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Ação Rescisória

1- Considerações Gerais
2- Competência
3- Rescisória x Anulatória
4- Hipóteses de Cabimento
5- Legitimidade
6- Atuação do Ministério Público
7- Cumulação de Pedidos
8- Depósito rescisório
9- Incompetência e emenda da Inicial
10- Tutela provisória
11- Prazo
12- Procedimento

É necessário preservar e valorizar a coisa julgada. Motivo: Segurança Jurídica

Mas o legislador permite, em um prazo de 2 anos, a rediscussão da coisa julgada. E ela se dá


por meio da ação rescisória. Além do prazo, que vamos ver mais detalhado, o legislador
também entendeu bem, limitar as hipóteses cabíveis legalmente. Somente pode invocar a
ação rescisória nos modos do art 966 do CPC. (Somente inventário e partilha, que são outras
hipóteses de ação rescisória). São hipóteses taxativas, e quase sempre encontrarão medidas
restritivas. Por que? Pois a ação rescisória é medida excepcional.

É possível ação rescisória contra provimento que não examinou mérito ou provimento judicial
de cognição sumária? SIM

Então, é necessário dizer qual provimento judicial é cabível para a ação rescisória.

Pelo Código de 73, era somente com a sentença de mérito, pelo que estava escrito. Mas
entendeu-se que não poderia ser somente esta hipótese. Portanto, houve o entendimento de
que, qualquer provimento judicial que gerasse aptidão à coisa julgada, seria cabível à ação
rescisória.

Vamos ver agora no novo CPC:

Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
§ 2o Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será rescindível a decisão
transitada em julgado que, embora não seja de mérito, impeça:

I - nova propositura da demanda; ou

II - admissibilidade do recurso correspondente.

Também é possível, o cabimento de ação rescisória, que

Lembra que eu falei de sentença terminativa e definitiva? A sentença terminativa não


transita em julgado. Mas impede de propor a demanda.

Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a
que a parte proponha de novo a ação.

§ 1o No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos


dos incisos I, IV, VI e VII do art. 485, a propositura da nova ação depende da
correção do vício que levou à sentença sem resolução do mérito.

Então vejam. Extinto o processo, sem exame do mérito, pode-se renovar a ação.
Desde que se corrija o vício. Se a parte entende que efetivamente existe vicio aqui, ela
corrige e vai renovar a ação. Mas se ela entende que não, ela fica travada, e fica
impossibilitado o exercício da ação

EX: Paula entra com uma ação contra Georgia. Foi extinta por entender por
ilegitimidade passiva. Portanto, ação rescisória para este caso.

É rescindível:

1- Provimento judicial de cognição exauriente

2- Provimento judicial que não examinou o mérito, mas é obstativo para renovação
da ação

Também é rescindível, o provimento judicial que não é de mérito, mas leva a formação de
coisa julgada, mas não ao provimento de mérito.

Mas também o provimento judicial que não é de mérito. Leia o do parág 2º do 966
II - admissibilidade do recurso correspondente.

Provimento judicial que declara ou reconhece a inadmissibilidade do recurso. Então olhe,


houve o provimento judicial, e ele é de mérito. Esse provimento judicial não tá viciado em
nenhuma questão. Não há nenhum vício rescisório. Ai a parte recorre. E então, não se admite
o recurso. Entendo que aqui, há um vício na admissibilidade do mérito. E então, cabe a ação
rescisória, para este provimento da inadmissibilidade do recurso. Tanto que, por ele, se
formou a coisa julgada. (Esta não é uma decisão de mérito. )

Existe uma hipótese de ação rescisória contra provimento judicial dado em cognição
sumária, que é próprio da ação monitória, que é assunto de processo 4. Mas farei uma menção
rápida à ela.

A ação monitória, ela funciona mais ou menos assim. Há uma petição inicial, e o juiz vai
despachar a petição inicial, analisando a prova documental. E se essa prova documental for
entendida por ele for idônea a viabilizar o processamento da ação enquanto monitória, ele vai
expedir uma ordem de pagamento contra o réu. O réu vai ser citado para que em 15 dias,
pagar ou oferecer embargos. Se o réu embargar, o procedimento se converte em comum.
Agora, se o réu não pagar nem embargar, automaticamente ,essa decisão se transforma em
título executivo. Independentemente da análise de qualquer evento, passa para a fase da
execução. É um caso de cognição sumária. O simples transcurso do prazo para pagamento ou
embargo, leva sem formação de qualquer ato, a transformação de título executivo.

Aqui, com a inércia, forma-se a formação de título executivo.

Essa decisão ai, da ação monitória, se ela converter em título executivo, sem a reação do
réu, é cabível a ação rescisória. Dúvidas até ai?

Bom, observações finais, das considerações iniciais:

Não se exige, para ação rescisória, o esgotamentos do recursos. Súmula 514 do STF.
Alguém pode ler?

Súmula 514
Admite-se ação rescisória contra sentença transitada em julgado, ainda que
contra ela não se tenha esgotado todos os recursos.

Então vejam, essa hipótese. A parte não usou o recurso. A parte nem apelou. Ela pode
entrar com a rescisória contra essa sentença? Sim. Perceberam o raciocínio.
Ela cabe contra qualquer provimento judicial.

Configurada umas da hipóteses listadas aqui, independentemente de ser utilizado outros


recursos antes da formação da coisa julgada, a rescisória é possível

Segundo ponto: Não há necessidade de pré-questionamento para ação rescisória. Pré-


questionamento é o requisito do RE e Resp

Terceiro: Não cabe provimento de ação rescisória contra os provimentos dos Juizados
Especiais (Art 59 da lei dos Juizados) Está é uma conveniência legislativa. Motivo: No juizado, a
celeridade é o vetor para a ação rescisória.

Bom, vamos para competência para ação rescisória.

As regras gerais de competência da ação rescisória. E depois aos específicos. A regra


geral, ,é que o TJ julgue a ação rescisória dos seus acórdãos, e sentenças dos juízes vinculados
à ele. O mesmo entendimento, se vale ao TRF. O STJ julga a rescisória dos seus acórdãos e
decisões monocráticas. No STF é o mesmo. Esta são as regras gerais.

Percebam que é preciso indicar com clareza, qual o provimento judicial rescidendo, para
indicar a competência.

Exemplo: Há um acordão de mérito do tribunal da bahia. A parte provou de Resp. O Resp


foi provido. Lá, foi julgado o acordão. De quem cabe a competência? Do STJ

Exemplos que ele falou do TJ, e STJ, sobre a rescisão das decisões (25:40 na gravação)

Bom. Esta é a regra geral. Mas tem outros pontos à analisar. Pode ser que a coisa julgada
seja formada em capítulos, e ai difere, a quem para fazer a rescisória. Eu vou poder uma ação
rescisória para propor a ação rescisória, para cada provimento.

A regra é a competência distinta. Mas ela se afasta, quando é de relação de


prejudicialidade. Se o pedido que seria de competência do órgão hierarquicamente superior,
ele sofre influência de prejudicialidade daquele na instância inferior, ele atrai para a instância
superior. Não sendo, a regra é essa aqui.

EX: Ação de paternidade no TJ e ação de alimentos no STJ. Pela relação de


prejudicialidade, atrai-se para o STJ

Outras coisas de competência de ação rescisória.

No caso de competência delegada federa para juiz estadual (INSS,etc...): A competência


será do TRF para julgar a ação rescisória. E não o TJ
Por fim, a hipótese de competência do Inciso II do art. 109 da CF. Compete ao juiz
federal, julgar causa em que esteja de um lado estado estrangeiro ou organismo internacional.
Do outro lado, município ou pessoa domiciliada pelo Brasil. Essa sentença é passível de recurso
ordinário para o STJ. No caso de competência da ação rescisória, a competência não é para o
TRF, mas sim do STJ.

Quanto a competência, há alguma dúvida?

Ação rescisória x ação anulatória.

Na vigência do CPC 73, instaurou-se uma discussão sobre a possibilidade ou não, da ação
rescisória contra provimento judicial homologatório, homologatório de autocomposição,
homologação de transação , reconhecimento de precedência de pedido. etc. Nesses casos, o
juiz homologa por sentença, e opera-se coisa julgada material e título executivo.

A redação do CPC de 73 era conflitante em interpretações literais. O que se permitia a


defesa do cabimento de ação rescisória.

No código atual, o legislador resolveu ser claro, em sentido de que, esse provimento
judiciário mesmo transitado em julgado materialmente, que homologa a autocomposíção, eles
são anuláveis, não rescindíveis. Veja abaixo o parág 4º do 966

§ 4o Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por


outros participantes do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos
homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos à anulação,
nos termos da lei.

Homologou-se uma transação, uma renuncia, e tornou-se coisa julgada. Mas


houve erro, coação, dolo, etc. É inválida. Mesmo assim, são anuláveis e não
rescindíveis.

Bom, vamos as hipóteses da ação rescisória. Quem quer adentrar com uma ação
rescisória, deve estar em algumas da hipóteses do 966. Caso contrário, não será
possível, entrar com a ação rescisória.
I – Prevaricação, concussão ou corrupção do juiz.

São tipos penais, como se pode perceber. O CPC de 39, fazia a nomenclatura de “Juiz
Peitado”.

Esta situação é gravíssima, pois vale a imparcialidade.

Existem umas séries de discussões sobre essa hipótese.

Há necessidade de todos os elementos do tipo? Segundo Fredie, sim, mas segundo Sodré,
não é preciso levar a ferro e fogo. É preciso que haja o preenchimento de todos os elementos
do tipo legal, ou a comprovação de uma situação que em sua essência, corresponde ao próprio
crime. No campo cível não teria tanto rigor.

É preciso a prévia condenação criminal? Segundo Sodré ,não. É possível comprovar o próprio
acontecimento, na ação rescisória.

Ex: Juiz em delação premiada. A ação rescisória pode ser proposta neste caso

É gravíssima a imputação de crime. Deve ter muita cautela. Pode até mesmo ocorrer uma
responsabilidade criminal.

Você pode entrar com a ação rescisória, mesmo que o inquérito não tenha sido aberto.

Esta hipótese de rescisória é raríssima de acontecer na prática. Raríssimo mesmo!

OBS: ADV deve, na procuração de ter poderes específicos na procuração, para que não
responda por denunciação caluniosa!

Neste caso, será desconstituída a coisa julgada e o rejulgamento da coisa.

A regra é que na rescisória, tenha o iudicium rescidens e o iudicium rescisorius. Se for provido
o iudicium rescidens, deve ser refeita toda a prova. Afinal, está corrompido não só o
julgamento, mas também a produção de provas, etc. Está é uma situação de primeira
instância.

Outra hipótese é a de órgão colegiado. Não há dúvidas que pode ser rescisório . Cabe ação
rescisória, mesmo que tenha sido 11 a 0, o voto influencia, para que outros acompanhem o
julgamento. Mesmo que o voto matematicamente dele não tenha sido relevante, e

E mais: mesmo, que ele tenha vencido, e na instância subsequente, há a reforma, alinhando-
se ao voto vencido dele, cabe rescisória. Por que? Porque o voto vencido possa ter
influenciado no julgamento do órgão superior!

II – “Juiz impedido ou absolutamente incompetente”


São 02 situações distintas. A hipótese acima, é do impedimento. (Suspeição não é cabível. Se
não arguiu antes, na primeira instância, já foi)

O que se refere a prova, ela não vai ser utilizada. O voto dele no julgamento, enfim. Tudo que
for vinculado à ele, é contaminado.

No tocante à incompetência: Neste caso, é de incompetência absoluta!

A incompetência relativa se prorroga, e o vício deixa de existir. A depender das circunstâncias,


pode ou não haver julgamento. Como assim?

Ex: Ajuiza-se uma ação rescisória de uma sentença de um juiz da 5ª cível de Salvador, ao
argumento de incompetência absoluta, pois é ação trabalhista. Qual é o juízo competente,
para ação rescisória? O TJ. Entendendo que é de competência trabalhista, o juiz vai extinguir.
Mas vai poder julgar?

Mas vamos à outro caso: Ajuiza-se uma ação rescisória de uma sentença de um juiz da 5ª
cível de Salvador, ao argumento de incompetência absoluta, pois é de vara de família. O juízo
competente é o TJ. E o TJ poderá julgar no caso? Vai poder, pois é competente.

III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte


vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a
lei;

Ai nós temos 4 situações distintas, que permitem a ação rescisória. Sendo que elas podem ser
analisada aos pares.

O dolo é um comportamento de uma parte, proposital e malicioso, visando conduzir em erro a


outra parte, para que ela pratique ato que ela não praticaria. A coação pode ser física ou moral

Se a parte, por qualquer meio, comprove que praticou um ato processual, que não teria
praticado e o fez, em razão de comportamento doloso ou de coação de outra parte, e se esse
ato processual foi determinado para o julgamento da demanda em seu desfavor, ela tem ação
rescisória

Não são hipóteses muito frequentes, mas também não são hipóteses muito raríssimas.

O sujeito atuou maliciosamente. Ele alegou um fato que não era verdadeiro, o sujeito atuou de
má-fé

porque alterou a verdade dos fatos numa petição, o sujeito atuou de maneira desleal porque
ele tinha documentos e não juntou todos que tinha, juntou apenas os que lhe eram favoráveis.
Em que pese isso possa gerar uma litigância de má-fé, isso não é dolo apto para gerar ação
rescisória.
O dolo não é o comportamento puro e simples malicioso. É o comportamento malicioso
adotado por uma parte no sentido de alterar a compreensão da outra parte, fazendo com que
a outra parte pratique um ato de que não praticaria. Perceberam o raciocínio?

Então, tem que provar:

1- O dolo ou a coação
2- Que destes, resultou a prática de um ato que a parte não praticaria (Comissivo ou
omissivo)
3- Este ato foi determinante para a decisão judicial

O código de 73 falava somente de colusão entre as partes. Isto começou a gerar uma série de
discussões. Pois alguns doutrinadores trouxeram diferenças entre colusão e simulação. E a
partir dessa diferenciação, a sustentar que somente caberia no caso de colusão e não de
simulação. Outra corrente entenderia o oposto, pois é uma situação análoga. Mas no código
atual, as duas estão taxadas: Simulação e Colusão. E agora, não faz sentido diferenciar, pois
ambas estão previstas.

Colusão: Processo é utilizado para alcançar uma atividade ilícita. O meio é ilegal. As partes
utilizam para chegar um fim, que não seria alcançado legalmente.

EX: Doação à concubina. Combina o cidadão com a concumbina para adentrar uma ação de
cobrança. Ele fica na revelia, ele não recorre. Etc. Forma-se coisa julgada. Então a concumbina
executa, para que a casa vá para ela. ----- Isso é Colusão

Simulação: O fim utilizado é lícito. Mas você usa o processo, para chegar à outro caminho. Com
isso, gera prejuízo à terceiro. Ai é hipótese de simulação

Ex: Fulano tem dívidas, e resolve doar bem a outrem. Fazendo a doação, entende-se que é
fraude contra credores. Então esse sujeito, em vez da doação, ele combina que o donatário
entre com uma ação de cobrança.

No caso, a transferência do bem não é ilícita. Mas a forma da transferência gera prejuízo para
terceiros.

“ Ninguém pode aproveitar-se da própria torpeza” Aqui,isso não se aplica. As partes podem
propor ação rescisória. E o MP também pode propor ação rescisória.

E nesses casos, não haverá rejulgamento, obviamente


IV – Ofender a coisa julgada.

A ofensa pode se dar tanto aos efeitos negativos, quanto positivo. (veja melhor no livro de
Fredie...)

2 Coisas julgadas: Qual prevalece? A última julgada. Motivo: Segurança Jurídica. Mas ela pode
ser rescindível por ação rescisória.

V - violar manifestamente norma jurídica

Esta é sem sombra de dúvidas, a hipótese mais frequente de ação rescisória.

Em relação à este dispositivo, há uma séries de observações

1 – O CPC de 73 falava de manifesta violação de lei. No CPC atual é norma jurídica.


Não é apenas violação de lei que autoriza, e sim norma, que autoriza ação rescisória.

Cabe ação rescisória para QUALQUER NORMA ABSTRATA, que violada


manifestamente !

Inclusive, falando em norma, fala-se em direito não positivado. Mesmo que não tenha
um dispositivo específico falando dela, por exemplo.

2- O texto anterior falava em literal violação de lei. Um apego à uma visão do


século 19, em que a lei deveria ser interpretada literalmente. E nem sempre, a
interpretação literal é a melhor... Manifesta violação. Por que? Pois pode ser
que tenha uma interpretação que não seja literal, mas não implique em
violação à norma. Quantos dispositivos não devem ser interpretados
literalmente, que eu falei em sala de aula?
É preciso entender quando é possível, o ajuizamento da ação rescisória.

A violação à norma jurídica ela tem que ser MANIFESTA!

Daí se ter editado uma sumula 343 do STF, que procura demonstrar o que é esta
violação manifesta

Súmula 343
Não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei, quando a decisão
rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos
tribunais.

Não há violação manifesta de norma, se há cerca de controvérsia

Se existem 2 correntes doutrinarias ou jurisprudenciais dessa decisão, pode ser até


mesmo que uma dessas esteja em declínio, minoritária, mas se há espaço para esta
discussão, é algo que não é cabível a ação rescisória. Diferente dos recursos.
Mas se esse assunto esta pacificado? Ai sim, cabe ação rescisória.

Então, esta súmula ainda está em vigor

Importante ainda, o registro, de que esta idéia, de que a violação tem que ser
manifesta nesses termos, aplica-se a todo preceito normativo, menos de órgão
constitucional. Já na vigência do CPC 73, se consolidou a linha de pensamento, de
que se a matéria fosse constitucional, o tratamento seria outro. Mesmo que houvesse
discussão na época, uma vez consolidado o entendimento, mesmo após a coisa
julgada, a rescisória seria possível. Então, se sustentava a inaplicabilidade da súmula
343, quando a norma fosse constitucional

A valorização da CF e dos preceitos constitucionais, é visível no nosso direito

Por isso, que na matéria constitucional, o legislador adotou um sistema específico.


Seja a relativização da coisa julgada (coisa julgada inconstitucional) ,seja com
hipótese de ação rescisória específica. Vamos tentar explicar isso

Percebam: A coisa julgada, ela se forma. E de regra, tirando o processo arbitral, se


forma perante o poder judiciário. Formada a coisa julgada, ela tem de ser observada.
E se não observada a coisa julgada? Qual o instrumento a ser usado? A execução.

Na execução judicial, que é um cumprimento de sentença, vai se valer o uso da coisa


julgada. Portanto, na execução, não dá pra se discutir o que ocorreu no processo de
conhecimento. Por isso, a defesa da execução deva ser restrita. Se eu permitisse que
o executado argumentasse o que quiser, eu estaria rediscutindo a coisa julgada.

As matérias que podem ser alegadas em execução de título judicial, são as matérias
de impugnação que estão no Art 525 em seu parag primeiro. O legislador listou
somente matérias cuja discussão não tenha aptidão para violar a coisa julgada
§ 1o Na impugnação, o executado poderá alegar:

I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o


processo correu à revelia;

II - ilegitimidade de parte;

III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;

IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;

V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;

VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como


pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que
supervenientes à sentença.

I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo


correu à revelia;

Por que ele pode alegar isto? Se não houve citação e ele não compareceu em juízo, faltou um
pressuposto processual de existência. Então, este processo não produz efeito jurídico.
Portanto, ele pode alegar pelo simples fato que não houve coisa julgada

II - ilegitimidade de parte;

Não é a legitimidade de parte da ação de conhecimento. Ele pode alegar que não é o credor ou
o devedor, para a fase de execução. Esta legitimidade é comparar o título, e ver quem tem
legitimidade para executar

IV - penhora incorreta ou avaliação errônea

Eu tô discutindo que foi penhorado ou avaliação do que não foi penhorado, não
há nenhuma relação com a coisa julgada do processo de conhecimento

V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

No excesso de execução, eu tô querendo preservar a coisa julgada. O valor é de x e não de 2x.


Outra coisa é cumulação indevida de execuções. Eu tô dizendo é olhe: O título é lhe dá o
direito de executar 3 prestações, mas como as 3 são de procedimentos distintos, então você
não pode ir por assim

VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;


VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como
pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que
supervenientes à sentença.

