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Número 1. Ano I.

Maio- Junho-2008

E ntre-Meios, um criativo jogo de linguagem, uma


revista inovadora. Tanto no sentindo de interconectar
vários meios de comunicação por ser um misto de
revista, jornal, videoteca e entretenimento, como também por
estar sempre por “dentro” dos entremeios e dos
acontecimentos mais interessantes. Afinal quem não se
comunica não se interage com o mundo. O nome da revista
vem exatamente ressaltar esta questão de estar entre meios e
interação, pois aqui a comunicação sempre está em foco.

N esta edição, estaremos a apresentar os trabalhos realizados pelos alunos


de Comunicação Social do primeiro semestre de 2008, da Universidade
Estadual de Santa Cruz, com o auxílio da Professora Siomara Castro
Nery, docente da matéria Oficina de Comunicação Escrita. Trata-se de
entrevistas realizadas durante o III Seminário de Língua Portuguesa e Ensino, I
Colóquio de Lingüística, Discurso e Ensino, nos dias 19, 20 e 21 do mês de Maio,
com ilustres pessoas do meio acadêmico, sendo elas Marcos Bagno, Marilda do
Couto Cavalcanti, Marildes Marinho, Luiz Paulo da Moita Lopes, Maria Irandé
Costa Antunes e Elizabete Teixeira.
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Número 1. Ano I. Maio- Junho-2008

>>Editorial >>Fotos
O III Seminário de Língua Portuguesa e
Ensino e I Colóquio de Lingüística,
Discurso e Identidade realizado na
UESC entre os dias 19 e 21 de maio, veio a
Profª Elizabete Teixeira
tratar sobre dois pontos fundamentais: o
primeiro se baseia no ensino e na (UFBA)
aprendizagem da Língua Portuguesa,
enquanto o segundo ponto, fundamentado no
Colóquio, primou pela associação entre os
estudos das linguagens com outras áreas do
conhecimento e sua relação com a construção
de identidades. Presentes nesse evento,
estavam professores de renome, tanto
nacional como internacional. Entre os
destaques estavam o Prof. Marcos Bagno Prof. Marcos Bagno
(UNB), para tratar sobre as identidades e (UnB)
representações do Português do Brasil, a
Profa. Irandé Antunes (UECE), cuja temática
versava sobre gêneros textuais, discurso e
dimensões da alteridade, o Prof. Luiz Paulo
Moita Lopes (UFRJ), que defendia questões e
significados na escola e na sociedade, a Profa.
Elizabete Teixeira (UFBA) comentando sobre
as diferenças e atipicidades da linguagem, a Profª. Irandé Antunes
Profa. Marilda Cavalcanti (UNICAMP) para (UECE)
falar sobre os ritos, os mitos e as vozes em
contextos transculturais: questões para a
educação lingüística, a Profa. Marildes
Marinho (UFMG) que tratou sobre a leitura,
escrita e entre-lugares do letrar: família,
escola e cibercultura.
O Seminário foi pensado e elaborado pela
equipe de linguagem do Departamento de
Letras e Artes da UESC, cujos professores Profª. Marilda Cavalcanti
estiveram em constante contato com os (UNICAMP)
visitantes que compareceram em peso às
apresentações e oficinas. Além da importância
como um evento cultural, educativo e
importante para o desenvolvimento da vida
acadêmica, esse seminário também significou
algo mais na vida dos alunos do primeiro Profª. Marildes Marinho
semestre de Comunicação Social. (UFMG)
Encarregados de fazerem a primeira entrevista
da vida deles, e com pessoas que são
verdadeiras personalidades, todos
conseguiram o objetivo, e essa experiência,
acabou por ser uma experiência de vida que
muitos não vão esquecer. Prof. Luiz Paulo Moita Lopes
(UFRJ)
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>>Entrevista: Elizabete Teixeira


O III Seminário de Língua Portuguesa e Ensino e I Colóquio de
Lingüística, Discurso e Identidade, evento realizado na Universidade
Estadual de Santa Cruz dos dias 19 a 21 de maio de 2008, teve a
presença de nomes famosos da área dentre eles a Profa. Elizabete
Teixeira (UFBA) que é especialista em Desenvolvimento e Patologias da
Linguagem, M.A. em Lingüística (University of Kansas); M.Phil. em
Fonética e Lingüística; Ph.D. em Fonética e Lingüística (University
College - University of London) e concedeu uma entrevista aos alunos
da disciplina Oficina de Comunicação Escrita do Curso de
comunicação da Uesc ministrada pela Prof.ª: Siomara Castro Nery.

