca por algo que o
beneficia. É um eleitor corrupto!
"Vêm à tona
escândalos
VOCÉTEM CORAGEM CNBB de corrupção
DE VENDER SEU VOTDE sem precedentes na história
S
PREJUDICAR do País. É verdade que
A TODOS? escândalos dessa natureza
não tiveram início agora;
entretanto, o que se revela

Ao contrário, seja defensor no quadro atual tem


da democracia! conotações próprias e impacto
devastador. São cifras que
Cabe a todos nós cuidar da nossa fogem à compreensão da
jovem democracia. Nas eleições maioria da população.
2018, fique atento às propostas Empresários, políticos,
dos candidatos para distinguir agentes públicos estão
entre quem busca preservar a de¬ envolvidos num esquema que,
mocracia e quem propõe regimes além de imoral e criminoso,
diferentes. Pesquise se o seu can¬ cobra seu preço" .
didato é a favor da democracia.

6 Nota da CNBB, 13 de abril de 2016.


Cartilha de Orientação Política 5
PARTE 1

O roubo e o desvio de verbas DESCRÉDITO NA POLÍTICA


públicas levaram o País a uma E NOS POLÍTICOS
crise ética, económica e social.
"O divórcio entre o mundo po¬
Milhões de pessoas estão pa¬ lítico e a sociedade brasileira é
gando a conta: além do aumentograve"7. Boa parte da população
do desemprego, há carências nanão acredita mais na política,
área da saúde, educação, segu¬pois muitos políticos vivem lon¬
rança, moradia e até mesmo na ge do povo, foram e estão sendo
área de alimentação. Quem maiscorruptos. Na verdade, eles pre¬
sofre são os pobres, os mais ne¬ cisam de uma real conversão!
cessitados dos serviços públicos.
A política está tão demonizada
Quando elegemos políticos cor- que homens e mu|heres de bem,
ruptos, permitimos que eles pre- ao se candidata- o o
.

judiquem a nossa vida, pois a rem são, muitas • .,


??• ?
corrupção desvia recursos desti¬ vezes, rotuladas
■>
nados às políticas públicas. Para de ladrões. Mas > U??
'
compensar o roubo, eles podem há na política
até querer aumentar os impos¬ muitas pessoas
tos. honestas! -j
#. •
'

Nestas eleições, não seja coni¬


vente com a corrupção. Não vote
Nas eleições 2018, como
distinguir os bons dos
em candidatos que tenham atos
maus políticos?
corruptos comprovados pela jus¬
tiça. A corrupção, em suas varia¬ Ofereceremos mais adiante al-
das formas, só será vencida se a 8uns critérios de escolha.
enfrentarmos juntos. O descrédito nos políticos e o de¬
sinteresse pela política não aju¬
O que você está fazendo para
dam em nada o Brasil e cada um
eliminar a corrupção?
de nós. Aliás, só pioram as coisas.
7 Nota da CNBB, 26 de outubro de 2017.
6
PRI

De que serviria votar em branco É preciso ressaltar os valores da


ou nulo? Ou então, votar em al¬ convivência democrática, do res¬
guém como forma de protesto? peito ao próximo, da tolerância e
Todos somos corresponsáveis do sadio pluralismo, promoven¬
pela situação que vivemos: não do o debate político com sere¬
nos interessamos pela política, nidade. Não podemos julgar ou
não escolhemos com critério na agir de forma desrespeitosa e
hora do voto e não acompanha¬ violenta contra uma pessoa por
mos os eleitos! ela se vestir com roupa de uma
determinada cor ou por postar
ACIRRAMENTO DA
conteúdos de seu partido políti¬
POLARIZAÇÃO
co nas redes sociais:
É preocupante o "O bem da nação requer de to¬

m
discurso de ódio dos a superação de interesses
e de mútua into¬ pessoais, partidários e corpo-
lerância que se rativistas. A polarização de po¬
instaurou entre as sições ideológicas, em clima
denominadas es- fortemente emocional, gera a
querda e direita. perda de objetividade e pode
Quando uma pessoa pesquisa na levar a divisões e violências que
internet um determinado assun¬ ameaçam a paz social"9.
to, ela obtém resultados a partir A Campanha da Fraternidade de
dos interesses do seu perfil. Des¬ 2018, conclama as pessoas a en¬
sa forma, a internet estimula o contrar vias de superação da vio¬
pensamento único. Consequen¬ lência para se viver em paz em
temente, fica mais difícil o diᬠtodos os ambientes.
logo com quem pensa diferente.
Você tem tido atitudes fanáti¬
Estudos em comunicação confir¬
cas? Sabe dialogar pacificamen-
mam essa tese8.
te com quem pensa diferente?
8 Acesse: https://goo.gl/Q2pUc6
9 Nota da CNBB, 13 de abril de 2016.

Cartilha de Orientação Política


Li
PARTE 1

SINAIS DE ESPERANÇA

"Alegres por causa da esperança" A Lei da "Ficha Limpa" (que tor-


(Rm 12,12) é o título desta carti- na inelegível por oito anos um
lha. Trata-se da esperança cristã, político corrupto) tem sido efeti-
que nos faz acreditar num futuro va, barrando um grande número
com mais ética e justiça. de candidatos não idóneos aos
cargos públicos.
A população está ansiosa por
mudanças consistentes no âm- A sociedade civil está se orga-
bito político e económico e quer nizando para além das eleições
uma renovação geral. As eleições 2018: grupos autónomos, ONGs,
de outubro poderão revelar uma observatórios sociais etc, apoia-
nova geração de parlamentares, dos pela lei da transparência,
estão se fortalecendo como
A crise na qual o Brasil mergu¬
mecanismos de anticorrupção,
lhou parece ter levado muitos
sobretudo na esfera municipal,
cidadãos a não mais acreditar
para exercer, voluntariamente,
na força do voto. No entanto, há
controle dos gastos públicos.
o despertar da consciência de
muitas pessoas e instituições re¬ Enfim, o grande protagonista
ferente à necessidade de acom¬ das mudanças que o Brasil pre¬
panhar efetivamente o manda¬ cisa é o povo, é você!
to dos políticos.

