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1- Considerações Gerais
2- Competência
3- Rescisória x Anulatória
4- Hipóteses de Cabimento
5- Legitimidade
6- Atuação do Ministério Público
7- Cumulação de Pedidos
8- Depósito rescisório
9- Incompetência e emenda da Inicial
10- Tutela provisória
11- Prazo
12- Procedimento
É possível ação rescisória contra provimento que não examinou mérito ou provimento judicial
de cognição sumária? SIM
Então, é necessário dizer qual provimento judicial é cabível para a ação rescisória.
Pelo Código de 73, era somente com a sentença de mérito, pelo que estava escrito. Mas
entendeu-se que não poderia ser somente esta hipótese. Portanto, houve o entendimento de
que, qualquer provimento judicial que gerasse aptidão à coisa julgada, seria cabível à ação
rescisória.
Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
§ 2o Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será rescindível a decisão
transitada em julgado que, embora não seja de mérito, impeça:
Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a
que a parte proponha de novo a ação.
Então vejam. Extinto o processo, sem exame do mérito, pode-se renovar a ação.
Desde que se corrija o vício. Se a parte entende que efetivamente existe vicio aqui, ela
corrige e vai renovar a ação. Mas se ela entende que não, ela fica travada, e fica
impossibilitado o exercício da ação
EX: Paula entra com uma ação contra Georgia. Foi extinta por entender por
ilegitimidade passiva. Portanto, ação rescisória para este caso.
É rescindível:
2- Provimento judicial que não examinou o mérito, mas é obstativo para renovação
da ação
Também é rescindível, o provimento judicial que não é de mérito, mas leva a formação de
coisa julgada, mas não ao provimento de mérito.
Mas também o provimento judicial que não é de mérito. Leia o do parág 2º do 966
II - admissibilidade do recurso correspondente.
Existe uma hipótese de ação rescisória contra provimento judicial dado em cognição
sumária, que é próprio da ação monitória, que é assunto de processo 4. Mas farei uma menção
rápida à ela.
A ação monitória, ela funciona mais ou menos assim. Há uma petição inicial, e o juiz vai
despachar a petição inicial, analisando a prova documental. E se essa prova documental for
entendida por ele for idônea a viabilizar o processamento da ação enquanto monitória, ele vai
expedir uma ordem de pagamento contra o réu. O réu vai ser citado para que em 15 dias,
pagar ou oferecer embargos. Se o réu embargar, o procedimento se converte em comum.
Agora, se o réu não pagar nem embargar, automaticamente ,essa decisão se transforma em
título executivo. Independentemente da análise de qualquer evento, passa para a fase da
execução. É um caso de cognição sumária. O simples transcurso do prazo para pagamento ou
embargo, leva sem formação de qualquer ato, a transformação de título executivo.
Essa decisão ai, da ação monitória, se ela converter em título executivo, sem a reação do
réu, é cabível a ação rescisória. Dúvidas até ai?
Não se exige, para ação rescisória, o esgotamentos do recursos. Súmula 514 do STF.
Alguém pode ler?
Súmula 514
Admite-se ação rescisória contra sentença transitada em julgado, ainda que
contra ela não se tenha esgotado todos os recursos.
Então vejam, essa hipótese. A parte não usou o recurso. A parte nem apelou. Ela pode
entrar com a rescisória contra essa sentença? Sim. Perceberam o raciocínio.
Ela cabe contra qualquer provimento judicial.
Terceiro: Não cabe provimento de ação rescisória contra os provimentos dos Juizados
Especiais (Art 59 da lei dos Juizados) Está é uma conveniência legislativa. Motivo: No juizado, a
celeridade é o vetor para a ação rescisória.
Percebam que é preciso indicar com clareza, qual o provimento judicial rescidendo, para
indicar a competência.
Exemplos que ele falou do TJ, e STJ, sobre a rescisão das decisões (25:40 na gravação)
Bom. Esta é a regra geral. Mas tem outros pontos à analisar. Pode ser que a coisa julgada
seja formada em capítulos, e ai difere, a quem para fazer a rescisória. Eu vou poder uma ação
rescisória para propor a ação rescisória, para cada provimento.
Na vigência do CPC 73, instaurou-se uma discussão sobre a possibilidade ou não, da ação
rescisória contra provimento judicial homologatório, homologatório de autocomposição,
homologação de transação , reconhecimento de precedência de pedido. etc. Nesses casos, o
juiz homologa por sentença, e opera-se coisa julgada material e título executivo.
No código atual, o legislador resolveu ser claro, em sentido de que, esse provimento
judiciário mesmo transitado em julgado materialmente, que homologa a autocomposíção, eles
são anuláveis, não rescindíveis. Veja abaixo o parág 4º do 966
Bom, vamos as hipóteses da ação rescisória. Quem quer adentrar com uma ação
rescisória, deve estar em algumas da hipóteses do 966. Caso contrário, não será
possível, entrar com a ação rescisória.
I – Prevaricação, concussão ou corrupção do juiz.
São tipos penais, como se pode perceber. O CPC de 39, fazia a nomenclatura de “Juiz
Peitado”.
Há necessidade de todos os elementos do tipo? Segundo Fredie, sim, mas segundo Sodré,
não é preciso levar a ferro e fogo. É preciso que haja o preenchimento de todos os elementos
do tipo legal, ou a comprovação de uma situação que em sua essência, corresponde ao próprio
crime. No campo cível não teria tanto rigor.
É preciso a prévia condenação criminal? Segundo Sodré ,não. É possível comprovar o próprio
acontecimento, na ação rescisória.
Ex: Juiz em delação premiada. A ação rescisória pode ser proposta neste caso
É gravíssima a imputação de crime. Deve ter muita cautela. Pode até mesmo ocorrer uma
responsabilidade criminal.
Você pode entrar com a ação rescisória, mesmo que o inquérito não tenha sido aberto.
OBS: ADV deve, na procuração de ter poderes específicos na procuração, para que não
responda por denunciação caluniosa!
A regra é que na rescisória, tenha o iudicium rescidens e o iudicium rescisorius. Se for provido
o iudicium rescidens, deve ser refeita toda a prova. Afinal, está corrompido não só o
julgamento, mas também a produção de provas, etc. Está é uma situação de primeira
instância.
Outra hipótese é a de órgão colegiado. Não há dúvidas que pode ser rescisório . Cabe ação
rescisória, mesmo que tenha sido 11 a 0, o voto influencia, para que outros acompanhem o
julgamento. Mesmo que o voto matematicamente dele não tenha sido relevante, e
E mais: mesmo, que ele tenha vencido, e na instância subsequente, há a reforma, alinhando-
se ao voto vencido dele, cabe rescisória. Por que? Porque o voto vencido possa ter
influenciado no julgamento do órgão superior!
O que se refere a prova, ela não vai ser utilizada. O voto dele no julgamento, enfim. Tudo que
for vinculado à ele, é contaminado.
Ex: Ajuiza-se uma ação rescisória de uma sentença de um juiz da 5ª cível de Salvador, ao
argumento de incompetência absoluta, pois é ação trabalhista. Qual é o juízo competente,
para ação rescisória? O TJ. Entendendo que é de competência trabalhista, o juiz vai extinguir.
Mas vai poder julgar?
Mas vamos à outro caso: Ajuiza-se uma ação rescisória de uma sentença de um juiz da 5ª
cível de Salvador, ao argumento de incompetência absoluta, pois é de vara de família. O juízo
competente é o TJ. E o TJ poderá julgar no caso? Vai poder, pois é competente.
Ai nós temos 4 situações distintas, que permitem a ação rescisória. Sendo que elas podem ser
analisada aos pares.
Se a parte, por qualquer meio, comprove que praticou um ato processual, que não teria
praticado e o fez, em razão de comportamento doloso ou de coação de outra parte, e se esse
ato processual foi determinado para o julgamento da demanda em seu desfavor, ela tem ação
rescisória
Não são hipóteses muito frequentes, mas também não são hipóteses muito raríssimas.
O sujeito atuou maliciosamente. Ele alegou um fato que não era verdadeiro, o sujeito atuou de
má-fé
porque alterou a verdade dos fatos numa petição, o sujeito atuou de maneira desleal porque
ele tinha documentos e não juntou todos que tinha, juntou apenas os que lhe eram favoráveis.
Em que pese isso possa gerar uma litigância de má-fé, isso não é dolo apto para gerar ação
rescisória.
O dolo não é o comportamento puro e simples malicioso. É o comportamento malicioso
adotado por uma parte no sentido de alterar a compreensão da outra parte, fazendo com que
a outra parte pratique um ato de que não praticaria. Perceberam o raciocínio?
1- O dolo ou a coação
2- Que destes, resultou a prática de um ato que a parte não praticaria (Comissivo ou
omissivo)
3- Este ato foi determinante para a decisão judicial
O código de 73 falava somente de colusão entre as partes. Isto começou a gerar uma série de
discussões. Pois alguns doutrinadores trouxeram diferenças entre colusão e simulação. E a
partir dessa diferenciação, a sustentar que somente caberia no caso de colusão e não de
simulação. Outra corrente entenderia o oposto, pois é uma situação análoga. Mas no código
atual, as duas estão taxadas: Simulação e Colusão. E agora, não faz sentido diferenciar, pois
ambas estão previstas.
Colusão: Processo é utilizado para alcançar uma atividade ilícita. O meio é ilegal. As partes
utilizam para chegar um fim, que não seria alcançado legalmente.
EX: Doação à concubina. Combina o cidadão com a concumbina para adentrar uma ação de
cobrança. Ele fica na revelia, ele não recorre. Etc. Forma-se coisa julgada. Então a concumbina
executa, para que a casa vá para ela. ----- Isso é Colusão
Simulação: O fim utilizado é lícito. Mas você usa o processo, para chegar à outro caminho. Com
isso, gera prejuízo à terceiro. Ai é hipótese de simulação
Ex: Fulano tem dívidas, e resolve doar bem a outrem. Fazendo a doação, entende-se que é
fraude contra credores. Então esse sujeito, em vez da doação, ele combina que o donatário
entre com uma ação de cobrança.
No caso, a transferência do bem não é ilícita. Mas a forma da transferência gera prejuízo para
terceiros.
“ Ninguém pode aproveitar-se da própria torpeza” Aqui,isso não se aplica. As partes podem
propor ação rescisória. E o MP também pode propor ação rescisória.
A ofensa pode se dar tanto aos efeitos negativos, quanto positivo. (veja melhor no livro de
Fredie...)
2 Coisas julgadas: Qual prevalece? A última julgada. Motivo: Segurança Jurídica. Mas ela pode
ser rescindível por ação rescisória.
Inclusive, falando em norma, fala-se em direito não positivado. Mesmo que não tenha
um dispositivo específico falando dela, por exemplo.
Daí se ter editado uma sumula 343 do STF, que procura demonstrar o que é esta
violação manifesta
Súmula 343
Não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei, quando a decisão
rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos
tribunais.
