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Informativo Esquematizado TST n.

1
EXECUÇÃO
Período: 05 a 23 de maio de 2014.
Raphael Miziara (Prof. e Advogado) e Roberto W. Braga (Prof. e Juiz TRT 22ª Região)

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Sociedade de Economia Mista sem fins concorrenciais e Execução por Precatório.1

Aplica-se o regime de execução por precatório, disposto no art. 100 da CF, a


sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, sem
fins concorrenciais, em sintonia com a jurisprudência do STF (RE nº 580264).
Conforme o entendimento da Suprema Corte, se a sociedade de economia mista
desenvolve atividades que correspondem à própria atuação do Estado, sem
finalidade lucrativa, deverá gozar de imunidade tributária (art. 150, VI, "a" da CF).

Comentários Execução em face da Fazenda Pública2

Diante de uma condenação, aliada à ausência de pagamento, o Estado-


juiz promove uma incursão no patrimônio do devedor, vinculando
determinados bens com a finalidade de satisfazer o crédito do exequente.
Essa vinculação se dá pela penhora que é o “ato de apreensão e
depósito de bens para empregá-los, diretamente ou indiretamente, na
satisfação do crédito executado” (DIDIER, Fredie. Curso de Direito
Processual Civil: Execução. v.5. 2.ed. Salvador: JusPodivm, 2010. p.
533).

Entretanto, sendo o devedor pessoa jurídica de direito público, a


interferência do Estado-juiz não ocorrerá por meio da penhora, não
havendo a adoção de medidas expropriatórias para a satisfação do
crédito, mas, sim, por meio da expedição de precatório ou RPV, se for o
caso (art. 100 da CR/88).

Mas quem é a Fazenda Pública?

Segundo o entendimento majoritário, capitaneado por Leonardo J. C.


Cunha, o conceito de Fazenda Pública abrange a União, os Estados, o
Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações
públicas, sendo certo que as agências executivas ou reguladoras,
integram igualmente o conceito de Fazenda Pública. Consequentemente,
estão excluídas do conceito de Fazenda Pública as sociedades de

1
Assunto já tratado exaustivamente nos Informativos nºs 66 e 71.
2
Para mais detalhes sobre a execução em face da Fazenda Pública conferir CUNHA, Leonardo José
Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo. 6.ed. São Paulo: Dialética, 2008, p. 251-309.
economia mista e as empresas públicas. Embora integrem a
Administração indireta, não ostentam natureza de direito público,
revestindo-se da condição de pessoas jurídicas de direito privado, a
cujo regime estão subordinadas. Então, em resumo, quando se alude à
Fazenda Pública, na expressão não estão inseridas as sociedades de
economia mista nem as empresas públicas, sujeitas que são ao regime
geral das pessoas jurídicas de direito privado.

Sociedade de Economia Mista – Principais Características3

Natureza jurídica Personalidade é de direito privado.


Misto, mas a maioria do capital votante é do
Capital
poder público.
Necessariamente, deverá ser constituída pela
Forma societária
forma de S/A.
Em regra, Justiça Comum Estadual.
ATENÇÃO: se a União estiver no feito atuando
Competência como assistente ou opoente ou se a matéria
estiver no rol do art. 109 da CR/88 a
competência será da Justiça Comum Federal.
- prestação de serviços públicos mediante
delegação do ente estatal; ou,
Finalidades
- exploração de determinadas atividades
econômicas de interesse público.
Regime Jurídico Art. 173, CR/88 (vide abaixo)
- Submetidas à fiscalização contábil, financeira
e orçamentária exercida pelo Tribunal de
Contas;
Controle - Controle finalístico, limitado à análise acerca
do cumprimento dos fins definidos na lei de
criação da empresa e não configura
manifestação de hierarquia.
Caso prestadoras de serviços públicos, a
Responsabilidade
responsabilidade é objetiva; se exploradoras
Civil
de atividade econômica, subjetiva.
- seus bens não são públicos, no entanto, em
relação aos bens que estejam atrelados à
prestação de serviços públicos, se aplicam
algumas prerrogativas inerentes aos bens
Bens
públicos, como a imprescritibilidade e a
impenhorabilidade.
- não se admite a aplicação do regime de
precatórios.
Privilégios - não possuem
Processuais
Regime de Pessoal - Celetistas, previamente aprovados em

3
CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. Salvador: JusPodivm, 2014. págs. 218-219.
concurso, porém, sem a garantia da
estabilidade do art. 41 da CR/88.
- a dispensa deverá ser motivada.

O caso concreto – Sociedade de Economia Mista não concorrencial

No caso concreto a Reclamada Hospital Fêmina S.A. (integrante do grupo


Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A. – Sociedade de Economia
Mista) pretendia que o processo se efetivasse por meio do sistema de
precatórios, ou seja, conforme a sistemática de execução em face da
Fazenda Pública, já que os hospitais do Referido Grupo Hospitalar
Conceição estão inseridos na estrutura organizacional do Ministério da
Saúde, recebem financiamento diretamente do orçamento da União e
prestam serviço público exclusivamente aos usuários do Sistema Único de
Saúde – SUS.

