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Maio- Junho-2008
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O III Seminário de Língua Portuguesa e
Ensino e I Colóquio de Lingüística,
Discurso e Identidade realizado na
UESC entre os dias 19 e 21 de maio, veio a
Profª Elizabete Teixeira
tratar sobre dois pontos fundamentais: o
primeiro se baseia no ensino e na (UFBA)
aprendizagem da Língua Portuguesa,
enquanto o segundo ponto, fundamentado no
Colóquio, primou pela associação entre os
estudos das linguagens com outras áreas do
conhecimento e sua relação com a construção
de identidades. Presentes nesse evento,
estavam professores de renome, tanto
nacional como internacional. Entre os
destaques estavam o Prof. Marcos Bagno Prof. Marcos Bagno
(UNB), para tratar sobre as identidades e (UnB)
representações do Português do Brasil, a
Profa. Irandé Antunes (UECE), cuja temática
versava sobre gêneros textuais, discurso e
dimensões da alteridade, o Prof. Luiz Paulo
Moita Lopes (UFRJ), que defendia questões e
significados na escola e na sociedade, a Profa.
Elizabete Teixeira (UFBA) comentando sobre
as diferenças e atipicidades da linguagem, a Profª. Irandé Antunes
Profa. Marilda Cavalcanti (UNICAMP) para (UECE)
falar sobre os ritos, os mitos e as vozes em
contextos transculturais: questões para a
educação lingüística, a Profa. Marildes
Marinho (UFMG) que tratou sobre a leitura,
escrita e entre-lugares do letrar: família,
escola e cibercultura.
O Seminário foi pensado e elaborado pela
equipe de linguagem do Departamento de
Letras e Artes da UESC, cujos professores Profª. Marilda Cavalcanti
estiveram em constante contato com os (UNICAMP)
visitantes que compareceram em peso às
apresentações e oficinas. Além da importância
como um evento cultural, educativo e
importante para o desenvolvimento da vida
acadêmica, esse seminário também significou
algo mais na vida dos alunos do primeiro Profª. Marildes Marinho
semestre de Comunicação Social. (UFMG)
Encarregados de fazerem a primeira entrevista
da vida deles, e com pessoas que são
verdadeiras personalidades, todos
conseguiram o objetivo, e essa experiência,
acabou por ser uma experiência de vida que
muitos não vão esquecer. Prof. Luiz Paulo Moita Lopes
(UFRJ)
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Entremeios -O que estimulou e o todos os cursos de formação de segunda turma desse curso,
que ainda estimula a senhora a professor, cursos de psicologia, abrindo mais 60 vagas sendo que
estudar e desenvolver pesquisas pedagogia e fonoaudiólogia, tenham metade das vagas vão ser pra
no campo das atipicidades a disciplina Libras no seu currículo, o curso de licenciatura, como o
lingüísticas? prazo para que isso fosse curso que já existe, e a outra
implementado era de 1 ano. Mas isso metade vai ser destinada a
Elizabete Teixeira - Na verdade os não aconteceu, as faculdades, bacharelado, a formação de
meus estudos nessa área públicas e privadas não têm interprete, que é uma novidade.
começaram com o interesse com conseguido implementar essa Além disso, nessa segunda turma
pela aquisição da linguagem o meu matéria no currículo conforme prevê que temos o ingresso de mais
interesse inicial era descobrir como o decreto. Na universidade em que pólos, agora ao todo são 15 pólos
o indivíduo adquiri a sua língua eu trabalho, na UFBA, só agora a no Brasil,no nordeste por exemplo
materna, a língua da comunidade faculdade de educação fez uma teremos a participação do CEFET
em que ele esta inserido, a partir solicitação formal ao instituto de de natal e também de
disso eu comecei a fazer pesquisas letras pra pedir a criação da disciplina Pernambuco, tínhamos somente a
nessa direção, mas chegou uma de Libras, e nos ainda não sabemos Bahia e fortaleza e agora já
hora que comecei a perceber que muito bem como vai implementar, ganhando mais 2 pólos.