8
WÊÊ
3* «OH fm*
PARTE 2 - A IGREJA E AS ELEIÇÕES

A Igreja se sente chamada a ser "advogada da justiça e defensora


dos pobres diante das intoleráveis desigualdades sociais e econó¬
micas, que clamam ao céu"10. Para cumprir essa missão, a Igreja in¬
centiva os fiéis a interagir com a política. O Papa Francisco escreveu:

"Ninguém pode exigir de nós que releguemos a religião


para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer
influência na vida social e nacional, sem nos preocupar
com a saúde das instituições da sociedade civil, sem nos
pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos
cidadãos. Uma fé autêntica - que nunca é cômoda nem
individualista - comporta sempre um desejo de mudar
o mundo, transmitir valores, deixar a terra um pouco
melhor depois da nossa passagem por ela"11.

n
1IW

10 Documento de Aparecida, n. 395.

r 11 Papa Francisco, Evangelii Gaudium, n. 183.


I
T
PARTE 2

Papa Francisco
aos politicos
católicos da
<4 América Latina*
A política é um serviço inestimᬠaspirações das pessoas, das famí¬
vel de dedicação para a consecu¬ lias e dos grupos intermediários,
ção do bem comum da socieda¬ em geral, não poderiam se rea¬
de. Ela é, antes de tudo, serviço;lizar plenamente, porque viria a
não é serva de ambições indivi¬ faltar o espaço organizado e civil
duais, de prepotência de facções no qual viver e trabalhar [...].
e de centros de interesses [...]. Sentimos necessidade de reabi¬
É claro que não se deve contra¬ litar a dignidade da política. Se
por o serviço ao poder — nin¬ penso na América Latina, como
guém quer um poder impotente! não observar o descrédito popu¬
— mas o poder deve estar orde¬ lar no qual caíram todas as instân¬
nado para o serviço a fim de não cias políticas, a crise dos partidos
degenerar [...]. políticos, a ausência de debates
políticos de valor que visem pro¬
Estai certos de que a Igreja Ca¬
jetos e estratégias a nível nacio¬
tólica louva e aprecia o trabalho
nal e continental que vão além
de quantos se dedicam ao bem
da politicagem! [...] Faltam tam¬
da nação e tomam sobre si o
bém a formação e o intercâmbio
peso de tal cargo, a serviço dos
de novas gerações políticas. Por
homens [...].
isso, os povos olham de longe e

f O ponto de referência funda¬


mental desse serviço, que requer
constância, engajamento e inte¬
ligência, é o bem comum, sem o
criticam os políticos e os veem
como uma corporação de profis¬
sionais que cuidam dos próprios
interesses ou os denunciam com
qual os direitos e as mais nobres raiva, por vezes sem as devidas
( A IGREJA E AS ELEIÇÕES*)
_,

distinções, como impregnados tais de humanidade e sociabilida¬


de corrupção [...]. de e lançar fundamentos sólidos
Precisamos de políticos que, para uma amizade social
que dei¬
xe para trás as garras do individu¬
em primeiro lugar, preservem
o dom da vida em todas as suas
alismo e da massificação, da po¬
fases e manifestações [...]. larização e da manipulação [...].

A América Latina precisa tam¬ Precisamos


reconhecer a cidade
bém de um crescimento indus¬ —
e, portanto, todos os espaços
trial, tecnológico, autossusten- onde se realiza a vida do nosso
tado e sustentável, ao lado de P°vo - a partir de um olhar
con-
políticas que enfrentem o drama templativo, isto é, um olhar de
da pobreza e visem a equidade e fé que descubra Deus
que habita
nas suas casas, nas suas ruas, nas
a inclusão, porque não é verda¬
deiro desenvolvimento aquele suas praças.
que deixa multidões indefesas e Enfim, muitas vezes caímos na
continua a alimentar uma escan- tentação de pensar que o leigo
dalosa desigualdade social [...]. comprometido é somente aquele
Devemos nos encaminhar rumo
que trabalha nas obras da Igreja
nas realidades da paróquia
a democracias maduras, partici¬ e/ou
pativas, sem as chagas da cor¬ ou
da diocese. Refletimos pouco
rupção [...]. sobre o modo como acompanhar
na sua vida pública e quotidiana í8
*
Não se pode descuidar de uma um católico; também refletimos
i educação integral, que começa pouco sobre como deve agir um
I na família e se desenvolve numa cristão na sua atividade diária,
j escolarização de qualidade para como servidor público, com as
todos. É necessário reforçar o responsabilidades que tem [...].
tecido familiar e social. Uma cul¬
tura do encontro — e não de an-
. , * Trechos da mensagem vídeo do Papa Fran-
tagomsmos constantes - deve ciscoaosparticipa„tesdoenc(>ntrodecolí.
i
I fortalecer OS vínculos fundamen- ticos católicos. Bogotá, dezembro de 2017.

II Cartilha de Orientação Política (ÿJ


(PARTE 2 )
CARTILHAS E DEBATES
A Conferência Nacional dos Bis- para governar ou legislar nas
pos do Brasil sempre se mani- mais diferentes esferas do poder.
festou sobre questões políticas. Além disso, a formação da cons¬
Basta acompanhar a vida políti¬ ciência política dos leigos não
ca em nosso País para constatar fica restrita aos períodos elei¬
a contribuição da Igreja, em vista torais. No dia a dia das comuni¬
da implantação e do aperfeiçoa¬ dades cristãs se realizam pales¬
mento da democracia e a lisura tras, fóruns com a participação
das instituições. de especialistas e lideranças so-
A Igreja Católica bre temas e realidades da vida
A Igreja e adotou a prática sociopolítica, económica, jurídi-
as Eleições
de elaboração de ca e cultural.
o cidadão consciente
textos e cartilhas,
participa da política
Destacam-se, pela importância
a fim de cons-
de sua missão, os "Grupos de Fé