A SBDI-1, seguindo entendimento do STF, entendeu que se tratava de


uma situação peculiar e especial, qual seja, a de sociedade de economia
mista que opera em regime não concorrencial, sem fins lucrativos,
desempenhando atividades próprias do Poder Público.

O entendimento do STF no RE nº 580264

No RE 580264 o STF, em processo de repercussão geral (DJe


6/10/2011), reconheceu que o Hospital Nossa Senhora da Conceição,
parte no presente feito, é sociedade de economia mista prestadora de
ações e serviços de saúde, e, por isso, suas atividades correspondem à
própria atuação do Estado, que não tem finalidade lucrativa, razão pela
qual goza de imunidade tributária, nos termos da línea “a” do inciso VI do
art. 150 da Constituição Federal.

Assim, a jurisprudência majoritária do STF tem se alinhado com esse


entendimento, no sentido de aplicar o regime de precatório às sociedades
de economia mista, prestadoras de serviços públicos em ambiente não
concorrencial.

Em conclusão:

O Supremo Tribunal Federal e o TST, ao entendimento de que os bens


das empresas estatais de direito privado prestadoras de serviços públicos
em regime não concorrencial são impenhoráveis, aplicando à entidade o
regime de precatórios previsto no artigo 100 da Constituição Federal,
assentaram:

a) o Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A. é apenas


formalmente sociedade de economia mista, porque a União tem
99,99% das ações com direito a voto (o que importa no controle
total de sua administração);
b) esse Hospital não atua em ambiente concorrencial, prestando
serviços de saúde exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde e
está vinculado diretamente ao Ministério da Saúde;

c) às sociedades de economia mista prestadoras de serviços


públicos em ambiente não concorrencial (caso da Reclamada)
aplica-se o regime de precatório.

Súmulas Não há súmulas aplicáveis diretamente ao caso julgado.

OJ 343 SDI-1. PENHORA. SUCESSÃO. ART. 100 DA CF/1988. EXECUÇÃO. É


válida a penhora em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada
OJs anteriormente à sucessão pela União ou por Estado-membro, não podendo a
execução prosseguir mediante precatório. A decisão que a mantém não viola o
art. 100 da CF/1988.
Art. 100, da CR/88.

Art. 173, § 1º, II, da CR/88. Ressalvados os casos previstos nesta


Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será
permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a
relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de


economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de
produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo
sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade;


(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive


Referências quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;
legislativas (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações,


observados os princípios da administração pública; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal,


com a participação de acionistas minoritários; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos


administradores.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 2º - As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão


gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.
§ 3º - A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a
sociedade.
§ 4º - A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos
mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
§ 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa
jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições
compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e
financeira e contra a economia popular.
 CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. Salvador:
JusPodivm, 2014.
 CUNHA, Leonardo José Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo.
Referências
6.ed. São Paulo: Dialética, 2008.
 DIDIER, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: Execução. 2. ed.
Salvador: JusPodivm, 2010.

Processo
TST-E-RR-84500-98.2007.5.04.0007, SBDI-I, rel. Min. Augusto César
Leite de Carvalho, 8.5.2014.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Competência da Justiça do Trabalho para executar de ofício contribuições
previdenciárias decorrentes de termo de conciliação firmando na CCP.

Compete à Justiça do Trabalho executar de ofício as contribuições


previdenciárias decorrentes do termo de conciliação firmado perante Comissão
de Conciliação Prévia - CCP.

Comentários O art. 114, IX, da Constituição da República fixa a competência da Justiça


do Trabalho para processar e julgar “outras controvérsias decorrentes da
relação de trabalho, na forma da lei”.

Pergunta-se: esse inciso abrange a possibilidade da Justiça do Trabalho


executar, de ofício, as contribuições previdenciárias decorrentes do termo
de conciliação firmado perante Comissão de Conciliação Prévia – CCP?

A 2ª Turma do TST, ao decidir Recurso de Revista, entendeu que não:

INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. EXECUÇÃO,


DE OFÍCIO, DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS
DECORRENTES DE ACORDO EXTRAJUDICIAL CELEBRADO
PERANTE COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA. A
competência da Justiça do Trabalho para determinar a
execução, de ofício, das contribuições previdenciárias,
consoante preconiza a Súmula nº 368, I, limita-se às
sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos
valores, objeto de acordo homologado. Tal entendimento não
se estende ao acordo extrajudicial firmado pelas partes
perante Comissão de Conciliação Prévia. Precedente: RR-
27000-49.2009.5.09.0659, Relator Ministro: Guilherme Augusto
Caputo Bastos, Data de Julgamento: 28/03/2011, 2ª Turma, Data
de Publicação: 08/04/2011. Recurso de revista de que se conhece
e a que se dá provimento.

Diante dessa decisão, a União interpôs recurso de embargos, sustentando


que se inclui na competência da Justiça Trabalhista executar as
contribuições previdenciárias incidentes sobre os valores devidos ou
pagos nas comissões de conciliação prévia.