Entenda-se, desde que superveniente a coisa julgada, esta interpretação não é literal. Se
estou falando de algo modificativo, impeditiva ou superveniente a coisa julgada, eu não corro
risco de violar a coisa julgada

Então o legislador, quando restringe as matérias de impugnação, ele quer é preservar a


autoridade da coisa julgada. Senão, a impugnação seria uma rescisória de primeiro grau,
julgada por um juiz de primeiro grau.

Agora, no inciso terceiro, ele diz que também é possível, que se sustente, a defesa do
executado na alegação de inexecutibilidade do titulo ou na inexegibilidade da obrigação. A
inexecutibilidade ou inexegibilidade da obrigação, também não tem aptidão para modificar a
coisa julgada.

O título é inexigível, pois depende de um termo, e o termo não ocorreu, por exemplo.

Mas onde é que começa a relativização da coisa julgada?

É a hipótese, na qual, nem precisa a rescisória:

§ 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1o deste artigo, considera-se


também inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado
em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal
Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo
tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição
Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso.

§ 14. A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12 deve ser anterior


ao trânsito em julgado da decisão exequenda

Vejam, isso ai implica na relativização da coisa julgada. Tá dizendo isso ai, havia uma
decisão do Supremo, tomada em uma desses casos do parágrafo 12. O juiz ou
desembargador julgou contra a decisão do Supremo, quando já existia decisão do
Supremo. E por qualquer motivo, já transitou em julgado essa decisão.

Quando começar a execução, lá em primeiro grau, o executado poderá dizer.

“Olha eu fui condenado mesmo, nesses termos. Passou em julgado. Mas passou em
julgado em outubro de 2016. Mas em dezembro de 2015, o STF já entendeu que essa
norma que embasou a condenação é inconstitucional. Portanto, esse titulo é inexigível,
e então a execução não pode avançar. Se a coisa julgada é inconstitucional, eu não
tenho obrigação de cumpri-lá!.

Então, não é necessário ação rescisória.

E ai, a CF é priorizada neste caso.

Por isso, que se diz, que há uma relativização da coisa julgada.

Agora, muitas vezes, uma parte demora décadas para tomar a execução. Então, tudo
reinicia.. (inaudível)

Então, a coisa julgada é prejudicada neste caso.

Para que sustente a impugnação, a coisa julgada inconstitucional, diz o parág 14. Do
525, diz que a decisão de inconstitucionalidade deve ser anterior a coisa julgada, mas
se for posterior?

§ 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em julgado da


decisão exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito
em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal.

Então, você ai tem uma outra hipótese de rescisória, que não está no 966. Ela está no
525. Inclusive, com prazo que se conta, não da formação da coisa julgada, no que
alude ao provimento judicial rescidento. Mas sim, do trânsito em julgado da decisão do
supremo

São preceitos normativos, que trazem insegurança jurídica. Não é a toa, que o STF
em seu julgamento, deve observar a modulação dos efeitos

§ 13. No caso do § 12, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal


poderão ser modulados no tempo, em atenção à segurança jurídica.

Então, quando o STF julga, ele deve ter muito cuidado, pra ver se é ou não é, modular
os efeitos.

Vou dar um exemplo pra vocês, que não sei como é a modulação dos Efeitos, que não
sei como funciona:

O Código Civil de 2002, trazia um caso de sucessão diferenciada entre companheiro e


cônjuge. Se falecia a pessoa, e vivia em união estável, o direito da companheira
estava no 1790. Se ela vivia com a mesma pessoa, mas não em união estável, mas
sim o casamento, era a regra do 1829. Desde 2002,2003, há quem sustentasse ou
que havia que sustentasse , a inconstitucionalidade do art 1790. No Direito de
Família/Sucessões, existem 2 linhas distintas. Umas que deve ser tratado com
igualdade a união estável e o casamento, e outra que uma coisa é x e outra é y. E eu
entendo esta linha. Eu sempre defendi a segunda opção.

O STF decidiu em janeiro de 2017, que o 1790, era inconstitucional, prestigiando a


primeira linha, a igualdade entre os 2 institutos. Mas janeiro desde 2003 até janeiro de
2017, quantos inventários não foram julgados? Tantos acordos não foram feitos de
partilha, de acordo com o 1790? Estamos falando de centenas de milhares. Se o STF
não modular isso ai, vai se ver partilhas de 2003, 2004, 2005, situações que as
pessoas já receberam o bem e venderam o bem, doaram o bem, já morreu e passou o
bem pra outra pessoa, etc. Ou você modula e diz: Olhe, é inconstitucional, é. Mas é
inconstitucional somente para sucessões após este e julgamento, e não alcançando os
processos atrás. Ou você faz isso, o cria a insegurança jurídica vai ser enorme, e a
ação rescisória vai ser largada, e a coisa julgada vai ser banalizada. Dúvidas em
relação à isto?

VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo


criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória;

Prova falsa. Autoriza-se a ação rescisória, fundada em alegação de prova falsa. A


primeira consideração que deve ser feita, é que o Código anterior, falava em
documento falso. O Código atual fala em prova falsa. Ou seja, qualquer que seja a
prova, havendo falsidade, poderá haver rescisória. A lei não distinge falsidade material
ou ideológica. Sendo umas das 2, cabe rescisória.

Agora, é indispensável, que a única prova existente, seja falsa. Porque sem
amparo a alegação da parte, e existir outra prova, a rescisória vai ser improcedente.
De igual maneira, é necessário um nexo causal direto entre a prova falsa e o
julgamento que foi feito. Ou seja, a prova falsa deve ser determinante para a formação
do entendimento quanto ao fato. E o fato deva ter sido determinante, para o
julgamento da causa, nesse sentido.

Nessa hipótese aqui, vai ter o iudicium rescindesn como o iudicium rescisorium

VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja


existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe
assegurar pronunciamento favorável;

Rescisória fundada em prova nova. A prova nova não é uma prova produzida depois
doo transito em julgado. Necessariamente, era uma prova que existia antes do transito
em julgado. A prova nova, é na verdade, prova velha. Eu não pude fazer uso, por
desconhecê-la, não pude usar em razão de força maior.
Exemplo: Meu pai faleceu faz 14 anos. Em dezembro, trocaram o aquecedor na casa
da minha mãe. Por trás do aquecedor, tinha atrás uma caixa, com uma pistola, e umas
fotos. A pistola já estava enferrujada, parecia que tinha uns 14 anos. Tanto que
entreguei à Polícia Federal. E nessa caixa, existiam vários documentos. Fotos da
época de faculdade do meu pai, papel de quitamentos, papel de procuração, etc

Esta prova já existia. Existia antes do falecimento. Essa prova era desconhecida. Os
sucessores não tinham como saber, como estava lá. Depois da formação da coisa
julgada, o encontro da prova nova, que é uma prova velha, que já existia, mas que não
poderia ser utilizada, pode ser utilizada a ação rescisória.

Agora, depois que formou-se a coisa julgada, você tem a constituição de uma prova.
Você fez uma perícia, você fez um estudo técnico, você lavrou uma ata notarial, isto é
imprestável, para fins de ação rescisória.

Bom, é necessário que a prova nova tenha aptidão para mudar o julgamento. Se não
tiver esse requisito, você vai ter a improcedência da rescisória.

VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos

Se isso fosse interpretado literalmente, teríamos a banalização da coisa julgada. Pois


o sujeito sempre poderia dizer :”O juiz apreciou a prova errado. Ele entendeu o fato
existente como inexistente, e vice versa” Houve erro de fato. Então vou discutir a
prova, por meio de ação rescisória.

Então, essa hipótese deve ser analisada com ressalvas.

Vejam que todas as hipóteses de rescisória, a única que o legislador fez por limitar
positivamente, foi nessa.

§ 1o Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato inexistente ou


quando considerar inexistente fato efetivamente ocorrido, sendo indispensável,
em ambos os casos, que o fato não represente ponto controvertido sobre o qual
o juiz deveria ter se pronunciado.

Então vejam: há erro de fato quando o fato foi tido por inexistente, mas é existente. Ou
vice-versa

É indispensável que não represente ponto controvertido, sobre o qual o juiz tenha se
pronunciado

O que eu quero dizer: se o fato foi alegado por um, e foi negado por outro, surgiu a
controvérsia. Por mais bizarra que seja a decisão, por pior que seja o exame de prova,
não cabe a rescisória.
O fato ou erro do fato, pressupõe a ausência de discursão do processo, em torno
desse fato.

Presume-se que se houve contraposição do fato, a prova foi examinada, e a coisa julgada deve
ser observada, ainda que tenha havido erro.

Não basta o erro do fato. É necessário que o erro do fato recaia sobre um fato que não foi
controvertido.

Com isto, fechamos as hipóteses de ação rescisória. Não há viabilidade da ação rescisória, sem
alegar uma dessas. E é possível existir uma rescisória por mais de 01 motivo listado? Claro!

Legitimidade

Art. 967. Têm legitimidade para propor a ação rescisória:

I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou


singular;

II - o terceiro juridicamente interessado;

III - o Ministério Público:

Parte – Todo aquele que postula em juízo (autor,réu e terceiro interveniente). Sucessor da
parte, à titulo singular, é aquele que sucedeu a parte no bem em particular. Exemplo: ação
possessória – quem herdou a fazenda

A título universal: o herdeiro. À pessoa jurídica, fazendo uma analogia

Legitimado para ação rescisória é a parte do processo ou seu sucessor a título universal ou
singular. Essa questão de parte no processo deve ser entendida em sentido amplo. Parte é o
autor, réu, terceiro interveniente. Todos aqueles que atuaram com uma dessas qualificações
no processo em que houve a formação da coisa julgada rescindenda, detêm legitimidade ativa
para a rescisória. Pode ser que o sujeito tenha sucedido a título singular ou a titulo universal. A
título universal quando existe, por exemplo, o falecimento e os herdeiros vêm assumir os
direitos e as obrigações do de cujus. Ou quando ocorre a incorporação de uma empresa por
outra. Sempre que há uma sucessão a título universal, ocorre transferência da legitimidade. Se
o sucedido teria legitimidade para ação rescisória, o sucessor também a terá. O mesmo
raciocínio serve para a sucessão singular. Se alguém vendeu um bem e a ação rescisória gira
em torno dele, quem comprou ou recebeu o bem em doação, passa a ser legítimo proponente
da ação rescisória. Então o legitimado por excelência é a parte, entendida como parte o autor,
réu e terceiro interveniente e o sucessor da parte a título singular ou universal.

Inciso II

Trata do terceiro juridicamente interessado. Como o nome propriamente diz, é quem não
participou do processo, mas é titular de relação jurídica atingida pelo provimento judicial.

EXEMPLO: Locador propõe o despejo contra o locatário. Locatário é parte legitimada para
responder ao despejo. Extinta a locação também o será, se existir, a sublocação. O
sublocatário sofrerá com o despejo decretado em desfavor do locatário, já que é sublocador.
Ele detém legitimidade para ação rescisória. O interesse aí é sempre jurídico e não econômico.
É o mesmo interesse que foi estudado em Processo Civil I em relação a assistência. É o mesmo
interesse jurídico que foi estudado neste semestre presente no interesse para recorrer. É
sempre um interesse jurídico e não econômico. Então a análise não é no sentindo de sofrer um
prejuízo. Para propor uma ação rescisória, tem que ser necessariamente demonstrada, a
titularidade de uma relação jurídica que está sendo alcançada pelo provimento judicial
proferido no processo em que o proponente não é parte.

RESUMO: quem não foi parte no processo, mas por força do provimento judicial transitado
em julgado tem relação jurídica da qual é titular sendo atingida, é terceiro interessado, para
fins de propositura da ação rescisória.

EXEMPLO: (A) empresta dinheiro para (B). (B) é dono de um imóvel e (X) ajuíza uma ação
reivindicatória nesse imóvel. Nessa hipótese pode ser que o único imóvel, o único bem
penhorável que (B) tenha seja esse. Se a reivindicatória é procedente, (A) não receberá. (A)
não sofre prejuízo jurídico, ele sofre prejuízo meramente econômico. Porque ele era e
continua como credor quirografário.

Mas se o exemplo tem por base um mútuo hipotecário (credor hipotecário) muda tudo em
relação ao que foi dito acima. Muda tudo porque com a procedência da reivindicatória a
hipoteca cai. Então passa a existir uma relação jurídica da qual (A) é titular que é atingida pelo
provimento judicial fundada no processo em que (A) não é parte. Aí (A) poderá propor ação
rescisória.

A pessoa que poderia ter ingressado no processo como assistente, porque tinha interesse
jurídico, é a mesma pessoa que depois da decisão pode recorrer como terceiro prejudicado, já
que a assistência também exige interesse jurídico. A pessoa que poderia recorrer como
terceiro prejudicado após a decisão é a mesma pessoa que pode propor ação rescisória depois
da coisa julgada porque também tem interesse jurídico. Então os três institutos: a assistência,
o recurso de terceiro e a ação rescisória por terceiro exigem a mesma coisa. Somente interesse
jurídico autoriza ação rescisória.
Inciso III

Diz que o Ministério Público detém legitimação para propor ação rescisória.

Quando ele é parte no processo, atua como dominus litis (dono da lide), essa legitimação é
direta por conta do inciso I. Mas o legislador no inciso III quer deixar claro que o Ministério
Público, mesmo nos processos em que não foi parte, pode propor ação rescisória. Ele pode
propor ação rescisória quando deveria ter atuado como fiscal da lei e não foi intimado (nos
casos de intervenção obrigatória do Ministério Público, previstos no art. 178). Se foi intimado e
não respondeu, evidentemente, não poderá propor ação rescisória

Quando o fundamento da ação rescisória é colusão ou simulação, também é hipótese de ação


rescisória proposta pelo Ministério Público.

Ele também pode propor a ação nos casos que a lei preveja.

Inciso IV

Quando não foi ouvido no processo aquele cuja intervenção era obrigatória. Obviamente esse
alguém que deve ser ouvido, cuja intervenção é obrigatória, não é o Ministério Público, pois
ele já é contemplado no inciso anterior. O inciso se refere às situações nas quais a lei
estabelece que em certos processos determinados entes devem ser ouvidos. Isso tende a se
tornar cada vez mais frequente em nossa ordem jurídica, em razão dos sistemas de
precedentes que está sendo adotado. Hoje isso ocorrem em algumas situações específicas. A
ação na qual você quer anular ou invalidar o registro de patente comercial é uma ação para
qual o INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) sempre deve ser intimado para se
manifestar. O INPI não é parte

. EXEMPLO: Letícia registrou a patente, Catarina entende que ela é titular da patente e quer
anular ou invalidar esse registro. Ela demanda Letícia. O INPI não tem nada com isso. Mas
nesse processo ele deve ser ouvido. Se ele não foi ouvido, ele terá direito a ação rescisória.

O mesmo acontece com a Comissão de Valores Imobiliários (CVI), quando a ação envolva
valores imobiliários. Esse é o quadro de legitimação ativa.

LEGITIMIDADE PASSIVA

Temos um quadro, que precisa ser analisado em caso a caso. Se há uma pretensão de
desconstituição da coisa julgada, a coisa julgada compôs o patrimônio jurídico de alguém.
Essas pessoas que vão ter prejuízo com a desconstituição da coisa julgada, elas serão partes na
rescisória. Inclusive, podendo haver litisconsórcio ativo (que é sempre facultativo), também
pode existir litisconsórcio passivo necessário. Então saber quem é legitimado para ficar no
polo passivo da rescisória, pressupõe verificar quem teria o seu patrimônio jurídico atingido
pela desconstituição da coisa julgada. É uma analise que deve ser feita caso a caso. Inclusive, à
vista do pedido rescisório. Pode ser que alguém tenha sido parte na ação, em que se formou a
coisa julgada, não figure como autor, nem seja legitimado passivo. Então, a verificação vai ser
feita caso à caso.

Quanto à essa legitimação passiva, existe uma questão que é bem interessante, e que precisa
aqui, ser enfrentada. Em todo processo, vai haver a imposição de responsabilidade
sucumbencial. Dentre as que compõem as parcelas de responsabilidade sucumbencial, existem
os honorários advocatícios. Esses honorários pertencem aos ADV’s. Então na grande maioria
dos casos, desconstituindo a coisa julgada, alcança não somente os interesses da parte, mas
também do ADV, da sociedade de ADV’s.

Já houve, quem defendesse que a necessidade dos advogados, ou sociedade de advogados


integrarem a relação jurídico processual rescisória.

Não é o entendimento que prevaleceu.

E para compreender isso, é necessário compreender esta discussão em torno dos honorários. E
algo tratado no cotidiano, mas raramente explicado

Vejam: Já na inicial, o autor pede, dentre outras coisas, a condenação do reu,a o pagamento
do réu aos honorários. Mas esses honorários não são do autor. Mas sim dos advogados do
autor. O réu pede a improcedência, mas também o pagamento do autor aos honorários.

Fixado os honorários, as partes podem recorrer, pra aumentar ou diminuir aos honorários.

E as partes que estão em nome próprio, estão defendendo o direito de terceiro.

O que é que se dá, quando alguém em nome próprio defende interesse alheio? Legitimação
extraordinário.

Para fins de honorários, a parte é substituta processual dos ADV’s. Tem legitimação
extraordinária ativa e passiva.

O que se entende, é que o escritório de advocacia não é litisconsórcio passivo necessário, por
causa da legitimação extraordinária.

Malgrado, possa entrar no processo como assistente.

A única hipótese em que a legitimação recai sobre advogados ou sociedade de advogados, é


quando o objeto da rescisória, se restringe ao julgamento da verba honorária. Porque ai, não
há interesse da parte, e não existe necessidade da substituição.

Parágrafo único. Nas hipóteses do art. 178, o Ministério Público será intimado
para intervir como fiscal da ordem jurídica quando não for parte.
Na vigência do CPC 73, se formou uma linha de pensamento, (como também se
positivou) que o Ministério Público, a depender dos interesses da lide, poderia atuar.
Mas também, o Ministério Público poderia atuar em razão do procedimento,
independentemente dos interesses envolvidos.

Então o MP atuava em todas ações de alimentos, mesmo que não tivesse incapaz. O
MP por diversa expressão legal, atuava em ação de usucapião, atua em mandado de
segurança (Tá na lei até hoje)

A CF estabelecia que o MP tinha uma atividade dirigente. E não há sentido em atuar


fora das hipóteses estabelecidas das suas funções

O Código atual procura romper com esse paradigma, de que pode haver atuação do
MP não por causa dos interesses, e não por causa dos procedimentos em curso. E
nessa linha, é que vai para ação rescisória.

Até ano passado, havia o entendimento, de que o MP em toda ação rescisória atuaria,
pois havia o “interesse público”, por causa da coisa julgada.

O MP atua em ação rescisória? É evidente! Mas somente nas hipóteses do art 178. (O
art 967, no seu parág. único, disciplina bem esta situação.)

Na ação rescisória, um pedido sempre estará presente: o de rescisão. É de natureza


da ação rescisória. Então toda AR terá isso.

Pode ser que não tenha como pedir o rejulgamento (Caso de simulação, efeitos
negativos da coisa julgada,etc). Então o pedido será somente o de rescisão. Agora se
é possível pedir o rejulgamento, haverá uma cumulação necessária de pedidos.
Inclusive é uma cumulação de prejudicialidade. Somente terá o rejulgamento, se puder
ser feito o pedido de rescisão.

Art. 968. A petição inicial será elaborada com observância dos


requisitos essenciais do art. 319, devendo o autor:

I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo


julgamento do processo;

Vejam: Haverá sempre o pedido de rescisão. E sempre o pedido de rescisão vai ser
cumulado com o rejulgamento, salvo se for impossível. Não será uma opção do autor.
Mas sim, possibilidade ou não do rejulgamento da questão.
Outro aspecto da ação rescisória, é que se exige além das custas processuais, um
depósito rescisório. O processamento da ação rescisória pressupõe um depósito. Isso é
para :

1-Evitar ajuizamentos afoitos de ações rescisórias

2-Compensar a parte, se a rescisória for julgada improcedente

O depósito rescisório é de 5% de valor da causa.

