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UNIP - Curso de Engenharia - Disciplina: Noções de Direito

Série: 1º Semestre - Professor: Edílson Mendes – 2018

NOÇÕES DE DIREITO
Introdução ao Direito
Origem e finalidade do Direito
O Direito faz parte de nossas vidas desde o início da civilização. Estamos permanentemente envolvidos
com relações de direito as quais não podemos evitar.
Diversos são os significados para a palavra Direito como norma, lei, regra, faculdade etc.
Por definição, Direito é o conjunto de princípios, regras e de instituições destinado a regular a vida
humana em sociedade.
Em análise aos elementos constantes no conceito apresentado, vejamos:
(i) O Direito representa um conjunto, pois é composto de várias partes organizadas, formando um
sistema;
(ii) Na qualidade de ciência, possui princípios próprios (exemplos: princípio da boa-fé, razoabilidade,
proporcionalidade);
(iii) O Direito possui diversas regras sendo que, algumas delas, estão sintetizadas em códigos e em
inúmeras leis esparsas;
(iv) Instituições são entidades que perduram no tempo. O Direito tem várias delas, como os sindicatos,
os órgãos do Poder Judiciário, do Poder Executivo etc.
No início da civilização, imperava a lei do mais forte. De modo a garantir sua sobrevivência, o homem
primitivo buscava recursos para enfrentar seus inimigos naturais para, aos poucos, submetê-los ao seu
domínio.
O homem, como ser gregário, vivia em grupos e, na vigência da lei do mais forte surgiam rivalidades
envolvendo o patrimônio ou suas mulheres. Desse modo, aparece o primeiro elemento do direito: o
respeito pela coisa alheia. O homem começou a compreender que o direito é o respeito à propriedade, à
vida e à liberdade de outrem.
A fim de disciplinar e viabilizar a vida social tornou-se necessário a imposição de regras para organizar a
conduta das pessoas, umas com relação às outras. Vivendo em sociedade, o homem encontra na ordem
jurídica o instrumento para sua sobrevivência.
Enfim, o Direito tem por finalidade a realização da paz e da ordem social atingindo, inclusive as
relações individuais das pessoas.

Direito Natural x Direito Positivo


Até aqui sabemos que para que haja paz e ordem social os homens são submetidos compulsoriamente às
regras impostas pelo Estado. No entanto, é interessante conhecer o chamado Direito Natural que nasce a
partir do momento que surge o homem.
O direito natural pode ser entendido como uma idéia abstrata do Direito, o ordenamento ideal,
correspondente a uma justiça superior e anterior. Em outras palavras, seria um sistema de normas que
independe do direito positivo que por sua vez, é o complexo de normas jurídicas válidas num dado país.
O direito natural antecede e subordina o direito positivo (ou direito posto) que prescreve
comportamentos e tem origem político/social. Tomas Hobbes descreve o direito natural como “a
liberdade que cada homem tem de usar livremente o próprio poder para a conservação da vida e,
portanto, para fazer tudo aquilo que o juízo e a razão considerem como os meios idôneos para a
consecução desse fim” (Leviatã, 1ª parte, cap. XIV). Entretanto, Hobbes considera que o direito natural
só leva à guerra de todos contra todos e à destruição mútua, sendo necessária a criação de um direito
positivo, garantido pelo poder centralizado que estabelecerá regras de convívio e pacificação.
Assim, a fim de promover a paz e ordem social, o Estado impõe regras de conduta por meio de seus
órgãos legislativos. No entanto, a imposição dessas regras apenas se torna eficaz quando os sujeitos que
a elas estão submetidos sofrem uma sanção no caso de seu descumprimento. Em outras palavras, a
sanção no Direito existe para que a norma seja cumprida, quando a submissão não ocorre
espontaneamente.
Conforme exposto anteriormente, o direito positivo, também denominado pelos juristas de direito
objetivo é o complexo de normas jurídicas válidas num dado país, sendo a regra vigente positiva para
reger as relações humanas, imposta coercitivamente à obediência de todos, a fim de disciplinar a
atividade dos homens, instituindo e mantendo a ordem social.
Em contraposição ao direito objetivo, existe o direito subjetivo que é a prerrogativa que as pessoas
possuem para exigir seu direito quando violado. Assim, podemos citar como exemplo o art. 1228 do
Código Civil que assegura ao proprietário a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de
reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. Se alguém se apodera
injustamente de um bem seu, poderá acionar o Poder Judiciário (direito subjetivo) para o
reconhecimento de um direito, que o direito objetivo me concede.

Direito Público x Direito Privado


Apesar da unidade do sistema normativo, o Direito divide-se em dois grandes ramos: O Direito Público
e o Direito Privado.
O Direito Público envolve a organização do Estado, em que são estabelecidas normas de ordem pública,
que não podem ser mudadas pela vontade das partes, como a obrigação de pagar tributos. É o conjunto
de normas que regulam as atividades da União, Estados, Distrito Federal, Territórios, Municípios,
autarquias e demais entidades de caráter público, criadas por lei, portanto, Poder Público
O Direito Público se subdivide ainda em Direito Externo e Interno. O Direito Externo é composto por
regras, convenções ou tratados que disciplinam as relações entre as Nações, onde o Brasil sempre está
presente em um dos pólos, como país soberano.
O Direito Público Interno é aquele que vigora apenas dentro do nosso país e abrange diversos ramos do
Direito, tais como: Direito Constitucional, Administrativo, Tributário, Processual e Penal.
Por sua vez, Direito Privado é o conjunto de normas que regulam as atividades dos particulares. No que
se refere ao Direito Privado, este se encontra subdividido em Direito Comum e Direito Especial. A
classificação em Direito Comum se dá por exclusão, ou seja, não sendo norma enquadrada no Direito
Especial, será, então, de Direito Comum representado pelo Direito Civil. Os ramos que compõem o
Direito Especial são: o Direito do Consumidor e o Direito do Trabalho.

Ramos do Direito Positivo


Conforme exposto no texto anterior, o Direito Positivo subdivide-se em Direito Público e Direito
Privado. Neste momento contemplaremos um panorama sobre os diversos ramos do direito positivo.
Direito (Público) Interno
Direito Constitucional – visa a regulamentar a estrutura básica do Estado e suas metas, além de fixar os
direitos fundamentais da pessoa humana.
Direito Administrativo – conjunto de regras destinadas ao funcionamento da administração pública no
que concerne às relações entre a Administração e administrados.
Direito Tributário - cuida da forma de instituição e arrecadação de tributos e tem por escopo a obtenção
da receita para o Estado.
Direito Processual – disciplina a atividade do Poder Judiciário e dos que a ele recorrem.
Direito Penal – visa à repressão dos delitos; é um conjunto de leis que define os crimes e estabelece as
penas.

Direito Privado
Direito Civil – regula as relações jurídicas das pessoas. O Código Civil de 2002 é dividido em Parte
Geral e Parte Especial. Na Parte Geral são tratadas, entre outras matérias, das pessoas naturais e
jurídicas, do domicílio, dos bens, dos fatos e negócios jurídicos. A Parte Especial versa sobre obrigações
e contratos, títulos de crédito, direito de empresa, sociedades simples e empresariais, direito das coisas,
direito de família, tutela e curatela, direito das sucessões.
Direito do Trabalho – regula a relação de emprego e as situações conexas (empregados domésticos,
avulsos, temporários e pequenos empreiteiros), bem como a aplicação das medidas de proteção ao
trabalhador.
Direito do Consumidor – conjunto de regras protetoras das relações de consumo, para impor aos
fabricantes ou intermediários a responsabilidade pela qualidade dos produtos com a intervenção do
Estado para evitar que cláusulas contratuais sejam impostas unilateralmente pelos produtores e
vendedores aos adquirentes de bens de consumo para uso próprio. Inclui um regime jurídico geral
baseado no controle da proteção da saúde, na qualidade dos produtos e serviços e na proteção contra a
publicidade e as informações enganosas.

