Sunteți pe pagina 1din 31

1 O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT

(FAZER REVISÃO
DOS TEXTOS –
URGENTE)

SIGILOSO - NÃO
DIVULGAR ANTES
O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT

DE JANEIRO DE
2019
2
Prefácio
Em meus 35 anos como jornalista, trabalhando em veículos de imprensa
de renome nacional e internacional como XXXXXXXXXX, XXXXXXXXXXXXXX,
XXXXXXXXXXXX, sempre busquei ter bons contatos no meio político, e sempre
fui reconhecido por meu sigilo com minhas fontes. Fui premiado em diversas
reportagens, muitas delas revelando grandes escândalos, como foi o caso do
famoso escândalo XXXXXXXXXXXXXXXXX que envolveu XXXXXXXXXXXXXX
além de XXXXXXXXXXXX,XXXXXXXXXXXXX, XXXXXXXXX. Muitas vezes, em
especial em palestras para estudantes de jornalismo, fui questionado sobre
como consegui um furo jornalístico tão importante. Minha resposta sempre
foi: XXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXXXXXX. E para mim, não há outra forma melhor de estar sempre
em contato com fontes confiáveis, que tenham informações valiosas, e que
estejam prontas para trazer grandes furos jornalísticos – claro, desde que o
sigilo lhes seja assegurado.

E foi assim, em razão de minha trajetória, que chegou a mim as


informações que apresento no presente livro. Esse conteúdo pode ser
considerado bombástico e inclusive gerar processos por danos morais contra
esse jornalista que vos fala, porém, estou devidamente protegido através de
provas diversas. Ao longo das próximas páginas apenas relatarei informações
das quais eu tenha como provar, pois sei que qualquer deslize poderá resultar
O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT

para mim em grandes indenizações por danos morais – um risco que não
pretendo correr.

De início, o caro leitor pode se perguntar: como um jornalista que se


orgulha de ser ético e de preservar o sigilo das fontes, pode lançar um livro
com informações tão bombásticas? Seria um suicídio profissional? Estaria
ele destruindo toda uma trajetória marcada pela ética e pela confiança? Bom,
meus caros, chego, dentro de poucos meses, aos meus XX anos, tenho uma
família para cuidar e um nome a zelar, é claro que eu jamais iria divulgar
3
essas informações se não tivesse combinado adequadamente com as minhas
fontes. Portanto, estejam cientes que toda informação aqui apresentada era
sigilosa até Dezembro de 2018 e desde o início ficou acordado com minhas
fontes que eu teria liberdade para divulgar tudo o que possuo a partir do dia
02(dois) de Janeiro de 2019. Tudo mesmo? Não tudo, mas uma grande parte.
Em meu acordo, ficou acertado que apenas os nomes das fontes diretas seriam
mantidas em sigilo – por fontes diretas considero apenas aquelas que tiveram
contato direto comigo ou alguma fonte cuja menção poderia revelar os nomes
de minhas fontes diretas. Nesse caso, para manter o sigilo dessas pessoas,
irei referir-me a eles através de nomes fictícios. Fora isso, todas as demais
informações que possuo a cerca do tema serão apresentadas nas próximas
páginas.

É certo que, para o leitor mais cético, poderá parecer uma obra de
ficção. E certamente muitos dos fatos narrados chegam mesmo a parecer
ficcionais. Porém, tratam-se de fatos que uma parcela significativa da
população já suspeitava, mas que até o presente momento não havia sido
divulgada por ninguém confiável e também não com uma riqueza de detalhes.

No dia primeiro de Janeiro de 2019 tomou posse como presidente da


República o presidente Fernando Haddad, herdeiro político de Lula. Haddad
não fazia parte do plano original articulado pelo ex-presidente. Na verdade,
Haddad não era nem a primeira, nem a segunda, nem a terceira opção de
Lula. Especialmente porque Lula enxergava em si mesmo a única opção. Mas
para o azar dele, e traições diversas no meio jurídico, Lula se viu forçado a
escolher um substituto. A primeira opção era Marta Suplicy, antiga aliada.
Porém pesava contra ela o fato de ter saído do partido após ver que Dilma
seria candidata à reeleição invés de Lula. O PT não aceitaria o retorno daquela
O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT

que virou as costas para ele e aliou-se ao principal adversário. Claro que o PT
acataria se Lula assim determinasse, mas temos a informação de que o fato
de Marta ser mulher, assim como Dilma, e diante de Dilma ter deixado o
poder com tamanha desaprovação, era um grande impeditivo para a escola
de Marta. Pelo mesmo motivo Gleisi Hoffman foi descartada. Uma outra opção
simpática a Lula e ao PT era Jaques Wagner, que recusou a missão. Sobrou
Haddad, considerado “o mais tucano” entre os petistas. A vitória de Haddad
pode ter sido para muitos uma surpresa, mas a vitória dele já era esperada
4
desde mesmo a prisão de Lula, e seu caminho foi desenhado até o planalto
de forma minuciosa, sob o comando de Lula e com o apoio de duas pessoas
aparentemente alheias ao processo: Duda Mendonça e o deputado Jair
Bolsonaro. A estratégia eleitoral planejada pelo ex-presidente Lula merece
entrar como um dos grandes feitos da política mundial, pois foi planejada
com astúcia e executada com eficiência. E é esse o principal motivo pelo qual
o presente livro merece ser lido e estudado.

Após essa introdução, espero que estejam preparados para acompanhar


os relatos que serão apresentados a seguir. Amigo leitor e amiga leitora, esse
é o livro que conta sobre o acordo secreto entre o então deputado Jair
Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o apoio de uma das
maiores mentes do marketing político já vistas em atividade no Brasil e até
no mundo: o marqueteiro Duda Mendonça.