Art. 968. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos
essenciais do art. 319, devendo o autor:

II - depositar a importância de cinco por cento sobre o valor da causa, que se


converterá em multa caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada
inadmissível ou improcedente.

Então vejam. Deve o autor depositar a importância de 5%. Além das custas processuais, ele vai
pagar o valor de 5%. Se no final, a rescisória for procedente ou se a rescisória for
improcedente ou inadmissível, [..inaudível]

Na vigência do CPC 73, se formou o entendimento de que seria preciso haver um limite para o
depósito rescisório. Não tem como acessar a justiça, em casos, se for no 5%.

Um exemplo daqui , foi o da Bahia, com o Banco Econômico. O valor foi de 3 trilhões, e era
necessário o depósito de 5%. Esse caso é totalmente inviável.

O Código atual, positiva isso:

§ 2o O depósito previsto no inciso II do caput deste artigo não será superior a


1.000 (mil) salários-mínimos.

Por outro lado, existem situações de dispensa do depósito:

§ 1o Não se aplica o disposto no inciso II à União, aos Estados, ao Distrito


Federal, aos Municípios, às suas respectivas autarquias e fundações de direito
público, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e aos que tenham obtido o
benefício de gratuidade da justiça.

Então nestes casos, temos a dispensa subjetiva ao depósito. São dispensáveis ao


depósito portanto, estas listadas.
Alguma dúvida?

Há uma hipótese de emenda da inicial, na rescisória, em que se identificava uma


constância no foro, e dificultava a ação rescisória. E foi positivada no novo CPC, para
então, que não fosse perdido o objeto da ação rescisória

§ 5o Reconhecida a incompetência do tribunal para julgar a ação


rescisória, o autor será intimado para emendar a petição inicial, a fim de
adequar o objeto da ação rescisória, quando a decisão apontada como
rescindenda:

I - não tiver apreciado o mérito e não se enquadrar na situação


prevista no § 2o do art. 966;

II - tiver sido substituída por decisão posterior.

§ 6o Na hipótese do § 5o, após a emenda da petição inicial, será


permitido ao réu complementar os fundamentos de defesa, e, em seguida,
os autos serão remetidos ao tribunal competente.

Perceba que aqui, é uma hipótese de emenda da petição inicial para a [..inaudível]

A ação rescisória, ela se funda contra :

1- um provimento judicial de mérito que transitou em julgado ,ou u


2- Um provimento que não é de mérito ,mas se tratou de admissibilidade recursal,
3- Um provimento que não é de mérito, mas obstou o direito de ação na propositura

Agora. Pode ser que o sujeito indique indevidamente o objeto da ação rescisória. Há um Resp
que se conhece o mérito, mas mantém o julgamento. Qual é o provimento judicial para
impugnação? O acordão do STJ.

Outro exemplo: acordão da Bahia, que ele cita no exemplo.

Entenda que houve um acordão pro STJ, mas não conheceu o especial. A discussão da ação
rescisória depende de qual é o provimento a ser impugnado.

[Inaudível..]

Perceba: Você tem uma sentença de primeiro grau. A sentença é de improcedência. Você tem
ao TJBA a apelação. Em razão da apelação, passa a ter uma improcedência. A parte vem ao STJ
e lança mão do Resp. Aqui tenho um acordão, e este acordão é de inadmissibilidade de recurso
especial. Eu posso ter uma rescisória sobre a inadmissibilidade. Onde é que proponho? No STJ.

O que se está dizendo: Identificando o vício no caso. Não vai se julgar improcedente. Vai levar
a intimação ao autor, para corrigir o vício. E se a correção do vício, for a questão do objeto da
rescisória, haverá a remessa dos autos para o tribunal competente.

Ação rescisória e tutela provisória.


Art. 969. A propositura da ação rescisória não impede o cumprimento da
decisão rescindenda, ressalvada a concessão de tutela provisória.

A ação rescisória, em regra, não tem efeito suspensivo. A regra é que, enquanto há o
processamento da ação rescisória, se possa exigir o cumprimento judicial.

Agora, a tutela provisória antecipatória (cautelar) ela se aplica a qualquer


procedimento, inclusive a ação rescisória. É possível obter qualquer medida de tutela
provisória (urgência, evidência...). E com a tutela provisória [inaudível]

Prazo para a ação rescisória

Art. 975. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados


do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo.

§ 1o Prorroga-se até o primeiro dia útil imediatamente subsequente o


prazo a que se refere o caput, quando expirar durante férias forenses,
recesso, feriados ou em dia em que não houver expediente forense.

§ 2o Se fundada a ação no inciso VII do art. 966, o termo inicial do


prazo será a data de descoberta da prova nova, observado o prazo
máximo de 5 (cinco) anos, contado do trânsito em julgado da última
decisão proferida no processo.

§ 3o Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o prazo


começa a contar, para o terceiro prejudicado e para o Ministério Público,
que não interveio no processo, a partir do momento em que têm ciência
da simulação ou da colusão.
O prazo para ação rescisória é de 02 anos. Esse prazo é decadencial, e contado com
a formação da coisa julgada.

Vejam que não é da publicação da sentença. Vai haver a comunicação da sentença, e


então vai correr o prazo para interposição de recursos, e então forma-se a coisa
julgada, caso não existam recursos. Esse biênio não se interrompe. O prazo é
decadencial.

Os prazos decadenciais não se prorrogam...

A contagem dos prazo da ação rescisória, ela também traz discussões muito
acirradas.

Súmula 401
O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer
recurso do último pronunciamento judicial.

Vejam. O prazo só se inicia, quando não for mais cabível recurso, pro último pronunciamento
judicial. 2 questões devem ser enfrentadas sobre essa súmula.

Na vigência do CPC 73, se discutia muito o inicio do prazo da rescisória, quando o recurso for
inadmissível. Percebam: recurso inadmissível é recurso inexistente. Imaginem em uma
sentença de 1999. Em 2005, esse acordão veio. O recurso especial é interposto em 2006. Só
agora em 2017, o STJ diz que esse especial é inadmissível.

Se você analisar tecnicamente, se o recurso era inadmissível, ele seria juridicamente


inexistente . A coisa julgada seria em 2005, e a rescisória seria passado o prazo em 10 anos

O STJ fez a solução que parece mais adequada, de que: o prazo de 02 anos, mesmo que o
recurso seja inadmitido, ele se conta do decurso da impossibilidade de interposição de recurso
contra alguma do processo.

Só começa a contar, quando não cabem mais recursos ao provimento judicial.

Isto ai, é pra resolver a primeira questão, no tocante a questão do prazo.

Por óbvio, esse raciocínio não vai se aplicar, nas hipóteses de intempestividades manifestas.

Essa é a primeira parte da conversa.

A segunda questão, é um pouco mais delicada.


Eu posso ter a formação de coisa julgada, em capítulos da sentença em questões distintas. Eu
tenho capítulos A ,B e C. Eu posso ter o recurso de A e B.

A coisa julgada, se forma em momentos distintos. S eu interpretar literalmente, a súmula 401.


[inaudível...]

Entao eu não posso entender, que embora tem gente que defenda isso, e tenha no precedente
da súmula, que o prazo para a rescisória é único. O prazo é de 02 anos, sendo pra cada
capítulo.

Ressalvada a hipótese de prejudicialidade. Se houverem prejudicialidade entre os capítulos, ai


será diferente

Ainda no tocante ao prazo da rescisória, encontraremos situações específicas:

§ 2o Se fundada a ação no inciso VII do art. 966, o termo inicial do prazo será a
data de descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de 5 (cinco) anos,
contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo.

Bom, é um dispositivo criticável. Quanto a prova nova, conta 02 anos, não da formação da
coisa julgada, mas da descoberta da prova. Mas nunca num prazo posterior à 05 anos, do
transitado em julgado.

§ 3o Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o prazo começa a


contar, para o terceiro prejudicado e para o Ministério Público, que não interveio
no processo, a partir do momento em que têm ciência da simulação ou da
colusão.

Aqui é uma situação ainda, de insegurança jurídica maior. Aqui não tem um espaço
temporal, de como se afirmou

Áudio 04
Procedimento da ação rescisória

Ele está nos artigos 968 e seguintes. A primeira observação à ser feita, é que a ação rescisória
é uma ação autônoma. Instaurada a rescisória, nasce outra relação jurídica-processual. A ação
rescisória deverá ser ajuizada por meio de uma petição inicial, que atenda os requisitos do art
319. Essa ação rescisória, ela tem causa de pedir vinculada. E uma causa de pedir, deve ser um
dos vícios rescisórios, que estão previstos em lei. Ela deve ser proposta num prazo de 02 anos.
Ela traz necessariamente o pedido rescisório, e sempre que possível, o pedido de
rejulgamento. Ao lado disso, ao ajuizar a ação, ressalvada as hipóteses de isenção legal, deve
ser feito, além do pagamento das custas processuais, o depósito do Art. 968, inciso 2º do CPC.

Se essa petição inicial possui vícios sanáveis, deve ser feita a emenda.

Se o vício, ele é insanável, é hipótese de indeferimento da inicial.

Nós estudamos no semestre passado, que pode haver improcedência liminar do pedido. No
mérito, pode ter o julgamento ,sem a citação do réu. Pode ser aplicada a improcedência
liminar, do 332? Sim!

Pode ser que essa petição venha com um pedido de tutela de urgência.

Não sendo hipótese de indeferimento da inicial, feita a emenda, será determinada a citação do
réu, para o oferecimento de defesa. (Teremos o despacho citatório)

Art. 970. O relator ordenará a citação do réu, designando-lhe prazo nunca


inferior a 15 (quinze) dias nem superior a 30 (trinta) dias para, querendo,
apresentar resposta, ao fim do qual, com ou sem contestação, observar-se-á, no
que couber, o procedimento comum.

Então vejam. O relator, ele vai receber a petição inicial para o processamento da ação
rescisória, vai determinar a citação do réu, para o oferecimento de defesa. O réu vai ser citado
pela via postal, vai ser citado por mandato, a depender da hipótese...Enfim, não há
especificidade na citação ou contagem de prazo.

O que há de especificidade, é que, a depender da complexidade, o relator fixará o prazo de


15 a 30 dias.

O relator então fixa o prazo, a citação será feita, e o prazo da contestação será de 15 a 30 dias.
Toda matéria defensiva, deve ser trazida à preliminar de contestação. À exceção

Cabe reconvenção em ação rescisória? Sim!

Mas ela deve ser apresentada dentro do prazo bienal, e deve ter por causa de pedir, uma das
hipóteses de rescisória. A reconvenção na ação rescisória, só pode ter por objeto, o mesmo
acordão. Obviamente, para ter interesse de reconvir, em parte, tenha sido favorável ao autor
da ação rescisória, e também em parte, favorável ao réu da ação rescisória.

Na reconvenção, os únicos pedidos possíveis são os de rescisão, e sempre que possível, o


rejulgamento . Há de se observar o prazo, e há de se fazer o depósito.

O entendimento prevalente , é que não há presunção de veracidade, em razão da ausência de


contestação em ação rescisória. É o entendimento que comporta uma série de discussões, mas
é o posicionamento tradicional. Pelo motivo, da preservação da coisa julgada.

A partir do momento em que há a contestação, observa-se o rito comum. Se a hipótese é de


réplica, a réplica vai ser julgada. Se não há necessidade de instrução, após a réplica, vamos ter
o julgamento antecipado. Se não há hipótese de julgamento antecipado, vamos ter a decisão
saneadora. Se for o caso, pode haver, no saneamento, o julgamento antecipado parcial.
Haverá uma fase instrutória, então. Encerrada a fase instrutória, memoriais.(????) . Na
sequência, julgamento colegiado, por meio de acordão.

Encerrada a instrução, você vai ter a possibilidade de manifestação das partes sobre as provas.
Então, são as razões finais, que podem ser escritas ou orais.

Quanto à produção de prova, chamo à atenção do art 972:

Art. 972. Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, o relator


poderá delegar a competência ao órgão que proferiu a decisão rescindenda,
fixando prazo de 1 (um) a 3 (três) meses para a devolução dos autos.

Então quanto à produção de prova, o relator pode produzir ele mesmo, as provas no
tribunal. Mas pode também delegar a instrução, se achar conveniente, ao juiz de
primeiro grau, ou ao órgão que proferiu a decisão rescidenda.

Encerrada a instrução, vão haver os memoriais finais. Veja o 973:

Art. 973. Concluída a instrução, será aberta vista ao autor e ao réu


para razões finais, sucessivamente, pelo prazo de 10 (dez) dias.

Parágrafo único. Em seguida, os autos serão conclusos ao relator,


procedendo-se ao julgamento pelo órgão competente.

Dúvidas até ai?

Encerrado o procedimento, o relator vai pedir data pro julgamento. Vai haver publicação de
pauta, e as partes vão ser intimadas. Após a leitura do relatório, se vai facultar a sustentação
oral. E na sequência, vai haver a leitura do voto, as discussões, e o proferimento do resultado.
Vamos ver o 974:

Art. 974. Julgando procedente o pedido, o tribunal rescindirá a


decisão, proferirá, se for o caso, novo julgamento e determinará a
restituição do depósito a que se refere o inciso II do art. 968.

Parágrafo único. Considerando, por unanimidade, inadmissível ou


improcedente o pedido, o tribunal determinará a reversão, em favor do
réu, da importância do depósito, sem prejuízo do disposto no § 2o do art.
82.

Então, pode ser que o tribunal julgue procedente o pedido. Ai ele vai rescindir, e se for o caso,
vai fazer o rejulgamento. Se houver procedência do pedido, vai haver a restituição do
depósito, como no parágrafo único.
Bom, se foi improcedente ou inadmissível por unanimidade, o depósito fica com o réu da ação
rescisória. Todas as demais hipótese, o depósito retorna para o autor.

No julgamento aqui, vai se ter também a imposição dos encargos sucumbenciais, inclusive os
honorários advocatícios.

O acordão proferido em sede de ação rescisória, eventualmente pode levar a necessidade de


ampliação da turma, caso não haja unanimidade. Nós estudamos o art 942. O art 942 é aquele
da técnica da ampliação da turma em continuidade do julgamento, quando a apelação não é
julgada por unanimidade.

§ 3o A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se,


igualmente, ao julgamento não unânime proferido em:

I - ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença,


devendo, nesse caso, seu prosseguimento ocorrer em órgão de maior
composição previsto no regimento interno;

II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que


julgar parcialmente o mérito.

O parág. 3º do 942, fala que a técnica de julgamento deste artigo, também se aplica em
julgamento não unânime, proferido em ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da
sentença, devendo nesse caso, o procedimento ocorrer em órgão de maior composição,
previsto no regimento interno. Então, se há um julgamento de procedência não unânime,
suspende-se o julgamento, para que se tenha a remissão dos autos para órgão de maior
composição, previsto no regimento interno e ai se tenha a continuidade desse julgamento.

Com ou sem a ampliação da turma, uma vez julgada a rescisória em âmbito de TJ ou TRF,
tem a possibilidade de recurso de Resp ou RE, apenas. Se o julgamento for feito no âmbito
do STJ, tem apenas o RE. E se for no STF, não tem mais recurso.

Dúvidas sobre a ação rescisória?

Reclamação

1- Considerações Gerais
2- Natureza Jurídica
3- Inadmissibilidade
4- Hipóteses Legais
5- Legitimidade
6- Procedimento
7- Decisões de Juizados Especiais

Em relação à reclamação, serão necessárias algumas considerações iniciais, para entender este
assunto.

Vejam só. A reclamação é algo que cuja existência independe à margem de previsão legal.
Pensar na reclamação, pressupõe entender a teoria dos poderes implícitos. Que tenha
poderes para cada órgão necessário para que o órgão exerça suas atividades

No campo do Poder Judiciário, a teoria dos poderes implícitos, procura a ideia que cada
tribunal tem os meios necessários para preservar sua competência. E cada tribunal deve ter os
meios necessários para efetivas suas próprias decisões. Em que tese, se possa defender, de
que exista previsão no direito positivo, ela já tem sua previsão, na CF-88. E na CF 88, positivou
a teoria dos poderes implícitos.

A reclamação na forma que foi positivada na CF, ela serviu do procedimento para preservar a
competência e para assegurar a autoridade das decisões dos tribunais superiores (STF e STF)

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição,


cabendo-lhe:

l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas


decisões;

Ela visava assegurar a preservação da competência e a autoridade das decisões judiciais.

Exemplificando isso: Pensem , por exemplo, um recurso especial. Ele é interposto perante o
tribunal da Bahia, ele é processado. A 2ª vice-presidência declara o Resp inadmissível,
negando o processamento desse recurso. Qual o instrumento processual para recorrer disso?
O agravo de 1042. Então a Vice-Presidente do tribunal, que autoriza as contrarrazões, e após a
contrarrazões, diz que não vai encaminhar o agravo, porque ele é inadmissível. Quem é que
tem competência para dizer a inadmissibilidade desse agravo? Se é RE é o STF. Se é o Resp,
o STJ. Se case invasão de competência, cabe a reclamação.

Súmula 727
Não pode o magistrado deixar de encaminhar ao Supremo Tribunal Federal o
agravo de instrumento interposto da decisão que não admite recurso
extraordinário, ainda que referente a causa instaurada no âmbito dos juizados
especiais.
Então vejam. Se a negativa de seguimento do agravo na origem, está havendo usurpação de
competência, então cabe a reclamação. No caso da reclamação, serão adotas as providências
necessárias, então ocorre o avocamento dos autos.

Também tem possibilidade de reclamação, na hipótese de preservação de de autoridade das


decisões do tribunal

Ex: Tribunal manda interromper os processos, por causa do IRDR. E o juiz não suspensa os
processos

Ex2: Tribunal manda homologar acordo, e o juiz não acata

Inicialmente, eram somente essas hipóteses.

Com a EC-45, veio a súmula vinculante. E para ter o cumprimento da súmula vinculante, a
reclamação é utilizada para ser respeitada a Súmula Vinculante.

Se editou uma lei de xxxxx de 2007, em que a reclamação teve a feição atual

Preservação de competência, preservação de autoridade das decisões do tribunal, e da


garantia do cumprimento dos precedentes.

Antes do novo CPC, tinham 2 leis federais que cuidavam da reclamação.

Hoje, o que nós temos na reclamação. Um instrumento que tem previsão constitucional e infra
constitucional (CPC e leis esparsas). Com 3 finalidades:

a) Preservação de Competência
b) Garantir a autoridade da decisão judicial
c) Garantir o cumprimento dos precedentes

Qual a natureza jurídica da reclamação?

Este é um ponto que se discutiu muito. Alguns diziam que tem natureza correcional. Este
entendimento sempre foi criticável. Porque ato correcional é ato administrativo. E não é
possível, por meio de ato administrativo, que casse decisão judicial e tenha formação de coisa
julgada.

A reclamação tem natureza jurisdicional.

Há quem sustentasse, que a natureza da reclamação estaria relacionada com o direito de


petição. A CF assegura o direito de petição. Quando estou indo com a reclamação, eu estou
indo para que seja assegurada a competência dos tribunais, a garantia do respeito aos
precedentes, e a autoridade da decisão judicial. Esse inclusive foi o entendimento do STF, com
o julgamento de uma adin.

Com a entrada em vigor do novo código, fica claro, que além de natureza jurisdicional, e que
também é uma ação autônoma.

Art. 989. Ao despachar a reclamação, o relator:

III - determinará a citação do beneficiário da decisão impugnada, que terá prazo de 15


(quinze) dias para apresentar a sua contestação.

Se tem citação e contestação, existe uma ação em curso. E a isso ai, se soma
também, o conteúdo do art 992.

Art. 992. Julgando procedente a reclamação, o tribunal cassará a decisão exorbitante


de seu julgado ou determinará medida adequada à solução da controvérsia

Mostrando claramente, que o tribunal está prestando jurisdição. E só se entrega


jurisdição, quando peticionado o direito de ação.

Portanto, vejo claramente, que o precedente da Adin 2112, está superado devido ao
entendimento do novo código de processo civil. Sendo então, uma ação autônoma
sendo exercida.