Mn cientizar os elei¬
tores sobre a res¬
ponsabilidade do
e Política" espalhados pelo Bra¬
sil, e as "Escolas de Fé e Políti¬
ca", como o Centro Nacional de
voto. O objetivo é ajudar o povo
Fé e Política Dom Hélder Câmara
a formar uma consciência cida¬
(CEFEP), em âmbito nacional, e
dã e dialogar sobre o processo
tantas outras, em âmbito regio¬
político em nossos municípios e
nal e diocesano.
estados.
Há, também, iniciativas envol¬ Lei contra a corrupção
vendo comunidades, paróquias eleitoral
e dioceses, na perspectiva da
promoção de debates entre can- Na Igreja Católica tem crescido,
didatos, no intuito de conhecer nos últimos anos, o empenho de
melhor as pessoas e programas moralizar as campanhas políti-
daqueles que se apresentam cas. A elaboração da Lei 9.840,
contra a corrupção eleitoral, teve
(

A IGREJA E AS ELEIÇÕES )

a coordena¬ Lei da "FICHA LIMPA" l

M
ção nacional r
Outra campanha bem sucedida
da Comissão
foi a denominada "Lei da Ficha
Brasileira m Limpa", ou Lei Complementar
Justiça e Paz,
135, de 2010, que alterou dispo¬
da CNBB.
sitivos da Lei Complementar 64,
Essa lei tem se mostrado eficaz de 1990, para tornar inelegível
na moralização eleitoral e propi- quem tenha sido condenado em
ciou o acréscimo do artigo 41-A decisão proferida por órgão judi-
na Lei 9.504/1997, para possi- ciai colegiado. Em decisão recen-
bilitar a cassação do registro ou te, o Supremo Tribunal Federal
do diploma e aplicação de multa entendeu que se deve ampliar
de aproximadamente R$ 100 mil de três para oito anos a inelegi-
aos candidatos que praticarem a bilidade dos condenados antes
corrupção eleitoral na modalida- de 2010.
de de compra de votos. A "Ficha Limpa" se originou de
Antes da edição da lei, o can¬ um projeto de lei de iniciativa
didato sofria sanções penais e popular em que a participação
pecuniárias, mas poderia tomar ativa das comunidades católicas,
posse ou se manter no cargo. na coleta de assinaturas, foi fun¬
damental.
Antes da Lei da "Ficha Limpa",
VOTO NÃO TEM PREÇO, TEM para que um político fosse ine-
CONSEQUÊNCIA legível era necessário o trânsito
em julgado, ou seja, ele não po-
I dia ser candidato somente se fos-
LWVI se condenado e não tivesse mais
nenhum recurso. Após a edição
da Lei da "Ficha Limpa", se esses

_ Cartilha de Orientação Politicalÿ —


— ( PARTE 2)
políticos forem condenados por lítica, vencendo o preconceito
dois ou mais juízes (órgão cole- comum de que a política é coisa
giado) como em segunda instân- suja e supérflua; ao contrário, ela
cia ou no Tribunal do Júri, já esta- é essencial para a transformação
rão impedidos de se apresentar da sociedade.
como candidatos, mesmo que a O Documento 105 da CNBB, "im¬
decisão não seja definitiva. pulsiona os cristãos a construir
mecanismos de participação po¬
Incentivo aos leigos
pular que contribuam com a de¬
e leigas na vida pública
mocratização do Estado e com
o fortalecimento do controle
As eleições deste ano aconte¬
social e da gestão participativa".
iis 1 frisos.
cem no contexto
styilis nu Irçvfjd rm. wWh Também "incentiva e prepara
u vvuito «lo KI /itit do Ano Nacio-
os cristãos leigos e leigas a par¬
* nal do Laicato. A
ticipar dos partidos políticos e
? Igreja orienta a
ser candidatos a cargos eletivos
yd I atuação dos lei-
* gos por meio do no Executivo e Legislativo, con¬
tribuindo, desse modo, para a
documento 105:
transformação social"12.
"Cristãos Leigos e
Leigas na Igreja e na Sociedade". Escaneie o QR Code abaixo, com
A Igreja sente a necessidade de seu smartphone, para ter acesso
maior presença do laicato ca¬ ao texto da CNBB sobre as elei-
tólico no âmbito político, com Ç°es 2018, publicado durante
convicções éticas e religiosas a 565 Assem-
tornando-se referência nos es¬. bleia Geral dos HtókHiãííS
paços políticos. Bispos do Bra¬
sil, em Apare¬
Por isso, a CNBB estimula maior
cida (SP), abril
participação dos leigos na po-
de 2018.
0ÿ

12 Cf. http://www.arquidiocesedebrasilia.org.br/noticias.php?cod=6016
14
( A IGREJA E AS ELEIÇõÊT)--ÿ

DESAFIADOS A UMA MAIOR PARTICIPAÇÃO CATÓLICA

A escassa atuação de católicos influentes na política é bastante sen¬


tida no âmbito da moralidade pública, da administração da justiça,
no estatuto da família e na promoção do direito à vida, entre outros.
Bento XVI já alertava:

jj-y "Convém preencher a notável ausência, no


âmbito político [...] com vozes e iniciativas de
\ chefes católicos de forte personalidade e dedi-
cação generosa, que sejam coerentes com as
K ., suas convicções éticas e religiosas"13.

0 Papa Francisco reforça:


"Como é possível que os católicos
sejam bastante irrelevantes no cenário '

político, ou até equiparados com


uma lógica mundana?
Não há dúvida de que existem testemu¬
\
m/
nhos de católicos exemplares no cenário WJ
político, mas nota-se a ausência de
correntes fortes que abram caminho ao
Evangelho na vida política das nações"14.
p
A Igreja espera do laicato esse salto de qualidade!
13 Papa Bento XVI. Discurso inaugural da Conferência de Aparecida (SP), maio de 2007.
14 Papa Francisco aos políticos latino-americanos, 1-3 de dezembro de 2017.