O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT


5
6 O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT
Capítulo I
2014 a 2016 – as bases para
o plano de sepultar o PSDB

O ano era 2014. Dilma Rousseff, herdeira política de Lula, esperava


vencer a eleição já no primeiro turno. As pesquisas indicavam que ela
conseguiria atingir seu objetivo. A presidenta, que nas últimas semanas antes
da eleição do primeiro turno havia usado toda sua artilharia contra a
adversária Marina Silva, segunda colocada nas pesquisas de intenção de voto.
A artilharia pesada impedia Marina de ir para o segundo turno, ou ao menos
a faria chegar fragilizada, sem chances de vitória. O plano caminhava para
dar certo. Porém, a equipe de Dilma Rousseff se esqueceu de um antigo e
tradicional inimigo: o PSDB. Aécio Neves, então candidato tucano à
presidência, não tinha chances de sequer ir para o segundo turno. Distante
de Marina nas intenções de voto, e principalmente de Dilma, Aécio estava
fadado a amargar apenas a terceira colocação na disputa, trazendo para o
PSDB a humilhação de, pela primeira vez nas últimas décadas, não conseguir
ficar entre os dois primeiros colocados na eleição presidencial. O plano de
Dilma estava indo de vento em popa, até que, tarde demais para virar a
artilharia para outro alvo, Dilma viu, uma vez mais, o PSDB avançando para o
O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT

segundo turno, em uma das viradas mais surpreendentes ocorrida nas eleições
presidenciais do Brasil.

Nesse segundo turno da eleição presidencial de 2014, o PT, apesar das


restrições que possuía contra Dilma, se viu assustado com a ameaça real de
perder a presidência da república para seu arquiinimigo PSDB. Foi nesse
momento que Lula, ex-presidente que tinha sido colocado para escanteio
por Dilma, se viu forçado a abandonar o exílio e erguer-se contra o inimigo. O
real motivo de tanta preocupação era claro: Aécio Neves, ex-aliado de Lula, a
quem aliou-se para sabotar a candidatura do colega e rival Geraldo Alckmin
7
na eleição presidencial de 2006, era um homem bem articulado com as
palavras, o que contrastava e muito tanto com a terceira colocada da eleição,
Marina Silva, e possuía contraste ainda maior contra a oratória atrapalhada
da então presidenta Dilma. Lula viu seu legado em risco e preocupou-se que,
com a vitória de seu arquiinimigo, toda estrutura que ele montou de poder e
riqueza pudessem ser investigados e divulgados, colocando seu nome no
esgoto da história. Lula sempre presou por seu nome e tinha o anseio de ser
considerado um dos grandes nomes da história mundial como Martin Luther
King, Nelson Mandela ou Mahatma Ghandi, e agora havia o risco de o PSDB
vencer e revelar toda a podridão escondida durante os três mandatos
presidenciais do PT. Era momento de usar todas as armas contra o inimigo.

E foi nesse contexto que Lula se viu instigado a dividir o país usando o
discurso do “Nós contra Eles”. O objetivo era que o “Nós” fosse o PT, e o
“Eles” fosse o PSDB. Porém, a forma incisiva de Lula ao pregar a existência de
dois “Brasis”, acabou acordando uma multidão que estava adormecida desde
o fim da ditadura militar: os conservadores de extrema direita.

Por muitos anos acreditou-se que não havia mais direita no Brasil. Todos
os partidos se alinhavam com o centro ou com a esquerda. Os únicos partidos
que ficavam mais à direita eram o PP, partido de Paulo Maluf, e o Democratas,
dois partidos surgidos como herdeiros políticos do antigo Arena. Ainda assim,
tais partidos flertavam com iniciativas vistas como de esquerda. Por muito
tempo, os que tinham pensamentos mais consevadores, alinhados com a
direita, acabavam tendo que alinhar-se ou com PP, ou com Democratas, ou
com o partido de centro PSDB. Aliás, para o PT, o PSDB sempre representou
a direita, sem de fato sê-lo. Mas para parte do eleitorado, e dentro do discurso
petista, o PSDB era o principal representante da direita brasileira.

E foi talvez por isso que, no segundo turno da eleição de 2014 o


eleitorado de direita acordou e viu em Aécio Neves, do PSDB, o grande arauto
da direita, destinado a combater a ameaça socialista que há tantos anos estava
O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT

assolando o país. Foi durante aquela campanha que a direita, recém acordada,
passou a projetar em Aécio suas idéias, em grande parte xenófobas, racistas
e elitistas. Aécio, contudo, herdeiro político de Tancredo Neves, recusava-se
a vestir a roupagem de direita, e dizia abertamente: “Não adianta me empurrar
para a direita, que eu não vou”. A direita, contudo, ignorava as falas de Aécio,
e fazia de conta que ele era mesmo um candidato de direita. E foi assim que,
diante de uma disputa de “nós contra eles” esses eleitores se mobilizaram
contra o PT e chegaram próximo a levar o PSDB de volta para a presidência
da República. Aliás, o PT só conseguiu vencer Aécio fazendo uso de todos
recursos possíveis, o que incluíam mentiras em redes sociais e difamações
8
diversas. E com tanto empenho, o PT enfim conseguiu atingir seu objetivo
de, uma vez mais, vencer o arquiinimigo PSDB. Porém, o tempo fez com que
tal vitória demonstrasse ser uma mera “Vitória de Pirro”. Ao ir pro tudo ou
nada contra o PSDB, o PT venceu a batalha e perdeu a Guerra. Aécio Neves,
perdedor da eleição presidencial, teve uma derrota com sabor de vitória –
acabou a eleição sentindo-se um vencedor, enquanto Dilma questionava-se
dos motivos pelos quais buscou tanto aquela vitória.

Lula foi o primeiro a perceber o grande erro que o PT havia cometido


ao buscar o tudo ou nada. Na avaliação de Lula, dois meses após a vitória de
Dilma, ele comentou com aliados que aquela vitória poderia representar o
fim do PT. A profecia começava a dar sinais de que poderia de fato acontecer.
Aécio Neves era tratado como o principal nome do Congresso Nacional. Tendo
sido derrotado por um percentual mínimo de votos, ele tinha, entre os
parlamentares, uma articulação infinitas vezes maior do que a da então
presidenta. O feeling político de Aécio era perfeito, enquanto Dilma tinha
dificuldades até para conversar com seu próprio partido. Vale destacar o
primeiro discurso de Aécio após a derrota nas urnas: diante de um plenário
lotado, ele foi elogiado por políticos de diferentes partidos e era, desde já,
considerado como vencedor da eleição presidencial que viria daqui a quatro
anos.

