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ÍNTEGRA
DECISÃO
Trata-se de apelação interposta pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS contra
sentença proferida pelo MM. Juiz Federal da 1ª Vara de Presidente Prudente, que julgou
improcedente o pedido, extinguindo o feito com resolução do mérito, nos termos do artigo 269,
inciso I, do Código de Processo Civil.
A decisão ora recorrida foi proferida em sede de ação de rito ordinário, proposta pelo INSS em
face do OFICIAL DE REGISTRO DE IMÓVEIS, TÍTULOS E DOCUMENTOS DO MUNICÍPIO DE
MARTINÓPOLIS, objetivando a condenação do réu ao fornecimento de certidões de registro
de imóveis e demais atos arquivados em cartório, necessários à representação judicial e
extrajudicial da autarquia, com isenção de custas e emolumentos.
Sustenta o demandante que a competência para legislar sobre emolumentos notariais é da União,
que fixa regras gerais, cabendo aos Estados, somente, fixar os respectivos valores e decidir sobre
a destinação e administração da taxa.
Aduz que o artigo 197 da Constituição Federal, as Leis Federais nºs 8.935/1994 e 8.212/1991
e a Lei Paulista nº 11.331/02 contemplam isenção dos serviços notariais.
Em seu apelo, o INSS repisa os argumentos já expostos, alegando, em suma, que a União e suas
autarquias gozam de isenção no tocante ao pagamento de emolumentos aos cartórios de registro
de imóveis, uma vez que o Decreto-lei nº 1537/77 não contraria nenhum preceito constitucional
e por isso foi pela Constituição Federal recepcionado.
É o relatório.
Decido.
A questão que ora se impõe cinge-se em saber se o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS
está ou não isento de emolumentos devidos em favor dos serviços notariais e de registros.
Ab initio, anoto que a imunidade recíproca é aquela instituída para proibir que uma entidade
política tribute, por meio de impostos, o patrimônio, a renda ou os serviços de outra entidade
política. Esta decorre do princípio federativo, uma vez que se um ente federativo pudesse tributar
outro, recolhendo impostos, poderia resultar em uma situação de grande dificuldade para um dos
entes tributados, impedindo-os, inclusive, de realizarem seus objetivos fundamentais. Deste
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
Ademais, os impostos servem para custear os serviços públicos em geral, logo, tendo em vista que
as três entidades políticas prestam tais serviços, cada uma na área de sua competência ou de
forma conjunta, não teria sentido um ente político tributar outro ente político. Por isso, a
Constituição Federal de 1988 estendeu a imunidade recíproca às autarquias e fundações
públicas, ainda que limitada ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados às suas finalidades
essenciais ou delas decorrentes (§ 2º do art. 150).
Dessa forma, no presente caso, tem-se que a imunidade pretendida pelo INSS é descabida,
visto que somente em relação aos impostos são imunes de cobrança dos demais entes federados,
bem como de suas autarquias e fundações mantidas pelo Poder Público, nos termos do art. 150,
VI, "a", da CF/88.
De outra sorte, não se pode dizer que o INSS está imune às taxas cobradas a título de custas e
emolumentos cartorários, porquanto os serviços de registros, cartorários e notariais, apesar de
serem prestados por particulares, são serviços delegados pelo Poder Público, nos termos do que
dispõe o art. 236 da Constituição Federal.
Desse modo, os emolumentos e taxas pagos em virtude do serviço prestado constituem-se taxas
de serviço público, em razão da efetiva utilização de serviços públicos específicos e divisíveis
disponibilizado ao contribuinte, o que não afronta a imunidade recíproca prevista no art. 150, VI,
a, da CF.
(ADI 1378 MC / ES. STF. Tribunal Pleno. Relator(a): Min. CELSO DE MELLO. Julgamento:
30/11/1995. Publicação: DJ 30-05-1997 PP-23175 EMENT VOL-01871-02 PP-00225)
O Tribunal iniciou julgamento de ação direta proposta pela Associação dos Notários e
Registradores do Brasil - ANOREG/BR na qual objetiva a declaração de inconstitucionalidade dos
itens 21 e 21.01 da lista de serviços anexa à Lei Complementar federal 116/2003, que
autorizam os Municípios a instituírem o ISS sobre os serviços de registros públicos, cartorários e
notariais. Salientando que os serviços notariais e de registro são típicas atividades estatais, mas
não são serviços públicos, propriamente, o Min. Carlos Britto, relator, julgou o pedido procedente
por entender que os atos normativos hostilizados afrontam o art. 150, VI, a, da CF, que veda que
(TRF 3ª Região, AMS nº 000229-45.2005.4.03.6103, TERCEIRA TURMA, Rel. Des. Fed. NERY
Ante o exposto, com fulcro no artigo 557, caput, do Código de Processo Civil , NEGO
SEGUIMENTO À APELAÇÃO, na forma da fundamentação acima.
Publique-se. Intimem-se.
ANTONIO CEDENHO
Desembargador Federal