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METODOLOGIA DA PESQUISA

CIENTÍFICA

Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação


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Meu nome é Carlos Alberto Marinheiro. Sou mestre em


Bioengenharia pela Interunidades (EESC, IQSC e FMRP)
da USP, especialista em Geometria Analítica, Métodos
e Procedimentos Didáticos, Metodologia e Técnicas de
Ensino e Metodologia do Ensino da Matemática e formado
em Matemática e em Pedagogia pelo Centro Universitário
Claretiano (Batatais – SP), bem como em Engenharia Civil
pelo Centro Universitário Moura Lacerda (Ribeirão Preto –
SP). Atuo como professor nas áreas de Metodologia da Pesquisa Científica, Desenho
Geométrico e Geometria Descritiva, Ensino da Matemática através da Resolução de
Problemas, Biofísica, Administração de Produção e Estatística Aplicada em diversos
cursos de Graduação e como professor de Metodologia da Pesquisa Científica e de
Tópicos de Educação Matemática na Educação a Distância. Sou, também, coordenador
da CPA (Comissão Própria de Avaliação) e coordenador geral do PARFOR – Plataforma
Freire –, com convênio com a CAPES/MEC.
E-mail: marinheiro@claretiano.edu.br

Meu nome é Everton Luis Sanches. Sou professor de História,


diretor de teatro amador, ator e dramaturgo. Trabalhei com
TV e vídeo. Em meu mestrado e doutorado, realizados no
curso de História e Cultura da Universidade Estadual Paulista
(Unesp), Franca-SP, pesquisei a mensagem deixada por
Charles Chaplin em seus filmes e sua relação com o período
histórico.
E-mail: evertonsanches@zipmail.com.br
Meu nome é Rafael Menari Archanjo. Sou mestre em Linguística
pela Universidade de Franca (UNIFRAN), especialista em
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa, Literatura e
Redação – e graduado em Letras pelo Claretiano – Centro
Universitário. Atuo como coordenador geral de pesquisa e
iniciação científica da instituição, onde também sou coordenador
e editor chefe das revistas científicas, e membro titular do
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/Claretiano). Atuo também
como professor de Literatura no ensino médio, do Claretiano
– Colégio São José. Minhas pesquisas atuais estão voltadas à
Ciência Linguística, especificamente inseridas nas linhas do discurso e do texto.
E-mail: coordpesquisa@claretiano.edu.br
Carlos Alberto Marinheiro

Everton Luis Sanches

Rafael Menari Archanjo

METODOLOGIA DA PESQUISA
CIENTÍFICA

Batatais
Claretiano
2016
© Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP)
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Educacional Claretiana.

CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL


Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia
Aparecida Ribeiro • Dandara Louise Vieira Matavelli • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori
Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia
Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Simone Rodrigues de Oliveira
Revisão: Cecília Beatriz Alves Teixeira • Eduardo Henrique Marinheiro • Felipe Aleixo • Filipi Andrade de Deus
Silveira • Juliana Biggi • Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni
• Sônia Galindo Melo • Talita Cristina Bartolomeu • Vanessa Vergani Machado
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Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires Botta Murakami
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Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

001.42 M289m

Marinheiro, Carlos Alberto


Metodologia da pesquisa científica / Carlos Alberto Marinheiro, Everton Luis Sanches,
Rafael Menari Archanjo – Batatais, SP : Claretiano, 2016.
158 p.

ISBN: 978-85-8377-470-9

1. Ciência. 2. Métodos e técnicas de pesquisa. 3. Projeto de pesquisa. 4. Escrita acadêmica.


5. Artigo científico. I. Sanches, Everton Luis. II. Archanjo, Rafael Menari. III. Metodologia
da pesquisa científica.

CDD 001.42

INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título: Metodologia da Pesquisa Científica
Versão: ago./2016
Formato: 15x21 cm
Páginas: 158 páginas
SUMÁRIO

CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 11
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS............................................................................. 12
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE................................................................ 13
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 14

Unidade 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA:


INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 19
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 19
2.1. O ARTIGO CIENTÍFICO NO CONTEXTO DO CLARETIANO – CENTRO
UNIVERSITÁRIO: NORMAS GERAIS.......................................................... 20
2.2. MODALIDADES DE PESQUISA................................................................. 22
2.3. PESQUISA COM SERES HUMANOS......................................................... 27
2.4. NOÇÕES DE ESCRITA ACADÊMICA.......................................................... 40
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 57
3.1. MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA..................................................... 58
3.2. PESQUISAS COM SERES HUMANOS....................................................... 58
3.3. ESCRITA ACADÊMICA............................................................................... 59
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 60
5. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 61
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 62
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 63

Unidade 2 – PROJETO DE PESQUISA II


1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 67
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 68
2.1. A QUESTÃO DO PROBLEMA NA PESQUISA (BASE EPISTEMOLÓGICA).68
2.2. DELIMITAÇÃO DO TEMA.......................................................................... 71
2.3. CONTEXTUALIZAÇÃO/REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................... 76
2.4. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................ 78
2.5. CONSTRUÇÃO DA JUSTIFICATIVA........................................................... 84
2.6. OBJETIVOS ............................................................................................... 86
2.7. METODOLOGIA......................................................................................... 88
2.8. REFERÊNCIAS............................................................................................ 89
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 96
3.1. A QUESTÃO DO PROBLEMA NA PESQUISA (BASE EPISTEMOLÓGICA).96
3.2. DELIMITAÇÃO DO TEMA.......................................................................... 97
3.3. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................ 97
3.4. CONSTRUÇÃO DA JUSTIFICATIVA........................................................... 98
3.5. OBJETIVOS................................................................................................ 98
3.6. METODOLOGIA......................................................................................... 99
3.7. REFERÊNCIAS............................................................................................ 101
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 101
5. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 106
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 106
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 108

Unidade 3 – ARTIGO CIENTÍFICO


1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 111
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 111
2.1. ESTRUTURA DO ARTIGO CIENTÍFICO..................................................... 111
2.2. QUESTÕES CRUCIAIS DO TEXTO ACADÊMICO: CITAÇÕES E PLÁGIO... 134
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 150
3.1. ESTRUTURA DO ARTIGO CIENTÍFICO..................................................... 150
3.2. INTRODUÇÃO........................................................................................... 152
3.3. DESENVOLVIMENTO................................................................................ 153
3.4. CONCLUSÃO OU CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................. 153
3.5. PLÁGIO...................................................................................................... 153
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 154
5. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 156
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 156
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 157
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Conteúdo
Métodos e técnicas de pesquisa e iniciação ao Projeto de
Pesquisa. Projeto de pesquisa II. Artigo científico.

Bibliografia Básica
DEMO, P. Introdução a metodologia da ciência. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1987.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

Bibliografia Complementar
CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2010.
ECO, U. Como se faz uma tese. 13. ed. São Paulo: Perspectiva, 1996.
GOLDSTEISN, N.; LOUZADA, M. S.; IVAMOTO, R. O texto sem mistério: o texto e a
escrita na universidade. São Paulo: Ática Universidade, 2009.
OLIVEIRA, M. M. Como fazer projetos, relatórios, monografias, dissertações e teses. 3.
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
PÁDUA, E. M. M. Metodologia da pesquisa – abordagem teórico-prática. 10. ed. rev.
atual. Campinas: Papirus, 2004.

9
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

É importante saber
Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:
Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá
ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias
à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos,
os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento
ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de
saber.
Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente se-
lecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados
em sites acadêmicos confiáveis. É chamado "Conteúdo Digital Integrador" porque é
imprescindível para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos,
não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementares) e a leitu-
ra de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, a densidade
e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigató-
rios, para efeito de avaliação.

10 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

1. INTRODUÇÃO
Nesta obra serão abordados os principais aspectos do es-
tudo científico com o intuito de possibilitar a você, como aluno
de graduação, a elaboração de seu Projeto de Pesquisa (Plano
de Texto) e seu Artigo Científico, seja para atender o Trabalho
de Conclusão de Curso (TCC), em cursos em que este é obrigató-
rio segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), se for o
seu caso; seja para propiciar a você uma experiência acadêmica
substancial com relação à produção de conhecimento, caso você
esteja vinculado a um curso que não tem TCC obrigatório.
Para alcançar tal objetivo, serão tratados, ao longo das três
unidades, as normas, a linguagem e os critérios previstos para a
elaboração de um trabalho científico/acadêmico, as informações
sobre a escrita do projeto e do artigo científico, bem como os
aspectos gerais acerca daquilo que se pretende ao realizar um
trabalho dessa natureza.
Nesse sentido, procuramos dar ênfase à importância do
desenvolvimento do pensamento científico e a como ele pode
ser organizado em uma escrita coesa e fluente, alertando para
algumas “armadilhas” ou elementos comuns que podem dificul-
tar o trabalho do pesquisador iniciante e também do pesquisa-
dor mais experiente.
Os vídeos e textos indicados ao final de cada uma das uni-
dades também são importantes ferramentas para situar você no
universo da produção científica, apresentando formas diversas
para realizar seus estudos e dicas que podem facilitar o trabalho
de coleta de dados ou a pesquisa bibliográfica.
Considerando o tempo abreviado para a realização do Pro-
jeto de Pesquisa (Plano de Texto) e do Artigo Científico, ambos

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 11


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

a serem desenvolvidos sequencialmente em Metodologia da


Pesquisa Científica, sua dedicação é fundamental. A leitura aten-
ta de cada um dos capítulos e a realização adequada de todas
as atividades permitirá que você conclua satisfatoriamente mais
essa etapa de seus estudos.
Um dos fatores cruciais para o bom aproveitamento dessa
etapa é a compreensão da relevância da realização autêntica de
sua pesquisa, evitando, assim, as sanções pertinentes àqueles
que ainda insistem na realização do plágio.
Estes e outros assuntos igualmente importantes serão ana-
lisados mais profundamente ao longo das unidades. Desejamos
que você explore ostensivamente todo o conteúdo disponibiliza-
do, acesse os materiais indicados e tenha um excelente aprovei-
tamento dos referenciais e conceitos aqui tratados.
Bons estudos!

2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e
precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domí-
nio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci-
mento dos temas tratados.
1) Artigo científico: para Marconi e Lakatos (1983), os
artigos científicos são publicações em revistas ou pe-
riódicos. Neles são detalhados estudos que tratam
de uma questão verdadeiramente científica, mas não
chegam a se constituir em matéria de um livro. Os
artigos científicos diferem das monografias pela sua
reduzida dimensão e pelo conteúdo.

12 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

2) Ciência: estudo de “problemas”, em que se utilizam


métodos, técnicas e procedimentos científicos. Co-
nhecimento racional, sistemático e verificável. Pro-
cura metódica do saber.
3) Conhecimento científico: podemos dizer que conhe-
cimento científico é o conhecimento pela demons-
tração. Para que o conhecimento seja científico, de-
vemos seguir métodos e técnicas, de forma que haja
controle e sistematização do processo.
4) Metodologia científica: a metodologia científica for-
nece os métodos e técnicas necessários para que a
pesquisa tenha caráter científico. Ela padroniza os
métodos e as técnicas dos trabalhos científicos, to-
mando como base os estudos científicos já realiza-
dos na área específica em que o pesquisador está
situado.
5) Projeto de Pesquisa: é um documento escrito com a
função de explicitar o planejamento de uma pesquisa
científica. De uma maneira mais ampla, significa todo
o processo de pesquisa, ou seja, planejamento, exe-
cução e, por último, a elaboração do produto final de
sua pesquisa (relatório de pesquisa demonstrando os
resultados, artigo científico, monografia, dissertação
ou tese).

3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE


O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos concei-
tos mais importantes deste estudo.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 13


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Figura 1 Esquema de Conceitos-chave de Metodologia da Pesquisa Científica.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ECO, U. Como se faz uma tese. 13. ed. São Paulo: Perspectiva, 1996.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1983.
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

14 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1
MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA
ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE
PESQUISA

Objetivos
• Compreender as normas gerais do Artigo Científico, no contexto do Clare-
tiano – Centro Universitário.
• Tomar conhecimento das modalidades de pesquisa.
• Aprender alguns dos pressupostos para a construção do Projeto de
Pesquisa.
• Assimilar as orientações indispensáveis para uma pesquisa com seres
humanos.
• Dominar as técnicas gerais da escrita acadêmica.

Conteúdos
• O Artigo Científico no contexto do Claretiano – Centro Universitário.
• Modalidades de pesquisa.
• Pesquisa com Seres Humanos.
• Noções de Escrita Acadêmica.

15
UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações
a seguir:
1) Os conteúdos descritos nesta unidade permitem o
entendimento dos procedimentos de pesquisa perti-
nentes a qualquer trabalho científico. Desse modo, é
importante estar atento para a aplicação desses pro-
cedimentos à sua área específica, adaptando alguns
detalhes, caso seja necessário.
2) A metodologia deve servir de instrumento para aquele
que pergunta, e não ser mais um obstáculo a ser venci-
do. O método é uma ferramenta. Como qualquer outra
ferramenta, você deve aprender a manuseá-la. Após
aprender o seu manejo, o método facilitará seu cami-
nho de pesquisa.
3) Tome conhecimento da sistemática do Artigo Científi-
co no contexto do Claretiano – Centro Universitário.
Lembre-se de que ele é uma das condições indispensá-
veis para a conclusão do curso.
4) Todo texto deve estar adequado à sua esfera de co-
municação. Na confecção do Projeto de Pesquisa e do
Artigo Científico, você deverá empregar a linguagem
característica do gênero acadêmico, além de obser-
var e cumprir cuidadosamente suas regras. Consulte o
conteúdo (tópico “2. 4 Noções de Escrita Acadêmica”)
não somente para atender à necessidade da presente
unidade, mas durante toda construção do Projeto de
Pesquisa e na redação do Artigo Científico.

16 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações
a seguir:
1) Não se limite ao conteúdo desta obra; busque outras
informações em sites confiáveis e/ou nas referências
bibliográficas apresentadas no Conteúdo Digital Inte-
grador. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o en-
gajamento pessoal é um fator determinante para o seu
crescimento intelectual.
2) Acesse regularmente o SGA-SAV (ou Sala de Aula Vir-
tual, se considerar mais fácil), e utilize as ferramen-
tas que estão à disposição. Elas foram desenvolvidas
para promover a interação entre você, tutores e co-
legas de curso, contribuindo para o sucesso de sua
aprendizagem.
3) Os conteúdos descritos nesta unidade permitem o
entendimento de procedimentos de pesquisa perti-
nentes a qualquer trabalho científico. Desse modo, é
importante estar atento para a aplicação desses con-
teúdos à sua área específica, adaptando alguns por-
menores, caso seja necessário.
4) Todo trabalho de pesquisa é um exercício de persistên-
cia e humildade. Por isso, mantenha a sua persistência
durante o estudo e esteja sempre aberto às novidades
que poderão surgir durante a sua pesquisa.
5) Não deixe de recorrer aos materiais complementares
descritos no Conteúdo Digital Integrador. Eles serão
imprescindíveis para esclarecer questões que talvez
lhe tragam mais dificuldade.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 17


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

18 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

1. INTRODUÇÃO
Vamos iniciar nossa primeira unidade de estudo? Você está
pronto? Daremos, então, os primeiros passos.
No decorrer do estudo desta unidade será detalhada parte
dos passos necessários para a realização do Projeto, o momento
de início da pesquisa, e que será essencial para a sequência do
processo: a escrita do Artigo Científico.
Esses passos constituem um caminho comum que poderá
ser aplicado em diversos tipos de trabalhos científicos e que, uma
vez assimilado, poderá ser usado sempre que você for realizar
uma pesquisa, tomando o pensamento científico como guia.
Aqueles que não têm experiência quanto à realização de um
trabalho de iniciação científica terão a oportunidade de conhecer
os critérios que definem um trabalho científico-acadêmico.
Os que já realizaram esse tipo de pesquisa anteriormente
poderão rever alguns pontos fundamentais a esse respeito e
aprofundar os seus conhecimentos realizando um novo trabalho
de pesquisa, agora em nível um pouco mais avançado – além
de conhecer como os pressupostos básicos de um Projeto de
Pesquisa e de um Artigo Científico foram adaptados ao modelo
do Claretiano – Centro Universitário. Portanto, a leitura atenta e
o cumprimento das atividades é indispensável a todos os alunos!
Vamos lá!

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 19


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú-


do Digital Integrador.

2.1. O ARTIGO CIENTÍFICO NO CONTEXTO DO CLARETIANO –


CENTRO UNIVERSITÁRIO: NORMAS GERAIS

Antes de tratarmos de métodos e técnicas de pesquisa, si-


tuaremos você no contexto do Artigo Científico exigido na pre-
sente disciplina.
Você chegou a mais uma etapa decisiva de sua formação
acadêmica. Este estudo, que compõe a grade curricular do seu
curso de Graduação, tem alcance transversal. Isso significa que,
apesar do estudo ter um fim em si mesmo, os conceitos traba-
lhados em seu escopo tendem a contribuir para outras áreas de
estudo de seu curso, além de pesquisas atuais e futuras.
Ainda que você não tenha a intenção de seguir carreira
acadêmica, as discussões acerca do método científico e da cons-
trução do conhecimento acadêmico contribuirão para que você
tenha um novo olhar em relação à vida social. Um olhar que não
seja ordinário, e sim mais consciente para as tomadas de posição
responsivas exigidas pelo convívio em sociedade.
Com esse intuito, começaremos com as regras básicas que
você deverá seguir ao longo desse trajeto.
A partir deste momento, elucidaremos outras normas a se-
rem seguidas durante sua realização.
Segundo Regimento da Coordenadoria Geral de Pesquisa e
Iniciação Científica (CPIC, 2013), o Artigo Científico:

20 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

1) Deve ser desenvolvido dentro da disciplina Metodolo-


gia da Pesquisa Científica. O não cumprimento do pra-
zo estabelecido acarretará dependência.
2) Deve ser construído gradativamente por meio da in-
teração entre orientando (aluno) e orientador (tutor).
Isso significa que a construção do trabalho passa por
etapas de comunicação entre aluno (autor) e tutor
(coautor) até ser considerado concluído e apto a ser
apresentado. Orientandos que postarem o trabalho
concluído, ou mesmo próximo à data de encerramen-
to, sem interações periódicas com o orientador, não
aproveitando adequadamente o período de orienta-
ção, poderão ter o trabalho reprovado.
3) Necessita ser concebido em interação periódica junto
a seu orientador, por intermédio do Portfólio do SGA-
-SAV. Trabalhos encaminhados por outras ferramentas,
como a Lista, ou por Correio Eletrônico (e-mail) não se-
rão aceitos.
4) Deve abordar um tema ligado “[...] à realidade nacio-
nal e/ou regional, pertinente à área de conhecimento
na qual se insere o curso e suas respectivas linhas de
pesquisa [...]” (CPIC, 2013, p. 2). Em outras palavras: o
tema abordado deve estar em consonância com a área
de abrangência do curso.
Norma–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Cabe ao aluno seguir as orientações do Tutor da disciplina. Qualquer mudança
em relação ao trabalho deverá ser efetuada em comum acordo.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Na instituição, dentre as maiores causas de reprovação do
Artigo Científico, destacamos algumas, a saber:

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 21


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

1) O não aproveitamento das atividades e leituras do es-


tudo, levando à não conclusão do Artigo Científico.
2) O envio do trabalho concluído, sem ter sido construí-
do por meio de interações periódicas com o tutor da
disciplina.
3) Cópia parcial ou total de outros trabalhos sem a devida
referência (plágio).
4) Identificação de trabalho comprado.
5) Conclusão parcial ou inadequada do artigo científico,
que configura o não atendimento dos critérios mí-
nimos para que o trabalho seja considerado apto à
apresentação.
Plágio–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A temática do plágio será abordada na Unidade 3 (tópico “2.2. Questões do
texto acadêmico: citações e plágios”). No entanto, você deverá fazer uma
leitura atenta do conteúdo citado para a realização das atividades das Uni-
dades 1 e 2, momento em que o Projeto de Pesquisa (Plano de Texto) será
desenvolvido.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

2.2. MODALIDADES DE PESQUISA

A pesquisa científica pode ser realizada de acordo com cri-


térios específicos, com diferentes maneiras de pesquisar e tam-
bém com formas de apresentação específicas. Sendo assim, há
várias classificações ou modalidades possíveis para a pesquisa
científica.
De acordo com Gil (2007, p. 41) “[...] toda e qualquer clas-
sificação se faz mediante algum critério. Com relação às pesqui-
sas, é usual a classificação com base em seus objetivos gerais”,
isto é, com base no resultado que deseja alcançar com sua pes-

22 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

quisa. Essa classificação diz respeito ao marco teórico e permite


a organização dos conceitos que você utilizará ao longo do cami-
nho da pesquisa.
Todavia, esta não constitui a única maneira de classificar
uma pesquisa. Podemos, também, “[...] analisar os fatos do pon-
to de vista empírico, para confrontar a visão teórica com os da-
dos da realidade” (GIL, 2007, p. 43) e, desse modo, classificar a
pesquisa conforme seu delineamento, ou seja, o tipo de organi-
zação e planejamento, as ações do pesquisador, a forma como irá
fazer o seu levantamento de informações e, consequentemente,
o caminho que seguirá para analisar tais informações. Por essa
perspectiva, teremos que delinear modalidades específicas de
pesquisa para usar como critério para tal definição os procedi-
mentos técnicos utilizados.
Conforme a política do Claretiano, as modalidades de pes-
quisa pertinentes a um artigo científico são: artigo científico de
revisão bibliográfica, artigo científico de pesquisa de campo,
relato de experiência e estudo de caso. Cada uma dessas moda-
lidades pode ser entendida da seguinte maneira:
Artigo Científico de Revisão Bibliográfica – é o resultado de uma
investigação bibliográfica que procura explicar um problema
com base em referências teóricas publicadas em artigos, livros,
dissertações e teses. A pesquisa bibliográfica é meio de forma-
ção por excelência e constitui o procedimento básico para os
estudos, pelos quais se busca o domínio sobre determinado
tema.
Artigo Científico de Pesquisa de Campo – é o resultado de uma
investigação em que o aluno assume o papel de observador e
explorador, coletando os dados diretamente no local (campo)
em que se deram ou surgiram os fenômenos. Portanto, o tra-
balho de campo caracteriza-se pelo contato direto com o fenô-
meno de estudo.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 23


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Relato de Experiência – divulgação de experiências profissio-


nais e/ou acadêmicas desenvolvidas ou em andamento que,
por suas propostas, tragam contribuições para a área na qual
o aluno se insere.
Estudo de Caso – é a pesquisa sobre determinado indivíduo,
família, grupo ou comunidade que seja representativo de seu
universo, a fim de se examinarem aspectos variados relaciona-
dos à sua vida.

Vamos entender um pouco mais sobre cada uma dessas


modalidades. Uma das questões frequentes trata da diferença
entre pesquisa de campo, estudo de caso e relato de experiên-
cia. Para alguns alunos, essas três modalidades podem ser bas-
tante parecidas. Vamos analisar, de maneira pontual, quais as
suas peculiaridades.
De acordo com Gil (2007, p. 43), na divisão em modalida-
des que se faz a partir do delineamento, o principal critério con-
siderado é o “[...] procedimento adotado para a coleta de dados”.
Analisando a proposta do Claretiano – Centro Universitá-
rio, temos que a pesquisa de campo, o relato de experiência e o
estudo de caso envolvem o contato direto do pesquisador com o
seu objeto de estudo. Contudo, em cada uma dessas modalida-
des, esse contato é realizado de forma distinta.
No relato de experiência, o pesquisador é parte da situa-
ção pesquisada, ou seja, está diretamente envolvido com o obje-
to de estudo. Desse modo, os dados serão coletados a partir de
uma experiência específica, vivenciada pelo pesquisador. É essa
vivência que trará as informações que serão devidamente orga-
nizadas conforme os critérios da análise científica.
O estudo de caso, por sua vez, é realizado a partir das in-
formações referentes a um caso do qual o pesquisador não faz

24 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

parte, ou seja, não se trata da experiência ou da vivência profis-


sional do pesquisador. As informações coletadas dirão respeito
a um caso específico que o pesquisador acompanha “de fora” e
sobre o qual tratará em sua pesquisa. Da mesma maneira que no
relato de experiência, é necessário dar um tratamento científico
para as informações analisadas a partir do estudo de caso e a
impessoalidade na escrita é fundamental para lidar com as infor-
mações coletadas.
E a pesquisa de campo? Como funciona? Podemos consi-
derar que as duas modalidades anteriores envolvem pesquisa de
campo, porém não são caracterizadas como tal por se tratarem
de pesquisas vinculas a um caso específico (estudo de caso) ou
por referirem-se à vivência de seu autor (relato de experiência).
O que define a Pesquisa de Campo é a coleta direta das informa-
ções, seja por meio de observação, seja por meio de aplicação
de questionários etc. Pode referir-se a fenômenos gerais, obser-
váveis em diferentes contextos e, por isso, não caracterizando as
modalidades de pesquisa anteriores.
Todavia, resta entendermos um pouco mais sobre o artigo
científico de revisão bibliográfica. Nessa modalidade, o trabalho
consiste em fazer o levantamento das informações a partir do
suporte escrito, que pode ser composto de livros e revistas cien-
tíficas, documentos a respeito de seu objeto de estudo ou de-
mais produções de nível acadêmico e oficial (dados estatísticos
ou informações de institutos de pesquisa, instituições do gover-
no etc.). A partir da leitura desses textos, o pesquisador faz uma
triagem daquilo que precisará utilizar para tratar do tema de sua
pesquisa, e demonstra como tal assunto vem sendo abordado,
quais são as divergências ou convergências, possíveis pontos que
ainda não foram bem esclarecidos etc. Assim, ele fará aquilo que
Umberto Eco (2008, p. 02-03) chama de compilação:

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 25


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Numa tese de compilação, o estudante apenas demonstra ha-


ver compulsado criticamente a maior parte da “literatura” exis-
tente (isto é, das publicações sobre aquele assunto) e ter sido
capaz de expô-Ia de modo claro, buscando harmonizar os vários
pontos de vista e oferecendo, assim, uma visão panorâmica in-
teligente, talvez útil sob o aspecto informativo mesmo para um
especialista do ramo que, com respeito àquele problema espe-
cífico, jamais tenha efetuado estudos aprofundados.

Na Graduação o intuito está longe de construir uma tese,


mas sim um Artigo Científico – o que diminui consideravelmen-
te o nível de complexidade. Porém, a sistemática acaba sendo
a mesma apontada por Eco (2008): análise crítica da literatura
consultada sobre o assunto e construção de uma abordagem
consistente sobre o objeto de estudo, ainda que não seja “dita”
nenhuma novidade ao seu respeito.

Atenção!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O “objeto de estudo” corresponde ao “que” será analisado
na pesquisa.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A revisão bibliográfica também é necessária para a execu-
ção de todas as modalidades de pesquisa científica que estuda-
mos anteriormente. Isso porque qualquer pesquisa deve sempre
partir de leitura prévia que permita estabelecer critérios de aná-
lise e mesmo os procedimentos de sua realização, seja na busca
de informações sobre um caso específico, para a reflexão qua-
lificada de sua experiência profissional ou para a formatação e
análise de um questionário aplicável a uma pesquisa de campo.