Os meses se passaram e Aécio fortalecia sua liderança no Congresso e


no país. Foi alçado ao posto de principal nome da oposição. E foi assim que,
habilmente, ele foi cavando seu espaço, formando alianças, e fazendo pressão
para destruir politicamente o segundo governo de Dilma Rousseff. Não
demorou para que surgissem mais e mais pessoas descontentes com a
presidenta Dilma. O Brasil não tinha mais uma situação econômica sólida
O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT

como havia quando ela assumiu seu primeiro mandato, o cenário internacional
também não era dos mais favoráveis. E ao aparecerem problemas na
economia, ao aumentarem os números de desempregados, a população
passava a ficar insatisfeita com a presidenta. Esse foi o cenário ideal para
que, sob articulação dos descontentes do congresso e com forte apoio de
Aécio Neves, fosse aberto o processo de impeachment contra Dilma Rousseff.

Foi durante o processo de impeachment que parte do PT, após 13 anos


gozando das benesses do poder, acordou para a necessidade de voltar as
9
ruas, fazendo uso da militância que ergueu o partido. Porém, apenas uma
parte do PT estava empenhada. A outra parte, formada em grande parte por
políticos oportunistas e sem uma ligação tão forte com o partido, passou a
ver a sigla ruir e já começaram a ensaiar passos para pular fora da legenda.
Quando de fato o impeachment aconteceu, de imediato muitos dos filiados
do PT fugiram para outras legendas, em especial PDT e PSB, tal como ratos
fugindo de um navio que está a naufragar.

Os meses pós impeachment de Dilma foram dolorosos para o PT, em


especial para o principal líder do partido. Lula previa naufragar sua história,
caso o sucessor de Dilma Rousseff, o peemedebista Michel Temer, decidisse
auditar a presidência da República e expor toda a podridão escondida. Para
piorar, na eleição de 2016 o PT viu o seu número de prefeitos diminuir
significativamente e o sentimento anti-petista tomava as ruas, fazendo com
que candidatos da legenda escondessem as cores, a sigla, e até a estrela que
representa o partido. Os analistas declaravam o fim do PT e previam que em
breve a legenda poderia ser extinta, e seus antigos filiados se verem obrigados
a abrigar-se em outras legendas ou a fundar um novo partido. Lula enxergava
o mesmo. Mas, como é fato notório, o ex-presidente é um estrategista
habilidoso, e, com sua habilidade de reconhecer cenários estabelecidos, ele
também adquiriu a habilidade de buscar soluções para burlar muitos dos
problemas que surgem.

Lula viu o PT ruir em 2016, certamente o pior ano para a história do


partido desde sua fundação. E como algozes ele enxergava o PSDB, em especial
através da figura de Aécio Neves, seu antigo aliado, assim como enxergava
como inimigo o então presidente Michel Temer, outro antigo aliado. Contam
que Lula passou noites sem dormir imaginado formas de enfrentar e vencer
O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT

os dois inimigos. Foi então que ele relembrou de outra grande batalha que já
havia enfrentado e vencido: A batalha contra Fernando Collor de Melo.
Contam pessoas confiáveis que acompanharam o presidente naqueles
tempos, que Lula frequentemente falava de como acabou com a carreira de
Collor após ter sido derrotado por ele. Sim, para Lula, todo o processo de
Impeachment de Collor era uma obra sua, algo que certamente os defensores
da verdade irão discordar, porém, para o vaidoso ex-presidente, aquilo era
um feito seu, feito para ser lembrado e consagrado.
10
Nessas reflexões sobre Collor ele tentou buscar alguma pista de algo
que poderia ser feito contra Aécio Neves e Michel Temer. Em conversas
reservadas, Lula lembrou-se de outro grande inimigo do PT, contra o qual o
PT ergueu-se durante anos como principal inimigo: Paulo Maluf. Lula lembrou-
se de como Maluf venceu o PT e lembrou-se também como o PT ajudou a
destruir o sucessor de Maluf, Celso Pitta. Tanto no caso de Pitta quanto de
Collor haviam semelhanças: Pessoas próximas de ambos acabaram revelando
segredos e isso acabou gerando escânda-los que destruíram politicamente
os dois adversários do PT. Diante dessa análise, Lula constatou que possuía
uma solução possível, mas não havia até então pistas de pessoas próximas
de Aécio Neves ou de Michel Temer que pudessem se equiparar a Pedro Collor
ou a Nicéia Pitta. Além disso, Lula sabia que o simples fato de derrubar seus
inimigos não seria suficiente para limpar a imagem do PT, o que acabaria
favorecendo adversários como Marina Silva, Ciro Gomes, João Dória ou outro
candidato. Sem encontrar uma solução que, ao mesmo tempo destruísse seus
adversários e reerguesse o PT, Lula procurou um antigo aliado do qual havia
se afastado – Duda Mendonça, um dos grandes pensadores do marketing
político do Brasil e do mundo, e pessoa que foi decisiva na vitória de Lula
para a presidência da República. Os dois acabaram encontrando-se
secretamente no exterior e teriam conversado por quase dois dias seguidos,
hospedados em um luxuoso resort.

