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Cultura Brasileira

Material Teórico
Ares de Modernidade na Cultura no Brasil

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. João Elias Nery

Revisão Técnica
Profa. Dra. Vivian Fiori

Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Ares de Modernidade
na Cultura no Brasil

• Introdução
• Contextualizando o Período
• Cultura e Política no Estado Novo
• Imprensa: Cultura de Massa sem Massa
• Cinema: Diversão Familiar Dominical
• Em Cena a Cultura para as Nassas: A Era do Rádio
• Balanço Geral: Cultura e Política na Era Vargas

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Analisar a relação entre a cultura e a política no governo Vargas.
Tratar da cultura de massa no Brasil e as influências dos meios de
comunicação e artístico no período Vargas.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Ares de Modernidade na Cultura no Brasil

Introdução
Nesta Unidade, abordaremos a trajetória da cultura brasileira principalmente
após os anos 1930 e destacaremos aspectos relevantes do Brasil no período e as
influências estrangeiras sobre as culturas do país. O foco principal aqui é o período
historicamente definido como Era Vargas.

O texto trata dos principais aspectos da sociedade brasileira entre 1930 e 1945
e os conteúdos remetem à expansão das cidades brasileiras e da cultura de massa,
principalmente rádio e cinema. Você pode – e deve – buscar referências para
melhor compreender a época. Para isso, além de se dedicar ao conteúdo teórico, é
necessário buscar compreender as questões que mobilizaram a sociedade brasileira,
como a ascensão do totalitarismo na Europa e sua relação com a Ditadura Vargas.

Cultura e comunicação serão temas fortemente ligados a partir desse período, no


qual vão se configurar algumas das principais características das relações culturais
e comunicacionais, muitas delas presentes até os nossos dias.

O filme Olga, por exemplo, trata de algumas das questões centrais da Era
Vargas – combate ao comunismo, práticas ditatoriais e relações com o totalitarismo
europeu – e pode ser um interessante ponto de partida.

Pesquise e conheça a história da cultura do Brasil em um período fundamental


para a formação do país e até hoje referência em muitas de nossas ações.

Contextualizando o Período
O Brasil desta primeira década do século XXI tem significativas semelhanças
com a sociedade brasileira do início do século XX. Alguns dos comportamentos
hoje dominantes, hábitos e práticas sociais, políticas e culturais do nosso tempo são
herança do que a história tem configurado como Era Vargas, pela longa presença
de Getúlio Vargas na presidência da República (1930-1945).

A expansão da população urbana e da comunicação de massa e o uso da


comunicação com viés ideológico estão entre os fatores que analisaremos.

Olhemos para o passado recente com os olhos no futuro: observemos a partir do


texto a permanência na cultura e na política de práticas que, de geração a geração,
acompanham nossas vidas em nossos modos de ser como cidadãos brasileiros.

O passado não é algo morto no qual estão fatos isolados, mas algo presente em
nossa sociedade. Mesmo quando determinado comportamento ou valor é superado,
é importante acompanharmos a História: como a sociedade o incorporou e quais
fatores levaram à sua superação?

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A Cultura tem tempo e lugar, é vivida em contextos definidos, influencia e é
influenciada por eles. A decisão de abordarmos a situação das culturas brasileiras
nestas décadas deve-se não apenas a uma cronologia com um fim em si mesma, mas
à identificação de traços de permanência de valores tradicionais em um ambiente
de profundas modificações no campo da cultura, da política e da organização da
sociedade brasileira, que construíra até o século XIX uma história da cultura na qual
tinham grande importância o catolicismo, as relações com a corte portuguesa e as
relações sociais marcadas pela violência contra negros, índios e pobres em geral.

Os valores tradicionais das culturas brasileiras permaneceriam dominantes;


porém, seriam confrontados, em pleno século XX, com os “ares de modernidade”
que trariam inovações para o cotidiano de parte dos brasileiros. O contexto do
novo século exigiria a superação de hábitos e costumes tradicionais e os analistas
da cultura iniciariam um debate que acompanharia todo o século XX na tentativa
de compreender a gênese dessa cultura.