26 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Importante–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O entendimento da área em que você está realizando o seu estudo também
depende diretamente da revisão bibliográfica, que deverá fornecer as linhas
de estudo existentes e a aplicação de cada uma delas, delimitando qual será
aquela que você irá adotar, assim como a utilidade de seu estudo diante daqui-
lo que já foi produzido a respeito. Como afirmou Eco (2008, p. 03) “[...] a compi-
lação pode constituir um ato de seriedade da parte do jovem pesquisador que,
antes de propriamente iniciar a pesquisa, deseja esclarecer algumas idéias,
documentando-se bem”. Por esse motivo, sempre indicamos aos alunos a rea-
lização de artigo científico de revisão bibliográfica, uma vez que a pesquisa e o
estudo qualificados da bibliografia podem oferecer grandes possibilidades da
realização de um trabalho simples e autêntico, além de ser mais viável dentro
do tempo disponível para a sua execução. Outro fator favorável da revisão bi-
bliográfica é a isenção de algumas questões éticas que podem estar presentes
nas demais modalidades de pesquisa.
Devido a essa importância, trataremos, no próximo item, das questões ine-
rentes à uma pesquisa com seres humanos e da sistemática de atuação do
Comitê de Ética em Pesquisa da instituição.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

2.3. PESQUISA COM SERES HUMANOS

Como citado no item anterior, a ética é imprescindível em


qualquer atividade acadêmica. A partir deste momento, orien-
taremos você especificamente sobre a ética em pesquisa com
seres humanos.
A principal função de um Comitê de ética em pesquisa
com seres humanos é assegurar o direito à liberdade e garantir
a proteção ao sujeito (voluntário da pesquisa), isto é, à pessoa
humana que venha, eventualmente, a participar direta ou indi-
retamente de alguma pesquisa. Compreende-se que “[...] todo
o progresso e seu avanço devem, sempre, respeitar a dignidade,
a liberdade e a autonomia do ser humano” (BRASIL, 2013, p. 1).
Podemos encontrar uma correspondência a essa preocupação

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 27


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

na Missão do Claretiano – Centro Universitário, a qual é nortea-


da pelo “[...] compromisso com a vida”, na observação dos “[...]
valores éticos” (MISSÃO E PROJETO EDUCATIVO, 2007, p. 11).
Para sua informação, esclarecemos que nem sempre foi
assim. Na história da pesquisa, ocorreram uma série de trans-
gressões aos direitos básicos da pessoa, que não foram apura-
dos, ou mesmo, quando apurados, ficaram impunes. Tais acon-
tecimentos motivaram a discussão e elaboração de três marcos
regulatórios com o intuito de reprimir as práticas inadequadas
em pesquisas com pessoas, com o intuito de garantir a estas dig-
nidade e autonomia.
Os marcos regulatórios a que nos referimos foram: o Códi-
go de Nuremberg (1947), a Declaração de Helsinque (1964) e as
Diretrizes Internacionais para Pesquisas Biomédicas envolvendo
Seres Humanos (1982). O Código de Nuremberg, por exemplo,
atesta que: “[...] as pessoas que serão submetidas ao experimen-
to devem ser legalmente capazes de dar consentimento” e de
“[...] exercer o livre direito de escolha sem qualquer intervenção
de elementos de força, fraude, mentira, coação, astúcia ou ou-
tra forma de restrição posterior” (TRIBUNAL INTERNACIONAL DE
NUREMBERG, 1947, n.p.).
Importante!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Note que um voluntário somente pode dar seu consentimento em participar
de uma pesquisa se for maior de 18 anos e tiver condições cognitivas e au-
tônomas de declarar conscientemente sua participação de livre e espontânea
vontade. Em caso de pesquisa com crianças e/ou adolescentes, ou mesmo
com alguma pessoa incapaz de dar tal consentimento, a autorização deve ser
assinada pelo responsável!
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Toda pesquisa que envolva seres humanos, antes da cole-
ta de dados, necessita ser avaliada e aprovada por um Comitê

28 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

de Ética em Pesquisa vinculado à instituição de sua realização,


no nosso caso específico, ao Claretiano. Logo, se você optar por
um estudo dessa natureza, precisará confeccionar seu Projeto de
Pesquisa, atendendo a uma estrutura mais aprofundada do que
a exigida na atividade da disciplina, enviá-lo para a avaliação do
comitê, para, somente em caso de aprovação, realizar os pro-
cedimentos diretos ou indiretos que envolvam pessoas. Perceba
como é sério.
A instituição conta com a atividade de um comitê desde
dezembro de 2009. Trata-se do CEP/CLARETIANO – responsável
pela avaliação dos Projetos de Pesquisa com seres humanos rea-
lizados na instituição.

Norma Institucional––––––––––––––––––––––––––––––––––
Fica estritamente proibida a realização de trabalhos de pesquisa com seres hu-
manos sem autorização prévia do Comitê de Ética em Pesquisa da instituição.
Caso condutas que contrariam essa normativa sejam identificadas, o autor es-
tará sujeito a reprovação do Artigo Científico – o que implicará o cumprimento
do respectivo componente curricular em regime de dependência no semestre
subsequente, com pagamento de taxa administrativa padrão.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Definição de pesquisa com seres humanos


Importa-nos saber, de imediato, qual é a definição adequa-
da de “pesquisa com seres humanos”. Nota-se que há certa con-
fusão quanto a esse parâmetro. É corrente reduzir a compreen-
são de “pesquisa com seres humanos” aos estudos que tenham
influência direta na saúde física do voluntário da pesquisa. Entre-
tanto, a definição é consideravelmente mais abrangente.
Conforme delimitação conceitual elaborada pela Comis-
são Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), contida no Manual

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 29


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Operacional para Comitês de Ética em Pesquisa, que atende à


Resolução CNS n.º 466/12, “pesquisas com seres humanos” são
aquelas:
[...] realizadas em qualquer área do conhecimento e que, de
modo direto ou indireto, envolvam indivíduos ou coletividades,
em sua totalidade ou partes, incluindo o manejo de informa-
ções e materiais. [...] também são consideradas pesquisas en-
volvendo seres humanos as entrevistas, aplicações de questio-
nários, utilização de banco de dados e revisões de prontuários
(CONEP, 2008, p. 27, grifo nosso).

Portanto, compreende-se como “pesquisas com seres hu-


manos” qualquer projeto e/ou atividade de pesquisa que envolva
pessoas, seja de apenas uma pessoa ou coletivamente, havendo
contato direto com o participante ou por meio de informações
indiretas sobre ela.
Como exemplos mais claros de informações indiretas so-
bre seres humanos podemos citar: entrevistas, pesquisas de opi-
nião, questionários, acesso a prontuários, filmagens, fotografias
ou gravações em áudio ou vídeo, observação a distância, testes
ou ensino com exercícios corporais, jogos ou brincadeiras, inges-
tão de alimentos etc.
Devido ao curto prazo para o desenvolvimento do Artigo
Científico, bem como à relação de documentos necessária para
submissão do Projeto de Pesquisa à avaliação do Comitê, reco-
mendamos que você opte por desenvolver um artigo de revisão
bibliográfica, ou mesmo artigo de pesquisa de campo que não
envolva seres humanos. Contudo, caso tenha interesse em tra-
balhar com dados de pessoas, você deverá seguir os passos cita-
dos nos próximos subitens.
Se você decidir formular um Projeto de Pesquisa com seres

30 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

humanos, deverá levar em conta que será necessário se debru-


çar profundamente sobre os referenciais teóricos que balizarão o
seu Projeto de Pesquisa. Vejamos o que a Resolução CNS 196/96
(apud CONEP, 2008, p. 34, com destaque nosso) orienta, por in-
termédio do item VII. 14:
[...] a revisão ética de toda e qualquer pesquisa envol-
vendo seres humanos não poderá ser dissociada de sua análi-
se científica. Não se justifica submeter seres humanos a riscos
inutilmente e toda pesquisa envolvendo seres humanos envolve
risco (Res. CNS 196/96-V). Se o projeto de pesquisa for inade-
quado do ponto de vista metodológico, é inútil e eticamente
inaceitável.

Percebeu a seriedade? Contextualizando em linhas ge-


rais a orientação supracitada, podemos entender que, para ser
aprovado pelo comitê, além do atendimento de todas as devidas
considerações éticas, que serão tratadas logo mais, seu projeto
deverá apresentar uma consistente revisão teórica, que sustente
o tema delimitado e os objetivos a serem alcançados, apoiados,
ainda, em uma metodologia minuciosamente descrita e perti-
nente ao problema da pesquisa e ao que será analisado (cor-
pus).

Importante!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Você deve estar preocupado com a quantidade de detalhes apresentados. En-
tretanto, cada item do Projeto de Pesquisa será abordado de maneira especí-
fica e didática nas próximas unidades. De qualquer forma, sugerimos que
aproveite o tempo e comece a refletir sobre um possível tema para seu
Artigo Científico, uma vez que, na próxima unidade, você deverá obriga-
toriamente escolher um. Lembre-se: nossa sugestão é que você desen-
volva uma pesquisa que não envolva dados diretos e indiretos de seres
humanos, conforme os conceitos já trabalhados.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 31


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Envio do Projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa


De acordo com determinação da Comissão Nacional de Éti-
ca em Pesquisa (Conep), com base na carta nº 327/2011/CONEP/
CNS/MS, a partir de 2012, a submissão e apreciação de pesqui-
sas com seres humanos deverá ser feita por meio da Platafor-
ma Brasil. Trata-se de uma ferramenta desenvolvida pela equipe
técnica do Conselho Nacional de Saúde (CNS) com o intuito de
regularizar e acompanhar com mais proximidade as atividades
dos mais de 600 CEPs distribuídos no território nacional.
Desse modo, se você optar por uma pesquisa com seres hu-
manos, deverá acessar o site da Plataforma Brasil (BRASIL, 2015)
e se cadastrar no sistema. Por meio dele, além de enviar seu Pro-
jeto de Pesquisa ao comitê, você poderá acompanhar os trâmi-
tes da análise e receber o parecer correspondente à avaliação.

Importante–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Caso você tenha compreendido o conceito de pesquisa com seres humanos
aqui referenciado, e já tenha em mente que realizará uma pesquisa que não
envolva, direta ou indiretamente, dados de pessoas, você não precisará
fazer a leitura das páginas seguintes da presente unidade. Desse modo,
recomendamos que você reinicie a leitura a partir do tópico “2.4 Noções de
Escrita Acadêmica”.
É claro que, durante o transcorrer de seus estudos, você poderá mudar de
opção. Isso poderá ocorrer principalmente durante as leituras da Unidade 2,
momento em que você deverá delimitar o seu tema de pesquisa. Caso isso
ocorra, basta retornar a esta unidade e fazer a leitura completa dos tópicos.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Cadastro na Plataforma Brasil


O primeiro passo a ser dado antes de enviar seu Projeto ao
CEP/CLARETIANO é o cadastro na Plataforma Brasil. Alunos de
cursos de Pós-Graduação podem se cadastrar como pesquisador

32 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

responsável não necessitando de um orientador designado para


encaminhar o projeto à avaliação, conforme orientação do Ma-
nual Operacional:
A pós-graduação pressupõe a existência de responsabilidade
profissional, o desenvolvimento de competências nas áreas
científica e metodológica e o conhecimento das normas de pro-
teção aos sujeitos de pesquisa, por parte do pesquisador. Assim
sendo, o pós-graduando tem qualificação para assumir o papel
de pesquisador responsável (CONEP, 2008, p. 27).

Você, como aluno de curso de graduação, precisará de um


orientador (Tutor da disciplina) que se cadastre na Plataforma
Brasil, e submeta o Projeto de Pesquisa à avaliação. Durante o
cadastro na Plataforma Brasil, você deverá “portar” os seguintes
itens:
1) Documento com foto digitalizado (JPG ou PDF) – po-
dendo ser a CNH, ou mesmo o RG.
2) Curriculum vitae ou Lattes, em formato “doc”, “docx”,
“odt” ou “pdf”.
3) E-mail pessoal.
4) Número do CPF.

Nota–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Cabe referenciar que o cadastro na Plataforma Brasil é “único”. Isso significa
que, caso futuramente o pesquisador venha a fazer outra pesquisa com seres
humanos, bastará acessar a Plataforma e enviar o projeto segundo os trâmites
aqui tratados.
Dúvidas sobre a utilização da Plataforma Brasil podem ser encaminhadas para
o seguinte e-mail: <plataformabrasil@saude.gov.br>. Há também a opção do
chat on-line. Para utilizá-lo, acesse o site da Plataforma Brasil (BRASIL, 2015),
clique em Central de Suporte (botão localizado ao lado direito do topo da pá-
gina) e posteriormente em atendimento on-line.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 33


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Após a efetivação do cadastro, o pesquisador receberá um


e-mail com a senha de acesso. O login será exatamente o mesmo
e-mail cadastrado. Posteriormente, o pesquisador poderá alte-
rar a senha conforme sua preferência. O próximo passo é reunir
todos os documentos exigidos pelo comitê, para, no momento
seguinte, submeter o projeto à avaliação do comitê.
Os modelos dos documentos podem ser obtidos na pági-
na do CEP/CLARETIANO, especificamente no menu Formulários
(CLARETIANO, 2015b).
Mas quais são os documentos obrigatórios? Qual sua fun-
ção? Indicaremos quais são e, adiante, explicaremos sucinta-
mente o que eles significam:
1) Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
2) Declaração de Anuência e Termo de Compromisso.
3) Currículo Lattes dos pesquisadores.
4) Folha de Rosto.
5) Projeto de pesquisa na íntegra.
Agora, vamos a cada um deles.

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)


A página virtual do Comitê de Ética em Pesquisa da Uni-
versidade Federal do Amazonas (Ufam) aponta-nos uma objetiva
definição para o TCLE. Vamos a ela:
O TCLE é um documento que informa e esclarece o sujeito da
pesquisa de maneira que ele possa tomar sua decisão de forma
justa e sem constrangimentos sobre a sua participação em um
projeto de pesquisa. É uma proteção legal e moral do pesquisa-
dor e do pesquisado, visto ambos estarem assumindo respon-
sabilidades. Deve conter, de forma didática e bem resumida,

34 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

as informações mais importantes do protocolo de pesquisa


(UFAM, 2015).

O TCLE deve ser redigido como uma espécie de convite ao


voluntário da pesquisa. Sua linguagem deve respeitar a norma
culta da língua, mas evitar o emprego de termos técnicos ou de
um vocabulário pouco comum (rebuscado).
Quando um projeto é enviado ao Comitê de Ética, a equipe
de relatores observará com atenção esse quesito. A linguagem
deve ser suficientemente clara para que um leigo consiga enten-
der todos os detalhes. Em raríssimas exceções uma pessoa co-
mum conhecerá parte dos termos técnicos de sua área.
É de suma importância que, no TCLE, não sejam omitidos
possíveis riscos e/ou desconfortos ao voluntário da pesquisa. No
TCLE, é preciso pontuar detalhadamente todo possível constran-
gimento, desconforto ou risco que a pesquisa poderá trazer ao
voluntário.

Dispensa do TCLE
Caso o pesquisador venha a trabalhar com dados arquiva-
dos (dados indiretos), não será necessário aplicar o TCLE. Toda-
via, deverá solicitar ao Comitê de Ética a dispensa da necessidade
de entrega do documento. Como fazê-lo? Durante o cadastro do
Projeto de Pesquisa na Plataforma Brasil, mais especificamente
na Tela 5, haverá um item em que o pesquisador poderá assina-
lar e justificar a dispensa do documento.

Informações imprescindíveis ao TCLE e sua aplicação


Se, de acordo com seu Projeto de Pesquisa, for necessário
aplicar o TCLE, o pesquisador deverá fazê-lo em duas vias, de

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 35


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

modo que uma delas seja entregue ao voluntário e a outra seja


arquivada pelo pesquisador. Ambas devem ser assinadas pelo
voluntário (ou responsável) e pelo pesquisador.
Em suma, além das orientações já citadas, o TCLE deve
conter:
1) Título da pesquisa.
2) Objetivos da pesquisa.
3) Local de realização da pesquisa.
4) Tempo de duração da pesquisa.
5) Número de seções nas quais a presença do voluntário
será necessária.
6) Riscos e benefícios com relação à pessoa do voluntário.
7) Linguagem clara e acessível, evitando termos técnicos
(como já citado).
8) Metodologia da pesquisa (descrita clara e sucintamen-
te) indicando a forma de participação do sujeito.
9) Declaração de que a participação do sujeito é voluntá-
ria (e sem gastos).
10) Explicitação de que o voluntário pode deixar de partici-
par da pesquisa quando quiser, sem qualquer prejuízo.
11) Menção da garantia de sigilo para com a identidade do
voluntário.
12) Nome do pesquisador e telefone para contato.
13) Campo para assinatura do voluntário, no qual este de-
clara estar ciente e de acordo com a pesquisa.
14) Campo para assinatura do pesquisador (adaptado de
UFAM, 2015).

36 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Importante–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O pesquisador poderá recorrer ao modelo disponível na página do CEP/CLA-
RETIANO (CLARETIANO, 2015b).
Caso seja de seu interesse, conheça com profundidade os critérios-chave ob-
servados pelo Comitê de Ética em Pesquisa na análise dos projetos submeti-
dos à sua apreciação, a partir da leitura do conteúdo compreendido entre as
páginas 31 a 38 do Manual operacional para comitês de ética em pesquisa
(BRASIL, 2008). Cabe reiterar: sugerimos a realização de um trabalho de re-
visão bibliográfica.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
São muitos detalhes, não? Entretanto, são necessários
para garantir o respeito à pessoa humana. Reflita sobre isso.

Declaração de Anuência e Termo de Compromisso


“Anuir” significa “aprovar”, “consentir”. A Declaração de
Anuência ou Termo de Compromisso é um documento a ser as-
sinado pelo responsável do local em que a pesquisa será realiza-
da, autorizando sua realização.
A declaração deve ser emitida em papel timbrado da insti-
tuição de realização do estudo. Ou seja: se o Projeto de Pesquisa
prevê a aplicação de questionários em uma equipe de um depar-
tamento da Universidade de São Paulo (USP), quem deve assinar
a declaração de anuência é o responsável pelo departamento.
Atenção!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O modelo da Declaração de Anuência e Termo de Compromisso também
pode ser encontrado no site do Claretiano (2015b).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 37


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico
3. 2.

Currículo Lattes do pesquisador


O currículo Lattes é um instrumento acadêmico de gran-
de abrangência, importante, principalmente, para profissionais
e pesquisadores da esfera acadêmica. O currículo Lattes é gerido
pelo CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa). Caso o pesquisador
não tenha currículo Lattes e não tenha interesse em criar um,
prepare um curriculum vitae.

Conheça a plataforma Lattes. Acesse o site por meio do link dis-


ponível em: <http://lattes.cnpq.br/>. Acesso em: 15 jan. 2016.

Projeto de pesquisa na íntegra


Em suma, antes de enviar o projeto à análise, será necessá-
rio ampliar sua estrutura, de modo que outros itens que não são
exigidos no modelo de Projeto de Pesquisa do Claretiano – Cen-
tro Universitário sejam atendidos de acordo com as diretrizes da
CONEP. Para ter uma visão do todo acesse o Manual Ilustrado da
Plataforma Brasil.
Manual Ilustrado da Plataforma Brasil––––––––––––––––––
Com base no modelo elaborado pela equipe técnica responsável pela
Plataforma Brasil, a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) criou um

38 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

tutorial que orienta detalhadamente as etapas de cadastro do Projeto de


Pesquisa. O nome do documento é Manual Ilustrado da Plataforma Brasil.
É possível acessá-lo por meio do link disponível em: <http://www.cep.ufam.
edu.br/attachments/010_Manual%20Ilustrado%20da%20Plataforma%20
Brasil%20%28CEP-UFAM%29.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2016.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Folha de Rosto
A Folha de Rosto é um documento elaborado simultanea-
mente ao cadastro do Projeto de Pesquisa na Plataforma Brasil.
Nela é indicada parte dos dados da pesquisa. A Folha de Rosto
somente será disponibilizada para impressão na Tela 5 do ca-
dastro do Projeto, após o preenchimento de todos os dados im-
prescindíveis. O pesquisador deverá, então, imprimi-la, assiná-la,
digitalizá-la e inseri-la no sistema.

Envio do Projeto ao Comitê de Ética


Para iniciar o cadastro do Projeto de Pesquisa, o pesquisa-
dor deverá acessar a Plataforma (BRASIL, 2015) e clicar inicial-
mente em nova submissão. Será exibido um formulário a ser
preenchido.
Importante–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Caso considere mais fácil, o pesquisador poderá acompanhar um tutorial sobre
o cadastro na Plataforma Brasil em forma de vídeo, que está disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=0md74C5ycYI>. Acesso em: 15 jan. 2016.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A partir do conteúdo abordado até o momento, você deve
estar pensando que pesquisar não é fácil, e isso está correto.
Entretanto, ninguém nasce pesquisador. É necessário dar os pri-
meiros passos, e gradativamente assimilar os conceitos-chave a
serem observados na construção do texto científico. Para tanto,

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 39


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

é imprescindível dedicar-se com esmero às atividades da disci-


plina e se organizar quanto a horários de leitura e escrita. Assim
procedendo, e esclarecendo suas dúvidas com o Tutor responsá-
vel, será possível desenvolver um bom Projeto de Pesquisa, e por
extensão, um bom Artigo Científico. Pense nisso!

Importante!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Na Unidade 2, você escolherá o tema a ser abordado em seu Artigo Científico.
Antes de optar por uma pesquisa com seres humanos, reflita sobre as orienta-
ções desta unidade, pois a realização desse tipo de pesquisa demanda mais
tempo e rigor. Na condição de pesquisador, é seu dever pensar sobre a
viabilidade do Projeto.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Dica:
Caso ainda tenha alguma dúvida sobre os trâmites que envol-
vem o Comitê de Ética em Pesquisa da instituição, você poderá
entrar em contato pelo e-mail: cepclaretiano@claretiano.edu.br.

Também é possível acessar a página do CEP/CLARETIANO


(CLARETIANO, 2015a).

Agora trataremos de noções que também lhe serão muito


úteis para o cumprimento das atividades da disciplina, ou seja,
na construção de seu Projeto de Pesquisa e na elaboração de
seu Artigo Científico. Portanto, você deverá tê-las a tiracolo para
consultá-las até a conclusão da escrita do artigo. Pense nisso!

2.4. NOÇÕES DE ESCRITA ACADÊMICA


Os limites da minha linguagem denotam os limi-
tes do meu mundo (WITTGENSTEIN, 1968, p.111).

40 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Cotidianamente, nos comunicamos por meio de textos,


sejam eles orais ou escritos. No trânsito, em casa, no trabalho,
nas redes sociais, construímos diálogos e significados a partir de
textos. Devido à importância da comunicação em nosso dia a
dia, podemos afirmar que comunicar-se bem é um valor social
indispensável.
É claro que os textos são menos ou mais elaborados de
acordo com a finalidade para as quais os empregamos. Isso nos
permite concluir que seu formato está indissociavelmente ligado
à necessidade do campo comunicativo em que será utilizado.
Por exemplo, se você está em casa com seu marido ou es-
posa, à mesa do café da manhã, e quer pedir o pão que não está
ao seu alcance, provavelmente dirá: “Por gentileza, me passe o
pão?” (em vez de: “Por gentileza, passe-me o pão?”). Ou mes-
mo, em uma partida de futebol com os amigos, você, livre de
marcação, poderá pedir (provavelmente aos berros) ao compa-
nheiro de time que avança em direção ao gol adversário: “Passa
a bola!!!” (em vez de “Passe-me a bola!!!”).
Em contrapartida, caso você seja professor e for receber
o pai de um aluno em sua escola, para uma reunião, tomará
mais cuidado com o que e como dirá. E não é para menos: para
cada finalidade comunicativa, é necessário um modo discursivo
diferente.
O nível de linguagem a ser empregado na construção de
um texto científico é o nível da norma culta da língua. Isso não
significa, porém, que a linguagem coloquial (ou da fala) seja pior
que a linguagem que segue as regras da gramática. O que signi-
fica é que o nível de linguagem empregado na construção de um
texto deve ser compatível com o seu gênero. E o gênero acadê-
mico exige a observação da norma culta da língua.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 41


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Falar e escrever exigem níveis discursivos diferentes. Aqui


estamos tratando da escrita, especificamente da escrita acadê-
mica. E ela, como tal, tem normas bem estabelecidas.
Infelizmente, no Brasil, nota-se que muitos alunos chegam
ao Ensino Superior, ou mesmo concluem a Graduação, sem es-
tarem efetivamente letrados. Em outras palavras, muitos alunos
chegam à Pós-Graduação com dificuldades de diversos níveis
quanto ao entendimento e redação de textos, como podemos
confirmar por meio do argumento do professor Faraco (2014,
n.p.):

Somos ainda [...] uma sociedade com baixo índice de escolari-


dade e, claro, baixo índice de letramento. Nossas relações com
a linguagem escrita e com a cultura letrada são ainda muito li-
mitadas. Há claras dificuldades com a leitura e compreensão
de textos; e grandes dificuldades com a produção de textos,
conforme se observa cotidianamente com os alunos do Ensino
Superior: suas dificuldades são indicadores relevantes porque
são estudantes que concluíram a Educação Média.

Durante a construção do Projeto de Pesquisa e do Artigo


Científico você precisará “enfrentar o papel em branco”, isto é,
precisará enfrentar o exercício desafiador e criativo de escrever.
Se você não lê regularmente, possivelmente terá mais dificulda-
de na confecção de seus trabalhos acadêmicos, principalmente
na elaboração do projeto e do artigo. Portanto, se você se encai-
xa nessa observação, é hora de mudar!
Os princípios indispensáveis à redação científica podem ser
resumidos em quatro pontos fundamentais: “[...] clareza, preci-
são, comunicabilidade e consistência” (BASTOS et al., 2000, p.
15). Não se aprende a escrever bem de uma hora para outra, em

42 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

um passe de mágica. Dificilmente se escreve com qualidade sem


leituras antecedentes de textos ligados aos gêneros acadêmicos.
É preciso familiarizar-se com o gênero específico. A escrita aca-
dêmica, principalmente, exige prática e disciplina.

A Linguagem do Texto Acadêmico


Aprendamos do céu o estilo da disposição,
e também o das palavras. As estrelas são muito
distintas e muito claras. Assim há de ser o estilo
[...]; muito distinto e muito claro. E nem por isso
temais que pareça o estilo baixo; as estrelas são
muito distintas e muito claras, e altíssimas. O estilo
pode ser muito claro e muito alto; tão claro que
o entendam os que não sabem e tão alto que te-
nham muito que entender os que sabem (Vieira,
1965).

