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JUÍZO FEDERAL DA VARA ÚNICA DE CAMPO FORMOSO-BA

Ação Civil Pública nº 1057-80.2016.4.01.3302

IBANEIS ADVOCACIA E CONSULTORIA S/C, pessoa jurídica de


direito privado inscrita no CNPJ sob o n.º 05.613.437/0001-14, com
inscrição na OAB/Seção DF sob o nº 876/03-S/C, IBANEIS ROCHA
BARROS JUNIOR, advogado inscrito na OAB/Seção DF sob o n.º
11.555, MARLÚCIO LUSTOSA BONFIM, advogado inscrito na
OAB/Seção DF sob o n.º 16.619, RENATO BORGES BARROS,
advogado inscrito na OAB/Seção DF sob o n.º 19.275, e JOHANN
HOMONNAI JÚNIOR, advogado inscrito na OAB/Seção DF sob o nº
42.500, todos com endereço no SAF SUL, Quadra 02, Bloco D, Edifício
Via Esplanada, Sala 402, Brasília–DF, CEP 70.070-600, Telefones: (61)
3224-9562, 3225-9975, 3223-4066, CONTESTAM a ação civil pública
ajuizada pelo MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL (CPC, art. 335).

EXPOSIÇÃO DO FATO E DO DIREITO


A ação civil pública foi ajuizada “para declarar a nulidade do
pagamento de honorários advocatícios contratuais no valor de R$
3.316.244,85 (três milhões, trezentos e dezesseis mil, duzentos e
quarenta e quatro reais e oitenta e cinco centavos), realizado com
recursos oriundos do FUNDEF, bem como para condenar os réus, com
exceção do Município de Jacobina/BA, a ressarcirem ao erário municipal
a quantia mencionada, com os acréscimos legais” (fl. 16-v).

Como causa de pedir, o autor deduz:


a) a impossibilidade de se utilizar recursos oriundos do extinto
FUNDEF para pagamento de honorários advocatícios, ainda que esse
crédito decorra de condenação judicial, e

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b) a ilegalidade da contratação de advogado pelo Município por
meio de inexigibilidade de licitação.

Isso ficou muito bem resumido no relatório da decisão


antecipativa dos efeitos da tutela (fl. 24):
Destarte, defende: (a) a impossibilidade de fixação de honorários “ad
exitum” em contratos administrativos, (b) a ilegalidade da contratação
por inexigibilidade, (c) a irrazoabilidade no valor dos honorários
recebidos e a onerosidade excessiva do contrato; (d) a vinculação do
crédito público do Município de Jacobina/BA ao desenvolvimento da
educação; e (e) a vedação à utilização do crédito público no pagamento
de honorários advocatícios contratuais pelo Município de Jacobina/BA...

Por três razões, o autor impugna a validade da celebração de


contrato entre o Município e o escritório de advocacia. Mas, conforme
será detalhado no curso desta contestação, esses entes não estão
sujeitos à jurisdição do juiz federal (Constituição, art. 109, I1).

O outro fundamento da demanda diz respeito à alegada


impossibilidade de se utilizar recursos de complementação do extinto
FUNDEF (resultantes de condenação judicial e pagos por precatório)
para o pagamento de honorários advocatícios contratuais.

O Ministério Público Federal submeteu ao juízo federal duas


demandas: (a) uma para anular o contrato por violação à Lei
8.666/1993; (b) outra para, mantido o contrato, impedir a quitação do
preço com recursos provenientes do extinto FUNDEF, ainda que em
virtude de condenação judicial.

Essas duas demandas teriam resultados diversos mas


produziriam o mesmo efeito no mundo dos fatos.

1
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as
de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

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A anulação do contrato por ilegalidade do objeto resultaria na
restituição do dinheiro pago ao contratado, não obstante tenha ele
prestado o serviço. O vício do negócio jurídico decorreria da violação à
lei de licitações, à “irrazoabilidade” e à “onerosidade excessiva”.

A impossibilidade de utilização de recursos do extinto FUNDEF


para pagar o contrato de prestação de serviços advocatícios anularia a
quitação da dívida, determinando a restituição do valor recebido pelo
contratado.

O que difere uma situação de outra é que, na primeira, a anulação


atingiria todo o negócio jurídico (Código Civil, arts. 166, 169 e 1822).
Na segunda, o contrato fica mantido, anulada apenas a quitação do
preço, que poderia ser efetivada com outros recursos (Código Civil, art.
1843).

Cumula-se, portanto, na petição inicial, a demanda de anular um


contrato celebrado entre partes não sujeitas à jurisdição do juiz
federal com a de anular o pagamento feito em um negócio que o
próprio autor considera válido, desde que pago com outros recursos
que não os originários do extinto FUNDEF.

2
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
(...)
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
(...)
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo
decurso do tempo.
(...)
Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se
achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.
3
Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não
o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal
implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal.

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O processo deve ser extinto sem resolução do mérito por inépcia
da petição inicial decorrente da cumulação indevida de demandas
afetas a juízos de competências absolutas distintas4.