A SBDI-1 deu provimento aos embargos e entendeu que a Justiça do


Trabalho é competente para executar, de ofício, as contribuições
previdenciárias sobre os valores objeto de acordo perante as CCPs.

O art. 43, § 6º, da Lei n° 8.212/91, incluído pela Lei nº 11.941/2009,


estabelece que “aplica-se o disposto neste artigo aos valores devidos ou
pagos nas Comissões de Conciliação Prévia de que trata a Lei n° 9.958,
de 12 de janeiro de 2000”.

Nesse contexto, evidencia-se a competência da Justiça do Trabalho para


executar as contribuições previdenciárias incidentes sobre o termo de
conciliação firmado perante a Comissão de Conciliação Prévia.

Entendeu-se, na hipótese, que o dispositivo constitucional que assegura a


competência desta Justiça Especializada para processar e julgar “outras
controvérsias decorrentes da relação de trabalho” abarca o termo
firmado perante a CCP, por se tratar de título executivo extrajudicial
decorrente da relação de trabalho.

Ademais, não há falar em incidência do item I da Súmula nº 368 do TST,


editado em 2005, por não alcançar a controvérsia trazida nos autos, que
remonta à regra vigente a partir de 2009, com a introdução do § 6º no art.
43 da Lei nº 8.212/91 pela Lei nº 11.491/2009.

Com esse posicionamento, a SBDI-I, à unanimidade, conheceu dos


embargos, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, deu-lhes
provimento para reformar o acórdão turmário que declarara a
incompetência da Justiça do Trabalho para executar as contribuições
previdenciárias advindas de termo conciliatório firmado perante a
CCP.
Súmula 368 do TST. DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS.
COMPETÊNCIA. RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO. FORMA DE
CÁLCULO.
I - A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das
Súmulas
contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução
das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em
pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o
salário de contribuição. [...]

OJs Não há OJs aplicáveis diretamente ao caso comentado.

Art. 114, IX, da CF. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:


[...] IX – outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.

Art. 43, § 6º, Lei n. 8.212/90. Nas ações trabalhistas de que resultar o
pagamento de direitos sujeitos à incidência de contribuição previdenciária, o juiz,
Referências
sob pena de responsabilidade, determinará o imediato recolhimento das
legislativas
importâncias devidas à Seguridade Social.
[...]
§ 6º Aplica-se o disposto neste artigo aos valores devidos ou
pagos nas Comissões de Conciliação Prévia de que trata a Lei no 9.958, de
12 de janeiro de 2000. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). (grifamos).

Referências -

TST-E-RR-41300-56.2009.5.09.0096, SBDI-I, rel. Min. Luiz Philippe Vieira de


Processo
Mello Filho, 8.5.2014.
INFORMATIVO esquematizado
INFORMATIVO TST nº. 72
Período: 11 a 17 de fevereiro de 2014

por RAPHAEL MIZIARA

Obs: foram incluídos neste informativo esquematizado todos os julgados publicados pelo TST.
Este informativo não constitui repositório autorizado de jurisprudência e foi elaborado com base
no layout do site www.dizerodireito.com.br dada sua facilidade didática.

DIREITO COLETIVO DO TRABALHO


Greve não abusiva e impossibilidade de extensão da garantia de emprego a
trabalhadores temporários

Na hipótese de greve não abusiva, não é possível conferir garantia de emprego a


trabalhadores temporários, porque essa concessão ensejaria a conversão dos
contratos por prazo determinado em indeterminado, ultrapassando os limites
impostos pela Lei nº. 6.019/74. Assim, restringe-se a estabilidade provisória aos
trabalhadores com contrato de trabalho por prazo indeterminado.

Comentários Efeitos da greve nos contratos individuais de trabalho – suspensão


contratual e (im)possibilidade de dispensa de trabalhadores durante
a greve

De acordo com a Lei nº. 7.783/89 (art. 7º), “observadas as condições


previstas nesta Lei, a participação em greve suspende o contrato de
trabalho, devendo as relações obrigacionais durante o período ser
regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da
Justiça do Trabalho”.

Ademais, estabelece o parágrafo único deste artigo que “é vedada a


rescisão do contrato de trabalho durante a greve, bem como a
contratação de trabalhadores substitutos, exceto na ocorrência das
hipóteses previstas nos arts. 9º e 14”.

Assim, se o direito de greve for exercido regularmente, o contrato de


trabalho ficará suspenso. Isso significa que os dias parados, em
princípio, não são pagos, não se computando para fins contratuais o
mesmo período.

A doutrina e jurisprudência majoritárias entendem que a vedação da


dispensa no período de suspensão cede na hipótese de justa causa
(art 482, CLT), bem como se decorrente do abuso do direito de
greve, individualmente apurado, prescindindo-se de ajuizamento de
ação para esse fim específico (reconhecimento da justa causa).

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A adesão à greve é fato capaz de ensejar o despedimento?

Trata-se de exercício regular de um direito, não podendo o paredista ser


punido por isso. Nesse aspecto, vale lembrar que a “simples adesão à
greve não constitui falta grave” (Súmula 316 do STF).