Dentre as contribuições dos estudos da ciência linguística,


pode-se ressaltar a noção de que um ato de comunicação se es-
tabelece efetivamente quando um emissor (aquele que “fala”),
dialoga com um receptor (aquele que “ouve”), de maneira que
ambos se entendam. Se assim ocorrer, a comunicação é consi-
derada bem-sucedida. Entretanto, em um texto acadêmico, não
basta estabelecer uma comunicação genérica, como a que utili-
zamos frequentemente em nossas relações cotidianas. “Dizer” e
ser “entendido” é um pressuposto, mas não o único. De acordo
com Piacentini (2009, p. 318):
A aplicação de regras gramaticais e metodológicas só tem eficá-
cia quando a tese, a monografia ou dissertação traz boa subs-
tância. Jogar todas as fichas na pesquisa, leituras, na base teó-
rica, parece mais relevante do que se preocupar com a redação
em si – e disso ninguém duvida. Mas é com palavras que se
transmitem ideias! Embora a forma tenha peso menor, não se
pode absolutamente subestimá-la.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 43


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Não basta que sua pesquisa aborde um bom tema e te-


nha uma problematização adequada (a delimitação do tema e a
questão do problema na pesquisa serão abordados na Unidade
2); não basta que o referencial teórico seja sólido e que você faça
boas descobertas. Ser pesquisador não significa somente fazer
ciência, mas também escrever ciência. Na confecção de seu Pro-
jeto de Pesquisa e de seu Artigo Científico, você está na condição
de pesquisador. Um bom achado no campo da ciência pode, por
exemplo, ter sua publicação vetada, caso não apresente uma lin-
guagem adequada.
O texto científico precisa ser sóbrio, apresentando equilí-
brio entre os dois planos. Veja a Figura 2:

Figura 2 Plano de expressão e plano de conteúdo.

Com isso, fica claro que, no texto científico, plano de con-


teúdo e plano de expressão precisam “andar” juntos, precisam
ser cuidados com rigor.
Relatar o trajeto utilizado para a construção de um novo
saber, bem como compartilhar com clareza as contribuições de
sua pesquisa para o debate científico, exige comunicação ade-
quada. Ótimos resultados de estudos não comunicados de ma-
neira clara, com o emprego de uma linguagem fluente e sem o
cuidado da estrutura do gênero acadêmico, podem tornar o bom
resultado em uma “má ciência”. Isso seria “ciência mal comuni-
cada”. Você precisa se fazer compreendido. A linguagem científi-
ca é informativa e técnica.

44 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Importante!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Escrever academicamente bem não significa conceber um texto formado por
termos e construções truncados. Pelo contrário: significa saber comunicar
suas ideias com clareza, respeitando as especificidades do gênero. O uso de
uma linguagem rebuscada tende a afastar o leitor do entendimento das ideias
que você, como autor, deseja comunicar. Ao redigir sua pesquisa, pressuponha
que seu leitor não compartilha dos mesmos conhecimentos prévios que você.
Quando está confeccionando seu Projeto de Pesquisa e seu Artigo Científico,
você está na posição de um comunicador da ciência. Sua palavra se dirige
a um “outro”. Portanto, ao redigir cada um dos parágrafos, você deve se
perguntar: “o leitor compreenderá exatamente o que pretendi ‘dizer’?”
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Concisão, objetividade e clareza


No romance Dom Casmurro, Machado de Assis constrói
um personagem chamado José Dias. Segundo o narrador, José
costuma dar ênfase ao seu discurso por meio do superlativo, o
que faz com que aquele o ironize: “Se achares neste livro algum
caso da mesma família, avisa-me, leitor, para que o emende na
segunda edição; nada há mais feio que dar pernas longuíssimas
a idéias brevíssimas” (ASSIS, 1995, p. 101, destaque nosso).
O exemplo extraído do romance supracitado é pertinente
ao texto acadêmico, o qual tem como uma de suas bases a con-
cisão. Em linhas gerais, escrever concisamente é ser econômico
ao escrever.
Essa economia consiste em construir um alicerce argumen-
tativo claro e objetivo, sem dar vazão à prolixidade. O texto aca-
dêmico funciona segundo a expressão de que “menos é mais”.
Vejamos como o escritor alagoano Graciliano Ramos entende o
processo da escrita:
Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de
Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira la-

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 45


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

vada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou riacho, torcem


o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam anil
e sabão, torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais
uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano
na laje ou na pedra limpa e dão mais uma torcida e mais ou-
tra, torcem até não pingar do pano uma só gota (RAMOS, 2015,
n.p.).

A perspectiva do autor de Vidas Secas sobre a escrita lite-


rária vem ao encontro das diretrizes do texto científico: escrita
é lavor. Isto é, escrita é trabalho. Até chegar ao produto final,
é necessário “transpirar”, como as lavadeiras trabalham com a
roupa suja “[...] até não pingar do pano uma só gota” (RAMOS,
2015, n.p.).
É esse o processo pelo qual seu Projeto de Pesquisa e
seu Artigo Científico precisam passar. Em outras palavras, você
pode entender que, além da redação, terá que se valer de re-
visões e reescritas, acrescentando o necessário e cortando o
desnecessário.

Importante!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Perceba que temos tratado das atividades deste estudo, divididas entre dois
fins: Projeto de Pesquisa e Artigo Científico. Tratamo-las assim, pois são de
gêneros diferentes. A compreensão desse pressuposto é relevante para sua
vida acadêmica. Entretanto, é salutar que você compreenda, para atendimento
do que é proposto na disciplina, as duas atividades como um único fluxo se-
quencial. Ou seja, um depende estritamente do outro. Em outras palavras, o
Projeto de Pesquisa elaborado aqui em linhas gerais, já é um pré-texto (plano
de texto) da atividade-fim: o artigo científico.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A concisão é laboriosa. Engana-se quem se deixa levar pela
ideia de associar qualidade de escrita científica a textos longos.
Umberto Eco, em sua obra Como se faz uma Tese, oferece-nos

46 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

um exemplo pertinente ao contexto: “Certo, a descoberta da


equação de Einstein, E = mc2, exigiu muito mais engenho do que
qualquer brilhante manual de física” (ECO, 1998, p. 113).
Para alcançar a concisão, é necessário pensar, repensar, re-
visar e, em algumas partes, reescrever – ajustando, cortando ou
acrescentando. Para se chegar a um texto “enxuto”, você deverá
trabalhar como um artesão que esculpe sua obra. Você começa
o trabalho sobre a pedra bruta e vai lhe dando forma.
A Professora Mirian Gold, em sua obra Redação Empresa-
rial: escrevendo com sucesso na era da globalização, oferece-nos
um bom exemplo para refletirmos sobre concisão. Vejamos os
dois textos a seguir:
A média de produção para o último ano fiscal é maior do que a
do ano anterior, porque aquele foi o ano em que se instalaram as
novas prensas de estamparia, automáticas e hidráulicas, portan-
to aumentando o número de peças estampadas durante o perío-
do, assim como também foi o ano em que se introduziram novos
métodos de economia de tempo e economia de mão-de-obra,
e que também contribuíram para a média maior de produção
(GOLD, 2005, p. 17).
A média de produção do último ano fiscal foi maior que a do
ano anterior. Instalaram-se novas máquinas hidráulicas, auto-
máticas, de alta velocidade, para estamparia e introduziram-se
novos métodos de economia de tempo e trabalho (GOLD, 2005,
p. 17).

Os dois exemplos tratam da mesma informação, entretan-


to é fácil observar que o segundo texto reproduziu a essência do
primeiro, sem perder a substância. O texto 2 nos traz um exem-
plo de “escrita enxuta”, objetiva.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 47


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Objetividade
Na literatura, a exploração de recursos que conduzem o lei-
tor a construir significações múltiplas é bem vista. Grosso modo,
podemos entender isso como subjetividade.
No caso da literatura, que se constrói a partir de um traba-
lho de elaboração da linguagem para o alcance de efeitos lúdi-
cos ou de estilo, a subjetividade é perfeitamente adequada, pois
aumentará o potencial de significado do texto. Ao lê-lo, o leitor
poderá chegar a várias interpretações. O mesmo não se aplica
ao texto científico. E é justamente esse o gênero sobre o qual
você deverá se debruçar para construir seu Projeto de Pesquisa
e seu Artigo Científico.
Conceito de Literatura–––––––––––––––––––––––––––––––
Perceba que aqui utilizamos o conceito “moderno” de literatura, tido como a
“[...] linguagem carregada de significado” (POUND, 2006, p. 32). Referimo-nos
aqui aos textos que trabalham com o lúdico, com a imaginação e subjetividade.
É comum, por exemplo, empregar a expressão “literatura médica” para as pu-
blicações correspondentes à área da Medicina, e assim sucessivamente para
outras áreas. Também se trata de um uso adequado do termo. Nesse caso,
“literatura” indica o conhecimento já publicado e aceito pela comunidade cien-
tífica da área.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Diferentemente do texto literário, o texto científico tem
parâmetros normativos bem estabelecidos. Tais parâmetros são
comuns à comunidade científica. Isto é, há um “código” relativa-
mente homogêneo na composição dos textos que se prestam à
apresentação do conhecimento científico. E é esse código que
você deverá aprender a manusear.

Clareza e escolha de vocabulário

48 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

A escolha do vocabulário e a confecção das orações devem


estar a seu serviço enquanto autor da pesquisa, e a serviço do
entendimento do leitor. É uma via de mão dupla. Portanto, pro-
cure empregar uma linguagem denotativa, que não venha a sub-
verter o que você intencionou expressar. Vamos a um exemplo
elementar, retirado e adaptado da obra Redação Científica: “O
iminente professor foi escolhido como paraninfo da formatura”
(ILHESCA; SILVA; SILVA, 2013, p. 69, destaque nosso).
Identificou qual é a inadequação? O termo “iminente” sig-
nifica “algo prestes a acontecer”. Possivelmente, o autor quis
realçar a importância do Professor escolhido como paraninfo da
turma. Nesse caso, o termo correto é “eminente” – que indica
“excelência” – isto é, significa que o professor convidado é de va-
lor “notável”. Temos aí um caso de imprecisão vocabular: a troca
de “eminente” por “iminente”. Uma palavra errada mudou com-
pletamente a interpretação do texto.
Vamos a outro exemplo, adaptado da mesma obra: “A filha
do ministro que veio de São Paulo, passou a noite em Cuiabá”
(ILHESCA; SILVA; SILVA, 2013, p. 69, destaque nosso).
Temos aí um caso de ambiguidade – inimiga de qualquer
texto ou forma de comunicação. Nesse caso, não houve clareza.
Veja: “Quem veio de São Paulo: a filha ou o ministro?” (ILHESCA;
SILVA; SILVA, 2013, p. 69).
Indiscutivelmente, o uso inadequado do pronome relativo
(“que”) geraria uma leitura dúbia por parte do leitor. Imagine o
quanto uma inadequação como essa pode prejudicar um texto
que se presta ao conhecimento científico, como seu Projeto de
Pesquisa e seu Artigo Científico?

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 49


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

A obra Redação Científica explica que o vocabulário repe-


titivo também é um dos inimigos do texto científico. Além de
empobrecer o tecido textual e desestimular o leitor, evidencia
um repertório linguístico restrito por parte do autor. Isto é, o lei-
tor perceberá que você tem um vocabulário limitado (ILHESCA;
SILVA; SILVA, 2013).
Vejamos um outro exemplo: “O professor explicou ao alu-
no que na sala de aula é o professor a autoridade e que, por isso,
os alunos devem sempre respeitar os professores”(ILHESCA; SIL-
VA; SILVA, 2013, p. 68, destaque do autor).

Importante–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Variar as palavras, termos e conectivos é positivo; contudo, é necessário ter
atenção para empregar palavras que realmente correspondam ao sentido que
se pretende transmitir. Por isso, adquira o hábito de consultar dicionários. Um
termo mal-empregado pode levar o leitor a subtrair do texto outro sentido.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Paragrafação e progressão textual


São problemáticos os parágrafos extensos, com ideias que
se misturam, confundem o leitor, dificultando o entendimento
do que se pretende comunicar. A obra O texto sem mistério: o
texto e a escrita na universidade orienta-nos sobre esse princípio:
É justamente o bom entrosamento das unidades oracionais que
garante a organização dos parágrafos, não devendo haver frag-
mentação da mesma ideia em vários parágrafos nem apresenta-
ção de muitas ideias em um só parágrafo (GOLDSTEIN; LOUZA-
DA; IVAMOTO, 2009, p. 54).

A confecção de parágrafos longos pode misturar a ideia


principal (do parágrafo) com outras ideias. A professora Maria

50 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

do Carmo Silva Soares, na obra Redação de Trabalhos Científicos,


trata cada parágrafo “[...] como uma unidade de pensamento”
(SOARES, 1995, p. 135); portanto, cada um dos parágrafos do
texto deve ser composto de “início”, “meio” e “fim”. Concluindo-
-se um determinado raciocínio, procede-se com a incursão de
um novo parágrafo.
Esse cuidado com a paragrafação deve estar ligado à pro-
gressão textual. A abordagem do tema deve ser tecida por meio
de uma sequência lógica, gradativa. Você, na condição de autor,
deve ter o cuidado de não fugir do objetivo principal da pesqui-
sa. Antes de considerar o texto pronto, reflita se as ideias desen-
volvidas nos parágrafos são realmente necessárias à discussão
proposta.
Para melhor encadeamento das ideias e entendimento do
leitor, sugerimos que redija frases curtas. Não há uma medida
exata que indique o número máximo de linhas de um parágrafo.
Cabe a você usar o bom senso.
Repare na linguagem empregada nesta obra. Temos a exis-
tência de parágrafos relativamente curtos, com alguns mais lon-
gos para efeito didático, que oferecem um diálogo entre leitor,
texto e autor. Se estivéssemos redigindo um Projeto de Pesqui-
sa, ou mesmo, um Artigo Científico, a linguagem teria um outro
tom: seria mais direta, econômica, objetiva e impessoal.
Vamos a um exemplo:
O pianista Wittgenstein, que era irmão do famoso filósofo que
escreveu o Tractatus Logico-Philosophicus, que muitos hoje
consideram a obra-prima da filosofia contemporânea, teve a
sorte de ver escrito especialmente para ele, por Ravel, o con-
certo para mão esquerda, uma vez que perdera a direita na
guerra (ECO, 1998, p. 115).

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 51


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

A partir da leitura do trecho, podemos depreender certas


informações. São elas:
1) Wittgenstein era pianista.
2) Wittgenstein era irmão de um filósofo famoso.
3) Wittgenstein era irmão de Ludwing Wittgenstein (au-
tor do Tractatus Logico-Philosophicus)
4) Ludwing Wittgenstein é o autor de Tractatus
Logico-Philosophicus.
5) Atualmente o Tractatus Logico-Philosophicus é con-
siderado por “muitos” a obra-prima da Filosofia
contemporânea.
6) Ravel escreveu para Wittgenstein um concerto para a
mão esquerda.
7) Wittgenstein perdeu a mão direita na guerra.
Mas qual o objetivo do texto? Não seria informar que Ravel
escreveu um concerto para a mão esquerda, composto especial-
mente para Wittgenstein, devido ao acidente que este sofrera na
guerra? Seriam as outras informações necessárias ao tópico tra-
balhado? No exemplo dado, o autor usou e abusou de orações
subordinadas. O texto ficou prolixo. Há excesso de informações
não necessárias ao objetivo-fim, o que pode distrair o leitor e
desviar o foco do pretendido.
Como já citado, o texto acadêmico é informativo; entre-
tanto, as informações empregadas devem estar a serviço do ob-
jetivo da pesquisa. Não podem ser mera “perfumaria”. A quan-
tidade de dados não pertinentes ao tema “sujam” a linguagem.
Atentemos para um outro exemplo: “O pianista Wittgens-
tein era irmão do filósofo Ludwig. Tendo perdido a mão direita,

52 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Ravel escreveu para ele o concerto para mão esquerda” (ECO,


1998, p. 115).
Para que “dizer” em muitas linhas o que pode ser “dito”
em duas? Temos aí um exemplo claro de concisão. Lembre-se de
que, no texto acadêmico, “menos é mais”.

Importante–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Durante a construção de seu Projeto de Pesquisa ou Artigo Científico, você
pode rascunhar inúmeras ideias. Essa é uma estratégia positiva para que não
se percam boas observações encontradas durante as leituras e/ou reflexões.
Posteriormente, de acordo com o direcionamento dado ao trabalho, você terá
que descartar algumas delas: algumas por perceber, devido a um entendimen-
to maduro da teoria, que não compreendia tão bem antes, e outras por serem
menos importantes em relação ao tema pesquisado. Todavia, todo o texto de-
verá passar por revisões até chegar ao “produto final”.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Pessoa pronominal
O texto científico se constrói a partir de um “apagamento”
do “sujeito pesquisador”. Em sua esfera, a “pessoalidade” é uma
prática condenada. Basicamente, há duas maneiras de redigir o
texto científico.
A orientação é que, seja qual for a opção tomada, esta seja
seguida ao longo de todo o texto. Hibridismo não é bem visto no
gênero científico. Vejamos o que orienta a professora Maria do
Carmo Silva Soares:
Os verbos que indicam certeza, cujo sujeito se dilui sob a forma
de um elemento de significação ampla e impessoal, indicando
que o enunciado é produto de um saber coletivo, que se deno-
mina ciência, esses verbos indicam certeza e o enunciador vem
generalizado por um “nós” em vez de “eu”, ou ainda indetermi-
nado (SOARES, 1995, p. 141).

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 53


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Vamos aos exemplos. Primeiro, aqueles que usam a pri-


meira pessoa do plural:
• “A leitura de Haraway (2000) nos permite inferir que...”.
• “Concluímos, a partir do referencial teórico de Haraway
(2000), que...”.
Em seguida, aparecem exemplos de apagamento total do
sujeito:
• “A partir das premissas de Haraway (2000), depreende-
-se que...”.
• “Constata-se, balizado em Haraway (2000), que...”.
Não é tão difícil, não é mesmo? Mas fica aqui uma orien-
tação relevante: se você optar pelo tom na primeira pessoa do
plural, faça-o durante todo o texto. O mesmo serve para o caso
de escolher o uso da forma passiva seguida do pronome “se”.
Jamais se deve usar a primeira pessoa do singular.
A impessoalidade não está restrita ao uso correto da pes-
soa pronominal, mas ao todo do texto. Na escrita de seu Projeto
de Pesquisa e Artigo Científico, é necessário se policiar para que
suas impressões particulares não apareçam na “superfície do
texto”. Vejamos um exemplo:
• “De acordo com Haraway (2000), a libertação feminina
depende da construção da consciência de sua opres-
são, da atribuição de significado a todo o conjunto de
experiência de vida que seja elemento identificador do
‘ser mulher’. Dessa forma, a história das mulheres pre-
cisa ser reinventada, já que as experiências femininas
se perderam quando a visão da história concentrou-se
apenas nos homens”.

54 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Percebeu quais são as inadequações? Vamos trabalhá-las


uma a uma.
No início do parágrafo, o autor recorre à uma paráfrase
de Haraway, sobre o tema “libertação feminina”. Na sequência,
emprega uma conjunção coordenativa conclusiva (“dessa forma”
– o mesmo que “portanto”), como se a afirmação a seguir reto-
masse o já dito na paráfrase, acrescentando-lhe a conclusão da
ideia.
Ora, analisando o parágrafo no todo, diagnosticamos que
trata-se de duas afirmações que não se complementam. Na pri-
meira, temos o tema “libertação feminina”; na segunda, temos a
abordagem da “necessidade de se reinventar a história das mu-
lheres”. As ideias não estão interligadas.
O exemplo nos indica, de início, ao menos duas inadequa-
ções. O emprego indevido da conjunção coordenativa conclusiva
(uma vez que uma ideia não conclui a outra), e o uso incorreto
da “paragrafação”, em que duas ideias não convergem para o
mesmo sentido, estão soltas. Deveriam ser trabalhadas em pará-
grafos separados.
Há ainda uma outra incorreção. O fragmento em destaque
indica uma afirmação parcial sem embasamento teórico.
Nesse excerto, o autor deixou que sua opinião particular
ficasse evidente, fazendo uma afirmação parcial (“a visão da
história concentrou-se apenas nos homens”). Provavelmente, o
“autor-pessoa” (autor do artigo) pensa dessa forma; e pode até
ter sua razão. Todavia, tratando-se de um texto científico, esse
tipo de construção é condenado. Como ficou claro quando fala-
mos de objetividade, a afirmação estaria adequada se estivesse
ancorada a um referencial teórico que sustentasse a ideia.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 55


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Já quanto à expressão “concentrou-se apenas”, seria ade-


quado escrever apenas “concentrou-se”, uma vez que o significa-
do do verbo concentrar já remete a “centralização”. Nesse caso,
o autor cometeu uma redundância. No contexto, o termo “ape-
nas”, foi utilizado desnecessariamente.
Perceba que discutimos apenas um parágrafo de poucas
linhas e identificamos diversas inadequações. Pois é, o exercício
da escrita realmente não é simples.

Adjetivação
Acabamos de falar sobre “parcialidade”. No texto acadê-
mico, o emprego de adjetivos deve ser evitado, para não causar
tal efeito. Se um adjetivo atribui “qualidade” ou “característica”
a um “substantivo”, quando o usamos no texto científico, pode-
mos incorrer a “juízos de valor”, quebrando a impessoalidade do
discurso. Veja o exemplo a seguir:
• “O excepcional Bakhtin (1991) nos traz ensinamen-
tos valiosos quanto à enunciação”.
Se o autor tivesse recorrido a uma citação literal, retirada
de literatura específica, na qual constassem os adjetivos “excep-
cional” e “valiosos”, estaria fazendo uma transcrição literal da
fonte. Todavia, os adjetivos que atribuem juízos de valor sobre
a notoriedade do teórico russo foram acrescentados pelo autor
do texto.
O texto diz algo e ponto. Como aluno-pesquisador você
deve fazer deduções a partir da literatura pesquisada. Não incor-
ra à parcialidade.

56 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Revisão final
Embora pareça cansativo consultar as “regrinhas” dos ma-
nuais de escrita acadêmica, tenha as recomendações por perto
quando estiver escrevendo o texto, isto é, construindo cada item
do seu Projeto de Pesquisa e, na sequência, durante a redação
do Artigo Científico. E utilize-as novamente para uma revisão fi-
nal, antes de considerar o trabalho pronto.
Como nos ensina o professor Antônio Soares Abreu (2008),
é imprescindível que se leve em consideração as “normas” es-
pecíficas do gênero, quando se produz um texto. Seu design é
delineado durante sua construção, e não após sua conclusão.
Lembre-se: pesquisar é fazer descobertas à luz da razão.
Escrever a pesquisa é comunicar essas descobertas.

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição
necessária e indispensável para você compreender integralmen-
te os conteúdos apresentados nesta unidade.

Apronfunde seus conhecimentos––––––––––––––––––––––


Neste tópico, há uma seleção de fontes que, se bem utilizadas, contribuirão
para que você tenha um conhecimento mais apurado dos conceitos trabalha-
dos na presente unidade. Recomendamos que você as aproveite da melhor
forma possível!
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 57


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

3.1. MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA

A seguir, relacionamos alguns vídeos que são muito im-


portantes e podem ajudar a entender o método científico, tirar
dúvidas sobre como pesquisar e oferecer dicas de como realizar
os seus estudos de forma dinâmica e sistematizada, facilitando,
assim, o alcance do objetivo principal, que é a aprendizagem.
Sobre como estudar, quais técnicas podem ser utilizadas
e como melhorar os hábitos de estudo, indicamos o seguinte
vídeo:
• WEBER, O. J. Curso completo de metodologia da pesqui-
sa – aula 1. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=isFbNOIexak>. Acesso em: 20 fev. 2015.
Outro tema importante para complementar o seu estudo é
a maneira como você lê um texto acadêmico. O texto acadêmico
pressupõe uma leitura diferente da de outros textos, devido à
sua linguagem. Sobre esse tema, sugerimos o seguinte vídeo:
• FALCONI, C.; SAUVÉ, J. Como ler um artigo científico-2.
Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=u3eDZFVDo6U>. Acesso em: 20 fev. 2015.

3.2. PESQUISAS COM SERES HUMANOS

Sobre o tema Pesquisas com Seres Humanos, sugerimos o


seguinte vídeo:
• CANAL SAÚDE. Ética em pesquisa. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=jpINI-0eFTU>.
Acesso em: 15 jan. 2016.

58 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

A título de curiosidade, indicamos também um documen-


tário sobre experiências com seres humanos em campos de con-
centração nazistas:
• GNT. Ciência e ética. Experiências do passado.
Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=UVLDwGIaLm4>. Acesso em: 15 jan. 2016.

3.3. ESCRITA ACADÊMICA

As indicações a seguir são de obras disponíveis na Bibliote-


ca Pearson. Os textos tratam com certa especificidade dos con-
ceitos-chave da escrita acadêmica. Caso tenha disponibilidade,
não deixe de fazer uma leitura atenta:
• PIACENTINI, M. T. Q. A forma em evidência: estilo e
correção em trabalhos acadêmicos. In: MEKSENAS,
P.; BIANCHETTI, L. (Orgs.). A trama do conhecimento:
Teoria, método e escrita em ciência e pesquisa. 2. ed.
Campinas: Papirus, p. 317-334 (confira na Biblioteca
Digital).
• Sobre “concisão”, “objetividade”, “clareza”, “coerência”
e “vícios de linguagem”, confira: GOLD, M. Redação
empresarial: escrevendo com sucesso na era da
globalização. 3. ed. São Paulo: Pearson, 2008, p. 14-78
(confira na Biblioteca Digital).
• Sobre “coesão” e “coerência”, confira: GOLDSTEIN, N.;
LOUZADA, M. S.; IVAMOTO, R. O texto sem mistério:
o texto e a escrita na universidade. São Paulo: Ática
Universidade, 2009, p. 19-46 (confira na Biblioteca
Digital).

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 59


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

• LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia científica.


7. ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 81 (confira na Biblioteca
Digital).
• CASTRO, C. M. Como redigir e apresentar um trabalho
científico. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011, p.
1-13; 129-131(confira na Biblioteca Digital).

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-
dos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Assinale a alternativa correta.
Conforme o conteúdo tratado na presente unidade, as modalidades de
pesquisa pertinentes a um artigo científico são: artigo científico de revisão
bibliográfica, artigo científico de pesquisa de campo, relato de experiência
e estudo de caso. Sobre o artigo científico de revisão bibliográfica, é cor-
reto afirmar:
a) É o resultado de uma investigação em que o aluno assume o papel de
observador e explorador, coletando os dados diretamente no local em
que se deram ou surgiram os fenômenos.
b) Consiste na divulgação de experiências profissionais e/ou acadêmicas
desenvolvidas ou em andamento que, por suas propostas, tragam con-
tribuições para a área na qual o aluno se insere.
c) Caracteriza-se pelo contato direto com o fenômeno de estudo; é meio
de formação por excelência e constitui o procedimento básico para
os estudos, pelos quais se busca o domínio sobre determinado tema.
d) É a pesquisa sobre determinado indivíduo, família, grupo ou comuni-
dade que seja representativo de seu universo, a fim de examinar as-
pectos variados relacionados à sua vida.