Importante ainda, o registro, de que esta idéia, de que a violação tem que ser
manifesta nesses termos, aplica-se a todo preceito normativo, menos de órgão
constitucional. Já na vigência do CPC 73, se consolidou a linha de pensamento, de
que se a matéria fosse constitucional, o tratamento seria outro. Mesmo que houvesse
discussão na época, uma vez consolidado o entendimento, mesmo após a coisa
julgada, a rescisória seria possível. Então, se sustentava a inaplicabilidade da súmula
343, quando a norma fosse constitucional
As matérias que podem ser alegadas em execução de título judicial, são as matérias
de impugnação que estão no Art 525 em seu parag primeiro. O legislador listou
somente matérias cuja discussão não tenha aptidão para violar a coisa julgada
§ 1o Na impugnação, o executado poderá alegar:
II - ilegitimidade de parte;
Por que ele pode alegar isto? Se não houve citação e ele não compareceu em juízo, faltou um
pressuposto processual de existência. Então, este processo não produz efeito jurídico.
Portanto, ele pode alegar pelo simples fato que não houve coisa julgada
II - ilegitimidade de parte;
Não é a legitimidade de parte da ação de conhecimento. Ele pode alegar que não é o credor ou
o devedor, para a fase de execução. Esta legitimidade é comparar o título, e ver quem tem
legitimidade para executar
Eu tô discutindo que foi penhorado ou avaliação do que não foi penhorado, não
há nenhuma relação com a coisa julgada do processo de conhecimento
Entenda-se, desde que superveniente a coisa julgada, esta interpretação não é literal. Se
estou falando de algo modificativo, impeditiva ou superveniente a coisa julgada, eu não corro
risco de violar a coisa julgada
Agora, no inciso terceiro, ele diz que também é possível, que se sustente, a defesa do
executado na alegação de inexecutibilidade do titulo ou na inexegibilidade da obrigação. A
inexecutibilidade ou inexegibilidade da obrigação, também não tem aptidão para modificar a
coisa julgada.
O título é inexigível, pois depende de um termo, e o termo não ocorreu, por exemplo.
Vejam, isso ai implica na relativização da coisa julgada. Tá dizendo isso ai, havia uma
decisão do Supremo, tomada em uma desses casos do parágrafo 12. O juiz ou
desembargador julgou contra a decisão do Supremo, quando já existia decisão do
Supremo. E por qualquer motivo, já transitou em julgado essa decisão.
“Olha eu fui condenado mesmo, nesses termos. Passou em julgado. Mas passou em
julgado em outubro de 2016. Mas em dezembro de 2015, o STF já entendeu que essa
norma que embasou a condenação é inconstitucional. Portanto, esse titulo é inexigível,
e então a execução não pode avançar. Se a coisa julgada é inconstitucional, eu não
tenho obrigação de cumpri-lá!.
Agora, muitas vezes, uma parte demora décadas para tomar a execução. Então, tudo
reinicia.. (inaudível)
Para que sustente a impugnação, a coisa julgada inconstitucional, diz o parág 14. Do
525, diz que a decisão de inconstitucionalidade deve ser anterior a coisa julgada, mas
se for posterior?
Então, você ai tem uma outra hipótese de rescisória, que não está no 966. Ela está no
525. Inclusive, com prazo que se conta, não da formação da coisa julgada, no que
alude ao provimento judicial rescidento. Mas sim, do trânsito em julgado da decisão do
supremo
São preceitos normativos, que trazem insegurança jurídica. Não é a toa, que o STF
em seu julgamento, deve observar a modulação dos efeitos
Então, quando o STF julga, ele deve ter muito cuidado, pra ver se é ou não é, modular
os efeitos.
Vou dar um exemplo pra vocês, que não sei como é a modulação dos Efeitos, que não
sei como funciona:
Agora, é indispensável, que a única prova existente, seja falsa. Porque sem
amparo a alegação da parte, e existir outra prova, a rescisória vai ser improcedente.
De igual maneira, é necessário um nexo causal direto entre a prova falsa e o
julgamento que foi feito. Ou seja, a prova falsa deve ser determinante para a formação
do entendimento quanto ao fato. E o fato deva ter sido determinante, para o
julgamento da causa, nesse sentido.
Nessa hipótese aqui, vai ter o iudicium rescindesn como o iudicium rescisorium
Rescisória fundada em prova nova. A prova nova não é uma prova produzida depois
doo transito em julgado. Necessariamente, era uma prova que existia antes do transito
em julgado. A prova nova, é na verdade, prova velha. Eu não pude fazer uso, por
desconhecê-la, não pude usar em razão de força maior.
Exemplo: Meu pai faleceu faz 14 anos. Em dezembro, trocaram o aquecedor na casa
da minha mãe. Por trás do aquecedor, tinha atrás uma caixa, com uma pistola, e umas
fotos. A pistola já estava enferrujada, parecia que tinha uns 14 anos. Tanto que
entreguei à Polícia Federal. E nessa caixa, existiam vários documentos. Fotos da
época de faculdade do meu pai, papel de quitamentos, papel de procuração, etc
Esta prova já existia. Existia antes do falecimento. Essa prova era desconhecida. Os
sucessores não tinham como saber, como estava lá. Depois da formação da coisa
julgada, o encontro da prova nova, que é uma prova velha, que já existia, mas que não
poderia ser utilizada, pode ser utilizada a ação rescisória.
Agora, depois que formou-se a coisa julgada, você tem a constituição de uma prova.
Você fez uma perícia, você fez um estudo técnico, você lavrou uma ata notarial, isto é
imprestável, para fins de ação rescisória.
Bom, é necessário que a prova nova tenha aptidão para mudar o julgamento. Se não
tiver esse requisito, você vai ter a improcedência da rescisória.
Vejam que todas as hipóteses de rescisória, a única que o legislador fez por limitar
positivamente, foi nessa.
Então vejam: há erro de fato quando o fato foi tido por inexistente, mas é existente. Ou
vice-versa
É indispensável que não represente ponto controvertido, sobre o qual o juiz tenha se
pronunciado
O que eu quero dizer: se o fato foi alegado por um, e foi negado por outro, surgiu a
controvérsia. Por mais bizarra que seja a decisão, por pior que seja o exame de prova,
não cabe a rescisória.
O fato ou erro do fato, pressupõe a ausência de discursão do processo, em torno
desse fato.
Presume-se que se houve contraposição do fato, a prova foi examinada, e a coisa julgada deve
ser observada, ainda que tenha havido erro.
Não basta o erro do fato. É necessário que o erro do fato recaia sobre um fato que não foi
controvertido.
Com isto, fechamos as hipóteses de ação rescisória. Não há viabilidade da ação rescisória, sem
alegar uma dessas. E é possível existir uma rescisória por mais de 01 motivo listado? Claro!
Legitimidade
Parte – Todo aquele que postula em juízo (autor,réu e terceiro interveniente). Sucessor da
parte, à titulo singular, é aquele que sucedeu a parte no bem em particular. Exemplo: ação
possessória – quem herdou a fazenda
Legitimado para ação rescisória é a parte do processo ou seu sucessor a título universal ou
singular. Essa questão de parte no processo deve ser entendida em sentido amplo. Parte é o
autor, réu, terceiro interveniente. Todos aqueles que atuaram com uma dessas qualificações
no processo em que houve a formação da coisa julgada rescindenda, detêm legitimidade ativa
para a rescisória. Pode ser que o sujeito tenha sucedido a título singular ou a titulo universal. A
título universal quando existe, por exemplo, o falecimento e os herdeiros vêm assumir os
direitos e as obrigações do de cujus. Ou quando ocorre a incorporação de uma empresa por
outra. Sempre que há uma sucessão a título universal, ocorre transferência da legitimidade. Se
o sucedido teria legitimidade para ação rescisória, o sucessor também a terá. O mesmo
raciocínio serve para a sucessão singular. Se alguém vendeu um bem e a ação rescisória gira
em torno dele, quem comprou ou recebeu o bem em doação, passa a ser legítimo proponente
da ação rescisória. Então o legitimado por excelência é a parte, entendida como parte o autor,
réu e terceiro interveniente e o sucessor da parte a título singular ou universal.
Inciso II
Trata do terceiro juridicamente interessado. Como o nome propriamente diz, é quem não
participou do processo, mas é titular de relação jurídica atingida pelo provimento judicial.
EXEMPLO: Locador propõe o despejo contra o locatário. Locatário é parte legitimada para
responder ao despejo. Extinta a locação também o será, se existir, a sublocação. O
sublocatário sofrerá com o despejo decretado em desfavor do locatário, já que é sublocador.
Ele detém legitimidade para ação rescisória. O interesse aí é sempre jurídico e não econômico.
É o mesmo interesse que foi estudado em Processo Civil I em relação a assistência. É o mesmo
interesse jurídico que foi estudado neste semestre presente no interesse para recorrer. É
sempre um interesse jurídico e não econômico. Então a análise não é no sentindo de sofrer um
prejuízo. Para propor uma ação rescisória, tem que ser necessariamente demonstrada, a
titularidade de uma relação jurídica que está sendo alcançada pelo provimento judicial
proferido no processo em que o proponente não é parte.
RESUMO: quem não foi parte no processo, mas por força do provimento judicial transitado
em julgado tem relação jurídica da qual é titular sendo atingida, é terceiro interessado, para
fins de propositura da ação rescisória.
EXEMPLO: (A) empresta dinheiro para (B). (B) é dono de um imóvel e (X) ajuíza uma ação
reivindicatória nesse imóvel. Nessa hipótese pode ser que o único imóvel, o único bem
penhorável que (B) tenha seja esse. Se a reivindicatória é procedente, (A) não receberá. (A)
não sofre prejuízo jurídico, ele sofre prejuízo meramente econômico. Porque ele era e
continua como credor quirografário.
Mas se o exemplo tem por base um mútuo hipotecário (credor hipotecário) muda tudo em
relação ao que foi dito acima. Muda tudo porque com a procedência da reivindicatória a
hipoteca cai. Então passa a existir uma relação jurídica da qual (A) é titular que é atingida pelo
provimento judicial fundada no processo em que (A) não é parte. Aí (A) poderá propor ação
rescisória.
A pessoa que poderia ter ingressado no processo como assistente, porque tinha interesse
jurídico, é a mesma pessoa que depois da decisão pode recorrer como terceiro prejudicado, já
que a assistência também exige interesse jurídico. A pessoa que poderia recorrer como
terceiro prejudicado após a decisão é a mesma pessoa que pode propor ação rescisória depois
da coisa julgada porque também tem interesse jurídico. Então os três institutos: a assistência,
o recurso de terceiro e a ação rescisória por terceiro exigem a mesma coisa. Somente interesse
jurídico autoriza ação rescisória.
Inciso III
Diz que o Ministério Público detém legitimação para propor ação rescisória.
Quando ele é parte no processo, atua como dominus litis (dono da lide), essa legitimação é
direta por conta do inciso I. Mas o legislador no inciso III quer deixar claro que o Ministério
Público, mesmo nos processos em que não foi parte, pode propor ação rescisória. Ele pode
propor ação rescisória quando deveria ter atuado como fiscal da lei e não foi intimado (nos
casos de intervenção obrigatória do Ministério Público, previstos no art. 178). Se foi intimado e
não respondeu, evidentemente, não poderá propor ação rescisória
Ele também pode propor a ação nos casos que a lei preveja.