Cartilha de OrientacacÿolitjcaClSÿÿ.
PARTE 3 - ELEIÇÕES 2018 E ALTERAÇÕES NA LEI ELEITORAL

| Principais funções dos futuros eleitos

Nas eleições deste ano iremos as leis votadas pelo Congresso


votar para presidente, governa¬ Nacional.
dor, senador, deputado federal, O presidente é o comandante
estadual e distrital (no Distrito supremo das Forças Armadas e
Federal). O que compete a esses quem firma tratados internacio¬
cargos públicos? nais em nome da República Fe¬
l PRESIDENTE derativa do Brasil.
Cabe ao presidente, Ele edita decretos para dar fiel
como chefe do Poder execução às leis, devendo pres¬
Executivo, dirigir a tar contas ao Congresso Nacio¬
administração federal, nomear nal, que as julga com o auxílio do
os ministros e outros colabora¬ Tribunal de Contas da União.
dores que o auxiliam no governo Seu mandato é de quatro anos,
do País. Compete-lhe propor ao podendo ser reeleito para mais
Congresso os planos, diretrizes um período.
e políticas de integração, com as
devidas prioridades, para asse¬ I GOVERNADOR
gurar um amplo desenvolvimen¬
O governador é o chefe do Poder
to económico e social.
Executivo estadual e representa
Também prever orçamentos e o Estado ou o Distrito Federal
investimentos do tesouro nacio¬ em suas relações jurídicas, polí¬
nal; promover relações políticas, ticas e administrativas. Comanda
económicas entre os vários seto¬ a segurança
res, em âmbito nacional e inter¬ pública e no¬
nacional. É atribuição do presi¬ meia secretá¬
dente propor, sancionar ou não rios estaduais

16
_
( ELEIÇÕES 2018 E ALTERAÇÕES NA LEI ELEITORAL)-ÿ,
ou distritais e outros cargos pú- revisora.
blicos. Apresenta projetos à As¬ É de competência do Senado Fe¬
sembleia ou à Câmara Legislativa deral fiscalizar o presidente, o vi-
para aprovação das prioridades ce-presidente e os ministros.
orçamentárias no âmbito da saú¬
de, da educação, da segurança O Senado legisla sobre temas de
etc. interesse nacional e vigia a apli¬
cação dos recursos públicos.
Sanciona ou não as leis aprova¬
das pelos deputados estaduais Cada um dos 26 Estados e o Dis¬
trito Federal elege três senado¬
ou distritais, edita decretos, de¬
vendo prestar contas à Assem¬ res. A cada quatro anos renova-
bleia ou à Câmara Legislativa que-sè uma parte deles. Em 2014,
as julga com o auxílio dos tribu¬cada Estado elegeu um senador
nais de contas. e, em 2018, elegerá dois, sempre
mantendo três senadores por Es¬
O mandato do governador é de tado e
pelo Distrito Federal.
quatro anos, podendo ser reelei¬
to para mais um período. O senador tem mandato de oito
anos e não há limites para a ree¬
I SENADOR leição.
O senador tem a missão de repre¬
sentar os interesses do Estado de
I
DEPUTADO FEDERAL

sua origem nas questões políticas Os deputados federais são repre¬


nacionais. sentantes do povo e
O Senado Federal são eleitos conforme
é a casa revisora o número de eleito¬
, res de cada Estado e
das leis apresen¬
tadas pela Câma¬ do Distrito Federal.
ra dos Deputados, mas também Os projetos, em regra, iniciam-se
pode propor projetos e, se isso na Câmara dos Deputados e são
ocorre, a outra casa passa a ser revisados pelo Senado.

Cartilha de Orientação Política


- (PARTE 3 )
Os deputados federais propõem, DEPUTADO ESTADUAL
debatem e aprovam leis nacio¬ E DISTRITAL
nais. Fiscalizam o Governo Fe- Os deputados estaduais, nas as-
deral, as entidades e instituições sembleias legislativas, e os de-
públicas. Aprovam e emendam putados distri-

Kí#
o orçamento nacional. Exigem, tais, na Câmara
analisam e julgam, parcialmente, Legislativa do
a prestação de contas do Poder Distrito Fede-
Executivo. Estabelecem comis- ra| propõem,
sões parlamentares de inquérito emendam, alte-
(CPI), para investigar atos dos go- ram e revogam leis estaduais e
vernantes nas diversas instâncias, distritais que incidem sobre a or-
0 mandato do deputado federal ganização da vida da população
é de quatro anos e não há limites no Estado e no Distrito Federal.
para a reeleição. Sua função se assemelha à do
Foro privilegiado deputado federal, mas em âmbi¬
to estadual.
O Supremo Tribunal Federal deci¬
diu, em maio de 2018, que o foro O que significa a
por prerrogativa de função, confe¬ palavra candidato?
rido aos deputados federais e se-
nadores, aplica-se apenas a crimes A palavra candidato vem de cân-
cometidos no exercício do cargo e dido, puro, branco. Originou-se
em razão das funções a ele relacio- na Roma antiga, onde aqueles
nadas. Assim, se os parlamentares qUe disputavam cargos eletivos
cometerem um crime comum ou eram obrigados a desfilar pelas
fora do exercício de sua função, ruas trajando vestes brancas,
serão julgados pelo juiz que julga- forma de demonstrar a pureza
ria a ação se ele não fosse deten- de sua vida e de seus propósi-
tor de cargo eletivo. O foro privile- tos. Cabia aos cidadãos aceitar a
giado ainda está em discussão. apresentação ou jogar lama nos
.-(íà)
( ELEIÇÕES 2018 E ALTERAÇÕES NA LEI ELEITORAL)
__ .