Temas como influência da miscigenação e a existência do “brasileiro cordial”,


descrito e mitificado em obras das culturas brasileiras, seriam abordados por
intelectuais e pesquisadores das nascentes instituições de ensino e pesquisa.

Os estudos divulgados procuravam apresentar, a partir de perspectivas teóricas


diversas, as trajetórias que possibilitaram a convivência dos diferentes segmentos
da sociedade e sua importância para a configuração das culturas no país.

Depois de identificar a figura do “brasileiro cordial” e indicar relações entre as


classes sociais e raças em estudos hoje “clássicos” da Sociologia brasileira, autores
passam a afirmar que muitos desses aspectos teriam desaparecido com o processo
de urbanização do país, acelerado a partir de 1930.

A passagem das comunidades para as sociedades de massas e da comunicação


comunitária para a de massas estaria na origem das intensas mudanças nas
manifestações culturais observadas a partir de então.

As palavras moderno, modernização e modernidade invadiriam os debates,


opondo o antigo e o novo, o arcaico e o moderno, como repercussão do ambiente
moderno vivido em países europeus.

A Semana de Arte Moderna de 1922 reflete, no campo das artes, o contexto da


época, trazendo para o Brasil o espírito das vanguardas europeias.

Movimento de Arte Moderna


Explor

A Semana de Arte Moderna ocorreu no Teatro Municipal em São Paulo, em fevereiro de


1922. Essa semana de artes trouxe novidades ao mundo artístico brasileiro da época,
embora influenciada por movimentos de arte europeia, buscando dar a tônica, com uma
visão brasileira, às artes plásticas, à pintura, literatura, música, ao desenho etc. Contou com
nomes como Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Anita Malfatti, Di Cavalcanti,
Victor Brecheret, Villa-Lobos, entre outros.

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UNIDADE Ares de Modernidade na Cultura no Brasil

Figura 1 – Semana de Arte Moderna de 1922 em São Paulo


Fonte: Wikimedia Commons

Em meio à industrialização principalmente da região Sudeste, à ampliação


do acesso à educação formal e à mudança no papel da mulher na sociedade,
entre outros fatores, o Brasil entrava no mundo moderno mantendo muitos dos
elementos do mundo antigo, e assim permaneceria por muito tempo.

Um olhar retrospectivo revela a convivência entre os antigos valores e os novos,


trazidos pelos ventos de modernidade vindos da Europa e dos EUA. Nas grandes
cidades, conviviam tecnocratas e aspirantes à burocracia de Estado e à indústria
cultural que se formava, políticos e empresários, dando formas à cultura política
patrimonialista que nos anos seguintes revelaria muito do que somos.

No campo político, o populismo em ascensão passava a ser o principal opositor


da política tradicional desenvolvida na primeira República.

Cultura e Política no Estado Novo


No campo político, o getulismo marcaria profundamente a sociedade, reforçan-
do aspectos da tradição caudilhesca de nossa cultura: o Presidente Getúlio Vargas,
“pai dos pobres”, entraria para a história ao se apresentar à sociedade como líder
capaz de apaziguar interesses antagônicos, constituindo-se simbolicamente como
“salvador da pátria”.

À frente do Estado brasileiro, entre 1930 e 1945 e, posteriormente, entre 1951


e 1954, Getúlio Vargas tornou-se principal referência para a constituição de uma
cultura política populista, ocupando o imaginário de uma população que mal se
familiarizara com os valores do Brasil República.

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Um povo miscigenado, oriundo de diversas partes do mundo e que intensificava
um processo de migração do campo para a cidade, buscava construir símbolos e
representações de sua identidade.

O seu governo na época buscava criar a ideia de um só povo e uma só cultura


elegendo alguns símbolos ditos nacionais – a feijoada, o futebol – como exemplos
dessa identidade nacional. Vargas era nacionalista e tinha a ideia de buscar essa
identidade nacional com a junção de brancos, negros e indígenas, o que foi um
marco de seu governo.