Inciso IV
Quando não foi ouvido no processo aquele cuja intervenção era obrigatória. Obviamente esse
alguém que deve ser ouvido, cuja intervenção é obrigatória, não é o Ministério Público, pois
ele já é contemplado no inciso anterior. O inciso se refere às situações nas quais a lei
estabelece que em certos processos determinados entes devem ser ouvidos. Isso tende a se
tornar cada vez mais frequente em nossa ordem jurídica, em razão dos sistemas de
precedentes que está sendo adotado. Hoje isso ocorrem em algumas situações específicas. A
ação na qual você quer anular ou invalidar o registro de patente comercial é uma ação para
qual o INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) sempre deve ser intimado para se
manifestar. O INPI não é parte
. EXEMPLO: Letícia registrou a patente, Catarina entende que ela é titular da patente e quer
anular ou invalidar esse registro. Ela demanda Letícia. O INPI não tem nada com isso. Mas
nesse processo ele deve ser ouvido. Se ele não foi ouvido, ele terá direito a ação rescisória.
O mesmo acontece com a Comissão de Valores Imobiliários (CVI), quando a ação envolva
valores imobiliários. Esse é o quadro de legitimação ativa.
LEGITIMIDADE PASSIVA
Temos um quadro, que precisa ser analisado em caso a caso. Se há uma pretensão de
desconstituição da coisa julgada, a coisa julgada compôs o patrimônio jurídico de alguém.
Essas pessoas que vão ter prejuízo com a desconstituição da coisa julgada, elas serão partes na
rescisória. Inclusive, podendo haver litisconsórcio ativo (que é sempre facultativo), também
pode existir litisconsórcio passivo necessário. Então saber quem é legitimado para ficar no
polo passivo da rescisória, pressupõe verificar quem teria o seu patrimônio jurídico atingido
pela desconstituição da coisa julgada. É uma analise que deve ser feita caso a caso. Inclusive, à
vista do pedido rescisório. Pode ser que alguém tenha sido parte na ação, em que se formou a
coisa julgada, não figure como autor, nem seja legitimado passivo. Então, a verificação vai ser
feita caso à caso.
Quanto à essa legitimação passiva, existe uma questão que é bem interessante, e que precisa
aqui, ser enfrentada. Em todo processo, vai haver a imposição de responsabilidade
sucumbencial. Dentre as que compõem as parcelas de responsabilidade sucumbencial, existem
os honorários advocatícios. Esses honorários pertencem aos ADV’s. Então na grande maioria
dos casos, desconstituindo a coisa julgada, alcança não somente os interesses da parte, mas
também do ADV, da sociedade de ADV’s.
E para compreender isso, é necessário compreender esta discussão em torno dos honorários. E
algo tratado no cotidiano, mas raramente explicado
Vejam: Já na inicial, o autor pede, dentre outras coisas, a condenação do reu,a o pagamento
do réu aos honorários. Mas esses honorários não são do autor. Mas sim dos advogados do
autor. O réu pede a improcedência, mas também o pagamento do autor aos honorários.
Fixado os honorários, as partes podem recorrer, pra aumentar ou diminuir aos honorários.
O que é que se dá, quando alguém em nome próprio defende interesse alheio? Legitimação
extraordinário.
Para fins de honorários, a parte é substituta processual dos ADV’s. Tem legitimação
extraordinária ativa e passiva.
O que se entende, é que o escritório de advocacia não é litisconsórcio passivo necessário, por
causa da legitimação extraordinária.
Parágrafo único. Nas hipóteses do art. 178, o Ministério Público será intimado
para intervir como fiscal da ordem jurídica quando não for parte.
Na vigência do CPC 73, se formou uma linha de pensamento, (como também se
positivou) que o Ministério Público, a depender dos interesses da lide, poderia atuar.
Mas também, o Ministério Público poderia atuar em razão do procedimento,
independentemente dos interesses envolvidos.
Então o MP atuava em todas ações de alimentos, mesmo que não tivesse incapaz. O
MP por diversa expressão legal, atuava em ação de usucapião, atua em mandado de
segurança (Tá na lei até hoje)
O Código atual procura romper com esse paradigma, de que pode haver atuação do
MP não por causa dos interesses, e não por causa dos procedimentos em curso. E
nessa linha, é que vai para ação rescisória.
Até ano passado, havia o entendimento, de que o MP em toda ação rescisória atuaria,
pois havia o “interesse público”, por causa da coisa julgada.
O MP atua em ação rescisória? É evidente! Mas somente nas hipóteses do art 178. (O
art 967, no seu parág. único, disciplina bem esta situação.)
Pode ser que não tenha como pedir o rejulgamento (Caso de simulação, efeitos
negativos da coisa julgada,etc). Então o pedido será somente o de rescisão. Agora se
é possível pedir o rejulgamento, haverá uma cumulação necessária de pedidos.
Inclusive é uma cumulação de prejudicialidade. Somente terá o rejulgamento, se puder
ser feito o pedido de rescisão.
Vejam: Haverá sempre o pedido de rescisão. E sempre o pedido de rescisão vai ser
cumulado com o rejulgamento, salvo se for impossível. Não será uma opção do autor.
Mas sim, possibilidade ou não do rejulgamento da questão.
Outro aspecto da ação rescisória, é que se exige além das custas processuais, um
depósito rescisório. O processamento da ação rescisória pressupõe um depósito. Isso é
para :
Art. 968. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos
essenciais do art. 319, devendo o autor:
Então vejam. Deve o autor depositar a importância de 5%. Além das custas processuais, ele vai
pagar o valor de 5%. Se no final, a rescisória for procedente ou se a rescisória for
improcedente ou inadmissível, [..inaudível]
Na vigência do CPC 73, se formou o entendimento de que seria preciso haver um limite para o
depósito rescisório. Não tem como acessar a justiça, em casos, se for no 5%.
Um exemplo daqui , foi o da Bahia, com o Banco Econômico. O valor foi de 3 trilhões, e era
necessário o depósito de 5%. Esse caso é totalmente inviável.
Perceba que aqui, é uma hipótese de emenda da petição inicial para a [..inaudível]
Agora. Pode ser que o sujeito indique indevidamente o objeto da ação rescisória. Há um Resp
que se conhece o mérito, mas mantém o julgamento. Qual é o provimento judicial para
impugnação? O acordão do STJ.
Entenda que houve um acordão pro STJ, mas não conheceu o especial. A discussão da ação
rescisória depende de qual é o provimento a ser impugnado.
[Inaudível..]
Perceba: Você tem uma sentença de primeiro grau. A sentença é de improcedência. Você tem
ao TJBA a apelação. Em razão da apelação, passa a ter uma improcedência. A parte vem ao STJ
e lança mão do Resp. Aqui tenho um acordão, e este acordão é de inadmissibilidade de recurso
especial. Eu posso ter uma rescisória sobre a inadmissibilidade. Onde é que proponho? No STJ.
O que se está dizendo: Identificando o vício no caso. Não vai se julgar improcedente. Vai levar
a intimação ao autor, para corrigir o vício. E se a correção do vício, for a questão do objeto da
rescisória, haverá a remessa dos autos para o tribunal competente.
A ação rescisória, em regra, não tem efeito suspensivo. A regra é que, enquanto há o
processamento da ação rescisória, se possa exigir o cumprimento judicial.
A contagem dos prazo da ação rescisória, ela também traz discussões muito
acirradas.
Súmula 401
O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer
recurso do último pronunciamento judicial.
Vejam. O prazo só se inicia, quando não for mais cabível recurso, pro último pronunciamento
judicial. 2 questões devem ser enfrentadas sobre essa súmula.
Na vigência do CPC 73, se discutia muito o inicio do prazo da rescisória, quando o recurso for
inadmissível. Percebam: recurso inadmissível é recurso inexistente. Imaginem em uma
sentença de 1999. Em 2005, esse acordão veio. O recurso especial é interposto em 2006. Só
agora em 2017, o STJ diz que esse especial é inadmissível.
O STJ fez a solução que parece mais adequada, de que: o prazo de 02 anos, mesmo que o
recurso seja inadmitido, ele se conta do decurso da impossibilidade de interposição de recurso
contra alguma do processo.
Por óbvio, esse raciocínio não vai se aplicar, nas hipóteses de intempestividades manifestas.
Entao eu não posso entender, que embora tem gente que defenda isso, e tenha no precedente
da súmula, que o prazo para a rescisória é único. O prazo é de 02 anos, sendo pra cada
capítulo.
§ 2o Se fundada a ação no inciso VII do art. 966, o termo inicial do prazo será a
data de descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de 5 (cinco) anos,
contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo.
Bom, é um dispositivo criticável. Quanto a prova nova, conta 02 anos, não da formação da
coisa julgada, mas da descoberta da prova. Mas nunca num prazo posterior à 05 anos, do
transitado em julgado.
Aqui é uma situação ainda, de insegurança jurídica maior. Aqui não tem um espaço
temporal, de como se afirmou
Áudio 04
Procedimento da ação rescisória
Ele está nos artigos 968 e seguintes. A primeira observação à ser feita, é que a ação rescisória
é uma ação autônoma. Instaurada a rescisória, nasce outra relação jurídica-processual. A ação
rescisória deverá ser ajuizada por meio de uma petição inicial, que atenda os requisitos do art
319. Essa ação rescisória, ela tem causa de pedir vinculada. E uma causa de pedir, deve ser um
dos vícios rescisórios, que estão previstos em lei. Ela deve ser proposta num prazo de 02 anos.
Ela traz necessariamente o pedido rescisório, e sempre que possível, o pedido de
rejulgamento. Ao lado disso, ao ajuizar a ação, ressalvada as hipóteses de isenção legal, deve
ser feito, além do pagamento das custas processuais, o depósito do Art. 968, inciso 2º do CPC.
Se essa petição inicial possui vícios sanáveis, deve ser feita a emenda.
Nós estudamos no semestre passado, que pode haver improcedência liminar do pedido. No
mérito, pode ter o julgamento ,sem a citação do réu. Pode ser aplicada a improcedência
liminar, do 332? Sim!
Pode ser que essa petição venha com um pedido de tutela de urgência.
Não sendo hipótese de indeferimento da inicial, feita a emenda, será determinada a citação do
réu, para o oferecimento de defesa. (Teremos o despacho citatório)
Então vejam. O relator, ele vai receber a petição inicial para o processamento da ação
rescisória, vai determinar a citação do réu, para o oferecimento de defesa. O réu vai ser citado
pela via postal, vai ser citado por mandato, a depender da hipótese...Enfim, não há
especificidade na citação ou contagem de prazo.
O relator então fixa o prazo, a citação será feita, e o prazo da contestação será de 15 a 30 dias.
Toda matéria defensiva, deve ser trazida à preliminar de contestação. À exceção
Mas ela deve ser apresentada dentro do prazo bienal, e deve ter por causa de pedir, uma das
hipóteses de rescisória. A reconvenção na ação rescisória, só pode ter por objeto, o mesmo
acordão. Obviamente, para ter interesse de reconvir, em parte, tenha sido favorável ao autor
da ação rescisória, e também em parte, favorável ao réu da ação rescisória.
Encerrada a instrução, você vai ter a possibilidade de manifestação das partes sobre as provas.
Então, são as razões finais, que podem ser escritas ou orais.