A conversa com Duda Mendonça foi proveitosa. Não que Lula tenha
concordado cegamente com as análises do marketeiro, mas tais discussões
iluminaram a mente do ex-presidente. Lula anseiava voltar à presidência da
República, e precisava vencer seus dois principais adversários e reerguer o PT
(ele não abria mão e manter o partido, e ficava nervoso quando alguém
cogitava mudar o nome da sigla ou fundar outra legenda). E foi a partir das
O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT

conversas com Duda Mendonça que Lula relembrou como deu seus primeiros
passos para a fama: lutando contra a ditadura militar. E relembrou também
que as vitórias contra Maluf, PSDB e também contra Collor, foram a partir do
contraste entre direita/esquerda – algo que estava se tornando cada vez
menos evidente, haja vista que todos os políticos estavam começando a adotar
e defender iniciativas socialistas, como a defesa de programas como o Bolsa
Família. Lula então percebeu que o caminho para o PT renascer era novamente
11
tornando-se oposição à direita. Mas como fazer isso sendo que a direita está
adormecida? A solução é apresentada no próximo capítulo.
O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT
12
Capítulo II
2016, por acidente, trouxe a
solução para o PT: Jair Bolsonaro

O único caminho para o PT voltar a ser o partido de outrora, seria vencer


o mesmo adversário que enfrentou para crescer: a direita. Lula avaliou que a
polarização entre direita e esquerda contribuiria para tornar o PT novamente
o partido da esperança, assim como o levaria de volta para o Planalto. Mas
como enfrentar a direita novamente? O Democratas, partido de direita, havia
tornado-se um apêndice do PSDB. O PSDB por sua vez sempre defendeu sua
posição de centro – por vezes à esquerda, por vezes à direita, por vezes liberal
e por vezes conservador, mas nunca deixando claro um posicionamento
ideológico claramente de direita. O PP ainda possuía pensamentos de direita,
expressados no Congresso. Porém o partido já não vislumbrava ser um
pleiteante ao Palácio do Planalto. No caso, o PP havia tornado-se uma espécie
de PMDB, sempre disposto a aliar-se a quem estivesse no comando, sem
nunca se arriscar a pleitear para si o comando do país. Então, qual a solução?
E foi aí que Duda Mendonça foi chamado novamente. Mais uma vez em nova
reunião em outro país, em uma das famosas “Palestras de Lula”. Duda
O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT

Mendonça teve que fazer várias escalas e viajar de forma a não deixar pistas
de que se encontraria novamente com o ex-presidente. Nem pessoas próximas
a Lula sabiam do encontro com Duda, que fingiu-se de um príncipe saudita
para ter uma conversa secreta com Lula. Essa conversa foi curta.
Aparentemente Duda havia passado um bom tempo refletindo sobre o tema,
então não demorou para convencer Lula sobre dois nomes que solucionariam
todos os problemas do PT: os Irmãos Batista da JBS e o deputado Jair
Bolsonaro. Tão logo encerrou-se a curta conversa entre Lula e o Marketeiro,
13
e Lula já passou a pensar sobre a solução. Para pessoas próximas ele disse,
logo ao sair da sala do “Principe”: “Agora eu pego os desgraçados. Preciso
falar com o Paulo e com o Marcos urgentemente (nomes fictícios)”.

No dia seguinte, Paulo e Marcos estavam reunidos com Lula e mais


meia dúzia de pessoas. Em um telão eles assistiam reportagens sobre a
campanha de Aécio Neves. Em algumas reportagens, perceberam que uma
parcela do eleitorado de Aécio Neves defendia a volta dos militares ao poder
– algo que o presidenciável sempre demonstrou ser contra, discordando até
mesmo dessa parcela de seus eleitores. Chamava a atenção nos vídeos o fato
de tais eleitores serem, em grande parte, jovens e adolescentes, com idades
que iam de 15 a 20 anos, bradando em favor do conservadorismo e contra a
esquerda. Outra coisa que chamou muito a atenção do grupo que assistia os
vídeos, foi, ao verem antigas postagens no facebook de apoiadores de Aécio,
a presença constante de um nome: “Jair Bolsonaro”. Os participantes dos
grupos de direita na rede social, por vezes diziam coisas do tipo: “Estamos
com Aécio, mas preferíamos estar com Bolsonaro”. Lula então disse aos
presentes: “Precisamos desse Bolsonaro como nosso principal adversário.
Essa é a solução para o PT voltar a ser grande”.

Muitas questões começaram a ser levantadas pelos presentes. A grande


questão era: “Como fazer um deputado de pouca significância tornar-se o
principal adversário e como isso poderia beneficiar o PT”. Foi então que Lula
revelou suas conversas com Duda Mendonça. De acordo com ele, Bolsonaro,
por suas declarações polêmicas, poderia vir a crescer como candidato ao
planalto, caso tivesse a estrutura correta por trás. Um dos participantes do
grupo levantou outras questões como: “Será que um deputado de pouca
articulação no congresso iria correr o risco de aventurar-se em uma
O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT

candidatura à presidência sabendo que iria perder e ficar sem seu cargo de
deputado?” e “Será que se Bolsonaro for erguido ao posto de principal
adversário do PT, não há riscos dele vencer a eleição e tornar-se um problema
pior do que o PSDB no governo?” De imediato, Lula explicou o plano. Segundo
ele, Bolsonaro era um grande conhecido seu, uma pessoa com a qual já havia
conversado e que todos sabiam o quanto Bolsonaro é ambicioso. Lula
relembrou do motivo pelo qual Bolsonaro fez acordo para ir para a reserva
do Exército após planejar atos terroristas para aumentar seu salário e
14
benefícios, além dos acordos que o Bolsonaro tinha com milícias do Rio de
Janeiro que pagavam a ele “mensalinhos”. De acordo com o Lula, Bolsonaro
aceitaria facilmente um acordo no qual seus filhos tivessem o suporte
necessário para terem grandes votações para o senado e câmara dos
deputados, e que nesse acordo constasse também que ele receberia uma
grande bolada em dinheiro após perder a eleição. O dinheiro viria de forma
indireta, com uma grande empresa comprando um dos imóveis do deputado
por valores absurdamente altos. Segundo Lula, dificilmente Bolsonaro
recusaria esse acordo. Já quanto a possibilidade de Bolsonaro trair o acordo
e tentar vencer a eleição, Lula acalmou os demais presentes dizendo que
haviam muitas provas contra Bolsonaro, não só em relação ao envolvimento
com Milícias e recebimento de recursos ilícitos, mas também haviam
informações claras sobre contas dele em paraísos fiscais. Lula fez questão de
frizar que o capitão tratava-se de um medroso “c*zão” e que nunca desonraria
o acordo, pois não arriscaria ser sepultado politicamente tendo as denúncias
contra si divulgadas, assim como ele não iria correr o risco de perder toda a
bolada prometida. O grupo compreendeu os posicionamentos de Lula e era
chegada a hora de enviar um emissário para chegar até o deputado. A idéia é
que não fosse um emissário com ligação direta com Lula, mas uma espécie
de “Emissário, do emissário, do emissário”. E assim foi planejado.