Ainda que reduzido o objeto da demanda para excluir a que não


pode ser processada perante o juiz federal, o caso seria de extinção do
processo sem resolução do mérito por ocorrência de litispendência
com a anterior Ação Civil Pública nº 1070-16.2016.4.01.3302, ajuizada
pelo Ministério Público contra o Município de Jacobina-BA, cuja
liminar foi suspensa no Agravo de Instrumento nº 0041474-
24.2016.4.01.0000, r. Desembargador Federal Novély Vilanova, 8ª
Turma do TRF/1ª Região5.

O processo também deve ser extinto sem resolução do mérito em


relação aos sócios do escritório contratado por ilegitimidade passiva6.
Isso será detalhado no momento oportuno no curso da contestação.

Caso ultrapassadas as preliminares processuais, o pedido deve


ser rejeitado7 porque a pretensão constante da petição inicial viola o

4
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
I - indeferir a petição inicial;
(...)
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e
regular do processo;
(...)
Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários
pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
(...)
II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
(...)
5
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:
VI - litispendência;
(...)
§ 3º Há litispendência quando se repete ação que está em curso.
6
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
(...)
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;

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art. 100, §§ 5º e 6º8, da Constituição, o art. 22, § 4º9, da Lei 8.906/1994,
além de estar em contraste com a jurisprudência do Tribunal
Regional Federal da 1ª Região e do Superior Tribunal de Justiça que
reconhece serem distintos os créditos originário e o pago por
precatório em virtude de condenação judicial. Nesse último caso, o
ingresso da receita ocorre como crédito ordinário, sujeito apenas às
vinculações constitucionais comuns.

Inépcia da petição inicial. Como dito anteriormente, são


inacumuláveis as demandas ajuizadas para anular o contrato
celebrado entre o Município de Jacobina-BA e o escritório de advocacia
por violação à Lei 8.666/1993 e a outra para, mantido o contrato,

7
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
8
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e
Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem
cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a
designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais
abertos para este fim.
(...)
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba
necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado,
constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento
até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente.
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao
Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda
determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente
para os casos de preterimento de seu direito de precedência ou de não alocação
orçamentária do valor necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da quantia
respectiva.
9
Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos
honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência.
(...)
§ 4º Se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de honorários antes de expedir-se o
mandado de levantamento ou precatório, o juiz deve determinar que lhe sejam pagos
diretamente, por dedução da quantia a ser recebida pelo constituinte, salvo se este provar
que já os pagou.

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impedir a quitação do preço com recursos provenientes do extinto
FUNDEF, ainda que em virtude de condenação judicial.

Isso porque o juiz federal não é competente para processar e


julgar a demanda em que se pretende anular contrato celebrado entre
um Município e uma pessoa jurídica de direito privado (Constituição,
art. 109, I).

A cumulação de demandas sujeitas a juízos com competências


absolutas diversas impõe o indeferimento da petição inicial, a
extinção do processo sem resolução do mérito ou a exclusão da
demanda não sujeita à jurisdição do juiz federal, reduzindo o objeto do
processo.

O processamento da petição inicial com os defeitos que ela


ostenta importa em violação chapada ao Código de Processo Civil:
Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo
réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
(...)
II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;

A outra face da incompetência do juiz federal é a ilegitimidade do


Ministério Público Federal para postular a anulação de contrato
celebrado entre um Município e um escritório particular de advocacia.
Legitimado para isso seria o Ministério Público do Estado da Bahia.

Em caso semelhante, o Superior Tribunal de Justiça reconheceu a


impossibilidade de cumular tais demandas distintas em um único
processo. Consta do voto condutor do acórdão o seguinte (REsp
1.120.169, r. Ministro Luis Felipe Salomão, 4ª Turma do STJ):
No caso em exame, a Defensoria ajuizou a ação coletiva em face
de 11 (onze) instituições financeiras, com vistas à recomposição de
créditos de poupadores, cujos depósitos bancários teriam sofrido
correção monetária por índice reconhecidamente deficitário.

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Vale dizer que os poupadores das diversas instituições financeiras -
e as próprias instituições financeiras entre si - não possuem nenhum
liame que os torne indissoluvelmente consorciados; não apresentam
aquela característica ventilada por Cândido Rangel Dinamarco para a
hipótese em que há uma ação única com diversos legitimados
(Litisconsórcio . 8 ed. São Paulo: Malheiros, 2009, passim).
Trata-se de uma pluralidade de ações ajuizadas contra uma
pluralidade de réus, apenas se valendo o autor de instrumento
formalmente único.
Vale dizer, é caso de litisconsórcio facultativo comum. O
litisconsórcio facultativo simples traduz-se em verdadeiro cúmulo de
demandas, que buscam, como sintetiza Dinamarco, vários provimentos
somados em uma sentença formalmente única:
É o caso de várias vítimas de um só acidente rodoviário postulando
condenação da mesma empresa ao ressarcimento; também o de uma
ação de cobrança movida ao mutuário e ao fiador; ou uma de
servidores à Fazenda Pública, visando a vantagem análogas.
Em casos assim (infra, nn. 133-139) o que se tem é uma pluralidade
jurídica de demandas, também unidas só formalmente; cada um dos
litisconsortes é parte legítima apenas com referência àquela porção do
objeto do processo que lhe diz respeito, e, consequentemente, entende-se
que seu petitum se reduz a essa parcela. Trata-se efetivamente de um
cúmulo de demandas , não só subjetivo mas também objetivo, na
medida em que à pluralidade de sujeitos corresponde uma soma de
pedidos, todos eles amalgamados no complexo objetivo que esse
processo tem (DINAMARCO, Cândido Rangel. Litisconsórcio. 8 ed. São
Paulo: Malheiros, 2009, p. 86).
Sendo assim - e levando-se em conta que “todo cúmulo subjetivo
tem por substrato um cúmulo objetivo” (Idem, ibidem ), com causas de
pedir e pedidos materialmente diversos (embora formalmente únicos) -,
para a formação de litisconsórcio facultativo comum há de ser observada
a limitação segundo a qual só é lícita a cumulação de pedidos se o juízo
for igualmente competente para conhecer de todos eles (art. 292, § 1º,
inciso II, do CPC).
Em suma, como no litisconsórcio facultativo comum o cúmulo
subjetivo ocasiona cumulação de pedidos, não sendo o juízo competente
para conhecer de todos eles, ao fim e ao cabo fica inviabilizado o próprio