Lei
Antes de adentrarmos no conceito de lei convém trazer ao conhecimento as chamadas “Fontes do
direito” que tem por objetivo estabelecer como o Direito se expressa. São os meios pelos quais se
formam as regras jurídicas. As fontes do direito podem ser divididas em diretas (lei e o costume) e
indiretas (doutrina e jurisprudência).
Lei é a norma formulada pelo Legislativo e o costume é a reiteração constante de uma conduta, na
convicção de ser a mesma obrigatória, prática geral aceita como sendo o Direito. Na falta de lei sobre
determinado assunto, pode o juiz decidir a questão de acordo com o costume.
Doutrina é a interpretação da lei feita pelos estudiosos da matéria em comentários, aulas, tratados,
pareceres, monografias etc.
Jurisprudência, por sua vez, é a interpretação da lei feita pelos juízes e tribunais nas suas decisões. É
comum dizer que a jurisprudência está firmada quando uma questão é julgada e decidida reiteradamente
do mesmo modo.
Interessante colocar em foco a diferença conceitual entre lei, norma, regra e princípio para que assim
talvez se compreenda uma das grandes polêmicas acerca da convergência das normas contábeis
brasileiras aos princípios do IFRS (International Financial Reporting Standards).
Primeiramente, norma é regra de conduta, podendo ser jurídica, moral ou técnica. Norma jurídica é uma
regra de conduta imposta, admitida ou reconhecida pelo ordenamento jurídico. É comum o uso de norma
e lei como expressões equivalentes. Entretanto é importante ressaltar que norma abrange também o
costume e os princípios gerais do direito.
O costume é a vontade social decorrente de uma prática reiterada, de certo hábito, de seu exercício. O
costume é espontâneo, é elaborado e cumprido pelo grupo. A lei é decorrente do Poder Legislativo, tem
um processo técnico para sua elaboração, sendo escrita.
Princípios são standards jurídicos, são gerais, possuindo um grau de abstração muito maior do que o da
norma.
Miguel Reale, eminente jurista brasileiro, menciona a chamada tridimensionalidade do Direito que pode
ser entendido como Fato, Valor e Norma.
À medida que a sociedade deseja tutelar fatos que lhe são importantes, que ocorrem na sociedade, tais
fatos são valorados por meio da norma, que pretende regular as condutas das pessoas, de acordo com os
fatos e valores.
A norma, por sua vez, é externalizada por meio de regras ou princípios. Os sistemas jurídicos podem ser
classificados basicamente em duas famílias: as originárias do sistema romano-germânico e do common
law. No sistema romano-germânico (code law) impera a lei, que rege as relações entre as pessoas. No
sistema common law valem as decisões judiciais, partindo-se do caso concreto, indicando precedentes,
que são seguidos para casos semelhantes. O juiz faz a lei. A Inglaterra e os Estados Unidos adotam o
sistema common law. O Brasil adotam o code law.
Voltando ao assunto convergência das normas contábeis brasileiras aos princípios do IFRS e sabendo
que este é um organismo eminentemente europeu e estadunidense, e, portanto, com sistemas jurídicos
baseado no common law, emitem princípios contábeis. Diante de princípios contábeis, não haverá para o
contabilista brasileiro regras que ditam procedimentos. Haverá sim, a necessidade de o contabilista
aplicar juízo de valor ao caso concreto para a aplicação dos princípios.

Conceito de Lei
As leis contêm normas que devem ser observadas por todos, e, por isso, devem ser claras e objetivas. A
lei jurídica reveste-se de imperatividade, generalidade e permanência. É imperativa visto que impõe
condutas e deveres; é geral, pois são aplicáveis e oponíveis a todos em uma sociedade e tem validade
permanente exceto no caso de outra lei a revogar ou tenha a referida lei caráter temporário.
Trata-se de uma regra geral e obrigatória emanada pelo Poder Legislativo e editada no interesse do povo,
mediante processo específico de elaboração. Hierarquicamente as leis se classificam em normas
constitucionais, que estão em patamar acima de todas as demais, leis complementares, leis ordinárias e
as leis delegadas. Além destas normas temos ainda os decretos legislativos, resoluções do legislativo e as
medidas provisórias que possuem força de lei.
Leis complementares se referem a matérias infraconstitucionais mais específicas, que exigem aprovação
por quorum especial no Poder Legislativo.
Leis ordinárias, por sua vez, são elaboradas pelo Poder Legislativo federal, estadual e municipal, cada
qual em seu campo de atuação definido pela Constituição Federal. Por fim, as leis delegadas são
elaboradas pelo Poder Executivo, sob expressa autorização do Poder Legislativo.
No sistema constitucional brasileiro, o conceito de lei é muito importante, pois dele dependem todas as
garantias e direitos individuais estabelecidos no art. 5º da Constituição Federal que preceitua: “ninguém
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.
Quando uma lei está em processo de elaboração, após a sanção do projeto por parte do Presidente da
República, vem a sua publicação no Diário Oficial para dar conhecimento a todos.

Vigência da Lei
A obrigatoriedade da lei vincula-se a sua vigência, ou seja, a partir do momento que produz efeitos
jurídicos. Esse dia pode ou não ser fixado pela própria lei em questão. Muitas vezes, coincide com a
própria data da publicação; outras vezes, a data é determinada pelo legislador. Caso não seja fixado
período algum para o início da vigência da nova lei, ela começa a vigorar em todo país 45 dias depois de
oficialmente publicada.
Conforme consta no art. 3º da Lei de Introdução do Código Civil, a partir do momento em que a lei se
torna obrigatória, ninguém pode escusar-se de cumpri-la alegando ignorar a sua existência.
Após a entrada em vigor, as leis se tornam permanentes e, pelo princípio da continuidade, estarão em
vigor até que outra lei as revogue, sendo certo de que o fato de uma lei não ser aplicada, mesmo que por
muito tempo, não significa que esteja revogada.
A revogação também pode ser entendida como expressa, pela qual a lei nova textualmente assim dispõe
ou tácita, na qual as disposições da lei nova que sejam incompatíveis com as da lei antiga, revogam as
disposições da anterior nestes itens específicos. Vale lembrar que mesmo que a lei revogadora não esteja
mais vigente, por qualquer motivo, uma lei por ela revogada não retorna sua vigência, exceto se o
legislador assim expressamente determinar.
Ressalte-se que as medidas provisórias não convertidas em lei suspendem, mas não revogam, as leis
ordinárias que tratem da mesma matéria.
As leis podem também conter em si próprias, uma data para o término de sua vigência, hipótese na qual,
mesmo sem outra lei que a revogue, perderá sua validade.

Retroatividade
Depois de ser aprovada, a lei deve ser publicada para que entre em vigor. Assim, as leis, via de regra, são
feitas para valer em período futuro, em nome da segurança jurídica e da consolidação das situações dos
negócios realizados com base nas leis vigentes.
No entanto, existirão situações nas quais a lei nova terá de interagir com situações ou fatos acontecidos
na vigência de lei anterior caso em que surgirá um conflito de leis no tempo que será solucionado pelo
princípio da irretroatividade das leis.
As hipóteses de retroatividade de uma lei estão sujeiras a ela não ofender, em hipótese alguma, o direito
adquirido (que é aquele originado da lei anterior) e a coisa julgada (decisão judicial de que não caiba
mais recurso).
Nesse sentido, o art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal preceitua: a lei não prejudicará o direito
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
Lei de Introdução do Código Civil (LICC) – art. 6º: A lei em vigor terá efeito imediato e geral,
respeitados o ato jurídico perfeito, direito adquirido e a coisa julgada.
Conforme parágrafo primeiro do art. 6º da LICC, ato jurídico perfeito é aquele já consumado segundo a
lei vigente ao tempo em que se efetuou. O parágrafo segundo do mesmo artigo esclarece que
consideram-se adquiridos os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles
cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterada, a arbítrio de
outrem.