60 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

e) É o resultado de uma investigação bibliográfica que procura explicar


um problema com base em referências teóricas publicadas em artigos,
livros, dissertações e teses.

2) Assinale a alternativa correta.


Podemos dizer que a principal função de um comitê de ética em pesquisa
com seres humanos é:
a) Garantir a eficiência, pertinência e utilidade da pesquisa que venha
eventualmente a utilizar direta ou indiretamente a participação de se-
res humanos.
b) Garantir a proteção e assegurar o direito à liberdade de expressão ao
sujeito (pesquisador), isto é, à pessoa humana que venha eventual-
mente a realizar alguma pesquisa científica.
c) Garantir a proteção e assegurar o direito à liberdade ao sujeito (volun-
tário da pesquisa), isto é, à Pessoa Humana que venha eventualmente
a participar direta ou indiretamente de alguma pesquisa.
d) Garantir a proteção dos direitos autorais do pesquisador e assegurar a
difusão da obra científica (de acordo com sua relevância), isto é, divul-
gar trabalhos científicos para facilitar o acesso das pessoas à informa-
ção de nível acadêmico.
e) Realizar a análise das características da pesquisa científica, garantindo
e protegendo a realização daquelas pesquisas que ofereçam potencial-
mente oportunidade de melhoria para a pessoa humana e sua vida em
sociedade, em detrimento daquelas que possam ser nocivas ao desen-
volvimento humano em sentido coletivo e para o próprio pesquisador.

Gabarito
1) e.

2) c.

5. CONSIDERAÇÕES
No decorrer do estudo desta unidade, vimos que, para a
realização de uma pesquisa acadêmica, é preciso que seja esta-

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 61


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

belecido um caminho específico, que sejam respeitadas as de-


terminadas normas para manter a seriedade da pesquisa e que
seja atingido um nível cada vez mais elevado de entendimento
sobre os diversos eventos humanos e da natureza.
Mesmo considerando o nível inicial da pesquisa científica,
ainda assim é fundamental que esses cuidados sejam tomados
para que o pesquisador (ou aluno-pesquisador) consiga aprofun-
dar seus conhecimentos e participar da produção do conheci-
mento científico.

6. E-REFERÊNCIAS

Sites pesquisados
BRASIL. Ministério da Saúde. Plataforma Brasil. Disponível em: <http://aplicacao.
saude.gov.br/plataformabrasil/login.jsf>. Acesso em: 19 fev. 2015.
______. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466, de 12 de
dezembro de 2012. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13
jun. 2013. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.
pdf>. Acesso em: 5 fev. 2015.
______. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Comissão Nacional de Ética
em Pesquisa. Manual operacional para comitês de ética em pesquisa. 4. ed. rev. atual.
Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2008. Disponível em: <http://conselho.saude.
gov.br/web_comissoes/conep/aquivos/materialeducativo/Manual_ceps_v2.pdf>.
Acesso em: 19 fev. 2015.
CLARETIANO – CENTRO UNIVERSITÁRIO. Comitê de ética em pesquisa. Disponível em:
<www.claretianobt.com.br/cep>. Acesso em: 19 fev. 2015a.
______. Formulários. Disponível em: <http://claretianobt.com.br/p/cep/formularios>.
Acesso em: 19 fev. 2015b.
CNPQ – CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO.
Linha de pesquisa – ajuda. Disponível em: <http://www.cnpq.br/>. Acesso em: 20 fev.
2015.

62 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

DALAROSA, A. A. Epistemologia e educação: articulações conceituais. Publicatio UEPG:


Ciências Humanas, Linguística, Letras e Artes, Ponta Grossa, v. 16, n. 2, p. 343-350,
2008. Disponível em: <http://www.revistas2.uepg.br/index.php/humanas/article/
view/651/631>. Acesso em: 20 fev. 2015.
VIEIRA, A. Sermão da sexagésima. In: ______. Sermões escolhidos. São Paulo: Edameris,
1965. v. 2. Disponível em: <http://www.culturatura.com.br/obras/Serm%C3%A3o%20
da%20Sexag%C3%A9sima.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2015.
RAMOS, G. Linhas tortas. Disponível em: <http://graciliano.com.br/site/obra/linhas-
tortas-1962/>. Acesso em: 20 fev. 2015.
UFAM – UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS. Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido – TCLE. Disponível em: <http://www.cep.ufam.edu.br/index.php/tcle>.
Acesso em: 19 fev. 2015.
TRIBUNAL INTERNACIONAL DE NUREMBERG. Código de Nuremberg. Trad. José Roberto
Goldim. 1947. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/bioetica/nuremcod.htm>. Acesso
em: 19 fev. 2015.
SARMENTO, E. Epistemologia e metodologia, notas sobre a cooperação para
o desenvolvimento. Lisboa: Universidade de Aveiro; Acep; Cesa-Iseg, 2009.
(Documentos de trabalho, v. 83). Disponível em: <http://pascal.iseg.utl.pt/~cesa/files/
Doc_trabalho/83.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2015.
SCIELO – SCIENTIFIC ELECTRONIC LIBRARY ONLINE. Home page. Disponível em:
<http://www.scielo.org/php/index.php>. Acesso em: 20 fev. 2015.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABREU, A. S. O design da escrita – redigindo com criatividade e beleza, inclusive ficção.
Cotia: Ateliê Editorial, 2008.
ASSIS, M. Dom Casmurro. São Paulo: Ática, 1995. (Série Bom Livro).
BASTOS, L. et al. Manual para elaboração de projetos e relatórios de pesquisa, teses,
dissertações e monografias. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC,2000.
CASTRO, C. M. Como redigir e apresentar um trabalho científico. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2011.
CPIC – COORDENADORIA GERAL DE PESQUISA E INICIAÇÃO CIENTÍFICA. Normas gerais
para elaboração do trabalho de conclusão de curso (TCC). Batatais: Claretiano, 2013.
DEMO, P. Introdução a metodologia da ciência. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1987.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 63


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

______. Metodologia científica em ciências sociais. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas,
1995.
D’ONOFRIO, S. Metodologia do trabalho intelectual. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
ECO, U. Como se faz uma tese. 13. ed. São Paulo: Perspectiva, 1996.
FARACO, C. A. A produção textual de um estudante ao final do Ensino Médio. Texto
apresentado na abertura do Encontro de Supervisores de Avaliação de Redações,
promovido pela DAEB/INEP. Brasília, 30 ago. 2014.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2007.
GOLD, M. Redação empresarial: escrevendo com sucesso na era da globalização. 3. ed.
São Paulo: Pearson, 2008.
GOLDSTEIN, N.; LOUZADA, M. S.; IVAMOTO, R. O texto sem mistério: o texto e a escrita
na universidade. São Paulo: Ática Universidade, 2009.
ILHESCA, D. D.; SILVA, D. T. M.; SILVA, M. R. Redação acadêmica. Curitiba: Intersaberes,
2013.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MEDEIROS, J. B. Manual de redação e normalização textual: técnicas de editoração e
revisão. São Paulo: Atlas, 2002.
PIACENTINI, M. T. Q. A forma em evidência: estilo e correção em trabalhos acadêmicos.
In: BIANCHETTI, L.; MEKSENAS, P. (Orgs.). A trama do conhecimento: teoria, método e
escrita em ciência e pesquisa. 2. ed. Campinas: Papirus, 2009. p. 317-334.
PÁDUA, E. M. M. Metodologia da pesquisa – abordagem teórico-prática. 10. ed. rev.
atual. Campinas: Papirus, 2004.
PIVA, S. I.; MAZULA, R. (Orgs.). Missão e Projeto Educativo. Centro Universitário
Claretiano. Batatais: Claretiano, 2007.
POUND, E. ABC da literatura. Trad. Augusto de Campos e José Paulo Paes. São Paulo:
Cultrix, 2006.
RUDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa científica. Petrópolis: Vozes, 2007.
SOARES, M. C. S. Redação de trabalhos científicos. São Paulo: Cabral, 1995.
WITTGENSTEIN, L. Tractatus Logico-Philosophicus. Trad. José Arthur Giannotti. São
Paulo: Companhia Editora Nacional, 1968.

64 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 2
PROJETO DE PESQUISA II

Objetivos
• Conhecer e estabelecer os critérios para a construção do Projeto de
Pesquisa.
• Caracterizar e assimilar as etapas de um Projeto de Pesquisa.
• Desenvolver o Projeto de Pesquisa.
• Aprender a trabalhar com referências bibliográficas.

Conteúdos
• A questão do problema na pesquisa (base epistemológica).
• Delimitação do tema.
• Contextualização/revisão bibliográfica.
• Seleção de referencial teórico.
• Construção da justificativa.
• Objetivos.
• Metodologia.
• Referências.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações
a seguir:
1) Os conteúdos descritos nesta unidade permitem o entendimento dos pro-
cedimentos de pesquisa pertinentes a qualquer trabalho científico. Por

65
UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

isso, é importante estar atento à aplicação desses procedimentos à sua


área específica, adaptando alguns pormenores caso seja necessário.

2) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteú-


do Digital Integrador.

3) Por ser um projeto de pesquisa, não devemos incluir muitos conteúdos


e teorias, apenas citar o que vamos enfocar, utilizar ou fazer. Evite co-
locar definições e teorias básicas que não vão acrescentar à discussão
pretendida.

4) Os objetivos do trabalho estão diretamente relacionados ao tema que


você escolheu na unidade anterior; descreva os caminhos que percorrerá
para atingir esse objetivo. Procure demonstrar que o desenvolvimento do
trabalho é adequadamente possível.

5) Na metodologia, descreva os métodos e técnicas que serão empregados


em sua pesquisa. Geralmente, adotamos as pesquisas bibliográficas, toda-
via, nada impede que faça uma pesquisa de campo ou mesmo um relato
de experiência.

66 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

1. INTRODUÇÃO
Na Unidade 1, você conheceu os métodos básicos de
pesquisa, além de conhecer os pressupostos básicos de uma
pesquisa com seres humanos e as especificidades da linguagem
acadêmica. Nesta unidade, iniciaremos a redação do Projeto de
Pesquisa.
No decorrer do estudo desta unidade, serão detalhados
parte dos passos necessários para a realização do Projeto de
Pesquisa, e da elaboração do Artigo Científico.
Esses passos constituem um caminho comum que poderá
ser aplicado em diversos tipos de trabalhos científicos e que, uma
vez assimilado, poderá ser usado sempre que você for realizar
uma pesquisa, tomando o pensamento científico como guia.
Aqueles que chegaram ao curso sem ter a experiência
da realização de um trabalho de iniciação científica terão a
oportunidade de conhecer os critérios que definem um trabalho
científico-acadêmico.
Os que já realizaram esse tipo de pesquisa anteriormente
poderão rever alguns pontos fundamentais a esse respeito e
aprofundar os seus conhecimentos realizando um novo trabalho
de pesquisa, agora em nível um pouco mais avançado – além
de conhecer como os pressupostos básicos de um projeto de
pesquisa foram adaptados ao modelo do Claretiano – Centro
Universitário. Portanto, a leitura atenta e o cumprimento das
atividades são indispensáveis a todos os alunos!

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 67


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

Dica:
Tendo em vista o curto tempo para as atividades deste estudo
sugerimos a elaboração de um artigo de revisão bibliográfica.

Vamos continuar?

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão
integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú-
do Digital Integrador.

2.1. A QUESTÃO DO PROBLEMA NA PESQUISA (BASE EPISTE�


MOLÓGICA)

Para tratar da realização de uma pesquisa científica,


precisamos entender claramente algumas questões que o
trabalho de pesquisa envolve:
• Como ele é articulado?
• A partir de quais princípios básicos ele é concebido?
• Para onde – ou para quê – ele se destina?
Levando em consideração essas questões, uma análise
fundamental diz respeito ao conhecimento e ao estudo do
conhecimento, o qual se pode chamar de Epistemologia.
A palavra “epistemologia” vem do grego episteme,
que significa conhecimento. “Epistemologia” diz respeito ao
estudo do conhecimento, abarcando as questões de como ele

68 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

é produzido, organizado, comprovado, quais suas diferentes


formas, sua credibilidade etc.
De acordo com Sarmento (2009, p. 5), “De facto, o
conhecimento pode ser caracterizado, desde Platão, como
uma crença justificada e que pressupõe a resposta da questão
originária sobre o que é conhecer”.
Dalarosa (2008, p. 344) propõe que:
O ponto de partida do estudo sobre o conhecimento foi dado por
Platão ao definir as três formas de conhecimento: doxa, sofia,
episteme. Segundo Platão, a doxa constitui-se do conhecimento
empírico opinativo, sensitivo; a sofia consiste do conhecimento
acumulado, da sabedoria; a episteme, do conhecimento
sistemático, reflexivo, analítico. Este conhecimento pode
extrair a verdade purificando-se das ilusões dos sentidos, como
explicou Platão no livro Alegoria da Caverna.

A epistemologia ocupa-se, desde sua origem, em propor


um conhecimento que seja verdadeiro. Portanto, podemos
relacioná-la diretamente ao conhecimento científico e ao
estudo da ciência, resultando em diferentes concepções de
conhecimento científico ou epistemologias distintas.
Desde Platão até a atualidade, a Epistemologia busca
formular bases de estudo que permitam à pesquisa científica
alcançar um conhecimento o mais verdadeiro e autêntico possível,
que possa explicar diversos fenômenos sociais, da natureza e do
próprio ser humano. Esse, todavia, é um princípio fundamental
da pesquisa científica e deve ser também a motivação acadêmica
de sua pesquisa.
Dito de outra maneira, partindo da compreensão
epistemológica, sua pesquisa científica deve ter como principal
fundamento a busca pela escrita de um trabalho que seja bem

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 69


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

embasado (isto é, que tenha boa fundamentação apoiada na


literatura da área) e que trate de um assunto com o intuito de
esclarecê-lo, de melhorar a sua abordagem, de acrescentar
algumas informações sobre ele ou organizar as informações já
existentes de maneira mais precisa, produzindo uma síntese.
Podemos dizer que você irá utilizar os conhecimentos
preexistentes sobre o assunto pesquisado, manuseá-los, redigir
a sua análise sobre os mesmos e responsavelmente delimitar as
suas fronteiras.
O caminho inevitável diante de tudo o que dissemos até
aqui é, uma vez definido o assunto que será abordado em sua
pesquisa, delimitar um “problema” a ser investigado.
Isso significa que todo pesquisador – desde a iniciação
científica (no curso de Graduação) até a tese de Doutorado –,
antes de iniciar o processo de pesquisa propriamente dito, terá
de relacionar – para além de seu interesse por um assunto – o que
ele quer compreender mais profundamente, qual “problema” ou
“problemática” específica ele irá investigar. Ou seja, para realizar
sua pesquisa, o pesquisador deverá delimitar o assunto (tema) a
ser pesquisado e o “problema” que irá abordar dentro do mesmo
assunto.
Esse problema a ser investigado lhe permitirá construir a
base epistemológica de seu trabalho científico, uma vez que irá
levá-lo a definir o seu caminho de pesquisa (qual o problema
a ser investigado), os autores importantes que já discutiram
esse problema (literatura da área) e que você deve estudar,
as diferentes abordagens sobre o problema que precisam ser
consideradas, as teorias criadas a seu respeito (quando houver)
etc.

70 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

No momento em que você começa a ter clareza de qual


problemática você abordará em sua pesquisa, você estará
realizando simultaneamente a delimitação de seu tema de
pesquisa.
Parece difícil? Talvez em um primeiro olhar. Caminhemos
um pouco mais para esclarecer a “questão do problema na
pesquisa”. Para tanto, trataremos, no próximo tópico, da
“delimitação do tema”. Como citado no parágrafo anterior, a
“delimitação do tema” de sua pesquisa está estritamente ligada
ao “problema”.

Com as leituras propostas no Tópico 3. 1, você vai conhe-


cer as diferentes concepções de conhecimento científico ou
epistemologias distintas. Antes de prosseguir para o próximo
assunto, realize as leituras indicadas, procurando assimilar o
conteúdo estudado.

2.2. DELIMITAÇÃO DO TEMA

A delimitação do tema corresponde ao título de seu


trabalho de pesquisa. Conforme citamos anteriormente, o
tema relaciona uma pergunta, uma indagação, a busca de
resposta quanto a uma problemática. Isso não significa que ele
precisa ser redigido no formato de uma pergunta, mas precisa
necessariamente apontar para uma questão específica, podendo
até definir o seu contexto.
O assunto de sua pesquisa pode ser escolhido de acordo
com seu interesse pessoal ou afinidade com o tema; contudo, a

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 71


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

realização de sua pesquisa depende da delimitação científica para


tratar desse assunto. Aqui já estamos começando a “delimitar o
tema” da pesquisa.

Importante–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Conforme tratado no parágrafo anterior, é importante que, ao tentar delimitar
o tema de sua pesquisa, você leve em conta assuntos que lhe despertem
interesse e afinidade pessoal. Contudo, isso não é tudo – aliás, é só uma “ideia
embrionária”.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O interesse e afinidade contribuirão no sentido de que você
provavelmente já conhece alguma bibliografia sobre o tema (afi-
nal, se você tem interesse, possivelmente já leu um pouco sobre
o assunto), ou mesmo já conhece alguma polêmica ou questão
não resolvida ligada a ele, e possivelmente, você terá mais apli-
cação, sentindo-se estimulado a desenvolver o trabalho – o que
trará reflexos positivos sobre a qualidade do trabalho. No entan-
to, algumas questões essenciais devem ser levadas em conta. A
primeira é se o tema está adequado à área do curso, e a uma de
suas linhas de pesquisa.
Por exemplo: se eu estou cursando Licenciatura em Edu-
cação Física, não devo fazer uma pesquisa sobre “teste de força
em adolescentes praticantes de musculação” (tal tema se insere
na linha de um curso de Bacharelado em Educação Física). Ao
contrário, meu tema deverá investigar situações de ensinagem
envolvendo a Educação Física no contexto da escola (estamos
aqui tratando de um exemplo corriqueiro). Para situar seu tema
você deverá estar situado na abrangência do curso.
As duas outras perguntas são as seguintes:

72 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

• Há referencial teórico suficiente para que a pesquisa


seja realizada?
• A pesquisa proposta é passível de ser feita dentro do
tempo (calendário) disponível para a realização do
trabalho?
Para contextualizá-las, vamos usar como exemplo uma
pesquisa para um TCC de um curso de Graduação em História.
O autor sempre teve interesse pelo cinema e acreditava na
existência de sua relação com a História, estimulando ações
na sociedade e refletindo o entendimento que muitas pessoas
possuem sobre diversos assuntos. Diante disso, definiu-se o
assunto da pesquisa: “História e cinema”.
Depois de algum tempo e realização de leituras, o autor
encontra o título/tema da pesquisa de TCC: “História e cinema:
uma breve análise do sentimento moderno”.
Inicialmente, podemos perguntar: qual é a preocupação
do pesquisador que relacionou esse tema? Qual é a problemá-
tica abordada por ele?
A expressão “História e cinema” refere-se a um campo es-
pecífico de pesquisa dentro da “História cultural”, assim como
a análise do sentimento moderno diz respeito à ligação desse
mesmo campo de discussão ao âmbito da análise psicológica
possível de ser realizada pelo historiador.
Outra pergunta que podemos fazer diante desse tema é:
há historiadores que pesquisam esse tema? Essa problemática
é abordada dentro do estudo da História?
Perceba que, até chegar a delimitação adequada do tema,
será necessário percorrer algumas primeiras perguntas.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 73


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

Naturalmente, a delimitação do tema só pode ser feita


a partir da leitura de autores que trataram da relação entre ci-
nema e História e da análise psicológica da sociedade realizada
no trabalho de pesquisa do historiador. Portanto, para usar tais
expressões e definir tanto o título quanto a explicação do títu-
lo (ou subtítulo), foi fundamental realizar algumas leituras que
pudessem ajudar a chegar a tal delimitação do título/tema de
pesquisa.
No caso citado, o autor usa o livro Sétima arte: um culto mo-
derno, de Xavier (1978), que trata do cinema e da modernidade,
dando parcial sustentação para o título, enquanto o livro O medo
à liberdade, de Fromm (1967), trata, especificamente, de como
podemos interpretar a predominância de dados sentimentos em
períodos diferentes da História da humanidade, especialmente
no período mais recente, que concerne às Histórias Moderna e
Contemporânea. Assim, declaradamente, é proposta uma análi-
se interdisciplinar que contempla “História” e “Psicologia”.
Podemos perguntar mais uma vez: isso é possível? Há
pesquisas anteriores que permitam tal campo de investigação
interdisciplinar envolvendo cinema, História e Psicologia?
Somente conseguindo responder a essa questão é que o estudo
se torna viável.
Nesse sentido, o autor usou a discussão realizada no livro
De Kaligari a Hitler: uma história psicológica do cinema alemão,
de Kracauer (1988), que propõe essa reunião de elementos,
traçando uma metodologia para esse tipo de estudo.
É importante lembrar que os livros citados são todos de
âmbito científico e devidamente reconhecidos no ambiente
acadêmico. Tais livros também não são os únicos relacionados

74 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

na bibliografia do TCC especificado, mas constituem a


fundamentação inicial, que permitiu a delimitação do tema e, a
partir disso, viabilizou a realização da pesquisa.
O exemplo que demos foi de um TCC “à moda antiga”, ou
seja, uma monografia realizada com dois ou até três anos de
estudo. No nosso caso, estamos em um estudo em que o objetivo-
fim é a elaboração de um Artigo Científico. Por isso, você deverá
ser bastante objetivo, buscando uma abordagem ainda mais
pontual que a do exemplo e, preferencialmente, aproveitando
leituras e assuntos muito próximos de seu cotidiano.
Ainda assim, a partir do exemplo, podemos traçar um
caminho que é comumente usado para a “delimitação do tema”:
• Primeiro: definição do assunto de interesse dentro da
área de estudo de seu curso.
• Segundo: realização de leituras rápidas de obras (arti-
gos científicos disponíveis na internet, na plataforma
SciELO ou em revistas acadêmicas e capítulos de livros)
que tratem do assunto, fazendo anotações sobre aquilo
que chamar mais a sua atenção.
• Terceiro: delimitação inicial do tema, de acordo com
aquilo que foi lido e anotado sobre o assunto de seu
interesse.
A leitura pode demonstrar a inviabilidade da pesquisa so-
bre um tema, impondo mudanças naquilo que inicialmente era
pretendido, de modo que o pesquisador deve manter-se flexível
durante suas leituras para delimitar o tema de acordo com aqui-
lo que se mostrar mais adequado.
Assuntos pouco pesquisados e que possuem bibliografia
restrita podem ser abordados na medida em que tal bibliografia

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 75


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

seja de âmbito científico. Na medida em que a bibliografia exis-


tente seja apenas especulativa e sem embasamento em pesqui-
sa, é melhor procurar outro assunto ou tema para a sua pesquisa.
A viabilidade da pesquisa também está relacionada ao re-
corte temático. Assim, os principais pontos do estudo devem es-
tar presentes nele. Para exemplificar, tomemos o título do artigo
de Silva e Brandim (2008), Multiculturalismo e educação: em de-
fesa da diversidade cultural. Ao ler o título fica claro que o assunto
tratado é a relação entre multiculturalismo e a educação e que a
abordagem se concentra na identificação e no esclarecimento da
necessidade do respeito à diversidade cultural. Assim, qualquer
leitor que tomar contato com o título desse artigo poderá facil-
mente traçar o campo de interesse ao qual ele se refere.

Com o vídeo proposto no Tópico 3.2, você poderá ver


outros exemplos e dicas a respeito da delimitação do tema.
Antes de prosseguir para o próximo assunto, assista ao vídeo
indicado, procurando assimilar o conteúdo estudado.

2.3. CONTEXTUALIZAÇÃO/REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Conforme assinalamos anteriormente, é fundamental para


a pesquisa científica a leitura de trabalhos realizados sobre seu
tema. Didaticamente, esse processo de leitura pode ser dividido
em duas etapas:
• Etapa inicial: voltada para a definição do tema de
pesquisa e para escrita do Projeto de Pesquisa.

76 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

• Etapa de desenvolvimento da pesquisa: as leituras


são realizadas de maneira mais aprofundada
enquanto o aluno redige o seu artigo de conclusão
de curso.
Assim, uma vez que suas leituras permitiram a delimitação
do tema, é necessário aprofundá-las e até continuar a realizar
novas leituras voltadas para a escrita do seu projeto de pesquisa,
em que você deverá demonstrar que sua pesquisa é possível de
ser realizada. Para tanto, a “contextualização” é indispensável.
No tópico “Contextualização/Revisão Bibliográfica”
de seu Projeto de Pesquisa, você deverá demonstrar que sua
bibliografia abrange o tema de sua pesquisa e que as obras que
você está lendo permitem a abordagem científica adequada
do tema, conforme os “objetivos” (ver Tópico 2.6. Objetivos,
situado na presente unidade) de pesquisa estabelecidos.
Em outras palavras, uma vez que a problemática de sua
pesquisa foi definida, é preciso descrever claramente quais
são os autores e as obras que abrangem tal problemática. É
necessário, portanto, esclarecer o que cada autor, obra ou linha
de pensamento propõe a respeito daquilo que você pretende
pesquisar.
Naturalmente, trata-se de uma análise introdutória, uma
vez que diz respeito ao projeto de pesquisa, e não à pesquisa
propriamente dita. Porém, para que você possa realizar a sua
pesquisa com maior tranquilidade, é necessário ter dimensão de
quais estudos abordaram o seu tema, como o abordaram e o que
tais abordagens trazem de importante para o seu estudo.
Podemos dizer que, neste momento da redação do Projeto
de Pesquisa, você, como estudante/pesquisador, deverá mapear

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 77


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

o que cerca o seu estudo, ou seja, o contexto do seu tema. Nesse


sentido, a contextualização deve envolver tanto o que os autores
dizem quanto aquilo que você entendeu, respeitando os limites
dessa etapa do trabalho, relatando a importância dos estudos
realizados para o trabalho que você pretende realizar em seu
Artigo Científico.
A partir de todo esse esforço de contextualização/revisão
bibliográfica, é construído também o referencial teórico utilizado
pelo estudante/pesquisador.

Atenção!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para construir sua contextualização/revisão bibliográfica, você precisará
trabalhar com paráfrases (citações indiretas) e citações literais (citações
diretas). Para tanto, é imprescindível que você leia as orientações contidas
no tópico “2.2 Questões cruciais do texto acadêmico: citações e plágio”
da Unidade 3. Dessa forma, você aprenderá como proceder eticamente e
normativamente quanto ao conhecimento intelectual de outrem, e não correrá
risco de ter seu Projeto de Pesquisa reprovado por plágio. Fique atento!
Sugerimos também a releitura do tópico “2.4 Noções de Escrita Acadêmica”,
da Unidade 1, dedicado a discutir noções da escrita científica. Tenha em mente
que um Projeto de Pesquisa bem escrito é o primeiro passo para a realização
do Artigo Científico.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

2.4. REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico é o conjunto de referências teóricas e


conceituais que permitem a realização do estudo. Ele é definido
a partir da leitura da bibliografia, tendo em vista aquilo que é
discutido pelos autores pesquisados.