não da para entender que critérios vão ser utilizados, quem
profundamente como ocorre esse vai ser o docente que vai poder EM- Se um surdo brasileiro
processo se não se olha o outro ministrar essa disciplina, por todos saísse do país, ele conseguiria
lado, o que acontece quando as esses motivos ainda vejo algumas se comunicar normalmente, ou
condições de aquisição não são em relação a isso. Estive lá seria um outro sistema de
favoráveis, nos casos em que o conversando com alguns colegas de códigos?
indivíduo não vai ter o outras universidades, pessoas da
desenvolvimento da forma Unicamp como Marilda Cavalcanti, ET- Em geral existe uma maior
esperada, onde ocorre a chamada tentando saber como anda a facilidade de um surdo de um país
forma não-normal ou atípica. Foi implementação desse decreto lá e entender um surdo de outro país
com esse olhar de querer descobrir ela me informou que não tem muito porque a língua de sinais acaba
o que ocorre quando as condições conhecimento especifico sobre isso, sendo muito icônica. favorece com
são desfavoráveis que eu comecei mas que não tem conhecimento de que o surdo indo para outro país
nos estudos das patologias que eu que isso já esteja funcionando. Em consiga se comunicar de uma
chamo de atipicidades, que é na relação ao que já está acontecendo forma muito mais fácil do que um
verdade o outro lado da moeda do em para a melhoria da educação do individuo que é ouvinte e que tem
estudo da normalidade. surdo no país, eu acho que é a coisa que passar de uma língua falada
mais importante é o curso de para outra língua falada.
EM - Quais as mudanças mais Licenciatura em Letras com
urgentes na educação do surdo habilitação em Língua brasileiras de
no país? Algumas dessas sinais, é um curso a distância que
mudanças já estão sendo usadas começou em outubro de 2006, é um
de alguma forma em algum lugar curso em rede que tem um pólo
do país? central na Federal de Santa Catarina,
ET - As mudanças mais urgentes e, além disso, tem outros 9 pólos no
dizem respeito à educação do surdo. Brasil sendo a UFBA um desses
Existe um decreto presidencial de pólos e agora a partir do final de
dezembro de 2005, que prevê que junho desse ano nos vamos iniciar a
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Entremeios - Doutora, sabemos primeiro olhar para essa situação de saber, no seu entendimento,
que sua especialidade se estende limite que faz com que você quebre quais são as maiores
por variados ramos como a todas as suas verdades e dificuldades na aceitação do
formação de professores, expectativas e comece a mostrar português étnico, preterido na
educação bilíngüe de minorias, como fazer para trabalhar com a maioria dos casos, em favor da
educação escolar indígena, educação bilíngüe, principalmente língua portuguesa
inguagem, etnografia e no currículo bilíngüe, prova disso é padronizada?