Então quanto à produção de prova, o relator pode produzir ele mesmo, as provas no
tribunal. Mas pode também delegar a instrução, se achar conveniente, ao juiz de
primeiro grau, ou ao órgão que proferiu a decisão rescidenda.
Encerrado o procedimento, o relator vai pedir data pro julgamento. Vai haver publicação de
pauta, e as partes vão ser intimadas. Após a leitura do relatório, se vai facultar a sustentação
oral. E na sequência, vai haver a leitura do voto, as discussões, e o proferimento do resultado.
Vamos ver o 974:
Então, pode ser que o tribunal julgue procedente o pedido. Ai ele vai rescindir, e se for o caso,
vai fazer o rejulgamento. Se houver procedência do pedido, vai haver a restituição do
depósito, como no parágrafo único.
Bom, se foi improcedente ou inadmissível por unanimidade, o depósito fica com o réu da ação
rescisória. Todas as demais hipótese, o depósito retorna para o autor.
No julgamento aqui, vai se ter também a imposição dos encargos sucumbenciais, inclusive os
honorários advocatícios.
O parág. 3º do 942, fala que a técnica de julgamento deste artigo, também se aplica em
julgamento não unânime, proferido em ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da
sentença, devendo nesse caso, o procedimento ocorrer em órgão de maior composição,
previsto no regimento interno. Então, se há um julgamento de procedência não unânime,
suspende-se o julgamento, para que se tenha a remissão dos autos para órgão de maior
composição, previsto no regimento interno e ai se tenha a continuidade desse julgamento.
Com ou sem a ampliação da turma, uma vez julgada a rescisória em âmbito de TJ ou TRF,
tem a possibilidade de recurso de Resp ou RE, apenas. Se o julgamento for feito no âmbito
do STJ, tem apenas o RE. E se for no STF, não tem mais recurso.
Reclamação
1- Considerações Gerais
2- Natureza Jurídica
3- Inadmissibilidade
4- Hipóteses Legais
5- Legitimidade
6- Procedimento
7- Decisões de Juizados Especiais
Em relação à reclamação, serão necessárias algumas considerações iniciais, para entender este
assunto.
Vejam só. A reclamação é algo que cuja existência independe à margem de previsão legal.
Pensar na reclamação, pressupõe entender a teoria dos poderes implícitos. Que tenha
poderes para cada órgão necessário para que o órgão exerça suas atividades
No campo do Poder Judiciário, a teoria dos poderes implícitos, procura a ideia que cada
tribunal tem os meios necessários para preservar sua competência. E cada tribunal deve ter os
meios necessários para efetivas suas próprias decisões. Em que tese, se possa defender, de
que exista previsão no direito positivo, ela já tem sua previsão, na CF-88. E na CF 88, positivou
a teoria dos poderes implícitos.
A reclamação na forma que foi positivada na CF, ela serviu do procedimento para preservar a
competência e para assegurar a autoridade das decisões dos tribunais superiores (STF e STF)
Exemplificando isso: Pensem , por exemplo, um recurso especial. Ele é interposto perante o
tribunal da Bahia, ele é processado. A 2ª vice-presidência declara o Resp inadmissível,
negando o processamento desse recurso. Qual o instrumento processual para recorrer disso?
O agravo de 1042. Então a Vice-Presidente do tribunal, que autoriza as contrarrazões, e após a
contrarrazões, diz que não vai encaminhar o agravo, porque ele é inadmissível. Quem é que
tem competência para dizer a inadmissibilidade desse agravo? Se é RE é o STF. Se é o Resp,
o STJ. Se case invasão de competência, cabe a reclamação.
Súmula 727
Não pode o magistrado deixar de encaminhar ao Supremo Tribunal Federal o
agravo de instrumento interposto da decisão que não admite recurso
extraordinário, ainda que referente a causa instaurada no âmbito dos juizados
especiais.
Então vejam. Se a negativa de seguimento do agravo na origem, está havendo usurpação de
competência, então cabe a reclamação. No caso da reclamação, serão adotas as providências
necessárias, então ocorre o avocamento dos autos.
Ex: Tribunal manda interromper os processos, por causa do IRDR. E o juiz não suspensa os
processos
Com a EC-45, veio a súmula vinculante. E para ter o cumprimento da súmula vinculante, a
reclamação é utilizada para ser respeitada a Súmula Vinculante.
Se editou uma lei de xxxxx de 2007, em que a reclamação teve a feição atual
Hoje, o que nós temos na reclamação. Um instrumento que tem previsão constitucional e infra
constitucional (CPC e leis esparsas). Com 3 finalidades:
a) Preservação de Competência
b) Garantir a autoridade da decisão judicial
c) Garantir o cumprimento dos precedentes
Este é um ponto que se discutiu muito. Alguns diziam que tem natureza correcional. Este
entendimento sempre foi criticável. Porque ato correcional é ato administrativo. E não é
possível, por meio de ato administrativo, que casse decisão judicial e tenha formação de coisa
julgada.
Com a entrada em vigor do novo código, fica claro, que além de natureza jurisdicional, e que
também é uma ação autônoma.
Se tem citação e contestação, existe uma ação em curso. E a isso ai, se soma
também, o conteúdo do art 992.
Portanto, vejo claramente, que o precedente da Adin 2112, está superado devido ao
entendimento do novo código de processo civil. Sendo então, uma ação autônoma
sendo exercida.
Bom, classificar a reclamação como uma ação, é algo que traz consequências
práticas. A primeira, é exigir uma petição inicial. A segunda, é que se tenha citação. A
terceira, é que se viabilize o contraditório, através a citação. A quarta, é a formação de
coisa julgada material. A quinta, o cabimento de condenação dos honorários
advocatícios.
Hipótese do I:
Hipótese do II:
A reclamação não pode ser substitutivo de RE ou Resp. Então vejam. Eu não tenho
invocar violação de precedente do STF ou STJ, sem exaurir a via ordinária. Portanto,
seria um salteamento de instâncias.
Inciso I:
Inciso II:
MP também vai poder ajuizar a reclamação, seja como parte ou fiscal da lei.
PROCEDIMENTO DA RECLAMAÇÃO
Pois bem.
Percebam então, que opera-se um julgamento colegiado, pelos art’s 992 e 993.
Esta uma hipótese que é bem comum, no âmbito da justiça estadual. Percebam que
no microssistema do juizado, se o juizado é federal, você tem a decisão judicial do 1º
grau, tem o recurso nominado, e o julgamento do juiz de primeiro grau da turma
recursal julgando. Se houver violação à CF, utiliza-se o RE. Se houver violação ao
direito federal, no campo do direito material, tem o incidente de uniformização. Então
você tem uma válvula, para discutir o direito federal material.
Se você não tem uma via, para sustentar á violação de precedentes obrigatórios do
STJ. Pode ser que haja um julgamento de recurso repetitivo, e esse precedente não
tenha sido observado pelo acordão da turma recursal. E ai, então é a hipótese de
reclamação. No caso de inúmeros juizados pelo Brasil afora, isto iria prejudicar e
muito, a atividade do STJ, que já é excessiva.
Então, indicou a resolução 3 de 2016. Dizendo o seguinte: Na hipótese de alegação de
violação a precedente obrigatório por turma recursal de juizado, a reclamação deverá
ser proposta pelo Tribunal de Justiça do Estado. E somente chegará a questão ao
STJ, através de Resp, pelo meio do julgamento da reclamação. É uma política de
questão judicial
IRDR
1- Cabimento
2- Legitimidade
3- Competência
4- Partes Iniciais
5- Prazo para julgamento
6- Preparação para Julgamento
7- Julgamento
8- Efeitos do Julgamento
9- Recursos
10- Revisão da Tese
IAC
1- Cabimento
2- Processamento
Ai você tem a formação do precedente judicial. Formado esse precedente no âmbito local, a
força desse precedente é vinculante. O que temos aqui? Uma questão de direito que se repete
em muitos processos. Por conveniência, forma-se o precedente para solucionar a questão.
Mas é possível que exista conveniência para a formação do precedente, sem que exista
demandas repetitivas. Mas tem uma relevante questão social, ou está se vislumbrando dentro
dos órgãos do tribunal, entendimentos diferentes.
Outro exemplo: A utilização de sanitário público pelo transexual. Ele vai usar qual dos
sanitários? É um problema de relevância social.
Mais um exemplo: É possível que os sacrifícios de animais de cultos afro seja permitido? O
direito do animal se choca com o direito da liberdade religiosa.
O que não pode é que o terreiro x faça o sacrifício, e o terreiro y não possa
Então vejam. O juiz de primeiro grau, pode observar situação que seja necessário
precedente. O judiciário pode instalar o procedimento para a formação do precedente, pois ele
também é interessado. O juiz ou desembargador, mandará um ofício ao presidente do tribunal,
demonstrando os pressupostos, para a formação do precedente.
Art. 978. O julgamento do incidente caberá ao órgão indicado pelo regimento interno
dentre aqueles responsáveis pela uniformização de jurisprudência do tribunal.
O regimento interno vai dizer qual o órgão competente. A tendência é que a uniformização se
dê pelo pleno ou se o tribunal tiver órgão especiais, que servem para substituir o pleno, quando
o tribunal tem mais de 25 desembargadores. Não é possível no caso, uma turma fazer o
precedente no caso. O TJSP tem mais de 300 desembargadores. É impossível manter um
julgamento com 300 pessoas. Cabe ao regimento, falar qual é o competente para julgamento.
Esse órgão, ele vai, não somente, formar a tese jurídica. Ele vai julgar o caso concreto. No
processo que foi instaurado o incidente, ele tem a competência alterada. E formado o
precedente para a situação, vai julgar o caso concreto baseado no entendimento formado pelo
precedente.
Ai o incidente, tido por admissível, ele vai ser processado na forma do art 982
Vejam que a suspensão alcança o âmbito local. O TJBA não pode suspender processos
que tramitam no Amazonas, Ceará, etc.
Mas pode ser, que tomando ciência do incidente aqui na Bahia, os legitimados II e III do
977, requeiram a depender da situação, ao STJ ou STF, a extensão da suspensão
Pode ser que alguém de outro estado requeira a extensão suspensão no território
nacional. Por que isso? Porque a decisão, o acordão que julgar o mérito do incidente,
será de última instância, e desafiará o extraordinário ou especial. E quando o RE ou
Resp for julgado, será de âmbito nacional. Mas adiante, se não houver recurso, os
processos voltam a correr, nos outros estados. Se houver recurso, a suspensão persiste.
Como esse processo gera suspensão processual em outros processos, ele tem
prioridade no julgamento, e deve ser julgado no prazo de 1 ano, na frente de qualquer
outro processo, salvo caso de réu preso, ou pedidos de habeas corpus. Mas este prazo
pode ser aumentado, por fundamento do relator:
Por outro lado, a suspensão não deve ser automática. Por muitas vezes, o
estado que o processo está, é possíveis darem outros passos, sem a
necessidade de suspender. Vamos supor que a sentença seja prolatada, e uma
das parte aplica o embargos de declaração. Mas o embargo não trata de
assunto da formação do precedente. Não faz sentido suspender, pois não vai
mudar o julgamento.
Bom. Mas perceba que é preciso que neste processo você legitime a
decisão. Você democratize a decisão. Embora trate de 2 pessoas (fulano x
beltrano. Sicrano x joano), o precedente será para processos em geral. Por
isso, a necessidade da publicidade:
Então, vou procurar a decisão mais justa, para que então possa fazer uma
decisão justa.