78 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

A referência teórica pode ser considerada como um


elemento estrutural, que operacionaliza a pesquisa com
conceitos, ideias e até procedimentos de pesquisa.
Podemos considerar que “O conceito é uma atividade
mental que produz um conhecimento, tornando inteligível não
apenas esta pessoa ou esta coisa, mas todas as pessoas e coisas
da mesma espécie” (RUDIO, 2007, p. 23). Assim, o conceito é
uma palavra ou expressão que permite identificar um conjunto
de conhecimentos referentes a alguma coisa, de modo que é
igualmente aplicável a diversas pesquisas que se ocupam dessa
mesma coisa.
Todavia, o conceito é construído a partir de pesquisa e
transformado constantemente conforme a realização de novos
estudos. Ele indica um contexto mais amplo, envolvendo autores
e até mesmo uma teoria. Por exemplo, podemos tomar o conceito
“classes sociais”, que remete ao pensamento de Karl Marx e a
sua teoria sobre a “luta de classes”, esta última tomada pelo
autor como o motor da História. Assim, ao usarmos a expressão
“luta de classes”, estamos instantaneamente resgatando toda
a bagagem de estudo de Karl Marx a respeito desse conceito e
também as diversas aplicações possíveis dele.
Ao fazermos uma pesquisa científica, mesmo que simples,
é preciso tomar cuidado ao usarmos conceitos, deixando clara
qual é a abordagem do conceito que estamos fazendo (autor,
abrangência da aplicação do conceito, o seu significado e sua
utilidade na pesquisa).
Ao definirmos do que vamos tratar em uma pesquisa,
também estamos definindo aquilo que deixamos de fora. Desse
modo, ao justificarmos uma abordagem, apontamos os motivos
para fazê-la e esclarecemos os motivos para deixarmos outras

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 79


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

possibilidades de fora do estudo. De acordo com Rudio (2007, p.


30), “Quando definimos, dizemos o que a coisa é, separando-a
do que não é”.
Esse mesmo autor acredita que:
Desta forma, denomina-se “compreensão de um conceito”
à apresentação das características que o constituem.
Geralmente, quanto mais características forem apresentadas,
melhor será a compreensão que se terá do conceito. Chama-se
de “extensão de um conceito” a aplicação que se pode fazer
dele aos indivíduos, coisas, acontecimentos, etc. Quanto maior
a compreensão menor a extensão e vice-versa (RUDIO, 2007,
p. 24-25).

A dica de ouro para uma pesquisa, especialmente quando se


trata da escrita de um Artigo Científico, é fazer com que o conceito
seja usado estritamente conforme os autores relacionados na
revisão bibliográfica, de modo a manter o referencial teórico
explícito e evitar contradições dentro da pesquisa.
A etapa de refletir sobre o referencial teórico que dará
suporte à pesquisa que você escolherá fazer passa também por
outros pontos que merecem destaque.
Por exemplo, durante a escolha do referencial teórico
para confeccionar a Contextualização/Revisão de Literatura
– compreendida por leituras, triagem (inclusão e exclusão
de material de acordo com a linha de análise que você está
propondo no projeto de pesquisa) –, você deverá levar em conta,
com especial atenção, a seguinte questão:
• A teoria a ser empregada dá conta do objeto de estu-
do? Isto é, o referencial teórico está adequado ao cor-
pus a ser analisado?

80 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

Corpus––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O “objeto de estudo” ou “corpus” é o que você analisará em sua pesquisa.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Embora estejamos falando de referencial teórico, cabe-
nos fazer uma interlocução entre a escolha dele e o material
que vai constituir o tema delimitado. Nesse caso, você deve se
perguntar:
• O corpus escolhido não é demasiado grande para uma
análise realizada por meio de um artigo científico, e
com o tempo restrito que você terá para concluir e re-
digir sua análise?
Outras questões de relevância são:
• E as fontes? Quais as apropriadas?
Ao fazer suas leituras iniciais sobre o tema, você
possivelmente irá se deparar com textos de diversos níveis de
qualidade. No entanto, para embasar sua contextualização sobre
o tema da pesquisa, não deve citar todo texto que encontrar
na internet, por exemplo. Pelo contrário: das referências
encontradas, você selecionará pouquíssimas.
Por exemplo, se você estiver fazendo uma pesquisa sobre
o lúdico como facilitador da aprendizagem nas séries iniciais do
Ensino Básico, deverá optar pelos teóricos que têm suas obras
reconhecidas como “autoridade” nessa abordagem temática, ou
por textos de pesquisadores que são reconhecidos por “dominar”
o referencial teórico (pesquisadores que se debruçaram durante
longo tempo sobre determinados autores e que por isso, seus
estudos são tidos com certa credibilidade na esfera acadêmica).
Isto é, a leitura desses autores sobre um referencial teórico
maior já é reconhecida como “confiável” dentro da comunidade

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 81


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

científica daquela área. Trata-se de uma “palavra” para a qual já


foi atribuída certa credibilidade.
Deixemos essa orientação ainda mais clara: você, quando
estiver buscando referenciais teóricos que darão suporte ao seu
Projeto de Pesquisa e ao Artigo Científico, não citará trabalhos
de outros graduandos ou pós-graduandos. Você até pode buscar
nas “referências bibliográficas” dos trabalhos deles, a indicação
das fontes utilizadas. A partir disso você poderá procurar pela
publicação citada.
Fique atento!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Não estamos dizendo que você fará uso de uma fonte e não a citará no seu tra-
balho. Se você assim proceder, estará cometendo plágio (confira orientações
do tópico “2.2 Questões cruciais do texto acadêmico: citações e plágio”,
da Unidade 3). Esses textos podem ser lidos em um primeiro levantamento
bibliográfico, mas não como suporte para a pesquisa. Uma técnica produtiva
que pode ser aplicada é a seguinte:
Primeiramente, deve-se pensar em um possível tema e fazer uma busca na
internet sobre possíveis fontes que o abordam cientificamente. Durante essa
procura, você identificará artigos de diferentes níveis e bases. A primeira coisa
a fazer é tentar identificar uma convergência temática pelo título do trabalho.
No entanto, muitas vezes isso não é suficiente, pois nem todos os pesquisado-
res são bem orientados sobre essa questão.
• Importante: às vezes, os títulos são vagos e não indicam a análise
realizada, o que é um erro metodológico.
Para solucionar esse problema, um outro recurso durante a pesquisa inicial é
ler o resumo e parte da introdução para você identificar com clareza qual a
análise proposta no artigo, dissertação ou tese. Posteriormente a isso, você
deverá consultar as referências (final do trabalho) utilizadas pelo autor. Pro-
cedendo assim, você identificará os textos-fonte e poderá procurá-los tanto na
internet, como na biblioteca Pearson, ou ainda nas bibliotecas físicas às quais
você tem acesso – no polo ou na instituição, ou mesmo outras que você possa
visitar.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

82 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

Seleção de fontes–––––––––––––––––––––––––––––––––––
A internet disponibiliza um emaranhado de informações; por isso, é
imprescindível que você tenha cuidado com as fontes a serem utilizadas
como referencial teórico de seu trabalho. Dê preferência a sites de instituições
confiáveis. Se pesquisar instituições de ensino, utilize as federais, estaduais
e algumas municipais, que produzem e disponibilizam bons conhecimentos.
Não devemos elaborar um trabalho científico com todas as referências retiradas
da internet. Note que, em pouco tempo, não teremos mais as referências
disponíveis, uma vez que links poderão ser substituídos, os sites retirados do
ar etc. Nesse sentido, uma referência impressa é mais confiável. Ainda assim,
indicamos, a seguir, alguns sites possíveis para pesquisas de artigos, teses e
dissertações.
Artigos
• SCIELO – SCIENTIFIC ELECTRONIC LIBRARY ONLINE. Home
page. Disponível em: <http://www.scielo.org/php/index.php>. Acesso
em: 20 fev. 2015.
• NETMED/PUBMED/MEDLINE. Artigos medicos. Disponível em:
<http://www.netmed.com.br/pubmed/>. Acesso em: 20 fev. 2015.
Biblioteca de Teses e Dissertações
• BRASIL. Portal Domínio Público. Home page. Disponível em: <http://
www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp>.
Acesso em: 20 fev. 2015.
• UNICAMP – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS. Biblioteca
Digital da Unicamp. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.
unicamp.br/document/list.php?tid=7>. Acesso em: 20 fev. 2015.
• UNESP – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE
MESQUITA FILHO”. C@thedra – Biblioteca Digital de Teses e
Dissertações. Disponível em: <http://unesp.br/portal#!/cgb/
bibliotecas-digitais/cthedra-biblioteca-digital-teses/>. Acesso em:
20 fev. 2015.
• USP – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Biblioteca Digital USP –
Teses e Dissertações. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/>.
Acesso em: 20 fev. 2015.
• UFMG – UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Biblioteca
Digital – Teses e Dissertações. Disponível em: <http://www.
bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/1>. Acesso em: 20 fev.
2015.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 83


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

O vídeo indicado no Tópico 3.3. aborda o referencial teó-


rico e a sua importância para o desenvolvimento do trabalho
científico. Neste momento, você deve assisti-lo para aprofun-
dar o tema abordado.

Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––––


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Vi-
deoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível
de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo
(Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a
lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e sele-
cione: Metodologia da Pesquisa Científica – Vídeos Complementares
– Complementar 1.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

2.5. CONSTRUÇÃO DA JUSTIFICATIVA

A justificativa representa a importância, a relevância que


o seu trabalho possui. Além disso, mostra a contribuição que os
resultados de sua pesquisa promoverão para a ciência – no que
tange à sua área, e para a sociedade –, ainda que seja para um
grupo específico.
Uma vez que o projeto de pesquisa deve ser redigido e di-
recionado ao seu futuro orientador, procure convencê-lo de que
seu trabalho é viável, importante e poderá contribuir de alguma
forma com o conhecimento humano.
Para a elaboração da justificativa, segundo Marconi e La-
katos (2002), é exigido um bom conhecimento científico, uma
boa parte de criatividade, além da capacidade de convencer.

84 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

Procure mostrar que a sua base teórica é consistente e que


há autores renomados e pesquisadores atuantes nas suas refe-
rências bibliográficas.
Relate a abrangência e a importância do seu tema dentro
do curso que está fazendo. Explique de que forma os resultados
do seu trabalho científico podem auxiliar novos conhecimentos
ou novos enfoques em problemas comuns que surgem no dia a
dia.

Importante!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A justificativa está intimamente relacionada com o problema de sua pes-
quisa. Caso tenha dúvida, releia o tópico “2.1 A questão do problema na
pesquisa (Base Epistemológica)” da presente unidade. Como complemento,
sugerimos também a releitura do tópico “2.2 Delimitação do Tema”, também
presente nesta unidade.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Justifique, também, o prazo que terá para fazer o seu tra-
balho, mostre que o tempo é suficiente. Para isso, você construi-
rá um cronograma.

Com as leituras e vídeos indicados no Tópico 3.4., você


vai conhecer a importância de justificar a existência do seu
trabalho, mostrando a sua importância para a ciência e para
a sociedade. Antes de prosseguir para o próximo assunto,
realize as leituras indicadas, procurando assimilar o conteúdo
estudado.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 85


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

2.6. OBJETIVOS

Normalmente, a literatura sobre metodologia apresenta


a divisão entre objetivos gerais e específicos. No modelo
adotado no Claretiano – Centro Universitário, padronizamos a
nomenclatura abrangente: objetivos.
Em uma pesquisa, você pode ter vários objetivos
secundários – que são os “caminhos” percorridos para atingir o
“objetivo principal”, para o qual o seu tema de pesquisa converge.
Geralmente, o título do trabalho expressa o objetivo final. Ou
seja, o leitor que se deparar com o título de seu trabalho, deve
ter clareza da análise proposta.
Para atingir um objetivo, podemos utilizar caminhos
longos, curtos ou até mesmo cheios de paradas. Demonstre
quais “etapas” pretende desenvolver em seu trabalho, para
atingir o objetivo principal.
Objetivos bem definidos, amarrados ao referencial teórico
selecionado, são um grande trunfo para a realização de um bom
Artigo Científico.

Conforme citado nessa unidade, no tópico que aborda o


referencial teórico da pesquisa, não deixe também de observar
se a teoria selecionada para ser aplicada ao corpus de análise é
suficiente para a tarefa. Essa é uma reflexão que você, aluno de
graduação, não pode deixar de fazer.
Atenção!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Seu objetivo deve estar fortemente relacionado ao tema delimitado e ao
referencial selecionado.

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

86 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

No Projeto de Pesquisa, no item correspondente aos


objetivos, recomendamos que você utilize verbos no infinitivo.
Não é necessário “abrir” os objetivos com um texto. Vejamos
exemplos hipotéticos:

• E ntender o papel do enfermeiro como educador do fa-


miliar/cuidador de idosos, no pós-operatório de artro-
plastia total de quadril a partir do levantamento das
literaturas disponíveis em língua portuguesa e inglesa.
(DEGANI; RIBEIRO, 2014, p. 13).
• Apresentar princípios da teoria walloniana que contri-
buem com a formação psicológica do professor de Edu-
cação Física, especificamente elementos que tratam da
constituição da pessoa. (LIMONGELI, 2014, p. 26).
• Veja um outro exemplo:
“O presente estudo tem como objetivo investigar [...]”

Relacionamos a seguir, alguns exemplos de verbos que


podem ser empregados de acordo com os objetivos de seu
Projeto de Pesquisa.

1) Verbos que indicam conhecimento: apontar, relatar,


nomear, definir etc.
2) Verbos que indicam análise: analisar, examinar, inves-
tigar, comparar, avaliar etc.
3) Verbos que indicam compreensão: descrever, explicar,
identificar, esclarecer etc.
4) Verbos que indicam aplicação: interpretar, aplicar,
empregar, traçar etc.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 87


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

Com as leituras propostas no Tópico 3.5 ., você vai co-


nhecer a importância de estabelecer objetivos para o desen-
volvimento do seu trabalho, fixando, assim, etapas para a sua
realização e fases de desenvolvimento. Antes de prosseguir
para o próximo assunto, realize as leituras indicadas, procu-
rando assimilar o conteúdo estudado.

2.7. METODOLOGIA

Nessa parte do projeto de pesquisa, você detalhará o


método que utilizará para desenvolver o seu trabalho. A pergunta
a ser feita é: como a pesquisa será desenvolvida?
Em seus estudos, Severino (2002, p. 162) relata que “[...]
diretamente relacionados com o tipo de pesquisa serão os
métodos e técnicas adotados”.
Provavelmente, quando você delimitou o tema de
sua pesquisa, já traçou qual das modalidades utilizará para
desenvolver o Artigo Científico. Lembra-se delas? Reiteramos:
artigo científico de revisão bibliográfica, artigo científico de
pesquisa de campo, relato de experiência e estudo de caso (caso
tenha dúvidas, releia o tópico “2.2 Modalidades de Pesquisa”,
da Unidade 1).
Depois de escolhida a modalidade, você deverá fazer uma
explicação minuciosa dos “métodos” que utilizará, ou seja, o tipo
de pesquisa, as pessoas envolvidas, o tratamento estatístico (se
for o caso de coleta de dados). Em artigos de revisão bibliográfica
a descrição da metodologia tende a ser mais sucinta.

88 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

Como metodologia, você pode optar pela comparação de


autores, pela utilização do histórico do evento para mostrar que a
evolução do conceito ocorreu e que podemos utilizar na prática,
ou até mesmo utilizar somente autores estrangeiros. Mas nesse
caso, fique atento às traduções!
O método utilizado deverá ser sempre científico, para ter
validade e credibilidade.

Com as leituras e vídeos indicados no Tópico 3.6., você


vai conhecer as formas de estabelecimento de metodologias
de trabalho e estudo, o cuidado com as pesquisas que envol-
vem seres humanos, preservando a ética e respeitando as pes-
soas envolvidas. Antes de prosseguir para o próximo assunto,
realize as leituras indicadas, procurando assimilar o conteúdo
estudado.

Importante!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Em todo Projeto de Pesquisa há um item denominado de “Cronograma”, em
que se delimita a previsão do tempo para a realização das várias etapas da
construção da pesquisa. Não trataremos dele, uma vez que no modelo adota-
do pelo Claretiano – Centro Universitário, Projeto de Pesquisa e Artigo Cien-
tífico formam um só fluxo. Futuramente, caso deseje prestar um processo de
seletivo para ingresso em um mestrado, necessitará, em seu Projeto de Pes-
quisa, apresentar uma sugestão de cronograma.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

2.8. REFERÊNCIAS

As referências são constituídas pelos documentos consul-


tados durante a elaboração do seu Projeto de Pesquisa e do Ar-
tigo Científico.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 89


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

Para elaboração de seu artigo, você deverá consultar, no


mínimo, oito referências. Todos os autores citados na Contextua-
lização/Revisão da Literatura devem, obrigatoriamente, constar
nas referências.
Conforme relata Medeiros (2006, p. 50), “evitem-se assun-
tos poucos aprofundados ou sobre os quais pouco foi escrito,
isto é, cujo conhecimento é ainda duvidoso e superficial”.
As fontes de referências qualificam o seu trabalho; por
esse motivo, tenha o cuidado de escolher as melhores, as mais
atuais, as que contenham várias edições.
Indique, de preferência, referências impressas, mas não
descarte documentos publicados na internet, os quais possuem
conhecimentos mais recentes, tendo em vista a facilidade de
publicação.

Atenção!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Utilize as recomendações da NBR 6023 da ABNT– Associação Brasileira de
Normas e Técnicas para a descrição das referências.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Utilizando o sistema autor-data, você deverá apresentar
as referências bibliográficas no final do texto, após o tópico
“Conclusão” ou “Considerações Finais”. A norma que trata de
referências é a NBR 6023 da ABNT, de 2002.
Nosso objetivo neste tópico é tratar diretamente de
ocorrências mais comuns, com as quais possivelmente você vai
se deparar durante a construção do Projeto de Pesquisa e do
Artigo Científico. Há um volume considerável de normas ditadas
pela ABNT. Reproduzir todas aqui transformaria a unidade em
um compêndio. Portanto, seremos sucintos.

90 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve fazer a leitura proposta no Tópico 3.6.

As referências deverão ser alinhadas à margem esquerda


do texto (justificadas), dispostas em ordem alfabética, com
espaçamento simples entre as linhas na referência e “um espaço”
entre cada uma, conforme o exemplo a seguir:

A Norma NBR 6023/2002 indica que é opcional, nas re-


ferências, utilizar destaques em itálico, sublinhado ou negrito.
Contudo, cada instituição escolhe uma das formas e a utiliza
como padrão. No Claretiano – Centro Universitário, destacamos
em itálico. Portanto, é esse padrão que você deverá seguir.
Atenção!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Lembre-se de que, ao contrário dos manuais indicados no Conteúdo Digital
Integrador, no padrão adotado pelo Claretiano – Centro Universitário, os ele-
mentos de destaque das referências devem ser feitos em itálico! Fique atento!
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para você utilizar tanto na construção do Projeto de
Pesquisa, como do Artigo Científico, siga a mesma formatação
dos exemplos a seguir para cada elemento citado.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 91


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

Exemplos de referência––––––––––––––––––––––––––––––
Artigo de revista impressa
NAPOLITANO, Marcos. A canção engajada no Brasil: Entre a modernização
capitalista e o autoritarismo militar. Revista Ciência Hoje, São Paulo, n. 141, p.
34-41, ago. 1998.

Artigo de revista em meio eletrônico


NAPOLITANO, Marcos. MPB sob suspeita: A censura musical vista pela ótica
dos serviços de vigilância política (1968–1981). Revista Brasileira de História,
São Paulo, v. 24, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.php?script=sci_artte
xt&pid=s0102-018820040010005>. Acesso em: 8 nov. 2005.

Artigo de jornal impresso


AJUZ, Christine. Os últimos dias de Luiz Gonzaga Jr. Jornal do Brasil, Rio de
Janeiro, 11 jan. 1974. Caderno B, p. 02.

Artigo de jornal em meio eletrônico


Procede-se da mesma maneira empregada no exemplo anterior, porém,
acrescentando-se o site e a data de acesso (ver “artigo de revista em meio
eletrônico”).

Livro no todo
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica.
7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

Parte de livro (capítulo)


PIACENTINI, Maria Tereza de Queiroz. A forma em evidência: estilo e corre-
ção em trabalhos acadêmicos. In: MEKSENAS, Paulo; BIANCHETTI, Lucidio
(Orgs.). A trama do conhecimento: Teoria, método e escrita em ciência e pes-
quisa. 2. ed. São Paulo: Papirus, 2008. p. 317-224.
Site
CLARETIANO – CENTRO UNIVERSITÁRIO. Guia do TCC. Disponível em:
<http://www.claretianobt.com.br/tcc>. Acesso em: 20 mar. 2014.

92 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

Monografia
BARBOSA, M. C. C. Internar o idoso: uma difícil decisão. 1996. 87 p. Monogra-
fia (Graduação em Serviço Social) – Faculdade de História, Direito e Serviço
Social, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Franca. 1996.

Dissertação
BERALDO, B. P. As percepções dos professores de escola pública sobre a
inserção do aluno tido como deficiente mental em classes regulares de ensino.
1999. 110 p. Dissertação (Mestrado em Educação Especial) – Programa de
Pós-Graduação em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos
(UFScar), São Carlos. 1999.

Tese
GRANDO, R. C. O conhecimento matemático e o uso de jogos na sala de aula.
2000. 223 p. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Uni-
versidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas. 2000.

Constituição Federal
BRASIL. Constituição (1988). Emenda constitucional n° 9, de 9 de novembro
de 1995. Lex: legislação federal e marginália, São Paulo, v. 59, p. 1966, out./
dez. 1995.

Decreto
BRASIL. Decreto nº 71.790, de 31 de janeiro de 1973. Institui o Ano Nacional
de Turismo e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa
do Brasil, Brasília, DF, 6 fev. 1973. p. 1417.

Constituição Municipal
MINAS GERAIS. Constituição do Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte: Iné-
dita, 2001.

Trabalho apresentado em evento (congresso, jornada ou simpósio)


CRUZ, Alexandre José; RÚBIO, Claudete Paganucci. Pedagogia a distância
no pólo de Buritis: entre o local e o universal. In: CONGRESSO BRASILEIRO
DE EDUCADORES CLARETIANOS, 1., 2008. Batatais. Anais... Batatais: Cen-
tro Universitário Claretiano de Batatais, 2008, p. 74.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 93


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

DVD
SOLBERG, Helena; DEBELLIAN, Marcio. Palavra (En)Cantada. Rio de Janei-
ro: RADIANTE FILMES, 2008. 2 DVDs.

Exemplo de referência de Organizadores


RODRIGUES, R. A. P.; DIOGO, M. J. D. (Orgs.) Como cuidar dos idosos. Cam-
pinas: Papirus, 1996.

Exemplo de referência de Coleção


SCHOPENHAUER, A. Mundo como vontade e representação. São Paulo: Abril
Cultural, 1980. (Coleção Os Pensadores).

Tradução
SALOVEY, P; SLEYTER, D. (Orgs.). Inteligência emocional da criança: aplica-
ções na educação e no dia-a-dia. Tradução de Flávia Beatriz Rössler e Mau-
rette Brandt. Rio de Janeiro: Campus, 1999.

Referência sem a indicação do ano de publicação da obra


MUSSUMECI, Víctor. Iniciação ao civismo. 61. ed. São Paulo: Brasil, [s. d.]. p.
159-165.

Referência sem a indicação da cidade de publicação da obra


TAFNER, Marcon Anderson; TAFNER, José; FISCHER, Juliane. Metodologia
do trabalho acadêmico. [s. l.]: Juruá, 1999.

Capítulo de um autor publicado em um livro de outro autor


MELLO, Thiago de. Uma questão de amor. In: MARTINS, Roberto Ribeiro.
Liberdade para os brasileiros: anistia ontem e hoje. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1978. p. 3.

Obra com mais de três autores


Nesse caso, citaremos somente o sobrenome do primeiro autor e, em seguida,
a expressão latina et al. (ou et alii), o ano e o número da página, se se tratar de
citação direta. Vamos a um exemplo prático:
• “A linguagem é uma capacidade exclusivamente humana” (COLL et
al., 1995, p. 70)”.

94 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

• “Segundo Coll et al. (1995, p. 70), “A linguagem é uma capacidade


exclusivamente humana”.

Citando duas obras do mesmo autor editadas no mesmo ano


Nesse caso, faça da seguinte forma:
(MARQUES, 2010(a), p. 5); (MARQUES, 2010(b), p. 12).

Citando uma legislação


Para uma legislação federal, vamos indicar BRASIL; para legislação estadual,
o estado que promulgou a referida legislação; para legislação municipal, o
nome da cidade. Veja o exemplo a seguir:
Conforme Brasil (2010), os Parâmetros Curriculares Nacionais estabelecem as
bases para os planejamentos escolares.

Quando o autor é referenciado mais de uma vez


Nesse caso, recomenda-se substituir o nome do autor por um traço equivalente
a seis espaços – utilize a tecla de underline (_). Vamos a um exemplo prático.
MORAES, L. A. O processo civil: enfoque técnico. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2012.
______. A ação de desaposentadoria. São Paulo: Moderna, 2014.
______. O divórcio em foco. 2. ed. São Paulo: Artmed, 2005.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Importante–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Até três autores devemos referenciar todos, e quando houver mais de três,
colocamos um autor e a expressão et al. Também não se escreve a palavra
“Editora” ou “Ltda, S.A”.
Quando não houver o nome do autor, inicie pelo título da obra, como aparece
no exemplo a seguir:
DIAGNÓSTICO do setor editorial brasileiro. São Paulo: Câmara Brasileira do
Livro, 1993.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 95


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

Com as leituras propostas no Tópico 3.7., você vai co-


nhecer as normas da ABNT para a redação e apresentação das
referências bibliográficas. Antes de prosseguir para o próximo
assunto, realize as leituras indicadas, procurando assimilar o
conteúdo estudado.

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição
necessária e indispensável para você compreender integralmente
os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. A QUESTÃO DO PROBLEMA NA PESQUISA (BASE EPISTE�


MOLÓGICA)

O texto a seguir trata da origem filosófica do conceito de


Epistemologia, relacionando-o com a educação, sendo impor-
tante para o entendimento de como ele se transformou ao longo
do tempo, quais são suas diferentes abordagens e o intuito de
cada uma delas.
• DALAROSA, A. A. Epistemologia e educação: articulações
conceituais. Publicatio UEPG: Ciências Humanas,
Linguística, Letras e Artes, Ponta Grossa, v. 16, n. 2, p.
343-350, 2008. Disponível em: <http://www.revistas2.
uepg.br/index.php/humanas/article/view/651/631>.
Acesso em: 20 fev. 2015.