E se for adesão à greve abusiva? A abusividade da greve é fato


capaz de ensejar o despedimento? O empregado que participa de
greve ilegal incorre em justa causa?

1ª Corrente: Não. O que configura a falta grave do grevista é o ato por


ele praticado individualmente, o qual deverá ser devidamente apurado.
Não se afigura crível o acolhimento de uma dispensa do empregado
somente porque aderiu a uma greve considerada abusiva, por exemplo,
por descumprimento pelo sindicato profissional de um mero requisito
formal. Em conclusão, a simples adesão a uma greve ilegal ou abusiva,
sem nenhuma iniciativa na sua promoção, não configura justa causa,
mas a iniciativa para a deflagração de greve ilegal pode configurar justa
causa.

2ª Corrente: Sim. Parte da interpretação literal do parágrafo único do


art. 7º da Lei nº. 7.783/89, a simples adesão à greve abusiva, mesmo
que pacífica, configuraria justa causa motivadora da rescisão contratual.
A participação, embora pacífica, em greve ilegal, constitui falta grave.

Efeitos da greve sobre o contrato do empregado temporário da Lei


6.019/74.

Resta saber se ao empregado temporário regido pela Lei 6.019/74 é


estendida a garantia de emprego no caso de suspensão do contrato em
decorrência de greve.
O TST entendeu que não.

Entendeu que não é possível conferir garantia de emprego a


trabalhadores temporários, porque essa concessão ensejaria a
conversão dos contratos por prazo determinado em indeterminado,
ultrapassando os limites impostos pela Lei nº 6.019/74.

Para validade do movimento, o requisito de aprovação da respectiva


assembleia de trabalhadores (art. 4º, Lei nº 7.783) deverá ser
comprovado por escrito?

Entendeu-se que, em hipóteses excepcionais (a depender do caso


concreto), o requisito formal da deliberação assemblear pode ser
atenuado e não pode exprimir uma formalidade intransponível a
cercear o legítimo exercício do direito de greve.

Esse entendimento não é novo e atualmente é majoritário no TST:

a despeito da inexistência de prova escrita de assembleia-geral


regular, se os elementos dos autos permitem a convicção de
ter havido aprovação da greve pela parcela de empregados
envolvidos, considera-se superado o requisito formal
estabelecido pelo art. 4º da Lei 7.783/89. (RODC - 2017400-

Informativo TST esquematizado Página 2


02.2009.5.02.0000, Rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, SDC,
Data de Publicação:30/03/2012).

Súmula 316 do STF: “A simples adesão à greve não constitui falta


Súmulas
grave”.
OJ nº. 10 da SDC/TST: “É incompatível com a declaração de
OJ’s abusividade do movimento grevista o estabelecimento de quaisquer
vantagens ou garantias a seus partícipes, que assumiram os riscos
inerentes à utilização do instrumento de pressão máximo”.
Arts. 2º, 4º e 10 da Lei 6.019/74.
Referências
Arts. 4º, 7º, 9º e 14 da Lei 7.783/89.
legislativas
Art. 471 da CLT.
TST-RO-1533-35.2012.5.15.0000, SDC, rel. Min. Mauricio Godinho
Processo
Delgado, 17.2.2014.

DIREITO COLETIVO E INDIVIDUAL DO TRABALHO


Validade de cláusula normativa que autoriza a inspeção pessoal que não acarrete toque
em qualquer parte do corpo do empregado ou retirada de sua vestimenta

É válida a cláusula normativa que autoriza a inspeção pessoal que não acarrete
toque em qualquer parte do corpo do empregado ou retirada de sua vestimenta e
proíbe a instalação de câmeras de vídeo nos banheiros e vestiários.
O TST entendeu que a fixação de critérios à realização da revista pessoal são
providências que não extrapolam o alcance conferido ao poder fiscalizador da
empresa, razão pela qual a cláusula não pode ser considerada uma atitude
exacerbada e invasiva da intimidade e privacidade dos empregados.

Comentários A colisão de direitos fundamentais: direito à intimidade versus as


prerrogativas da empresa na condução da empreitada laboral
(direito de propriedade).

Constata-se a colisão de direitos quando há conflito entre dois ou mais


direitos fundamentais, cabendo ao intérprete utilizar o princípio da
harmonização de maneira a coordenar e combinar os bens jurídicos,
evitando o sacrifício total de um em relação ao outro, com a finalidade de
se encontrar o verdadeiro significado da norma.

Verifica-se, de um lado, o direito de propriedade do empregador, do qual


deriva o poder diretivo e de fiscalização. E, do outro lado, o direito
personalíssimo à intimidade laboral. Impõe-se, então, harmonizar esses
direitos.

A relação de hierarquia que se apresenta nas relações trabalhistas,


sendo o empregado subordinado às ordens e poder de comando do
empregador não pode servir de justificativas que legitimem ações que
venham a desrespeitar o direito à intimidade.

Há hierarquia entre direitos fundamentais?