Reiterando:
Efeitos do julgamento:
Vamos ao 986
Deve-se exigir:
a) Repercussão social ou
b) Divergência de órgãos do tribunal
Ações Possessórias
1 – Considerações Gerais
2 – Competência
5 – Duplicidade
6 – Alegações de domínio
9 – Procedimento
10 – Litisconsórcio multitudinário
Nós devemos começar a tratar da ação possessória. E para tratar isso, nós devemos repensar a
linha dos procedimentos especiais.
Ponderei com vocês, que existe uma razão para a criação dos procedimentos especiais. Ele vai
ser criado, toda vez que o legislador entender que o procedimento comum não é o mais
adequado para que seja utilizado. E deva ser utilizado outro procedimento, que possa ser mais
adequado, célere, enfim, mais conveniente.
Essa especificidade do direito processual, muitas vezes, está por causa das especificidades do
direito material. O direito material muitas vezes, tem especifidades, e por isso, por causa
dessas especifididades do direito material ,o procedimento especial.
Tanto que, o procedimento especial, muitas vezes, tem o nome do direito material ao lado do
procedimento especial (ex: ações de alimentos, ação de restauração de autos, ações
possessórias, ação de consignação em pagamento,etc)
Nessa linha, para compreender melhor o procedimento especial, deve-se entender o direito
material. Não dá para estudar o direito processual nesse caso, sem uma breve revisão do
direito material.
Muito já se discutia se a posse era direito real ou direito pessoal. Hoje entende-se que não é
nenhuma das duas situações. Há quem defendesse que a posse era direito real, pois a posse
tem efeito erga omnes. Mas também existe a situação de que os direitos reais são numerus
clausus (taxativamente em lei). Daí porque, não havendo a implicação da posse como direito
real em nosso ordenamento jurídico, não há como sustentar que é direito real.
Há claras diferenças entre os direitos reais e o pessoal. E a posse fica bem variável neste
campo
Por isso que se diz, que a posse é uma situação de fato tutelada pelo direito. Ou seja uma
situação de fato que produz direito. É similar com a união estável. 2 pessoas começam a viver.
Elas não estabelecem algo sobre alimentos, herança, regime de bens ,etc. Mas é uma situação
de fato que produz relação jurídica.
Por isso, que situações de fato são relevantes para a vida, o legislador resolveu tutelar a posse.
Mas por que? Porque a tutela da posse é o meio mais adequado para proteger a propriedade.
Um dos bens mais caros da nossa ordem constitucional, e não é por razão ideológica, é a
economia de mercado. O pilar principal da nossa ordem constitucional, é a defesa do sistema
capitalista. Se goste ou não, esta é uma das diretrizes observados pelo nosso legislador. O
principal símbolo do sistema capitalista, é a propriedade. Portanto, o direito de propriedade é
relevantíssimo para o nosso ordenamento jurídico. E o procedimento comum, existe uma
dificuldade maior para ser defendida pelo procedimento comum.
Eu comprovo propriedade por meio documental. Mas por que não serve para uma tutela
provisória de urgência na propriedade? Porque o documento por só, não serve como
individualização do bem. Você não tem como comprovar que aquela área referida no papel
pelo título do domínio, é a área litigiosa. Ocorre principalmente, ações possessórias no meio
rural ou áreas urbanas rurais. Você pode ter um título de Itacimirim. Mas como o juiz poderá
saber que está à 100 mts. da área, e ao lado da rodovia? Seria necessária uma prova pericial
bem específica sobre isto.
Outro problema é o exame das cadeias dominiais. Se é de títulos, o que tem a cadeira dominial
mais longa, é o verdadeiro.
Então, por estes motivos, é que o proprietário não pode ficar a instrução processual para
reaver o bem imóvel daqui a 3 ou 4 anos.
Pra ter uma ideia de como a posse se comprova, veja o exemplo que eu advoguei para uma
oficina de São Caetano. (veja melhor no áudio)
Ele vai fazer uma tutela ferrenha do possuidor, pois por via indireta, ele vai proteger a
proprietário. Em 90% dos casos, o possuidor é porque é o proprietário, ou possui a posse, por
causa do proprietário.
Exemplo dos laptops em sala de aula: Esses laptops que você estão usando, presumo que você
são os proprietários, ou tiveram a autorização dos proprietários.
Como todo remédio, tem situações colaterais. Pode ser que situações excepcionais. Você
privilegie o possuidor perante o proprietário. E ai, a ação possessória pode ser usada pelo
possuidor contra o proprietário.
Elementos da posse
Então alguém que seja possuidor, tenha esses 2 elementos. Corpus e animus. Havendo esses 2,
haverá a posse. E então, a posse terá o efeito jurídico. E quais são os efeitos jurídicos da posse.
1- Desforço Incontinente
2- Usucapião
3- Interditos possessórios
a- Reintegração da posse
b- Manutenção da posse
c- Interdito probitório
1-Desforço incontinente é uma hipótese de autotutela. O possuidor ele vai poder repelir a
agressão à sua posse, pelo uso da força. Desde que o fato exista de maneira de imediata e
utilizando moderadamente os meios necessários. É raríssima, as hipóteses de autotutela. E o
legislador somente autoriza as hipóteses de autotutela somente quando tem a proteção de
bens jurídicos relevantes. Cabe legítima defesa ao patrimônio, á integridade física. A
integridade física junto com o patrimônio, são os mais importantes do nosso sistema.
2- Outro efeito é o usucapião, como um dos efeitos da posse. Por meio do exercício da posse,
pode-se adquirir propriedade. Se a posse foi exercida durante determinado lapso temporal,
em atendimento em certos requisitos, opera-se o usucapião. Então, esse ai, outro efeito
jurídico da posse
3-O efeito jurídico da posse que mais nos interessamos, é a tutela possessória. E ela se dá
pelos interditos possessórios. Que são as ações para defesa da posse. O interdito possessório é
gênero, que tem 3 espécies. A reintegração da posse, manutenção da posse e interdito
proibitório. A diferença entre eles, é que a utilização, depende do tipo de ilícito que está
sendo praticado. No caso de esbulho, é a reintegração de posse. No caso de turbação, é a
manutenção de posse. No caso de ameaça, é o interdito proibitório. O interdito proibitório, é
ação preventiva.
Agora antecipo, que nem sempre o procedimento é especial. Nós vamos ver se ajuizadas, em
certas hipóteses, que todo interdito proibitório, caminham pelo procedimento especial. Agora,
a manutenção e a reintegração de posse, podem ou não ser procedimento especial. Se
ajuizadas antes de ano em dia, ou até ano em dia, se diz que é ação de ação de forma nova.
Mas se ajuizada após ano e dia após a turbação, ai e ação de força velha, e então de
procedimento comum.
Já se utilizou no passado, a ação possessória para tutela de direitos imateriais. Seria possível a
tutela possessória para marcas, direito autoral, propriedade industrial? No passado, houve
quem defendesse essa possibilidade, mas muito em razão pela deficiência dos sistema
processual. Até 1994, não existia tutela provisória. Então, por isso, foi defendido que fosse
usada as ações possessórias. Juridicamente, não se sustenta. A posse pressupõe corpus e
animus. Se o bem é imaterial, não se fala em corpus. Então não cabe, segundo entendimento
do STJ.
Uma outra questão que deve ser registrada, mas deve ser observada com cautela, é a
seguinte:
A propriedade, ela pressupõe uma função social. É obrigação do proprietário, dar função
social à propriedade. Se o proprietário tem também esse ônus, o possuidor também deve dar.
Um exemplo, foi do que ocorreu no Rio Grande do Sul. Esse loteamento, havia um córrego,
algo parecido com o que tem no vale do canela ou da centenário. E havia uma propriedade
maior...(veja o exemplo no áudio)
Outro caso, foi o que ocorreu na Justiça Federal. Não sei se vocês viram, mas depois do clube
Espanhol, tem uma unidade aeuronáutica. E entre a unidade da aeronáutica e o posto de
gasolina, tem um barzinho. Tanto que, a base da aeronáutica, tem uma área não ocupada. A
união entrou com uma ação, para pegar de volta essa área, que estava ocupada. Esse foi um
caso interessante. (Veja melhor no áudio...)
A união dá função social à este espaço? O sujeito está dando função social. Ele tem um bar e
uma casa. A juiz indeferiu a ação possessória, pois ele tinha dado uma função social.
É um ponto pelo qual, muito se discutiu. Nas ações de natureza real, ressalvado o regime de
separação absoluta de bens, é necessário outorga uxória ou marital. Mas na ações
possessórias, o tratamento é o mesmo que dar nas ações pessoais. Tanto que o art 73, parág
segundo, ele dispensa a outorga uxória ou marital nas ações possessórias. Pode ter
litisconsórcio ativo entre marido e mulher, se há composse. Mas não há obrigatoriedade para
o litisconsórcio a outorga uxória ou marital, para a ação. De mesma forma, se for ré na ação
possessória, não cabe citação para o cônjuge, salvo se o cônjuge seria coautor do ilícito
possessório. Então, a citação seria por causa do próprio ato do cônjuge
Suas situações que devem ser vistas sobre a legitimidade ativa ou passiva, no tocante à
composse e a fragmentação da posse.
Fragmentação da posse: Vocês viram ao longo do curso, que é possível fragmentar a posse
direta ou indireta. Muitas vezes, essa fragmentação é de forma de um negócio jurídico.
Locação ou Comodato. Alientação fiduciária ou leasing. Mutuário é possuidor direto, e
mutuante o possuidor indireto, por exemplo. Todas essas são hipóteses de fragmentação da
posse.
Qualquer possuidor direto ou indireto, pode defender sua posse perante terceiro, perante
ação possessória. Então eles podem atuar independentemente.
Por outro lado, é preciso registrar, que pode existir ação possessória de possuidor direto
contra indireto, e vice-versa. Será possível, desde que não exista procedimento especial
específico.
O possuidor indireto numa locação pode ser esbulhado ou turbado. Quando a posse direta se
torna injusta por inadimplemento contratual. O locador para reaver a posse, não ajusta ação
possessória. Ajusta ação de despejo. Não usa ação possessória, pois existe previsão para o
despejo.
Instituição financeira, quando não há inadimplemento vai fazer a retomada do bem. Se há uma
alienação fiduciária em garantia, exige-se um procedimento próprio, que é a busca e
apreensão do 911.
Não existindo procedimento especial específico, para o caso, utiliza-se ação possessória
No leasing, por exemplo, pode-se usar a reintegração de posse, pois não existe instrumento
específico.
Exemplo: Eu alugo uma casa de praia para Georgia. Ai eu sei que ela vai passar 1 mês na
Europa, eu vou tomar um banho de piscina, pois sei que ela não vai estar lá. Ela pode usar uma
ação de reintegração de posse, para no caso, contra mim.
É preciso deixar claro o que é compasse, vamos supor que A, B e C são proprietários de
uma fazenda (fruto de herança) e cada um explora uma parte dessa fazenda; aqui eu tenho
um único imóvel, mas eu tenho um condomínio com três posses diferentes, nesse caso não
há composse, pois cada um tem posse de um pedaço ideal delimitado.