Foi no governo Vargas que pela primeira vez um presidente visitou uma área
indígena formalmente. Em 1934, criou-se o Dia do Índio e em 1938 foi lançada a
marcha para o Oeste do Brasil com intuito de integração do índio à cultura nacional.

Cabe ressaltar que a expressão índio é muito genérica, mas foi e vem sendo
usada para caracterizar diversos grupos indígenas, de modo a torná-los mais
homogêneos, quando, na realidade, compreendem diversos povos e culturas
inseridos no território brasileiro.

Em relação aos negros, tratou-se de al-


gumas manifestações culturais considera-
das mais comuns entre os negros e, nes-
se período, o samba carioca foi elevado
à samba nacional, difundido e abraçado
como parte da cultura nacional. A figura
de Carmen Miranda como símbolo de bra-
silidade também foi muito difundida nessa
época, bem como a de Villa-Lobos, com
uma música genuinamente brasileira, que
trazia sons do imaginário brasileiro e ser-
via como propaganda do governo.

No caso de Carmen Miranda, tornou-se


ícone das marchinhas e do samba cario-
ca, divulgados na rádio, em revistas como
O Cruzeiro, discos e cinema, já que essa Figura 2 – Carmen Miranda
acabou indo para Hollywood. Fonte: ana-lee.livejournal.com

Os conhecimentos e as relações familiares, suficientes para a vida em


comunidades rurais, já não o são no ambiente urbano e a busca por relações que
proporcionassem privilégios seria uma constante na cultura brasileira. A proteção,
o apadrinhamento e a constituição do jeitinho brasileiro serão elementos que se
intensificarão no período.

A figura do pai dos pobres associada à figura do Presidente Getúlio Vargas terá
grande significado para esse processo. Oscilando entre imagens de ingenuidade,
resistência e conformismo, a cultura brasileira dos anos 1930/1940 apresentará
inovadoras interpretações do país e de seu povo.

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UNIDADE Ares de Modernidade na Cultura no Brasil

O futebol foi outro símbolo usado como forma de identidade nacional. Como
explica o pesquisador:
O futebol foi popularizado; e seus jogadores, profissionalizados pelos meios
de comunicação, principalmente o rádio. O futebol estabeleceu-se como
meio de integração social da população brasileira, dando-lhe uma identi-
ficação de cidadania relacionada diretamente ao período Vargas. Introdu-
zido no Brasil no final século XIX, o futebol não parou de crescer, mesmo
com seu caráter elitista. O esporte inglês difundido inicialmente em clubes
e escolas, logo propagou-se para as camadas populares, que passaram a
adequar o desporto elitista a suas realidades: descalços, descamisados, em
locais planos e abertos; criou uma identidade localizada, regional e nacio-
nal a partir dos clubes futebolísticos (ZANELATTO, 2007, p. 7-8).

De um esporte que era elitizado, foi ganhando adeptos entre os mais pobres e
entre outras classes sociais, tendo sido popularizado também a partir da rádio.

Figura 3
Fonte: Wikimedia Commons

Um país que alterava sua dinâmica ao transferir parte das atividades rurais
agrícolas para as urbanas industriais fazia isso em um contexto tecnológico que
acompanhava tal processo ao oferecer máquinas para a produção em série que
possibilitaram, inclusive, a industrialização da cultura.

Imprensa, rádio e cinema são inovações que marcam o cenário cultural brasileiro
daqueles anos, reforçando o caráter modernizador do período. Ficaria ainda para
a década seguinte a inserção da televisão que, como veremos, reuniria linguagem
e técnica do rádio e do cinema e configuraria um meio de comunicação de grande
alcance e potencialidades.

Na organização da cultura industrial, seria adotado o modelo norte-americano,


seja pelo consumo de filmes produzidos em Hollywood, seja pela presença de
produtos e de agências de publicidade que passaram a veicular padrões estéticos e
de consumo daquela sociedade.

