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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL


DISCIPLINA NORTEADORA: SOCIOLOGIA
DISCENTES: NÁTALY MOREIRA; MARCELLE MELO.

SÃO LUÍS
23/01/2017
O CASACO DE MARX

Resenha crítica sobre o livro recomendado em


sala de aula.
Docente: Cíndia. Brustolin

São Luís
2017
STALLYBRASS, PETER. O casaco de Marx: roupa, memória, dor / Peter
Stallybrass; tradução de Tomaz Tadeu. – 4. Ed. – Belo Horizonte: Autêntica Editora,
2012.

A história contada baseando-se numa peça de roupa – um casaco – discorre


sobre os significados da vestimenta além da aparência, como ela pode influenciar no
comportamento humano e os valores que se traduzem numa peça de roupa.

O casaco de Marx, conta como Karl Marx vivia entre os anos 50 e 60


enquanto escrevia suas obras O Dezoito Brumário e O Capital. A vida econômica de
Marx era demasiadamente precária a ponto de ter que penhorar consecutivamente
seus bens e de sua família para poder comer, pagar contas e continuar escrevendo.
Através dessa estrutura se é explicado conceitos do capitalismo.

Peter Stallybrass nos faz visualizar e refletir através de uma nova perspectiva
sobre como se deram e se dão as relações sociais baseadas nas representações
simbólicas. A vestimenta que em primeira instancia representa um molde do corpo,
no livro, se apresenta como um refletor de informações subjetivas incertas, um
determinante de ações pessoais e impessoais. Esses fatores podem ser percebidos
no dia a dia de Marx, onde um casaco garantia morada e alimento e ao mesmo
tempo o impedia de garantir as mesmas necessidades de outra forma. Ou seja, o
ato de penhorar seu casaco para assegurar o aluguel de sua casa e a alimentação
de sua família, resolvia temporariamente um problema e trazia consigo outro. A
ausência do casaco para Marx significava o impedimento de sair em público, não só
pelo zelo contra o clima frio, ou mera estética, mas pelos fatores sociais ideológicos.
Ter e não ter um casaco determinava diretamente que tipo de pessoa Marx poderia
ser, que tipo de ambiente poderia frequentar e que tipo de atividade poderia
executar, como visitar um museu, por exemplo.

O significado dos bens como objeto de troca e relações sociais é muito


explicito, Stallybrass nos apresenta uma “sociedade de abstrações [daquilo que é
intangível]”, estabelecendo relações com a sociedade capitalista de bens e
consumo, a mercadoria como valor de troca, alcança a sua forma pura, “esvaziada
de particularidades e de seu caráter de coisa”. Quanto a isso Marx afirma que:
Se abstraímos seu valor de uso (da mercadoria), abstraímos também os
componentes e formas corpóreas que fazem dela valor de uso. Deixa já de
ser mesa ou cadeira ou fio ou qualquer outra coisa útil. Todas as suas
qualidades sensoriais se apagaram. (MARX, O Capital, p. 128)

Representando essa afirmação, Marx empenhora tantas vezes seu casaco,


que este a cada vez, perde a memoria das suas particularidades históricas e se
torna apenas um objeto. Uma sensação de perda lhe acomodava a cada vez que
tinha que ir à loja de penhores, isso acontecia não só pela utilidade que o casaco
obtinha no frio europeu, mas pelo valor simbólico que o casaco possuía. Partindo
disso, a ideia emitida no remete a atualmente, onde podemos perceber uma
sociedade menos materialista, cada vez mais apegada ao valor de troca das coisas
do que o seu valor simbólico, sentimental.

Em O Capital, Marx explica a mercadoria citando como exemplo seu casaco


no primeiro capitulo. Ele desfaz a ideia dessa vestimenta como um simples objeto
posteriormente fabricado para se adquirir e vestir, o “fetiche” do materialismo
capitalista que designa os objetos como meros adereços e moda, é desmascarado
para mostrar que por detrás das “coisas”, existe uma memoria histórica.