Entremeios -O que estimulou e o todos os cursos de formação de segunda turma desse curso,
que ainda estimula a senhora a professor, cursos de psicologia, abrindo mais 60 vagas sendo que
estudar e desenvolver pesquisas pedagogia e fonoaudiólogia, tenham metade das vagas vão ser pra
no campo das atipicidades a disciplina Libras no seu currículo, o curso de licenciatura, como o
lingüísticas? prazo para que isso fosse curso que já existe, e a outra
implementado era de 1 ano. Mas isso metade vai ser destinada a
Elizabete Teixeira - Na verdade os não aconteceu, as faculdades, bacharelado, a formação de
meus estudos nessa área públicas e privadas não têm interprete, que é uma novidade.
começaram com o interesse com conseguido implementar essa Além disso, nessa segunda turma
pela aquisição da linguagem o meu matéria no currículo conforme prevê que temos o ingresso de mais
interesse inicial era descobrir como o decreto. Na universidade em que pólos, agora ao todo são 15 pólos
o indivíduo adquiri a sua língua eu trabalho, na UFBA, só agora a no Brasil,no nordeste por exemplo
materna, a língua da comunidade faculdade de educação fez uma teremos a participação do CEFET
em que ele esta inserido, a partir solicitação formal ao instituto de de natal e também de
disso eu comecei a fazer pesquisas letras pra pedir a criação da disciplina Pernambuco, tínhamos somente a
nessa direção, mas chegou uma de Libras, e nos ainda não sabemos Bahia e fortaleza e agora já
hora que comecei a perceber que muito bem como vai implementar, ganhando mais 2 pólos.
não da para entender que critérios vão ser utilizados, quem
profundamente como ocorre esse vai ser o docente que vai poder EM- Se um surdo brasileiro
processo se não se olha o outro ministrar essa disciplina, por todos saísse do país, ele conseguiria
lado, o que acontece quando as esses motivos ainda vejo algumas se comunicar normalmente, ou
condições de aquisição não são em relação a isso. Estive lá seria um outro sistema de
favoráveis, nos casos em que o conversando com alguns colegas de códigos?
indivíduo não vai ter o outras universidades, pessoas da
desenvolvimento da forma Unicamp como Marilda Cavalcanti, ET- Em geral existe uma maior
esperada, onde ocorre a chamada tentando saber como anda a facilidade de um surdo de um país
forma não-normal ou atípica. Foi implementação desse decreto lá e entender um surdo de outro país
com esse olhar de querer descobrir ela me informou que não tem muito porque a língua de sinais acaba
o que ocorre quando as condições conhecimento especifico sobre isso, sendo muito icônica. favorece com
são desfavoráveis que eu comecei mas que não tem conhecimento de que o surdo indo para outro país
nos estudos das patologias que eu que isso já esteja funcionando. Em consiga se comunicar de uma
chamo de atipicidades, que é na relação ao que já está acontecendo forma muito mais fácil do que um
verdade o outro lado da moeda do em para a melhoria da educação do individuo que é ouvinte e que tem
estudo da normalidade. surdo no país, eu acho que é a coisa que passar de uma língua falada
mais importante é o curso de para outra língua falada.
EM - Quais as mudanças mais Licenciatura em Letras com
urgentes na educação do surdo habilitação em Língua brasileiras de
no país? Algumas dessas sinais, é um curso a distância que
mudanças já estão sendo usadas começou em outubro de 2006, é um
de alguma forma em algum lugar curso em rede que tem um pólo
do país? central na Federal de Santa Catarina,
ET - As mudanças mais urgentes e, além disso, tem outros 9 pólos no
dizem respeito à educação do surdo. Brasil sendo a UFBA um desses
Existe um decreto presidencial de pólos e agora a partir do final de
dezembro de 2005, que prevê que junho desse ano nos vamos iniciar a
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>>Entrevista: Irandé Costa