camisolões brancos daqueles deixam de votar ou votam nulo,


que estavam enganando o povo. serão cerca de 1.800.000 votos
válidos para eleger 10 deputa¬
"Voto num candidato a dos federais: 180.000 votos por
deputado e elejo outro»15 vaga (esse número, que varia de
um Estado para outro, é o que se
Pode acontecer que um Candida- chama quociente eleitoral).
to muito votado não consiga ser
eleito deputado e outro com me¬
'fyyyy 2.300.000 ELEITOKS
nos votos seja eleito. Isso acon¬
10 VABAS NA
tece porque as vagas são distri¬ CAMAAA FEDERAL
buídas de acordo com a votação 1.800.000
VOTOS VALIDOS
recebida por cada partido ou coli¬ + PAU ELEIEI 10 IEPUTAIIS FEIEUII

gação. Isso se deve ao "quociente /


/ 180.000
eleitoral" e ao "voto em legenda". VOTOS PO» VASA
QUOCIENTE
Quociente eleitoral ELEITORAL
O artigo 106 do Código Eleitoral
Voto em legenda
explica como se dá o quociente
eleitoral: o número de votos vᬠOs dois primeiros dígitos do can¬
lidos apurados é dividido pelo didato indicam por qual partido
número de vagas a deputado es¬ ele concorre. Assim, ao votar no
tadual em cada Estado, ou para candidato, o eleitor vota primei¬
deputado federal em âmbito ro no partido. E se o eleitor qui¬
nacional. Por exemplo: o Estado ser votar somente no partido (na
do Espírito Santo tem aproxima- legenda), basta digitar os dois
damente 2.300.000 eleitores e primeiros dígitos e confirmar. O
10 vagas na Câmara Federal. Pre¬ voto será válido e beneficiará os
sumindo que muitos eleitores candidatos daquele partido.

15 Para esse item nos apoiamos na cartilha: Eleições 2010: 0 Chão e o Horizonte, Centro de
Pastoral Popular, Brasília, 2010, pp. 38-39.
Cartilha de Orientação Política
■■■■■■■■
(is) —

--
(PARTE 3)

Deputado Federal IA I
A
ideário partidário.
A desvantagem é que esse siste¬

I
00DD
OS DOIS PRIMEIROS
u ma favorece os políticos profis¬
ta

I NÚMEROS INDICAM 0
PARTIDO DO CANDIDATO sionais que estimulam a candi¬
datura de pessoas famosas, para
Após apurar os votos, cada par¬ trazerem votos para seu partido.
tido soma a votação de todos os
Votos nulos ou brancos não
seus candidatos mais os votos
anulam a eleição
para a legenda e, conforme o
exemplo, a cada 180.000 votos Circula pelas redes sociais a in¬
elege um deputado. formação de que quando os vo¬
A distribuição das vagas conquis¬ tos nulos e
brancos ultrapassam
tadas é feita conforme a votação 50%, a eleição é anulada. Nesse
individual. Os candidatos mais caso, deveriam se apresentar ou¬
votados do partido ganham as va¬ tros candidatos e se realizar nova
Isso é falso! É uma inter¬
gas, ficando os seguintes mais vo¬ eleição.
tados como I9, 25 e 39 suplentes. pretação errada da lei eleitoral.
É devido a isso que o eleitor vota Sobre isso,
veja o vídeo explicati¬
num candidato e acaba ajudando vo,
escaneando o QR Code.
a eleger outro, pois vota primei¬ Voto nulo
HAJJÍSS
ro no partido e depois na pessoa. NÃO ANULA A
A vantagem das eleições propor¬ ELEIÇÃO
(Tribunal Regional
cionais, conforme acima descri¬
www.goo.gl/PsXcoQ Eleitoral - RJ)
to, é que nenhum voto válido se
perde, a não ser que o partido Votar nulo ou branco é como a
não consiga a quantidade de vo¬ atitude de Pilatos, que lavou as
tos do quociente eleitoral. Ainda mãos. A melhor forma de pro¬
que o candidato em que o eleitor testar contra os corruptos é vo¬
votou não seja eleito, ele ajudará tar num bom candidato e depois
a eleger alguém que é do mesmo acompanhar e fiscalizar os eleitos.
( ELEIÇÕES 2018 E ALTERAÇÕES NA LEI ELEITORAL )
De onde sairá o dinheiro para as campanhas eleitorais?

Financiamento público Em 2018, como novidade, será
permitido o financiamento co¬
Como está proibida a doação letivo das campanhas (crowd¬
de recursos por pessoas jurídi¬ funding), que é uma espécie de
cas (empresas e associações), os "vaquinha", onde são coletados
partidos e candidatos receberão valores que serão utilizados em
fundos do orçamento da União campanha.
para financiar as suas campa¬
nhas eleitorais.
De acordo com a Lei 13.487/2017,
que acrescentou o artigo 16-C na
Lei 9.504/1997, os partidos rece¬
berão recursos do Fundo Especial
de Financiamento de Campanha. As instituições que arrecadarão
e administrarão terão obrigato¬
Esse fundo será constituído por
verbas orçamentárias da União. riamente que efetuar um cadas¬
tro na Justiça Eleitoral, divulgar a
Financiamento privado lista de doadores e quantias doa¬
das e encaminhar essas informa¬
Eu posso fazer doação para o
ções para a própria Justiça Elei-
candidato de minha preferência?
toral. A liberação dos recursos
Sim, desde que respeite um limi- fica condicionada ao registro de
te previsto na legislação eleitoral: candidatura, sob pena de devo-
as pessoas físicas poderão fazer |ução aos doadores.
i doações eleitorais até o limite A
Pesquise sobre seu candidato a de
de 10% dos seus
putado federal nos meios oficiais:
rendimento bru¬
tos, verificados www2.camara.leg.br/deputados/
no ano anterior pesquisa
à eleição. www2.camara.leg.br/transparencia

Cartilha de Orientação Political2*}-



PARTE 4 - CORRESPONSABILIDADE PELO BRASIL

I Orientações sobre a responsabilidade do voto


O cristão precisa deixar de responsabilizar os outros pela situação
atual do Brasil. Além disso, cada um pode perguntar a si mesmo: o
que posso fazer para concretizar a mudança que desejo? Propomos
a seguir algumas práticas para o exercício da cidadania.

