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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 844.679 - MG (2006/0092109-0)

RELATOR : MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO


RECORRENTE : RÔMULO RODRIGUES DE PAULA JÚNIOR
ADVOGADO : JASON SOARES DE ALBERGARIA FILHO E OUTRO(S)
RECORRIDO : BANCO BRADESCO S/A
ADVOGADO : BRUNO MUNIZ LEITÃO E OUTRO(S)
DECISÃO

1. Cuida-se de recurso especial fundado no art. 105, III, "c", da Constituição


da República, e interposto contra acórdão proferido pelo Tribunal de Alçada do Estado de
Minas Gerais, assim ementado:

AÇÃO DE EXECUÇÃO - ALIENAÇÃO DE IMÓVEL APÓS CITAÇÃO - BEM


DE FAMÍLIA - FRAUDE À EXECUÇÃO.
A caracterização da fraude à execução requer tão-somente que, em razão da
alienação no correr da demanda, o devedor caia em estado de insolvência.
O fato de o imóvel alienado constituir bem de família (art. 1º da Lei 8.009/90)
não obsta o reconhecimento da fraude à execução quando, ao tempo da
alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo
à insolvência.
No caso dos autos, a solvabilidade restou comprometida com a alienação,
razão pela qual deve-se reconhecer a fraude à execução (fl 199).

Os embargos de declaração opostos em seguida foram rejeitados, tendo


sido aplicada multa de 1% sobre o valor da execução, nos termos do art. 538, parágrafo
único, do Código de Processo Civil.
Nas razões do especial, o recorrente sustenta que o aresto, ao considerar
que configura fraude à execução a alienação do bem de família após a citação, divergiu
do entendimento firmado por outros tribunais pátrios.
Cita precedentes do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul e
do Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais a fim de demonstrar o alegado
dissenso jurisprudencial.
Foram apresentadas contrarrazões (fls. 245/262).
Admitido o recurso especial (fls. 281/282), subiram os autos a esta Corte.
É o relatório. Decido.
2. De início, verifica-se que o paradigma oriundo do Tribunal de Alçada do
Estado de Minas Gerais desserve à demonstração do suposto dissenso, tendo em vista o
teor da Súmula 13/STJ, a seguir reproduzido: "A divergência entre julgados do mesmo
tribunal não enseja recurso especial".
Por outro lado, embora o precedente advindo do Tribunal de Justiça do
Estado do Rio Grande do Sul tenha sido apreciado nos autos de execução fiscal, a
situação fática e a questão jurídica são semelhantes às dos autos. Em ambos os casos a
discussão gira em torno da configuração ou não de fraude à execução em decorrência da
alienação de bem de família após a citação.
Esta Corte entende que não há fraude à execução na alienação de bem
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impenhorável nos termos da Lei nº 8.009/90, tendo em vista que o bem de família jamais
será expropriado para satisfazer a execução, não tendo o exequente qualquer interesse
jurídico em ter a venda considerada ineficaz.
A propósito, confiram-se os seguintes julgados:

PROCESSUAL CIVIL. BEM DE FAMÍLIA. IMPENHORABILIDADE. DECISÃO


IRRECORRIDA. PRECLUSÃO. FRAUDE À EXECUÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. IRRELEVÂNCIA DO BEM PARA A EXECUÇÃO.
1. Decidida a questão da impenhorabilidade do bem de família, nos termos
da Lei n.º 8.009/90, não é dado ao magistrado, ao seu talante, rever a
decisão anterior, porquanto operada a preclusão quanto a matéria.
2. Não há fraude à execução na alienação de bem impenhorável nos termos
da Lei n.º 8.009/90, tendo em vista que o bem de família jamais será
expropriado para satisfazer a execução, não tendo o exequente nenhum
interesse jurídico em ter a venda considerada ineficaz.
3. "O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora
do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente". Súmula n.º
375/STJ.
4. Recurso especial não conhecido (REsp 976.566/RS, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, DJe 04/05/2010);

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. ALIENAÇÃO DE BEM DE FAMÍLIA.


EXECUÇÃO FISCAL EM CURSO. FRAUDE. NÃO-OCORRÊNCIA.
1. Não gera prejuízo para o Fisco o afastamento da fraude à execução em
relação a imóvel considerado bem de família, impenhorável por força de lei.
Caso se anulasse a venda a terceiro, a conseqüência seria o retorno do bem
ao patrimônio do devedor. Inteligência do artigo 3º da Lei 8.009/90.
2. Recurso especial improvido (REsp 846.897/RS, Rel. Min. Castro Meira, DJ
23/03/2007);

Ademais, a Súmula 375/STJ sedimentou entendimento segundo o qual "o


reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado
ou da prova de má-fé do terceiro adquirente".
No caso em apreço, não tendo sido em momento algum reconhecida a
má-fé do adquirente - premissa fática da qual não se pode distanciar por força da Súmula
07 -, inviável a declaração de fraude à execução, uma vez que, ao tempo da alienação do
imóvel, sequer penhora existia.
3. Ante o exposto, dou provimento ao recurso especial para reformar a
decisão interlocutória que considerou configurada a fraude à execução.
Publique-se. Intime-se.
Brasília, 15 de setembro de 2010.

Ministro Luis Felipe Salomão


Relator

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