Parte da doutrina entende que sim, casos em que não há que se falar
em harmonização. Entende-se que a solução fornecida pelo princípio

Informativo TST esquematizado Página 3


da harmonia, só é possível quando os referidos direitos possuem a
mesma natureza legal. Dessa forma, os caracteres essenciais dos
direitos personalíssimos, permitem sua preponderância diante dos
direitos reais (como o de propriedade). Estes, tanto quanto os de
crédito, não são inatos, nem vitalícios, mas patrimoniais, alienáveis,
absolutamente disponíveis e, por isso, renunciáveis e prescritíveis,
características que lhes retiram a prevalência quando colididos com os
direitos da personalidade. É possível a hierarquia entre as espécies
de direitos, ostentando-se primazia aqueles que expressam o
conteúdo da dignidade humana, encarnada nos direitos
personalíssimos. São, então, superiores em relação aos demais de
caráter patrimonial. Porém, não há supremacia entre direitos da
personalidade, pois estes carregam valores inegáveis ao
desenvolvimento sadio da personalidade, tornando-se necessário o
convívio pacífico entre eles.

A dignidade humana como limite ao poder do empregador nas


relações laborais

A pessoa é dotada de direitos personalíssimos, insusceptíveis do poder


de outrem, os quais figuram como verdadeiros limites ao ato de controle
do empregador, agasalhados no interior do nosso sistema (in Revista de
Direito do Trabalho. vol. 138. p. 11. abril/2010; DTR\2010\399).

O posicionamento doutrinário e jurisprudencial acerca do tema:


como e quando poderá o empregador proceder à revistas em seus
empregados?

Não se olvida que o poder empregatício engloba o poder fiscalizatório


(ou poder de controle), entendido este como o conjunto de prerrogativas
dirigidas a propiciar o acompanhamento contínuo da prestação de
trabalho e a própria vigilância efetivada ao longo do espaço empresarial
interno. Medidas como o controle de portaria, as revistas, o circuito
interno de televisão, o controle de horário e frequência e outras
providências correlatas são manifestações do poder de controle
(GODINHO, 2013).

Por outro lado, tal poder empresarial não é dotado de caráter absoluto,
na medida em que há em nosso ordenamento jurídico uma série de
princípios limitadores da atuação do controle empregatício.

Entendo que as revistas podem ser assim classificadas:

Quanto ao grau de invasão da intimidade:

a) íntima: aquela que promove o toque ou apalpação; aquela que


ocorre com a retirada das vestes do empregado; aquela que
promove a instalação de câmeras em banheiros ou em vestiários,
enfim, aquela que ofende à dignidade da pessoa humana; e

b) superficial: é a revista visual, que ocorre sem contato físico, bem


como aquela na qual não ocorre toque ou retirada de vestes do
trabalhador, realizada indiscriminadamente e de modo generalizado,

Informativo TST esquematizado Página 4


utilizando-se de expedientes lícitos tais como câmeras/circuito
interno de TV, portas giratórias, detectores de metais,

Quanto ao objeto sobre a qual recai:

a) sobre pessoas: aquela que recai sobre o obreiro(a), ou seja, tem


como destinatário o próprio(a) empregado(a); e

b) sobre coisas: recai sobre os pertences do empregado, tais como


bolsas, carteiras, sacolas, pastas, armários privativos, dentre outros.

Assim, em resumo a revista pode ser: íntima e pessoal; íntima sobre


coisas; superficial e pessoal; e, por fim, superficial sobre coisas.

Revista íntima e pessoal: não é admitida, em nenhuma hipótese.

Revista íntima sobre coisas: não é admitida, em nenhuma


hipótese.

Revista superficial sobre pessoas e sobre coisas: aqui a doutrina


e jurisprudência se dividem.

1ª corrente: toda e qualquer revista, íntima ou não, promovida pelo


empregador ou seus prepostos em seus empregados e/ou em seus
pertences, é ilegal, por ofensa aos direitos fundamentais da dignidade e
intimidade do trabalhador. É que a devassa nos pertences dos
empregados, praticada com lastro no poder hierárquico do empregador e
na defesa do patrimônio da empresa, sem que haja justificativa plausível,
encontra limites em garantias constitucionais, concernentes à intimidade
e à dignidade da pessoa do trabalhador, não podendo ser tida como
exercício de direito potestativo do empregador. Ademais, colocam os
empregados permanentemente suspeita de improbidade. Ou seja, os
empregadores estarão em constante desconfiança em relação a seus
empregados. A revista, por si só, já implica a ato vexatório, uma vez que
o empregado é submetido diariamente à falta de confiança, sendo
necessário provar sua idoneidade dia após dia, quando é possível à
empresa usar de tecnologia moderna para a fiscalização e segurança do
seu patrimônio. Nesse sentido, as empresas têm plenas condições de
utilizar outros instrumentos eficazes de controle de seus produtos, como
câmeras de filmagens. Tais procedimentos inibem e evitam a violação do
patrimônio da empresa e, ao mesmo tempo, preservam a honra e a
imagem do trabalhador. É a posição da 3ª Turma do TST, capitaneada
por Maurício Godinho Delgado, bem como do Enunciado nº. 15,
aprovado na 1ª Jornada de Direito Material e Processual do
Trabalho. Para essa corrente, não se admite nem mesmo a revista
superficial sobre pessoas e coisas – decisão muito recente:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA -


