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OS PEQUENOS LEGUMES

(Cyrano Rosalém)

(Black-out. Ouve-se em off , a voz de Sérgio, diretor do programa infantil “OS PEQUENOS LEGUMES”.)

SÉRGIO - Atenção: cinco segundos. Quatro, três, dois, um.

(Ouve-se a vinheta de abertura do programa. Foco em ator vestido de tomate no proscênio. Fala como se as
crianças telespectadoras fossem débeis-mentais.)

TOMATINHO - (P/ a câmera) Bom dia, bom dia, amiguinhos. Saudações vitamínicas para você que está tomando
seu café-da-manhã e se preparando para ir para a escola. Saudações leguminosas também para você
que está se levantando para estudar e, contrariando sua mãe, já ligou a televisão. Não tem problema, o
nosso programa de todas as manhãs também é uma aula. Por falar nisso, você já escovou os dentes?
(Recita) “Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão, criancinha quando acorda tem um hálito de
cão”. Escove seus dentes todos os dias. Lembre-se sempre que você tem dentes; no futuro você
poderá não dizer o mesmo. Muito bem, vamos começar o nosso programa com uma visita. É, hoje nós
vamos visitar o escritório do seu pa-pai. (Luzes em todo o palco) Aqui estamos. Este é o escritório do
seu pa-pai. Vamos conhecer algumas coisas que existem no escritório do seu pa-pai. Mas, antes,
vamos chamar a nossa amiguinha Cenourinha. A Cenourinha vai me ajudar a mostrar para vocês o
escritório do seu pa-pai. (Vai até uma lateral do palco e chama) Cenouri-nha! (Pausa) Cenouriiii-nha!
(Fica meio nervoso) Nossa amiguinha Cenourinha hoje resolveu brincar. (Chama) Cenouriiiiii-nha!!
(Olha assustado para os lados. Fica sem saber o que fazer. Improvisa um assunto qualquer) Vocês
sabiam que as formigas são prejudiciais à agricultura? Cada formigueiro tem, em média...

(Atriz vestida de Cenourinha entra esbaforida.)

CENOURINHA - Oi, oi, oi, cheguei!

(Ouvem-se aplausos gravados. Ela agradece. Também fala como se as crianças fossem débeis-mentais.)

CENOURINHA - Bom dia, amiguinhos!

TOMATINHO - Puxa, Cenourinha, pensei que você não viesse!

CENOURINHA - Imagine! Eu nunca iria abandonar você, Tomatinho.

TOMATINHO - Eu já havia até começado.

CENOURINHA - É mesmo? E onde nós estamos?

TOMATINHO - Hoje nós estamos no escritório do pa-pai.

CENOURINHA - Puxa vida! No escritório do pa-pai.

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TOMATINHO - Isso. Vamos ver algumas coisas que tem no escritório do pa-pai.

CENOURINHA - O que, por exemplo?

TOMATINHO - (À mesa) Veja, isto é um bloco de anotações, e isto é uma caneta de anotações.

CENOURINHA - Puxa, existe outro tipo de caneta?

TOMATINHO - Sim, caneta de desenho.

CENOURINHA - Puxa, puxa, puxa! E isto, o que é?

TOMATINHO - Isto é o telefone do escritório do pa-pai.

CENOURINHA - E para que serve?

TOMATINHO - Serve para o pa-pai falar com quem ele quiser.

CENOURINHA - Até com a ma-mãe?

TOMATINHO - Até com a ma-mãe.

CENOURINHA - Puxa, puxa, puxa! E isto, o que é?

TOMATINHO - Isto é um rádio/toca-fitas AM-FM.

CENOURINHA - E para que serve?

TOMATINHO - Serve para o pa-pai ouvir músicas nas horas de lazer.

CENOURINHA - Puxa, puxa, puxa! E o que o rádio/toca-fitas AM-FM está fazendo nos escritório do pa-pai se
aqui é lugar de trabalho, e não de lazer?

(Tomatinho fica desconcertado. A pergunta não estava no roteiro. Está puto com a atriz, mas não pode dar
bandeira.)

TOMATINHO - Bem... É que, nos momentos de pausa para o cafezinho, o pa-pai liga o rádio para ouvir música.

CENOURINHA - Ah, bom. Você se saiu muito bem, Tomatinho.

TOMATINHO - (Com raiva contida) Obrigado.

CENOURINHA - E, me diga, Tomatinho, por que nesse escritório do pa-pai existem tão poucas coisas?

(Tomatinho fica desesperado com a nova pergunta fora do roteiro, mas segura o ódio.)

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TOMATINHO - Porque o pa-pai está a pouco tempo no mundo dos negócios.

CENOURINHA - Puxa, puxa, puxa! Você está esperto hoje, Tomatinho.

TOMATINHO - (P/ a câmera) Vamos agora dar uma pequena pausa para você fazer seu pipi matinal e voltamos
já.

(Vinheta do programa. Cenourinha e Tomatinho dão tchau, sorrindo, para a câmera. Ao fim da vinheta, ator e
atriz saem dos personagens e falam normalmente.)

TOMATINHO - Puta que pariu, hein! Que história é essa?