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litisconsórcio, notadamente nos casos em que a competência se define
ratione personae, como é a jurisdição cível da Justiça Federal.
Tal conclusão se harmoniza, inclusive, com a regra segundo a qual
“os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte
adversa, como litigantes distintos” (art. 48 do CPC).

Tal qual no precedente, no caso dos autos há uma perfeita


distinção entre a demanda que pretende anular um negócio jurídico
celebrado entre partes não sujeitas à jurisdição da Justiça Federal e a
outra que pretende impedir o pagamento de determinada despesa
(honorários advocatícios) com recursos originários de um fundo
específico vinculado originariamente à União (sujeita à jurisdição da
Justiça Federal).

Ao Ministério Público Federal caberia o ajuizamento de ação


contra o Município, questionando apenas a utilização de recursos
provenientes do FUNDEF para pagamento de honorários advocatícios.

Mas isso foi feito com o ajuizamento da Ação Civil Pública nº


1070-16.2016.4.01.3302/Vara Única de Campo Formoso – MPF X
Município de Jacobina-BA.

A outra demanda somente poderia ser ajuizada pelo Ministério


Público Estadual para anular o contrato que resultou no pagamento
dos honorários, sob o fundamento (causa de pedir) de ilegalidade no
processo de contratação.

Mas, nesse caso, legitimado para o ajuizamento dessa demanda


seria o Ministério Público do Estado da Bahia.

E a verdade é que o só ajuizamento da ação civil pública pelo


Ministério Público Federal não é suficiente para fixar a competência
da Justiça Federal. Com apoio na jurisprudência, assim se manifesta o
insuspeito Hugo Nigro Mazzilli, In: A Defesa dos Interesses Difusos em
Juízo, 27 ed., Saraiva, São Paulo, 2014, pág. 325:
A intervenção do Ministério Público Federal em ação civil pública
ou coletiva em andamento na Justiça estadual não é o bastante, por si

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só, para deslocar a competência para a Justiça federal. Casos há em que
o Ministério Público federal pode litisconsorciar-se ao estadual, ou
interpor recursos diretamente na Justiça estadual, sem que, só por isso,
deva o processo ser remetido à Justiça Federal. A competência será da
Justiça federal se estiver presente uma das hipóteses constitucionais que
imponham o deslocamento, como, p. ex., se for objeto da lide o
patrimônio de ente federal, ou se estiver presente no feito interesse da
União, entidade autárquica federal ou fundação federal, que as coloque
como autoras, rés, assistentes ou opoentes, ou se o julgamento do
recurso couber a um tribunal federal.
(...)
O STJ já entendeu que, como para a formação de litisconsórcio
facultativo há de ser observada a limitação segundo a qual só é lícita a
cumulação de pedidos se o juízo foi igualmente competente para
conhecer de todos eles (CPC, art. 292, § 1º, II); se a Justiça federal não for
competente para conhecer de todos os pedidos, fica inviabilizado o
próprio litisconsórcio...

Legitimidade passiva. O negócio jurídico impugnado nesta ação


civil pública é um contrato celebrado entre o Município de Jacobina-BA
e a Ibaneis Advocacia e Consultoria S/C.

Partes no contrato são a pessoa jurídica de direito privado e uma


pessoa jurídica de direito público interno. Embora o Ministério Público
Federal não explique as razões pelas quais incluiu os sócios do
escritório como réus, caberia ao juiz indeferir a petição inicial em
relação a eles por ilegitimidade passiva.

Como bem esclarece Cândido Rangel Dinamarco (Instituições de


Direito Processual Civil, vol. II, 6. ed., págs. 315-316):
Uma sentença que anule o contrato só atinge diretamente as
esferas dos sujeitos vinculados a ele, ou seja, dos contratantes: ela não
traria qualquer proveito jurídico direto para o autor se ele próprio não
figurasse no contrato ou se o réu não figurasse. Uma sentença de
separação judicial só atinge a relação jurídica, ou status familiae, dos
cônjuges e de ninguém mais: se proposta por outra pessoa ou em face de
outra pessoa, nenhum proveito haveria para o autor. Uma sentença de
despejo proferida em processo onde figure como réu outra pessoa e não

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o inquilino é inteiramente inútil porque não pode ser executada contra o
verdadeiro inquilino, que não foi parte, sob pena de superlativa
transgressão às garantias constitucionais do contraditório e devido
processo legal: nem há como ser executada em face do réu, não-
inquilino, porque ele não detém a posse do imóvel. Inutilidade total em
todos esses casos.