Direito Constitucional

Direito Constitucional
O Direito Constitucional é o ramo do Direito que estuda a estrutura do Estado (País), os direitos, as
garantias fundamentais dos cidadãos e os princípios básicos que orientam a elaboração de toda a
legislação infraconstitucional[1].
A Constituição da República Federativa do Brasil (CF), promulgada em 1988, constitui nossa maior lei,
a que orienta todas as outras. Assim, nenhuma outra norma de direito em nosso país pode afrontar os
mandamentos estabelecidos na CF sob pena de declaração de sua inconstitucionalidade.
Em nosso estudo, veremos como são criadas as Constituições, como são definidos os poderes do Estado
e os direitos e deveres individuais e coletivos.
O conhecimento de nossa Constituição é fundamental para qualquer estudioso do direito e, em especial,
para todos os cidadãos brasileiros.

[1] Legislação infraconstitucional: são todas as leis que vigoram no país, além da Constituição Federal.
O ESTADO
Conceito de Constituição
Constituição é uma lei. A diferença entre ela e as outras leis é que a Constituição é a lei maior, a que
orienta todas as outras. Ela define a forma do Estado e a forma e o regime de governo, os poderes do
Estado e, no Brasil, a estrutura dos Estados e Municípios.
Além da dimensão do Estado, seus deveres e poderes, estabelece ainda os direitos fundamentais de todos
os cidadãos, brasileiros e estrangeiros, que aqui residam.
A Constituição Federal ainda recebe outras denominações como Carta Magna e Lei Maior.

Noções de Estado, formas e regimes de governo


A nossa CF inicia-se com o seguinte texto:

Título I
Dos Princípios Fundamentais

Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I – a soberania;
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou,
diretamente, nos termos desta Constituição.
Já no art. 1º podemos destacar várias definições e conceitos.
O Brasil é uma República. É uma Federação e é indissolúvel a união dos Estados e Municípios. É Estado
Democrático de Direito.
Também nesse art. 1º estão dispostos alguns dos princípios ou fundamentos que orientam nosso país.
Somos um Estado Soberano, respeitamos a dignidade da pessoa humana, a cidadania, a livre iniciativa, a
valorização social do trabalho e o pluralismo político.
Veremos, a seguir, o significado de boa parte desses conceitos.

Estado
Estados são entidades soberanas, ou seja, não se submetem ao ordenamento jurídico de outras nações ou
países.
Conceitualmente, o Estado é pessoa jurídica formada por um povo que vive em um determinado
território e subordinada a uma autoridade soberana.
O Brasil adota a forma Federativa de Estado, isto é, é um Estado dividido em territórios (Estados
Membros e Municípios).
Essa forma de Estado estabelece poderes autônomos às suas entidades participantes, mas não oferece
soberania.
Outra forma de Estado que existe é a unitária, em que há um único poder, central, sem a divisão em
unidades menores. A França e a Itália são exemplos de países que adotam a forma de Estado unitário.

Formas e Regimes de Governo


Vimos que o Brasil é uma República Federativa e constitui-se em um Estado Democrático de Direito.
Logo é Federação, é República e é Democracia.
República é uma forma de governo. Atualmente, no mundo, existem Monarquias e Repúblicas.
Monarquia é governo de uma autoridade permanente, o monarca. Mesmo em sua forma parlamentarista,
há a figura de um chefe de Estado, como na Espanha e Inglaterra.
República é governo transitório, temporário, com governantes eleitos para um certo e determinado
período.
O Brasil é República e é democrática, isto é, os governantes são eleitos pelo povo, escolhidos
democraticamente por meio do sufrágio universal (o voto de todos).
Somos uma República Democrática Presidencialista.
Dois são os regimes de governo: Parlamentarista (governo de um parlamento, com um primeiro
ministro). Esse regime de governo surgiu na Europa, nas monarquias, em que o monarca (chefe do
Estado) divide o poder com um primeiro ministro (chefe do governo), nomeado dentre os membros do
parlamento.
No Presidencialismo há a figura de um único chefe de Estado e de governo.

Poder Constituinte
A Constituição nasce de um instituto denominado Poder Constituinte. É por esse poder que um grupo de
pessoas elabora o que será a Constituição de seu país.
Em 1988, por um Congresso Constituinte, o Brasil ganhou sua sétima Constituição.
As Constituições podem ser criadas a partir de Assembléias Constituintes ou de Congressos
Constituintes. A diferença entre elas é que na primeira, o povo escolhe pessoas exclusivamente para
escrever a Constituição e, ao terminar a tarefa, a Assembléia é extinta. Na segunda são eleitos deputados
e senadores que, além de suas funções normais, também devem escrever a Constituição.
Esse processo de criação de uma Constituição é denominado poder originário.
Além da criação ou elaboração da Constituição, também podem ser convocados tanto Congresso quanto
Assembléia para uma reforma da Constituição atual.
A essa forma, dá-se o nome de poder constituinte derivado.
Isso se dá porque a Assembléia formada para a revisão ou reforma da Constituição é criada no âmbito
desta e somente tem poderes restritos, não podendo gerar uma nova Constituição.
Processo Legislativo
A lei nasce por intermédio do processo legislativo. Esse processo está definido nos arts. 59 a 69 da CF.
Processo legislativo é o conjunto de regras que disciplina a elaboração da lei.

O processo legislativo prevê a elaboração de:


 Emendas à Constituição – são normas que visam alterar a Constituição, modificando os textos
anteriores, acrescentando ou mesmo eliminando os já existentes. Por serem de tão grande
importância, exigem para sua aprovação um quorum1[1] bastante elevado e uma grande
quantidade de votos a favor. A Emenda é apresentada em qualquer uma das duas casas: Senado
ou Câmara, e deve obter na casa inicial 3/5 dos votos de seus membros em dois turnos. Isto é,
precisa ser aprovada por 3/5 em uma votação e por 3/5 em uma nova votação.
 Leis Complementares – são leis que complementam, regulamentando o texto constitucional.
Exigem, para sua aprovação, a maioria absoluta2[2] dos votos de cada uma das casas do
Congresso.
 Leis Ordinárias – são as leis de ordem, as leis que orientam todas as atividades do país. Entre
elas podemos destacar os códigos (Civil e Penal, por exemplo) e exigem para sua aprovação a
maioria simples3[3], desde que presente a maioria absoluta de cada casa. Obtém maioria simples
a lei, em cuja votação o número de aprovações é maior do que o número de reprovações.
 Leis Delegadas – são leis em que o Congresso delega ao Presidente da República, o poder para
elaborar e promulgar determinada lei. Essa delegação é uma transferência de poder do Congresso
e é feita por uma Resolução. Nem toda matéria pode ser objeto de delegação, conforme
determina o art. 68 da CF, em seu § 1º. Essas leis se equiparam às leis ordinárias e podem ser por
essas emendadas ou revogadas.
 Medidas Provisórias – foram instituídas com a nova Constituição de 1988. Está definida no art.
62 da CF, com a seguinte redação: “Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da
República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las, de
imediato, ao Congresso Nacional”. Para sua edição há exigência de relevância e urgência. Tanto
a relevância quanto a urgência expressas no texto dizem respeito à sociedade como um todo. Não
se admite edição de Medida Provisória para assunto que não seja de cunho geral e nem requeira
urgência para sua adoção. As Medidas Provisórias (MP) sofreram uma modificação em sua
forma. Caso não sejam convertidas em lei no prazo de 60 dias com direito a uma reedição por
mais 60 dias perderão sua eficácia desde sua edição.
Repare que a CF não está entre as normas integrantes do processo legislativo. Isso se dá por ser a
Constituição antecedente ao processo definido na própria CF.
Todas as demais normas legais passam por um processo chamado processo legislativo.
Cada uma delas tem uma característica particular e um processo exclusivo.

