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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A DOUTRINA DA TRINDADE

Fábio de Sousa Neto1

Antes de abordar uma das mais importantes doutrinas cristãs, gostaríamos de


pontuar nossa simpatia com o pensamento de Alister MacGrath (2015) no que se refere
a relação da doutrina com à narrativa das Escrituras. Segundo o professor de Oxford, “a
doutrina fornece a estrutura conceitual por meio da qual a narrativa escriturística é
interpretada” (MACGRATH, 2015, p. 77), essa afirmação vem com ressalvas, primeiro,
sobre o primado das Escrituras, são elas que sugerem as interpretações. Essas
inferências brotam dos “indícios marcadores presentes na própria narrativa. Por fim, a
interpretação de modo nenhum se apresenta de forma arbitrária. Nessa relação, ao
abordar a importância da doutrina da Trindade, MacGrath afirma que;

[...] a doutrina da Trindade pode ser considerada uma interpretação da


narrativa cristã. “Pai”, “filho” e “Espírito Santo” é uma descrição que
identifica Deus tal como Ele é percebido no Novo Testamento. “Pai”,
“Filho” e “Espírito Santo” são identificados como papéis relacionados
na narrativa do Novo Testamento. A doutrina da Trindade proporciona
uma chave hermenêutica para a interpretação correta das narrativas do
Antigo e do Novo Testamento, que do contrário, poderiam dar a
entender que se referissem a três deuses distintos. O discurso
trinitariano é uma tentativa de identificar o Deus que está no centro da
narrativa escriturística (MACGRATH, 2015, p. 78).

Essa relação afirma logicamente a anterioridade das Escrituras como fonte


primária da interpretação – a doutrina propriamente dita – logo, à guisa de MacGrath, a
forma apropriada de interpretação da narrativa escriturística seria a inferência, “pois, a
forma literária básica com que deparamos nas Escrituras, é a narrativa e não as
formulações proposicionais, indicando que o tipo adequado de análise é a inferência, e
não a dedução” (MacGrath, 2015, p. 80).

1 Graduado em história pela PUC-Goiás. Pós-graduando em Teologia Sistemática pela FASSEB. Este
ensaio foi produzido durante o módulo, A doutrina de Deus e os mandatos divinos, ministrado pelo
professor Dr. Eurípedes Brito.
2
Lawrence Olson (1996) na apresentação da síntese de teologia sistemática de
Myer Pearlman – da qual fora o tradutor – registrou que “o método teológico, que ao
mesmo tempo honra as Escrituras e satisfaz a alma do homem é o método indutivo,”
(PEARLMAN, 1996, p. 7). Notamos que, os termos indução e inferência são similares,
pois, logicamente são gregários da narrativa, no caso das Escrituras, dependentes dos
sinalizadores e marcadores nela encontrados.

Mas qual o significado desses parágrafos iniciais em relação à doutrina da


Trindade? Em primeiro lugar, notamos que essa doutrina enquanto interpretação da
narrativa, se desenvolveu historicamente, isso não quererá dizer que a interpretação
continua em aberto, já que no final do século IV e início do V da era cristã o consenso
interpretativo se firmou sob uma “proposição mais completa [..] na obra de Agostinho,
De Trinitate (BERKHOF, 2017, p.79). Por outro lado, já que a interpretação é dirigida
pela narrativa das Escrituras, por seus marcadores ou sinalizadores, a doutrina da
Trindade encontra-se nos insights do Antigo e do Novo Testamento. Em segundo lugar,
o consenso não garante algumas interpretações equivocadas sobre o Ser de Deus, o
próprio MacGrath pontuou que a doutrina da Trindade se desenvolveu com a
cristologia, e essa, fora afirmada numa relação conflituosa com as heresias dos
primeiros séculos da era cristã, pois,

Tornou-se cada vez mais evidente a existência de um consenso, no


sentido que Jesus era “da mesma substância” (homoousios) que Deus,
e não simplesmente de uma substancia similar (homoiousios) [...]
Historicamente, é possível argumentar que a doutrina da Trindade
encontra-se intimamente associada ao desenvolvimento da doutrina da
divindade de Cristo (MACGRATH, 2016, p. 376).

Se a doutrina ganha corpo no concílio de Nicéia (325 d.C.) e se cristaliza na


Patrística, os créditos individuais “pela formulação de uma doutrina correta da
Trindade” (GRUDEM, 2015, p. 180), se deve a Atanásio. Contudo, as apropriações
equivocadas sobre o Ser de Deus parecem não se restringir aos primeiros séculos, entre
muitos exemplos possíveis, citaremos aqui um problema surgido em pleno século XX
no seio das Assembléias de Deus no Brasil. O jornalista Silas Daniel (2004) na obra
2 Olson foi um pastor norte-americano filiado as Assembleias de Deus no Brasil. Além de pastorear,
também foi um grande incentivador do ensino teológico formal, da criação da CPAD e pioneiro do rádio
com seu programa A voz das Assembléias de Deus. Tudo indica que o mesmo participou da Congresso de
Lausanne em 1974.
comemorativa em razão do jubileu de ouro da CGADB, História da Convenção Geral
das Assembléias de Deus no Brasil (2004), registra um fato apresentado à Convenção
Geral em 1968 envolvendo especificamente a doutrina da Trindade. As preocupações
surgidas ali revelaram a fragilidade doutrinária do período, reverberando posteriormente
no reconhecimento dos Institutos Teológicos.