O caso, portanto, é de extinção do processo sem resolução do


mérito em relação aos seguintes réus sócios do escritório contratado
pelo Município de Jacobina-BA: IBANEIS ROCHA BARROS JUNIOR,
MARLÚCIO LUSTOSA BONFIM, RENATO BORGES BARROS, ANDRÉ
CAVALCANTE BARROS e JOHANN HOMONNAI JÚNIOR (CPC, art. 485,
VI).

MÉRITO
Do contraste da decisão recorrida com a jurisprudência. A
pretensão deduzida na petição inicial é a de anular contrato celebrado
entre um escritório de advocacia e um Município porque o pacto
deveria ser obrigatoriamente precedido de processo licitatório. Ainda
que se considerasse válido o contrato, o pagamento do preço não
poderia ser feito com recursos do extinto FUNDEF porque eles
estariam vinculados a gastos exclusivos com a educação. Em ambos os
casos, postula o Ministério Público o ressarcimento integral do valor.

A pretensão deve ser rejeitada porque está em contraste com a


jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região e do
Superior Tribunal de Justiça que reconhece serem distintos os créditos
originário e o pago por precatório em virtude de condenação judicial.
Nesse último caso, o ingresso da receita ocorre como crédito ordinário,
sujeito apenas às vinculações constitucionais comuns.

Consta do voto proferido pelo Ministro Mauro Campbell no REsp


1.509.457/PE, r. Ministro Humberto Martins, 2ª Turma do STJ, que a
verba do FUNDEF, recebida pelo Município em virtude de condenação
judicial, não mantém a vinculação originária de gastos com a educação:
Como antes mencionado, a presente hipótese não abrange a
transferência voluntária de recursos. O Município de Saloá (ora

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recorrido) necessitou instaurar um processo judicial para obter, em face
da União, os recursos do FUNDEF/FUNDEB dos quais se entendia titular,
o que foi reconhecido judicialmente.
Desse modo, em razão dessa excepcional peculiaridade — transferência
dos valores do FUNDEF/FUNDEB por força de decisão judicial —,
entendo que o disposto no art. 23, I, da Lei 11.494/2007 não obsta a
aplicação da regra prevista no art. 22, § 4º, da Lei 8.906/94.
Destarte, alinho-me ao entendimento da Ministra Assusete Magalhães,
quando afirma que “excepciona-se a vinculação constitucional e legal,
quando as verbas do FUNDEF forem pagas mediante precatório – que,
como se sabe, tem rubrica própria, na lei orçamentária da União,
distinta daquela destinada à pasta da educação –, possibilitando-se o
pagamento dos honorários contratuais, aos advogados do Município,
mediante dedução do valor do precatório, como forma de cumprir a
disposição do art. 22, § 4º, da Lei 8.906/94 e de prestigiar o próprio
acesso à Justiça pelo ente público”.

A atual jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região


também admite tanto o destaque da verba honorária contratual dos
recursos do FUNDEF pagos em decorrência de condenação judicial
quanto a desvinculação dessa verba de gastos exclusivos com a
educação:
a) AI 2126-96.2016.4.01.0000/BA, r. Desembargador Federal
José Amilcar Machado, 7ª Turma do TRF/1ª Região; e
b) AgRg AI 23032-78.2014.4.01.0000/BA, r. Desembargadora
Federal Maria do Carmo Cardoso, 8ª Turma do TRF/1ª Região.

E o fundamento da demanda seria a impossibilidade de utilização


de recursos provenientes do FUNDEF (ainda que decorrentes de
condenação judicial) para o pagamento de honorários advocatícios.

Considerada lícita a utilização de tais recursos para pagar o


advogado, será inapelavelmente rejeitada a pretensão de se
desconstituir o negócio jurídico que resultou no pagamento da verba
honorária devida ao escritório de advocacia réu nesta demanda.

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Histórico dos casos judiciais de Jacobina-BA. Por que o
Município se socorreu de advogados? A jurisprudência do TRF/1ª
Região e do Superior Tribunal de Justiça não admitia nem o destaque
da verba honorária contratual dos valores pagos por precatório nem a
utilização da verba recebida pelo Município em outros fins que não os
gastos com a educação. E dentro dessa vinculação, 60% de todo o
crédito deveriam ser gastos com o pagamento de profissionais da
educação.

O resultado é que, em relação ao Município de Jacobina-BA, os


valores pagos em virtude da sua vitória na demanda judicial estavam
bloqueados desde maio/2013.

Não bastasse isso, o Ministério Público Federal ajuizou a Ação


Civil Pública nº 1070-16.2016.4.01.3302/Vara Única de Campo
Formoso-BA e obteve “medida de urgência, ordenando a
indisponibilidade dos valores atualmente depositados nas contas
judiciais nºs. 1300101232410 e 1300101232409, ambas da agência nº
0006 – do Banco do Brasil S/A, em Salvador, derivados do precatório
registrado sob o nº 57/2013, tal como requerido pelo MPF ao final do
capítulo “6” da promoção vestibular”.

O bloqueio, tal como efetivado, tornou totalmente indisponíveis


os recursos e, em um período de crescente escassez financeira,
permaneceria nessa condição durante o longo período de tramitação
da ação civil pública.