Bom, classificar a reclamação como uma ação, é algo que traz consequências
práticas. A primeira, é exigir uma petição inicial. A segunda, é que se tenha citação. A
terceira, é que se viabilize o contraditório, através a citação. A quarta, é a formação de
coisa julgada material. A quinta, o cabimento de condenação dos honorários
advocatícios.

Então essas são as principais consequências do entendimento a certa da natureza


jurídica da reclamação.

A reclamação vai ser inadmissível em 2 situações:


§ 5º É inadmissível a reclamação:

I – proposta após o trânsito em julgado da decisão reclamada;

II – proposta para garantir a observância de acórdão de recurso


extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em
julgamento de recursos extraordinário ou especial repetitivos, quando não
esgotadas as instâncias ordinárias

Hipótese do I:

Existem hipóteses próprias para desconstituição da coisa julgada. A ação


rescisória, portanto é o meio para isto. E havendo coisa julgada, não cabe
reclamação. É importante, ressaltar que, ajuizada a reclamação, o advento
superveniente da coisa julgada, não impede o processamento da reclamação.

§ 6o A inadmissibilidade ou o julgamento do recurso interposto contra a decisão


proferida pelo órgão reclamado não prejudica a reclamação.

Se porventura, após o ajuizamento da reclamação, a coisa julgada se opera, pois o


recurso foi inadmitido, ou não foi interposto, isto não inviabiliza o processamento da
reclamação. Tá claro isto?

Hipótese do II:

A reclamação não pode ser substitutivo de RE ou Resp. Então vejam. Eu não tenho
invocar violação de precedente do STF ou STJ, sem exaurir a via ordinária. Portanto,
seria um salteamento de instâncias.

Quando a reclamação é admissível? Quais são as hipóteses? A do 988. Todas elas


foram analisadas, mas vamos ter uma recapitulação:

Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério


Público para:

I - preservar a competência do tribunal;


II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;

III – garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de


decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de
constitucionalidade

IV – garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de


incidente de resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção
de competência

Inciso I:

Preservar a competência do tribunal, já foi visto anteriormente, inclusive


positivado na CF

Inciso II:

No caso, é para garantir o cumprimento da decisão judicial.

Inciso III e IV:

Resumindo. Cabe reclamação, pra preservar a observação de precedente


obrigatório.

§ 4o As hipóteses dos incisos III e IV compreendem a aplicação indevida da


tese jurídica e sua não aplicação aos casos que a ela correspondam.

Então, se você tem a aplicação indevida ou a recusa da aplicação, está na


hipótese desse caso.

Bom. Ainda em relação a reclamação e o cabimento, é preciso ponderar, que


cabe reclamação para QUALQUER TRIBUNAL, nas hipóteses acima. (Apesar
da CF só prever no STF e STJ).

§ 1o A reclamação pode ser proposta perante qualquer tribunal, e seu


julgamento compete ao órgão jurisdicional cuja competência se busca
preservar ou cuja autoridade se pretenda garantir.

Feitas essas observações, devemos tratar da legitimidade.


Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público
para:

Caberá reclamação da parte interessada (autor, réu e terceiro interveniente se


encaixam no conceito de parte. Portanto, podem adentar com a reclamação)

MP também vai poder ajuizar a reclamação, seja como parte ou fiscal da lei.

PROCEDIMENTO DA RECLAMAÇÃO

A reclamação é ação. Como ela é ação, se instaura através de petição inicial,


observando os requisitos do art 319.

A prova em reclamação é exclusivamente documental. Não se admite qualquer outro


meio de prova!

A causa de pedir deve estar enquadrada nessas previsões legais.

Pois bem.

Proposta a reclamação, nós vamos ter a distribuição imediata para o relator. E o


relator vai despachar a petição inicial. Ao despachar a inicial, ele vai determinar a
notificação do órgão reclamado, para apresentar as informações. E vai determinar a
citação do beneficiário ( do réu) para oferecimento de defesa

Art. 989. Ao despachar a reclamação, o relator:

I - requisitará informações da autoridade a quem for imputada a prática do


ato impugnado, que as prestará no prazo de 10 (dez) dias;

II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou do ato


impugnado para evitar dano irreparável;

III - determinará a citação do beneficiário da decisão impugnada, que terá


prazo de 15 (quinze) dias para apresentar a sua contestação.

Notifica-se a autoridade para obter as informações

Pode ser que exista pedido de tutela provisória na reclamação, e


consequentemente, poderá ser concedida.

II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou do ato


impugnado para evitar dano irreparável;
Art. 991. Na reclamação que não houver formulado, o Ministério Público terá
vista do processo por 5 (cinco) dias, após o decurso do prazo para informações
e para o oferecimento da contestação pelo beneficiário do ato impugnado.

O MP então vai ser ouvido. Ouvido o MP, haverá o julgamento

Art. 992. Julgando procedente a reclamação, o tribunal cassará a decisão


exorbitante de seu julgado ou determinará medida adequada à solução da
controvérsia.

Art. 993. O presidente do tribunal determinará o imediato


cumprimento da decisão, lavrando-se o acórdão posteriormente.

Percebam então, que opera-se um julgamento colegiado, pelos art’s 992 e 993.

Para concluir, é necessário observar a questão de acordão de turma recursal.

Esta uma hipótese que é bem comum, no âmbito da justiça estadual. Percebam que
no microssistema do juizado, se o juizado é federal, você tem a decisão judicial do 1º
grau, tem o recurso nominado, e o julgamento do juiz de primeiro grau da turma
recursal julgando. Se houver violação à CF, utiliza-se o RE. Se houver violação ao
direito federal, no campo do direito material, tem o incidente de uniformização. Então
você tem uma válvula, para discutir o direito federal material.

No campo dos juizados estaduais, não existe. o incidente de uniformização. No campo


dos juizados especiais cíveis, se tem o julgamento de 1 grau, e após o julgamento em
primeiro grau, você tem o recurso nominando pra a turma recursal. A turma recursal
posta reforma, e no acordão da turma recursal, só tem o RE, se houve violação á
Constituição Federal

Se você não tem uma via, para sustentar á violação de precedentes obrigatórios do
STJ. Pode ser que haja um julgamento de recurso repetitivo, e esse precedente não
tenha sido observado pelo acordão da turma recursal. E ai, então é a hipótese de
reclamação. No caso de inúmeros juizados pelo Brasil afora, isto iria prejudicar e
muito, a atividade do STJ, que já é excessiva.
Então, indicou a resolução 3 de 2016. Dizendo o seguinte: Na hipótese de alegação de
violação a precedente obrigatório por turma recursal de juizado, a reclamação deverá
ser proposta pelo Tribunal de Justiça do Estado. E somente chegará a questão ao
STJ, através de Resp, pelo meio do julgamento da reclamação. É uma política de
questão judicial

Para Sodré, existe uma clara inconstitucionalidade. Se existe uma competência


constitucional, como é possível alterar por resolução. Mas o TJBA continua aplicando.

IRDR

1- Cabimento
2- Legitimidade
3- Competência
4- Partes Iniciais
5- Prazo para julgamento
6- Preparação para Julgamento
7- Julgamento
8- Efeitos do Julgamento
9- Recursos
10- Revisão da Tese

IAC

1- Cabimento
2- Processamento

Ai você tem a formação do precedente judicial. Formado esse precedente no âmbito local, a
força desse precedente é vinculante. O que temos aqui? Uma questão de direito que se repete
em muitos processos. Por conveniência, forma-se o precedente para solucionar a questão.

Mas é possível que exista conveniência para a formação do precedente, sem que exista
demandas repetitivas. Mas tem uma relevante questão social, ou está se vislumbrando dentro
dos órgãos do tribunal, entendimentos diferentes.

Art. 947. É admissível a assunção de competência quando o julgamento de recurso, de


remessa necessária ou de processo de competência originária envolver relevante questão de
direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos.
§ 4o Aplica-se o disposto neste artigo quando ocorrer relevante questão de direito a respeito da
qual seja conveniente a prevenção ou a composição de divergência entre câmaras ou turmas
do tribunal.

Percebam. Existem processos que não se repetem ciclicamente. Podem repetir-se


eventualmente. Pode ser uma questão de relevância social. Ou o tribunal está discutindo em
órgãos de forma diferente. E para que exista a segurança jurídica, ai forma-se o precedente

Exemplo: Questão em torno dos Shopping Centers, da cobrança de estacionamento. É uma


questão de relevância social. É uma demanda repetitiva? Não. Pois existem poucos shopping
centers. Mas é conveniente que exista segurança jurídica nessa matéria? Convém. Portanto, é
de conveniência para a formação do precedente.

Outro exemplo: A utilização de sanitário público pelo transexual. Ele vai usar qual dos
sanitários? É um problema de relevância social.

Mais um exemplo: É possível que os sacrifícios de animais de cultos afro seja permitido? O
direito do animal se choca com o direito da liberdade religiosa.

É portanto, conveniente, para fazer o precedente, por causa da segurança jurídica.

O que não pode é que o terreiro x faça o sacrifício, e o terreiro y não possa

Vamos estudar o IRDR primeiro, pra depois estudar o IAC.

Legitimidade: Vamos para o art 977

Art. 977. O pedido de instauração do incidente será dirigido ao presidente de tribunal:

I - pelo juiz ou relator, por ofício;

II - pelas partes, por petição;

III - pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública, por petição.

Parágrafo único. O ofício ou a petição será instruído com os documentos necessários à


demonstração do preenchimento dos pressupostos para a instauração do incidente.

Então vejam. O juiz de primeiro grau, pode observar situação que seja necessário
precedente. O judiciário pode instalar o procedimento para a formação do precedente, pois ele
também é interessado. O juiz ou desembargador, mandará um ofício ao presidente do tribunal,
demonstrando os pressupostos, para a formação do precedente.

Mas também, as partes podem se interessar também, e o Ministério Público e a


Defensoria Pública também tem o interesse na formação do precedente.

Então, no caso, é visível que


A competência para o julgamento do incidente, é de órgão do tribunal que está previsto no
regimento interno, prevendo essa competência:

Art. 978. O julgamento do incidente caberá ao órgão indicado pelo regimento interno
dentre aqueles responsáveis pela uniformização de jurisprudência do tribunal.

Parágrafo único. O órgão colegiado incumbido de julgar o incidente e de fixar a tese


jurídica julgará igualmente o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência
originária de onde se originou o incidente.

O regimento interno vai dizer qual o órgão competente. A tendência é que a uniformização se
dê pelo pleno ou se o tribunal tiver órgão especiais, que servem para substituir o pleno, quando
o tribunal tem mais de 25 desembargadores. Não é possível no caso, uma turma fazer o
precedente no caso. O TJSP tem mais de 300 desembargadores. É impossível manter um
julgamento com 300 pessoas. Cabe ao regimento, falar qual é o competente para julgamento.

Esse órgão, ele vai, não somente, formar a tese jurídica. Ele vai julgar o caso concreto. No
processo que foi instaurado o incidente, ele tem a competência alterada. E formado o
precedente para a situação, vai julgar o caso concreto baseado no entendimento formado pelo
precedente.

Vamos ver os atos iniciais deste incidente.

Art. 981. Após a distribuição, o órgão colegiado competente para julgar o


incidente procederá ao seu juízo de admissibilidade, considerando a presença
dos pressupostos do art. 976.

Percebam, houve a requisição da formação do precedente. Então, o presidente do


tribunal, ao receber, vai distribuir para o órgão competente. Então, neste órgão, vai fazer
a distribuição para um relator. Ai o relator não pode admitir ou inadmitir o incidente.
Ele vai submeter ao órgão colegiado. Neste momento, o órgão colegiado, vai admitir ou
inadmitir a instalação do incidente. A decisão que inadmite o incidente é irrecorrível.
Mas ai admitido o incidente,

Ai o incidente, tido por admissível, ele vai ser processado na forma do art 982

Art. 982. Admitido o incidente, o relator:

I - suspenderá os processos pendentes, individuais ou coletivos, que


tramitam no Estado ou na região, conforme o caso;
A partir do momento em que admite-se o incidente, suspendem-se os processos do
órgão jurisdicional. A suspensão será comunicada aos órgãos competentes. Segundo, como
toda suspensão, suspendem-se a prática de todos os atos. Salvo os casos de tutela provisória,
que são medidas urgentes, e as demais medidas urgentes. Durante a suspensão, o pedido de
tutela de urgência, podem ser praticados.

Vejam que a suspensão alcança o âmbito local. O TJBA não pode suspender processos
que tramitam no Amazonas, Ceará, etc.

Mas pode ser, que tomando ciência do incidente aqui na Bahia, os legitimados II e III do
977, requeiram a depender da situação, ao STJ ou STF, a extensão da suspensão

§ 3o Visando à garantia da segurança jurídica, qualquer legitimado mencionado no art.


977, incisos II e III, poderá requerer, ao tribunal competente para conhecer do recurso
extraordinário ou especial, a suspensão de todos os processos individuais ou coletivos
em curso no território nacional que versem sobre a questão objeto do incidente já
instaurado.

Pode ser que alguém de outro estado requeira a extensão suspensão no território
nacional. Por que isso? Porque a decisão, o acordão que julgar o mérito do incidente,
será de última instância, e desafiará o extraordinário ou especial. E quando o RE ou
Resp for julgado, será de âmbito nacional. Mas adiante, se não houver recurso, os
processos voltam a correr, nos outros estados. Se houver recurso, a suspensão persiste.

Havendo recurso, amplia-se o alcance do precedente, sendo portanto, conveniente.

Bom, exatamente por que se suspende o processo, é preciso priorizar o julgamento


do incidente, como diz o 980

Art. 980. O incidente será julgado no prazo de 1 (um) ano e terá


preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e
os pedidos de habeas corpus.

Como esse processo gera suspensão processual em outros processos, ele tem
prioridade no julgamento, e deve ser julgado no prazo de 1 ano, na frente de qualquer
outro processo, salvo caso de réu preso, ou pedidos de habeas corpus. Mas este prazo
pode ser aumentado, por fundamento do relator:

Parágrafo único. Superado o prazo previsto no caput, cessa a suspensão


dos processos prevista no art. 982, salvo decisão fundamentada do relator em
sentido contrário.

Outro aspecto: A suspensão não deve ser feita de forma indiscriminada, e


nem deve ser imediatamente sempre. Como assim? Primeiro, no mais das
vezes, o processo precisa da decisão de determinadas situações, que devem
ser julgadas. No caso de um processo com 6 pedidos, em que 2 estão
envolvidos no precedente: Paralisa-se somente os 2 que estão envolvidos no
precedente, e os outros julgam. O juiz utiliza-se do julgamento parcial da LIDE.
Então pode ser que a matéria seja só de direito. Então, por uma decisão
interlocutória, fará o julgamento parcial da lide. Quando o precedente for
formado, ele então, vai fazer o julgamento da matéria.

Por outro lado, a suspensão não deve ser automática. Por muitas vezes, o
estado que o processo está, é possíveis darem outros passos, sem a
necessidade de suspender. Vamos supor que a sentença seja prolatada, e uma
das parte aplica o embargos de declaração. Mas o embargo não trata de
assunto da formação do precedente. Não faz sentido suspender, pois não vai
mudar o julgamento.

Portanto suspensão processual é como um remédio colateral. Só utiliza no


limite, quando precisar. Pois ela é nociva. Tá claro isto?

A 1ª medida a adotar, é a suspensão do processo. Instaurado o incidente,


nós vamos ter a oitiva do MP, e também a possibilidade de requisição de
informação ao juiz da causa – Art 982

II - poderá requisitar informações a órgãos em cujo juízo tramita


processo no qual se discute o objeto do incidente, que as prestarão no
prazo de 15 (quinze) dias;

III - intimará o Ministério Público para, querendo, manifestar-se no


prazo de 15 (quinze) dias.

Bom. Mas perceba que é preciso que neste processo você legitime a
decisão. Você democratize a decisão. Embora trate de 2 pessoas (fulano x
beltrano. Sicrano x joano), o precedente será para processos em geral. Por
isso, a necessidade da publicidade:

Art. 979. A instauração e o julgamento do incidente serão sucedidos


da mais ampla e específica divulgação e publicidade, por meio de registro
eletrônico no Conselho Nacional de Justiça.

§ 1o Os tribunais manterão banco eletrônico de dados atualizados


com informações específicas sobre questões de direito submetidas ao
incidente, comunicando-o imediatamente ao Conselho Nacional de
Justiça para inclusão no cadastro.

§ 2o Para possibilitar a identificação dos processos abrangidos pela


decisão do incidente, o registro eletrônico das teses jurídicas constantes
do cadastro conterá, no mínimo, os fundamentos determinantes da
decisão e os dispositivos normativos a ela relacionados.
Então vai ser feita uma ampla publicidade, inclusive por meios eletrônicos.
É necessário que todos saibam da publicidade desse processo, para ser de
interesses de outros processos, e também para a intervenção de amicus curiae

Art. 983. O relator ouvirá as partes e os demais interessados,


inclusive pessoas, órgãos e entidades com interesse na controvérsia,
que, no prazo comum de 15 (quinze) dias, poderão requerer a juntada de
documentos, bem como as diligências necessárias para a elucidação da
questão de direito controvertida, e, em seguida, manifestar-se-á o
Ministério Público, no mesmo prazo.

§ 1o Para instruir o incidente, o relator poderá designar data para, em


audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e
conhecimento na matéria.

§ 2o Concluídas as diligências, o relator solicitará dia para o


julgamento do incidente.

Perceba-se. Suspendem-se os processos em tramitação. Estes processos


vão ser suspensos, e será feita a publicidade. Vou poder requerer informação
ao juiz da causa. Vou facultar as partes que se manifestem. Vou possibilitar
requerimento de manifestação de amicus curiae, como também posso provocar
que sejam feitas audiências públicas, para que então, eu tenha um
embasamento maior na decisão

Então, vou procurar a decisão mais justa, para que então possa fazer uma
decisão justa.

Então depois de tudo isso, ouço o MP,para que então, eu pronuncie a


minha decisão

Reiterando:

IAC – Relevância social na causa, e divergência entre órgãos do tribunal

IRDR – Demandas repetitivas, Relevância social na causa e divergência entre


órgãos do tribunal.

Vamos ver os efeitos do julgamento:

Art. 984. No julgamento do incidente, observar-se-á a seguinte


ordem:

I - o relator fará a exposição do objeto do incidente;


II - poderão sustentar suas razões, sucessivamente:

a) o autor e o réu do processo originário e o Ministério Público, pelo


prazo de 30 (trinta) minutos;

b) os demais interessados, no prazo de 30 (trinta) minutos, divididos


entre todos, sendo exigida inscrição com 2 (dois) dias de antecedência.

§ 1o Considerando o número de inscritos, o prazo poderá ser


ampliado.

§ 2o O conteúdo do acórdão abrangerá a análise de todos os


fundamentos suscitados concernentes à tese jurídica discutida, sejam
favoráveis ou contrários.

Percebam, na sessão do julgamento, o relator apresentará o relatório. O


relatório basicamente, é a disposição do objeto em questão ,e ai demonstrará o
seus argumentos favoráveis e contrários à tese. E então, após, ocorrerá a
sustentação oral do processo, para que então as partes falem. O prazo pode
ser ampliado, no caso dos 30 min. Então nós vamos ter a formação da tese, ou
a definição da tese, com os debates dos julgadores.

Interessante aqui o registro, que na atividade de julgamento, não há a


necessidade de debater todos os argumentos trazidos, somente aqueles
que são prejudiciais à conclusão que está sendo alcançada. Mas este
raciocínio não se aplica na formação dos precedentes. Na formação do
precedentes, todos argumentos devem ser analisados, rejeitados ou
aceitos. Pois nesse caso, é importante, pois então pode ser a superação
das razões que são no argumento do precedente. Portanto, todos os
argumentos devem ser expostos e enfrentados, devendo ter o mais amplo
debate no caso

Efeitos do julgamento:

Art. 985. Julgado o incidente, a tese jurídica será aplicada:

I - a todos os processos individuais ou coletivos que versem sobre


idêntica questão de direito e que tramitem na área de jurisdição do
respectivo tribunal, inclusive àqueles que tramitem nos juizados
especiais do respectivo Estado ou região;

II - aos casos futuros que versem idêntica questão de direito e que


venham a tramitar no território de competência do tribunal, salvo revisão
na forma do art. 986.