Entretanto, se eles utilizam a fazenda para lazer e todos os três, quando deseja, vai a fazenda
e utiliza a fazenda como um todo, eu tenho configurada uma composse, na composse
qualquer deles pode proteger a coisa comum, através de ação possessória apenas um pode
propor a ação possessória, ou dois em litisconsórcio ou, até mesmo, os três. (diferente da
situação anterior, na qual cada um só poderia proteger a sua parte ideal).
Competência
A ação possessória, deve ser proposta no foro de situação da coisa. É uma situação de
competência territorial absoluta:
Art. 47 § 2o A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo
juízo tem competência absoluta.
O imóvel ou área objeto da ação possessória pode compor duas ou mais comarcas, seções
ou subseções judiciárias, Estados. Nestes casos haverá a excepcional hipótese de
prorrogação de competência.
Obs: A competência absoluta em regra ela não se altera. O art. 60 cuida da excepcional
hipótese:
Art. 60. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, comarca, seção ou subseção
judiciária, a competência territorial do juízo prevento estender-se-á sobre a totalidade do
imóvel.
Ex: Imóvel próximo ao aeroporto de Salvador, com parte do território na comarca da capital
e parte do território na comarca de Lauro de Freitas. A ação possessória poderá ser proposta
em qualquer das cidades.
Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento
das causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas:
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso I
deste artigo.
OBS¹: Não é possível que se faça avaliação em cada ação possessória proposta perante o
juizado especial para se verificar se o valor do imóvel é inferior ou superior a 40 salários. A
jurisprudência e a doutrina buscaram um critério objetivo, apontando o Cadastro Imobiliário
Municipal ou o cadastro do ITR, ou seja, verifica-se o valor do imóvel levando-se em conta
a base que é feita para fins de cobrança do IPTU ou do ITR. Então quem entra com a ação
possessória perante o juizado especial, deve trazer na petição inicial em princípio a
comprovação do valor do imóvel
OBS²: A interpretação não pode nem deve ser feita de maneira literal. Está dito na lei que
será imóveis de até 40 salários mínimos. Pode ser que a lide não gire em torno de todo o
imóvel. Neste caso é preciso que se faça por estimativa, ainda que aritmética, o valor da
área litigiosa.
Quem lança mão de uma ação possessória tem que trazer um pedido certo e determinado.
Deve-se então indicar qual a área do objeto da ação que está sofrendo esbulho, turbação ou
ameaça e então verificar qual o valor dessa área.
Ex: Imóvel com 1.000 m². No carnê de IPTU ele é estimado em R$ 600.000. Esse é um
valor superior ao de 40 salários mínimos. Existe um vizinho com um bar que nos finais de
semana coloca mesas em áreas do imóvel numa fração de 20m². Há uma turbação. Cabe-se
então uma ação de manutenção de posse. 20m² do imóvel vale R$12.000. Então essa ação
caberá nos juizados especiais.
OBS²: Nos juizados federais da fazenda pública, tem-se a competência absoluta, aí não
seria possível nenhuma das duas hipóteses. Ações dos juizados federais apenas são nos
juizados federais. Serão apenas nas ações envolvendo Empresas Públicas. Ex: Há um
esbulho que envolve uma área da Caixa Econômica Federal, se dentro do valor especificado
acima, será apenas dos juizados federais.
Eu disse à vocês, que os procedimentos especiais são feitos justamente, para uma adequação
maior para o direito material. Consequentemente, maior efetividade, maior celeridade,
enfim, mais benefícios
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz
conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos
estejam provados.
Esse artigo diz que está autorizado ao juiz proceder a tutela possessória que julgar
adequada.
Ex: (A) procura um advogado e afirma que há um grupo de pessoas acampadas ao redor da
sua fazenda que estão afirmando que vão invadir a fazenda no dia seguinte. Neste caso
caberá interdito proibitório. O advogado entra com a ação de interdito. (A) afirma logo após
que as pessoas estão invadindo a fazenda e estão recolhendo frutas e levando galinhas.
Neste caso seria uma ação de manutenção de posse, aí emenda-se a inicial. Pode ser que
quando a inicial chegue na mão do juiz as pessoas que estão turbando já comecem a invadir.
Aí digamos que o juiz defira como reintegração de posse liminarmente. Pode ser que nesse
meio tempo as pessoas saiam da fazenda e voltam a margem praticando turbação
CUMULAÇÃO DE PEDIDOS
É possível como regra. Já vimos isso no semestre passado. Se acumular um pedido que
estaria sujeito ao procedimento comum com um sujeito ao procedimento especial, será o
procedimento comum.
Ex: Pretensão contra a Administração Pública. São duas pretensões, uma com prova
constituída outra não. Cumulará os pedidos pelo rito do mandado de segurança ou pelo rito
de procedimento comum? Procedimento comum.
Obs: Se os pedidos estão sujeitos ao mesmo rito, obviamente este será o utilizado.
Essa regra acima é a geral. Mas ela é modificada no Art. 555 para as ações possessórias.
Esse artigo quer dizer que havendo uma pretensão possessória pode haver cumulação de
pedidos. Se os pedidos cumulados são esses do artigo acima, mantem-se a especialidade do
rito. Nas demais hipóteses há de se observar o procedimento comum.
Ex¹: Há um esbulho. Em razão desse esbulho se danifica uma cerca e impede o aluguel de
parte da fazenda. Há uma ação de reintegração de posse c/c pedido indenizatório. Em que
pese o pedido indenizatório deva ser processado pelo rito comum, essa ação tramitará pelo
procedimento especial.
Obs: Não é qualquer pretensão indenizatória. É pretensão indenizatória referente aos frutos
e aos atos decorrentes do ilícito possessório que ensejam o ajuizamento da ação.
O CPC/73 trazia uma natureza dúplice para as ações possessórias. O CPC/15 mantém essa
natureza dúplice.
Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse,
demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação
ou do esbulho cometido pelo autor.
Essa norma processual perde maior significado, utilidade, dentro da sistemática processual
do CPC/15. Na vigência do CPC/73 o meio que o réu tinha para deduzir a pretensão em
face do autor era a reconvenção. No novo CPC continua existindo a reconvenção. Mas nele
a reconvenção passou a ser feita dentro da mesma peça que é apresentada a contestação. O
antigo CPC, no Art. 922 queria que excepcionalmente o réu postulasse em face do autor na
contestação, em virtude da especificidade do procedimento possessório. Continua existindo
isso. Mas atualmente isso não se difere muito da sistemática do CPC/15.
A única diferença prática que existe hoje, se é que isso seja uma diferença, é que quando
você apresenta uma reconvenção na sistemática do CPC/15 na mesma peça da contestação,
deve-se fazer referência ao fato de estar reconvindo no pedido. No Art. 556 também deve
haver um pedido, só que não precisaria utilizar, especificar, como reconvenção
Nas ações possessórias há relação jurídica de natureza dúplice. Mas o que significa natureza
dúplice? A simples negativa da pretensão da parte autora leva ao reconhecimento de um
direito possessório em face do réu, ainda que o réu nada peça.
Ex: Ações de reintegração de posse. João e José litigam. João requer reintegração de posse.
O juiz indefere o pedido de reintegração de posse. Com essa sentença ele mantém o réu na
posse.
Nas ações possessórias temos o pedido dúplice e uma natureza material dúplice
Pode ser que haja uma relação de direito material dúplice. Pode ser que não haja
necessidade a formulação de qualquer pedido. Mas se houver necessidade de
formular pedido à tutela possessória, ou até de pedido de indenização em razão dos
pedidos sofridos por causa do esbulho, não há necessidade de reconvenção. Ele pode
ser feito na contestação. Mas como o sistema novo permite a reconvenção na própria
contestação, isso ai, perde um pouco.[...inaudível]
Dúvidas?
Esse é um ponto que as pessoas fazem muita confusão. Vamos ver o art 557
Veja: se alguém ajuíza uma ação possessória está ajuizando com uma dessas 3 opções
aqui. Vamos pensar na reintegração que é a mais visível. Eu ajuízo uma ação dizendo:
“Eu tinha a posse de um terreno em Lauro de Freitas, e 3 dias atrás, Hebert, , com 3
pessoas armadas, arrombou o portão, tirou o caseiro que tomava conta do portão. Eu
quero ser reintegrado.”
Hebert afirma que é proprietário, e disse, “eu sou proprietário, segundo o CC 2002, eu
li que o proprietário pode reaver a coisa e eu fui lá e ocupei o imóvel. Por mais que
tenha feito isso, o Código Civil respaldava isso. O que tá dizendo juridicamente? O
dono pode reaver a coisa na mão ...[inaudível] Juridicamente, está correto. Mas a
forma que utilizou para reaver o bem, era juridicamente aceita? Não era.
1- Nenhuma das partes prova posse, ou não prova de forma efetiva. O juiz não pode se
eximir de julgar. Se existe uma parte autora alegando a propriedade, e a ré sem provas
efetivas. É mais provável que a posse justa seja do proprietário ou do não
proprietário? Do proprietário. Vamos olhar a súmula 487 do STF:
Não é que se vai deferir a posse, a quem evidentemente tiver domínio. Se vai
julgar procedente a ação possessória, em favor de quem, evidentemente é o
proprietário, se nenhuma das partes fez de prova mínima da posse. Se uma
das partes é proprietário, mas a outra fez uma prova mínima de posse, o
proprietário vai ser sucumbido ao possuidor.
A questão é que, o proprietário,a tendência é que seja possuidor, mas nem
sempre será possuidor. Por isso, é necessário raciocinar bem aqui.
2- Pode ser que ocorra situação oposta: Pode ser que ambas as partes produzam
provas bem fortes de posse. E essa prova, evidentemente, é conflitante. O juiz
não consegue formar posicionamento. Imaginem o seguinte: Você é o juiz.
Cada parte arrolou 3 testemunhas. As testemunhas - idôneas e de
credibilidade - do autor juram de pé junto, que o autor teve a posse e o réu
invadiu. A 3 testemunhas detêm legitimidade, não existem contradições entre
os 3 depoimentos, seja intrínsecas ou extrínsecas. E ai, você ouve 3 as do réu,
são 3 pessoas idôneas e com credibilidade, são 3 pessoas que o réu sempre
teve a posse da área, e não houve nenhum esbulho. São 3 testemunhos sem
contradições. Ai é um problema. Alguém está mentindo. Você vai na mesa,
com todas as testemunhas, pra fazer acareação (piada interna de quebra da
mesa aushaushauhs). Tem o depoimento de Edson, Marcio e José, que foram
testemunhas do autor. E do outro lado, o depoimento de João,Mario e Silvio
que foram do réu. Todo mundo tem conhecimento do que falaram.Falso
testemunho é crime, e vai ser encaminhado para o MP uma denúncia criminal,
salvo se alguém se retratar. Alguém quer se retratar? Ninguém diz nada. Ou
até mesmo, ai todas as testemunhas juram de pé junto, que falaram a verdade.
O juiz vai ter que decidir. E nesse caso, há um empate na prova. A balança tem
que ir pra um lado. E nesse caso, o proprietário é mais provável que seja o
possuidor, que o não proprietário. Mas prova cabal de propriedade,
sucumbe à prova minimamente razoável de posse, na ação
possessória!