Enquanto se discutia indefinidamente o destino da verba


resultante da condenação judicial, obras da mais elevada importância
como açudes, cisternas, projetos de irrigação, estradas, postos de
saúde, projetos sociais de amparo aos necessitados foram postergados
com graves e irreversíveis danos aos agricultores que estão com os
seus paióis vazios, que não têm água para beber e muito menos para
saciar a sede dos seus animais; ao cidadão que morre porque tarda a
chegar ao hospital por falta de estradas; ao desvalido que se vê
privado do socorro salvador.

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É preciso deixar bem claro que todos os gastos públicos são
vinculados e submetidos a uma miríade de controle pelos órgãos de
fiscalização. O que sempre se pretendeu foi assegurar o normal
andamento das obras e serviços públicos e os investimentos previstos
no plano plurianual e na lei orçamentária anual, observando-se todas
as vinculações constitucionais a que estão sujeitos os recursos
públicos com despesas com a saúde, a educação, o saneamento etc.

O Município estava, portanto, com cerca de R$ 40 milhões


bloqueados há três anos, passando por extrema dificuldade financeira
motivada por medidas judiciais que anteviam na aplicação dos
recursos em áreas diversas da educação um absoluto desperdício de
dinheiro público.

É oportuno informar que, tal qual a educação, as demais


atividades a cargo do Município são de indiscutível alcance social e
humano. Não se pode considerar que somente a educação será capaz
de varrer todas as misérias que assolam o nosso país. Ela é
fundamental, não resta dúvida. Mas não trará os resultados esperados
se não for acompanhada de medidas que assegurem um mínimo de
existência digna aos cidadãos.

Além do mais, é conveniente esclarecer que os escopos


educacionais da época do FUNDEF foram atendidos com receitas
próprias do Município, que precisam ser recompostas (daí o caráter
indenizatório da condenação); e as novas e diversas finalidades do
FUNDEB já são atendidas por esse novo fundo, de sorte que vincular
valores a ele importaria em prejuízo ao Município que, ao final, seria
prejudicado pelo menos três vezes:
a) por não ter recebido, em época e modo próprios, segundo a
legislação de regência (a ora revogada Lei 9.424/96) os recursos
devidos pela União a título de FUNDEF, tendo que suportar sozinho,
naquele momento, a finalidade do programa (aprimoramento do
ensino fundamental);
b) por não receber a complementação devida pela União a título
de FUNDEB, porque o fundo se tornará autossuficiente se integrado
pelo crédito recebido por precatório; e

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c) por ser inserido num cenário de flagrante insegurança jurídica
quanto à forma de operacionalização das verbas e sua destinação,
porque não se pode repristinar a lei do FUNDEF, nem muito menos
aplicar retroativamente a lei do FUNDEB.

Afora isso, a regra financeira da vinculação pressupõe que os


valores tivessem sido passados ao FUNDEF em época e modo próprios,
segundo legislação de regência, por dotação legalmente prevista do
Ministério da Educação. Mas estamos falando aqui de uma condenação
da União, a título indenizatório, a ser paga mediante precatório, por
dotação própria para esse fim, que não pode ser vinculada a nenhum
órgão, fundo ou despesa. Aliás, sobre o tema, o STF, quando do
julgamento da ADI 345310, decidiu pela impossibilidade de a lei criar
embaraços ao levantamento do precatório, seja a que título for.

10
1. O art. 19 da Lei n. 11.033/04 impõe condições para o levantamento dos valores do
precatório devido pela Fazenda Pública.
2. A norma infraconstitucional estatuiu condição para a satisfação do direito do
jurisdicionado - constitucionalmente garantido - que não se contém na norma
fundamental da República.
3. A matéria relativa a precatórios não chama a atuação do legislador infraconstitucional,
menos ainda para impor restrições que não se coadunam com o direito à efetividade da
jurisdição e o respeito à coisa julgada.
4. O condicionamento do levantamento do que é devido por força de decisão judicial ou de
autorização para o depósito em conta bancária de valores decorrentes de precatório
judicial, estabelecido pela norma questionada, agrava o que vem estatuído como dever da
Fazenda Pública em face de obrigação que se tenha reconhecido judicialmente em razão e
nas condições estabelecidas pelo Poder Judiciário, não se mesclando, confundindo ou,
menos ainda, frustrando pela existência paralela de débitos de outra fonte e natureza que,
eventualmente, o jurisdicionado tenha com a Fazenda Pública.
5. Entendimento contrário avilta o princípio da separação de poderes e, a um só tempo,
restringe o vigor e a eficácia das decisões judiciais ou da satisfação a elas devida.
6. Os requisitos definidos para a satisfação dos precatórios somente podem ser fixados
pela Constituição, a saber: a requisição do pagamento pelo Presidente do Tribunal que
tenha proferido a decisão; a inclusão, no orçamento das entidades políticas, das verbas
necessárias ao pagamento de precatórios apresentados até 1º de julho de cada ano; o
pagamento atualizado até o final do exercício seguinte ao da apresentação dos
precatórios, observada a ordem cronológica de sua apresentação.
7. A determinação de condicionantes e requisitos para o levantamento ou a autorização
para depósito em conta bancária de valores decorrentes de precatórios judiciais, que não
aqueles constantes de norma constitucional, ofende os princípios da garantia da jurisdição

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Diante desse cenário, tanto o escritório do Dr. Paulo O’Dwyer
quanto o Município de Jacobina-BA contrataram o escritório Ibaneis
Advocacia e Consultoria para afastar os obstáculos judiciais ao
levantamento dos recursos e permitir a utilização deles como receita
ordinária, sem vinculação exclusiva a gastos com a educação.