DESCABIMENTO. 1. REVISTA (AINDA QUE MODERADA) DE
BOLSAS E SACOLAS. DANO MORAL. CONFIGURAÇÃO. (...) A
jurisprudência da Eg. 3ª Turma evoluiu para compreender que a
revista dita moderada em bolsas e sacolas de trabalhadores, no
início ou ao final da jornada de trabalho, mesmo que sem contato
físico ou manipulação de pertences, provoca dano moral e
autoriza a condenação à indenização correspondente. (TST, 3ª

Informativo TST esquematizado Página 5


Turma, AIRR-27200-22.2013.5.13.0007, julgamento em 13.11.2013).

2ª corrente: entende que o procedimento de revista sem contato físico e


de forma indiscriminada está inserido no poder diretivo e fiscalizatório do
empregador, não configurando submissão do empregado a situação
vexatória. A 3ª Turma do TST adotava essa corrente, pois vinha
compreendendo que a moderada revista em bolsas e sacolas de
trabalhadores, no início ou ao final da jornada de trabalho, sem contato
físico ou manipulação abusiva de pertences, não configuraria dano moral
hábil a ensejar o pagamento de indenização. Decidia-se que, para se ver
tipificado o abuso de direito, necessário seria que se configurasse
excesso, vindo a acusação acompanhada de outros atos que
denunciassem a possibilidade de causar dano, representando
desconforto para o trabalhador. A moderada revista em bolsas e sacolas
ou pastas, quando não acompanhada de atitudes que expusessem a
intimidade do empregado ou que viessem a ofender publicamente o seu
direito à privacidade, não induziria à caracterização de dano. Assim
ainda decide a Eg. SBDI-1/TST1:

RECURSO DE EMBARGOS. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL -


REVISTA IMPESSOAL E INDISCRIMINADA DE BOLSAS DOS
EMPREGADOS. Esta Corte tem entendido reiteradamente que a
inspeção de bolsas, sacolas e outros pertences de empregados, desde
que realizada de maneira generalizada, sem que reste configurado
qualquer ato que denote abuso de seu direito de zelar pelo próprio
patrimônio, não é ilícita, pois não importa ofensa à intimidade, vida
privada, honra ou imagem daqueles. No caso em apreço, a
fiscalização da recorrente, como descrita no acórdão regional, não
configura ato ilícito, uma vez que não era dirigida somente à autora,
nem implicava contato físico de qualquer natureza, não sendo possível
presumir-se qualquer dano moral dela decorrente. Precedentes desta
Corte. Recurso de embargos conhecido e desprovido" (E-RR-623800-
40.2008.5.09.0652; SBDI-1; Rel. Min. Renato de Lacerda Paiva; in
DEJT 21.09.2012).

Foi o posicionamento acolhido no presente julgado pela SDC.

3ª corrente: semelhante à segunda, porém, afirma que a revista se


justifica, não quando traduza um comodismo do empregador para
defender o seu patrimônio, mas quando constitua recurso necessário à
satisfação do interesse empresarial, à falta de outras medidas
preventivas. Não basta a tutela genérica da propriedade (como na
segunda corrente), devendo existir circunstâncias concretas que
justifiquem a revista, tais como existir na empresa bens suscetíveis de
subtração e ocultação, com valor material. Assim, deverão ser
observados determinados critérios e desde que imprescindível, tendo em
conta a natureza da atividade desenvolvida pela empresa, apta a
justificar tal tipo de fiscalização. É a posição de Alice Monteiro de Barros
(in A proteção à intimidade do empregado. 2. ed. São Paulo: LTr, 2009).
O próprio Ministro Maurício Godinho Delgado parece, em certos
momentos, se inclinar para essa corrente, conforme se observa do
seguinte voto:

[...] A autorização genérica à revista de bolsas, mochilas e sacolas

1
Ocorre que este não é o convencimento atual da maioria dos Excelentíssimos Ministros que compõem a 3ª
Turma, como se viu.
Informativo TST esquematizado Página 6
de empregados em categoria econômica destituída de
especificidade apta a justificar tal tipo de fiscalização exacerbada e
invasiva (seguimento empresarial de panificação e confeitaria)
constitui preceito normativo privado inválido, por afrontar a ordem
constitucional imperativa. Provimento negado. (ROAA - 80200-
65.2007.5.09.0909, Redator Ministro: Mauricio Godinho Delgado,
data de Julgamento: 11/05/2009, Seção Especializada em Dissídios
Coletivos, Data de Publicação: 22/05/2009) (grifo nosso).

4ª corrente: admite a revista não íntima (superficial) sobre pessoas e


coisas desde que previamente acordado em negociação coletiva ou
conste do regulamento de empresa. É a posição de Carlos Alberto
Barata Silva (in Compêndio de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr,
1978, p. 259, citado por Alice Monteiro de Barros, op.).