Dos produtos farmacêuticos e de beleza a automóveis, cigarros e moda, o período


assimila a nova dinâmica de substituição da produção artesanal pela industrial.

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Figura 4
Fonte: Wikimedia Commons

É o embrião da sociedade de consumo que viria a se estabelecer totalmente no


país décadas depois, levando os cidadãos a se preocuparem em obter renda para
adquirir produtos e serviços que a modernidade oferecia.
A moda, por exemplo, levará a mudanças não só nos hábitos, ao profissionalizar
a produção, mas também retirará da família, especialmente das mulheres, a tarefa
de fazer as vestimentas, passando a comprá-las. Sai parcialmente de cena a moda
caseira feita sob medida e entra a roupa produzida em série, em padrões aos quais
as pessoas precisarão se adaptar.
Algumas das manifestações culturais mais criativas e que posteriormente
produziriam os elementos a serem apropriados para a construção de identidades
nacionais – futebol, samba e carnaval – têm no período da Ditadura Vargas grande
desenvolvimento.
Atendendo a finalidades de mercado e ideológicas, tais manifestações atravessam
as culturas brasileiras, da erudita à popular, fixando-se, posteriormente, como
ingredientes fundamentais da cultura de massas, o que ocorre até o período atual.
A Era Vargas politizou a cultura ao controlar suas formas e produções e usá-
la para fazer propaganda do Estado Novo e do populismo. A produção cultural,
analisada com distanciamento no tempo, revela traços de um Brasil que entrava
em uma nova fase em termos sociais e econômicos com uma cultura que insistia
em difundir formatos simplórios, personagens caricatos e censura à produção
verdadeiramente crítica.

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UNIDADE Ares de Modernidade na Cultura no Brasil

Imprensa: Cultura de Massa sem Massa


A comunicação de massa tem início no Brasil em 1808, com a chegada da Corte
Portuguesa e a veiculação do primeiro jornal em solo brasileiro. Quase ao mesmo
tempo, o jornalista Hypólito da Costa editava o Correio Braziliense, na Inglaterra.
A imprensa nasce como parte da estratégia do Estado e como forma de luta
política de opositores do regime. Nasce sob censura e com acesso restrito a uns
poucos cidadãos que reúnem as condições necessárias ao consumo.
Nas primeiras décadas do século XX, a imprensa tem circulação restrita; porém,
alguns jornais e revistas consolidam sua presença, atuando nas áreas da cultura e
da política das capitais e de algumas grandes cidades brasileiras.
A agenda política passa a ter um novo ator a participar do cenário, com fortes
influências dos acontecimentos e práticas jornalísticas da Europa e EUA. Desde
as primeiras décadas do século XX, o jornalismo no Brasil constitui importante
instrumento de diálogo entre o Estado e segmentos privilegiados.
Para o campo cultural, a imprensa será importante ao estabelecer critérios para
a crítica cultural e disseminação de informações acerca da agenda cultural, que
incorpora inovações como o cinema e mantém a tradição de crítica literária.
A incorporação da mulher como leitora de revistas é fator relevante para o
período, pois traz para o espaço público questões e personagens antes mantidos
à margem. É nas revistas femininas ou com espaço para discussão de temas que
seriam de interesse da mulher que muitos aspectos da modernização serão tratados,
principalmente aqueles relacionados à saúde e à moda.

Cinema: Diversão Familiar Dominical


O Cinema surge como manifestação expe-
rimental realizada por intelectuais e artistas.
A consolidação do cinema como diversão de
massas no Brasil se dá na década de 1920.
A partir de financiamento público e realiza-
ção por produtores independentes, o cinema
configurou-se como primeira forma de diver-
são para as massas de habitantes das metró-
poles do período.
A Cinédia, nos anos 1930, com filmes mu-
sicais românticos no estilo hollywoodiano, e
a Atlântida, nos anos 1940, com chanchadas
que divertiram multidões, foram as principais
referências de um cinema nacional para as
massas, configurando o hábito familiar de ir
ao cinema aos domingos. Figura 5
Fonte: Wikimedia Commons

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As culturas brasileiras ofereceram à Sétima Arte personagens e situações
transpostos para as telas e a visualidade de nossa cultura foi relevante para formar
o público para o cinema, tanto nacional quanto estrangeiro.