Professora Maria Irandé Costa Antunes da Universidade Estadual do
Ceará, é mestre em lingüística pela Universidade Federal de
Pernambuco, e Drª. pela Universidade Clássica de Lisboa com tese
intitulada “Aspectos da Coesão do Texto – uma análise em editoriais
jornalísticos, que posteriormente foi publicado como livro, assim
abrindo portas para novas publicações como: ”Aulas de
Português:encontro e interação”, ”Lutar com as palavras: Coesão e
coerência”, “Muito além da gramática”. E no dia 19 de maio de 2008
esteve presente na Universidade Estadual de Santa Cruz,participando
de uma mesa de debates, cujo tema foi “Ser autor na escola: gêneros
textuais, discursos e dimensões da alteridade” e concedeu entrevista a
alunos do 1º semestre de Comunicação Social - Rádio e TV.
Entremeios - Ao analisarmos os EM - Doutora Irandé, o lingüista de oferecer as pessoas o acesso
seus livros podemos notar o seu Saussure afirma que “a língua é o a uma compreensão mais
desejo de revolucionar a produto social depositado no ampla, mais científica e mais
educação com a lingüística. Mas, cérebro de cada um”. A seu ver, relevante do que seja o uso da
se essa revolução acontecer de como mostrar principalmente para linguagem. Qual seria então o
forma equivocada poderá os brasileiros que convivem com a projeto desenvolvido para que
comprometer a língua padrão? mescla de falas, que é possível esse sonho se concretizasse?
manterem a sua origem lingüística
Irandé Costa - Essa pergunta tem e paralelamente utilizar a IC- Poderiam ser vários projetos.
vários desdobramentos. Primeiro eu gramática normativa padrão? Um deles é esse refletir, trazer as
tenho me interessado, vocês questões de linguagem numa
chamam de revolução, mas IC- O conflito surge por causa das dimensão bem mais ampla para o
digamos, pois, uma renovação, por nossas concepções. A gente debate público, promover
uma reflexão em torno do fenômeno concebe uma língua uniforme, em encontros como esse que
da linguagem para que se um país tão diversificado aconteceu aqui, em que a gente
compreenda com mais propriedade culturalmente. Todas as realidades teve a oportunidade de ouvir vários
as suas funções, o que nós fazemos são plurais, nós somos mestiços, não especialistas e experientes.
o que podemos fazer de bom e de só no ponto racial, mas também Procurar ampliar o conhecimento
ruim com a linguagem. É uma lingüístico. O nosso português é uma e renovar os conceitos, não tomar
reflexão, e tem esse cunho de mistura do português de Portugal, certas compreensões que temos
revolução porque de fato a escola com as ínguas dos índios e dos acerca da linguagem como
simplifica e reduz muito o fenômeno africanos, dos imigrantes europeus dogmas, como coisas
lingüístico a umas questões de de que vieram no século XIX, XX. Então, inquestionáveis e divulgar essas
língua padrão requer muito cuidado ninguém pode pensar numa língua noções por livros e até mesmo em
e clareza porque não é um conceito uniforme. Não há conflito porque entrevistas como essa.
muito fácil. Uma língua, como cada grupo fala a sua linguagem, da
próprio nome designa, é modelo, sua região, de sua faixa etária, de EM –Em vista disso, a senhora
quando é uma coisa que se propõe sua classe social, isso não interfere acredita que há uma falta de
como parâmetro. Essa idéia seria ter em nada na gramática. Uma língua interesse por parte do Estado e
uma língua cujas regras todos não é só gramática e falar uma língua da Imprensa de divulgar e
devessem seguir no pressuposto não é apenas saber a gramática valorizar a lingüística?
que assim seriam usuários mais dessa língua. Por isso, a gramática
competentes. Na prática, não está ameaçada porque ela está IC- Eu diria que o Estado nem
concretamente a língua não existe, é dentro de nós, faz parte da língua, tanto, mas, a mídia reforça essa
uma abstração, uma idealização. O perder a gramática é perder parte da visão de uma língua padrão, que a
que existe são pessoas que falam de língua. E ninguém pode perder sua língua pode estar em perigo se as
acordo com suas experiências língua como identidade, como pessoas falarem de acordo com
sociais, regionais, situacionais, que pessoa, como grupo, como suas especificidades regionais,
falam de acordo com suas expressão cultural, etc. reforça idéia de que falar bem é
pretensões e evidentemente falam falar correto, reforça uma série de
de acordo com as regras da língua, EM – Em vista do foi dito e do que tabus e mitos que se constituíram
até porque se não fosse assim não está escrito em seu livro “Muito acerca da língua, da gramática, do
haveria entendimento entre as Além da Gramática”, a senhora falar brasileiro.
pessoas. afirma que tem um sonho positivo
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>>Entrevista: Marilda Cavalcanti