multiculturalidade. Atualmente que todas as vezes que nós fazíamos
sua pesquisa está focada na algum tipo de encontro na UNICAMP MC - Eu não diria que a Lingüística
formação de professores sempre existiam pessoas de outras Aplicada tenha problemas com
indígenas. O que exatamente áreas querendo se informar e isso, teria talvez em termos do que
influenciou a senhora a seguir começar a trabalhar com isso, e nós estamos fazendo que é uma
esses ramos da lingüística? umas das áreas é justamente a dos releitura da sua própria teoria
contextos de escolarização. A partir porque essa teoria que aí está não
Marilda Cavalcanti - Coisas várias. daí eu comecei a aceitar orientandos nos é suficiente. Eu tenho
Eu comecei trabalhando nessa área e acabei por me envolver específico num texto num livro que
primeiramente com a questão de também, lembrando que não está em se chama “Transculturalidade,
língua estrangeira. Entrei um pouco jogo apenas o contexto linguagem e educação” com um a
depois já com a formação de minoritarizado da escolarização, que mestra da UFBA em que a gente
professores e, na verdade, o duelo por sinal é extremamente complexo, discute o conceito de língua. Isso é
maior é, na minha opinião, essa mas ainda, por exemplo, a questão algo que nós estamos fazendo
formação de professores. Logo após de imigração antiga onde muito e eu diria que isso para nós
passei para o ensino de forma descendentes de imigrantes do tem que ser feito sempre porque é
técnica, começando com a leitura, a Paraná ou descendentes de necessário problematizar as
leitura nesses contextos e foi a partir imigrantes alemães formou aqui coisas, é como eu já disse antes,
disso, do meu trabalho com língua suas comunidades, e eu passei a ter quando você começa a trabalhar
estrangeira e português primeira contato com essas regiões inclusive em cima de uma situação limite
língua, que se deu a minha entrada tenho uma ex-orientanda que faz suas verdades e certezas são
natural para a questão indígena, na parte desse tipo de comunidade e quebradas e você começa a
qual inicio também com a formação comecei a trabalhar com ela e de problematizar, pois o que existe
de professores para depois alcançar repente foi chegando mais uma outra em mãos na verdade não é
os outros contextos multiculturais. pessoa, então quer dizer na verdade suficiente, não serve, não tem
Então, na verdade, esse olhar para a a teia foi se formando assim. como explicar certas situações e
questão indígena fez com que eu ao fazer isso se começa a olhar o
começasse a me questionar muito EM – Doutora, o tema central da que é convencional de uma outra
em relação a várias coisas, inclusive mesa redonda que a senhora maneira. Eu vejo isso como uma
questões que eu penso hoje seriam acabou de participar destaca “Os contribuição imensa ao trabalho
problemas de falta de problematizar ritos, os mitos, e as vozes em da pesquisa.
a teoria, a metodologia de pesquisa contextos transculturais:
utilizada e a própria discussão questões para a educação
teórica acerca desse tema. Esse é o lingüística”. Assim, gostaríamos
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Entremeios - Sabemos que a possuem um contato no curso que EM – Professora, é notório o seu
senhora atua em um grupo de está tendo na nossa Universidade, engajamento e preocupação
pesquisa sobre Sujeitos Sócio- para índios. Esses índios que eles com a área de letramento e
culturais na Educação indígena mantêm certo contato ainda não cultura em meios populares, só
em MG. Qual é o seu trabalho falam português. que infelizmente essa área de
juntamente com outros estudos (aparentemente) não é
educadores nesses locais? EM- Há uma estimulação da sua muito difundida no Brasil. Qual
parte para que também os seria a forma ideal para que a
Marildes Marinho - Estou professores se interessem pela alfabetização realmente
começando uma inserção na leitura, que sejam leitores. Não há ocorresse para todos?
pesquisa em comunidades uma reação da parte deles em
indígenas, oriento uma aluna na relação a isso? MM - Eu diria que até existe uma
escola indígena no Acre, que faz preocupação. Talvez a questão
uma pesquisa em uma escola, MM- Nunca recebi essa informação seja, o que significa se preocupar
propondo a construção de um explícita ou justificada dessa forma. ou se ocupar de determinadas
currículo bilíngüe entre os índios Qualquer pessoa deve ler constante- responsabilidades ou políticas. Se
Poianáua. Porém, esse é só o mente, se quiser estar pensarmos bem, existem
começo e nenhum dado significativo permanentemente conectado com a inúmeras campanhas de
apareceu até o momento. Além da dinâmica da cultura escrita e da alfabetização e incentivo à leitura.
