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PENSAMENTO?
LUIZ FUGANTI
Título:
O que pode o pensamento?
Autor:
Luiz Fuganti
Foto:
Bruno Bernardi
Editor:
Clarice Lima
Atendimento ao leitor:
fuganti@escolanomade.org
Site:
www.luizfuganti.com
Mas qual o motivo de eu estar contando isso a você? É apenas para ilustrar
o quanto é difícil iniciar um processo e se por fazendo, criando realidade.
Para mim sempre foi difícil e continua sendo. Não é tranquilamente que atinjo
a concentração suficiente para ler Nietzsche e fruir da leitura.
Esse tipo de leitura não é como ler jornal, ver notícias ou rolar o feed das
redes sociais. É preciso ser uma vaca e saber ruminar, como diz Nietzsche
inclusive. Para ninguém o pensamento sem obstruções é algo dado ou fácil.
E para isso é preciso começar! Nem que vc precise de tanto tempo quanto
eu, de tantas semanas relendo o início de um mesmo capítulo, que seja! O
importante é se por fazendo e insistir.
Forte Abraço,
Luiz Fuganti
O que pode o pensamento? |
Mas se a gente pensar direito, pensar bem, isso é tão pouco explorado
quanto aquilo que já dizia Spinoza, provocando a gente: nós nem sequer
sabemos o que pode um corpo. Quando Spinoza dizia assim: "a gente
tagarela sobre a consciência e as virtudes da consciência, e tudo que a
consciência pode, mas nem sequer a gente sabe o que pode o corpo".
Que força é essa que emerge em nós e que problematiza a existência diante
de nós mesmos? Como se um testemunho da nossa vida se apresentasse
na forma de um deus problematizador em nós.
Será isso? Isso seria, sim, a busca da verdade, mas sentimos que o
problema é mais grave e ao mesmo tempo também mais alegre, mais
interessante. Dá até para a gente se divertir muito mais com o pensamento,
porque o que obsta o pensamento implica também o desenvolvimento ou a
presença de uma força ativa em nós. Nós precisamos desenvolver essa
força ativa, uma força ativa que é capaz de tornar as nossas superfícies de
relação, as nossas relações lisas, as nossas relações fluidas, sem pré-
conceito, pré-figuração, pré-formação ou estados que implicam numa
reapresentação daquilo que vive imediatamente em nós.
Tudo que nos chega, que nós digerimos, deve iluminar, deve flamar, deve
incendiar, deve fazer acontecer a nossa vida.
Nós somos estrelas que brilham e o combustível dessa nossa estrela são os
acontecimentos da nossa vida. Por isso, devemos não jamais ressentir aquilo
que nos acontece, mas aproveitar e fazer de qualquer acontecimento, mau
ou bom, um combustível, uma matéria de criação, não só de novas
condições de existência, mas de novas maneiras de existir, de novos
mundos e de produção de si mesmo como uma fortaleza livre.