§ 1o Não observada a tese adotada no incidente, caberá reclamação.


§ 2o Se o incidente tiver por objeto questão relativa a prestação de
serviço concedido, permitido ou autorizado, o resultado do julgamento
será comunicado ao órgão, ao ente ou à agência reguladora competente
para fiscalização da efetiva aplicação, por parte dos entes sujeitos a
regulação, da tese adotada.

Então vejam. Os processo em curso, com o julgamento do incidente, não


havendo recurso, o entendimento formado, é de observância obrigatória. Os
processos então voltam ao seu curso, com o precedente sendo aplicado no
caso citado. Não aplicado o precedente, então cabe a utilização de
reclamação.

Qualquer processo que seja ajuizado, enquanto não houver a revisão


da tese, a aplicação do precedente será obrigatório.

Nas atividades decorrente de permissão, concessão ou autorização, esse


entendimento será comunicado das agências reguladoras, para que então, seja
aplicado administrativamente esse entendimento, gerando multa ou até mesmo
cassação, se for descumprido esse precedente.

Ex: Casos de telefonia. Comunica-se à ANATEL.

Existe um trabalho muito grande na formação do precedente, mas em


compensação, existe uma economia processual enorme e uma isonomia na
aplicação de casos concretos. E também, a cessão de uma conduta ilícita, pois
quem sabe de que uma conduta é errada, sofrerá com as sanções cabíveis.

Esse precedente então, será aplicado na região.

Todavia, o acordão que desafia o incidente, é de última instância.


Portanto, desafia recurso especial e recurso extraordinários. Havendo esses, e
sendo julgados, terá então, o aumento do alcance do precedente.

Art. 987. Do julgamento do mérito do incidente caberá recurso


extraordinário ou especial, conforme o caso.

§ 1o O recurso tem efeito suspensivo, presumindo-se a repercussão


geral de questão constitucional eventualmente discutida

§ 2o Apreciado o mérito do recurso, a tese jurídica adotada pelo


Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça será
aplicada no território nacional a todos os processos individuais ou
coletivos que versem sobre idêntica questão de direito..
Então vejam. Uma vez formado o precedente, ele tem aplicação
obrigatória. Se houver o recurso para o tribunal superior, haverá o alcance
maior, para o território nacional. Se houver o recurso, o precedente não se
aplica, e ainda assim ocorre a suspensão processual.

Vamos ao 986

Art. 986. A revisão da tese jurídica firmada no incidente far-se-á pelo


mesmo tribunal, de ofício ou mediante requerimento dos legitimados
mencionados no art. 977, inciso III.

Então nós temos o mesmo legitimados para pedir a revisão do


precedente, que estão no artigo 977 , inciso III (MP e Defensoria Pública), ou
de ofício pelo tribunal.

IAC – Instituto de assunção de


competência
Nós temos também o incidente de assunção de competência. Aqui no IAC,
não há demandas múltiplas. Mas uma questão que tem relevância social, que
possui 2 situação: convêm a formação de precedente ou os órgãos do tribunal
estão divergindo

Art. 947. É admissível a assunção de competência quando o


julgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo de
competência originária envolver relevante questão de direito, com grande
repercussão social, sem repetição em múltiplos processos.

§ 4o Aplica-se o disposto neste artigo quando ocorrer relevante


questão de direito a respeito da qual seja conveniente a prevenção ou a
composição de divergência entre câmaras ou turmas do tribunal.

Então, aqui não há multiplicidade de demandas. Processos poderão vir de


tempos em tempos, mas a questão jurídica é sempre relevante.

Deve-se exigir:

a) Repercussão social ou
b) Divergência de órgãos do tribunal

Um desses 2, é necessário para preencher os requisitos.

O processamento é extremamente simples. Não há multiplicidade de


demandas. Então não há a necessidade de suspensão. Não há multiplicidade
de interessados. Basicamente, ele se dá dos procedimentos do parág. 1º a 3º
de 947.

§ 1o Ocorrendo a hipótese de assunção de competência, o relator


proporá, de ofício ou a requerimento da parte, do Ministério Público ou da
Defensoria Pública, que seja o recurso, a remessa necessária ou o
processo de competência originária julgado pelo órgão colegiado que o
regimento indicar.

§ 2o O órgão colegiado julgará o recurso, a remessa necessária ou o


processo de competência originária se reconhecer interesse público na
assunção de competência.

§ 3o O acórdão proferido em assunção de competência vinculará


todos os juízes e órgãos fracionários, exceto se houver revisão de tese.

Então vejam. É um incidente que desloca a competência para um órgão


maior. O relator pode, vislumbrando a presença dos requisitos do parág. 4º,
instaurar o incidente de ofício. Ou também, provocado pela parte, MP ou D.
Pública. Levado ao processo ao órgão competente, em virtude desse
requerimento, ai o órgão fará a admissibilidade. Entendendo que é de interesse
público, admite. E então, fará o precedente.

Ações Possessórias
1 – Considerações Gerais

2 – Competência

3 – Fungibilidade dos pedidos

4 – Cumulação dos pedidos

5 – Duplicidade

6 – Alegações de domínio

7 – Força nova x força velha


8 – Tutela provisória

9 – Procedimento

10 – Litisconsórcio multitudinário

Nós devemos começar a tratar da ação possessória. E para tratar isso, nós devemos repensar a
linha dos procedimentos especiais.

Ponderei com vocês, que existe uma razão para a criação dos procedimentos especiais. Ele vai
ser criado, toda vez que o legislador entender que o procedimento comum não é o mais
adequado para que seja utilizado. E deva ser utilizado outro procedimento, que possa ser mais
adequado, célere, enfim, mais conveniente.

No mandado de segurança, por exemplo, o legislador percebe que é gravíssima a situação da


autoridade que viola o direito do cidadão. E por isso, que existe uma diferença no
procedimento, para que então, o direito seja salvaguardo.

Essa especificidade do direito processual, muitas vezes, está por causa das especificidades do
direito material. O direito material muitas vezes, tem especifidades, e por isso, por causa
dessas especifididades do direito material ,o procedimento especial.

Tanto que, o procedimento especial, muitas vezes, tem o nome do direito material ao lado do
procedimento especial (ex: ações de alimentos, ação de restauração de autos, ações
possessórias, ação de consignação em pagamento,etc)

Nessa linha, para compreender melhor o procedimento especial, deve-se entender o direito
material. Não dá para estudar o direito processual nesse caso, sem uma breve revisão do
direito material.

Na ações possessórias, vamos ver isso.

Qual a natureza jurídica da posse?

Muito já se discutia se a posse era direito real ou direito pessoal. Hoje entende-se que não é
nenhuma das duas situações. Há quem defendesse que a posse era direito real, pois a posse
tem efeito erga omnes. Mas também existe a situação de que os direitos reais são numerus
clausus (taxativamente em lei). Daí porque, não havendo a implicação da posse como direito
real em nosso ordenamento jurídico, não há como sustentar que é direito real.

Há claras diferenças entre os direitos reais e o pessoal. E a posse fica bem variável neste
campo

Por isso que se diz, que a posse é uma situação de fato tutelada pelo direito. Ou seja uma
situação de fato que produz direito. É similar com a união estável. 2 pessoas começam a viver.
Elas não estabelecem algo sobre alimentos, herança, regime de bens ,etc. Mas é uma situação
de fato que produz relação jurídica.

Por isso, que situações de fato são relevantes para a vida, o legislador resolveu tutelar a posse.
Mas por que? Porque a tutela da posse é o meio mais adequado para proteger a propriedade.

Um dos bens mais caros da nossa ordem constitucional, e não é por razão ideológica, é a
economia de mercado. O pilar principal da nossa ordem constitucional, é a defesa do sistema
capitalista. Se goste ou não, esta é uma das diretrizes observados pelo nosso legislador. O
principal símbolo do sistema capitalista, é a propriedade. Portanto, o direito de propriedade é
relevantíssimo para o nosso ordenamento jurídico. E o procedimento comum, existe uma
dificuldade maior para ser defendida pelo procedimento comum.

Eu comprovo propriedade por meio documental. Mas por que não serve para uma tutela
provisória de urgência na propriedade? Porque o documento por só, não serve como
individualização do bem. Você não tem como comprovar que aquela área referida no papel
pelo título do domínio, é a área litigiosa. Ocorre principalmente, ações possessórias no meio
rural ou áreas urbanas rurais. Você pode ter um título de Itacimirim. Mas como o juiz poderá
saber que está à 100 mts. da área, e ao lado da rodovia? Seria necessária uma prova pericial
bem específica sobre isto.

Então, isso demoraria muito tempo, para defender a propriedade

Outro problema, é a questão da multiplicidade de títulos de domínios, um problema bem


comum no Brasil. Eu estive numa palestra, em que o palestrante era do Pará, e ele falou que
existem de títulos, 4 vezes do tamanho do Pará. E eu , por experiência própria, digo que
naquela área de Camaçari e Itacimirim, existe pelo menos o dobro de área registrada em
títulos, do que realmente existe.

Os motivos são variáveis

Se existe duplicidade de títulos, deve-se então investigar se é realmente verdadeiro.

Outro problema é o exame das cadeias dominiais. Se é de títulos, o que tem a cadeira dominial
mais longa, é o verdadeiro.

Então, por estes motivos, é que o proprietário não pode ficar a instrução processual para
reaver o bem imóvel daqui a 3 ou 4 anos.

A ideia é tutelar a posse, pois a posse é passível de comprovação de plano. A posse se


comprova por colheita por testemunhas. E com isso, em semanas, você pode resolver, mesmo
que provisoriamente, o litígio possessório. Outros casos, como comprovante de despesas, com
fotos, pagamentos de tributos municipais, enfim. É mais fácil a comprovação de plano da
posse. E ai, você tem como obter uma tutela de urgência mais efetiva.

Pra ter uma ideia de como a posse se comprova, veja o exemplo que eu advoguei para uma
oficina de São Caetano. (veja melhor no áudio)
Ele vai fazer uma tutela ferrenha do possuidor, pois por via indireta, ele vai proteger a
proprietário. Em 90% dos casos, o possuidor é porque é o proprietário, ou possui a posse, por
causa do proprietário.

Exemplo dos laptops em sala de aula: Esses laptops que você estão usando, presumo que você
são os proprietários, ou tiveram a autorização dos proprietários.

Como todo remédio, tem situações colaterais. Pode ser que situações excepcionais. Você
privilegie o possuidor perante o proprietário. E ai, a ação possessória pode ser usada pelo
possuidor contra o proprietário.

Até ai, alguma dúvida?

Elementos da posse

A posse pressupõe, a presença cumulativa de 2 elementos. A posse pressupõe o Corpus e o


Animus. O corpus é a disposição física sobre a coisa. Essa disposição não precisa ser
necessariamente imediata. Os Laptops, aqui, vocês estão digitando. Estão com a disposição
direta. Eu tenho a casa no litoral norte, e não vou lá, faz 3 meses, mas se eu quiser ir lá de
tarde, eu posso ir, se eu quiser. O corpus é a disposição, mesmo que não seja direta. O
segundo elemento é o animus. È necessário o animus domini. Então, aquele que detenha a
coisa, use a coisa como proprietário fosse. A casa de praia, eu tenho um caseiro, e suponho
que ele esteja lá. Ele está lá todo dia, e tem o contato direito. Mas não tem o animus, pois ele
atua de maneira subordinada.

Então alguém que seja possuidor, tenha esses 2 elementos. Corpus e animus. Havendo esses 2,
haverá a posse. E então, a posse terá o efeito jurídico. E quais são os efeitos jurídicos da posse.

Existem 3 efeitos jurídicos

1- Desforço Incontinente
2- Usucapião
3- Interditos possessórios
a- Reintegração da posse
b- Manutenção da posse
c- Interdito probitório

1-Desforço incontinente é uma hipótese de autotutela. O possuidor ele vai poder repelir a
agressão à sua posse, pelo uso da força. Desde que o fato exista de maneira de imediata e
utilizando moderadamente os meios necessários. É raríssima, as hipóteses de autotutela. E o
legislador somente autoriza as hipóteses de autotutela somente quando tem a proteção de
bens jurídicos relevantes. Cabe legítima defesa ao patrimônio, á integridade física. A
integridade física junto com o patrimônio, são os mais importantes do nosso sistema.

Então o possuidor poder repelir a invasão da posse, por meios razoáveis.

2- Outro efeito é o usucapião, como um dos efeitos da posse. Por meio do exercício da posse,
pode-se adquirir propriedade. Se a posse foi exercida durante determinado lapso temporal,
em atendimento em certos requisitos, opera-se o usucapião. Então, esse ai, outro efeito
jurídico da posse

3-O efeito jurídico da posse que mais nos interessamos, é a tutela possessória. E ela se dá
pelos interditos possessórios. Que são as ações para defesa da posse. O interdito possessório é
gênero, que tem 3 espécies. A reintegração da posse, manutenção da posse e interdito
proibitório. A diferença entre eles, é que a utilização, depende do tipo de ilícito que está
sendo praticado. No caso de esbulho, é a reintegração de posse. No caso de turbação, é a
manutenção de posse. No caso de ameaça, é o interdito proibitório. O interdito proibitório, é
ação preventiva.

São esses 3 procedimentos que vamos estudar.

Agora antecipo, que nem sempre o procedimento é especial. Nós vamos ver se ajuizadas, em
certas hipóteses, que todo interdito proibitório, caminham pelo procedimento especial. Agora,
a manutenção e a reintegração de posse, podem ou não ser procedimento especial. Se
ajuizadas antes de ano em dia, ou até ano em dia, se diz que é ação de ação de forma nova.
Mas se ajuizada após ano e dia após a turbação, ai e ação de força velha, e então de
procedimento comum.

Pergunta: esses prazos de ano em dia, são de direito material?

Resposta: Sim. São prazos decadenciais.

Bom, o que eu tenho mais que dizer pra vocês?

Já se utilizou no passado, a ação possessória para tutela de direitos imateriais. Seria possível a
tutela possessória para marcas, direito autoral, propriedade industrial? No passado, houve
quem defendesse essa possibilidade, mas muito em razão pela deficiência dos sistema
processual. Até 1994, não existia tutela provisória. Então, por isso, foi defendido que fosse
usada as ações possessórias. Juridicamente, não se sustenta. A posse pressupõe corpus e
animus. Se o bem é imaterial, não se fala em corpus. Então não cabe, segundo entendimento
do STJ.

SÚMULA N. 228. É inadmissível o interdito proibitório para a proteção do direito


autoral.
Não cabe qualquer um dos 3 procedimentos, para tutela de direito imaterial.

Uma outra questão que deve ser registrada, mas deve ser observada com cautela, é a
seguinte:

A propriedade, ela pressupõe uma função social. É obrigação do proprietário, dar função
social à propriedade. Se o proprietário tem também esse ônus, o possuidor também deve dar.

Existem decisões da impossibilidade da tutela possessória, quando o possuidor não deu a


função social à posse, mas aquele que ocupa, está dando função social.

Um exemplo, foi do que ocorreu no Rio Grande do Sul. Esse loteamento, havia um córrego,
algo parecido com o que tem no vale do canela ou da centenário. E havia uma propriedade
maior...(veja o exemplo no áudio)

Outro caso, foi o que ocorreu na Justiça Federal. Não sei se vocês viram, mas depois do clube
Espanhol, tem uma unidade aeuronáutica. E entre a unidade da aeronáutica e o posto de
gasolina, tem um barzinho. Tanto que, a base da aeronáutica, tem uma área não ocupada. A
união entrou com uma ação, para pegar de volta essa área, que estava ocupada. Esse foi um
caso interessante. (Veja melhor no áudio...)

A união dá função social à este espaço? O sujeito está dando função social. Ele tem um bar e
uma casa. A juiz indeferiu a ação possessória, pois ele tinha dado uma função social.

É necessária uma consolidação de uma função social, realmente dada. Comprovada.

Então, o que mais dizer em relação à ações possessórias:

É necessária pela outorga uxória ou marital para ação possessórias?

É um ponto pelo qual, muito se discutiu. Nas ações de natureza real, ressalvado o regime de
separação absoluta de bens, é necessário outorga uxória ou marital. Mas na ações
possessórias, o tratamento é o mesmo que dar nas ações pessoais. Tanto que o art 73, parág
segundo, ele dispensa a outorga uxória ou marital nas ações possessórias. Pode ter
litisconsórcio ativo entre marido e mulher, se há composse. Mas não há obrigatoriedade para
o litisconsórcio a outorga uxória ou marital, para a ação. De mesma forma, se for ré na ação
possessória, não cabe citação para o cônjuge, salvo se o cônjuge seria coautor do ilícito
possessório. Então, a citação seria por causa do próprio ato do cônjuge

Já quanto à legitimidade ativa ou passiva, é necessário fazer seguintes ponderações:

Quem é o legitimado ativo? Aquele que se afirma possuidor esbulhado, turbado ou


ameaçado. Se é ou não é possuidor, e está a vendo a prática do ilícito possessório (inaudível)

Suas situações que devem ser vistas sobre a legitimidade ativa ou passiva, no tocante à
composse e a fragmentação da posse.
Fragmentação da posse: Vocês viram ao longo do curso, que é possível fragmentar a posse
direta ou indireta. Muitas vezes, essa fragmentação é de forma de um negócio jurídico.
Locação ou Comodato. Alientação fiduciária ou leasing. Mutuário é possuidor direto, e
mutuante o possuidor indireto, por exemplo. Todas essas são hipóteses de fragmentação da
posse.

2 situações devem ser registradas

Qualquer possuidor direto ou indireto, pode defender sua posse perante terceiro, perante
ação possessória. Então eles podem atuar independentemente.

Por outro lado, é preciso registrar, que pode existir ação possessória de possuidor direto
contra indireto, e vice-versa. Será possível, desde que não exista procedimento especial
específico.

O possuidor indireto numa locação pode ser esbulhado ou turbado. Quando a posse direta se
torna injusta por inadimplemento contratual. O locador para reaver a posse, não ajusta ação
possessória. Ajusta ação de despejo. Não usa ação possessória, pois existe previsão para o
despejo.

Instituição financeira, quando não há inadimplemento vai fazer a retomada do bem. Se há uma
alienação fiduciária em garantia, exige-se um procedimento próprio, que é a busca e
apreensão do 911.

Não existindo procedimento especial específico, para o caso, utiliza-se ação possessória

No leasing, por exemplo, pode-se usar a reintegração de posse, pois não existe instrumento
específico.

Exemplo: Eu alugo uma casa de praia para Georgia. Ai eu sei que ela vai passar 1 mês na
Europa, eu vou tomar um banho de piscina, pois sei que ela não vai estar lá. Ela pode usar uma
ação de reintegração de posse, para no caso, contra mim.

Em síntese, havendo desmembramento da posse, em hipótese direta ou indireta, cabe tanto


ação possessória de qualquer possuidores contra terceiro, quanto ação possessória de um
contra o outro possuidor, se não houver procedimento especial específico

Outra situação par analisar: Composse

Vejam: Não confundam composse com diversos possuidores em um único imóvel.

O que nós temos é um condomínio de posses.

É preciso deixar claro o que é compasse, vamos supor que A, B e C são proprietários de
uma fazenda (fruto de herança) e cada um explora uma parte dessa fazenda; aqui eu tenho
um único imóvel, mas eu tenho um condomínio com três posses diferentes, nesse caso não
há composse, pois cada um tem posse de um pedaço ideal delimitado.

Entretanto, se eles utilizam a fazenda para lazer e todos os três, quando deseja, vai a fazenda
e utiliza a fazenda como um todo, eu tenho configurada uma composse, na composse
qualquer deles pode proteger a coisa comum, através de ação possessória apenas um pode
propor a ação possessória, ou dois em litisconsórcio ou, até mesmo, os três. (diferente da
situação anterior, na qual cada um só poderia proteger a sua parte ideal).