O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT


15
16 O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT
Capítulo III
Havia a solução para o PT,
mas antes era necessário
derrubar os inimigos

Após definir que Bolsonaro seria a base para o PT voltar ao poder, Lula
começou a trabalhar em outra frente: Destruir Aécio Neves e Michel Temer –
seus dois grandes ex-aliados e atuais inimigos. Além disso, Lula estava convicto
que deveria fazer contra o PSDB aquilo que o partido tentou fazer contra ele:
sepultar o partido tentando colar nele a pecha de corrupto. Para atingir tais
objetivos, Lula teria que contar com antigos aliados, tanto entre empresários
quanto no meio judiciário e político. Não foi fácil encontrar a melhor solução.
Aécio se fortalecia, as delações de empresários iam cada vez mais e mais
derrubando dirigentes e aliados do PT. Enquanto isso, o PSDB colocava-se
como o paladino da justiça e da honestidade, em contraposição à do PT, que
estava sendo visto com o mais corrupto partido que já existiu. O judiciário
não dava trégua para o PT. Juizes e promotores estavam sedentos por sangue
e o PT tinha sangue de sobra para fornecer. Os ataques vinham de todos os
lados, a todo instante haviam mais e mais promotores e juízes buscando
O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT

manchar a imagem do PT e cada vez mais Lula sentia-se mais e mais ameaçado.

Lula foi traído pelo próprio Judiciário que fortaleceu. Em seus anos no
comando do país, Lula cuidou para fortalecer o judiciário e colocar em cargos
importantes pessoas sempre simpáticas a ele. Tal blindagem, em tese, o
tornaria imune a qualquer problema judicial enquanto vivesse. Porém, não
foi o que de fato ocorreu. Ao promover juízes e promotores, invés dos mesmos
sentirem-se agradecidos, eles passaram a acreditar que não precisavam mais
do ex-presidente e passaram a agir com independência. A solução encontrada
17
pelo PT foi passar a atacar o judiciário, o que acabou por prejudicar ainda
mais o relacionamento entre partido, promotores e juízes. Cada vez a solução
para isso tornava-se mais e mais distante. Foi então que alguns petistas
sugeriram a Lula uma antiga estratégia que outrora havia sido tão praticada
pelo partido: O assassinato de reputações. Porém, outrora, o tal assassinato
de reputações era feito com dossiês falsos, em uma época em que o PT tinha
o comando da Polícia Federal. A solução para o momento precisava ser mais
crível do que meros dossiês, eram necessárias provas, e essas provas deveriam
ser evidentes, sem margem para discussões ou suspeitas, pois só assim se
mostrariam um contraponto às denúncias contra Lula, que até então
baseavam-se meramente em indícios, não em provas concretas.

Toda a rede política aliada a Lula estava no Brasil inteiro vasculhando


administrações do PSDB em busca de tudo que pudesse ser usado contra o
partido – independente de ser verdade ou não – tudo que pudesse gerar um
inquérito, ou mesmo um escândalo, estava sendo mapeado. Assim que algo
era identificado, haviam caminhos para fazer com que as informações
chegassem até a imprensa ou até um promotor vaidoso disposto a promover
seu nome. Essa rede contribuiu para que muitos prefeitos do PSDB acabassem
tendo suas carreiras destruídas, porém, ainda não havia nada contra os dois
principais inimigos: Aécio Neves e Michel Temer. E foi aí que Lula buscou,
através de intermediários, um nome já lembrado por Duda Mendonça lá atrás:
o ambicioso e nada ético Joesley Batista, dono da JBS, empresa que, de
tamanho favorecimento obtido na gestão petista, chegou a ter boatos de
que seria pertencente ao filho do ex-presidente.

Joesley Batista estava desesperado, a justiça cada vez aproximava-se


mais e mais dele. Ele tinha dinheiro para se safar por um tempo, mas não
O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT

queria que seu patrimônio fosse prejudicado e nem queria correr riscos de
ser preso. Foi por isso que ele aceitou, de forma secreta, encontrar-se com
Lula. O encontro não foi no exterior, foi em um Hotel no centro de São Paulo.
O Hotel, famoso na capital paulista, sempre foi freqüentado por grandes
empresários e políticos, logo não havia nenhum risco do encontro entre
Joesley e Lula ser interpretado como um encontro suspeito. Foi nesse encontro
que Lula deixou claro que Joesley deveria buscar uma delação premiada.
Joesley surpreendeu-se com a proposta, sabendo que Lula seria o primeiro
18
prejudicado na tal delação. De imediato Lula deixou claro que caso seu nome
fosse citado, Joesley teria vários de seus negócios secretos enviados para um
Juiz Federal. Joesley questionou então como poderia fazer uma delação sem
poder revelar as informações valiosas que tinha sobre negócios entre JBS e o
governo petista. Foi então que Lula deu a solução: “Envolva provas contra
Aécio e Temer, e exija perdão total do judiciário”. Joesley prontamente
informou que não tinha nenhuma prova concreta contra ambos. Lula,
conhecedor do meio político e conhecedor tanto de Temer quanto de Aécio,
explicou para Joesley o que fazer: Para Aécio, bastaria Joesley fazer uma série
de reuniões dizendo que estava preocupado com a Lava Jato e pedir ajuda
dele. Aécio, um bon vivant, apreciador de um bom whisky, sentiria-se em
posição superior e passaria a confiar em Joesley. A partir de então bastaria
passar a oferecer dinheiro a Aécio, pedindo auxílio, e buscando sempre
envolver um bom whisky. Lula, que já havia sido próximo de Aécio, sabia o
quanto o mineiro se tornava uma pessoa sem modos e sem escrúpulos quando
estava sob efeito do Álcool. Em todas essas reuniões era inevitável que toda
conversa fosse gravada. Com Temer, seria mais simples. Bastaria uma reunião
não marcada com o presidente e na reunião falar sobre auxílios a Cunha.
Independente do que o presidente dissesse, qualquer gravação poderia
levantar suspeitas sobre o presidente. E, sob orientação de Lula, Joesley
procurou a Procuradoria Geral da República e a Polícia Federal para fazer um
acordo.