A Profª. Drª. Marilda do Couto Cavalcanti é dona de um currículo invejável. Graduada
em Letras Anglo-Portuguesas pela Universidade Estadual de Londrina, mestrado em
Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo e doutorado em Lingüística Aplicada – University Of Lancaster. É
pesquisadora internacionalmente conhecida, umas das mais renomadas na área de
Lingüística Aplicada com ênfase na formação de professores, atualmente professora
titular da Universidade Estadual de Campinas, coordenando projetos de pesquisa e
extensão. Sua experiência se estende por temas como: leitura, letramento, pesquisa,
etnografia, multiculturalidade e bilingüismo, os quais estão sempre presentes em sua
produção bibliográfica. Suas obras nacionais mais recentes são: “Transculturalidade,
Linguagem e Educação” e “Lingüística Aplicada - Suas Faces e Interfaces”, ambas
publicadas no ano de 2007. Esta entrevista foi concedida às alunas do curso de
Comunicação Social da UESC pela Drª. Marilda Cavalcanti no ia 20 de maio de 2008,
durante o III Seminário de Língua Portuguesa e Ensino e I Colóquio de Lingüística,
Discurso e Identidade, ocorrido na UESC entre os dias 19 e 21 de maio de 2008.

Entremeios - Doutora, sabemos primeiro olhar para essa situação de saber, no seu entendimento,
que sua especialidade se estende limite que faz com que você quebre quais são as maiores
por variados ramos como a todas as suas verdades e dificuldades na aceitação do
formação de professores, expectativas e comece a mostrar português étnico, preterido na
educação bilíngüe de minorias, como fazer para trabalhar com a maioria dos casos, em favor da
educação escolar indígena, educação bilíngüe, principalmente língua portuguesa
inguagem, etnografia e no currículo bilíngüe, prova disso é padronizada?
multiculturalidade. Atualmente que todas as vezes que nós fazíamos
sua pesquisa está focada na algum tipo de encontro na UNICAMP MC - Eu não diria que a Lingüística
formação de professores sempre existiam pessoas de outras Aplicada tenha problemas com
indígenas. O que exatamente áreas querendo se informar e isso, teria talvez em termos do que
influenciou a senhora a seguir começar a trabalhar com isso, e nós estamos fazendo que é uma
esses ramos da lingüística? umas das áreas é justamente a dos releitura da sua própria teoria
contextos de escolarização. A partir porque essa teoria que aí está não
Marilda Cavalcanti - Coisas várias. daí eu comecei a aceitar orientandos nos é suficiente. Eu tenho
Eu comecei trabalhando nessa área e acabei por me envolver específico num texto num livro que
primeiramente com a questão de também, lembrando que não está em se chama “Transculturalidade,
língua estrangeira. Entrei um pouco jogo apenas o contexto linguagem e educação” com um a
depois já com a formação de minoritarizado da escolarização, que mestra da UFBA em que a gente
professores e, na verdade, o duelo por sinal é extremamente complexo, discute o conceito de língua. Isso é
maior é, na minha opinião, essa mas ainda, por exemplo, a questão algo que nós estamos fazendo
formação de professores. Logo após de imigração antiga onde muito e eu diria que isso para nós
passei para o ensino de forma descendentes de imigrantes do tem que ser feito sempre porque é
técnica, começando com a leitura, a Paraná ou descendentes de necessário problematizar as
leitura nesses contextos e foi a partir imigrantes alemães formou aqui coisas, é como eu já disse antes,
disso, do meu trabalho com língua suas comunidades, e eu passei a ter quando você começa a trabalhar
estrangeira e português primeira contato com essas regiões inclusive em cima de uma situação limite
língua, que se deu a minha entrada tenho uma ex-orientanda que faz suas verdades e certezas são
natural para a questão indígena, na parte desse tipo de comunidade e quebradas e você começa a
qual inicio também com a formação comecei a trabalhar com ela e de problematizar, pois o que existe
de professores para depois alcançar repente foi chegando mais uma outra em mãos na verdade não é
os outros contextos multiculturais. pessoa, então quer dizer na verdade suficiente, não serve, não tem
Então, na verdade, esse olhar para a a teia foi se formando assim. como explicar certas situações e
questão indígena fez com que eu ao fazer isso se começa a olhar o
começasse a me questionar muito EM – Doutora, o tema central da que é convencional de uma outra
em relação a várias coisas, inclusive mesa redonda que a senhora maneira. Eu vejo isso como uma
questões que eu penso hoje seriam acabou de participar destaca “Os contribuição imensa ao trabalho
problemas de falta de problematizar ritos, os mitos, e as vozes em da pesquisa.
a teoria, a metodologia de pesquisa contextos transculturais:
utilizada e a própria discussão questões para a educação
teórica acerca desse tema. Esse é o lingüística”. Assim, gostaríamos
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Número 1. Ano I. Maio- Junho-2008