Da organização dos poderes


São três os poderes do nosso Estado: Legislativo, Executivo e Judiciário. Essa clássica tripartição dos
poderes tem o intuito de fazer com que, quem faz as leis, não as execute e nem as julgue. Quem as
executa, não as produza e não as julgue. E quem as julga, não as elabore nem as execute.
Poder Legislativo – poder encarregado da aprovação das leis e da fiscalização dos atos do Executivo. Há
legislativo nos três níveis de nosso Estado: Federal, Estadual e Municipal. Há também o legislativo do
Distrito Federal4[4].
O legislativo federal é formado pelo Congresso Nacional, composto por Senado e Câmara dos
Deputados. Já o legislativo estadual é a Assembléia Legislativa que abriga os deputados estaduais e, no
caso do DF, os deputados distritais. Por fim, o legislativo municipal é a Câmara Municipal que abriga os
vereadores.
Poder Executivo – é o poder encarregado de conduzir as políticas públicas nacionais, da execução das
leis e de cuidar das relações internacionais. É também dividido pelos três níveis de Estado: a Presidência
da República, o órgão executivo federal; o governo dos Estados, o órgão executivo estadual e as
Prefeituras Municipais, os órgãos executivos municipais.

1[1] Quorum: número mínimo de pessoas presentes exigido por lei ou estatuto, para que um órgão coletivo
funcione.
2[2] Maioria absoluta: número igual ou superior Pa metade do total dos votos e mais um ou mais meio.
3[3] Maioria simples: considera somente os votos a favor e os votos contrários. Desconsideram-se as abstenções
e vence a posição (favor ou contra) que mais votos alcançar.
4[4] Distrito Federal: característico dos países em que o Estado é federativo. Trata-se de uma unidade
administrativa autônoma, com status diferenciado. É o local onde reside o corpo dos poderes nacionais. No
Brasil, o Distrito Federal corresponde à cidade de Brasília.
Poder Judiciário – é o poder encarregado de resolver as questões que se apresentem quer entre Estado e
sociedade, quer entre os membros da sociedade entre si. Esse poder é o único que se distribui somente
entre os níveis Federal e Estadual. No nível Federal temos a Justiça Federal com suas Varas Federais
distribuídas pelas capitais e principais cidades dos Estados e os tribunais superiores: Superior Tribunal
de Justiça (STJ) e Supremo Tribunal Federal (STF). No nível estadual, temos a Justiça Estadual,
denominada Justiça Comum, composta por Varas Estaduais, Varas Especiais e Tribunais de Justiça.

Do Controle da Constitucionalidade das Leis


A Constituição Federal é a lei maior de nosso país. Nenhuma outra lei pode desrespeitar os princípios e
as exigências nela estabelecidas.
Para que tal respeito seja atendido, existe o chamado Controle de Constitucionalidade das Leis que é
exercido pelo Juiz nos casos isolados, sempre que provocados pelos interessados. Assim, qualquer
pessoa que se sinta ofendida por uma lei e entenda que sua constitucionalidade é duvidosa, pede em
juízo que o Juiz repare o dano e pode aí obter a solução. Entretanto, essa decisão do Juiz somente se
presta a auxiliar aquele que recorreu ao juízo. Outros casos devem exigir a mesma providencia, para que
tenham o mesmo benefício.
Quando o problema afeta toda a sociedade, é proposta uma Ação Direita de Inconstitucionalidade
(ADin) junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), o guardião maior da Constituição. Aceita a Adin pelo
STF, a norma agressora, lei federal ou estadual perde sua vigência e não se aplica mais a caso nenhum.

Dos Direitos e Garantias Fundamentais


A CF reserva um título (Título II) somente para os Direitos e Garantias Fundamentais. Há uma distinção
entre direitos e garantias. Direitos são princípios e normas estabelecidos e colocados à disposição dos
cidadãos. Garantias são os instrumentos de que a sociedade dispõe para obtenção dos seus direitos.
Instrumentos de Garantia Constitucionais

No Título II da CF, temos cinco instrumentos de Garantia Constitucional. São eles:


1. Habeas corpus – é o mais tradicional instrumento de garantia de direitos. Diz respeito à
manutenção da capacidade de ir e vir de cada cidadão, mas somente em função do abuso de
poder ou por ilegalidade. Pode ser concedido em caráter preventivo, nos casos em que se
pretenda impedir a ilegalidade ou o abuso antes de sua ocorrência e em caráter repressivo, nos
casos em que já tenha ocorrido qualquer um dos dois afrontamentos.
2. Habeas data – é um instrumento novo, inexistente em nossas Cartas anteriores. Por ele, o
paciente (aquele que o solicita) garante acesso a informações relativas à sua pessoa, constantes
em registros ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público.
3. Mandado de segurança – é um instrumento que completa os dois anteriores. Quando não couber
nenhuma das peças anteriores, poderá o cidadão entrar com tal peça jurídica quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
4. Mandado de injunção – serve para obtenção de direitos e liberdades estabelecidas na CF e das
vantagens relativas à nacionalidade e à cidadania.
5. Ação popular – instrumento útil para anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de
que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico
e cultural.

Direito Civil

Direito Civil é o ramo de Direito que trata das relações entre as pessoas, os bens e terceiros.
É no Direito Civil que estudamos as formas de contratar e as responsabilidades, obrigações e direitos
que existem em relação às coisas de forma geral.
Sua maior fonte é o Código Civil. Entretanto, há uma série de outras leis, como: Código de Defesa do
Consumidor, Estatuto da Criança e do Adolescente, Estatuto do Idoso, Lei de Falências, Lei do
Inquilinato e muitas outras, todas estas, denominadas leis ordinárias, por representarem o ordenamento a
ser seguido por todos os cidadãos, compreendendo a matéria de Direito Privado.
O Código Civil contém as regras gerais de relações humanas jurídicas e nele estão definidos os
principais conceitos que orientam a matéria. É novo o Código, criado pela Lei 10.406/02, em
substituição ao anterior, criado pela Lei 3.071 de janeiro de 1916.
O novo Código Civil está dividido em partes:
Parte Geral
Livro I – Das Pessoas;
Livro II – Dos Bens;
Livro III – Dos Fatos Jurídicos.
Parte Especial
Livro I – Do Direito das Obrigações;
Livro II – Do Direito de Empresa;
Livro III – Do Direito das Coisas;
Livro IV – Do Direito de Família;
Livro V – Do Direito das Sucessões.
Nosso estudo se restringe a abordagem da parte Geral e de dois dos livros da parte especial: das
Obrigações e das Coisas.
Parte Geral
Na parte geral, encontram-se as definições e delimitações de quem pode ter direitos e de quem deve
assumir as responsabilidades, os deveres. Também é na parte geral que se descrevem e classificam as
coisas sobre as quais se possam ter direitos e deveres, os bens.
Ainda na parte geral, conheceremos os vícios que podem anular os negócios jurídicos, que nada mais
são do que os fatos e atos sobre os quais se possam pretender direitos.
Finalmente, estudaremos a prescrição, que é o instituto que define os prazos que extinguem a pretensão
de exigir direitos.
Das Pessoas
O Código Civil, já em sua abertura, trata da personalidade e da capacidade das pessoas.
Por personalidade, entenda-se a quem é dirigido o direito. Somente entes com personalidade jurídica têm
direitos na ordem civil.
Duas são as espécies de pessoas com personalidade jurídica: as pessoas naturais e as pessoas jurídicas.
O Código descreve, já no art. 1º quem é senhor de direitos e obrigações.
“Art. 1º. Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”.
Pessoa Natural
Pessoa natural é o ser humano, a pessoa física, como a conhecemos.
O Direito Civil faz uma diferença entre a pessoa natural nascida com vida e a nascida sem vida.
Somente as pessoas naturais nascidas com vida têm personalidade civil, de acordo com o art. 2º do
Código Civil, embora sejam garantidos os direitos do nascituro, desde a sua concepção.
Mesmo tendo personalidade civil, nem toda pessoa pode exercer diretamente seus direitos e deveres. É o
que chamamos de capacidade.
É capaz aquele que pode exercer seus direitos e deveres diretamente, ou seja, por si só.
Outros há que só podem exercer seus direitos e deveres por um tutor ou um representante.
São assim divididos os que não têm capacidade plena:
 Absolutamente incapazes – são aqueles que não podem, de forma alguma, exercer quaisquer atos
da vida civil, sem que sejam representados por seus pais ou tutores. O código os define como: (I)
os menores de 16 anos, (II) os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o
necessário discernimento para a prática desses atos, (III) os que, mesmo por causa transitória,
não puderem exprimir sua vontade.
 Relativamente incapazes – são os incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de exercê-
los. São assistidos por seus pais ou curador: (I) os maiores de 16 anos e menores de 18, (II) os
ébrios habituais, os viciados em tóxicos e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento
reduzido, (III) os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo, (IV) os pródigos.
Alterações do Código Civil pela lei 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência)