Não demorou muitas semanas para que Joesley conseguisse atingir


seu objetivo. Um Michel Temer e monossílabo lhe ofereceu a gravação que
precisava enquanto estava nitidamente tentando dispensar Joesley da
conversa, mas evitando ser rude com o empresário. Aécio Neves também
não foi difícil de “enquadrar”. Em uma das diversas conversas descontraídas
O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT

que tiveram, nas quais Joesley sempre ostentava ter muito dinheiro e estar
disposto a fazer qualquer tipo de negócio para se defender da Lava Jato,
ofereceu-se a comprar um dos imóveis de Aécio para que, com o dinheiro,
Aécio pudesse defender-se das acusações da Lava Jato. Aécio caiu como um
patinho ao ouvir pela enésima vez que Joesley estava com medo da Lava Jato
e que faria de tudo para se livrar dela, sendo inclusive capaz de matar se
alguém o delatasse. Como uma criança ingênua, o bêbado Aécio tratou de
dizer a Joesley o que ele queria ouvir. Joesley percebeu então que tinha
19
conseguido dois tesouros inestimáveis nas mãos: a gravação contra o
Presidente da República e contra o Presidente do Principal Partido da
Oposição. A Procuradoria Geral da República ficou em êxtase. O Perdão total
da Pena de Joesley foi facilmente aprovado e a partir de então Michel Temer
e Aécio Neves tiveram suas vidas e reputações completamente destruídas.

Lula e o PT estavam vingados.


O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT
20
Capítulo IV
Bolsonaro – a solução para a
volta do PT esbarrando na JBS
Michel Temer e Aécio Neves desmoralizados e investigados. O PT sentiu
um orgulho que há muito não sentia. Ver os dois principais inimigos
experimentando o mesmo veneno que deram para o PT era de um prazer
sem igual. Mas isso por si só não era suficiente para fazer com que o PT voltasse
a ser considerado o partido certo para voltar ao comando do país. Para o PT
voltar ao poder era de vital importância que Bolsonaro conseguisse vir a subir
ao nível de principal adversário do PT.

Eis um problema que Lula não havia medido até por desconhecimento:
JBS e Bolsonaro tinham uma íntima ligação. Inclusive a JBS havia doado
dinheiro para Bolsonaro, tanto oficialmente quanto através de Caixa 02. De
forma oficial, foram 200 (duzentos) mil reais. Através de caixa 02 foram
comprados imóveis que Bolsonaro adquiriria por valores muito abaixo do
mercado. Um dos imóveis, que valia quase um milhão de reais, foi adquirido
por metade desse valor por Bolsonaro, sendo o restante do valor pago através
de caixa 02 pela JBS. Lula acabou não prevendo que a delação da JBS acabaria
fazendo com que os irmãos Batista fossem considerados assumidamente
O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT

como criminosos, o que prejudicaria diretamente não apenas Temer e Aécio,


mas também outros aliados, o que incluía Jair Bolsonaro.

A essa altura, Bolsonaro já havia aceitado o acordo proposto de


candidatar-se a presidente e cavar espaço para tornar-se o principal adversário
do PT, para assim levar o PT de volta ao poder. Através de emissários, Lula
colocou à disposição Duda Mendonça para, à distância, pensar em toda
estratégia a ser adotada por Bolsonaro. Em troca, os filhos de Bolsonaro teriam
toda estrutura para conquistarem cadeiras na Câmara e no Senado, assim
21
como outros familiares do deputado. E ele, Jair Bolsonaro, ao perder a eleição,
teria que aguardar poucos meses até ter um de seus imóveis comprados por
um valor que poderia chegar a dez vezes o valor de mercado, e com isso
receber, de forma legal, o pagamento por seu auxílio ao retorno do PT. Porém,
ao estourar o escândalo JBS, tudo poderia ser perdido.

Ao emissário de Lula, Bolsonaro deixou claro que o escândalo da JBS o


atingiria em cheio, especialmente por ele ter recebido doações legais e
declaradas da empresa. Bolsonaro pediu uma solução rápida para o problema.
Para felicidade do deputado, a solução veio rápida. Lula conseguiu articular
para que o Partido Progressista informasse que Bolsonaro devolveu o dinheiro
da doação da JBS – algo que de fato não ocorreu. Bolsonaro foi alertado para
informar a imprensa antes que a imprensa descobrisse por si só o fato, e
assim foi feito. Com isso, além de não ter sido prejudicado, Bolsonaro acabou
fortalecendo sua imagem como honesto, sem precisar devolver um único
centavo.

E então a estratégia de Lula seguia nos trilhos. Era hora de fortalecer


Bolsonaro e derrubar de vez o PSDB.
O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT
22
Capítulo V
Bolsonaro – o cavalo de
Tróia no terreno do PSDB
Aécio Neves, ao ser envolvido no escândalo da JBS, chegou a ter seu
mandato suspenso e teve que contar com o apoio do PT para se manter no
cargo de senador. Aécio sangrava e junto o PSDB ia sangrando também. Outros
políticos do partido, como José Serra, outro presidenciável, passou a ter as
doações legais recebidas por empresas como Odebrecht, OAS, JBS e outras
sendo consideradas como ilegais, mesmo quando sendo tais doações de
acordo com as regras eleitorais vigentes. Dois dos principais presidenciáveis
do PSDB estavam envolvidos no escândalo articulado por PT/JBS.