O significado de fetichismo revisto por Stallybrass a partir da visão de Marx


destaca o fetichismo das mercadorias. Marx estabelece ao fetiche um caráter
negativo decorrente do seu significado histórico que “demoniza o apego
supostamente arbitrário [capricho; vontade própria] dos africanos ocidentais aos
objetos materiais”. Em relação a isso Stallybrass argumenta:

Ao atribuir a noção de fetiche à mercadoria, Marx ridicularizou uma


sociedade que pensava que tinha ultrapassado a ‘mera’ adoração dos
objetos, supostamente característica das religiões primitivas. […] O
fetichismo da mercadoria era uma regressão […] ao materialismo […].
(STALLYBRASS, p. 46)

Marx interpreta como um problema o fetichismo da mercadoria e aponta a


imaterialidade como caracteriza do capitalismo. O cenário da história de vida de
Marx se passa na industrial têxtil na Inglaterra, o que possibilitou a sua analise do
exercício do capitalismo de forma totalmente empírica, onde vivenciou as
dificuldades que uma sociedade capitalista acarreta. A sua análise do funcionamento
sistemático do capitalismo se tornou possível através de trabalhos políticos, de suas
leituras no Museu Britânico, mas principalmente através de sua vivencia proletária e
como diz Stallybrass, às vezes até subproletária. Torna-se curioso a ironia dos fatos
que se estabelecem na vida de Marx, cujo homem que escreveu sobre o capitalismo
e que o atormentou e o proibiu de continuar a escrever sobre o tema, ter sido
dependente das mesmas práticas pré-capitalistas e capitalistas.

O autor destaca a vida de Marx caraterizada pela vida da classe operária,


relata sobre as que mulheres usavam roupas de algodão barato e que raramente
via-se no varal, e os homens que tinha como vestimenta básica, calças de fustão ou
outras roupas de algodão grosseiro, com jaquetas e casacos do mesmo material.
Ele ainda trás relatos sobre o tipo de material do que eram feito as roupas da classe
operária que era o fustão, que deu a nomenclatura de “jaquetas de fustão”.

O autor faz uma analise-se sobre a questão da “sociedade de roupas”, aquela


em que, segundo Stallybrass, as trocas e os valores assumiam a forma de roupas. A
roupa e tornará uma moeda no século XIX, sobretudo na Inglaterra. Em certas
situações mais difíceis, a prática do penhor nos bairros operários tinha um ciclo
semanal: aproveitar usar a roupa no domingo e levaria para penhorava na segunda-
feira para resgata-la no fim de semana seguinte. O anel era valorizado, nos
casamentos operários, pois seria era um bem possivelmente penhorável e eram
comuns as lojas de penhores serem cenários de despedidas dramáticas de objetos
tão íntimos e de valores estimados.

Assim como o casaco de Marx estava na loja de penhores durante o inverno,


ele não podia ir ao Museu Britânico. Todo o primeiro capítulo de “O capital” traça as
migrações de um casaco, visto como uma mercadoria, no interior do mercado
capitalista.

O autor destaca as várias vezes em que Marx não poderia sair à rua no
inverno porque não tinha roupas, tinha penhorado o casaco para ter o que comer e
dar de comer à sua família. Por conta das penhoradas de roupas de Marx, de sua
mulher e filhas e outros objetos domésticos que salvavam a vida de um incrível
pensador sem nenhuma espécie de recursos. Não fazendo ideia de que como a
prática da penhora foi comum antes da existência dos bancos.
O autor ainda faz menção ao casaco de Marx, relatando ser um fato concreto
que mostra o devaneio da característica material que pode ser usada na direção do
valor “suprassensível”, podendo ser trocado ou penhorada. Ele ainda nos mostra
que Marx escreveu sua impressionante obra, em condições precárias e sem nenhum
recurso.

Segundo Stallybrass o “Penhorar um objeto é desnudá-lo da memória”,


registra o autor, “pois somente um objeto desnudado de sua particularidade histórica
pode se novamente se tornar uma mercadoria e um valor de troca”. E, ao final,
conclui: “Tornou-se um clichê dizer que nós não devemos tratar as pessoas como
coisas. Mas trata-se de um clichê equivocado. O que fizemos com as coisas para
devotar-lhes tal desprezo? E quem pode se permitir ter este desprezo? Por que os
prisioneiros são despojados de suas roupas a não ser para que se despojem de si
mesmos? Marx, tendo um controle precário sobre os materiais de sua
autoconstrução, sabia qual era o valor de seu próprio casaco”.

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