Razões da contratação dos escritórios particulares. O serviço


prestado pelo escritório do Dr. Paulo O’Dweyr ostentava natureza que
o distinguia de ações rotineiras. É preciso esclarecer que, na época,
poucos profissionais sequer conheciam ou acreditavam na tese
defendida pelo contratado, que trabalhou em absoluta condição de
risco: o Município não despendeu um único centavo com a
contratação, pagando 13 anos de trabalho11 somente no êxito da
demanda.

Obviamente, a matéria se tornou comum depois que advogados


pioneiros como Dr. Paulo O’Dwyer desbravaram a jurisprudência,
fixando a tese vitoriosa em favor do Município.

Em relação ao escritório Ibaneis Advocacia, a contratação foi


motivada pelo fato de ele representar vários outros escritórios de
advocacia em recursos judiciais em tramitação no Tribunal Regional
Federal da 1ª Região e no Superior Tribunal de Justiça, tratando de
questões assemelhadas e, em alguns casos, idênticas.

A especial atuação da Ibaneis Advocacia contribuiu


decisivamente para a modificação da jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça e do Tribunal Regional Federal da 1ª Região,
permitindo o destaque da verba honorária contratual das condenações
efetiva (art. 5º, inc. XXXVI) e o art. 100 e seus incisos, não podendo ser tida como válida a
norma que, ao fixar novos requisitos, embaraça o levantamento dos precatórios.
8. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada procedente.
(ADI 3453, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 30/11/2006, DJ 16-
03-2007 PP-00020 EMENT VOL-02268-02 PP-00304 RTJ VOL-00200-01 PP-00070 RT v. 96, n.
861, 2007, p. 85-95 RDDT n. 140, 2007, p. 171-179 RDDP n. 50, 2007, p. 135-144)
11
O trabalho se iniciou com o ajuizamento da Ação Cautelar nº 0025948-
65.2003.4.01.3300 em outubro/2003.

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judiciais para a recomposição do FUNDEF e a desvinculação dessa
crédito dos gastos com a educação, de maneira a possibilitar a
aplicação dos recursos recebidos em todas as ações a cargo do
Município.

O Superior Tribunal de Justiça decidiu favoravelmente ao


destaque da verba honorária contratual do crédito resultante de
condenação judicial que reconhece aos Municípios diferenças de
complementação do extinto FUNDEF no REsp 1.509.457/PE (leading
case), 1ª Turma, em que atuou como advogado do Município recorrido
Ibaneis Advocacia e Consultoria.

Essa questão foi definitivamente pacificada naquela Corte


Superior de Justiça no julgamento do REsp 1516636/PE, r. Ministro
Napoleão Nunes Maia Filho, 1ª Turma:
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. ORÇAMENTÁRIO. DIREITO DO ADVOGADO A
HONORÁRIOS CONVENCIONAIS. ART. 22, § 4o. DO ESTATUTO DA OAB.
PRERROGATIVA ADVOCATÍCIA, QUALQUER QUE SEJA O OBJETO DA LIDE.
PRECEDENTE DA CORTE ESPECIAL: RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA 1.152.218/RS. RECURSO ESPECIAL DA UNIÃO PARCIALMENTE
CONHECIDO E NESTA EXTENSÃO DESPROVIDO.
1. Por desempenhar função essencial à justiça (art. 133 da Carta Magna),
o Advogado tem a prerrogativa de, apresentando ao Juízo o contrato
respectivo, reter da liberação do valor disponibilizado ao seu constituinte
a sua verba honorária convencional (art. 22, § 4º do Estatuto da OAB).
2. No caso, os honorários advocatícios contratuais devem ser deduzidos
do montante a ser recebido pelo credor, ou seja, deduzidos do valor
integral do precatório, não havendo qualquer justificativa para que,
como no caso dos autos, o Município proceda à negociação com a UNIÃO
a fim de quitar seus débitos tributários, para só então chegar à base de
cálculo da verba honorária.
3. O trabalho profissional do Advogado foi essencial para a provisão
orçamentária municipal; em casos assim, parece inquestionável que o
Advogado deva receber a sua justa remuneração calculada sobre o valor
global dos recursos do FUNDEF, cuja liberação foi por ele obtida na via
judicial, mediante o seu competente labor profissional.
4. Recurso Especial da UNIÃO parcialmente conhecido e nesta extensão
desprovido.

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(REsp 1516636/PE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 11/10/2016, DJe 13/02/2017)

Citam-se também, a título exemplificativo, dois outros


precedentes do Superior Tribunal de Justiça que bem representam o
entendimento consolidado daquele órgão julgador sobre a matéria
(AgInt no REsp 1581.774/PE, r. Ministro Herman Benjamin, e REsp
1.582.063/AL, r. Ministro Mauro Campbell Marques).