A imprensa e o judiciário estavam em êxtase. Antes acusados de


perseguidores do PT, agora eles podiam orgulhar-se de ostentar a bandeira
da imparcialidade. O eleitorado do PSDB, por outro lado, eleitorado esse que
tanto apoiou Serra e Aécio nas últimas eleições presidenciais, estava órfão,
envergonhado, sentindo-se traído. A última esperança, o PSDB, estava
manchada. E, diferente do que aconteceu com o PT, o PSDB não tentou
desqualificar a justiça, nem saiu em defesa de seus líderes, ao mesmo tempo
O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT

que não os puniu – o que parecia ser um sinal de confissão, embora também
pudesse ser interpretado como um respeito a justiça. Mas o eleitorado
entendeu da primeira forma.

E foi nesse momento em que foi chegada a hora de colocar em ação o


Plano Bolsonaro. O Plano era aparentemente simples: Bolsonaro deveria
roubar tudo o que fosse possível roubar do PSDB e sempre que possível falar
sobre o PT, tornando o partido forte na mente das pessoas. Além disso,
Bolsonaro deveria fazer algo que para ele não havia dificuldade nenhuma:
23
Comportar-se como um extremo calhorda, buscando inclusive roubar de Ciro
Gomes a pecha que o cearense sempre teve de pavio curto e desbocado.
Bolsonaro deveria ressaltar aquilo que sempre demonstrou ser: machista,
homofóbico, xenofóbico. E sempre, em toda oportunidade possível, declarar-
se contra o PT. Bolsonaro também deveria jamais buscar duelar diretamente
com o PSDB, pois o PSDB era um território a ser pilhado e, atacá-lo poderia
acabar atrapalhando a simpatia de tucanos ao capitão.

O PSDB, desnorteado com os ataques aos seus principais líderes, não


sabia como agir. Aécio recusava-se a sair da presidência do partido e nenhum
outro cacique tucano ousava enfrentá-lo abertamente pedindo sua expulsão.
Os poucos que fizeram isso acabaram sendo interpelados pelos dirigentes do
partido. E, no meio dessa falta de comando, o território do PSDB passou a ser
pilhado. Líderes e simpatizantes do PSDB começaram a enxergar em Bolsonaro
a força certa para enfrentar o PT. Tal sentimento foi maior entre os tucanos
estavam dominados por um duplo ódio: O ódio pelo PT e o ódio por Aécio
Neves. Diante deles surgia um “Salvador da Pátria” que iria vingar-se do PT e
tirar desses ex-tucanos toda a frustração por terem ficado decepcionados
com Aécio Neves.

Ao mesmo tempo em liderava o movimento para que o terreno do


PSDB fosse pilhado, Bolsonaro sempre estava a lembrar do PT, sempre
colocando o PT como um grande inimigo, e colocando a si mesmo como o
grande defensor. O PSDB não percebia o “Cavalo de Tróia” dentro de suas
muralhas. Acreditavam ter em Bolsonaro apenas um louco como Enéas ou
Levy Fidélix, alguém que não merecesse maiores preocupações. O PSDB agia
como os Soviéticos enfrentando os Afegãos, sem saber que por trás dos
Afegãos estavam os EUA fornecendo todo o poderio bélico. Bolsonaro era
sustentado nos bastidores pelo PT, protegido de ataques pelo PT, enquanto o
O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT

PSDB era atacado abertamente, tendo as reputações de seus líderes jogadas


no esgoto. E em troca, o PT era sempre lembrado por Bolsonaro e por seus
apoiadores. Em todo discurso de Bolsonaro, sempre o PT era lembrado. Ao
mesmo tempo Bolsonaro buscava atrair para si a rejeição de todos aqueles
que um dia apoiaram o PT – e com isso fazia com que tais eleitores voltassem
a ver o PT como um injustiçado que deveria voltar para tirar as chances de
Bolsonaro ser eleito. E foi assim que Bolsonaro uniu contra si, e em favor do
PT, feministas, homossexuais, mulheres, pobres, negros, artistas e todos os
segmentos que foram de alguma forma beneficiados durante os anos do PT
na presidência.
24
Enquanto isso, o PSDB ainda tentava recuperar o espaço de anti-petista,
colocando-se na posição de um participante menor na disputa, pois, invés de
disputar a presidência, passou a ocupar seu tempo disputando a vaga de anti-
petista, sem saberem eles que isso beneficiava o PT. Bolsonaro, por sua vez,
seguia firme o planejado, sempre falando do PT e sempre promovendo a
união em torno de si mesmo e também em torno do PT. E é claro, tendo
como grande guru à distância, Duda Mendonça.

O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT


25
26 O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT
Capítulo VI
A prisão de Lula e a
traição de Bolsonaro
Bolsonaro, sempre tido como alguém imprevisível, certamente não
receberia facilmente as ordens do PT sem tentar em algum momento rebelar-
se. O acordo entre Bolsonaro e PT iam de vento em popa, mas, eis que a
prisão de Lula ocorreu e Bolsonaro começou a se ver como alguém que
poderia realmente vir a conquistar a presidência da República. Naquele
momento, o PT estava muito mais preocupado em salvar Lula da prisão do
que em buscar o retorno do PT ao poder. Aliados próximos de Bolsonaro
viram ali um sinal de fraqueza do PT, momento certo para romper o acordo e
seguir em uma busca real pela presidência. Foi assim que, por algum tempo,
Bolsonaro caminhou sem amarras, buscando realmente construir uma base
para ser Presidente da República. Foi nessa ocasião em que Bolsonaro
aproximou-se de partidos políticos médios, buscando formar uma coligação
que lhe desse tempo de TV e estrutura para vencer a disputa. Em um primeiro
momento, Lula não interferiu e partidos acabaram se aproximando realmente
de Bolsonaro. Futuros ministérios foram oferecidos. Um dos que mais se
beneficiariam com o acordo seria o PR, Partido da República, que pleiteava
O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT

metade dos ministérios de Bolsonaro. O deputado relutou, mas chegou a


ponto de quase aceitar a negociação.