CENOURINHA - Esse texto tá uma bosta! Você devia ter vergonha de mandar as crianças escovarem os dentes
com esse seu bafo de conhaque horroroso logo de manhã.

TOMATINHO - E por causa disso precisa inventar perguntas no ar? Eu, com uma puta dor de cabeça, ainda
preciso ficar improvisando!

CENOURINHA - Até que, com o seu estado etílico, você se saiu bem. Mas, cá prá nós, que pobreza de escritório!
Não tem porra nenhuma!

TOMATINHO - Foi o que deu prá conseguir. E que novidade é essa de atrasar? Tive que começar sem você.

CENOURINHA - Eu falei, eu falei que esse programa infantil, ao vivo, de manhã, ia dar merda... Acontece que
hoje a minha terapia atrasou porque eu fiquei falando de você, que me deixa mais neurótica ainda do que já sou.

TOMATINHO - (Ignorando, fala com Sérgio) Sérgio! Ô, Sérgio, que história é essa de por aplausos quando ela
entra? A estrela do programa sou eu!

CENOURINHA - Ê, péra lá! Você é o produtor, você escreve (mal) o texto, tudo bem. Mas, aqui em cena, somos
iguais.

TOMATINHO - Tá vendo, Sérgio, eu falei que botar a minha mulher não ia dar certo.

CENOURINHA - Você está insinuando que eu sou má atriz? Você não ia achar outra cenoura como eu, não.

TOMATINHO - Me desculpe, Brígida, mas aqui a gente tem que ser profissional. Tá assim de atriz querendo essa
cenoura.

CENOURINHA - Nem morta! Essa cenoura é minha. Ninguém põe a mão nessa cenoura.

TOMATINHO - Mas a idéia foi minha! Eu sou o pai dessa cenoura.

CENOURINHA - Você quer é que eu fique em casa, atrás do fogão, enquanto põe outra cenoura no meu lugar
práficar paquerando. Quer saber: pega essa cenoura e enfia no ...

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(Voz de Sérgio corta a frase de Cenourinha.)

SÉRGIO - Atenção: cinco segundos.

(Tomatinho e Cenourinha correm para o proscênio e se posicionam.)

SÉRGIO - Quatro, três, dois, um.

(Vinheta do programa.)

CENOURINHA - Oi, oi, oi, voltamos!

TOMATINHO - É, voltamos. E agora vamos falar da saúde da petizada.

CENOURINHA - E o tema de hoje é...

JUNTOS - “O INTESTINO HUMANO”!

TOMATINHO - O intestino humano é dividido em dois: intestino grosso e intestino delgado.

CENOURINHA - O delgado vem primeiro...

TOMATINHO - E o grosso vem depois.

(Luzes por todo o palco. Cantam o “RAP DO INTESTINO”.)

Após a ingestão de um monte de alimento


O estômago dissolve tudo a contento.
O que é bom vai então para todo o nosso corpo
E o que sobra desce agora para aquele que é torto.
Aquele que é torto nós chamamos de intestino,
Transforma o alimento em cocô bem pequenino.
A flora intestinal é muito interessante,
Serve prá fazer o trabalho de um laxante.
É ela quem produz o bolo fecal,
E sentar no peniquinho é um programa legal.
Então viva o grande in-testino humano.
Ele é muito importante, gostando ou não gostando.

(Fim do “RAP DO INTESTINO”.)

CENOURINHA - Viram como o intestino é essencial?

TOMATINHO - Sem ele o nosso corpo não funciona direito.

CENOURINHA - (Cínica) É, sem ele você vai inchando, inchando, ficando assim que nem o Tomatinho.

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TOMATINHO - Vamos agora...

CENOURINHA - (Interrompendo) Correndo até o risco de explodir...

TOMATINHO - Para os nossos...

CENOURINHA - E sujar de cocô as lindas paredes do seu quarto.

TOMATINHO - Eu tenho certeza que os nossos amiguinhos já entenderam o funcionamento do intestino, não é,
Cenourinha?

CENOURINHA - Claro.

TOMATINHO - Vamos dar uma pequena pausa para você ir ao banheiro de novo...

CENOURINHA - Agora, fazer cocô...

TOMATINHO - E já voltamos.

(Vinheta do programa enquanto eles dão tchau.)

TOMATINHO - Você tá abusando...

CENOURINHA - EU?!!! Quem foi que escreveu essa porcaria? Deve ter criança vomitando na frente da TV.

TOMATINHO - Meu texto é ótimo. Não preciso da sua colaboração.

CENOURINHA - (Ignorando) Sabe que aquela hora que eu falei que você ia inchando é que eu reparei como
você está gordo.

TOMATINHO - Pára com isso...

CENOURINHA - Se continuar assim já já você não vai mais caber nessa roupa de tomate.

TOMATINHO - Pára de me pentelhar!! Já não basta o calor que faz dentro dessa roupa! (P/ a cabine) Sérgio, dá
tempo de tirar um pouco a roupa? (Pausa) Sérgio?

CENOURINHA - Esses safados vão tomar cafezinho e largam a gente aqui... Grande diretor esse seu amigo
Sérgio, sai da cabine no meio do programa...