O fim da menoridade
Segundo o Código Civil, cessa a menoridade aos 18 anos, quando a pessoa fica habilitada à prática de
todos os atos da vida civil. Porém, há outras formas de adquirir a emancipação, ou seja, cessar a
incapacidade. São elas:
I – pela concessão dos pais ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público,
independente de homologação judicial ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 16 anos
completos;
II – pelo casamento;
III – pelo exercício de emprego público efetivo;
IV – pela colação de grau em curso de ensino superior;
V – pelo estabelecimento civil ou comercial ou pela existência de relação de emprego, desde que, em
função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria.
O fim da existência da pessoa natural
A existência da pessoa natural se dá com a morte, presumida esta quando aos ausentes, quando a lei
autoriza a abertura de sucessão definitiva.
A nova lei admite a morte presumida que pode vir a ser declarada em casos de ser extremamente
provável a morte de quem estava em perigo de vida.
O direito de personalidade
Este é um novo conceito acrescentado ao novo código e inexistente no código anterior. Segundo esse
direito, estão protegidos corpo, nome, sobrenome e prenome das pessoas, também a indisponibilidade de
escritos e a própria imagem e de órgãos para transplante.
Pessoa Jurídica Pessoa jurídica é uma entidade. É o resultado do conjunto de esforços de duas ou mais
pessoas naturais ou de outras pessoas jurídicas. É uma entidade que tem vida própria, independente da
vida de seus fundadores, colaboradores e participantes.
As pessoas jurídicas têm direito e deveres somente delas, não obrigam seus sócios ou seus acionistas.
Entretanto, há hoje a possibilidade de descaracterização (despersonalização) da pessoa jurídica, o que
permite, em alguns casos, que os sócios sejam alcançados e responsabilizados por responsabilidades
originariamente da pessoa jurídica.
Pessoa Jurídica de Direito Público – são os Estados (as nações) e as divisões internas de um Estado
Federativo (Estados e Municípios no Brasil, Colônias ou Províncias em outros países). As pessoas
jurídicas de Direito Público brasileiras são a União, os Estados Membros, o Distrito Federal e os
Municípios. Exemplos de pessoas jurídicas de Direito Público Externo (estrangeiros) são: os Estados
Unidos e a Argentina.

Pessoas Jurídicas de Direito Privado – são as sociedades (empresas, indústrias), as associações (os
clubes, as confrarias), as fundações, os sindicatos, os partidos políticos. As pessoas jurídicas de Direito
Privado ganham vida, isto é, adquirem personalidade civil, com a inscrição de seus atos constitutivos no
respectivo registro (Código Civil, art. 45).
Por respectivo registro, entenda-se o conjunto de entidades a que a nova pessoa jurídica deverá
responder. Por exemplo: para abertura de uma fábrica de armas, há necessidade de autorização das
Forças Armadas e da Secretaria de Segurança Pública. Para abrir uma faculdade, é necessário
autorização do MEC.
Domicílio – é o local onde deve ser procurado o devedor, em qualquer questão jurídica. Sem o
domicílio, não há como iniciar uma ação civil. Porque não há como citar o réu, dando-lhe conhecimento
do teor da acusação que sobre ele pesa. É de suma importância o domicílio e deve ser exigido em todo
negócio jurídico que se realize.
O domicilio, para a pessoa natural, é o lugar onde ela reside, com ânimo definitivo, isto é, com vontade
real de morar. Não é considerado domicilio uma residência de verão, praia ou campo (Código Civil, art.
70).
Para a pessoa jurídica, há algumas diferenças. A pessoa jurídica tem como domicílio o local de sua sede.
Caso tenha filiais, cada uma delas é também domicilio da entidade. Há, entretanto, uma liberalidade
oferecida no Código Civil. Está no art. 75, inciso IV, que permite à pessoa jurídica eleger um domicílio
especial, desde que este conste em seus estatutos ou atos constitutivos.

Direito do Trabalho

Conteúdo
Inicialmente, o Código Civil Brasileiro tratava do contrato de trabalho em pouco mais de vinte artigos,
sob o título de "contratos de locação de serviços".
Do Direito Civil desmembraram-se diversos ramos especializados do Direito Privado, dentre eles, o
Direito do Trabalho.
A sua origem está interligada com a revolução industrial, a invenção das máquinas, o aparecimento das
fábricas e o desenvolvimento capitalista.
Da necessidade de proteger o trabalhador na sua condição de ser humano, de cercear a liberdade
contratual, quanto esta nada mais representava do que a vontade do economicamente mais forte, de
substituir a igualdade formal pela igualdade real – a legislação do trabalho, em meio século transformou-
se em “Direito do Trabalho”, com finalidades, princípios e institutos próprios, propondo-se a compensar,
com uma superioridade jurídica, a inferioridade econômica do trabalhador.
Assim, podemos concluir que a Revolução Industrial foi um marco da história universal, principalmente
no que se refere ao surgimento do Direito do Trabalho no nosso país.
Os escritores contemporâneos resolveram adotar a denominação “Direito do Trabalho”, pelo fato deste
ramo do direito ter surgido em virtude do trabalho, com o único intuito de regular e proteger as relações
do trabalho sejam elas individuais ou coletivas.
Direito do Trabalho é o ramo da ciência jurídica que regula o contrato de trabalho entre empregado e
empregador, e as conseqüências dele decorrentes.

Quanto a classificar o Direito do Trabalho como pertencente ao Público ou ao Direito Privado, os


autores se colocam em três posições básicas:
a) Direito do Trabalho no Direito Privado;
b) Direito do Trabalho no Direito Público; e
c) Em nenhum dos dois ramos.

Alguns autores afirmam que o Direito do Trabalho pertence ao Direito Público, porque as suas normas
são de ordem pública, ou seja, imperativa.
Porém, várias são as normas de ordem pública que encontramos no Direito Privado, que não se refere ao
Direito do Trabalho.
Outra corrente majoritária afirma que o Direito do Trabalho pertence ao Direito Privado. O Direito do
Trabalho desmembrou-se do Direito Civil e Direito Comercial. Os quais pertencem ao ramo do Direito
Privado. Com o transcorrer do tempo, o Direito do Trabalho não se desvinculou deste campo, pois o
núcleo está intimamente ligado com a relação de emprego, instituto tipicamente de ordem privada, e
portanto, de Direito Privado.