>>Entrevista: Marildes Marinho


Marildes Marinho é graduada em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) em 1978, mestre em educação pela UFMG (1991) e doutora em Lingüística
pela Universidade Estadual de Campinas (2001) e fez pós-doutorado no EHESS em
Paris e no CLDC, Kings College, Londres. Marildes tem como objeto de pesquisa a
cultura escrita e seus processos de escolarização em meios populares, atualmente
ela leciona pela Faculdade Educação da Universidade Federal de Minas Gerais.
Marildes Marinho da Silva tem dois livros publicados: Ler e navegar-espaços e
percursos da leitura e Linguagem, texto e discurso. Marildes recebeu os alunos de
Comunicação Social no dia 21 de maio, na sala do Departamento de letras e artes, da
UESC, em Ilhéus. Na entrevista comentou sobre a importância da alfabetização e
suas impressões sobre o futuro da educação brasileira

Entremeios - Sabemos que a possuem um contato no curso que EM – Professora, é notório o seu
senhora atua em um grupo de está tendo na nossa Universidade, engajamento e preocupação
pesquisa sobre Sujeitos Sócio- para índios. Esses índios que eles com a área de letramento e
culturais na Educação indígena mantêm certo contato ainda não cultura em meios populares, só
em MG. Qual é o seu trabalho falam português. que infelizmente essa área de
juntamente com outros estudos (aparentemente) não é
educadores nesses locais? EM- Há uma estimulação da sua muito difundida no Brasil. Qual
parte para que também os seria a forma ideal para que a
Marildes Marinho - Estou professores se interessem pela alfabetização realmente
começando uma inserção na leitura, que sejam leitores. Não há ocorresse para todos?
pesquisa em comunidades uma reação da parte deles em
indígenas, oriento uma aluna na relação a isso? MM - Eu diria que até existe uma
escola indígena no Acre, que faz preocupação. Talvez a questão
uma pesquisa em uma escola, MM- Nunca recebi essa informação seja, o que significa se preocupar
propondo a construção de um explícita ou justificada dessa forma. ou se ocupar de determinadas
currículo bilíngüe entre os índios Qualquer pessoa deve ler constante- responsabilidades ou políticas. Se
Poianáua. Porém, esse é só o mente, se quiser estar pensarmos bem, existem
começo e nenhum dado significativo permanentemente conectado com a inúmeras campanhas de
apareceu até o momento. Além da dinâmica da cultura escrita e da alfabetização e incentivo à leitura.
orientação, eu e outros educadores leitura, e com o conhecimento que Sempre na TV vemos propostas e
temos um projeto com índios circula através dela. Não é só uma projetos de incentivo à leitura, o
Xacreabá,em MG, um grupo da questão de saber, mas de estar governo do presidente Luís Inácio
nossa faculdade acompanha a inteirado nos discursos sobre a Lula da Silva criou o PNBE, o
escolarização e a construção de própria leitura, do que circula nos Plano Nacional de Biblioteca
uma escola nessa aldeia, um projeto jornais, na mídia e nos livros. Foi Escolar, o governo anterior do
que tem um pouco mais de dez anos lançado na França recentemente um ministro Paulo Renato, mandou
e praticamente acabou de ser livro chamado: “Como falar de livros livros para as casas populares.
implantado e só agora estamos que você nunca leu”, nele o autor faz Portanto, no Brasil como em todos
conseguindo nos estruturar em uma sátira sobre a importância das os países com baixo índice de
relação a esses sujeitos. pessoas falarem de livros, mesmo alfabetização e letramento existe
que nunca tenham lido como forma sim a preocupação e tentativas de
EM – Nesse projeto, você e outros de expandir seus conhecimentos. um melhoramento nessa área.
colegas tiveram acesso aos Recordo que na minha adolescência Talvez o que possamos dizer já
índios mais isolados? era algo simbolicamente mais ou menos corrente, é que as
importantíssimo para os jovens políticas não têm tido muita
MM-Não, os índios com os quais saberem sobre o livro de Hemingway eficácia, por muitos fatores como
trabalhamos não são isolados, já “Porque os sinos dobram”, eu e os sociais e os sócio-econômico
têm professores e falam minhas colegas se não líamos que dificultam de certa forma o
português.A comunidade indígena tínhamos que ter pelo menos uma acesso das pessoas à informação.
que visitamos não é afastada de idéia do que se tratava o livro. A
outras, ou com um distanciamento circulação do discurso sobre livros,
geográfico e cultural grande,como jornais, revistas e novelas é um modo
por exemplo os Maxacalí, que nem de nos inserir na cultura.
falam português. Outros colegas
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>>Entrevista: Luis Paulo da Moita Lopes