Nas posses individualizadas a legitimidade é do possuidor individualizado referente à área


de sua posse. Já na composse, todos detêm a legitimidade ativa.
Da mesma forma, é possível ação possessória entre copossuidores. Pode ser, por exemplo,
que A impeça que a entrada de B e C na propriedade. Nesse caso, A está esbulhando a
posse de B e C, caberá ação possessória em face de A.

Competência

A ação possessória, deve ser proposta no foro de situação da coisa. É uma situação de
competência territorial absoluta:

Art. 47 § 2o A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo
juízo tem competência absoluta.

O imóvel ou área objeto da ação possessória pode compor duas ou mais comarcas, seções
ou subseções judiciárias, Estados. Nestes casos haverá a excepcional hipótese de
prorrogação de competência.
Obs: A competência absoluta em regra ela não se altera. O art. 60 cuida da excepcional
hipótese:

Art. 60. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, comarca, seção ou subseção
judiciária, a competência territorial do juízo prevento estender-se-á sobre a totalidade do
imóvel.

Ex: Imóvel próximo ao aeroporto de Salvador, com parte do território na comarca da capital
e parte do território na comarca de Lauro de Freitas. A ação possessória poderá ser proposta
em qualquer das cidades.

É possível ações possessórias no Juizados Especiais?

Sim. Desde que não ultrapasse o valor de 40 salários mínimos:

Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento
das causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas:
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso I
deste artigo.

OBS¹: Não é possível que se faça avaliação em cada ação possessória proposta perante o
juizado especial para se verificar se o valor do imóvel é inferior ou superior a 40 salários. A
jurisprudência e a doutrina buscaram um critério objetivo, apontando o Cadastro Imobiliário
Municipal ou o cadastro do ITR, ou seja, verifica-se o valor do imóvel levando-se em conta
a base que é feita para fins de cobrança do IPTU ou do ITR. Então quem entra com a ação
possessória perante o juizado especial, deve trazer na petição inicial em princípio a
comprovação do valor do imóvel
OBS²: A interpretação não pode nem deve ser feita de maneira literal. Está dito na lei que
será imóveis de até 40 salários mínimos. Pode ser que a lide não gire em torno de todo o
imóvel. Neste caso é preciso que se faça por estimativa, ainda que aritmética, o valor da
área litigiosa.

Quem lança mão de uma ação possessória tem que trazer um pedido certo e determinado.
Deve-se então indicar qual a área do objeto da ação que está sofrendo esbulho, turbação ou
ameaça e então verificar qual o valor dessa área.

Ex: Imóvel com 1.000 m². No carnê de IPTU ele é estimado em R$ 600.000. Esse é um
valor superior ao de 40 salários mínimos. Existe um vizinho com um bar que nos finais de
semana coloca mesas em áreas do imóvel numa fração de 20m². Há uma turbação. Cabe-se
então uma ação de manutenção de posse. 20m² do imóvel vale R$12.000. Então essa ação
caberá nos juizados especiais.

OBS¹: A utilização do juizado especial cível é facultativa, ou seja, processos cabíveis no


juizado podem ser propostos diretamente na justiça comum, não sendo possível,
obviamente, o contrário, salvo a renúncia do que exceda o valor para proposição nos
juizados.

OBS²: Nos juizados federais da fazenda pública, tem-se a competência absoluta, aí não
seria possível nenhuma das duas hipóteses. Ações dos juizados federais apenas são nos
juizados federais. Serão apenas nas ações envolvendo Empresas Públicas. Ex: Há um
esbulho que envolve uma área da Caixa Econômica Federal, se dentro do valor especificado
acima, será apenas dos juizados federais.

FUNGIBILIDADE DAS AÇÕES POSSESÓRIAS

Eu disse à vocês, que os procedimentos especiais são feitos justamente, para uma adequação
maior para o direito material. Consequentemente, maior efetividade, maior celeridade,
enfim, mais benefícios

Nesta linha, considerando uma especificidade no assunto da posse, o legislador relativiza o


princípio da congruência. O principio da congruência, é aquele que o juiz não pode entregar
prestação diferente da solicitada. O julgamento fora do pedido leva à sentença “extra petita”
e para além do pedido uma sentença “ultra petita”. A petição inicial e a contestação dizem
as bases do que será a sentença.

Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz
conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos
estejam provados.

Esse artigo diz que está autorizado ao juiz proceder a tutela possessória que julgar
adequada.

Existe essa fungibilidade em razão da especificidade da relação jurídica de direito material.


A posse é uma situação de fato e como toda situação de fato está em constante alteração.

Ex: (A) procura um advogado e afirma que há um grupo de pessoas acampadas ao redor da
sua fazenda que estão afirmando que vão invadir a fazenda no dia seguinte. Neste caso
caberá interdito proibitório. O advogado entra com a ação de interdito. (A) afirma logo após
que as pessoas estão invadindo a fazenda e estão recolhendo frutas e levando galinhas.
Neste caso seria uma ação de manutenção de posse, aí emenda-se a inicial. Pode ser que
quando a inicial chegue na mão do juiz as pessoas que estão turbando já comecem a invadir.
Aí digamos que o juiz defira como reintegração de posse liminarmente. Pode ser que nesse
meio tempo as pessoas saiam da fazenda e voltam a margem praticando turbação

CUMULAÇÃO DE PEDIDOS
É possível como regra. Já vimos isso no semestre passado. Se acumular um pedido que
estaria sujeito ao procedimento comum com um sujeito ao procedimento especial, será o
procedimento comum.

Ex: Pretensão contra a Administração Pública. São duas pretensões, uma com prova
constituída outra não. Cumulará os pedidos pelo rito do mandado de segurança ou pelo rito
de procedimento comum? Procedimento comum.

Obs: Se os pedidos estão sujeitos ao mesmo rito, obviamente este será o utilizado.
Essa regra acima é a geral. Mas ela é modificada no Art. 555 para as ações possessórias.

Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:


I - condenação em perdas e danos;
II - indenização dos frutos.

Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e


adequada para:
I - evitar nova turbação ou esbulho;
II - cumprir-se a tutela provisória ou final.

Esse artigo quer dizer que havendo uma pretensão possessória pode haver cumulação de
pedidos. Se os pedidos cumulados são esses do artigo acima, mantem-se a especialidade do
rito. Nas demais hipóteses há de se observar o procedimento comum.

Ex¹: Há um esbulho. Em razão desse esbulho se danifica uma cerca e impede o aluguel de
parte da fazenda. Há uma ação de reintegração de posse c/c pedido indenizatório. Em que
pese o pedido indenizatório deva ser processado pelo rito comum, essa ação tramitará pelo
procedimento especial.

Obs: Não é qualquer pretensão indenizatória. É pretensão indenizatória referente aos frutos
e aos atos decorrentes do ilícito possessório que ensejam o ajuizamento da ação.

Ex²: Em um condomínio edilício existem vagas predeterminadas. Há uma assembleia de


condôminos e se resolve estabelecer que doravante cada um estaciona onde quiser. Neste
caso, somente por unanimidade, que se pode estabelecer, pois é um direito real. Se o sujeito
ajuíza uma ação de manutenção de posse em relação a sua vaga de garagem, essa ação de
manutenção de posse tramitará pelo procedimento especial. Porém, se ele cumula o pedido
declaratório de nulidade da deliberação da reunião em razão da falta de quórum c/c o pedido
de manutenção de posse. Em virtude dessa cumulação e do fato do pedido declaratório não
está referido no Art. 555, o procedimento será o comum.
NATUREZA DÚPLICE

O CPC/73 trazia uma natureza dúplice para as ações possessórias. O CPC/15 mantém essa
natureza dúplice.

Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse,
demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação
ou do esbulho cometido pelo autor.

Essa norma processual perde maior significado, utilidade, dentro da sistemática processual
do CPC/15. Na vigência do CPC/73 o meio que o réu tinha para deduzir a pretensão em
face do autor era a reconvenção. No novo CPC continua existindo a reconvenção. Mas nele
a reconvenção passou a ser feita dentro da mesma peça que é apresentada a contestação. O
antigo CPC, no Art. 922 queria que excepcionalmente o réu postulasse em face do autor na
contestação, em virtude da especificidade do procedimento possessório. Continua existindo
isso. Mas atualmente isso não se difere muito da sistemática do CPC/15.

A única diferença prática que existe hoje, se é que isso seja uma diferença, é que quando
você apresenta uma reconvenção na sistemática do CPC/15 na mesma peça da contestação,
deve-se fazer referência ao fato de estar reconvindo no pedido. No Art. 556 também deve
haver um pedido, só que não precisaria utilizar, especificar, como reconvenção

Nas ações possessórias há relação jurídica de natureza dúplice. Mas o que significa natureza
dúplice? A simples negativa da pretensão da parte autora leva ao reconhecimento de um
direito possessório em face do réu, ainda que o réu nada peça.

Ex: Ações de reintegração de posse. João e José litigam. João requer reintegração de posse.
O juiz indefere o pedido de reintegração de posse. Com essa sentença ele mantém o réu na
posse.

OBS: Um exemplo claro de relação jurídica de natureza dúplice é o referente as ações de


paternidade..
A relação jurídica de direito material dúplice é aquela que, o simples acolhimento de tese
defensiva, leva a certificação de direito em favor de réu.

Exemplo no Audio 1:08:10

Agora, há casos em que existe necessidade de se postular. Havendo necessidade de se pedir,


o sistema do CPC de 73, ele estabelecia a possibilidade de pedido dúplice, que é um pedido
feito em sede de contestação. ( O feito sempre no JEF) e a reconvenção (que era em petição
autônoma). No novo CPC, a reconvenção agora, não é em petição autônoma, mas na
contestação. E perdeu um pouco, a razão de ser do pedido dúplice. Por que ai [..inaudível]
Assemelhar reconvenção

Nas ações possessórias temos o pedido dúplice e uma natureza material dúplice

Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em


sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos
prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.
Na ação possessória, em muitos casos, a depender de como a lide esteja posta, nós
vamos ver uma duplicidade de direito material. Independentemente de pedido,vai
haver tutela possessória. Imagine que Tainá entre com uma ação contra Juliana,
dizendo que Juliana esbulhou ela, se imaginar na questão da posse da cadeira que
Juliana está sentada. Se Juliana se defende dizendo que não esbulhou ninguém, e
essa ação é improcedente, o juiz quando nega o pedido de reintegração afirmado por
Tainá, tá concedendo que tutela possessória à Juliana? O direito de permanecer, que
é o direito à manutenção.

Pode ser que haja uma relação de direito material dúplice. Pode ser que não haja
necessidade a formulação de qualquer pedido. Mas se houver necessidade de
formular pedido à tutela possessória, ou até de pedido de indenização em razão dos
pedidos sofridos por causa do esbulho, não há necessidade de reconvenção. Ele pode
ser feito na contestação. Mas como o sistema novo permite a reconvenção na própria
contestação, isso ai, perde um pouco.[...inaudível]

Dúvidas?

EXCEÇÃO DE DOMINIO OU ALEGAÇÃO DE DOMÍNIO

Esse é um ponto que as pessoas fazem muita confusão. Vamos ver o art 557

Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor


quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a
pretensão for deduzida em face de terceira pessoa.

Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a


alegação de propriedade ou de outro direito sobre a coisa

Percebam. As questões atinentes a alegação de domínio em ação rescisória são


vedadas. Quanto na questão endoprocessual, quanto ao extraprocessual.

Veja: se alguém ajuíza uma ação possessória está ajuizando com uma dessas 3 opções
aqui. Vamos pensar na reintegração que é a mais visível. Eu ajuízo uma ação dizendo:
“Eu tinha a posse de um terreno em Lauro de Freitas, e 3 dias atrás, Hebert, , com 3
pessoas armadas, arrombou o portão, tirou o caseiro que tomava conta do portão. Eu
quero ser reintegrado.”

Hebert afirma que é proprietário, e disse, “eu sou proprietário, segundo o CC 2002, eu
li que o proprietário pode reaver a coisa e eu fui lá e ocupei o imóvel. Por mais que
tenha feito isso, o Código Civil respaldava isso. O que tá dizendo juridicamente? O
dono pode reaver a coisa na mão ...[inaudível] Juridicamente, está correto. Mas a
forma que utilizou para reaver o bem, era juridicamente aceita? Não era.

Se eu permitir que se aja exceção de domínio tanto do vista endoprocessual, quanto


do extraprocessual, eu estaria legitimando a atuação da força, por aquele que é
proprietário. Por isso que existe a vedação da alegação de domínio. O juiz diz “Ah,é?
Você é dono? Agora é o seguinte: Você não vai ter considerada sua alegação de
domínio. Mesmo que você seja dono, a ação possessória tem a causa de pedir a posse,
e isso é estranho à ação possessória. Portanto, nem vou conhecer sua alegação de
domínio. E você não vai poder usar a ação reinvidicatória, enquanto não terminar a
ação possessória. Quando terminar a discussão possessória, a depender da discussão,
transitando em julgado, que você pode usar a ação reinvidicatória.

Então há a probição de você alegar o domínio na ação possessória, seja


endoprocessualmente, ou extraprocessualmente.
Se já há uma ação possessória em curso, e o sujeito alega domínio. A alegação de
domínio em si mesmo, ela não será considerada para fins de julgamento da
possessória.
E se há uma possessória em curso, e ajuíza-se uma ação petitória, que é baseada em
domínio, ação autônoma, na pendência da possessória. Com as mesmas partes e
mesmo bem, a petitória, na qual se discute o domínio, vai ser extinta sem mérito. É um
pressuposto processual específico.

Tá claro isto? A norma é muito expressa, pra não deixar dúvidas!


(Leia,releia,leia,releia,leia,releia!)

Então há uma vedação da alegação de domínio, tanto do ponto extraprocessual,


quanto endoprocessual. Agora, você pode dizer o seguinte: Em ação possessória, a
pessoa juntando titulo de domínio. Eu já vi em ações possessórias, pessoas alegando
propriedade. A alegação da propriedade em si só, não influencia no julgamento da
ação possessória. Mas a existência de propriedade, pode ser um indício de posse.
(Onda há fumaça, há fogo). Ai existem 2 situações que devem ser discutidas:

1- Nenhuma das partes prova posse, ou não prova de forma efetiva. O juiz não pode se
eximir de julgar. Se existe uma parte autora alegando a propriedade, e a ré sem provas
efetivas. É mais provável que a posse justa seja do proprietário ou do não
proprietário? Do proprietário. Vamos olhar a súmula 487 do STF:

Súmula 487Será deferida a posse a quem, evidentemente, tiver o


domínio, se com base neste for ela disputada.

Não é que se vai deferir a posse, a quem evidentemente tiver domínio. Se vai
julgar procedente a ação possessória, em favor de quem, evidentemente é o
proprietário, se nenhuma das partes fez de prova mínima da posse. Se uma
das partes é proprietário, mas a outra fez uma prova mínima de posse, o
proprietário vai ser sucumbido ao possuidor.
A questão é que, o proprietário,a tendência é que seja possuidor, mas nem
sempre será possuidor. Por isso, é necessário raciocinar bem aqui.

2- Pode ser que ocorra situação oposta: Pode ser que ambas as partes produzam
provas bem fortes de posse. E essa prova, evidentemente, é conflitante. O juiz
não consegue formar posicionamento. Imaginem o seguinte: Você é o juiz.
Cada parte arrolou 3 testemunhas. As testemunhas - idôneas e de
credibilidade - do autor juram de pé junto, que o autor teve a posse e o réu
invadiu. A 3 testemunhas detêm legitimidade, não existem contradições entre
os 3 depoimentos, seja intrínsecas ou extrínsecas. E ai, você ouve 3 as do réu,
são 3 pessoas idôneas e com credibilidade, são 3 pessoas que o réu sempre
teve a posse da área, e não houve nenhum esbulho. São 3 testemunhos sem
contradições. Ai é um problema. Alguém está mentindo. Você vai na mesa,
com todas as testemunhas, pra fazer acareação (piada interna de quebra da
mesa aushaushauhs). Tem o depoimento de Edson, Marcio e José, que foram
testemunhas do autor. E do outro lado, o depoimento de João,Mario e Silvio
que foram do réu. Todo mundo tem conhecimento do que falaram.Falso
testemunho é crime, e vai ser encaminhado para o MP uma denúncia criminal,
salvo se alguém se retratar. Alguém quer se retratar? Ninguém diz nada. Ou
até mesmo, ai todas as testemunhas juram de pé junto, que falaram a verdade.
O juiz vai ter que decidir. E nesse caso, há um empate na prova. A balança tem
que ir pra um lado. E nesse caso, o proprietário é mais provável que seja o
possuidor, que o não proprietário. Mas prova cabal de propriedade,
sucumbe à prova minimamente razoável de posse, na ação
possessória!

Dúvidas, no tocante à alegação de domínio?

Segunda aula sobre Possessória:

7 – Força nova x força velha

A ação possessória pode ser de força nova ou força velha. A de força nova, é aquela ajuizada
ano e dia do esbulho ou turbação. A de força velha, é a ajuizada após ano e dia do esbulho e
turbação. Vejam que a contagem é feita da data do esbulho e turbação. Por isso, pode se
deduzir que as ações de reintegração e manutenção de posse, podem ser de força nova ou
força velha. Mas o interdito proibitório é sempre de força nova!

É importante a distinção dessa classificação em força nova ou velha, no tocante ao


procedimento.
Se ela é de força nova, há o procedimento especial, que vamos estudar aqui. Se é de força
velha, se processa pelo procedimento comum.

Que, mesmo não indo pelo procedimento comum, não deixa de ser possessória.

A ação, ela é possessória. Sendo possessória, todo o regramento discutido aqui, se aplica.
Tanto de força nova ou força velha. Em qualquer uma dessas, existe exceção de alegação de
domínio, à outorga uxória, natureza dúplice, etc. A diferença é unicamente procedimental!

A de força velha, tramita pelo procedimento comum. E nessa altura, não há mais necessidade
para tratar esse procedimento.
Mas a de força nova, é pelo procedimento especial. E é este que vamos estudar.

Em se tratando de ação autônoma, a ação possessória de força nova, pressupõe uma petição
inicial. A petição inicial, observa os requisitos do art 319. É uma petição inicial, como qualquer
outra.
Agora, ela também deve observar os elementos, que aludem o artigo 561:

Art. 561. Incumbe ao autor provar:

I - a sua posse;

II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;

III - a data da turbação ou do esbulho;

IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de


manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração.

Então, a petição inicial, deve ter os artigos 319, e os requisitos citados do artigo 561: Quem
tinha a posse, quem foi esbulhado, e a data da turbação ou esbulho. Naturalmente, isso se
aplica na ação de manutenção ou de reintegração de posse.
Se a ação é de interdito proibitório, incide o artigo 567, que ai no caso, portanto, que detinha a
posse, e está sendo ameaçado de turbação ou esbulho. É uma petição inicial com outra
qualquer, com o detalhe, que precisa indicar esses artigos citados.

Bom, a especificidade desse procedimento, está aqui, na fase inicial. Eu diria a vocês, que a
característica da ação possessória, é que nela, a ação possessória, se viabiliza a obtenção de
uma tutela provisória de uma maneira mais fácil, do que outros procedimentos.

Alguém pode ler o artigo 562:

Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá,


sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de
reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique
previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que
for designada.
Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não
será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia
audiência dos respectivos representantes judiciais.

Art. 563. Considerada suficiente a justificação, o juiz fará logo


expedir mandado de manutenção ou de reintegração.

Então veja. Vamos imaginar que Nathalia ajuizou ação possessória, e quer a reintegração de
posse. Você vai alegar que sofreu já tinha posse, o esbulho, e a data que ocorreu. Se você traz
provas desses fatos na petição inicial, o juiz já defere a tutela provisória. Aqui, não tem
necessidade de alegação de periculum in mora aqui! Basta comprovar que tinha posse, foi
esbulhado e o esbulho ocorreu no dia x. Agora, se você não consegue provar esses elementos,
ainda que de forma sumária, o juiz não vai indeferir a sua tutela provisória. Ele vai designar
uma data de audiência para justificação. Você vai arrolar testemunhas para a audiência. O réu
vai ser citado. Mas citado somente para acompanhar a produção dessa prova. Não vai
contestar, nem arrolar testemunha. Somente acompanhar essa produção de prova. Colhida a
prova, ai se tem a deliberação sobre a tutela provisória. O autor, na ação possessória, está
numa posição de vantagem, neste caso.