A ação possessória pode ser de força nova ou força velha. A de força nova, é aquela ajuizada
ano e dia do esbulho ou turbação. A de força velha, é a ajuizada após ano e dia do esbulho e
turbação. Vejam que a contagem é feita da data do esbulho e turbação. Por isso, pode se
deduzir que as ações de reintegração e manutenção de posse, podem ser de força nova ou
força velha. Mas o interdito proibitório é sempre de força nova!
Que, mesmo não indo pelo procedimento comum, não deixa de ser possessória.
A ação, ela é possessória. Sendo possessória, todo o regramento discutido aqui, se aplica.
Tanto de força nova ou força velha. Em qualquer uma dessas, existe exceção de alegação de
domínio, à outorga uxória, natureza dúplice, etc. A diferença é unicamente procedimental!
A de força velha, tramita pelo procedimento comum. E nessa altura, não há mais necessidade
para tratar esse procedimento.
Mas a de força nova, é pelo procedimento especial. E é este que vamos estudar.
Em se tratando de ação autônoma, a ação possessória de força nova, pressupõe uma petição
inicial. A petição inicial, observa os requisitos do art 319. É uma petição inicial, como qualquer
outra.
Agora, ela também deve observar os elementos, que aludem o artigo 561:
I - a sua posse;
Então, a petição inicial, deve ter os artigos 319, e os requisitos citados do artigo 561: Quem
tinha a posse, quem foi esbulhado, e a data da turbação ou esbulho. Naturalmente, isso se
aplica na ação de manutenção ou de reintegração de posse.
Se a ação é de interdito proibitório, incide o artigo 567, que ai no caso, portanto, que detinha a
posse, e está sendo ameaçado de turbação ou esbulho. É uma petição inicial com outra
qualquer, com o detalhe, que precisa indicar esses artigos citados.
Bom, a especificidade desse procedimento, está aqui, na fase inicial. Eu diria a vocês, que a
característica da ação possessória, é que nela, a ação possessória, se viabiliza a obtenção de
uma tutela provisória de uma maneira mais fácil, do que outros procedimentos.
Então veja. Vamos imaginar que Nathalia ajuizou ação possessória, e quer a reintegração de
posse. Você vai alegar que sofreu já tinha posse, o esbulho, e a data que ocorreu. Se você traz
provas desses fatos na petição inicial, o juiz já defere a tutela provisória. Aqui, não tem
necessidade de alegação de periculum in mora aqui! Basta comprovar que tinha posse, foi
esbulhado e o esbulho ocorreu no dia x. Agora, se você não consegue provar esses elementos,
ainda que de forma sumária, o juiz não vai indeferir a sua tutela provisória. Ele vai designar
uma data de audiência para justificação. Você vai arrolar testemunhas para a audiência. O réu
vai ser citado. Mas citado somente para acompanhar a produção dessa prova. Não vai
contestar, nem arrolar testemunha. Somente acompanhar essa produção de prova. Colhida a
prova, ai se tem a deliberação sobre a tutela provisória. O autor, na ação possessória, está
numa posição de vantagem, neste caso.
Vamos ao 563
Vamos ao 564.
b) O juiz indefere a tutela provisória, sem audiência de justificação. Por que ele vai fazer
isso? Ele pode entender, de independentemente de ter prova ou não, de que você
alega, não é suficiente para tutela provisória, ainda que prove. Não tem o motivo de
marcar audiência de justificação. Ele vai indeferir, e vai citar o réu, para que em 15
dias, conteste.
c) Pode ser que o juiz entenda que é necessário produzir provas. Se o problema são
provas, os requisitos necessários da tutela provisória, ele não vai indeferir. Vai marcar
uma audiência de justificação. Nesta audiência, vai se colher a prova. E ai, ele vai
deferir ou não a tutela provisória. A parte vai ser intimada do deferimento ou
indeferimento da tutela provisória. Vamos imaginar que, eu defira, indefira ou emenda
(muito confuso, nessa parte..). Começou a correr os 15 dias, da audiência de
justificação. Os autos foram conclusos. E depois decidiu. A parte vai ser intimada, na
pessoa dos seus advogados, e a partir dai, começa a correr o prazo de contestação. Se
houve audiência de justificação, a citação do réu, ela é anterior à audiência. O réu
comparece a audiência. Deferindo ou indeferimento, tem a intimação e ciência do
caso. Após o oferecimento de resposta, o processo segue pelo rito comum.
Dúvidas?
Existem algumas que devem ser tratadas, na regulação das ações possessórias. E eu diria que
são 3:
O que se diz ai, é que não vai deferir tutela provisória possessória em face do poder
público, sem que se ouça previamente, a representação judicial da fazenda pública.
Percebam: É possível a tutela provisória contra o poder público? É evidente! É
possível o deferimento de tutela possessória de natureza provisória contra o poder
público? Sim. O que é vedado é: deferir liminarmente tutela provisória contra o
poder público! Ou seja, deve-se viabilizar a prévia oitiva. Uma vez ouvido o poder
público, o juiz pode deferir ou indeferir a tutela provisória possessória.
Sempre será possível tutela possessória contra o poder público?
Vejam bem, o interesse público prevalece ao interesse privado. Existem situações que
não é possível que se conceda a tutela possessória contra o poder público, ainda que
o Poder Público tenha praticado o esbulho. Esse se dá ,em que o bem já foi afetado.
Pois se o bem foi afetado, foi dada a destinação pública!
É necessário verificar se houve ou não afetação, para que então, caiba a ação
possessória contra o poder público. E é exatamente por isso, que envolve este
parágrafo único, com a prévia oitiva. Essa prévia oitiva não é contestação! A
contestação vai ser apresentada no momento procedimental próprio, que é sempre
posterior ao deferimento ou indeferimento da tutela provisória. Essa oitiva é para dar
informações ao pedido liminar. Tá claro isto?
No que se refere a citação, incidem as normas do parágrafo 1º, 2º e 3º. São normas
que inclusive, que devem ser aplicados analogicamente a processos de litisconsórcios
multitudinário, mesmo que não seja de ação possessória:
Vai se intimar o MP, por ser conflito coletivo de terras. Vai também, intimar a
Defensoria Pública, se existe hipossuficiente envolvido. A partir daí, se criam medidas,
para uma ampliação da relação jurídico processual, que vai permitir a composição da
decisão erga omnes. Então este é o procedimento da citação.
Vejam bem: Se a ação possessória é de força velha, ou seja, mais 1 ano e 1 dia, para
agir contra esse esbulho ou turbação coletiva, é razoável que tenha a mediação. Já
que o sujeito esperou mais de 01 ano, para ajuizar a demanda. No caso, o juiz antes
de iniciar o processo. Antes de apreciar o eventual pedido de tutela provisória, antes
da própria contestação, ele vai buscar tentar mediar os conflitantes, com a
participação do MP, da Defensoria Pública, e participação de outros órgãos públicos.
Até ai, tudo bem. Obtida a mediação, resolveu-se o conflito. Não obtida a mediação,
se tem o procedimento feito.
O problema é impor mediação, nas ações de força nova. Vamos reler o parágrafo
primeiro:
Ai é uma hipótese, que o sujeito ajuizou a ação dentro de em ano e dia. Mas o
problema é que a justiça, ou os problemas do próprio aparato auxiliar da justiça, não
se teve o cumprimento da liminar no prazo de 01 ano. Então sofreu o esbulho. Isso
acontece. Ajuizou a ação com 15 dias, 1 semana. Ai chega na comarca o juiz demora
pra apreciar a liminar, quando defere a liminar, oficia-se o comando da Policia Militar,
mas o mesmo tem ordem interna para cumprir essa decisão, ai não cumpre, enfim,
uma novela inteira! E ao transcorreu por 01 ano. E porque transcorreu por 01 ano,
correu para a mediação obrigatória. Isto para mim, é passível de críticas (Eduardo fala
no caso)
Uma outra cautela que o legislador teve, foi trazer uma norma no parágrafo terceiro,
que, o juiz pode acompanhar pessoalmente, a prática dos atos para o cumprimento da
ordem dele emanada, se for necessária a efetivação da tutela jurisdicional.
Ação de alimentos
1- Considerações Gerais
2- Natureza jurídica
3- Procedimento
3.1- Petição Inicial
3.2- Alimentos provisórios
3.3 – Citação
3.4 – Audiência de Instrução e Julgamento
3.5 – Sentença
3.6 – Recursos
3.7 – Coisa julgada
5 – Oferta de alimentos
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que
necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às
necessidades de sua educação.
§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
§ 2o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa
de quem os pleiteia.
Alimentos indenizatórios
Os alimentos legais ou legítimos, são esses do art 1694. Eles derivam do parentesco,
do casamento ou da união estável.
Mas os alimentos podem ser indenizatório. São aqueles que decorrem de ato ilícito.
Exemplo: Um médico comete um erro, e incapacita uma pessoa, em razão desse erro,
presente os elementos da Resp. Civil, ele terá que pagar os alimentos. Por causa do
que deixou de perder por causa de trabalhar, no caso. Alguém comete um crime
contra uma pessoa, e esta vem a ser incapacitada. Ai, se o réu terá que pagar
alimentos indenizatórios, pois essa pessoa deixou de trabalhar.
Os alimentos voluntários. Alguém pode se comprometer por contrato, a pagar
alimentos à outrem. Então vejam que o alimentos se classificam nesta divisão citada.
O procedimento especial que vamos estudar, se destina somente aos alimentos legais
ou legítimos!
No que se refere à menos, existem posições que são muito inventadas. “O direito de
alimentos é até 21 anos, o direito à alimentos é de 24 anos. O direito aos alimentos é
até a conclusão da faculdade!” Isso não faz sentido! Cada caso é um caso. Deve-se
analisar o caso concreto, para perceber. Exemplo: na camadas mais baixas, é incomum
que uma pessoa com 20 anos, não esteja trabalhando. Ou seja, isso pode fazer cessar
os alimentos. Na classe média, é comum que as pessoas entrem com 18 anos na
faculdade, para ter uma formação. Ai é outra situação. Existem situações de camadas
sociais mais altas ainda, em que a pessoa só trabalha depois dos 30 anos. A pessoa faz
mestrado, doutorado, etc.
Súmula 379
No acôrdo de desquite não se admite renúncia aos alimentos, que poderão ser
pleiteados ulteriormente, verificados os pressupostos legais.
Essa súmula é dos anos 60/70. E dizia o seguinte:” No acordo de desquite, a renúncia
não é aceita”. Isso era da época em que, no divórcio, a obrigação do homem, era de
sustentar a mulher. Hoje se aceita, que feito o divórcio ou dissolvida a união estável, as
partes renunciem o direito ao alimento futuro. E quanto a obrigação alimentar entre
cônjuges e companheiros, a tendência é que ela seja limitada no tempo. Ressalvada a
hipótese entre casamento/uniões muito longas, em que um dos 2 nunca trabalhou, e
não tenha mais idade para se reinserir no mercado de trabalho ou não tenha mais
saúde pra se inserir no mercado de trabalho, a tendência é que os alimentos sejam
fixados por lapso temporal. 2 ou 3 anos. E até mesmo de forma reduzida ao longo dos
meses. Se ela é jovem, ela ainda pode se reinserir no mercado de trabalho. Essa crença
de que havendo o divórcio, ou dissolvida a união estável, há o direito ao alimento,
ela é correta, mas com bastante ressalvas, como mostrei aqui!