Fontes do Direito do Trabalho


Tradicionalmente, as fontes do direito dividem-se em: formais e materiais.
As fontes materiais são os valores sociais que o direito positivo ampara as realidades sociais de onde o
direito emana. Já as fontes formais são as formas com que se apresenta uma regra jurídica, por exemplo,
leis, decretos etc.
Segundo alguns autores, as fontes formais podem dividir-se em: fontes formais primárias ou imediatas –
quando se impõe por sua própria força, como a lei - e fontes formais mediatas ou secundárias – que
complementam as primárias, como a jurisprudência e os princípios gerais do direito.
“Na falta de disposições legais ou contratuais, as autoridades e a Justiça do Trabalho decidirão pela
jurisprudência, analogia, equidade e outros princípios e normas gerais do direito, principalmente do
direito do trabalho, e ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado” (art. 8º da CLT).
Vejamos, a seguir, os conceitos das Fontes do Direito materiais e formais:
Leis – lei é a norma jurídica emanada do Poder Legislativo, sancionada e promulgada pelo Presidente da
República. A lei é fonte formal do direito.
 Decreto-Lei – é um ato expedido pelo Poder Executivo em período revolucionário ou de
transição, quando não existe Poder Legislativo regular, modificando ou revogando leis e outras
fontes formais em vigor. Tem a mesma eficácia das leis, e é fonte formal do direito. As normas
básicas sobre Direito do Trabalho estão contidas na Consolidação das Leis do Trabalho – CLT,
que é um decreto-lei (Decreto-Lei n° 5.452, de 01/05/1943).
 Contrato de Trabalho – juridicamente, é um acordo entre duas ou mais pessoas, transferindo
entre si algum direito ou se sujeitando a alguma obrigação. Assim, podemos dizer que contrato
individual de trabalho é o acordo entre empregado e empregador, fixando direitos e obrigações
de ambas as partes.
 Jurisprudência – é um conjunto de julgados de um ou vários tribunais, ou o entendimento
dominante nos tribunais sobre determinada matéria. Ela complementa a lei mediante a
interpretação, tornando-a mais precisa e inteligível.
 Enunciados e Súmulas – os Enunciados do Tribunal Superior do Trabalho – TST são
recomendações traduzindo a jurisprudência dominante daquele Pretório. Não são de
cumprimento obrigatório, mas praticamente são observados e constituem fontes formais. O
artigo 902 da CLT permitia que o TST expedisse prejulgados, com força obrigatória para os
demais tribunais e juízes. Porém, com o advento da Lei n° 7.033, de 5/10/1982, que revogou o
artigo 902 da CLT, o TST transformou os prejulgados em Súmulas. A partir de 1985, o TST
resolveu que os verbetes das Súmulas de jurisprudência passariam a denominar-se Enunciados,
sendo esta a sua denominação atual.
 Dissídios Coletivos – são processos da competência originária dos Tribunais Regionais do
Trabalho – TRT, para a solução dos conflitos coletivos entre os sindicatos. Os dissídios movidos
pelo sindicato de trabalhadores contra os sindicatos de empregadores são denominados
convenções coletivas. Os dissídios movidos pelo sindicato dos trabalhadores e, diretamente
contra uma ou mais empresas são denominados acordos coletivos. As decisões proferidas pelos
TRTs nos dissídios coletivos são denominadas sentenças normativas.
 Sentenças normativas – decisão proferida pelos Tribunais do Trabalho, nos dissídios coletivos,
aplicáveis a todos os membros daquela categoria.
 Regulamento de empresa – é um conjunto sistemático de regras sobre condições gerais de
trabalho, prevendo diversas situações a que os interessados se submeterão na solução de casos
futuros. Geralmente são unilaterais, ou seja, são elaborados unicamente pelo empregador e
impostos aos trabalhadores, que nenhuma participação tem no sei processo de formação.
 Usos e Costumes – são institutos que apresentam pontos de contato, porém não se confundem.
Uso representa uma conduta generalizada, sem a idéia de que o procedimento adotado tenha
força obrigatória. Costume consiste na repetição, por um período razoavelmente longo, de um
determinado comportamento, havendo, por parte dos que assim procedem, a idéia de que sua
conduta é necessária.
 Doutrina – é a opinião dos mestres, sobre questões de direito. Pode influenciar na criação de
normas. A doutrina jamais cria normas de comportamento impostas pelo Estado.

Princípios Gerais do Direito


Princípios Gerais do Direito são enunciações que buscam orientar a criação e a interpretação do direito
positivo ou ordem jurídica.

São fontes do direito material.

Os princípios gerais não devem ser confundidos com os princípios orientadores do Direito do Trabalho.

Equidade – é um processo de retificação das distorções da injustiça da lei, ou um processo de criação de


norma jurídica que integrará o ordenamento.

Direito Comparado – o direito do trabalho é tipicamente universalista, porque as suas normas são
identificadas em sistemas jurídicos de diversos continentes. Havendo omissão, na teoria geral do nosso
direito do trabalho, o aplicador poderá buscar, nos princípios informadores de outros sistemas jurídicos,
os subsídios para a solução do caso concreto submetido à sua apreciação.

Os métodos de interpretação do Direito do Trabalho são os mesmos do direito comum, com algumas
características próprias. Ao interpretar uma norma jurídica podemos adotar uma ou mais técnicas
interpretativas.

Princípios orientadores do Direito do Trabalho

Os princípios têm várias funções: informadoras, normativa e interpretativa. O uruguaio Américo Plá
Rodriguez, que se destacou no estudo dos Princípios do Direito do Trabalho, enumera seis princípios
como sendo do Direito do Trabalho:

a) princípio da proteção – também denominado de princípio mais favorável, tem por finalidade
equilibrar a desigualdade que resulta da superioridade econômica do empregador em relação ao
empregado, dando a este superioridade jurídica.

b) princípio da irrenunciabilidade dos direitos – em regra, o trabalhador não poderá renunciar aos
direitos trabalhistas previstos em lei. No caso de haver renúncia pelo trabalhador, esta será nula de pelo
direito, conforme art. 9° da CLT. Há exceções, por exemplo: acordo em audiência (concessões
recíprocas), redução de salário disposto em convenção ou acordo coletivo (art. 7°, VI, CF) etc.

c) princípio da continuidade da relação de emprego – em regra, os contratos de trabalho são pactuados


por tempo indeterminado, havendo exceções: contrato por tempo determinado e trabalho temporário.

d) princípio da primazia da realidade – no Direito do Trabalho, os documentos oriundos de uma relação


de trabalho não têm grande importância, uma vez que só prevalecerão se estiverem em concordância
com a realidade dos fatos. Em geral, os fatos reais são mais importantes do que os documentos assinados
pelo trabalhador.

e) princípio da razoabilidade – não é um princípio específico do Direito do Trabalho. Trata de um padrão


de conduta humana, ou seja, o ser humano deve proceder conforme a razão, de qualquer homem médio
ou comum.

f) princípio da boa-fé – também não é um princípio específico do Direito do Trabalho e corresponde à


convicção de que empregado e empregador agirão sempre com honestidade e lealdade, durante o pacto
laboral.

Fonte: Material extraído do site da UNIP.


SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – (Competência precípua – Guardião da Constituição) CNJ

STM TST TSE STM TST TSE...........