Foi também a partir de recurso interposto pela Ibaneis Advocacia


que o Tribunal Regional Federal da 1ª Região passou a admitir a
possibilidade de desvinculação de gastos exclusivos com a educação
dos recursos recebidos a título de diferenças do FUNDEF em
decorrência de condenação judicial (Agravo de Instrumento nº
0007029-77.2016.4.01.0000/BA, 8ª Turma do TRF/1ª Região).

Não custa repetir que a jurisprudência do Tribunal Regional


Federal da 1ª Região se modificou para tornar pacífica a possibilidade
de destaque da verba honorária contratual dos recursos do FUNDEF
pagos em decorrência de condenação judicial:
a) AI 2126-96.2016.4.01.0000/BA, r. Desembargador Federal
José Amilcar Machado, 7ª Turma do TRF/1ª Região; e
b) AgRg AI 23032-78.2014.4.01.0000/BA, r. Desembargadora
Federal Maria do Carmo Cardoso, 8ª Turma do TRF/1ª Região.

Diante do sucesso obtido em outras demandas do gênero, seria


mais do que recomendável a contratação de escritório especializado
na matéria, que não só ostentava o conhecimento específico e
aprofundado da questão mas que também tinha em seu portfólio casos
de sucesso em demandas assemelhadas às que o Município de
Jacobina-BA precisava para desbloquear recursos indisponíveis há
mais de três anos.

Serviços pactuados e prestados. Contratada a Ibaneis Advocacia


pelo Município de Jacobina-BA, foram adotadas as seguintes medidas

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judiciais por força do contrato impugnado pelo Ministério Público
Federal:

a) Interposição do Agravo de Instrumento nº 0041474-


24.2016.4.01.0000 para suspender e reformar a decisão concessiva de
liminar na Ação Civil Pública nº 1070-16.2016.4.013302/Vara Única
de Campo Formoso-BA . A decisão recorrida determinou o bloqueio
dos valores recebidos pelo Município de Jacobina-BA na Execução nº
5082-55.2011.4.01.3300/16ª Vara-BA. No referido agravo de
instrumento foi obtida decisão do Desembargador Federal relator para
suspender “a eficácia da decisão deferitória de indisponibilidade dos
valores atualmente depositados nas contas judiciais vinculadas à
Execução nº 0005082-55.2011.4.01.3300 em curso na 16ª Vara da
SJ/BA”.
Comunicados os Juízos Federais da 16ª Vara-BA e da Vara Única
de Campo Formoso-BA, foi deferido o levantamento dos valores em
favor do Município de Jacobina/BA, sem a restrição de uso exclusivo
dos recursos em gastos com a educação.

b) Formulação de pedido cautelar ao Desembargador Federal


Presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região no recurso
especial interposto no Agravo de Instrumento nº 0043968-
61.2013.4.01.3400, a fim de que fossem liberados os recursos
depositados em favor do Município contratante na Execução nº 5082-
55.2011.4.01.3300/16ª Vara-BA;

c) Interposição da Suspensão de Liminar nº 0035591-


96.2016.4.01.0000 perante o Desembargador Federal Presidente do
Tribunal Regional Federal da 1ª Região com a finalidade de suspender
a eficácia da decisão liminar, proferida na Ação Civil Pública nº 1070-
16.2016.4.013302/Vara Única de Campo Formoso-BA. A decisão
impugnada determinou o bloqueio dos valores recebidos pelo
Município de Jacobina-BA na Execução nº 5082-
55.2011.4.01.3300/16ª Vara-BA;

d) Suscitado o Conflito de Competência nº 0035595-


36.2016.4.01.0000 perante a 4ª Seção do Tribunal Regional Federal da

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1ª Região, com a finalidade de anular a decisão liminar, proferida na
Ação Civil Pública nº 1070-16.2016.4.013302/Vara Única de Campo
Formoso-BA. Essa decisão determinou o bloqueio dos valores
recebidos pelo Município de Jacobina-BA na Execução nº 5082-
55.2011.4.01.3300/16ª Vara-BA;

e) Interposição da Reclamação nº 0034846-19.2016.4.01.0000


perante a 8ª Turma do TRF/1ª Região para liberar os recursos
vinculados à Execução contra a Fazenda Pública nº 5082-
55.2011.4.01.3300/16ª Vara-BA, depositados à disposição do Juízo
Federal da 16ª Vara-BA nas Contas Correntes nº 1300101232410 e
1300101232409, Agência 4200 do Banco do Brasil (Precatório nº
176426-59.2014.4.01.9198), em favor do Município de Jacobina-BA
(contratante).

f) Apresentação de contestação na Ação Civil Pública nº 1070-


16.2016.4.013302/Vara Única de Campo Formoso-BA em nome do
Município contratante, deduzindo preliminares processuais e
contestando o mérito da demanda;

Além da produção das peças técnicas, foram feitas diligências,


apresentação de memoriais, despachos com magistrados, assessores e
auxiliares, a fim de que o objeto contratado fosse cumprido a contento.

O sucesso obtido com as medidas judiciais postuladas pelo


escritório contratado permitiu o ingresso, como ordinárias, das
receitas decorrentes das diferenças devidas pela União ao Município
na recomposição do extinto FUNDEF (pagos por força de condenação
judicial).