96 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

3.2. DELIMITAÇÃO DO TEMA

O vídeo indicado a seguir aborda diversas maneiras de de-


limitar o tema de sua pesquisa, usando critérios que são perti-
nentes conforme cada assunto pesquisado. Portanto, assisti-lo
pode ampliar o seu entendimento, com exemplos de temas de
diversas áreas do conhecimento.
• ALVES, N. Delimitação do tema de pesquisa. 2013.
Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=fJT-Gy7Ywsc>. Acesso em: 20 fev. 2015.
Você também pode aproveitar o acesso à Biblioteca Digital
Pearson e ler o trecho da página 60 a 62 da seguinte obra:
• CASTRO, C. M. A prática da pesquisa. 2. ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2006.

3.3. REFERENCIAL TEÓRICO

Considerando a complexidade da definição do referencial


teórico, que envolve estabelecimento de conceitos e a adequa-
ção destes a um campo teórico que foi tratado por autores espe-
cíficos e literatura especializada, é importante verificar diferentes
explicações a respeito do assunto. Nesse sentido, o vídeo indica-
do a seguir pode contribuir para as suas reflexões e aprendizado.
• CUNHA, R. Referencial teórico. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=kSgUzO7dT0g>. Acesso
em: 20 fev. 2015.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 97


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

3.4. CONSTRUÇÃO DA JUSTIFICATIVA

Na justificativa, você terá liberdade para defender a


importância do seu tema, a viabilidade do seu projeto e a
abrangência do assunto.
Para auxiliá-lo, indicamos as seguintes leituras:
• FERREIRA, G. Projeto de pesquisa. Disponível em:
<http://pt.slideshare.net/gidelcioferreira/projeto-de-
pesquisa-modelo>. Acesso em: 23 fev. 2015.
• UFSM – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA.
Modelo de projeto de Mestrado. Disponível em: <http://
w3.ufsm.br/poscom/wp-content/uploads/2012/08/
MODELO-PROJETO-MESTRADO.pdf>. Acesso em: 23
fev. 2015.
• TURRA NETO, N. Roteiro básico e prático para elaboração
de projeto de pesquisa. Disponível em: <http://www.
fct.unesp.br/Home/Pesquisa/EscritoriodePesquisa/
roteiro-basico-para-projeto-de-pesquisa.pdf>. Acesso
em: 23 fev. 2015.
No que toca a função da justificativa no projeto de
pesquisa, indicamos também dois vídeos:
• TCC NOTA 10. Função da justificativa. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=L2lO0OSjHVY>.
Acesso em: 23 fev. 2015.
• ______. Elementos de uma boa justificativa.
Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=q5hdb65uhJc>. Acesso em: 23 fev. 2015.

3.5. OBJETIVOS

98 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

Os objetivos de um trabalho estão, em parte, sintetizados


no tema, mas descrever todos objetivos mostra a sequência de
argumentos que serão utilizados para se chegar no principal ob-
jetivo de sua pesquisa.
Diante disso, seja objetivo na explanação de tais objetivos.
Para auxiliá-lo, indicamos as seguintes leituras:
• GONÇALVES, J. A. T. Metodologia da pesquisa. 2008.
Disponível em: <http://metodologiadapesquisa.
blogspot.com.br/2008/11/objetivos-gerais-e-
especficos.html>. Acesso em: 23 fev. 2015.
• FEA-USP – FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO
E CONTABILIDADE. Roteiro para projeto de pesquisa.
Disponível em: <http://www.fea.usp.br/media/fck/
File/Roteiro_para_projeto_pesquisa.pdf>. Acesso em:
23 fev. 2015.

3.6. METODOLOGIA

Geralmente, para o Artigo Científico, principalmente pelo


tempo destinado à confecção do trabalho, optamos por uma
pesquisa bibliográfica, ou então por pesquisas de campo que
não envolvam direta ou indiretamente seres humanos, confor-
me você já aprendeu na Unidade 1. Se você fez opção por uma,
então recomendamos a releitura do tópico “Pesquisa com Seres
Humanos” da citada unidade.
Sobre pesquisa com seres humanos, reiteramos a mesma
indicação feita na Unidade 1: leia atentamente quais os critérios-
-chave observados pelo Comitê de Ética em Pesquisa na análise
dos projetos submetidos à sua apreciação, que estão listados nas
páginas de 31 a 38 do seguinte manual:

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 99


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

• BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de


Saúde. Comissão Nacional de Ética em Pesquisa.
Manual operacional para comitês de ética em pesquisa.
3. ed. rev. atual. Brasília: Ministério da Saúde, 2008.
Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/web_
comissoes/conep/aquivos/materialeducativo/Manual_
ceps_v2.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2015.
Para auxiliá-lo sobre a metodologia do projeto de pesquisa,
indicamos os seguintes vídeos:
• FONSECA, R. O Método científico e os tipos de
pesquisa. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=ey9bTshV308>. Acesso em: 23 fev. 2015.
• ______. Métodos quantitativos, qualitativos e coleta
de dados. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=tR7DE1utCo4>. Acesso em: 23 fev. 2015.
• ANIMA EDUCAÇÃO. Métodos e técnicas de pesquisa
– método científico. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=7gIYUOWKAWY>. Acesso em:
23 fev. 2015.
Ainda sobre metodologia, indicamos as seguintes leituras:
• PINHEIRO, A. A. et al. Metodologia para gerenciar projetos
de pesquisa e desenvolvimento com foco em produtos:
uma proposta. Revista de Administração Púbica, Rio
de Janeiro, v. 40, n. 3, maio/jun. 2006. Disponível
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-
76122006000300007&script=sci_arttext>. Acesso em:
23 fev. 2015.
• SILVA, E. L.; MENEZES, E. M. Metodologia da
pesquisa e elaboração de dissertação. 4 ed.
Florianópolis: UFSC, 2005. Disponível em: <http://

100 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

www.portaldeconhecimentos.org.br/index.php/por/
content/view/full/10232>. Acesso em: 23 fev. 2015.
• SOUZA, D. I. Projeto de pesquisa: iniciação à metodologia
científica e método de engenharia. 2008. Disponível
em: <http://febrace.org.br/arquivos/site/_conteudo/
pdf/dicas-de-metodologia-de-pesquisa.pdf>. Acesso
em: 23 fev. 2015.

3.7. REFERÊNCIAS

Nas referências, serão discriminados todos os autores ci-


tados no Projeto de Pesquisa. Para isso, você deve seguir a NBR
6023 da ABNT. Fique atento para as formas de se referenciar
livros, revistas, legislações, trabalhos científicos publicados e
outros.
Para saber mais, indicamos as seguintes fontes:
• ALVES, M. B. M.; ARRUDA, S. M. Como fazer referências.
UFSC, 2007. Disponível em: <http://www.bu.ufsc.br/
framerefer.html>. Acesso em: 23 fev. 2015.
• MARTINS, G. A. Construção de referências bibliográficas.
Disponível em: <http://www.eac.fea.usp.br/eac/
observatorio/metodologia-referencia_bibliografica.
asp>. Acesso em: 23 fev. 2015.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-
dos estudados para sanar as suas dúvidas.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 101


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

1) Assinale a alternativa correta.


Quais são os passos para a realização do Projeto de Pesquisa a ser desen-
volvido como Artigo Científico?
a) Escolha de um assunto; levantamento de material bibliográfico sobre o
assunto; leitura prévia do material e delimitação do tema da pesquisa;
organização do referencial teórico e bibliográfico que será utilizado na
pesquisa.
b) Levantamento do referencial teórico e bibliográfico que será utilizado na
pesquisa; leitura prévia do material e delimitação do tema da pesquisa;
identificação de uma dúvida; reconhecimento de que o conhecimen-
to previamente obtido não responde a essa dúvida satisfatoriamente;
identificação da utilidade de responder a essa dúvida; obtenção de res-
posta baseada em provas seguras e confiáveis (também definidas como
provas científicas); estabelecimento de “leis” ou “teorias” racionais, im-
pessoais, fundamentadas nas provas e argumentos científicos obtidos
com a investigação.
c) Escolha de um assunto; levantamento de material bibliográfico sobre
o assunto; busca de ação e controle dos múltiplos fenômenos experi-
mentados e/ou observados; aprofundamento e descoberta de princí-
pios explicativos que permitam a organização e classificação; estabe-
lecimento de critérios de orientação que expliquem as condições em
que ocorrem os fenômenos e proponham esquemas de entendimento
entre os fenômenos e as condições que determinam a sua ocorrência.
d) Escolha de material bibliográfico; determinação de um assunto; levan-
tamento de problemas referentes ao assunto e descrição das etapas
anteriores.
e) Organização do referencial teórico; identificação de teoria a ser utili-
zada; definição de contradição entre senso comum e ciência a partir
das categorias: opinião X teoria; convicção X comprovação; crença e
tradição X avaliação dos resultados obtidos; conhecimento dogmático
X conhecimento analítico e crítico; conhecimento estático X conheci-
mento dinâmico e criativo.

2) Assinale a alternativa correta.


Correspondem a alguns critérios que podem ser utilizados para a delimi-
tação do tema de pesquisa:
a) Definição de um único autor que embasará sozinho todo o seu estu-
do; realização de leituras aprofundadas (artigos de revistas de grande

102 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

circulação disponíveis na internet ou sites jornalísticos como G1, R7,


UOL etc.) que tratem do assunto, fazendo anotações sobre aquilo que
chamar mais a sua atenção.
b) Definição do assunto de interesse dentro da área de estudo de seu curso;
realização de leituras rápidas (artigos científicos disponíveis na internet
na plataforma SciELO ou em revistas acadêmicas, capítulos de livros) que
tratem do assunto, fazendo anotações sobre aquilo que chamar mais a
sua atenção; delimitação inicial do tema, de acordo com aquilo que foi
lido e anotado sobre o assunto de seu interesse.
c) Realização de pesquisa de campo e experimentação prévia com levanta-
mento de dados, fazendo anotações sobre aquilo que chamar mais a sua
atenção; definição do assunto de interesse dentro da área de estudo de
seu curso; delimitação final do tema, de acordo com aquilo que foi lido e
anotado sobre o assunto de seu interesse.
d) Organização de um calendário de atividades para orientação do le-
vantamento de dados; definição dos passos que deverão ser seguidos
durante a realização do estudo; delimitação do tema, de acordo com
aquilo que foi lido e anotado durante a realização do estudo.
e) Realização de pesquisa de campo; organização de um calendário de
atividades para orientação do levantamento de dados; realização de
leituras aprofundadas (artigos de revistas de grande circulação dispo-
níveis na internet ou sites jornalísticos como G1, R7, UOL etc.), fazendo
anotações sobre aquilo que chamar mais a sua atenção; delimitação
do tema, de acordo com aquilo que foi lido e anotado sobre o assunto
de seu interesse.

3) Assinale a alternativa correta. Qual é a importância do referencial teórico


para o trabalho científico?
a) O referencial teórico pode demonstrar a inviabilidade da pesquisa, de
acordo com aquilo que se mostrar mais adequado.
b) Partindo da compreensão do referencial teórico, a pesquisa científica
buscará conceber um trabalho que trate de um assunto com o intuito de
mudar a sua abordagem.
c) Ele permite que a pesquisa estabeleça códigos de conduta moral, de-
terminando de uma forma integrada o que se deve e o que não se deve
fazer.
d) A definição da contradição entre senso comum e ciência a partir das
categorias: opinião X teoria; convicção X comprovação; crença e tradição
X avaliação dos resultados obtidos; conhecimento dogmático X conheci-

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 103


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

mento analítico e crítico; conhecimento estático X conhecimento dinâ-


mico e criativo.
e) O referencial teórico pode ser considerado como um elemento estrutu-
ral, que operacionaliza a pesquisa com conceitos, ideias e até procedi-
mentos de pesquisa.

4) Na referência bibliográfica, o que pode definir com mais certeza a quali-


dade de uma obra?
a) A data.
b) A edição.
c) A editora.
d) O autor.
e) O título.

5) Q
ual o principal objetivo da citação em um trabalho científico?
a) Mostrar os objetivos do trabalho.
b) Delimitar o tema.
c) Estabelecer a metodologia utilizada.
d) Comprovar as argumentações.
e) Identificar o tema.

6) Q
ual frase a seguir melhor define um método científico?
a) Caminho para se chegar a resultados corretos e precisos.
b) Método baseado em teorias clássicas.
c) Aplicação de ciência nos processos industriais.
d) Processo para encontrar soluções para problemas acadêmicos.
e) Aplicação de ciência nos processos comerciais.

7) P
or qual motivo devemos evitar que um trabalho científico contenha so-
mente e-referências?
a) Não são totalmente confiáveis.
b) Não temos o texto impresso em mãos.
c) A internet pode ficar sem conexão.
d) Não conhecemos os autores dos artigos.
e) Com o tempo, não encontramos mais os textos na internet.

104 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões
autoavaliativas propostas:
1) a.

2) b.

3) e.

4) b.

5) d.

6) a.

7) e.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 105


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

5. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, fizemos um estudo sobre como redigir os
tópicos de um Projeto de Pesquisa, tendo em vista a elaboração
de um Artigo Científico. Esperamos que os conteúdos estudados
e as indicações de materiais de estudo tenham contribuído para o
processo de elaboração de seu projeto, e que você tenha concluí-
do o projeto com êxito.
Construir um consistente Projeto de Pesquisa é um avanço
considerável na direção de um bom Artigo Científico. O projeto
determinará a viabilidade do seu trabalho, pois mostrará as con-
dições, os métodos e técnicas, os autores envolvidos, podendo
ainda ser utilizado como parte do texto que compõe o Artigo
Científico. Lembre-se que o processo é contínuo: do Projeto de
Pesquisa (Plano de Texto) ao Artigo Científico.
A partir da próxima unidade nos ocuparemos de estudar a
estrutura do artigo científico.
Até lá!

6. E-REFERÊNCIAS

Sites pesquisados
ALVES, N. Delimitação do tema de pesquisa. 2013. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=fJT-Gy7Ywsc>. Acesso em: 20 fev. 2015.
ALVES, M. B. M.; ARRUDA, S. M. Como fazer referências. UFSC, 2007. Disponível em:
<http://www.bu.ufsc.br/framerefer.html>. Acesso em: 23 fev. 2015.
BIBLIOTECA CENTRAL – UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO.
Referências bibliográficas. Disponível em: <http://www.biblioteca.ufrrj.br/referencias.
html>. Acesso em: 26 nov. 2014.

106 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

CUNHA, R. Referencial teórico. Disponível em: <https://www.youtube.com/


watch?v=kSgUzO7dT0g>. Acesso em: 20 fev. 2015.
DALAROSA, A. A. Epistemologia e educação: articulações conceituais. Publicatio UEPG:
Ciências Humanas, Linguística, Letras e Artes, Ponta Grossa, v. 16, n. 2, p. 343-350,
2008. Disponível em: <http://www.revistas2.uepg.br/index.php/humanas/article/
view/651/631>. Acesso em: 20 fev. 2015.
DEGANI, G.; RIBEIRO, B. C. M. O papel do enfermeiro como educador familiar/
cuidador de idosos no pós-operatório de artroplastia total de quadril. Revista Saúde,
v. 2, n. 1, jan./dez. 2014, p. 9-30. Disponível em: <http://claretianobt.com.br/
revista/7qNHPDVFV>. Acesso em: 22 fev. 2015.
FERREIRA, G. Projeto de Pesquisa. Disponível em: http://pt.slideshare.net/
gidelcioferreira/projeto-de-pesquisa-modelo>. Acesso em: 23 fev. 2014.
LIMONGELI, A. M. Teoria de Henri Wallon e a formação psicológica do professor de
Educação Física. Revista Educação, v. 4, n. 1, jan./dez. 2014, p. 21-36. Disponível em:
<http://claretianobt.com.br/revista/uPMPQHFIf>. Acesso em: 20 fev. 2015.
PINHEIRO, A. A. et al. Metodologia para gerenciar projetos de pesquisa e
desenvolvimento com foco em produtos: uma proposta. Revista de Administração
Púbica, Rio de Janeiro, v. 40. n. 3. maio/jun. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.
br/scielo.php?pid=S0034-76122006000300007&script=sci_arttext>. Acesso em: 23
fev. 2015.
PUC MINAS – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS. Padrão PUC
Minas de normalização: normas da ABNT para apresentação de projetos de pesquisa.
Belo Horizonte: PUC Minas, 2010. Disponível em: <http://www.pucminas.br/
documentos/normalizacao_projetos.pdf>. Acesso: 23 fev. 2015.
SILVA, E. L.; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 4
ed. Florianópolis: UFSC, 2005. Disponível em: <http://www.portaldeconhecimentos.
org.br/index.php/por/content/view/full/10232>. Acesso em: 23 fev. 2015.
SOUZA, D. I. Projeto de pesquisa: iniciação à metodologia científica e método de
engenharia. 2008. Disponível em: <http://febrace.org.br/arquivos/site/_conteudo/
pdf/dicas-de-metodologia-de-pesquisa.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2015.
TURRA NETO, N. Roteiro básico e prático para elaboração de projeto de pesquisa.
Disponível em: <http://www.fct.unesp.br/Home/Pesquisa/EscritoriodePesquisa/
roteiro-basico-para-projeto-de-pesquisa.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2015.
UFSM – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA. Modelo de projeto de Mestrado.
Disponível em: <http://w3.ufsm.br/poscom/wp-content/uploads/2012/08/MODELO-
PROJETO-MESTRADO.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2015.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 107


UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS E TÉCNICAS. Norma NBR 6023.
Informação e documentação – Referências – Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, ago.
2002.
CASTRO, C. M. A prática da pesquisa. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.
DEMO, P. Introdução a metodologia da ciência. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1987.
______. Metodologia científica em ciências sociais. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas,
1995.
ECO, H. Como se faz uma tese. 13. ed. São Paulo: Perspectiva, 1996.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. São
Paulo: Atlas, 2002.
MEDEIROS, J. B. Redação científica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
PÁDUA, E. M. M. Metodologia da pesquisa – abordagem teórico-prática. 10. ed. rev.
atual. Campinas: Papirus, 2004.
RUDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa científica. Petrópolis: Vozes, 2007.
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

108 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3
ARTIGO CIENTÍFICO

Objetivos
• Aprender a confeccionar o artigo científico.
• Compreender os modelos e formas de citação.
• Assimilar os cuidados éticos quanto ao uso do conhecimento.

Conteúdos
• Estrutura do artigo científico.
• Tipos e modos de citação.
• Plágio ou fraude científica.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações
a seguir:
1) Uma vez trabalhada cada parte integrante do Projeto de Pesquisa, você
precisará se atentar para cada detalhe da estrutura do artigo científico,
fazendo com que seu texto evolua para esse gênero.

2) Parte do conteúdo da presente unidade – como as formas e modos de


citação e o cuidado com o plágio acadêmico, lhe ajudarão não somente
com o atendimento às atividades do estudo, mas também com posterio-
res trabalhos acadêmicos.

3) Verifique as indicações contidas no Conteúdo Digital Integrador. Há uma


seleção de referências de fácil acesso que contribuirão para a escrita do
seu Artigo Científico, bem como para futuros textos acadêmicos que você
poderá redigir.

109
UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

110 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

1. INTRODUÇÃO
Uma vez trabalhada cada parte integrante da composição
do Projeto de Pesquisa, é chegada a hora de aprendermos com
destaque a estrutura mínima de um artigo científico. É claro que
você já havia contemplado – quando foi preciso realizar a primei-
ra “revisão teórica” para situar o tema de sua pesquisa – noções
elementares sobre “citações diretas” e “indiretas”, “normas para
referências” etc. No entanto, essas “regras” deverão acompa-
nhá-lo até a conclusão do Artigo Científico.
O principal objetivo desta unidade é orientá-lo, de maneira
ainda mais específica, sobre como trabalhar com o texto acadê-
mico enquanto exigência de um Artigo Científico.
Ao trabalho!

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão
integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú-
do Digital Integrador.

2.1. ESTRUTURA DO ARTIGO CIENTÍFICO

Os artigos científicos são trabalhos com dimensão redu-


zida que abordam uma questão científica e que apresentam o
resultado e a discussão de um trabalho, como depreendemos
da definição de Lakatos e Marconi (2010, p. 259): “[...] pequenos
estudos, porém completos, que tratam de uma questão verda-
deiramente científica”.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 111


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

Importante–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A ABNT possui a norma NBR 6022/2003 (Informação e documentação - Artigo
em publicação periódica científica impressa – Apresentação), que define os
elementos que compõem um artigo científico.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Conforme você já estudou na Unidade 1, a Coordenado-
ria Geral de Pesquisa e Iniciação Científica (CPIC) do Claretiano
– Centro Universitário estabelece que o Artigo Científico deve ser
feito no formato de uma das modalidades citadas a seguir:
1) Artigo científico de revisão bibliográfica.
2) Artigo científico de pesquisa de campo.
3) Relato de experiência.
4) Estudo de caso.
Para relembrar as definições específicas de cada uma das
modalidades, no intuito de impedir que você cometa possíveis
erros conceituais quanto ao gênero adotado para desenvolvi-
mento do Artigo Científico, sugerimos que releia o conteúdo do
tópico “2.2 Modalidades de Pesquisa”, da Unidade 1.
Como já citado, é de grande importância que você tenha o
Artigo Científico para além da obrigação de cumprir as atividades
de um determinado estudo. Trata-se de um trabalho que poderá
contribuir para o aprofundamento de discussões pertinentes à
sua área e que contribuirá para seu amadurecimento intelectual.
Ademais, a produção de um bom artigo poderá ser um pri-
meiro passo para tentar uma publicação em uma revista cientí-
fica desta ou de outra instituição, o que valorizará seu currículo!

112 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

Caso queira se informar melhor sobre as revistas científicas do


Claretiano – Centro Universitário, entre em contato com o Prof.
Ms. Rafael Archanjo por meio do seguinte e-mail: <revlingua-
gem@claretiano.edu.br>.

Já que estamos falando do Artigo Científico, trabalha-


remos agora com sua estrutura básica. Segundo a NBR 6022
(2003, p. 3), um Artigo Científico é formado por “elementos
pré-textuais”, “elementos textuais” e “elementos pós-textuais”.
Esses elementos são indispensáveis a qualquer uma das quatro
modalidades de pesquisa adotadas pela instituição; portanto,
devemos conhecê-los.

Elementos pré-textuais
De acordo com a NBR 6022 (2003, p. 3), os elementos “pré-
-textuais” compreendem:
1) título e subtítulo (se houver);
2) nome(s) do(s) autor(es);
3) resumo na língua do texto;
4) palavras-chave na língua do texto.
Para tratar desse item, seremos bem pontuais e objetivos,
pois trata-se de orientações normativas referentes à formatação.
Desde já, recomendamos que, para redigir o artigo, você padro-
nize o texto com o uso da fonte Times News Roman.
A primeira página, deverá apresentar a identificação do
trabalho. Para confeccioná-la corretamente, proceda a partir das
próximas orientações:

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 113


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

1) Nome do autor e seu respectivo RA, grafados em cai-


xa alta (letras maiúsculas) na parte superior da pági-
na, centralizados, com fonte tamanho 14. Logo abai-
xo, deve constar o nome do curso ao qual o autor está
vinculado, somente com iniciais em maiúsculas, sem
negrito e fonte tamanho 14.
2) No centro da página (centralizado), deve estar o título
do trabalho, em caixa alta e em negrito, com fonte ta-
manho 16. Pule duas linhas e digite o nome do Tutor
da disciplina Metodologia da Pesquisa Científica, pre-
cedido da respectiva titulação, com iniciais em maiús-
culas, negrito e tamanho 14.
3) Pule mais duas vezes e digite o nome da instituição
com iniciais em maiúsculas, negrito, e fonte tamanho
14.
4) No final da página (centralizado), deve ser acrescenta-
do o nome do polo (cidade) em caixa alta e, logo abai-
xo, o ano de conclusão do trabalho, ambos em negrito,
com tamanho 14.
5) As margens devem ser configuradas da seguinte ma-
neira: superior, inferior e direita – 2,0 cm; Margem es-
querda – 2,5 cm.
6) Para tornar essas informações menos abstratas, segue
um modelo de capa concluída:

114 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

Na segunda página, reapresente o título do trabalho grafa-


do em caixa alta, seguido do resumo e das palavras-chave, con-
forme o exemplo a seguir.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 115


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

Resumo
Segundo Buogo, Chiapinotto e Carbonara (2011, p. 184), o
“resumo” exerce a “[...] função de ‘cartão de visita’, para forne-
cer ao leitor, de uma maneira ágil, a essência daquilo que con-
tém o texto maior” (o próprio artigo).
O resumo é a apresentação concisa do texto, com destaque
para seus aspectos mais relevantes. Ele deverá ser elaborado em
fonte Times New Roman, tamanho 12, em parágrafo simples e
justificado, seguido de três a cinco palavras-chave com iniciais
em maiúsculas e separadas por pontos. O texto deve ser redigido
em um parágrafo único.

116 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

Importante!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
As palavras-chave são empregadas de modo a deixar claro do que trata o arti-
go. Elas devem indicar, de modo condensado, a essência do trabalho.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Não há um limite consensual quanto à extensão do “re-
sumo”. Cada instituição adota um padrão viável à sua proposta.
Para os “resumos” elaborados no Claretiano – Centro Universitá-
rio, sugerimos um número de 100 a 300 palavras (sem contar o
título do trabalho e as palavras-chave). Trata-se da mesma medi-
da adotada nos eventos científicos como o Encontro de Iniciação
Científica (ENIC) e o Encontro Nacional Claretiano de Iniciação
Científica (ENCIC), bem como nas revistas científicas da institui-
ção. Para o resumo do Artigo Científico, exceder a medida de 300
palavras não é proibido, ou causará perda de pontuação. Já um
resumo contendo menos de 100 palavras dificilmente consegui-
rá abordar todos os seus itens indispensáveis, embora não seja
impossível. E quais são os elementos indispensáveis do resumo?
Vamos a eles:
1) Introdução (contextualização inicial do tema, incluindo
“justificativa”).
2) Objetivos.
3) Metodologia.
4) Resultados e Discussão (síntese da principal discussão
do estudo).
5) Conclusão.

Importante!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Perceba que os itens imprescindíveis ao resumo, você já confeccionou duran-
te a elaboração do Artigo Científico. Você deverá sintetizá-los ao formato do
gênero exigido. Talvez você esteja se perguntando sobre o item “Resultados e

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 117


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

Discussão”. Entenda que esse item é o resumo das principais ideias da seção
“Desenvolvimento”, de seu Artigo Científico.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O resumo deve ser um texto de sua inteira autoria – por-
tanto, citações (diretas ou indiretas), referências, gráficos ou fi-
guras não devem constar no corpo do texto.
A seguir, veremos um exemplo de resumo em artigo de
revisão bibliográfica.

Atenção!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Infelizmente não será possível abordar todos os modelos ao longo do texto.
Contudo, no Conteúdo Digital Integrador desta mesma unidade, sugeriremos a
leitura de alguns deles, e você deverá fazê-lo de acordo com sua área.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

118 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

Elementos textuais
Passaremos agora aos elementos que lhe darão mais tra-
balho: os elementos textuais. Segundo site da Coordenadoria
Geral de Pesquisa e Iniciação Científica (CPIC), do Claretiano –
Centro Universitário (PESQUISA, 2015, destaque nosso), elemen-
tos textuais “[...] são aqueles que compõem o texto do artigo,
dividindo-se basicamente em introdução, desenvolvimento e
conclusão (ou considerações finais)”.
Para sua redação, utilize fonte Times New Roman (tamanho
12), justifique o texto e coloque o espaçamento “entre linhas”
(1,5). Os elementos textuais deverão compreender, em média,
de 8 a 18 páginas. Não é considerada falha grave se o texto exce-
der o limite de 18 páginas; contudo, você precisa ter em mente
que não é a quantidade de laudas que garantirá a qualidade do
texto, mas as análises realizadas com base na boa compreensão
da base teórica.