Porém, foi nesse momento, quando aproximavam-se as convenções,


que Lula deu ordens claras e expressas para que nenhum dos seus antigos
aliados estivessem junto com Bolsonaro. Lula exigiu desses partidos fidelidade
e que eles se aliassem ao PT como fizeram em outros momentos. Os partidos,
no entanto, já não consideravam Lula tão importante assim. Acreditavam que,
preso, Lula não seria candidato e que caso lançasse um sucessor, não
27
conseguiria transferir seus votos. Então, por esse motivo, quase uma dezena
de partidos recusou-se a aliar-se a Lula. Sem poder permitir que esses partidos
fossem para o rebelde Bolsonaro, e sem conseguir que esses partidos se
aliassem ao PT, Lula deu ordens para que o PR, até então o partido mais
próximo a Bolsonaro, deixasse Bolsonaro e fosse para os lados de Henrique
Meirelles ou Geraldo Alckmin, sendo a preferência por Geraldo Alckmin, para
constrangê-lo por aceitar um partido que já foi tão próximo de Lula em sua
coligação.

Bolsonaro então ficou sabendo por seu emissário que foi Lula, em
retaliação, quem fez com que ele não conseguisse firmar alianças partidárias.
Lula mandou para o Bolsonaro que em breve estouraria o escândalo que
envolveria o nome do deputado com Milícias do Rio de Janeiro e também
com traficantes do Comando Vermelho. O capitão então percebeu que Lula,
mesmo preso, ainda tinha poder e que poderia cumprir as ameaças que fazia.
A partir de então Bolsonaro voltou a agir como o combinado: atrair para si
todos os anti-petistas e sempre ressaltar o nome do PT para conseguir unir
os petistas em favor de Lula.
O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT
28
Capítulo VII
A facada
Lula e o PT ostentavam o papel de vítimas e sempre evitaram revidar
Bolsonaro, na busca de que ele sempre parecesse agressor e o PT considerado
como injustiçado. A vitimização de Lula foi um bem a ser valorizado, incluindo
através de tiros dados por um radical apoiador de Bolsonaro no Sul do Brasil.
Porém, um acaso acabou quase prejudicando a tradicional estratégia petista:
a facada em Jair Bolsonaro.

Algo que nenhuma das partes previam é que, o comportamento


intolerante de Bolsonaro poderia ter um efeito colateral: ou seja, que tal
comportamento marcado pelo ódio e a intolerância poderia fazer com que
alguém realmente decidisse fazer algo contra o deputado. Foi com
perplexidade que Lula soube da facada em Jair Bolsonaro. Em primeiro
momento, o PT temia que ocorresse o que ocorreu em 2014 com a morte de
Eduardo Campos e a conseqüente substituição dele por Marina Silva. Naquela
ocasião, a comoção pela morte de Eduardo Campos quase levou Marina ao
segundo turno. O PT temina que, com a morte de Bolsonaro o sucessor dele,
provavelmente o General Mourão, não serviria aos interesses do PT e poderia
vir a tornar-se um problema real para o partido. O partido também avaliava
O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT

que, caso Bolsonaro sobrevivesse, a comoção tomaria conta do país e


Bolsonaro poderia vir a vencer mesmo sem desejar isso. O alívio veio com a
notícia de sobrevivência de Bolsonaro e também com a notícia de que, mesmo
com a facada, Bolsonaro não causou comoção nacional tanto temida, subindo
apenas 3% nas intenções de voto.

Internado, Bolsonaro parou de ter o comportamento que sempre teve


e, com a entrada de Haddad no lugar de Lula, isso era um problema para o
PT. As pesquisas começaram a mostrar um crescimento do PSDB e de Ciro
29
Gomes, então Lula começou a preocupar-se. Foi dada a ordem para que, tão
logo Bolsonaro conseguisse autorização para falar, que ele voltasse a atacar
o PT a fim de conseguir roubar o espaço que especialmente Ciro Gomes estava
começando a conquistar, em especial no nordeste. Temia-se que, fragilizado
e internado, os ataques de Bolsonaro ao PT não tivessem o mesmo efeito
que antes, e tais ataques não conseguiriam ajudar Haddad a conseguir os
votos que antes eram pertencentes a Lula. Também temia-se que Bolsonaro
decidisse não cumprir o acordo com o PT. Porém, para a sorte petista,
Bolsonaro, amedrontado, decidiu cumprir o acordo feito anteriormente e
assim que pode, voltou a reviver a polarização com o PT, enfraquecendo,
simultaneamente, Marina Silva, Geraldo Alckmin e Ciro Gomes.
O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT
30
Capítulo VIII
O Primeiro Turno

O primeiro turno já estava praticamente definido para ser disputado


por Bolsonaro e Fernando Haddad, o petista começou a conseguir trazer para
si os votos que eram de Lula. Bolsonaro, internado há semanas, não precisou
fazer nada para manter sua posição nas pequisas. Para fortalecer o PT,
Bolsonaro buscou associar o homem que lhe deu a facada à chapa petista,
porém, sem prejudicar o PT. Para isso, seus apoiadores passaram a usar a
vice Manuela Dávila, como bode espiatório. Com isso, conseguiram
novamente fortalecer o nome do PT sem trazer riscos para Haddad.

A estratégia deu certo. Com a ajuda de Bolsonaro, PT conseguiu


terminar o primeiro turno com quase 30% dos votos (AUTOR REVISAR AQUI)
enquanto Bolsonaro terminou com 26% (AUTOR REVISAR AQUI) isso sepultou,
de uma vez só, Ciro Gomes, Marina Silva e o PSDB, trazendo o PT de volta
para o segundo turno, onde venceu com facilidade Bolsonaro, conforme o
combinado. A partir do resultado da eleição, Bolsonaro acusou as urnas de
O acordo secreto entre Bolsonaro e o PT

fraude e prometeu candidatar-se novamente em 2022. Porém, é certo que o


PT tem planos para a volta de Lula em 2022, apesar da idade e Bolsonaro
deverá ser lançado como governador do Rio de Janeiro, com apoio do Governo
Federal do PT.
31

S-ar putea să vă placă și