ANTES DAS ELEIÇÕES

TENHA INTERESSE PELA POLÍTICA. Ela in¬


fluencia concretamente a nossa vida (salá- á
J7 K
rio, impostos, preço de mercadorias e ser-
viços) e é essencial para a transformação m ....
da sociedade (educação, segurança). ™
ESCOLHA CANDIDATOS QUE TÊM BOA ÍNDOLE. Isso nos de-
safia a pesquisar. Precisamos reconhecer que há
W jt candidatos honestos e competentes. É preciso
A WA A A procurar informações, em fontes seguras, sobre
W u II II 0 car,didato de sua preferência, sobre sua vida,
sua atuação na sociedade, sua família e seu tra¬
balho social. Tomar cuidado com notícias falsas.

CUIDADOS NECESSÁRIOS. Não merecem o voto os


candidatos despreparados ou, então, que se escon¬

9
dem por trás de interesses particulares ou de grupos,
incapazes de apresentar metas claras de governo e
políticas públicas consistentes. Igualmente os candi¬
datos oportunistas, que só aparecem em época de
campanha ou que fazem promessas exageradas.
CORRESPONSABILIDADE PELO BRASIL

CONHEÇA O ESTATUTO DO PARTIDO AO QUAL PENSA


m VOTAR: Se ele for contra a vida, contra a família e contra
os princípios fundamentais da fé, não vote nele.

PROCURE CONHECER A HISTÓRIA E O PROGRAMA


DE GOVERNO DOS SEUS CANDIDATOS. Informe-se,
visite os portais que trazem informação segura. Quem
é candidato a um cargo político não "caiu do céu": tem
pai, mãe, família, formação, vida profissional etc. Uma carreira
coerente começa, em geral, com serviços bem prestados em eta¬
pas anteriores. Maus políticos mudam de opinião conforme a
conveniência, negociam apoio em troca de cargos, não apresen¬
tam suas ideias e atacam as dos outros.

É OPORTUNO SE PERGUNTAR: Qual é o projeto do


??'p candidato em que pretendo votar? Esse candidato está
comprometido com quem? Que expectativas posso ter em
$?? relação a ele?

SE É CANDIDATO À REELEIÇÃO: O que eu sei

tt
sobre o seu mandato anterior? Quais os pontos
positivos? O que ele publicou sobre a sua atua¬
ção, é verdade? Tem uma história de promoção
da justiça e favorecimento dos direitos de todos?
Ele participou ou foi conivente com escândalos e
fraudes? O que justifica a sua reeleição?

COMPROMISSOS HONRADOS E TRANSPARÊNCIA.


Os bons políticos são conhecidos pelos compromissos
honrados e pelo seu interesse em relação às necessi-
f
dades da população. A transparência é fundamental.

Cartilha de Orientação Política 23


PARTE 4

COMPROMISSO COM POLÍTICAS PÚBLICAS EM FAVOR


if DE TODOS. O candidato deve estar comprometido com
políticas públicas que defendam e promovam a dignidade
da vida, a inclusão dos pobres, dos deficientes, dos idosos
e dos jovens. O voto é a nossa melhor arma para alcançar isso.

Promova o diálogo, a tolerância e o debate de ideias!

FIQUE ATENTO!
1 O termo Fake News significa "notícias falsas" e con-
J padas,
siste na divulgação de informações falsas ou detur-
J ção, especialmente nas redes sociais. Essas notícias
f
boatos e mentiras nos meios de comunica-

proliferam rapidamente e atrapalham o debate público.

Antes de compartilhar qualquer mensagem:

• Verifique a fonte da informação em sites ou


veículos de comunicação confiáveis.
• Cuide com as manchetes bombásticas. Leia a
matéria completa e não apenas o título.
• Veja quem é o autor da informação e se ele
realmente existe.
• Observe a data da publicação, se é atualizada.
• Questione se a informação é uma piada, ironia ou gozação.

ATENÇÃO: Compartilhar notícias falsas, que prejudicam a ima¬


gem de alguém, pode ser considerado crime contra a honra
(calúnia, injúria ou difamação).

24
1
CORRESPONSABILIDADE PELO BRASIL

y • DURANTE AS ELEIÇÕES •
Vote com consciência, pensando no bem de todos.
Não vote só por obrigação, mas para exercer a cidada¬
nia. Apoie o bom candidato.

VOTE EM QUEM...

© Apresenta uma sincera adesão aos valores cristãos.


O Tem efetiva competência política e reconhecida capacidade de
liderança.
6 Defende a vida, desde a concepção até o seu fim natural, e a dig¬
nidade do ser humano.
© Defende a família, segundo o plano de Deus.
O Possui histórico de comprometimento com as causas dos mais
necessitados.
6 Tem atitude de respeito para com os seus adversários políticos.
O Apresenta coerência entre palavras e atitudes. Escolha, preferen¬
cialmente, pessoas que possuam vínculos com a Igreja, demons¬
trados antes da campanha eleitoral.
© Manifesta um comportamento público que inspira confiança e
credibilidade.

Há valores que não estão sujeitos à política, a plebiscitos ou


a qualquer negociação. Mesmo que todos os deputados e
senadores votem sobre a descriminalização do aborto, Deus e
a Igreja Católica continuam afirmando: Não mate!
A lei de Deus não está sujeita à opinião pública.

Cartilha de Orientação Política! 25


PARTE 4

NÃO VOTE EM QUEM...

O É reconhecidamente desonesto. Não importa a sigla partidária,


o credo religioso ou a posição nas pesquisas; se é corrupto, ne-
gue-lhe seu voto.
O Promete fazer aquilo que não é de sua competência.
O Tenta comprar seu voto.
O Coloca o lucro e a economia acima de tudo.
O Faz da política uma profissão, mantendo-se no poder há muito
tempo.