A produção cinematográfica dos EUA, com sua fórmula de sucesso até hoje
dominante, conseguiu nesse período superar problemas técnicos e de linguagem
e ganhou a preferência do público. A produção hollywoodiana inundou, desde
então, as salas de exibição, cabendo aos filmes brasileiros espaço cada vez menor.

O cinema dos EUA teria grande influência sobre a produção brasileira, por
se apresentar como modelo a ser seguido em termos de linguagem e técnica.
Desempenhou também o papel de disseminar a cultura dos EUA no Brasil e no
mundo, fazendo com que pessoas em diversas partes do mundo conhecessem
histórias e personagens da cultura daquele país, até então pouco relevantes no
cenário mundial.

A trajetória errática do cinema nacional, com ciclos regionais, criação de


produtoras importantes e participação estatal na organização do setor e no seu
financiamento, produziriam admiráveis obras, sem, no entanto, configurar uma
indústria cinematográfica capaz de oferecer um conjunto de obras que atendesse à
demanda do mercado.

Em Cena a Cultura para as Massas:


A Era do Rádio
O rádio, manifestação da cultura de massa
e veículo de transmissão da ideologia do
Estado Novo, será o responsável pela criação
de hábitos de consumo de cultura pela família.

Não havia ainda no país uma indústria


cultural largamente institucionalizada e o rádio
foi o elemento central para a configuração
do lazer como parte das atividades planejadas
para o cotidiano da população.

Fez isso definindo formatos de programas


e horários fixos para sua exibição, o que
adiciona à vida das pessoas a necessidade
de organização para o consumo cultural, tal
como foi feito pela indústria ao estabelecer
horários, locais e padrões de produtividade Figura 6
no mundo do trabalho. Fonte: Wikimedia Commons

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UNIDADE Ares de Modernidade na Cultura no Brasil

Das radioclubes dos primeiros anos, mantidas e realizadas pelos usuários,


à propaganda do Estado Novo e à profissionalização das equipes em busca de
audiência para oferecimento aos anunciantes, o sistema radiofônico rapidamente
foi assimilado pela sociedade, configurando, por um lado, uma primeira estratégia
de integração nacional, tema recorrente na política e na cultura brasileiras e,
em outro registro, veículo para a difusão das novidades que a modernidade trazia
aos brasileiros, consolidando os primeiros formatos da propaganda radiofônica –
muitos deles utilizados até hoje.

Emprestando formatos da cultura popular e difundindo outros consagrados na Eu-


ropa e nos EUA, o rádio constitui, no Brasil, em termos de alcance, o primeiro meio
de comunicação de massas, com enormes influências sobre a cultura e a política.

Ao incluir em sua programação notícia e entretenimento, o novo meio teve


a adesão das massas, formada, em sua maioria, por cidadãos que não tinham
acesso à imprensa escrita, por não serem alfabetizados, e não terem condições
econômicas e culturais para consumo dessa forma de comunicação de massa que
era, desde o século XIX, acessível a poucos.

O rádio apresenta em sua programação informação, entretenimento e música


e será grande aliado do cinema na transformação da música em produto cultural
de massa. Programas de auditório foram responsáveis por consagrar um conjunto
de cantores brasileiros no que posteriormente seria caracterizado como Música
Popular Brasileira.

No Rio de Janeiro, principalmente, o rádio tornou-se o centro das atenções


como mídia de entretenimento e alguns dos ídolos que produziu também fizeram
sucesso nas telas do Cinema, associando a repercussão da música aos musicais
da Cinédia.