STJ ◄

2ª ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲
ESTADUAL FEDERAL TRIBUNAIS DE TRIBUNAIS TRIBUNAIS
JUSTIÇA MILITAR REGIONAIS REGIONAIS
TRIBUNAIS TRIBUNAIS ESTADUAL ▲ DO ELEITORAIS
DE JUSTIÇA REGIONAIS TRABALHO
FEDERAIS
1ª ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲
JUÍZES DE JUÍZES CONSELHO DE CONSELHO JUÍZES DO JUÍZES E
DIREITO E FEDERAIS E JUSTIÇA MILITAR DE TRABALHO JUNTAS
JUIZADOS JUIZADO ESTADUAL JUSTIÇA ELEITORAIS
ESPECIAIS ESPECIAL (Auditorias) MILITAR
CIVIL E FEDERAL FEDERAL
CRIMINAL

OBSERVAÇÕES: // Auditorias = Vara = Cartório //


Juízos de 1ª Instância – Cartório ou Vara Judicial – Local onde são praticados os atos judiciais relativo ao
processamento das ações.
Comarca – Território abrangido por um juízo, compreendendo um ou mais municípios, onde atuam um ou mais
juízes.
Fórum – Edifício Sede do Juízo.
Grau de Jurisdição – É a ordem Hierárquica judiciária que se divide em inferior e superior.
Tribunais – Possuem Câmaras ou Turmas que são órgãos colegiados em que são divididos os tribunais e que
tem como competência o julgamento de causas e recursos.
Ementas e súmulas – são sínteses, resumos de decisões // Jurisprudências – decisões reiteradas dos
Tribunais.
Cargos – 1ª Instância – Juízes de Direito // 2ª Instância – Desembargadores // 3ª Instância - Ministros
Distribuição – É feita pelo Cartório competente, através do qual é definido qual o juiz natural julgará o conflito,
nos casos em que houver mais de um juiz ou mais de uma câmara ou turma. É vedado a parte escolher o juiz do
processo.
Entrância – Hierarquia das áreas de jurisdição que obedece às regras ditadas pela Lei de Organização
Judiciária de cada Estado.
Instância – Grau de Jurisdição na Hierarquia Judiciária.
CNJ – É órgão interno do Judiciário, porém não possui função jurisdicional e sim função administrativa e de
fiscalização.
Monocrática – decisão proferida por uma só pessoa
Colegiado – decisão proferida por mais de uma pessoa.
SÍNTESE DOS TRIBUNAIS
O sistema judiciário brasileiro era composto por 96 (HOJE 91) tribunais: o Supremo Tribunal Federal, Quatro
Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE e STM), Tribunais Regionais Federais, Tribunais Regionais do Trabalho,
Tribunais Regionais Eleitorais, Tribunais de Justiça (Tribunais de Alçada – não mais existem).
STF e Tribunais Superiores ( STJ, TST, STM, TSE) 5
Tribunais Regionais Federais = 5
Tribunais Regionais do Trabalho = 24
Tribunais Regionais Eleitorais = 27
Tribunais de Justiça = 27
(Tribunais de Alçada = 5) – não mais existem
Tribunais Estaduais Militares = 3
Total 96 – 5 = 91
Decisões: 1ª Instância = sentença (juiz monocrático) Há uma exceção // 2ª e 3ª Instância = acórdão (Turmas -
colegiados)
TCU – não é órgão do Judiciário e sim do Legislativo.
P. O CNJ é órgão que exerce controle sobre o Judiciário, tal controle é externo ou interno? Por quê?
(O entendimento é que: por fazer parte da estrutura do Poder Judiciário o CNJ é órgão de controle interno)
P. Qual a diferença entre Instância e Entrância?
P. O Que é Jurisdição?
P. O MP faz parte do Judiciário?
Anexo: Ramos do Direito

Internacional Público

Privado
 Constitucional
 Penal
positivo  Tributário
 Administrativo
Público  Processual
Direito Nacional
 Econômico
 Eleitoral
 Ambiental
 Consumidor (etc.).

 Civil
Natural Privado  Comercial

Direito Natural - O homem sempre teve consciência de direitos fundamentais decorrentes de sua natureza, que não viessem
de pactos, contratos, convenções ou tratados. De certa forma existem tendências gerais, comuns a todos os homens, de iguais
emoções, impulsionando-os. Atos humanos seriam acolhidos ou repudiados por uma consciência coletiva, capaz,
naturalmente de separar o bem, do mal. O certo do errado, o direito do torto, o justo do injusto.
O direito natural é a idéia abstrata de direito, ou seja, aquilo que corresponde ao sentimento de justiça da comunidade.
Os gregos criticavam as leis e mostravam-se céticos ao direito, porque diziam eles que as leis eram feitas exclusivamente
com motivações políticas, e ditadas por elas.
É famosa a passagem, que afirmavam que aquilo que é natural é em todos os lugares. O mesmo fogo, diziam, que arde na
Grécia arde na Pérsia, porém as leis vigentes na Grécia divergem daquelas vigentes na Pérsia. Logo o fogo é natural; o
direito, simplesmente artificial.
Direito Positivo - Ao contrário do direito natural, o Direito Positivo é aquele conjunto de regras elaborados e vigentes num
determinado país em determinada época. São as normas, as leis, todo o sistema normativo posto, ou seja, vigente no país.
Exemplo: Código Civil, Código Penal, Código Comercial, Código de Defesa do Consumidor, Leis esparsas...
DIREITO POSITIVO & DIREITO NATURAL
O direito positivo, por exemplo, uma lei, não obriga ao pagamento de duplicata prescrita, ao passo que para o direito natural
esse pagamento seria devido e correto.
Direito Internacional
PÚBLICO - É um conjunto de normas que regulam as relações entre os Estados membros da comunidade internacional e
organismos análogos.
Ex: ONU (Organização das Nações Unidas), OIT (Organização Internacional do Trabalho).
Ex: Tratado de Kyoto, Declaração Universal dos Direitos Humanos, etc.
-A sociedade internacional caracteriza-se por ser universal, igualitária, aberta, sem organização rígida e com Direito
originário.
Universal porque abrange todos os entes do Globo terrestre.
Igualitária porque supõe igualdade formal entre os seus membros.
Aberta porque todos os entes, ao reunirem certas condições, dela se tornam membros sem necessidade de aprovação dos
demais.
-A cooperação internacional é a regra que motiva o relacionamento entre os membros, portanto, não há hierarquia entre as
normas internacionais e as normas internas de um país.
PRIVADO - É um conjunto de normas internas de cada país, elaboradas e instituídas especialmente para definir se em
determinados casos se aplicará a lei interna ou a lei de outro país. Pelo Direito Internacional Privado regula-se; Conflito de
leis no espaço; O comércio entre empresas privadas, com sede em países diferentes; a situação do estrangeiro; a
nacionalidade; a validade ou não de sentenças estrangeiras; bens referentes a legitima de estrangeiro, etc.
Direito Nacional - É o sistema legal elaborado para ser posto, vigente, em determinada época, dentro das fronteiras de um
país. Só é válido dentro da jurisdição do país que o elaborou. Não se aplica a países vizinhos.
PÚBLICO - É composto predominantemente por normas de ordem pública, que são normas imperativas, obrigatórias.
Ex: Se houve um homicídio, mesmo que a vítima concorde em não punir o assassino, haverá punição, pois se trata de norma
de ordem pública, prevista no Código Penal.
PRIVADO - É composto predominantemente por normas de ordem privada, o que significa dizer que são normas de caráter
supletivo, vigoram apenas enquanto os interessados não dispuserem do contrário, ou seja, enquanto à vontade deles
permanecer, a norma é lei entre as partes.
Ex: um contrato de compra e venda, celebrado entre um proprietário de um Hotel e alguém que quer vender um automóvel. O
Hotel compra o automóvel. Se houver desistência do negócio, ou qualquer aditamento no contrato, valerá o que foi estipulado
pela primeira vez no contrato.
Ex: A divisão de despesas com a construção de um muro. As partes podem dispensar a divisão, ou até omitirem-se quanto a
isso, pois se trata de norma de ordem privada e precisa ser combinada. Art.588 d 1o do Código Civil.