orientação, eu e outros educadores leitura, e com o conhecimento que Sempre na TV vemos propostas e
temos um projeto com índios circula através dela. Não é só uma projetos de incentivo à leitura, o
Xacreabá,em MG, um grupo da questão de saber, mas de estar governo do presidente Luís Inácio
nossa faculdade acompanha a inteirado nos discursos sobre a Lula da Silva criou o PNBE, o
escolarização e a construção de própria leitura, do que circula nos Plano Nacional de Biblioteca
uma escola nessa aldeia, um projeto jornais, na mídia e nos livros. Foi Escolar, o governo anterior do
que tem um pouco mais de dez anos lançado na França recentemente um ministro Paulo Renato, mandou
e praticamente acabou de ser livro chamado: “Como falar de livros livros para as casas populares.
implantado e só agora estamos que você nunca leu”, nele o autor faz Portanto, no Brasil como em todos
conseguindo nos estruturar em uma sátira sobre a importância das os países com baixo índice de
relação a esses sujeitos. pessoas falarem de livros, mesmo alfabetização e letramento existe
que nunca tenham lido como forma sim a preocupação e tentativas de
EM – Nesse projeto, você e outros de expandir seus conhecimentos. um melhoramento nessa área.
colegas tiveram acesso aos Recordo que na minha adolescência Talvez o que possamos dizer já
índios mais isolados? era algo simbolicamente mais ou menos corrente, é que as
importantíssimo para os jovens políticas não têm tido muita
MM-Não, os índios com os quais saberem sobre o livro de Hemingway eficácia, por muitos fatores como
trabalhamos não são isolados, já “Porque os sinos dobram”, eu e os sociais e os sócio-econômico
têm professores e falam minhas colegas se não líamos que dificultam de certa forma o
português.A comunidade indígena tínhamos que ter pelo menos uma acesso das pessoas à informação.
que visitamos não é afastada de idéia do que se tratava o livro. A
outras, ou com um distanciamento circulação do discurso sobre livros,
geográfico e cultural grande,como jornais, revistas e novelas é um modo
por exemplo os Maxacalí, que nem de nos inserir na cultura.
falam português. Outros colegas
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>>> entreFILMES
Quanto Vale Ou É Por O Fabuloso Destino de Amélie Poulain
Quilo?
Uma jovem que veio do subúrbio se
Livre adaptação do conto muda para a cidade de Paris, onde
“Pai contra mãe”, de após devolver um objeto encontrado
Machado de Assis, ao seu antigo dono resolve ajudar as
entremeado com pequenas pessoas que a cercam através de
crônicas de Nireu pequenos gestos.
Cavalcanti sobre a
escravidão. “Quanto Vale
Across the Universe
Ou É Por Quilo” revela as mazelas e
contradições de um país em
É um musical revolucionário de rock, com
permanente crise de valores. O filme
amores, diferenças ideológicas, sociais e
faz um paralelo entre a escravidão e
belíssimas canções que recria, com delicadeza
a sociedade brasileira atual,
e psicodélica criatividade, a América do
focalizando as semelhanças no
turbulento período do fim da década de 60.
“comportamento mercadológico”
Produção da Revista
Apresentação do Nome Adaptação de Mídia Diagramação
Afonso Augusto Martins Ferraz Ingrid Bárbara Silva Santos Dayane Ferreira Leal Santos
Anike Mateus Lamoso Laiz Nascimento Dias Égila da Silva Passos
Fabrício dos Santos Silva Marcela Oliveira Falcão Héber Araújo Brandão
Mariana Nascimento de Andrade Islani Almeida da Silva
Tailane Marques de Abreu Santos Editorial Ítala Santana Santos
Letícia Ribeiro Silva
Galeria de Fotos Dimitri Vasconcelos Santos
Emilly Francielle Nogueira
Danielle Barros Fortuna Erlo Barbosa Souza
Erika Passos Cornélio Natália Sampaio da Silva
Larissa Sobral Conceição Raphael Silva Rios Nascimento
Marcela Amaral Bispo Gonçalves
Marília Gabriela Morais Borges