IMPORTANTE!––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Lembre-se do tópico em que tratamos sobre escrita acadêmica na Unidade 1:
na construção do Artigo Científico, a objetividade deve ser sua aliada. Tenha
cuidado para não ser prolixo.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Vamos à estrutura da seção “introdução”.

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas e assistir aos
vídeos indicados no Tópico 3. 1.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 119


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

Introdução
A introdução corresponde à parte inicial do Artigo Cientí-
fico. Nela você situará o possível leitor de seu Artigo Cientifico a
respeito de algumas categorias básicas, como:
1) Qual o tema de sua pesquisa (isto é, do que o texto
trata).
2) Qual a importância (justificativa) de estudar o tema
(isto é, qual a relevância do tema escolhido).
3) Qual o objetivo de sua pesquisa (isto é, o que pretende
alcançar com o estudo proposto).
4) Como fará sua pesquisa (isto é, quais procedimen-
tos serão empregados para alcançar os resultados da
pesquisa).
A seguir, tratemos com especificidade de cada um dos
itens citados.

Qual o tema de sua pesquisa?


Essa questão corresponde à parte inicial da introdução.
Nela você deve situar o tema dentro do contexto geral da sua
área de trabalho, desenvolvendo-o inicialmente de maneira ge-
nérica (contextualização geral), para posteriormente chegar ao
particular (foco da pesquisa).
É necessário definir o objeto de análise: o que será estu-
dado? Perceba que há diferença entre “objeto” e “objetivo”. O
“objeto de análise” corresponde ao “corpus” a ser analisado,
isto é, ao que será estudado, sobre o que se voltará a investiga-
ção. Do “objetivo” tratamos na Unidade 2, porém, retomaremos
o item logo mais.

120 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

Qual a importância de se estudar o tema?


É o ponto em que você deverá inserir a “justificativa”;
portanto, deverá responder à pergunta: “Por que fazer?”. Nessa
etapa, apresente de forma clara e objetiva as razões de ordem
teórica ou prática que justificam a realização da pesquisa ou o
tema proposto para avaliação inicial. Desse modo, compreende-
-se que a “justificativa” deve indicar:
1) A relevância social/técnica/científica do problema a
ser investigado.
2) As contribuições que a pesquisa pode trazer, no senti-
do de proporcionar respostas aos problemas propos-
tos ou ampliar as formulações teóricas a esse respeito.
3) O estágio de desenvolvimento dos conhecimentos re-
ferentes ao tema.
4) A possibilidade de sugerir modificações no âmbito da
realidade proposta pelo tema.

Qual o objetivo de sua pesquisa?


Esse é o momento de indicar os “objetivos” da pesquisa:
o que se vai procurar? A apresentação dos “objetivos” varia em
função da natureza do projeto. Nos objetivos da pesquisa, cabe
identificar claramente o problema e apresentar sua delimitação.
Normalmente, apresentam-se os objetivos de forma “geral” e
“específica”, todavia, no modelo elaborado pelo Claretiano –
Centro Universitário, optamos por padronizar uma única opção:
“objetivos”. A seguir veremos alguns exemplos sobre como inse-
rir os objetivos de sua pesquisa.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 121


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

Exemplos:
1) “Almeja-se, com o presente estudo...”.
2) “Com a pesquisa proposta, espera-se...”.
3) “O presente estudo pretende...”.
4) “Com o artigo proposto, intenciona-se...”.

Como fará sua pesquisa?


Essa etapa é destinada a descrever a “metodologia”. Nela
você deverá apresentar uma descrição precisa e detalhada dos
métodos, materiais, técnicas e equipamentos utilizados no estu-
do. É fundamental que fique claro ao leitor a real possibilidade
de reprodução dos passos que conduziram o seu trabalho aos
“resultados alcançados” (conclusões do seu Artigo Científico).
Não se esqueça de que a “metodologia” pode ser inter-
pretada como um conjunto de “métodos e técnicas” utilizados
para a condução da pesquisa e deve ser apresentada na sequên-
cia cronológica em que o trabalho foi construído. É preciso dar
atenção às variações de terminologia relacionadas a essa etapa.
Em determinados casos, em vez de empregar-se o termo
“metodologia”, recorre-se à nomenclatura “métodos ou técni-
cas”. Essa segunda terminologia é mais adequada a trabalhos de
campo, em que se deve oferecer uma série de detalhes, como:
1) Procedimentos técnicos a serem empregados.
2) Critérios de inclusão e exclusão (por que determinada
faixa etária foi incluída no estudo? Por que determina-
do gênero (homens, mulheres, crianças, idosos etc.)?
3) Processo de análise dos dados.

122 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

4) Localização (tempo e espaço de realização da pesqui-


sa etc.).
Você pode, também, descrever sucintamente o tipo de
pesquisa a ser abordada (bibliográfica, documental, de campo
etc.) e delimitar os instrumentos e fontes escolhidos para a co-
leta de dados – como entrevistas, formulários, questionários, le-
gislação doutrina, jurisprudência etc.
Nessa etapa, você deve indicar o procedimento para a co-
leta de dados, que deverá acompanhar o tipo de pesquisa sele-
cionado, isto é:
• Para pesquisa bibliográfica: indicar proposta de seleção
das leituras (seletiva, crítica ou reflexiva, analítica).
• Para pesquisa experimental: indicar o procedimento de
testagem.
• Para pesquisa descritiva: indicar o procedimento da ob-
servação: entrevista, questionário, análise documental,
entre outros.
Uma distinção um pouco mais comum sobre a nomenclatu-
ra empregada para designar o item “metodologia” é a seguinte:
• Metodologia: termo empregado pela área humanística
e áreas afins.
• Material (ou materiais) e métodos: termos emprega-
dos pela área tecnológica, parte da área da saúde e
áreas afins.
• Casuística e métodos: termos empregados pela área
biomédica, área da saúde e áreas afins.
Caso você tenha dúvida sobre qual a nomenclatura mais
adequada à sua área e estudo, poderá consultar o tutor deste
estudo que o tem acompanhado durante as atividades.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 123


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

Escrita Acadêmica–––––––––––––––––––––––––––––––––––
Diferentemente de como você procedeu no Projeto de Pesquisa, no Artigo
Científico, para redigir os objetivos e a metodologia, empregue o presente
do indicativo! Agora você não está apontando para o futuro, mas efetivamente
fazendo a análise.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Ressaltamos que não é recomendado que você crie um


“subitem” para cada uma das categorias citadas anteriormente.
É recomendável que todos sejam situados dentro da seção in-
trodução. Se proceder ao contrário, você fatalmente tornará seu
texto “fragmentado”, “engessado”, atrapalhando a fluência. To-
davia, é importante fazer um aparte: em trabalhos que envolvam
pesquisas de campo (“relato de experiência”, “estudo de caso”
ou qualquer “pesquisa de campo”), é recomendada uma divisão
um pouco diferente da anterior.
Atenção!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Perceba que parte dos itens que deve ser acrescentados na seção “introdu-
ção”, já foram redigidos durante a concepção de seu Projeto de Pesquisa, ou
seja, as quatro perguntas, as quais acabamos de trabalhar, já foram parcial-
mente respondidas. Cabe agora, tendo concluído o Artigo Científico, revisá-las,
e ajustá-las ao “desenho final” de sua pesquisa (ajustar o texto de modo que o
caminho, desde o “problema proposto” até as “conclusões”, seja homogêneo;
coerente).
Para ficar mais fácil, vamos reproduzir as correspondências entre as quatro
perguntas citadas para construção da “introdução” e parte dos itens elabora-
dos para o Projeto de Pesquisa.

Pergunta 1: “Qual o tema de sua pesquisa?”


Você já respondeu essa pergunta ao confeccionar para o Projeto de Pesquisa,
o item “contextualização/revisão bibliográfica”. Ou seja, ao situar seu tema
a partir de uma discussão bibliográfica inicial, você deixou claro ao leitor, qual
do tema abordado em sua pesquisa.

124 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

Pergunta 2: “Qual a importância de se estudar o tema?”


Você já respondeu essa pergunta ao redigir, para o Projeto de Pesquisa, o item
“justificativa”.

Pergunta 3: “Qual o objetivo de sua pesquisa?”


Você já respondeu essa pergunta ao elaborar, para o Projeto de Pesquisa, o
item “objetivos”.

Pergunta 4: “Como fará sua pesquisa?”


Você já respondeu essa pergunta ao elaborar, para o Projeto de Pesquisa, o
item “metodologia”.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Viu como estão associados? Provavelmente você se lembra
que no início de nosso estudo, bem como algumas vezes ao lon-
go dele, retomamos a afirmação que o Projeto de Pesquisa, tal
como é solicitado neste estudo, exerce a função de um “plano de
texto” para o Artigo Científico. Ou seja, o fluxo é único.
Cada um dos itens citados deve aparecer dentro da seção
“introdução”, sem estarem separados como subitens. Muitos
subitens tornam o texto fragmentário, atrapalhando a leitura.
Quando se trata de um trabalho em que se emprega uma meto-
dologia muito detalhada, às vezes o autor recorre a um subitem
específico logo após o final da “introdução”, para descrevê-la. No
entanto, em artigos de revisão bibliográfica não é necessário.
Não há uma cronologia exata para situar os itens citados.
No entanto, eles não podem ser apresentados a esmo, sem uma
linha lógica que garanta a coerência entre as partes. Sugerimos
o seguinte esquema:

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 125


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

Visualizemos agora, um esquema sintético dos aspectos


gerais tratados até aqui, durante o estudo da unidade:

Também é comum, em algumas pesquisas, separar o item


“Resultados e Discussão”, criando dois itens “Resultados” e
“Discussão”. Em contato com o Tutor, você poderá escolher qual
das formas utilizar.
Voltemos a tratar da introdução como um todo. Sugerimos
que você opte pelo jargão “Desenvolvimento”.

126 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

Lembre-se de que, na introdução, que você deverá desper-


tar no leitor a curiosidade para a leitura completa do trabalho.
De acordo com Castro (2011, p. 41):
[...] a introdução de um trabalho é seu cartão de visita, a sua
sala de visitas. É quase uma peça de marketing. Se não é atraen-
te corre o risco de desanimar o leitor, antes mesmo que tenha
uma amostra séria do que vem pela frente. A introdução anun-
cia, tenta seduzir o leitor.

A maneira de proporcionar ao leitor um adequado enten-


dimento dos detalhes do trabalho é dar-lhe primeiro uma noção
geral do todo. De preferência, você deverá concluir a elaboração
da introdução, bem como revisá-la (e, se necessário, reescrevê-
-la), próximo ao término do trabalho. Afinal, por meio dela você
deverá mapear, para o leitor, todo o caminho percorrido. Ao con-
cluir o trabalho, você terá uma visão melhor do conjunto que
possibilitará uma redação adequada da introdução.
Fazemos ainda uma recomendação relevante:
Para produzir a introdução, você deve retomar o seu projeto
de pesquisa. Nela são apresentados os principais elementos do
projeto. É claro que agora esses elementos devem formar um
texto coeso e que tenha a cara de introdução ao desenvolvi-
mento de uma formalização de pesquisa (BUOGO; CHIAPINOT-
TO; CARBONARA, 2011, p. 186).

Conforme citamos há pouco, você poderá, inclusive, apro-


veitar partes do texto do Projeto de Pesquisa, porém melho-
rando-as e adaptando-as aos “resultados alcançados” em seu
trabalho. As adaptações podem ser necessárias, uma vez que,
durante a redação, você poderá dar ao trabalho rumos não pre-
vistos no Projeto de Pesquisa. É bem possível que haja neces-
sidade de alterações, inclusive no próprio “título do trabalho”
(tema delimitado), que deverá dar conta, com clareza, do estudo

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 127


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

que foi realizado, isto é, deverá apresentar ao leitor um recorte


adequado sobre o alcance da análise.
Para problematizar o tema, atestar sua importância e indi-
car o viés da abordagem analítica, você precisará recorrer a uma
boa revisão de literatura:
Lembremo-nos de que as citações têm também a função de
garantir ao leitor que o autor está adequadamente informado
a respeito do campo sobre o qual escreve e que, se tomou al-
gum caminho mais tortuoso ou menos trilhado, não o fez por
desconhecimento das obras mais importantes. Com autores
iniciantes, tais referências mostram ao leitor que o escritor tem
domínio do assunto (CASTRO, 2011, p. 44).

Entretanto, como nos orienta Castro (2011), é necessá-


rio cuidado para não incorrer em explicação desnecessária de
determinados termos técnicos e lugares-comuns. É claro que
o Tutor tem papel importante para alertá-lo quanto a possíveis
“penduricalhos” que podem ou devem ser “cortados”, mas você,
enquanto aluno e pesquisador, pode, desde o início, prevenir-se
quanto a erros convencionais.
Castro (2011, p. 46) orienta-nos que a introdução é uma
“peça didática” para o leitor. Portanto, você deverá fazer o mes-
mo com a sua, de modo que fique claro todo caminho percorrido.

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve assistir aos vídeos indicados no Tópico
3. 2.

A seguir, trabalharemos com o item que exigirá mais de


suas leituras e atenção.

128 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

Desenvolvimento
Chegamos à pesquisa propriamente dita, à travessia mais
trabalhosa que deverá enfrentar durante a construção de seu ar-
tigo: o desenvolvimento.
Para Barros e Lehfeld (2010, p. 120), o desenvolvimento:
[...] é a fase da fundamentação lógica do tema que deve ser
exposta e provada; é a explicação racional que tem por obje-
tivo explicar, discutir e demonstrar. ‘Explicar’ é tornar eviden-
te o que estava implícito, obscuro ou complexo; é descrever,
classificar e definir. ‘Discutir’ é comparar as várias posições que
se entrechocam dialeticamente. ‘Demonstrar’ é aplicar a argu-
mentação apropriada à natureza do trabalho, é partir de verda-
des garantidas para novas verdades.

O desenvolvimento (ou resultados e discussão) é a eta-


pa em que se confrontam os dados encontrados durante a
feitura do trabalho com os apresentados pela literatura rela-
cionada a ele. É fundamental lembrar-se de que é nessa parte
que você precisará mostrar ao leitor por que ele deve acredi-
tar nos resultados apresentados e por que estes sustentam as
conclusões apresentadas.
De acordo com Castro (2011, p. 46):
Tudo o que é importante deverá estar ali. Um leitor rigoroso
e paciente deverá encontrar o essencial para assegurar a vali-
dade metodológica do trabalho. Ou seja, todas as premissas,
teorias, bases de dados, análises e resultados precisam estar
nesse miolo.

O “desenvolvimento” é a seção mais “densa” do Artigo


Científico. Nela você deve argumentar, discutir, inferir sobre o
tema proposto. É o momento de estabelecer um diálogo entre a
teoria e o objeto de análise, pontuando, de modo conciso, coe-
rente e gradual, a investigação realizada. Uma boa argumenta-

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 129


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

ção, devidamente embasada na literatura específica, conduzirá


seu trabalho às boas “conclusões” ou “considerações finais”.
É preciso também conter o ímpeto de multiplicar citações de
outras obras, demonstrando que o autor leu (ou folheou) muita
coisa. Essa enxurrada de autores e citações tira a nitidez das
ideias e traz um quê de exibicionismo. Se o tema é confuso e
tem muitas vertentes, cabe ao autor deslindar o assunto e não
passar para o leitor a cacofonia intelectual que encontrou (CAS-
TRO, 2011, p. 47).

Ao elaborar a seção “desenvolvimento”, siga uma linha ló-


gica de discussão. Tenha cuidado para não fazer “cortes bruscos”
no texto, deixando o leitor confuso e o texto desconexo. Não es-
queça de fazer a ligação textual entre a seção “desenvolvimen-
to” e a seção “considerações finais”.

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve fazer a leituras proposta e assistir ao
vídeo indicado no Tópico 3. 3.

Chegamos à parte final do artigo científico.

Conclusão ou considerações finais


Cada conclusão deve ser fruto de uma “[...] dedução lógi-
ca, baseada e fundamentada no texto, de forma resumida” (LA-
KATOS; MARCONI, 2010, p. 85). Nessa etapa, são destacados os
resultados obtidos no estudo ou pesquisa. Você deve ser breve,
podendo incluir recomendações ou sugestões para outras pes-
quisas na área.
Algumas questões precisam ser respondidas na conclusão:

130 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

1) Com base na discussão realizada, fundamentada na


leitura do referencial teórico, quais conclusões foram
obtidas com o trabalho?
2) Foi possível atingir os objetivos propostos na
introdução?
3) Os resultados obtidos (conclusões) responderam às
questões levantadas no início do estudo?
4) Se não responderam, qual a dificuldade encontrada?
5) Até que ponto as questões iniciais foram respondidas?
Apesar da recomendação para ser breve, invista em uma
boa discussão, com bom referencial teórico, para que seu traba-
lho não seja desvalorizado. Uma seção “Conclusões” ou “Consi-
derações Finais” com um ou dois parágrafos deixará seu texto
demasiado pobre.
Na conclusão (ou considerações finais), você deverá reto-
mar os pressupostos tratados na introdução. É preciso estabele-
cer uma ligação de modo em que fique claro que há um diálogo
entre as partes.
Conclua seu artigo fundamentado nas evidências atingidas
no “desenvolvimento”. Essa última parte não deve contar novos
dados, “[...] ou seja, dados que não tenham sido apresentados
anteriormente e analisados” (CASTRO, 2011, p. 54). Se for pos-
sível, mostre que sua conclusão corrobora com conclusões mais
amplas.
Uma pesquisa abre novas perspectivas, sugere áreas em que
nosso conhecimento é precário e abala convicções antigas. Tais
implicações pertencem [...] [às] conclusões. Contudo, as ‘suges-
tões para pesquisa futuras’ têm de fluir naturalmente da dis-
cussão; não podem ser uma enumeração desconexa de tópicos,
que mais parecem uma lista de compras no supermercado. [...]

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 131


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

Se não há comentários interessantes nessa linha, melhor que


nada seja dito (CASTRO, 2011, p. 54).

Na introdução, você trabalhou o texto (explanação geral


do tema) do “geral” para o “particular”. Já nessa etapa, o proces-
so é inverso: parte-se do “particular” para o “geral”. Vejamos, na
figura a seguir, a visão do “todo” do artigo, proposta por Buogo,
Chiapinotto e Carbonara (2011):

Fonte: Buogo, Chiapinotto e Carbonara, (2011, p. 183).


Figura 1 Estrutura do artigo científico.

Talvez tenha restado a pergunta de se há diferença entre


“Conclusão” e “Considerações Finais”; afinal, empregamos am-
bos os termos várias vezes como sinônimos, sem estabelecer
uma distinção. Para esclarecer essa dúvida, leiamos a definição
do referencial Normas de Elaboração de Trabalhos (CENTRO DE
ENSINO SUPERIOR ALMEIDA RODRIGUES, s.d., p. 24):
Só se deve usar o termo “Conclusão” quando, em pesquisas de
mestrado e doutorado, esta for de tal magnitude que qualquer

132 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

pesquisador, em qualquer lugar, usando os mesmos critérios,


procedimentos e experimentos, chegue à mesma resposta, ou
seja, à mesma “Conclusão”. O termo “Considerações Finais”
deve ser utilizado apenas em pesquisas bibliográficas, em que
outro pesquisador, ainda que consultando as mesmas fontes,
possa chegar a outras respostas, ou seja, a outras “Considera-
ções Finais”. Um exemplo prático desta diferenciação é quando
duas ou mais pessoas assistem a um mesmo filme. Após o tér-
mino, se perguntada, cada pessoa poderá ter a sua compreen-
são, ou seja, suas “Considerações”.

De qualquer forma, sugerimos o uso do jargão “Conside-


rações Finais”. Como apontou o Prof. Dr. Gilson Volpato (2012c),
nenhum conhecimento pode ser considerado acabado. Por isso,
o termo “Conclusão” pode soar um tanto quanto pretensioso.
Ainda que um trabalho traga “conclusões” bem específicas, no-
vos estudos sobre o mesmo tema e objeto de estudo podem
trazer resultados que refutem as “conclusões” de um trabalho
anterior. Nessa lógica de raciocínio, “Considerações Finais” se
apresenta como um texto mais apropriado.

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve assistir ao vídeo indicado no Tópico 3.
4.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 133


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

Elementos pós-textuais
Ainda segundo a NBR 6022/2003, compreende-se como
elementos “pós-textuais”, as “referências”, “apêndices” e “ane-
xos” – dentre outros. Como sabemos que as normas de formata-
ção das “referências” normalmente tiram o sono de graduandos
e pós-graduandos, abordamos suas principais formas na Unida-
de 2, no tópico “2.8 Referências”.
No próximo tópico, discutiremos outra questão relevante
no meio acadêmico. Leia com atenção cada orientação e, caso
tenha dúvida, não hesite em procurar o tutor da disciplina.

2.2. QUESTÕES CRUCIAIS DO TEXTO ACADÊMICO: CITAÇÕES


E PLÁGIO

A incidência de apropriação indevida de produção intelec-


tual, tida como “[...] ato ou efeito de imitar, de apresentar, como
sua, obra de outra pessoa” (CUNHA, 1997, p. 611) – chamada
conceitualmente de plágio – tem aumentado acentuadamente.
A popularização da internet contribui para esse processo. Se, por
um lado, temos acesso rápido e fácil à informação, por outro,
carecemos de mais atenção quanto à procedência da fonte e à
maneira de citá-la no corpo do texto de nossa produção.
Tal problema chegou a tamanha gravidade que o Con-
gresso Nacional sancionou a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de
1998, prevendo sanções cíveis àqueles que se apropriarem in-
devidamente de quaisquer conteúdos, além das sanções penais
dispostas no Código Penal, que trata o plágio como crime (BRA-
SIL, 1998). Plágio é crime e pode acarretar pena de detenção de
três meses a um ano ou multa.

134 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

Além das penalidades citadas e da desmoralização acadêmica,


o plagiário estará sujeito a sanções cíveis, como retratação pú-
blica e indenização pecuniária por dano moral e/ou patrimonial,
e também a sanções administrativas, que podem chegar à re-
provação desligamento da instituição, no caso de estudantes, e
demissão, no caso de professores/pesquisadores (BRASIL, 1998).

Ainda sobre a internet (esclarecendo que plágio não se re-


fere exclusivamente a fontes consultadas na internet), cabe res-
saltar que o maior impasse não é produto da ferramenta em si,
mas do uso que dela se faz. Entretanto, podemos também inferir
que não se trata, exclusivamente, de um problema ético.
Algumas vezes, o autor do texto incorre em “plágio” por
falta de orientação. E é justamente para que você, acadêmico
do Claretiano – Centro Universitário, não cometa esse erro que
abordaremos o tema com ênfase na presente unidade.

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas no


Tópico 4, leia mais sobre plágio, sobre o Artigo 184, e a Lei nº
9.610, de 19 de fevereiro de 1998, na íntegra no Tópico 3. 5.

Por que se faz uma citação?


Inicialmente, esclareçamos, de maneira sucinta, o que é
uma “citação”. Para tanto, nada melhor do que recorrer à defi-
nição da ABNT. Ela nos orienta que citação é “menção de uma
informação extraída de outra fonte” (ABNT, 2002, p. 1).
Desse modo, podemos entender que citar é introduzir a
fala (texto) ou parte dela (fragmento textual) de outro autor
em textos de nossa autoria. Você pode se perguntar: por que

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 135


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

fazemos isso? Não podemos afirmar algo por conta própria? Em


nossa comunicação diária, nas atividades cotidianas não formais,
sim.
Podemos falar o que quisermos e como quisermos (guar-
dados os seus devidos contextos e consequências), mas, no meio
acadêmico, não. Nele as afirmações que fazemos necessitam de
embasamento teórico. Recorramos aos autores Aleixo e Daverni
para esclarecer ainda mais a questão:
Para que um trabalho acadêmico (ou seja, os trabalhos que você
faz no seu curso de Graduação, que vão desde as atividades até
o Trabalho de Conclusão de Curso) possa ser considerado rele-
vante, é preciso que ele esteja fundamentado em estudos na
área do assunto abordado. [...] Dessa forma, para demonstrar
que seu trabalho reconhece as pesquisas relevantes na área e
não partiu de uma ideia vaga e sem fundamentação, mas que
está embasado teoricamente em estudos anteriores à sua
produção, as referências bibliográficas são fundamentais: elas
mostram que você pesquisou antes de afirmar qualquer coisa!
(ALEIXO; DAVERNI, 2012, n.p.).

Refletindo sobre a orientação lida, podemos entender que,


em outras palavras, não podemos afirmar algo no meio acadêmi-
co que não esteja fundamentado em um referencial já validado
pela comunidade acadêmico-científica.
Não podemos escrever a esmo, e construir “achismo”. Em
suma, não podemos fazer uma afirmação categórica sem emba-
samento científico. Lembre-se que plágio não é fazer uso da obra
de outrem, mas sim fazer uso de um texto do qual não somos
autores sem fazer a devida referência. Isso quer dizer que, em
textos acadêmicos, podemos (e devemos) recorrer a outros au-
tores.
A seguir, temos um excerto de um artigo científico que

136 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

trabalha com um tema relacionado à Música Popular Brasileira e


o regime militar brasileiro (1964-1985). Leia com atenção.

Em síntese, o autor argumenta que o período violento


vivido no contexto brasileiro a partir do Golpe Militar de 1964
aconteceu em um mesmo contexto no qual a indústria fonográ-
fica (de discos) se expandia – favorecida pelo crescimento eco-
nômico – concluindo o raciocínio com a indicação que a música
popular brasileira foi utilizada, nesse contexto, como veículo de
crítica, protesto etc.
De que forma o autor do artigo o fez? Fundamentou sua
linha de argumentação no texto de Araújo, empregando “duas ci-
tações diretas”. É claro que estamos trabalhando com um exem-
plo restrito, sintético – ao longo de seu artigo, provavelmente o
autor baseou-se em outros autores para enriquecer a discussão
e dar força ao texto que redigia, isto é, o autor realizou outras
leituras e, de algum modo, trouxe-as para seu trabalho. Em um

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 137


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

trabalho acadêmico, a discussão deve perpassar outros autores,


estabelecendo diálogos ou discutindo disparidades etc.
Agora que você compreendeu a importância de buscar re-
ferências para o desenvolvimento de um trabalho acadêmico,
aprendamos, em seguida, como inserir adequadamente as re-
ferências aos textos de outros autores em nossos textos, isto é,
vejamos como se trabalha com as citações.

Como se faz uma citação?