Alterações do Código Civil pela lei 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Repercussões
para o Direito de Família e Confrontações com o Novo CPC. Parte I
Foi sancionada, no dia 6 de julho de 2015, a lei 13.146/2015, que institui o Estatuto da Pessoa com
Deficiência. A norma foi publicada no dia 7 de julho e entra em vigor 180 dias após sua publicação, ao
final do mês de dezembro de 2015.
Entre vários comandos que representam notável avanço para a proteção da dignidade da pessoa com
deficiência, a nova legislação altera e revoga alguns artigos do Código Civil (arts. 114 a 116), trazendo
grandes mudanças estruturais e funcionais na antiga teoria das incapacidades, o que repercute
diretamente para institutos do Direito de Família, como o casamento, a interdição e a curatela.
Interessante observar que a norma também alterou alguns artigos do Código Civil que foram revogados
expressamente pelo Novo CPC (art. 1.072). Nessa realidade, salvo uma nova iniciativa legislativa, as
alterações terão aplicação por curto intervalo de tempo, nos anos de 2015 e 2016, entre o período da sua
entrada em vigor e o início de vigência do Código de Processo Civil (a partir de março do próximo ano).
Isso parece não ter sido observado pelas autoridades competentes, quando da sua elaboração e
promulgação, havendo um verdadeiro atropelamento legislativo.
Partindo para a análise do texto legal, foram revogados todos os incisos do art. 3º do Código Civil, que
tinha a seguinte redação: "São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I
– os menores de dezesseis anos; II – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o
necessário discernimento para a prática desses atos; III – os que, mesmo por causa transitória, não
puderem exprimir sua vontade". Também foi alterado o caput do comando, passando a estabelecer que
"são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 anos".
Em suma, não existe mais, no sistema privado brasileiro, pessoa absolutamente incapaz que seja maior
de idade. Como consequência, não há que se falar mais em ação de interdição absoluta no nosso sistema
civil, pois os menores não são interditados. Todas as pessoas com deficiência, das quais tratava o
comando anterior, passam a ser, em regra, plenamente capazes para o Direito Civil, o que visa a sua
plena inclusão social, em prol de sua dignidade.
Merece destaque, para demonstrar tal afirmação, o art. 6º da lei 13.146/2015, segundo o qual a
deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: a) casar-se e constituir união
estável; b) exercer direitos sexuais e reprodutivos; c) exercer o direito de decidir sobre o número de
filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; d) conservar
sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; e) exercer o direito à família e à convivência
familiar e comunitária; e f) exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou
adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Em suma, no plano familiar há uma
expressa inclusão plena das pessoas com deficiência.
Eventualmente, e em casos excepcionais, tais pessoas podem ser tidas como relativamente incapazes em
algum enquadramento do novo art. 4º do Código Civil. Cite-se, a título de exemplo, a situação de um
deficiente que seja viciado em tóxicos, podendo ser tido como incapaz como qualquer outro sujeito.
Esse último dispositivo também foi modificado de forma considerável pelo Estatuto da Pessoa com
Deficiência. O seu inciso II não faz mais referência às pessoas com discernimento reduzido, que não são
mais consideradas relativamente incapazes, como antes estava regulamentado. Apenas foram mantidas
no diploma as menções aos ébrios habituais (entendidos como os alcoólatras) e aos viciados em tóxicos,
que continuam dependendo de um processo de interdição relativa, com sentença judicial, para que sua
incapacidade seja reconhecida.
Também foi alterado o inciso III do art. 4º do CC/2002, sem mencionar mais os excepcionais sem
desenvolvimento completo. O inciso anterior tinha incidência para o portador de síndrome de Down, não
considerado mais um incapaz. A nova redação dessa norma passa a enunciar as pessoas que, por causa
transitória ou permanente, não puderem exprimir vontade, o que antes estava previsto no inciso III do
art. 3º como situação típica de incapacidade absoluta. Agora a hipótese é de incapacidade relativa.
Verificadas as alterações, parece-nos que o sistema de incapacidades deixou de ter um modelo rígido,
passando a ser mais maleável, pensado a partir das circunstâncias do caso concreto e em prol da inclusão
das pessoas com deficiência, tutelando a sua dignidade e a sua interação social. Isso já tinha ocorrido na
comparação das redações do Código Civil de 2002 e do seu antecessor. Como é notório, a codificação
material de 1916 mencionava os surdos-mudos que não pudessem se expressar como absolutamente
incapazes (art. 5º, III, do CC/1916). A norma então em vigor, antes das recentes alterações ora
comentadas, tratava das pessoas que, por causa transitória ou definitiva, não pudessem exprimir sua
vontade, agora tidas como relativamente incapazes, reafirme-se.
Todavia, pode ser feita uma crítica inicial em relação à mudança do sistema. Ela foi pensada para a
inclusão das pessoas com deficiência, o que é um justo motivo, sem dúvidas. Porém, acabou por
desconsiderar muitas outras situações concretas, como a dos psicopatas, que não serão mais enquadrados
como absolutamente incapazes no sistema civil. Será necessário um grande esforço doutrinário e
jurisprudencial para conseguir situá-los no inciso III do art. 4º do Código Civil, tratando-os como
relativamente incapazes. Não sendo isso possível, os psicopatas serão considerados plenamente capazes
para o Direito Civil.
Em matéria de casamento também podem ser notadas alterações importantes engendradas pelo Estatuto
da Pessoa com Deficiência. De início, o art. 1.518 do Código Civil teve sua redação modificada,
passando a prever que, até a celebração do casamento, podem os pais ou tutores revogar a autorização
para o matrimônio. Não há mais menção aos curadores, pois não se decreta mais a nulidade do
casamento das pessoas que estavam mencionadas no antigo art. 1.548, inciso I, ora revogado. Enunciava
o último diploma que seria nulo o casamento do enfermo mental, sem o necessário discernimento para a
prática dos atos da vida civil, o que equivalia ao antigo art. 3º, inciso II, do Código Civil, que também
foi revogado, como visto. Desse modo, perdeu sustentáculo legal a possibilidade de se decretar a
nulidade do casamento em situação tal. Em resumo, o casamento do enfermo mental, sem
discernimento, passa a ser válido. Filia-se totalmente à alteração, pois o sistema anterior presumia que o
casamento seria ruim para o então incapaz, vedando-o com a mais dura das invalidades. Em verdade,
muito ao contrário, o casamento é via de regra salutar à pessoa que apresente alguma deficiência,
visando a sua plena inclusão social.
Seguindo no estudo das modificações do sistema de incapacidades, o art. 1.550 do Código Civil, que
trata da nulidade relativa do casamento, ganhou um novo parágrafo, preceituando que a pessoa com
deficiência mental ou intelectual em idade núbil poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade
diretamente ou por meio de seu responsável ou curador (§ 2º). Trata-se de um complemento ao inciso IV
da norma, que prevê a anulação do casamento do incapaz de consentir e de manifestar de forma
inequívoca a sua vontade. Advirta-se, contudo, que este último diploma somente gerará a anulação do
casamento dos ébrios habituais, dos viciados em tóxicos e das pessoas que, por causa transitória ou
definitiva, não puderem exprimir sua vontade, na linha das novas redações dos incisos II e III do art. 4º
da codificação material.
Como decorrência natural da possibilidade de a pessoa com deficiência mental ou intelectual se casar,
foram alterados dois incisos do art. 1.557, dispositivo que consagra as hipóteses de anulação do
casamento por erro essencial quanto à pessoa. O seu inciso III passou a ter uma ressalva, eis que é
anulável o casamento por erro no caso de ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico
irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por
herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência (destacamos a
inovação).
Em continuidade, foi revogado o antigo inciso IV do art. 1.557 do CC/2002 que possibilitava a anulação
do casamento em caso de desconhecimento de doença mental grave, o que era tido como ato distante da
solidariedade ("a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne
insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado").
Essas foram às modificações percebidas na teoria das incapacidades, que foi revolucionada, e em sede
de casamento. No nosso próximo artigo, a ser publicado neste canal, demonstraremos as alterações
geradas pela lei 13.146/2015 quanto à interdição e à curatela e os atropelamentos legislativos frente ao
Novo CPC.

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