Vamos ao 563

Art. 563. Considerada suficiente a justificação, o juiz fará logo


expedir mandado de manutenção ou de reintegração.

Vamos ao 564.

Art. 564. Concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de


reintegração, o autor promoverá, nos 5 (cinco) dias subsequentes, a
citação do réu para, querendo, contestar a ação no prazo de 15 (quinze)
dias.

Parágrafo único. Quando for ordenada a justificação prévia, o prazo para


contestar será contado da intimação da decisão que deferir ou não a
medida liminar.

Vejam só. 4 são as hipóteses, que podem ocorrer:


a) Você tem a prova sumária, atendendo os requisitos do art 561. O juiz defere a tutela
provisória, o réu vai ser citado, e vai oferecer defesa no prazo de 15 dias

b) O juiz indefere a tutela provisória, sem audiência de justificação. Por que ele vai fazer
isso? Ele pode entender, de independentemente de ter prova ou não, de que você
alega, não é suficiente para tutela provisória, ainda que prove. Não tem o motivo de
marcar audiência de justificação. Ele vai indeferir, e vai citar o réu, para que em 15
dias, conteste.

c) Pode ser que o juiz entenda que é necessário produzir provas. Se o problema são
provas, os requisitos necessários da tutela provisória, ele não vai indeferir. Vai marcar
uma audiência de justificação. Nesta audiência, vai se colher a prova. E ai, ele vai
deferir ou não a tutela provisória. A parte vai ser intimada do deferimento ou
indeferimento da tutela provisória. Vamos imaginar que, eu defira, indefira ou emenda
(muito confuso, nessa parte..). Começou a correr os 15 dias, da audiência de
justificação. Os autos foram conclusos. E depois decidiu. A parte vai ser intimada, na
pessoa dos seus advogados, e a partir dai, começa a correr o prazo de contestação. Se
houve audiência de justificação, a citação do réu, ela é anterior à audiência. O réu
comparece a audiência. Deferindo ou indeferimento, tem a intimação e ciência do
caso. Após o oferecimento de resposta, o processo segue pelo rito comum.

d) Após a audiência de justificação, indeferiu o pedido

Dúvidas?

Existem algumas que devem ser tratadas, na regulação das ações possessórias. E eu diria que
são 3:

1 – Deferimento de tutela provisória contra a Fazenda Pública.

Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será


deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência
dos respectivos representantes judiciais.

O que se diz ai, é que não vai deferir tutela provisória possessória em face do poder
público, sem que se ouça previamente, a representação judicial da fazenda pública.
Percebam: É possível a tutela provisória contra o poder público? É evidente! É
possível o deferimento de tutela possessória de natureza provisória contra o poder
público? Sim. O que é vedado é: deferir liminarmente tutela provisória contra o
poder público! Ou seja, deve-se viabilizar a prévia oitiva. Uma vez ouvido o poder
público, o juiz pode deferir ou indeferir a tutela provisória possessória.
Sempre será possível tutela possessória contra o poder público?
Vejam bem, o interesse público prevalece ao interesse privado. Existem situações que
não é possível que se conceda a tutela possessória contra o poder público, ainda que
o Poder Público tenha praticado o esbulho. Esse se dá ,em que o bem já foi afetado.
Pois se o bem foi afetado, foi dada a destinação pública!

Então, eu não posso determinar a reintegração de posse, se a afetação foi feita.


Nesse caso, como se resolve a questão?

Se o particular foi esbulhado,e o poder público já afetou o bem, o juízo possessório


será improcedente! Mas o particular tem a ação de desapropriação indireta.

Um exemplo concreto: O Brasil entrou na segunda guerra mundial em 1942. Se vocês


passarem em Amaralina, lá tem uma unidade do exército, de artilharia. Nessa época, a
área era de um particular. Mas o exército entrou, e montou uma estrutura, para a
defesa da Bahia de Todos os Santos, para defender os navios submarinos. Se no dia
seguinte, o dono do terreno entrasse com uma ação possessória. O juiz não poderia
entregar a reintegração de posse, pois aquela área foi afetada. O que esse particular
tem? A ação indenizatória contra a União. E então, ele vai receber o valor devido em
ação do juízo possessório, na desapropriação.

É necessário verificar se houve ou não afetação, para que então, caiba a ação
possessória contra o poder público. E é exatamente por isso, que envolve este
parágrafo único, com a prévia oitiva. Essa prévia oitiva não é contestação! A
contestação vai ser apresentada no momento procedimental próprio, que é sempre
posterior ao deferimento ou indeferimento da tutela provisória. Essa oitiva é para dar
informações ao pedido liminar. Tá claro isto?

2 – É preciso que a gente fale um pouco, a cerca do caucionamento em ação


possessória. É o que tá no art 559.Agora esse aqui, é um dispositivo que tem
inutilidade. Até porque, por si só, ele se esvazia.

Art. 559. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor


provisoriamente mantido ou reintegrado na posse carece de idoneidade
financeira para, no caso de sucumbência, responder por perdas e danos,
o juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução, real
ou fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa, ressalvada a
impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.
Vejam só. O que tá dito aqui? Deferida a tutela possessória, o réu pode dizer: Sr. Juiz,
este autor é hipossuficiente econômico. Então esse autor, tem que caucionar, pois
depois que a liminar cair, ele vai ter de me indenizar. Como ele é hipossuficiente
econômico, é preciso que ele me garanta a indenização. O CPC de 73 acabava ai, e
sofria muitas críticas. Porque isso desfavorecia a tutela possessória do autor
economicamente hipossuficiente. Mas o artigo atual diz: Se ele for economicamente
hipossuficiente, você pode pedir a caução, ressalvada a hipótese dele ser
economicamente hipossuficiente. Então, o artigo se esvazia! Ai você cria uma situação
de norma vazia!

Bom a última questão que devemos analisar, ela diz


respeito, ao litisconsórcio multitudinário (Ponto 11)

O Litisconsórcio multitudinário é aquela hipótese, em que tem uma multiplicidade de


um polo da relação jurídica. Nas ações possessórias, é frequente acontece. Grupos de
pessoas se reúnem, com o objetivo de praticar o ilícito possessório. Se você tem
dificuldades nesse tipo de situação, tanto processuais, quanto complexidade da
situação. Percebam. É preciso que assegure o devido processo legal. Mas também
que assegure a efetividade da entrega de uma prestação jurisdicional. Extraindo uma
tutela jurisdicional para todos no meio. É preciso também assegurar o direito à
propriedade, a posse. Também a vedação ao exercício arbitrário das próprias razões.
Então, quando você tem esse tipo de invasão, que é uma invasão feita por muitas
pessoas, deve existir muita cautela. E o legislador se preocupa com isso. E traz
normas específicas, para o fim de citação e mediação.

No que se refere a citação, incidem as normas do parágrafo 1º, 2º e 3º. São normas
que inclusive, que devem ser aplicados analogicamente a processos de litisconsórcios
multitudinário, mesmo que não seja de ação possessória:

§ 1o No caso de ação possessória em que figure no polo passivo


grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes
que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais,
determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver
pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria
Pública.

§ 2o Para fim da citação pessoal prevista no § 1o, o oficial de justiça


procurará os ocupantes no local por uma vez, citando-se por edital os que
não forem encontrados.

§ 3o O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da


existência da ação prevista no § 1o e dos respectivos prazos processuais,
podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da
publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios.
Então vejam. Se há um litisconsórcio multitudinário, o oficial da justiça vai comparecer
ao local, e fazer para citação à todos aqueles que encontrar (e queiram receber a
citação). Vai certificar todo o ocorrido. Além disso, o juiz também vai determinar a
citação por edital. A citação por edital daquelas pessoas que compõem o grupo e não
foram citadas.

Vai se intimar o MP, por ser conflito coletivo de terras. Vai também, intimar a
Defensoria Pública, se existe hipossuficiente envolvido. A partir daí, se criam medidas,
para uma ampliação da relação jurídico processual, que vai permitir a composição da
decisão erga omnes. Então este é o procedimento da citação.

A outra preocupação que o legislador se preocupou, é no tocante da tentativa de


mediação. Vamos ver o art. 565:

Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho


ou a turbação afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano
e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar,
deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta)
dias, que observará o disposto nos §§ 2o e 4o.

§ 1o Concedida a liminar, se essa não for executada no prazo de 1


(um) ano, a contar da data de distribuição, caberá ao juiz designar
audiência de mediação, nos termos dos §§ 2o a 4o deste artigo.

§ 2o O Ministério Público será intimado para comparecer à audiência,


e a Defensoria Pública será intimada sempre que houver parte
beneficiária de gratuidade da justiça.

§ 3o O juiz poderá comparecer à área objeto do litígio quando sua


presença se fizer necessária à efetivação da tutela jurisdicional

Vejam bem: Se a ação possessória é de força velha, ou seja, mais 1 ano e 1 dia, para
agir contra esse esbulho ou turbação coletiva, é razoável que tenha a mediação. Já
que o sujeito esperou mais de 01 ano, para ajuizar a demanda. No caso, o juiz antes
de iniciar o processo. Antes de apreciar o eventual pedido de tutela provisória, antes
da própria contestação, ele vai buscar tentar mediar os conflitantes, com a
participação do MP, da Defensoria Pública, e participação de outros órgãos públicos.
Até ai, tudo bem. Obtida a mediação, resolveu-se o conflito. Não obtida a mediação,
se tem o procedimento feito.
O problema é impor mediação, nas ações de força nova. Vamos reler o parágrafo
primeiro:

§ 1o Concedida a liminar, se essa não for executada no prazo de 1


(um) ano, a contar da data de distribuição, caberá ao juiz designar
audiência de mediação, nos termos dos §§ 2o a 4o deste artigo.

Ai é uma hipótese, que o sujeito ajuizou a ação dentro de em ano e dia. Mas o
problema é que a justiça, ou os problemas do próprio aparato auxiliar da justiça, não
se teve o cumprimento da liminar no prazo de 01 ano. Então sofreu o esbulho. Isso
acontece. Ajuizou a ação com 15 dias, 1 semana. Ai chega na comarca o juiz demora
pra apreciar a liminar, quando defere a liminar, oficia-se o comando da Policia Militar,
mas o mesmo tem ordem interna para cumprir essa decisão, ai não cumpre, enfim,
uma novela inteira! E ao transcorreu por 01 ano. E porque transcorreu por 01 ano,
correu para a mediação obrigatória. Isto para mim, é passível de críticas (Eduardo fala
no caso)

Uma outra cautela que o legislador teve, foi trazer uma norma no parágrafo terceiro,
que, o juiz pode acompanhar pessoalmente, a prática dos atos para o cumprimento da
ordem dele emanada, se for necessária a efetivação da tutela jurisdicional.

Há mais alguma dúvida?

Ação de alimentos
1- Considerações Gerais
2- Natureza jurídica
3- Procedimento
3.1- Petição Inicial
3.2- Alimentos provisórios
3.3 – Citação
3.4 – Audiência de Instrução e Julgamento
3.5 – Sentença
3.6 – Recursos
3.7 – Coisa julgada

4 – Ação revisional e ação de exoneração de alimentos

5 – Oferta de alimentos

6 – Especificidades da execução de alimentos


Bom, nós devemos tratar da questão referente à alimentos. E a exemplo do que
fizemos do exame da possessória, é necessário trazer algumas considerações sobre
esse direito material. Alimentos correspondem a tudo aquilo que se tenha à
subsistência social. Se buscarmos a conceituação de alimentos, temos o artigo 1694 do
Código Civil

Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que
necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às
necessidades de sua educação.
§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
§ 2o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa
de quem os pleiteia.

Percebam, os alimentos referidos no parágrafo segundo, são os alimentos naturais.


Estes são necessários à subsistência da pessoa. Mas os alimentos de ordinário, são
alimentos sociais. Não compreendem à alimentos para subsistência em vida strictu
sensu. Eles significam que são os itens necessários para a vida compatível de sua meio
social. Os alimentos não vão ser só comida, remédio, etc. Vai ser também itens como
transporte, educação, vestuário etc.

A primeira observação a ser feita, é no tocante ao conceito de alimentos, com a sua


amplitude.

Os alimentos eles se classificam, no tocante a causa jurídica, em:

Alimentos legais ou legítimos

Alimentos indenizatórios

Alimentos voluntários ou contratuais

Os alimentos legais ou legítimos, são esses do art 1694. Eles derivam do parentesco,
do casamento ou da união estável.

Mas os alimentos podem ser indenizatório. São aqueles que decorrem de ato ilícito.
Exemplo: Um médico comete um erro, e incapacita uma pessoa, em razão desse erro,
presente os elementos da Resp. Civil, ele terá que pagar os alimentos. Por causa do
que deixou de perder por causa de trabalhar, no caso. Alguém comete um crime
contra uma pessoa, e esta vem a ser incapacitada. Ai, se o réu terá que pagar
alimentos indenizatórios, pois essa pessoa deixou de trabalhar.
Os alimentos voluntários. Alguém pode se comprometer por contrato, a pagar
alimentos à outrem. Então vejam que o alimentos se classificam nesta divisão citada.

O procedimento especial que vamos estudar, se destina somente aos alimentos legais
ou legítimos!

Os alimentos legais ou legítimos poderão ser postulados por procedimento especial. É


o procedimento da lei 5478/68. Os outros 2,serão por procedimento comum

Os alimentos também, se dividem em definitivos ou provisórios.

Alimento provisório é aquele fixado em tutela provisória, em cognição sumária.

Alimentos definitivos são aqueles fixados por sentença, cognição exauriente.

Os alimentos se classificam também, em alimentos pretéritos, atuais ou futuros.

Pretéritos são aqueles alimentos antes da propositura da ação.

Os atuais, do período superveniente do ajuizamento da ação.

Futuros, a partir da sentença.

O nosso direito não reconhece a proteção aos alimentos pretéritos. Parte-se da


premissa, que se o sujeito sobreviveu até a propositura da demanda, ele não precisa
de alimentos. Então não há direito à percepção de alimentos pretéritos.

O que se tem no campo do direito de família, são teses no sentido de indenização de


filho contra pai, em relação à abandono parental. Ou seja, o pai não dá a devida
atenção, e consequentemente, um dano moral. Isto gera uma patrimonialização do
direito de família...

Feitas essas observações, devemos focar no que vamos estudar: Os alimentos


legítimos. Eles são devidos ao parentesco, casamento ou união estável.

Quando se fala em parentesco, se leva em questão o ascendente ou descendente. O


comum quando se pensa em alimentos devidos é dos pais aos filhos, dos avós aos
netos. Mas também pode ser o caminho inverso!

No que se refere à menos, existem posições que são muito inventadas. “O direito de
alimentos é até 21 anos, o direito à alimentos é de 24 anos. O direito aos alimentos é
até a conclusão da faculdade!” Isso não faz sentido! Cada caso é um caso. Deve-se
analisar o caso concreto, para perceber. Exemplo: na camadas mais baixas, é incomum
que uma pessoa com 20 anos, não esteja trabalhando. Ou seja, isso pode fazer cessar
os alimentos. Na classe média, é comum que as pessoas entrem com 18 anos na
faculdade, para ter uma formação. Ai é outra situação. Existem situações de camadas
sociais mais altas ainda, em que a pessoa só trabalha depois dos 30 anos. A pessoa faz
mestrado, doutorado, etc.

Entre cônjuges e companheiros, a tendência é que: Primeiro, aceitar a renúncia de


alimentos. Não a renúncia prévia. Mas a renúncia no momento do [inaudível...]

Súmula 379
No acôrdo de desquite não se admite renúncia aos alimentos, que poderão ser
pleiteados ulteriormente, verificados os pressupostos legais.

Essa súmula é dos anos 60/70. E dizia o seguinte:” No acordo de desquite, a renúncia
não é aceita”. Isso era da época em que, no divórcio, a obrigação do homem, era de
sustentar a mulher. Hoje se aceita, que feito o divórcio ou dissolvida a união estável, as
partes renunciem o direito ao alimento futuro. E quanto a obrigação alimentar entre
cônjuges e companheiros, a tendência é que ela seja limitada no tempo. Ressalvada a
hipótese entre casamento/uniões muito longas, em que um dos 2 nunca trabalhou, e
não tenha mais idade para se reinserir no mercado de trabalho ou não tenha mais
saúde pra se inserir no mercado de trabalho, a tendência é que os alimentos sejam
fixados por lapso temporal. 2 ou 3 anos. E até mesmo de forma reduzida ao longo dos
meses. Se ela é jovem, ela ainda pode se reinserir no mercado de trabalho. Essa crença
de que havendo o divórcio, ou dissolvida a união estável, há o direito ao alimento,
ela é correta, mas com bastante ressalvas, como mostrei aqui!

Dúvidas?

Natureza jurídica da ação de alimentos

Antigamente se dizia, que a ação de alimentos é uma ação de estado. Este é um


raciocínio falho. A ação de alimentos era uma ação de natureza obrigacional, é uma
ação de natureza patrimonial. O que se quer, é o pagamento de certa quantia em
dinheiro. Embora, se discuta como questão prejudicial, eventualmente, a existência ou
não, de parentesco. E ai, estamos em diante de ação de estado. Inclusive por isso,
pode haver citação postal, em ação de alimentos!

Ponto 03 - Procedimento
A questão da ação de alimentos, no ponto de vista procedimental, é uma questão que
precisa ser analisada de 2 formas distintas.

Primeiro: Existe um procedimento especial para ação de alimentos. Num primeiro


momento, nós vamos estudar esse procedimento, da forma que está na lei. Depois,
vou mostrar à vocês, como estas ações estão sendo tramitadas aqui na Bahia. Aqui, foi
estabelecido um núcleo de conciliação de direito de família. Então, quando há um
ajuizamento sempre há uma tentativa prévia de conciliação feita por esse núcleo.
Somente quando não há conciliação, há a citação para que o processo siga.

Naturalmente, a lei processual, o direito federal, ela não pode ser alterada por atos
praticados no âmbito dos tribunais. A partir do momento em que a alteração não traz
prejuízo as partes, não há nulidade, consequentemente.

De qualquer forma, me parece mais razoável mostrar a vocês como tá o procedimento


legal, como é que essa resolução do tribunal adaptou o procedimento legal, para essa
necessidade de tentativa de conciliação. Até porque, a lei do procedimento de
alimentos é do século passado.

Incialmente, a competência para ação de alimentos, deve ser proposta no foro de


domicílio do alimentando! A competência é relativa. E naturalmente, o alimentando
pode dispensar o foro privilegiado.

A ação de alimentos, ela se instaura, mediante representação de uma petição inicial. A


petição inicial deve atender os requisitos gerais do Art. 319. Agora, alguns aspectos
aqui, devem ser observados.

Primeiro: Para que haja a utilização do procedimento especial, é necessário que se


trate de alimentos legais ou legítimos .

Segundo: É necessária prova pré-constituída, da relação que autoriza a ação de


alimentos (prova do parentesco, casamento, união estável). Se não há prova desse
vínculo, o procedimento vai ser o comum!

A hipótese mais frequente, que é de pai para filho. Então, a prova da filiação, vai ser
uma ação de investigação de paternidade, cumulada com ação de alimentos, ela vai
tramitar pelo procedimento comum, e não este citado aqui.

Você vão ver, que a lei de alimentos é bem antiga. E existem disposições que precisam
ser ponderadas dentro da sistemática atual. Salvo engano, o art. 1º da lei, ela
independe de distribuição, que a parte poderia com a sua petição inicial ao juiz que ela
escolhesse, para que ele despachasse. Obviamente, é uma norma que viola o princípio
do juiz natural. Quando comecei a advogar, no inicio dos anos 2000, por incrível que
pareça, isso ainda era praticado. Então se fazia esse tipo de escolha. Hoje, não é mais
feito. É claramente inconstitucional
Outro aspecto: A lei no art 2º também diz que a parte pedir alimentos sem assistência
de advogado. Que a parte poderia procurar diretamente o juiz, e que o juiz
determinaria que o escrivão reduzisse a termo a postulação da parte, para que então
esse termo viesse para apreciação judicial, e o juiz desse seguimento a ação de
alimentos. Também é outra norma que não foi recepcionada na CF.