O caso concreto

Eis a cláusula debatida, ipsis litteris:

CLÁUSULA TRIGÉSIMA – DA REVISTA ÍNTIMA:


As empresas comprometem-se a não realizar
revista pessoal que imponha contato físico com
seus empregados, podendo realizá-las desde que
não haja toque em qualquer parte do corpo, sendo
vedada também retirada de suas vestes, bem
como câmeras de vídeo nos vestuários e
banheiros.

O MPT, adotando a primeira corrente acima exposta, entendeu que a


cláusula viola a intimidade do trabalhador (corpo e objetos pessoais),
estimulando o abuso do poder diretivo dos empregadores, possibilitando
que os trabalhadores sejam submetidos a constrangimento vexatório, em
face do medo da perda do emprego.

O Ministro Relator Maurício Godinho Delgado deu razão ao MPT, e


afirmou que:

Tem razão o MPT. Além dos preceitos constitucionais relacionados


pelo autor, bem como por interpretação extensiva do artigo 373-A, VI
da CLT, a cláusula trigésima traduz-se em permissivo odioso de
extrapolação do poder diretivo dos empregadores, pois a prática de
revista íntima presume a culpa dos empregados. Vale lembrar que o C.
TST vem colecionando precedentes no sentido de repelir tal prática,
condenando as empresas ao pagamento de indenização por dano
moral.

Nesse aspecto, vale ressaltar o entendimento firmado no Enunciado nº.


15, aprovado na 1ª Jornada de Direito Material e Processual do
Trabalho, verbis:

I – REVISTA – ILICITUDE. Toda e qualquer revista, íntima ou não,


promovida pelo empregador ou seus prepostos em seus empregados
e/ou em seus pertences, é ilegal, por ofensa aos direitos fundamentais
da dignidade e intimidade do trabalhador.

II – REVISTA ÍNTIMA – VEDAÇÃO A AMBOS OS SEXOS. A norma


do art. 373-A, inc. VI, da CLT, que veda revistas íntimas nas

Informativo TST esquematizado Página 7


empregadas, também se aplica aos homens em face da igualdade
entre os sexos inscrita no art. 5º, inc. I, da Constituição da República.

A empregadora sustentou que a revista pessoal, em bolsas, sacolas e


pertences do empregado, é admitida pela doutrina e jurisprudência,
desde que observados determinados critérios e sendo autorizada em
regulamento da empresa ou em acordo coletivo. Entendem, assim, que a
cláusula não ofende a dignidade e a intimidade dos trabalhadores.

Por maioria da SDC (o Ministro Maurício Godinho Delgado foi volto


vencido) acolheu os argumentos empresariais e adotou a segunda
corrente.

Destaque-se, em abono da terceira corrente, o seguinte julgado desta


Seção Especializada, no sentido de impossibilidade de autorizar-se a
inspeção em bolsas e sacolas dos empregados, quando a atividade
empresarial não exigir:

RECURSO ORDINÁRIO EM AÇÃO ANULATÓRIA DE PRECEITO


CONVENCIONAL. REVISTA EM BOLSAS E SACOLAS DOS
EMPREGADOS. LIMITES AO PODER FISCALIZATÓRIO DO
EMPREGADOR. O poder empregatício engloba o fiscalizatório (ou
poder de controle), entendido como o conjunto de prerrogativas
dirigidas a propiciar o acompanhamento contínuo da prestação de
trabalho e a própria vigilância efetivada ao longo do espaço
empresarial interno (controle de portaria, revistas, circuito interno de
televisão, controle de horário/frequência, entre outros). Há limites,
todavia, ao poder fiscalizatório empresarial, os quais têm origem no
princípio constitucional da dignidade da pessoa humana (CF/88:
Preâmbulo; art. 1º, III; art. 3º, I e IV) e na regra constitucional da
inviolabilidade da honra e intimidade dos seres humanos (art. 5º, X,
CF/88). Tais limites devem ser observados pelos empregadores e na
própria previsão abstrata normativa inserida em diplomas coletivos
negociados (CCTs ou ACTs). A autorização genérica à revista de
bolsas, mochilas e sacolas de empregados em categoria econômica
destituída de especificidade apta a justificar tal tipo de fiscalização
exacerbada e invasiva (seguimento empresarial de panificação e
confeitaria) constitui preceito normativo privado inválido, por afrontar a
ordem constitucional imperativa. Provimento negado. (ROAA - 80200-
65.2007.5.09.0909 , Redator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Data
de Julgamento: 11/05/2009, Seção Especializada em Dissídios
Coletivos, Data de Publicação: 22/05/2009)

Contudo, não é esse o entendimento que tem prevalecido na SDC.


Portanto, vencido o Relator (Godinho), concluiu a SDC que não há
respaldo para anulação da cláusula coletiva em análise.

Súmulas Não há Súmula relacionada diretamente ao caso comentado.


OJ’s Não há OJ relacionada diretamente ao caso comentado.
Referências Art. 1º, III, 3º, I e IV, 5º, X, da CR/88.
legislativas Art. 373-A, da CLT.
TST-RO-17500-03.2011.5.17.0000, SDC, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado,
Processo
17.2.2014.