O Apresenta atitudes agressivas, tanto física como moralmente.


O Muda frequentemente de partido, sempre conforme suas con¬
veniências.
O É arrogante, demagogo, apresenta-se bem, mas não possui pro¬
postas efetivas.

O Atenta contra a vida dos pobres e sua dignidade.


O Não inspira confiança.
Muitas pessoas dizem as¬
Essa lista pode ser comple¬
tada nas comunidades, a
sim: "Não quero perder meu
partir da realidade local. voto!". Devido a isso, acabam
votando a partir de pesqui¬
No entanto, não deixe de sas, sobretudo de boca de
votar. A sua urna. Orientamos que
ausência NÃO MUDE SUA OPINIÃO
enfraquece a | - sem antes conhecer o can¬
democracia. JAL I
didato e o seu programa de

26 I governo.
CORRESPONSABILIDADE PELO BRASIL

IICAPITAIS DO

1. NÃO VOTAR
Sua ausência
0! í •5ÿ

ELEITOR 3. NÃO TER


enfraquece a
<*

\
I 2. VENDER OU CONVICÇÃO
democracia. f TROCAR O VOTO
I é um crime eleitoral. *

Não mude de opinião por
influência da mídia ou
I Pena de 4 anos de amigos. Cuidado com as
f 4. NÃO CONHECER? I detenção para o eleitor. notícias falsas na internet.
I o político, o partido e
a coligação.

5. DEIXAR-SE v mmt 1 «— r— m
INFLUENCIAR 6. NÃO RESPEITAR A I
7. DEIXAR DE
ACOMPANHAR
1. pelas pesquisas de
intenção de votos.
OPINIÃO DO OUTRO
Considerar inimigo

controlar e fiscalizar quem pensa diferente. 1


o exercício do cargo
do candidato eleito. 1
(Texto: Rogério Carlos Born)

n •Assume a política como serviço ao bem comum;


•Vive a política como diálogo e não como confronto;
•Possui uma proposta política coerente;
0 BOM •Tem conduta ética, respeita e aplica a Constituição;
POLÍTICO •Defende a vida em todas as suas fases;
•Defende a democracia, pois ditaduras e totalitaris¬
mos causam males à humanidade;
•Tem coração e mente abertos a todos;
•Promove a justiça social e os direitos humanos;
•É humano e popular, sem ser populista;
•Tem sensibilidade ecológica, é inovador, empreen¬
dedor e administrador.
PARTE 4

DENUNCIE A COMPRA DE VOTOS16


O artigo 41-A da Lei Para isso é necessário:

.,v) 9.504/1997 (inserido


pela Lei 9.840/1999),
a Lei das Inelegibili¬
dades e o artigo 299,
Testemunhas. Qualquer pessoa
pode testemunhar em caso de
corrupção eleitoral. A força do
depoimento é muito importante
do Código Eleitoral, são normas para a Justiça Eleitoral autorizar
que punem a corrupção eleitoral a cassação de um político cor¬
e são eficazes. No entanto, a cada rupto. Mas, é preciso ter provas,
eleição, os políticos ainda tentam além dos testemunhos.
comprar votos. Para barrar isso,
Documentos. Fotos, ví¬
todos precisamos nos tornar "fis¬
deos, gravações ou es¬
cais" e impedir que essa prática
aconteça.
critos relacionados aos
atos de corrupção elei¬
Se você participar de alguma toral. Tudo deve ser anexado ao
reunião em que um candidato formulário de denúncia.

o
ofereça ou prometa vantagens
particulares aos eleitores em Ato da denúncia. A
troca de votos; se você assistir
denúncia de compra
a cenas de distribuição de ces¬
de votos deve ser fei¬
ta por escrito. Todo
tas básicas, ma¬

4*
cidadão ou cidadã que souber da
teriais de cons¬
trução, água ou ocorrência de atos de
compra de
votos ou de desvios administra¬
outros bens por
com fins eleitorais, deve in¬
candidatos, sai¬ tivos
formar o fato imediatamente ao
ba: isso é compra
de votos. É seu dever de cidadão Ministério Público, ao Juiz Eleito¬
ral ou mesmo à Polícia.
denunciar esses atos!
16 Para este item nos baseamos na Cartilha Lei 9840 - Vamos combater a corrupção eleito¬
ral. 2ÿ Edição, Brasília, 2008 e na Cartilha do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral
(MCCE), Voto não tem preço, tem consequências - OPE, 2014.
c CORRESPONSABILIDADE PELO BRASIL

MODELO DE DENÚNCIA

Excelentíssimo Senhor Promotor Eleitoral / Juiz / Delegado da


Polícia Federal eu (nome da pessoa
que faz a denúncia), cidadão/ã brasileiro/a, portador/a do título
eleitoral de n9 venho à presença de Vossa Excelência
oferecer a presente denúncia contra o candidato (nome do
candidato / político denunciado) ao cargo em disputa (presidente,
senador, deputado federal, governador, deputado estadual ou
distrital), pelos motivos narrados a seguir:
(Relatar fatos citando local, data, pessoas envolvidas e juntar
imagens e/ou documentos que sirvam de prova).
Diante da gravidade da denúncia, requisito sigilo por temer
represália.

de. de 2018.

Assinatura

Em algumas regiões do Brasil


tornou-se comum o eleitor,
C ELEITOR i
antes de entrar no local da
'.CORRUPTO; %

%
seção para votar, dar uma
volta nas imediações para
verificar se alguém está
oferecendo dinheiro.