TOMATINHO - Ele é muito bom. A audiência tá subindo...

CENOURINHA - Tá subindo por nossa causa. Aliás, me diz uma coisa: por que todo diretor de programa infantil
é viado?

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TOMATINHO - Sssshhhh!!! Fala baixo, o microfone pode estar ligado!

CENOURINHA - Esse seu amigo Sérgio, então, além de viado é politicamente incorreto.

TOMATINHO - Como é que é?

CENOURINHA - Outro dia ele me disse que tem 3 namorados. Aí eu comentei que podia ser perigoso hoje em
dia. Sabe o que ele me respondeu: “Melhor morrer de AIDS do que de tédio!”

TOMATINHO - Eu não acredito!

CENOURINHA - Falou na minha cara.

TOMATINHO - Ele não era assim...

CENOURINHA - (Intencional) Como você sabe, hein, Agenor?...

TOMATINHO - Olha a ironia...

CENOURINHA - Do teu passado eu nada sei, meu filho...

TOMATINHO - Mas do presente não tem dúvidas: Tá tudo em cima. Já você...

CENOURINHA - Olha...

TOMATINHO - Tem até um apelido...

CENOURINHA - Não fala...

TOMATINHO - Famoso na turma...

CENOURINHA - Detesto essa brincadeira...

TOMATINHO - “Brígida, a frígida”!

CENOURINHA - Filho da puta!

(Cenourinha sai pelo palco batendo em Tomatinho, que ri muito.)

SÉRGIO - Atenção: cinco segundos.

(Cenourinha e Tomatinho posicionam-se no proscênio.)

SÉRGIO - Quatro, três, dois, um.

(Vinheta do programa. No início do texto Cenourinha está puta, e Tomatinho está com vontade de rir.)

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CENOURINHA - (Seca) Oi. Voltamos.

TOMATINHO - É, voltamos, amiguinhos. Vamos agora ao momento mais gostosinho do nosso programa, que é
o...

JUNTOS - “ADIVINHE O QUE É?”.

TOMATINHO - Começando com os nossos queridos amiguinhos, os animais.

CENOURINHA - (Mal-humorada) Puxa.

TOMATINHO - Eu vou imitar um animalzinho e vocês vão adivinhar qual é. Prestem atenção.

(Tomatinho imita um cachorro.)

CENOURINHA - É um cachorro gordo.

TOMATINHO - (Ignorando) Isso, um cachorrinho. Vou agora imitar outro animalzinho.

(Tomatinho imita uma girafa. Cenourinha não entende.)

TOMATINHO - (Imitando) Então? Então?

CENOURINHA - É um tamanduá?

TOMATINHO - Não, Cenourinha, preste atenção.

(Faz a girafa de novo. Ela não adivinha.)

TOMATINHO - É uma girafa, Cenourinha.

CENOURINHA - Estava parecendo um Tomatinho com torcicolo.

TOMATINHO - Vamos agora imitar objetos. Atenção: o que é, o que é?...

(Tomatinho gira sobre si próprio algumas vezes com os braços colados ao corpo. Cenourinha fica intrigada.)

CENOURINHA - É um liqüidificador?

TOMATINHO - Não, não, olhe bem. (Gira mais vezes. Começa a ficar tonto.)

CENOURINHA - (Malandra) Ainda não adivinhei, Tomatinho.

TOMATINHO - Ora, é fácil. Veja. (Gira mais ainda. Fica mais tonto. Cambaleia no final.)

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CENOURINHA - (Divertindo-se) Acho que nossos amiguinhos ainda não adivinharam. Mostre mais, Tomatinho.

(Tomatinho gira mais ainda. Fica completamente tonto. Cambaleia para um lado, para o outro. Vai cair fora de
cena. Cenourinha vai até a lateral por onde ele saiu.)

CENOURINHA - Ah, entendi. Era um pião.

(Tomatinho vomita fora de cena. Reação de nojo de Cenourinha.)

CENOURINHA - (P/ a câmera) A última adivinhação de hoje sou eu mesma que vou fazer, já que nosso amigo
Tomatinho precisou visitar nossos irmãozinhos na horta. Atenção: adivinhe o que é? (Abre um imenso sorriso
e dá alguns saltos no lugar) Adivinharam? Não!? É fácil, eu estou imitando uma criança com saúde, que é
como deveriam estar todas as crianças desse país. (A voz de Cenourinha vai se transformando na voz normal
da atriz, sempre com um tom otimista) Então, eu quero terminar o nosso programa de hoje com uma
mensagem para os pais de vocês. Não tratem seus filhos como costuma fazer o Tomatinho, que acha que as
crianças são débeis-mentais. Criança precisa de atenção e saúde. É dando boas condições às crianças que,
amanhã, poderemos ter mais platéias como essa, rindo e se divertindo com as nossas brincadeiras. Até o
próximo programa e feliz natal.

SÉRGIO - Nós estamos em setembro, Cenourinha.

CENOURINHA - Ah, vai se fuder. Tchau, pessoal.

(Vinheta do programa. Cenourinha sai correndo de cena, feliz.)

FIM

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