Dúvidas?
Ponto 03 - Procedimento
A questão da ação de alimentos, no ponto de vista procedimental, é uma questão que
precisa ser analisada de 2 formas distintas.
Naturalmente, a lei processual, o direito federal, ela não pode ser alterada por atos
praticados no âmbito dos tribunais. A partir do momento em que a alteração não traz
prejuízo as partes, não há nulidade, consequentemente.
A hipótese mais frequente, que é de pai para filho. Então, a prova da filiação, vai ser
uma ação de investigação de paternidade, cumulada com ação de alimentos, ela vai
tramitar pelo procedimento comum, e não este citado aqui.
Você vão ver, que a lei de alimentos é bem antiga. E existem disposições que precisam
ser ponderadas dentro da sistemática atual. Salvo engano, o art. 1º da lei, ela
independe de distribuição, que a parte poderia com a sua petição inicial ao juiz que ela
escolhesse, para que ele despachasse. Obviamente, é uma norma que viola o princípio
do juiz natural. Quando comecei a advogar, no inicio dos anos 2000, por incrível que
pareça, isso ainda era praticado. Então se fazia esse tipo de escolha. Hoje, não é mais
feito. É claramente inconstitucional
Outro aspecto: A lei no art 2º também diz que a parte pedir alimentos sem assistência
de advogado. Que a parte poderia procurar diretamente o juiz, e que o juiz
determinaria que o escrivão reduzisse a termo a postulação da parte, para que então
esse termo viesse para apreciação judicial, e o juiz desse seguimento a ação de
alimentos. Também é outra norma que não foi recepcionada na CF.
Ai percebam: Proposta a ação, os autos, eles são conclusos para fim de arbitramento
de alimentos provisórios. A lei 5478 diz que, ressalva a hipótese do autor propriamente
afirmar, de que não precisa no momento dos alimentos (incomum), os alimentos
provisórios serão fixados. E obviamente, que essa fixação é uma decisão interlocutória.
E consequentemente, temos uma tutela provisória satisfatória.
Uma grande questão, se diz: qual é o valor dos alimentos, e qual o valor de
arbitramento dos alimentos? É um ponto que existem muitos mitos! Muita gente que
“alimentos é 15% pra cada filho”. Não existe uma regra pra essa fixação de alimentos.
Pode ser que os alimentos sejam 100%. Se o sujeito tem mais de uma fonte de renda,
pode ser que seja fixada os alimentos, na custa de 100% da determinada fonte de
renda. 37 filhos, não podem ser 15%, é matematicamente impossível. O juiz deverá ver
o caso concretamente, ver o caso citado, quais a necessidade do alimentando, e então
fixará o valor. Pode ser que os alimentos sejam de 7%, de 20%, de 30% dos ganhos
líquidos do sujeito. Ganho líquido, deve ser entendido como o lucro menos o desconto
obrigatório. Se o sujeito fez consignação, empréstimo, compra parcelada, foi uma
opção dele. O juiz tem que estar atento a esses fatos. O juiz pode fazer incidir ou não,
a verba alimentar dos alimentos sobre as verbas indenizatórias. Mas não me parece
comum para efetuar. Se é indenização, não é ganho. (Ex: adicional por insalubridade.)
Pode ser que o juiz entenda, que o ideal não é a fixação por percentual. Pois pode ser
que os ganhos do sujeito sejam variáveis, ou pode ser que não tenham ganhos fixos,
que possam ter percentual. O juiz pode entender que o valor é fixo, e o critério para
variação pode ser outro.
Entendam que há uma larga discricionariedade do juiz, para fixar esses alimentos
provisórios.
Nesta audiência, se não houver acordo, já vai haver apresentação de defesa, por isso
que, na aplicação subsidiária do Novo CPC, deve existir o prazo mínimo de 20 dias.
A ideia, é que a audiência seja uma. Embora a prática demonstre que nem todos os
atos são praticadas, por excesso de tempo. Mas de vigor, como é que deve funcionar
essa audiência? Feito o pregão, autor e réu entrarão na sala acompanhados de seus
advogados, e ai cabe ao juiz tentar a conciliação. Primeiro passo então, é a tentativa de
conciliação. Não havendo conciliação, cabe ao réu, em mesa, apresentar defesa. A
defesa pode ser escrita ou oral. Em mesa, o autor vai falar sobre os documentos, e
sobre matérias que admitiriam réplica. Como é o caso, de preliminares, e defesas
indiretas do mérito. Com isso, ai encerrou-se na própria mesa, a fase postulatória. E ai
em mesa, o juiz já vai sanear. Resolver as questões processuais pendentes, questões
preliminares, estabelecer os fatos controvertidos. Encargos probatórios. Na sequência,
em mesa, colheita dos depoimentos pessoais, se for o caso. Depois, ainda em mesa,
oitiva das testemunhas. Elas já vinham sido arroladas previamente. Primeiro a do
autor, depois do réu. Máximo de 3 testemunhas para cada parte. É um procedimento
bem compactado e simplificado. Encerrada, a oitiva das testemunhas, o juiz deve
tentar de novo, a conciliação. As cartas já estão na mesa, pode ser que se consiga o
acordo que não conseguiu. Não havendo o acordo, estará encerrada a instrução.
Depois, razões finais, 15 minutos cada parte, e pra o MP, se intervir no processo. E a
partir daí, em mesa, o juiz pode prolatar a sentença.
Sentença:
Eu não sei se falei dos efeitos retroativos dessa sentença. Sim ou não? Os alimentos
provisórios, vão ser fixados [inaudível]. Uma vez fixado, esses alimentos provisórios,
existem um dissenso de quando os alimentos provisórios são devidos. A lei 5478/68 no
seu parágrafo 2º do art 13, diz que os alimentos provisórios são devidos a partir da
citação. Este é o pensamento dominante, apesar de existirem correntes contrárias. Por
que é que existe uma rejeição à essa norma? Porque, existe um “estímulo” para evitar
a citação. Pois enquanto ele não for citado, ele não precisa pagar os alimentos. Daí,
porque existe posicionamentos, de que os alimentos são devidos a partir da data da
fixação. Este é um posicionamento que evita o dano. E a terceira, que é uma posição
antiga do STF, na Súmula 226, considera os alimentos são devidos desde a
propositura da ação. Este pra mim, é o posicionamento mais razoável. Pois se houve
demora pra citar ou demora pra arbitrar, ele não tem culpa nisso, pra suportar esse
encargo.
Tá claro isso?
Os alimentos são devidos, a partir de um determinado momento aqui. Eles devem ser
pagos ao curso do processo.
Agora, essa situação aqui é de fácil compreensão. Vamos imaginar o inverso. Vamos
imaginar, que provisoriamente foram fixados em 6 salários mínimos, e por sentença,
vamos imaginar que foram fixados 4 salários mínimos. Se eu fizer o mesmo raciocínio
de retroação, chegarei a conclusão de que o alimentando, deve ao alimentante 40
salários. Esse raciocínio não vai poder ser acolhido, pois não cabe repetição de
alimentos, e nem cabe compensação de alimentos!
Intervenção do MP
O procedimento da lei 5478/68, ele prevê a intervenção do MP, sempre! É uma lei
antiga. Vai completar meio século. A CF/88 estabelece um papel ao MP. O CPC de 2015
afasta essa tese do MP intervir por causa do procedimento. Somente quando a CF
estabelecer, o MP deve participar. Por isso que na ação de alimentos, o MP só vai
intervir quando estiverem incapazes no processo. Não havendo incapazes, não faz
sentido o Ministério Público intervir.
O Ministério Público detêm também legitimidade ativa para propor ação de alimentos,
atuar como parte, na condição de representante do alimentando. Se presentes,
cumulativamente 02 requisitos:
Recursos
As decisões que fixam, modificam ou extinguem alimentos provisórios, são
interlocutórias. Desafiam agravo de instrumento. As sentenças, desafiam apelação. A
apelação no caso de procedência, não é dotada de efeito suspensivo. Nos casos de
improcedência, ela tem efeito suspensivo. (Dica: Revise isso um pouco. Cautela e canja
de galinha, não faz mal à ninguém!)
Coisa Julgada
Nós estudamos no semestre passado, o art 15, da lei de alimentos. Lá tá inscrito, que a
sentença de alimentos não transita em julgado. Mas que pode haver revisão do valor
dos alimentos, se houver alteração da situação financeira dos interessados. Aumento
de possibilidade, aumento de necessidade, alteração econômica,etc.. No semestre
passado, eu procurei a mostrar, que não se pode aceitar esse entendimento
reducionista que não há coisa julgada. Se há mérito analisado em cognição exauriente,
teremos a coisa julgada materia se formando. Agora, possibilidade de revisional deriva
do fato, de que tem a causa de pedir diferente da ação de alimentos. Pois nessa, a
revisional, somente se pode alegar fato superveniente da coisa julgada. A sentença
que fixa os alimentos transita em julgado materialmente.
Oferta de alimentos
Vamos agora falar deste ponto. O artigo 24 da lei de alimentos, ele autoriza que o
alimentante se antecipe e proponha a ação, requerendo o arbitramento da verba
alimentar. Não raro, o alimentante quer pagar, mas o alimentando entende que o
valor que o alimentante quer pagar é insuficiente. Não se chega ao consenso para a
verba. E pode ser quer o alimentante proponha a ação. Muitas vezes, é bem
interessante estrategicamente. São ações que vai se ter uma fixação provisória. Nesse
caso, os alimentos provisórios vão ser fixados com base nos elementos de alegações
trazidos pelo autor, que é o alimentando. E se houver exagero, é o alimentante que vai
ter que procurar pelas vias recursais, a redução. Que nem sempre é fácil de ser obtido,
antes da instrução. Então, quando ele se antecipa, propondo a ação de oferta de
alimentos, esse alimentos provisórios vão ser fixados pela argumentação dele,
alimentante, com as provas fixadas. E se o alimentando entende que o valor é pouco,
ai ele vai ter o encargo de recorrer, produzir as provas, para que se tenha uma
ampliação desse valor provisório. Então não é raro isto ocorrer, é comum.
Este é um capítulo que é do próximo semestre, mas é possível neste momento, trazer
algumas considerações gerais, em relação à esta execução de alimentos.
O legislador tenta dar a máxima efetividade na condenação de alimentos. E para
viabilizar isto, o legislador vai permitir a utilização de coerção pessoal, para o
pagamento dos alimentos. É a única hipótese de prisão civil no nosso sistema jurídico.
Então, a condenação em obrigação de pagar alimentos, em tese, ela pode ser
executada por 2 caminhos: O primeiro é a prisão civil do devedor, o outro caminho é o
uso da técnica expropriatória. Que é aquela pautada na penhora, na venda desses
bens, para o pagamento da dívida. Sempre a técnica expropriatória poderá ser usada.
Mas a técnica da coerção pessoal, somente será possível, em relação aos alimentos
vencidos há 3 meses, da propositura da ação. Ou os vencidos no curso da execução.
Exemplificando fica mais fácil.