O Prof. Dr. Luiz Paulo Moita Lopes é titular do Programa Interdisciplinar de Lingüística
Aplicada da UFRJ e Pesquisador da CNPq. PHD pela Universidade de Londres. Ex-
presidente da associação de Lingüística Aplicada do Brasil (ALAB). Tem trabalhos
publicados no Brasil e exterior nas áreas de leituras, língua estrangeira e materna.
Atua na área de Lingüística Aplicada, especificamente no campo das relações entre o
discurso e as práticas sociais, com ênfase em estudos sobre letramento escolares e
não - escolares e os processos de construção das identidades sociais. Entre os dias,
19 e 21 de maio, Moita Lopes foi palestrante no III Seminário de Língua Portuguesa e
Ensino, ocorrido na Universidade Estadual de Santa Cruz, ocasião que falou sobre
Linguagem e Construções Identitárias: questões e significados na escola e na
sociedade. Antes do acontecimento,concedeu uma entrevista aos alunos do 1º
Semestre de Comunicação Social (rádio e TV).
Entremeios – No ano 1996, o perda cultural”. Em sua opinião, jornais. Saber se beneficiar das
senhor publicou em seu livro algo mudou nos dias atuais com a vantagens que esses textos
“Oficina de Lingüística Aplicada”, introdução da língua espanhola na possibilitam em aumenta o nosso
que a lingüística aplicada era uma maioria das escolas? repertório de sentidos, traz a
área de pesquisa em expansão e possibilidade de crescimento
que estava tendo um grande ML - A situação lingüística do mundo cultural e intelectual. Portanto, é
desenvolvimento no Brasil. Como aponta para a necessidade de se necessário investir em linguagem.
o senhor avalia a situação atual aprender inglês, e isso é um
do estudo da Lingüística problema sério nesse país, pois EM- O senhor como
Aplicada? Que efeitos essa deixa de ser uma língua estrangeira pesquisador, como vislumbra o
expansão causou na sociedade? para ser uma habilidade básica. No papel da mídia em relação à
entanto, não se pode apropriar formação identitária social?
Moita Lopes - Houve um apenas de uma língua estrangeira na
crescimento enorme em termos de questão educacional, o país tem que ML - Isso está relacionado ao que
números de programas de pós- investir em uma nova língua. É o que eu falei anteriormente, sobre o
graduação, formação de doutores, se percebe nos últimos anos, com mundo altamente semiotizado no
pois em uma área científica o uma grande entrada do espanhol no qual a gente vive. Esse é um
importante é a criação de massa Brasil, acho corretíssimo que as mundo em que a mídia é central.
crítica, e isso aumentou de uma pessoas comecem a aprender uma Você está o tempo todo, como já
forma espantosa. Nos anos 90, você segunda língua. Mas, o problema do disse, ligado em uma tela, a mídia
tinha os primeiros doutores espanhol no país é o investimento, está o tempo inteiro funcionando,
formados no exterior que principalmente na qualificação da portanto pode-se definir que um
posteriormente retornavam ao Brasil formação do professor, o que é muito dos meios centrais, cruciais de
e, a partir daí, tanto os programas diferente do que diz respeito aos construção identitária é a mídia, e
quanto as pesquisas começaram a investimentos dados aos esta pode apresenta alternativas
aumentar em números, os efeitos professores de inglês. Isso nos ou não.Ou a mídia confirma ou
desse crescimento foram remete analisar o quanto uma língua sedimenta projetos identitários já
impressionantes. Por outro lado, está relacionada à economia, o bem cristalizados onde as
acredito que agora, nós estamos inglês é um caso típico. O mundo pessoas operam na sociedade, ou
numa fase bastante crítica em aprende inglês por causa da apresenta muitas vezes
relação à qualidade da pesquisa, hegemonia dos Estados Unidos. É alternativas. Se você não transita
isto porque aumentou muito a nesse contexto econômico, que em vários meios midiáticos, você
quantidade de pesquisadores, justifica a presença da língua não tem o que eu chamo de
portanto, acredito que agora torna espanhola no Brasil contemporâneo, alternativas. Com isso voltamos a
necessário colocar muita ênfase na pois as multinacionais de base verificar o quão importante e
qualidade, visto que quantidade só espanhola estão no Brasil, o que leva vantajoso a questão da educação
não basta. a um profundo interesse, inclusive do lingüística, quanto mais línguas
governo espanhol. A linguagem é a você souber, maior possibilidade
EM – O senhor já afirmou em seu grande questão do mundo em que de caminhar por vários meios
livro Oficina de Lingüística vivemos. Mundo em que tudo é midiáticos , não ficando dessa
Aplicada que “em termos gerais, a discurso e, estamos o tempo inteiro forma, restrito a um instrumento,
única língua estrangeira incluída atrelados a palavra: na tela do por isso que o investimento na
nas escolas brasileiras é o inglês computador, na tela da televisão, em educação lingüística torna-se
e que isso representa uma grande um conjunto de textos de livros e de muito importante nos tempos em
que a gente vive.
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>>> entreFILMES
Quanto Vale Ou É Por O Fabuloso Destino de Amélie Poulain
Quilo?
Uma jovem que veio do subúrbio se
Livre adaptação do conto muda para a cidade de Paris, onde
“Pai contra mãe”, de após devolver um objeto encontrado
Machado de Assis, ao seu antigo dono resolve ajudar as
entremeado com pequenas pessoas que a cercam através de
crônicas de Nireu pequenos gestos.
Cavalcanti sobre a
escravidão. “Quanto Vale
Across the Universe
Ou É Por Quilo” revela as mazelas e
contradições de um país em
É um musical revolucionário de rock, com
permanente crise de valores. O filme
amores, diferenças ideológicas, sociais e
faz um paralelo entre a escravidão e
belíssimas canções que recria, com delicadeza
a sociedade brasileira atual,
e psicodélica criatividade, a América do
focalizando as semelhanças no
turbulento período do fim da década de 60.
“comportamento mercadológico”