A música dos EUA também teve espaço no rádio e foi mais um elemento de
aproximação entre a cultura daquele país e a do Brasil – o que, para alguns, configura
situação de imperialismo cultural e, para outros, característica das sociedades a
partir do século XX, nas quais a circulação de bens e serviços é uma necessidade
do sistema.

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Balanço Geral: Cultura e
Política na Era Vargas
Na Era Vargas, entre outras mudanças importantes, houve, no campo da
Cultura, uma ação fundamental representada pela profissionalização da produção
cultural no país e pela difusão da cultura dos EUA, cujos valores chegaram até os
brasileiros, principalmente via cinema e música. Os valores tradicionais das culturas
brasileiras viram-se confrontados pelas novidades do mundo moderno no qual o
Brasil entrava.

As desigualdades em diversas áreas foram ampliadas e no campo da cultura


destacam-se as manifestações populares que, no início do século XX, consolidaram
a diversidade como principal elemento de nossa expressão cultural. Isso ocorre
tanto nas obras quanto nos modos de ser do cidadão pobre, que convive nas
grandes metrópoles com os traços da modernidade em meio à permanência ainda
dominante dos valores tradicionais de culturas predominantemente rurais, católicas
e pouco aderentes aos tempos da República.

Isso fez parte do projeto político dos dirigentes do Estado, que politizaram a cul-
tura para que ela expressasse os valores e a ideologia por eles definidos. A criação
de um órgão, o Departamento de Imprensa e Propaganda – DIP, responsável pelo
controle da Comunicação e da Cultura, reconhecia a importância dessas áreas para
o projeto político do Estado e a necessidade de controlar e dirigir a produção nessas
áreas para que elas atuassem como verdadeiros aparelhos ideológicos do estado.

Ao final do processo, em 1945, tínhamos uma novidade importante no país: a


cultura de massas estava parcialmente instalada, por meio de investimentos estatais
e privados e operação feita por empresas familiares.

Imprensa, rádio e cinema, essas eram as estrelas da indústria cultural dos anos
1930/1940. Com formatos e linguagens definidos, esses meios foram fortemente
dirigidos para o entretenimento e para a construção de estereótipos de brasilidade e
de nacionalismo. Por outro lado, foram censuradas todas as manifestações críticas
em relação à ideologia do Estado ou de seus projetos.

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UNIDADE Ares de Modernidade na Cultura no Brasil

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
O Futebol Explica o Brasil: Uma História da Maior Expressão Popular do País
GUTERMAN, Marcos. O futebol explica o Brasil: uma história da maior expressão
popular do país. São Paulo: Contexto, 2009. (e-book- biblioteca virtual).

 Vídeos
Quem é Brasileiro, Cultura?
UNIVESP TV. Cultura brasileira. Quem é brasileiro, cultura? Aula 1. 14min, São
Paulo, 2014.
https://youtu.be/gm4Bx2XjxYs
Identidade X: Modernidade
UNIVESP TV. Cultura brasileira. Identidade X: modernidade. Aula 4. 17min39, São
Paulo, 2014.
https://youtu.be/7ROInAARSuM

 Leitura
A Era Vargas - 1º tempo - dos anos 20 a 1945
A Fundação Getúlio Vargas disponibiliza material para pesquisa on-line sobre o período.
https://goo.gl/axlzcO

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Referências
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Diretrizes do Estado Novo (1937 – 1945).
Educação, cultura e propaganda. Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/producao/
dossies/AEraVargas1/anos37-45/EducacaoCulturaPropaganda>. Acesso em: 19
abr. 2010.

MENEGUEL, Y. P.; OLIVEIRA, O. O Rádio no Brasil: do surgimento à década


de 1940 e a primeira emissora de rádio em Guarapuava. Disponível em: <http://
www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/713-4.pdf>.Acesso em: 5
jun. 2010.

SKIDMORE, T. Brasil: de Getúlio a Castelo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1972.

ZANELATTO, João Henrique. Estado, cultura e identidade nacional no tempo de


Vargas. Periódicos Unesc, Tempos Acadêmicos, Revista do Curso de História, n.
5. 2007.

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