Então a ação de alimentos, se pauta na petição inicial, prova pré-constituída do vínculo


do parentesco, subscrita por advogado, e será submetida a distribuição.

Valor da causa, na ação de alimentos: 12 vezes o valor postulado.

Ai percebam: Proposta a ação, os autos, eles são conclusos para fim de arbitramento
de alimentos provisórios. A lei 5478 diz que, ressalva a hipótese do autor propriamente
afirmar, de que não precisa no momento dos alimentos (incomum), os alimentos
provisórios serão fixados. E obviamente, que essa fixação é uma decisão interlocutória.
E consequentemente, temos uma tutela provisória satisfatória.

Uma grande questão, se diz: qual é o valor dos alimentos, e qual o valor de
arbitramento dos alimentos? É um ponto que existem muitos mitos! Muita gente que
“alimentos é 15% pra cada filho”. Não existe uma regra pra essa fixação de alimentos.
Pode ser que os alimentos sejam 100%. Se o sujeito tem mais de uma fonte de renda,
pode ser que seja fixada os alimentos, na custa de 100% da determinada fonte de
renda. 37 filhos, não podem ser 15%, é matematicamente impossível. O juiz deverá ver
o caso concretamente, ver o caso citado, quais a necessidade do alimentando, e então
fixará o valor. Pode ser que os alimentos sejam de 7%, de 20%, de 30% dos ganhos
líquidos do sujeito. Ganho líquido, deve ser entendido como o lucro menos o desconto
obrigatório. Se o sujeito fez consignação, empréstimo, compra parcelada, foi uma
opção dele. O juiz tem que estar atento a esses fatos. O juiz pode fazer incidir ou não,
a verba alimentar dos alimentos sobre as verbas indenizatórias. Mas não me parece
comum para efetuar. Se é indenização, não é ganho. (Ex: adicional por insalubridade.)
Pode ser que o juiz entenda, que o ideal não é a fixação por percentual. Pois pode ser
que os ganhos do sujeito sejam variáveis, ou pode ser que não tenham ganhos fixos,
que possam ter percentual. O juiz pode entender que o valor é fixo, e o critério para
variação pode ser outro.

Entendam que há uma larga discricionariedade do juiz, para fixar esses alimentos
provisórios.

Mas o critério é esse do parágrafo 1º do 1694. Se leva em consideração, a


possibilidade do alimentante, a possibilidade do todo do obrigado, e as necessidades
do alimentando. Qual a base de cálculo do percentual, qual o percentual..etc. Isso ai,
deve ser definido em cada caso, pelo juiz.
Então, após essa petição da inicial, serão fixados os alimentos provisórios. E o recurso
cabível contra essa decisão é o agravo de instrumento, por ser uma decisão
interlocutória.

Decididos os alimentos provisórios, o juiz vai marcar data para audiência de


conciliação, instrução e julgamento. O autor vai ser citado na pessoa do adv, para
comparecer a audiência , o réu vai ser citado, para fim de comparecimento para essa
audiência.

Nesta audiência, se não houver acordo, já vai haver apresentação de defesa, por isso
que, na aplicação subsidiária do Novo CPC, deve existir o prazo mínimo de 20 dias.

Até ai, alguma dúvida?

O autor, deve comparecer pessoalmente à esta audiência, sob pena de extinção do


processo, sem exame do mérito. O réu, também deve comparecer pessoalmente à
audiência, sob pena de configuração de confissão. Naturalmente, se o autor é menor
impúbere, ele comparece representado ou ele vai estar representado, na forma do
Direito Civil. Como disse á vocês, é uma audiência de tentativa de conciliação, e não
havendo conciliação, vão ser praticados os atos postulatórios, e praticados os atos
postulatórios, vão ser colhidas as provas. Então designada essa audiência, as partes
devem apresentar o rol de testemunhas, o rol de testemunhas no prazo que o juiz
conceder, e o prazo não deve ser superior à 15 dias.

A ideia, é que a audiência seja uma. Embora a prática demonstre que nem todos os
atos são praticadas, por excesso de tempo. Mas de vigor, como é que deve funcionar
essa audiência? Feito o pregão, autor e réu entrarão na sala acompanhados de seus
advogados, e ai cabe ao juiz tentar a conciliação. Primeiro passo então, é a tentativa de
conciliação. Não havendo conciliação, cabe ao réu, em mesa, apresentar defesa. A
defesa pode ser escrita ou oral. Em mesa, o autor vai falar sobre os documentos, e
sobre matérias que admitiriam réplica. Como é o caso, de preliminares, e defesas
indiretas do mérito. Com isso, ai encerrou-se na própria mesa, a fase postulatória. E ai
em mesa, o juiz já vai sanear. Resolver as questões processuais pendentes, questões
preliminares, estabelecer os fatos controvertidos. Encargos probatórios. Na sequência,
em mesa, colheita dos depoimentos pessoais, se for o caso. Depois, ainda em mesa,
oitiva das testemunhas. Elas já vinham sido arroladas previamente. Primeiro a do
autor, depois do réu. Máximo de 3 testemunhas para cada parte. É um procedimento
bem compactado e simplificado. Encerrada, a oitiva das testemunhas, o juiz deve
tentar de novo, a conciliação. As cartas já estão na mesa, pode ser que se consiga o
acordo que não conseguiu. Não havendo o acordo, estará encerrada a instrução.
Depois, razões finais, 15 minutos cada parte, e pra o MP, se intervir no processo. E a
partir daí, em mesa, o juiz pode prolatar a sentença.

Alimentos são necessários para subsistência. Portanto, é recomendado que o processo


chegue a um prazo curto. Mas é claro, que muitas vezes, não dá pra fazer isso um dia
inteiro. E o juiz tem outras audiências no dia. Então, muitas vezes, ocorrem
fragmentações. Muitas vezes, o juiz tenta a composição, e não acontece. Ai remarca
pra colher a prova oral. Muitas vezes, encerrada a colheita da prova oral, substitui as
razões finais, para memoriais escritos. Na prática forense, esse procedimento aqui,
pode encontrar fragmentações. Fica claro para todos, como se desenvolve o processo,
na petição inicial, até a sentença? Esse é o procedimento da lei 5478/68. Todavia,
deve-se registrar que aqui na Bahia, não é seguido de forma total. É adaptado por uma
resolução do TJBA. É claro que uma resolução do tribunal, não pode mudar uma lei
nacional. Todavia, só há nulidade com prejuízo. E aqui não há prejuízo, como vocês
podem ver. O que é que o tribunal, resolveu instituir há 13 anos atrás, um núcleo de
conciliação prévia de direito de família, que se conseguem muitos acordos. E ai você
tem uma eficiência muito maior no procedimento, e um enxugamento de processos
chegando ao juiz. O tribunal criou o núcleo criou esse núcleo, e ele abrange as 14 varas
de família. Quando a petição inicial chega, ela é distribuída para a vara de família, e
fixa os alimentos provisórios. Mas ele não marca audiência, e ai manda os autos para o
núcleo. E ai no núcleo, as partes vão ser cientificadas pela via postal, para ter uma
audiência. E ai, se tenta nessa audiência, a obtenção de acordo. Se conseguiu um
acordo, será reduzido à termo e homologado por sentença. E o processo acabou. Se o
acordo não for alcançado, ali na mesa, a parte é citada, e começa a correr o prazo de
15 dias úteis para defesa, e o processo é encaminhado para a vara. Então, quando o
juiz recebe o processo na vara, ele já tá contestado. Ai ele intima autor para réplica e já
marca audiência. E a audiência já começa no saneamento. Vejam que não há prejuízo
pra ninguém, e benefícios existem para todos. Do tecnicismo existem críticas, mas na
prática é muito melhor.

Dúvidas até ai?

Sentença:

Seja pelo procedimento da lei, ou o procedimento adaptado, chega-se à sentença. Essa


sentença se assemelha muito com a normal, mas tem algumas peculiaridades. Ela vai
atender os requisitos de toda sentença normal. Essa sentença, no caso de
improcedência, tem um conteúdo declaratório. No caso de procedência, tem uma
carga constitutiva e condenatória.

Eu não sei se falei dos efeitos retroativos dessa sentença. Sim ou não? Os alimentos
provisórios, vão ser fixados [inaudível]. Uma vez fixado, esses alimentos provisórios,
existem um dissenso de quando os alimentos provisórios são devidos. A lei 5478/68 no
seu parágrafo 2º do art 13, diz que os alimentos provisórios são devidos a partir da
citação. Este é o pensamento dominante, apesar de existirem correntes contrárias. Por
que é que existe uma rejeição à essa norma? Porque, existe um “estímulo” para evitar
a citação. Pois enquanto ele não for citado, ele não precisa pagar os alimentos. Daí,
porque existe posicionamentos, de que os alimentos são devidos a partir da data da
fixação. Este é um posicionamento que evita o dano. E a terceira, que é uma posição
antiga do STF, na Súmula 226, considera os alimentos são devidos desde a
propositura da ação. Este pra mim, é o posicionamento mais razoável. Pois se houve
demora pra citar ou demora pra arbitrar, ele não tem culpa nisso, pra suportar esse
encargo.

Tá claro isso?

Os alimentos são devidos, a partir de um determinado momento aqui. Eles devem ser
pagos ao curso do processo.

Mas fixados os alimentos em cognição exauriente, o entendimento é de que eles


retroagem. Retroagem a data de exigibilidade. Vamos imaginar, que o juiz adote o
critério de propositura da ação, por exemplo. Podia ser de arbitramento ou citação.
Mas vamos imaginar, de,qualquer que seja o critério, existem 20 meses, entre a
exigibilidade e a sentença. Vamos imaginar que os provisórios, tenham sidos fixados m
4 salários mínimos. E os definitivos, em sentença, em 6 salários mínimos. Se os
alimentos retroagem, esse sujeito que está pagando em dia, ele vai ter uma diferença
de 40 salários mínimos, de que ele vai ter de pagar. Perceberam a lógica? Existe uma
retroação dos alimentos definitivos, em relação aos provisórios.

Agora, essa situação aqui é de fácil compreensão. Vamos imaginar o inverso. Vamos
imaginar, que provisoriamente foram fixados em 6 salários mínimos, e por sentença,
vamos imaginar que foram fixados 4 salários mínimos. Se eu fizer o mesmo raciocínio
de retroação, chegarei a conclusão de que o alimentando, deve ao alimentante 40
salários. Esse raciocínio não vai poder ser acolhido, pois não cabe repetição de
alimentos, e nem cabe compensação de alimentos!

Então essa retroação só vai se operar, quando os alimentos definitivos forem


maiores que o provisório. Mas o contrário não se opera!

Aqui é um terceiro ponto, que é necessária muita atenção!

Se os alimentos foram fixados em 6 salários mínimos provisoriamente, e em 4 SM,


definitivamente. Nós chegamos a conclusão, de que, se o alimentante pagou tudo em
dia, ele não vai ter direito à repetir. Agora imaginem que nunca foram pagos esse
alimentos, e agora reduziu-se à 4. Ele vai ter de pagar 120 salários, em vez de 80? Se
você aplicasse a teoria da cognição, seriam 80. Mas estaria dando um tratamento
benéfico à quem descumpriu uma ordem judicial, em detrimento daquele que teria,
em tese, que cumpriu a ordem. Por isso que, a jurisprudência do STJ, ela é
majoritariamente no sentindo, de que, quando há redução em situação de
inadimplência, o período de inadimplência se dá pelo de maior valor, os provisórios. E
ai você estaria estimulando, se entendesse de forma oposta, o inadimplemento dos
alimentos!

Ok para todo mundo?

A sentença de alimentos, ela tem 02 especificidades.

1- Se entender que os alimentos correspondem a dívida de valor. E não dívida de


quantia. Por razão disso, não há em sentença de alimentos, ultra ou extra
petita. Se o juiz entender que o valor devido é maior que o valor pedido, ele
pode condenar além do pedido!
2- Se o juiz entender que os alimentos devem ser pagos de maneira diversa
daquela que seja postulada, ele também pode decidir dessa maneira. O que
quero dizer? Você pediu 5000 reais de alimentos. O juiz determina que pague-
se diretamente à escola, plano de saúde, natação, karatê, etc e em dinheiro,
condena-se em 500 reais. Não há sentença extra petita.

Então na sentença de alimentos, não há sentença extra ou ultra petita.

OBS: O alimentando não deverá ser condenado em honorários sucumbenciais, embora


venha a decair, em parte ou em todo o seu pedido. Exemplo: Se o sujeito pede 5000, e
o sujeito condena a 3000. Ele não vai fixar honorários de sucumbência. Por que?
Porque os 3000 é para subsistência. Parte-se da premissa, de que ele tenha é
estritamente necessário para a sobrevivência.

Intervenção do MP

O procedimento da lei 5478/68, ele prevê a intervenção do MP, sempre! É uma lei
antiga. Vai completar meio século. A CF/88 estabelece um papel ao MP. O CPC de 2015
afasta essa tese do MP intervir por causa do procedimento. Somente quando a CF
estabelecer, o MP deve participar. Por isso que na ação de alimentos, o MP só vai
intervir quando estiverem incapazes no processo. Não havendo incapazes, não faz
sentido o Ministério Público intervir.

O Ministério Público detêm também legitimidade ativa para propor ação de alimentos,
atuar como parte, na condição de representante do alimentando. Se presentes,
cumulativamente 02 requisitos:

1- Se trate de Criança. O ECA faz a diferença entre Criança e Adolescente. Até 12


anos, criança. A partir de 12 anos, adolescente. Então se tratando de Criança o
MP pode propor ação como representante da criança, desde que, menor sem
pátrio poder ou em situação de perigo! (Ex: Mãe viciada em tóxicos, e não dá
atenção à criança.)Ele pode atuar não só como representante na ação de
alimentos, mas também na ação de investigação de paternidade cumulada com
alimentos, se presente essa situações de pressupostos.

Recursos
As decisões que fixam, modificam ou extinguem alimentos provisórios, são
interlocutórias. Desafiam agravo de instrumento. As sentenças, desafiam apelação. A
apelação no caso de procedência, não é dotada de efeito suspensivo. Nos casos de
improcedência, ela tem efeito suspensivo. (Dica: Revise isso um pouco. Cautela e canja
de galinha, não faz mal à ninguém!)

Coisa Julgada
Nós estudamos no semestre passado, o art 15, da lei de alimentos. Lá tá inscrito, que a
sentença de alimentos não transita em julgado. Mas que pode haver revisão do valor
dos alimentos, se houver alteração da situação financeira dos interessados. Aumento
de possibilidade, aumento de necessidade, alteração econômica,etc.. No semestre
passado, eu procurei a mostrar, que não se pode aceitar esse entendimento
reducionista que não há coisa julgada. Se há mérito analisado em cognição exauriente,
teremos a coisa julgada materia se formando. Agora, possibilidade de revisional deriva
do fato, de que tem a causa de pedir diferente da ação de alimentos. Pois nessa, a
revisional, somente se pode alegar fato superveniente da coisa julgada. A sentença
que fixa os alimentos transita em julgado materialmente.

Tá claro isto à todos?

A ação revisional de alimentos e ação de exoneração de


alimentos

Eu gosto sempre de tratar as duas conjuntamente, porque vejo na exoneratória, uma


localidade de revisional. O que é uma exoneratória, senão uma revisional na qual se
quer livrar-se da obrigação fixada? No caso temos ações nas quais se discutem o valor
da verba alimentar fixada anteriormente.

Quanto ao procedimento da revisional ou da exoneratória, há quem defenda que o


mesmo procedimento da ação de alimentos deva ser usado. Acho que é o
posicionamento mais aceito. Mas tem gente que defenda, que o procedimento usado
deva ser o comum. E esse é o posicionamento mais aceito nas varas de família de
Salvador

Na ação revisional, tem-se a proposta feita por alimentante ou alimentando. Alegando


a alteração econômica, modificação das necessidades de cada parte, etc. A revisional
pode ter até a sua possibilidade reduzida, quando você arbitra os alimentos na
utilização de certas técnicas, como salário mínimo por parâmetro, percentual de
remuneração, reduz a chance de revisional . Mas mesmo assim, em determinado
momento, é necessário fazer a revisão de alimentos. E se não for feita amigavelmente,
deve ser feita judicialmente. A de menor é o principal exemplo. Uma criança de 01 ano
tem um gasto totalmente diferente, quando estiver um adolescente de 17 anos. Ela
passa a estudar, a curso de línguas, pratica de esportes, alimentação, lazer,etc. Então é
natural que ao longo do tempo,sejam feitos ajustes. Esses ajustes são feitos por ação
revisional. E em determinado tempo vai cessar-se a possibilidade de pagamento, e vai
ser necessária a ação exoneratória. Na exoneratória e a revisional, o recurso de
apelação SEMPRE VAI TER EFEITO SUSPENSIVO! O que eu quero dizer com isso? Se os
alimentos definitivos são de 4 salários, e alguém quer exonerar-se, pode haver uma
sentença de exoneração, nesse processo ao todo. E o sujeito paga 4 salários
[inaudível]....Daí porque, nas revisionais e na exoneração, havendo situação de
evidência, deve ser postulada a tutela provisória. Você pode ter uma exoneração,
através de uma liminar, se a prova for idônea. Na revisional é o mesmo. Mas se você
não tiver uma prova idônea para conseguir a tutela provisória, somente se terá a
revisão ou a exoneração somente após julgado procedente o recurso.

Oferta de alimentos
Vamos agora falar deste ponto. O artigo 24 da lei de alimentos, ele autoriza que o
alimentante se antecipe e proponha a ação, requerendo o arbitramento da verba
alimentar. Não raro, o alimentante quer pagar, mas o alimentando entende que o
valor que o alimentante quer pagar é insuficiente. Não se chega ao consenso para a
verba. E pode ser quer o alimentante proponha a ação. Muitas vezes, é bem
interessante estrategicamente. São ações que vai se ter uma fixação provisória. Nesse
caso, os alimentos provisórios vão ser fixados com base nos elementos de alegações
trazidos pelo autor, que é o alimentando. E se houver exagero, é o alimentante que vai
ter que procurar pelas vias recursais, a redução. Que nem sempre é fácil de ser obtido,
antes da instrução. Então, quando ele se antecipa, propondo a ação de oferta de
alimentos, esse alimentos provisórios vão ser fixados pela argumentação dele,
alimentante, com as provas fixadas. E se o alimentando entende que o valor é pouco,
ai ele vai ter o encargo de recorrer, produzir as provas, para que se tenha uma
ampliação desse valor provisório. Então não é raro isto ocorrer, é comum.

Especificidades da execução de alimentos

Este é um capítulo que é do próximo semestre, mas é possível neste momento, trazer
algumas considerações gerais, em relação à esta execução de alimentos.
O legislador tenta dar a máxima efetividade na condenação de alimentos. E para
viabilizar isto, o legislador vai permitir a utilização de coerção pessoal, para o
pagamento dos alimentos. É a única hipótese de prisão civil no nosso sistema jurídico.
Então, a condenação em obrigação de pagar alimentos, em tese, ela pode ser
executada por 2 caminhos: O primeiro é a prisão civil do devedor, o outro caminho é o
uso da técnica expropriatória. Que é aquela pautada na penhora, na venda desses
bens, para o pagamento da dívida. Sempre a técnica expropriatória poderá ser usada.
Mas a técnica da coerção pessoal, somente será possível, em relação aos alimentos
vencidos há 3 meses, da propositura da ação. Ou os vencidos no curso da execução.
Exemplificando fica mais fácil.

Vamos imaginar que existe um não pagamento de alimentos, no período de 11 meses.


Os 3 últimos, e os mais que se vencerem no curso do processo de execução, a escolha
do alimentando, poderão ser cobrados pela técnica expropriatória, ou pela técnica da
coerção pessoal. Mas os 8 mais antigos, somente pela técnica expropriatória. Ficou
claro isto? Alimentos vencidos a menos de 3 meses, há o direito de escolha. Que
alcançará também os vincendos. Alimentos vencidos há mais de 03 meses, somente
pela expropriatória.

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