De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), responsável por nortear o padrão de textos científicos,
são diversas as maneiras de se fazer uma citação. Contudo, as
mais conhecidas são: indireta, direta e citação de citação (apud).
Comecemos pela citação indireta.

Citação indireta
É chamada citação indireta a elaboração de paráfrase tex-
tual. Em linhas gerais, paráfrase textual significa apreender a
ideia de um autor, trazendo-a ao nosso texto com nossas pró-
prias palavras ou, ainda, para ficar mais claro, recorramos à defi-
nição da ABNT para citação indireta: “Texto baseado na obra do
autor consultado” (ABNT, 2002, p. 2).
Nesse caso, você altera a linguagem do “texto fonte” (alte-
ra o plano de expressão, isto é, o “como se diz”), mas não deve
alterar o sentido (plano de conteúdo, ou “o que se diz”).
Ao alterar o plano de expressão, você deve se certificar de
que não alterou a ideia que o autor original quis transmitir. Caso
venha a alterá-la, o leitor (ou avaliador) de seu trabalho possi-

138 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

velmente identificará que você não entendeu o que o autor da


referência quis “dizer”, que teve uma interpretação errônea, al-
terando o sentido do texto (o que é inadequado).
Vejamos um exemplo de paráfrase extraído, na íntegra, do
Curso de Acolhida do Claretiano – Centro Universitário.

Realizar uma paráfrase é, portanto, apreender o sentido,


ideia do texto de um autor, empregando-a em nosso texto – sem
deixar de fazer a devida referência. Os autores Aleixo e Daverni
trazem-nos, ainda, um argumento sobre a importância e uso da
paráfrase no contexto do aluno da Graduação e Pós-Graduação
do Claretiano – Centro Universitário:
Por quê? Ora, para responder às atividades, para mostrar que
pesquisou sobre o assunto, para atestar o seu entendimento
sobre o tema tratado. Assim, quando tiver de fazer uma inte-

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 139


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

ratividade no Fórum ou uma atividade no Portfólio, você nunca


poderá ficar no famoso “ctrl+c e ctrl+v” (copia e cola), uma vez
que isso seria plágio (ALEIXO; DAVERNI, 2012, n.p.).

Vamos às possíveis formatações de uma citação indireta:


• Modelo 1: “Citar um autor consiste em referenciar a
ideia ou o texto feito por ele nos trabalhos que estamos
confeccionando (ROSALES, 2011)”.
• Modelo 2: “Depreende-se do texto de Rosales (2011)
que citar um autor consiste em referenciar a ideia
ou o texto feito por ele nos trabalhos que estamos
confeccionando”.
• Modelo 3: “Segundo Rosales (2011), citar um autor con-
siste em referenciar a ideia ou o texto feito por ele nos
trabalhos que estamos confeccionando”.
Repare que utilizamos a mesma obra do exemplo anterior,
mas com a seguinte diferença: o nome do autor aparece no início
do parágrafo, somente com a letra inicial do sobrenome dispos-
ta em letra maiúscula (“Rosales”), seguida do ano e página entre
parênteses (2011, p. 116). Sempre que você optar por introduzir
a citação “chamando” o nome do autor (Como no exemplo 2 –
“Segundo Rosales...”) – isto é, sempre que o nome do autor for
referenciado fora dos parênteses – somente a primeira letra do
sobrenome deve ser grafada em maiúscula.
É importante apontar que a introdução do parágrafo pode
variar de acordo com seu repertório. Por exemplo, em vez de
“Segundo Rosales (2011, p. 116)”, seria possível utilizar outras
maneiras, tais como: “Aponta Rosales (2011, p. 116) que”, “Afir-
ma Rosales (2011, p. 116) que”, “Depreendemos de Rosales
(2011, p. 116) que”, etc.

140 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

Uma ocorrência corriqueira (mas inadequada) é o produ-


tor de um determinado texto efetuar a paráfrase, mas não refe-
renciar “autor” e “ano” da publicação. Se você assim proceder,
estará cometendo “plágio indireto”. Este ocorre:
[...] quando o redator elabora uma paráfrase, isto é apresen-
ta informações de um documento consultado com as próprias
palavras, mas não faz a indicação (citação) nem a identificação
(referência) da obra original. Cabe observar que neste caso, ain-
da que a obra consultada esteja listada no final do trabalho, a
ausência da citação (indicação) do autor no local exato onde a
ideia original foi reescrita configura plágio (PLÁGIO.NET, 2015,
n.p.).

Tenha muito cuidado ao elaborar uma paráfrase. Altere a


linguagem (plano de expressão) de maneira que seu texto não
se torne uma cópia do texto fonte. Para não cometer esse erro,
observe o exemplo a seguir:

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 141


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

Observe que, ao realizar uma “paráfrase” do “texto fonte”


(ROSALES, 2011, p. 119), o autor alterou o “plano de expressão”
(linguagem) sem comprometer a “ideia” (plano de conteúdo).
Em outras palavras, foi reproduzida a ideia do texto fonte, mas
não por meio de cópia. Além disso, o “texto-fonte” foi referen-
ciado corretamente: “(ROSALES, 2011)”. Vale notar que não foi
citada a página, pois trata-se de uma citação indireta.
A seguir, repetimos o exemplo do “texto-fonte”, mas em-
pregamos um outro exemplo de “paráfrase” (no caso específico,
foi uma tentativa que não resultou em paráfrase).

142 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

Vamos pontuar as alterações dos textos:


1) Substituição de “É importante certificar-se de que” por
“Verifique se”.
2) Exclusão do termo “realmente” – que estava entre
“como tal,” e “é uma reformulação”.
3) Substituição do termo “reformulação” por “mudança”.
4) Alteração de “que você considerou” para “considerado”.
5) Substituição de “você estará cometendo” por
“cometerá”.
Nessa “tentativa” de paráfrase, o autor manteve a ideia
original do “texto-fonte”, mas manteve, também, praticamente

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 143


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

todo o plano de expressão, tratando o fragmento como uma “ci-


tação indireta”. Temos aí um caso “clássico” de plágio.
Por meio dos exemplos, é possível perceber que o autor
não alterou significativamente o plano de expressão do “texto-
fonte” de modo a construir a paráfrase; ao contrário, acabou
praticamente copiando o texto-fonte na íntegra. Seria mais ade-
quado não ter feito nenhuma alteração na linguagem e ter feito
uma citação literal (“citação direta”, que aprenderemos a seguir).

Citação direta
Entende-se por “citação direta” qualquer fragmento, por
menor que seja, retirado na íntegra da obra de outro autor, ou,
em uma definição conceitual: “Transcrição textual de parte da
obra do autor consultado” (ABNT, 2002, p. 2).
Há três formas de fazer uma citação direta:
• Citação direta que compreende até três linhas do corpo
do texto.
• Citação direta que compreende quatro linhas ou mais.
• Citação de citação.
Trabalharemos com cada uma delas. Atente-se para o
exemplo a seguir.
Aponta Rosales (2011, p. 116) que: “É importante certifi-
car-se de que o trecho que você considerou como paráfrase [...]
é uma reformulação do texto original e não uma cópia”.
Repare que, no exemplo anterior, a citação direta tem até
três linhas, e está compreendida entre aspas (“ ”). A indicação
da fonte (sobrenome do “autor”, seguido de “ano” e “página”,
sempre separados por vírgulas) introduz a citação. A outra ma-

144 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

neira de se fazer uma citação direta de até três linhas é proceder


da mesma maneira indicada no exemplo anterior, fazendo so-
mente uma alteração: citar a fonte no final do parágrafo: “(RO-
SALES, 2011, p. 116)”.
Observe a seguir uma outro exemplo de forma de incluir
um texto externo ao nosso:
• É importante certificar-se de que o trecho que você
considerou como paráfrase e referenciou como tal real-
mente é uma reformulação do texto original e não uma
cópia (que exige citação direta), caso contrário, você es-
tará cometendo plágio.
Perceba que utilizamos exatamente o mesmo texto. Se
procedêssemos dessa forma, cometeríamos “plágio direto”, que
consiste em “cópia literal do texto original” (PLÁGIO.NET, 2015,
n.p.); afinal, estaríamos empregando uma parte literal do texto
de outrem sem indicar “autor”, “ano” e “página”. Esse procedi-
mento é condenado.
Vamos, ainda, a mais um exemplo utilizando o mesmo
fragmento.
• É importante certificar-se de que o trecho que você
considerou como paráfrase e referenciou como tal real-
mente é uma reformulação do texto original e não uma
cópia (que exige citação direta), caso contrário, você es-
tará cometendo plágio (ROSALES, 2011).
Esse trecho contém outra incorreção: indicamos somente
a “autoria” e o “ano” de publicação. A “página” não foi indica-
da; em “citações diretas”, a indicação de “página” é obrigatória.
Além disso, como trata-se de uma citação literal de até três li-
nhas, ela deveria estar entre “aspas” para que o leitor entendes-

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 145


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

se claramente que se trata de um fragmento retirado na íntegra


do texto de Rosales. Isso faria com que o leitor entendesse ina-
dequadamente que construímos uma paráfrase (“citação indire-
ta”) do texto de Rosales – e não uma citação direta. Nesse caso,
cometeríamos novamente plágio direto.
Em casos em que a referência não contiver marcação de
páginas, utilize a expressão “n.p.” (não paginado); desse modo,
o leitor entenderá que o texto que foi utilizado como referência
não indicava página – em um exemplo completo, teríamos: “(RO-
SALES, 2001, n.p.)”.

Atenção!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Essa opção é válida somente para fontes que não apresentam paginação.
Se você referenciou um determinado texto, não acrescentando página porque
esqueceu de fichá-lo, e utilizar o recurso “n.p.”, estará cometendo um erro.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Citação direta longa


O outro modelo de citação direta é o que se refere às cita-
ções que compreendem quatro linhas ou mais do corpo do texto.
Em citações que se adequam a esse formato, você deve referen-
ciar como orientam os exemplos a seguir:
• Conforme afirma Rosales (2011, p. 115):
Em cursos a distância, é habitual pesquisar documentos com-
plementares na internet para facilitar a compreensão de um
assunto de uma disciplina ou para auxiliar na elaboração de
trabalhos acadêmicos. Ao selecionar esses documentos, procu-
re reconhecer se a fonte que o disponibiliza é confiável. Para
isso, observe se o site é conhecido e se os autores dos materiais
publicados estão vinculados a órgãos científicos e de pesquisa.

146 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

Se houver qualquer dúvida sobre esses itens, é melhor buscar


documentos em outros sites.

• Ao fazer uma citação:


[...] respeite o autor original e sempre indique a referência bi-
bliográfica para qualquer trecho retirado de uma obra, mesmo
que seja apenas uma pequena frase; copiar a ideia de alguém,
ou qualquer trecho de texto, ou figura etc. – é plágio e caracte-
riza crime! Caso você realize este ato em seu trabalho acadêmi-
co, certamente será penalizado pelo professor (ROSALES, 2011,
p. 116).

Perceba que a única diferença nos exemplos anteriores é o


local onde o autor faz referência à fonte consultada.
É importante mencionar que você pode se utilizar das duas
maneiras ao longo do seu texto, desde que o faça de maneira
correta, isto é, indicando “autor”, o “ano” e a “página” da publi-
cação. O que você não pode, em hipótese alguma fazer, é deixar
de referenciar o texto que não é de sua autoria.

Citação de Citação
Chamamos de “citação de citação” a ocorrência de citar-
mos a ideia de determinado autor que aparece no texto de outro
autor – isto é, quando queremos fazer uma citação direta, mas
não tivemos acesso ao texto original.
Por exemplo, suponhamos que você estava realizando
pesquisa sobre direito autoral. Durante as leituras, deparou-se
com o material didático Tecnologia Educacional para Educação
a Distância, elaborado pela Professora Ms. Gislaine Cristina Mi-
cheloti Rosales. Durante a leitura do texto de Rosales, encontrou
uma citação da legislação brasileira que é muito pertinente ao

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 147


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

seu trabalho. Deste modo, para fundamentar algum argumento


confeccionado em seu texto, você opta por utilizá-la.
Dupas (2012, p. 27) orienta que a “citação de citação”
(apud) “[...] é indicada da seguinte forma: sobrenome do autor
original, seguido da expressão ‘apud’ [...] e do nome do autor
citado (autor da obra consultada)”. Vamos ao exemplo:
• Para Brasil (1998, apud ROSALES, 2011, p. 109), cabe
“[...] ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor
da obra literária, artística ou científica”.
Perceba que uma “citação de citação” também é uma “ci-
tação direta”, pois se trata de um fragmento retirado na íntegra
(isto é, sem alteração da linguagem) do texto que já pertence a
um determinado autor. A diferença é que, como já explicamos
anteriormente, você empregará essa forma de citar quando não
teve contato com a fonte original, mas com um autor que fez uso
da obra de um outro autor.

Importante!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O termo “apud” é originário do latim e significa “citado por”. No exemplo em-
pregado, podemos entender que uma obra de Brasil (1998) foi citada no texto
de Rosales (2011). Desse modo, entende-se que citamos um fragmento do
texto de Brasil, ao qual tivemos acesso durante a leitura de Rosales, pois não
lemos o texto original. Tivemos acesso somente à “obra secundária”. Por isso,
apontamos que “este” foi citado por “aquele”: “(apud ROSALES)”.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Vejamos um outro exemplo:
• Cabe “[...] ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e
dispor da obra literária, artística ou científica” (BRASIL,
1998 apud ROSALES, 2011, p. 109).
Observe que, nesse exemplo específico, o sobrenome do
autor foi citado em caixa alta (letra maiúscula) dentro dos pa-

148 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

rênteses. Lembre-se: se um autor é citado dentro de parênte-


ses, todas as letras maiúsculas de seu sobrenome devem ser
maiúsculas.
Desse modo, podemos entender que ambos os exemplos
estão corretos, pois apresentam-se formatados de maneira ade-
quada (de acordo com o padrão exigido pela ABNT) e também
indicam todos os elementos imprescindíveis a uma “citação de
citação” (que também é citação direta), que são: indicação da
fonte original, isto é, do “autor” do fragmento (BRASIL), seguido
do ano (1998) e depois do termo “apud” (que não é precedido
de vírgula; após ele, vêm a indicação da fonte lida (ROSALES) –
tivemos acesso ao texto de Brasil durante a leitura de Rosales – o
ano de publicação da fonte secundária (2011) e, por fim, a indi-
cação da “página” (p. 109).
Se você “[...] utilizar as fontes do autor consultado como
se tivessem sido consultadas em primeira mão” sem “[...] deixar
claro para o leitor que o texto apresentado foi obtido por meio
de fonte secundária” estará cometendo plágio. Tal ocorrência é
classificada como “plágio da fonte” (PLÁGIO.NET, 2014).
Há, ainda, um outro tipo de plágio que, infelizmente, é
muito comum no meio acadêmico. O site plagio.net (2015, com
itálicos do autor) conceitua-o como “plágio consentido”, que
consiste na:
[...] combinação entre duas ou mais pessoas com o objetivo de
obter vantagem em alguma situação. Caso trabalhos entregues
com o nome de determinado aluno, mas que foram realizados
por outras pessoas; trabalhos que foram realizados por outros
e já apresentados em instituição X mas são cedidos para serem
entregues como se fossem originais na instituição Y. Também é
o caso de trabalhos que são comprados de escritórios especiali-
zados neste tipo de (des) serviço acadêmico.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 149


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

Casos como esse, assim como os de “autoplágio” – que


são definidos como “[...] trabalhos acadêmicos do mesmo autor
que já foram apresentados para avaliação em uma determinada
disciplina, curso, revista etc. e são reapresentados para cumprir
exigências acadêmicas ou obter nota como se fossem originais”
(PLÁGIO.NET, 2015) −, são severamente punidos pela comuni-
dade acadêmica. Redija seus trabalhos com responsabilidade e
atenção!

Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––––


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Vi-
deoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível
de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo
(Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a
lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e sele-
cione: Metodologia da Pesquisa Científica – Vídeos Complementares
– Complementar 2.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição
necessária e indispensável para você compreender integralmen-
te os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. ESTRUTURA DO ARTIGO CIENTÍFICO

Sobre os elementos textuais concernentes à estrutura do


artigo científico, sugerimos as seguintes leituras:

150 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

• CASTRO, C. M. Como redigir e apresentar um trabalho


científico. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. p. 41-
52. (Biblioteca Digital Pearson).
• CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R. Metodologia
científica. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
p. 115-125. (Biblioteca Digital Pearson).
• BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos da
metodologia científica. 3. ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2007. p. 120-121. (Biblioteca Digital
Pearson).
• ILHESCA, D. D.; SILVA, D. T.; SILVA, M. R. Redação
acadêmica. Curitiba: Intersaberes, 2013. p. 131-136.
(Biblioteca Digital Pearson).
Assista a palestra proferida pelo professor Valtencir Zuco-
lotto, da Universidade de São Paulo (USP), realizada em 2011, na
2ª Semana de Escrita Científica, articulada pelo Departamento
de Física da Universidade Federal de São Carlos (UFScar).
Durante sua fala, o professor discorre sobre a escrita cien-
tífica voltada para publicação de artigos internacionais. Apesar
dos exemplos em língua inglesa (o que não dificulta sua com-
preensão), e do direcionamento conclusivo da conferência, é re-
levante que assista ao menos uma hora e vinte minutos do vídeo,
uma vez que as informações estruturais se aplicam à estrutura
do artigo científico em todos os níveis.
• ZUCOLOTTO, Z. 2ª Semana da Escrita Científica
do Instituto de Física de São Carlos – IFSC/USP.
Como escrever bons artigos científicos: estrutura e
linguagem. 2011. Disponível em: <www.youtube.com/
watch?v=QkJFxA9CR3M>. Acesso em: 24 fev. 2015.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 151


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

Um outro vídeo interessante sobre a redação do artigo


científico é o do Prof. Dr. Gilson Volpato:
• VOLPATO, G. L. O Método Lógico para Redação Científi-
ca. Disponível em: <http://www.escritacientifica.sc.usp.
br/videos/>. Acesso em: 11 fev. 2015.
Observação––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para acessar ao vídeo do professor Volpato, siga o link indicado e clique no
menu: “1º Semana da Escrita Científica do IFSC – 2010”, e role a barra até o
final. A conferência está dividida em três partes.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A título de curiosidade, recomendamos a palestra sobre
“fraude em ciência”, do Prof. Dr. William Saad Hossne:
• HOSSNE, W. S. 008 – Fraude em ciência: casos e cau-
sas (Parte 1). Disponível em: <http://iptv.usp.br/portal/
video.action?idItem=11261>. Acesso em: 24 fev. 2015.
• O ESTADO DE SÃO PAULO. Pela 1ª vez, Fapesp torna
públicas fraudes em pesquisas científicas. 2014.
Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/noticias/
agencia-estado/2014/10/08/pela-1-vez-fapesp-torna-
publicas-fraudes-em-pesquisas-cientificas.htm>.
Acesso em: 24 fev. 2015.

3.2. INTRODUÇÃO

Sugerimos ainda que assista a dois vídeos do Prof. Dr. Gil-


son Volpato, sobre como redigir a introdução:
• VOLPATO, G. Aula 37 – Introdução – para que serve.
2012. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=rjrwbFNGzHA>. Acesso em: 24 fev. 2015.

152 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

• ______. Aula 39 – Introdução – estruturas. 2012a.


Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=DTe92QAk7a4>. Acesso em: 24 fev. 2015.

3.3. DESENVOLVIMENTO

Para complementar nossas orientações à respeito da dis-


cussão (que pode ser situada no desenvolvimento), indicamos
os seguintes vídeo e texto:
• VOLPATO, G. Aula 36 – Discussão. Disponível em: <htt-
ps://www.youtube.com/watch?v=RKD6G8a1krI>.
2012b. Acesso em: 24 fev. 2015.
• ILHESCA, D. D.; SILVA, D. T.; SILVA, M. R. Redação acadê-
mica. Curitiba: Intersaberes, 2013. p. 79-92. (Biblioteca
Digital Pearson).

3.4. CONCLUSÃO OU CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sobre o item conclusão (ou considerações finais), reco-


mendamos que assista a mais um vídeo do Prof. Dr. Gilson Vol-
pato:
• VOLPATO, G. Aula 30 – Conclusão – como redigir.
2012c. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=TA8RtZod_7E>. Acesso em: 24 fev. 2015.

3.5. PLÁGIO
Dentre os temas tratados em evidência, cabe destacar
as classificações de “plágio” e as estratégias que você deve
empregar para “fugir” dessa prática. Caso ainda tenha dúvida,

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 153


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

acesse os seguintes endereços:

• BRASIL. Ministério da Saúde. Plágio acadêmico: co-


nhecer para combater. Disponível em: <http://bvsms.
saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/plagio_academico.
pdf>. Acesso em: 24 fev. 2015.
• PLÁGIO.NET. Como o plágio acontece: tipos mais
comuns. Disponível em: <http://www.plagio.net.br/
index-1-menu3.html>. Acesso em: 24 fev. 2015.
• UFF – UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE. Nem tudo
o que parece é: entenda o que é plágio. Disponível em:
<http://www.noticias.uff.br/arquivos/cartilha-sobre-
plagio-academico.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2015.
Ainda sobre o plágio acadêmico, recomendamos dois ví-
deos que consideramos instrutivos:
• TV JUSTIÇA. Plágio acadêmico. Fórum. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=tLGO5pmA7EE>.
Acesso em: 24 fev. 2015.
• IESB – INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRA-
SÍLIA. Como evitar o plágio – Centro universitário
IESB. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=exGX8wvrje4>. Acesso em: 24 fev. 2015.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-
dos estudados para sanar as suas dúvidas.

154 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

1) Durante sua pesquisa, caso recorra à uma citação literal, você deverá
referenciar:
a) Nome do autor.
b) Nome do autor e ano.
c) Autor, ano e página.
d) Somente a página.
e) n.d.a.

2) Em caso de paráfrase do texto de um determinado autor:


a) Não é preciso referenciar.
b) Deve-se indicar somente o ano de publicação.
c) Indica-se somente o nome do autor.
d) Aponta-se o autor e o ano da publicação.
e) n.d.a.

3) Pode-se caracterizar um plágio acadêmico, quando:


a) Reproduz-se uma obra completa sem indicar a fonte.
b) Cita-se ao menos metade de um trabalho ou obra.
c) Copia-se somente parte de obras impressas.
d) Emprega-se qualquer fragmento literal ou não literal de quaisquer ti-
pos de fontes, sem fazer a referência segundo as normas da ABNT.
e) n.d.a.

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au-
toavaliativas propostas:
1) c.
2) d.
3) d.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 155


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

5. CONSIDERAÇÕES
Nesta última unidade, estabelecendo relação com os con-
ceitos trabalhados na Unidade 1 e Unidade 2, em que foi abor-
dado o Projeto de Pesquisa, bem como outros itens constitutivos
da esfera da “pesquisa”, apresentamos a estrutura comum do
Artigo Científico.
Esperamos que você tenha aproveitado ao máximo as
orientações aqui trabalhadas, além das leituras e vídeos sugeri-
dos, e tenha confeccionado um Artigo Científico adequado para
sua aprovação na disciplina.

6. E-REFERÊNCIAS
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Norma NBR 6022. Informação
e documentação – Artigo em publicação periódica científica impressa – Apresentação.
Rio de Janeiro: ABNT, maio 2003. Disponível em: <http://porvir.org/wp-content/
uploads/2013/08/abntnbr6022.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2015.
______. Norma NBR 10520. Informação e documentação – Citações em documentos
– Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, ago. 2002 Disponível em: <http://www.
gerenciamento.ufba.br/disciplinas/metodologia/nbr10520.pdf>. Acesso em: 24 fev.
2015.
BRASIL. Lei nº. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a
legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 20 fev. 1998. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm>. Acesso em: 23 fev. 2015.
______. Ministério da Saúde. Plágio acadêmico: conhecer para combater. Disponível
em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/plagio_academico.pdf>.
Acesso em: 24 fev. 2015.
______. Presidência da República. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940.
Diário Oficial da União, 31 dez. 1940. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm>. Acesso em: 24 fev. 2015.
CLARETIANO – CENTRO UNIVERSITÁRIO. Guia do TCC. Disponível em: <http://www.
claretianobt.com.br/tcc>. Acesso em: 23 fev. 2015.

156 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR ALMEIDA RODRIGUES. Normas de Elaboração de


Trabalhos. Disponível em: <http://www.faculdadefar.edu.br/arquivos/curso-arquivo/
files-22-0.pdf>. Acesso em: 22 jan. 2015.
PLÁGIO.NET. Como o plágio acontece: tipos mais comuns. Disponível em: <http://
www.plagio.net.br/index-1-menu3.html>. Acesso em: 24 fev. 2015.
VOLPATO, G. Aula 37 – Introdução – para que serve. 2012. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=rjrwbFNGzHA>. Acesso em: 24 fev. 2015.
______. Aula 39 – Introdução – estruturas. 2012a. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=DTe92QAk7a4>. Acesso em: 24 fev. 2015.
______. Aula 36 – Discussão. 2012b. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=RKD6G8a1krI>. Acesso em: 24 fev. 2015.
______. Aula 30 – Conclusão – como redigir. 2012c. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=TA8RtZod_7E>. Acesso em: 24 fev. 2015.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEIXO, F.; DAVERNI, R. F. Tema 3: Estrutura do texto acadêmico, referenciação, plágio
e paráfrase. In: CLARETIANO. Curso de acolhida. Batatais: Claretiano, 2012.
ARAÚJO, P. C. Eu não sou cachorro não – música popular cafona e ditadura militar. 4.
ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Norma NBR 6023. Informação
e documentação – Referências – Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, ago. 2002.
BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos da metodologia científica. 3. ed. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.
BUOGO, A. L.; CHIAPINOTTO, D.; CARBONARA, V. O desafio de aprender ultrapassando
horizontes. 2. ed. Caxias do Sul: Educs, 2011.
CASTRO, C. M. Como redigir e apresentar um trabalho científico. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2011.
CAVALCANTE, M. A. S.; FREITAS, M. L. Q. (Orgs.). O ensino da língua portuguesa nos
anos iniciais: eventos e práticas de letramento. Maceió: Edufal, 2008.
CPIC – COORDENADORIA GERAL DE PESQUISA E INICIAÇÃO CIENTÍFICA. Normas gerais
para elaboração do trabalho de conclusão de curso (TCC). Batatais: Claretiano, 2013.
CUNHA, A. G. Dicionário etimológico nova fronteira da língua portuguesa. 2. ed. 8.
imp. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 157


UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO

DUPAS, M. A. Pesquisando e normalizando: noções básicas e recomendações úteis


para a elaboração de trabalhos científicos. São Carlos: EdUFSCar, 2012.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
LIMONGELI, A. M. Teoria de Henri Wallon e a formação psicológica do professor de
educação física. Revista Educação, v. 4, n. 1, p. 21-36, 2014. Disponível em: <http://
claretianobt.com.br/revista/dMyUQZwlV>. Acesso em: 08 set. 2015.
ROSALES, G. C. M. Tecnologia Educacional para Educação a Distância. Centro
Universitário Claretiano de Batatais, 2011. (Material Didático Mediacional).

158 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA

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