Antecipada a tutela recursal no agravo de instrumento interposto


pela Ibaneis Advocacia em favor do Município de Jacobina-BA, algumas
dessas medidas judiciais perderam a utilidade mas muitas outras
prosseguirão, sobretudo a defesa na Ação Civil Pública nº 1070-
16.2016.4.01.3302/Vara Única de Campo Formoso-BA e todos os
incidentes a ela relacionados, além, é claro, da defesa do Município nos

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recursos que serão interpostos contra as medidas vitoriosas obtidas
pelo Município sob o patrocínio da Ibaneis Advocacia.

RECONSIDERAÇÃO DA TUTELA DE URGÊNCIA


Contraditório e o perigo de dano. Com o respeito devido, a
decisão que determinou o bloqueio de dinheiro nas contas dos réus
não demonstrou que a medida liminar seria ineficaz se fosse concedida
depois da oitiva deles. O perigo de demora foi descrito como
decorrente “da fungibilidade dos valores e do iminente risco de
dilapidação do montante recebido a título de honorários contratuais”
(fl. 28).

Como ficou demonstrado pelo bloqueio das contas dos réus, o


escritório de advocacia e os seus sócios são solventes, estabelecidos
comercialmente com negócio próspero e, portanto, capazes de quitar
débito decorrente de futura condenação judicial.

O fato de o dinheiro (cuja repetição se pretende assegurar) estar


à disposição de quem o recebeu em virtude de negócio jurídico a ser
anulado em demanda judicial, não justifica a sua antecipada
apreensão.

Ao contrário disso, prevê o art. 301 do CPC outras medidas, em


numerus apertus, capazes de assegurar o resultado útil do processo
sem antecipar medidas expropriatórias.
Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada
mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto
contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para
asseguração do direito.

A decisão recorrida jamais poderia determinar o bloqueio de


ativos pertencentes aos réus sem que o autor tivesse demonstrado
sinais evidentes de fraude contra credores.

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O autor alega que a indisponibilidade se justifica pelo valor da
quantia paga e pela possibilidade de o dinheiro ser gasto. Nada foi
demonstrado sobre eventual insolvência dos réus.

Se o dinheiro é fungível, não precisa ser rastreado para ser


“constrito” e posteriormente restituído. Outros recursos poderão ser
entregues em cumprimento de eventual sentença condenatória.

De resto, o argumento prova demais. Se o valor do dinheiro


cobrado determinasse a indisponibilidade liminar do patrimônio dos
réus, teríamos o caso de medida obrigatória de antecipação da
execução, com base no valor da alçada, a ser concedida antes mesmo
da citação, como no caso dos autos. E a tanto não permite a garantia do
contraditório.

Ponderam os réus que, uma vez demonstrada a inexistência de


requisitos para a concessão da tutela de urgência, seja ela revogada.

PEDIDO
Os réus pedem, sucessivamente:
a) a revogação da tutela de urgência, nos termos do art. 29612 do
CPC;
b) a extinção do processo sem resolução do mérito por ausência
de pressuposto para a sua constituição válida, traduzida na
impossibilidade de cumulação de demandas afetas a juízos de
jurisdições absolutas distintas (CPC, art. 485, I e IV);
c) a extinção do processo sem resolução do mérito por
ilegitimidade passiva em relação aos seguintes réus sócios do
escritório contratado pelo Município de Jacobina-BA: IBANEIS ROCHA
BARROS JUNIOR, MARLÚCIO LUSTOSA BONFIM, RENATO BORGES
BARROS, ANDRÉ CAVALCANTE BARROS e JOHANN HOMONNAI
JÚNIOR, condenando a União ao pagamento de verba honorária,

12
Art. 296. A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a
qualquer tempo, ser revogada ou modificada.

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desbloqueando os valores depositados em suas contas bancárias (CPC,
art. 485, VI);
d) a rejeição do pedido com a condenação da União ao
pagamento de honorários advocatícios.

Ponderam os réus que o caso é de julgamento antecipado do


mérito, considerando que não há controvérsia quanto aos fatos postos
na petição inicial. A divergência está nos efeitos jurídicos a eles
atribuídos pelas partes (CPC, art. 355, I13).

Esclarecem que a procuração juntada aos autos é reprodução


digitalizada de documento particular, nos termos do art. 425, VI14, do
CPC (fls. 35-6).

Requerem os réus que todas as intimações sejam feitas em nome


do advogado IBANEIS ROCHA BARROS JUNIOR, OAB/DF 11.555 (CPC,
art. 272, § 5º).
Brasília - DF, 24 de maio de 2017

IBANEIS ROCHA BARROS JUNIOR GEORGINA DA SILVA FREITAS


OAB-DF 11.555 OAB-BA 30.671

MARLÚCIO LUSTOSA BONFIM JOHANN HOMONNAI JÚNIOR


OAB-DF 16.619 OAB-DF 42.500

13
Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de
mérito, quando:
I - não houver necessidade de produção de outras provas;
14
Art. 425. Fazem a mesma prova que os originais:
(...)
VI - as reproduções digitalizadas de qualquer documento público ou particular, quando
juntadas aos autos pelos órgãos da justiça e seus auxiliares, pelo Ministério Público e seus
auxiliares, pela Defensoria Pública e seus auxiliares, pelas procuradorias, pelas repartições
públicas em geral e por advogados, ressalvada a alegação motivada e fundamentada de
adulteração.

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