Ora, algo interessante, fora que desde o último quartel da década de 1950 os
Institutos pleiteavam sua legitimidade, algo amplamente debatido durante as décadas
seguintes, contudo, parece que, tais demandas só foram levadas a sério a partir de uma
ameaça real e interna à ortodoxia, pois, havia quem questionasse a doutrina da Trindade
mesmo entre os funcionários da CPAD. Daniel merece aqui os créditos por sua
imparcialidade no registro, não fazendo questão de atenuar o problema. Os
desdobramentos dos debates dão conta que devido a problemática posta, a opinião dos
convencionais começou a mudar em relação ao reconhecimento dos Institutos
Teológicos. Era preciso salvaguardar a ortodoxia e o caminho era o ensino regular e
sistemático das doutrinas cristãs fundamentais. Mesmo assim, o ensino ainda estaria
vinculado às escolas bíblicas voltadas para o âmbito das comunidades. Parece que a
urgência do ensino possuía então uma finalidade prática, como se verifica no excerto da
ata convencional de 1968 reproduzida por Daniel;

Nós abaixo assinados, pedimos a esta magna Convenção dar uma


definição sobre a doutrina da Trindade Divina, visto que nos Estado de
São Paulo há muitos crentes combatendo esta doutrina, inclusive um
funcionário da agência da Casa Publicadora. Obs.: Alguns obreiros de
algumas Assembléias de Deus são contra a doutrina da Trindade. [...]
Vários convencionais falaram defendendo os princípios que nos fazem
crer na doutrina da Trindade e propuseram a criação e conservação de
escolas bíblicas para discorrer sobre o assunto, pois em nosso próprio
meio Deus tem levantado homens capazes para ensinar qualquer
contradizente. Terminaram todos com a decisão unânime: ‘Devemos
permanecer na doutrina’ (DANIEL, 2004, p. 391-392).

Entretanto, o processo de reconhecimento dos Institutos Teológicos fora lento,


alguns fatores se somam, como, a revolução cultural da década de 1960 e a presença
cada vez maior no cenário nacional de novos pentecostais. A legitimação se deu
somente a partir de 1973 como resultado do relatório apresentado à Assembleia Geral
Ordinária pela Comissão de Educação Religiosa da CGADB, antes, porém, a “Comissão
havia se reunido oito vezes no interregno de 1971-1973, até sair a definição do
reconhecimento” (DANIEL, 2004, p. 428). Notamos aqui uma dupla resposta aos
desafios doutrinários no período. Uma que atendesse uma demanda imediata e urgente
no seio das comunidades, e outra que lentamente se formava no afã de preparar as
lideranças para o ensino teológico regular.

Dessas duas agencias acima citadas, a escola bíblica se insinua como o principal
veículo de formação teológica comunitária – ou voltadas às lideranças locais – mas,
escola bíblica aqui, não parece ser a conhecida Escola Bíblica Dominical – EBD, senão,
um recurso extraordinário para atender aquelas demandas em caráter de urgência.
Contudo, conforme Alencar (2010) é preciso pontuar a importância da EBD para a
construção e manutenção da ortodoxia e homogeneidade doutrinária das Assembléias de
Deus no Brasil, pois;

Já nas primeiras décadas o pentecostalismo assembleiano começou a


se diversificar na própria liderança, mas permaneceu doutrinariamente
homogêneo. Por quê?
É algo no mínimo, intrigante que uma instituição nascente, sem uma
estrutura formal como já fora falado, tenha conseguido essa
uniformidade doutrinária num país continental como o Brasil. A
própria “natureza” do Brasil contribuiu com isto: um só idioma em
toda a sua extensão facilitou, por exemplo, que um jornal feito em
Belém do Pará pudesse ser lido e entendido em todo o território
nacional! Mas o que realmente contribuiu para a unidade doutrinária
da AD foi a EBD – Escola Bíblica Dominical (ALENCAR, 2010,
p.145).

Devido ao pouco espaço na produção dessas reflexões, preferimos essa síntese,


uma vez que percebemos a relação de dependência da doutrina para com as Escrituras,
além disso, reconhecemos a importância da formação de uma cultura bíblica e teológica
voltada para o âmbito das comunidades, articulada à instrução teológica formal,
acadêmica e comprometida com os pontos fundamentais da fé cristã. Nosso objetivo
aqui, não fora apresentar exaustivamente a doutrina da Trindade, muito embora, esteja
presente nas citações. Mas, iniciar algumas reflexões sobre a importância vital da
doutrina para a igreja de Cristo através do tempo. Além disso, julgamos necessário, uma
compreensão adequada do Ser de Deus como nos apresentado na revelação especial,
portanto, sob o crivo das Escrituras. Assim, nos juntamos à oração de Agostinho (2004,
p. 312) “para que os arcanos das vossas palavras se abram, quando o meu espírito lhes
bater à porta”.

BIBLIOGRAFIA

AGOSTINHO, Santo. Confissões. Tradução de J. de Oliveira Santos e Ambrósio de


Pina. São Paulo: Editora Nova Cultural, 2004.
ALENCAR, Gedeon. Assembléias de Deus – Origem, implantação e militância
(1911-1946). São Paulo: Arte Editorial, 2010.
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Tradução de Odayr Olivetti. São Paulo:
Editora Cultura Cristã, 2017.
DANIEL, Silas (Org.). História da Convenção Geral das Assembleias de Deus no
Brasil. Os principais líderes, debates e resoluções do órgão que moldou a face do
Movimento Pentecostal no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2015.
MACGRATH, Alister. A gênese da doutrina: fundamentos da crítica doutrinária.
(Trad.) tradução de A. G. Mendes. São Paulo: Vida Nova, 2015.
__________________. Teologia sistemática, histórica e filosófica: uma introdução à
teologia cristã. Tradução de Marisa K. A. de Siqueira Lopes. São Paulo: Shedd
Publicações, 2016.
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Tradução de Lawrence
Olson. São Paulo: Editora Vida, 1996.

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