A língua de Eulália (Marcos Bagno)


>>> entreLIVROS
Numa deliciosa e bem-humorada narrativa, três universitárias passam férias em
Atibaia e acabam reciclando seus conhecimentos lingüísticos com a professora Irene.
Uma leitura importante para quem quer aprender um pouco mais do nosso idioma
mergulhando numa “viagem ao país da lingüística”.

Produção da Revista
Apresentação do Nome Adaptação de Mídia Diagramação

Afonso Augusto Martins Ferraz Ingrid Bárbara Silva Santos Dayane Ferreira Leal Santos
Anike Mateus Lamoso Laiz Nascimento Dias Égila da Silva Passos
Fabrício dos Santos Silva Marcela Oliveira Falcão Héber Araújo Brandão
Mariana Nascimento de Andrade Islani Almeida da Silva
Tailane Marques de Abreu Santos Editorial Ítala Santana Santos
Letícia Ribeiro Silva
Galeria de Fotos Dimitri Vasconcelos Santos
Emilly Francielle Nogueira
Danielle Barros Fortuna Erlo Barbosa Souza
Erika Passos Cornélio Natália Sampaio da Silva
Larissa Sobral Conceição Raphael Silva Rios Nascimento
Marcela Amaral Bispo Gonçalves
Marília Gabriela Morais Borges

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