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PELO BRASIL!
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l POLÍTICA
CORRESPONSABILIDADE PELO BRASIL

• DEPOIS DAS ELEIÇÕES


O Ano Nacional do Laicato desafia os fiéis lei¬

vVLÍ gos a não ficarem indiferentes ao universo da


política17. Por isso, é necessário:
ESTIMULAR a participação dos cristãos
leigos e leigas na política.
IMPULSIONAR os cristãos a construir mecanismos de participação
popular.
INCENTIVAR e preparar os cristãos leigos e leigas a participar de
partidos políticos e serem candidatos para o Executivo e o Legislativo.
MOSTRAR aos membros das comunidades e à população em geral,
que há várias maneiras de tomar parte na política: nos Conselhos
Paritários de Políticas Públicas, nos movimentos sociais, nos
conselhos de escola e também em eventuais coletas de assinaturas.
ANIMAR e incentivar a criação de Escolas de Fé e Política nas
dioceses e Regionais da CNBB.
ACOMPANHAR os que exercem mandatos políticos no Executivo
e no Legislativo; os que estão no Judiciário e no Ministério Público
e também os que participam de Conselhos Paritários de Políticas
Públicas, a fim de que exerçam, nesses âmbitos, a sua missão profética,
promovendo reuniões, encontros, momentos de oração e reflexão.
A Igreja, desde o Concílio Vaticano II, orienta: "Os católicos versados
em política e devidamente firmes na fé e na doutrina cristã não
recusem cargos públicos, se puderem por uma digna administração
prover o bem comum e ao mesmo tempo abrir caminho para o
Evangelho" (Decreto Apostolicam Actuositatem, n. 14).
17 Cf. CNBB, Documento 105: Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade. Edições
CNBB, 2017, n. 263.

Cartilha de Orientação Política



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LEIGOS CATÚLICOS
EA POLÍTICA
"É necessário que os leigos católicos
não permaneçam indiferentes à vida pública
nem fechados nos seus templos,
nem sequer esperem as diretrizes e as
recomendações eclesiais para lutar a favor
da justiça e deformas de vida
mais humanas para todos".
(Papa aos políticos latino-americanos, 1-3 de dezembro de 2017).
Produção: CNBB REGIONAL SUL 2
Elaboração:
Dom Mário Spaki, Mestre em Teologia Dogmática pela Universidade Gre-
goriana de Roma; Bacharel em Jornalismo pela PUCPR; Bispo da Diocese de
Paranavaí (PR).
Rogério Carlos Born, Mestre em Direito Constitucional na linha de Direitos
Fundamentais e Democracia; Professor Universitário; Membro da Comissão
de Direito Internacional da OAB-PR; Servidor da Justiça Eleitoral; Editor da
Revista Paraná Eleitoral; Autor de diversas obras; Palestrante e conferencista.

Zaqueu Luiz Bobato, Doutor em Geografia pela UFPR; Mestre em Geografia


pela Universidade Estadual de Ponta Grossa-PR; Prof, no Curso de Geografia
da Universidade Estadual do Centro-Oeste; Vereador em Imbituva (PR).

Colaboração:

Padre Paulo Renato Campos, Assessor Político da CNBB.

Celia Marquesini, Membro do Movimento Político pela Unidade do Movi¬


mento dos Focolares. Possui experiência de serviços prestados à Assembleia
Legislativa do Paraná.

Márcia Corrêa, Teóloga e Mestranda em Bioética com experiência no âmbito


político e assessora do Regional Sul 2 da CNBB.
Odaril José da Rosa, Missionário Leigo, Teólogo e Coordenador da Dimensão
Missionária da Igreja do Paraná e Assessor do Regional Sul 2 da CNBB.
Oscar Fúrstenberger, Membro do Conselho Nacional do Laicato do Brasil
(CNLB), e professor aposentado da Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR).

Tales Falleiros Lemos, Assessor do Centro Nacional de Fé e Política "Dom Hél-


der Câmara", Membro da comissão de articulação do CNLB, Guarapuava (PR).

Capa e diagramação Correção


Karina de Carvalho Estanislau R. de Almeida
Imagens e ilustrações: pixabay.com
n

2018: ANO ELEITORAL


Amados irmãos e irmãs, saúde e paz!

Estamos desafiados a viver o compromisso de fé que é a caridade para qualificar a


política. Vamos nos envolver e contribuir!

É preciso votar, de modo consciente. Campanhas contra o processo eleitoral podem


gerar resultados inesperados, pois o voto em branco, o voto nulo e as abstenções
não invalidam as eleições. É preciso saber disto e, com responsabilidade social,
escolher os futuros servidores da Pátria. Afinal, quando não nos preocupamos com
a política, alguém saberá usar dela em benefício próprio ou em favor de grupos que
excluem os mais pobres, fazendo crescer a corrupção e a exclusão social.

A Igreja, consciente de sua responsabilidade, busca contribuir com todos os


cidadãos nesse processo de decisão tão importante para o Brasil. Não queremos
e não vamos nos sobrepor às consciências, indicando em quem votar, mas nos
comprometemos em oferecer subsídios para o necessário discernimento neste
contexto eleitoral. O Evangelho, fonte inspiradora da Doutrina Social da Igreja, é o
nosso princípio e referência para refletirmos sobre a politica e os políticos.

Em profunda comunhão com a Igreja no Brasil, particularmente em Minas Gerais, vamos


incentivar e contribuir para a participação de todos. Que a cidadania possa dar novos
impulsos ao desenvolvimento integral pelo restabelecimento da justiça, da paz e da
solidariedade. Vale a interpelação: “Não sejamos cães mudos, não sejamos sentinelas
caladas, não sejamos mercenários que fogem dos lobos, mas pastores solícitos,
vigilantes sobre o rebanho de Cristo. Enquanto Deus nos der forças, preguemos toda a
doutrina do Senhor ao grande e ao pequeno, ao rico e ao pobre, e a todas as classes e
idades, oportuna e inoportunamente”. (São Bonifácio, Bispo e Mártir).

Com esperança e fé, em Cristo Jesus.


Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

ISBN 978-85-68500-08-8
Arquidiocese de Belo Horizonte
Av. Brasil, 2079, Bairro Savassi - Belo Horizonte/MG
CEP: 30140-008
www.arquidiocesebh.org.br
9 788568 500088

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