Informativo TST esquematizado Página 8


DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Acidente de trabalho: é devida pensão vitalícia em caso de perda parcial da capacidade
laborativa, mesmo havendo possibilidade de total recuperação do empregado, pois se
trata de relação jurídica continuativa (art. 471, I, do CPC)

No caso de perda parcial da capacidade produtiva, ainda que haja possibilidade


de pleno restabelecimento do empregado mediante a submissão ao tratamento
adequado, é devido o pagamento de pensão mensal de caráter vitalício.
Todavia, caso sobrevenha a recuperação integral do trabalhador para o ofício
para o qual se inabilitou (fato superveniente) – a ser retratado nos próprios autos
–, terá fim o pagamento da pensão (art. 471, I, do CPC).
O TST ressalvou que a utilização da expressão “pensão vitalícia” visa afastar
dúvidas quanto a eventuais limites ao pagamento (idade de aposentadoria,
tabelas de mortalidade do IBGE, dentre outras), mas não exclui a possibilidade
de cessação do benefício, uma vez findada a sua causa, pois se trata de relação
de natureza continuativa.

Comentários É cabível pensão mensal vitalícia em casos de possibilidade de


recuperação da saúde?

O TST entendeu que sim.

No caso concreto, o laudo pericial comprovou que a incapacidade


apresentada pelo obreiro não era permanente e, submetendo-se a
tratamento fisioterápico ou cirúrgico, poderia retornar as suas atividades
normalmente.

Tal fato, entretanto, não afasta a possibilidade de pensão mensal


vitalícia, isso porque, caso sobrevenha a recuperação integral do
trabalhador para o ofício para o qual se inabilitou (fato superveniente) – a
ser retratado nos próprios autos – terá fim o pagamento da pensão (art.
471, I, do CPC).

Com efeito, a fixação de pensão mensal vitalícia não exclui a


possibilidade de cessação do benefício, uma vez findada a sua causa,
pois se trata de relação de natureza continuativa.

Modificações supervenientes no estado de fato – possibilidade de


revisão

Em se tratando de relação jurídica continuativa, sobrevindo modificação


no estado de fato ou de direito da vítima, qualquer das partes poderá
pedir a revisão do valor fixado na sentença, conforme previsto no art.
471, I, do CPC.

Assim, se o acidentado teve a pensão mensal vitalícia deferida em razão


de invalidez permanente parcial, mas com o passar do tempo constata
que sua capacidade residual de trabalho diminuiu ou desapareceu,
poderá pedir a revisão para aumentar o valor arbitrado. Por outro lado,
se a vítima foi considerada totalmente inválida, mas obteve êxito na
readaptação profissional, desenvolvendo regularmente atividade
remunerada, poderá o réu pedir a redução do valor do pensionamento.
(OLIVEIRA, Sebastião Geraldo. Indenizações por acidente do trabalho

Informativo TST esquematizado Página 9


ou doença ocupacional. 5. ed. São Paulo: LTr, 2009).

Súmulas Não há súmula relacionada diretamente ao caso comentado.


OJ’s Não há OJ relacionada diretamente ao caso comentado.
Referências Art. 471, I, do CPC.
legislativas Arts. 927 e 950 do CC.
TST-E-EDED-ED-RR-33640-85.2006.5.02.0039, SBDI-I, rel. Min. Brito Pereira,
Processo
red. p/ acórdão Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 13.2.2014.

DIREITO DO TRABALHO
jus variandi: é lícita a alteração de uma função, com jornada de trabalho reduzida, para
outra, com carga horária maior, devendo o período acrescido ser pago de forma simples.

Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT. Automação de serviços.


Aproveitamento do empregado em função diversa, com acréscimo da jornada de
trabalho. Licitude. Pagamento do período acrescido de forma simples, sem o
adicional. O aproveitamento de empregado da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos – ECT sujeito à jornada reduzida do art. 227 da CLT em outra função
com carga horária maior, e com o objetivo de lhe preservar o emprego frente à
automação de serviços (substituição das antigas máquinas de Telex por
computadores) é lícito, devendo o período acrescido ser pago de forma simples,
sem o adicional de horas extras.
Comentários Jus variandi x princípio da inalterabilidade contratual lesiva
(alteração da função – limites)

O jus variandi pode ser definido como uma faculdade ou poder do


empregador de variar, dentro de certos limites, as formas de prestação
das tarefas pelo empregado (Plá Rodrigues, in POSE, Carlos. Manual
Práctico del ius variandi. Buenos Aires: David Grinberg Libros Juridicos,
1995).

Com efeito, o jus variandi encontra limites no princípio da inalterabilidade


contratual lesiva, que impede a modificação das condições ou cláusulas
contratuais (novação objetiva) que prejudiquem o empregado (art. 468
da CLT). Alguns autores tratam o jus variandi como verdadeira exceção
à regra da inalterabilidade.2

A norma do art. 468 da CLT impõe, além do requisito da impossibilidade


de alteração contratual in pejus, a necessidade de mútuo consentimento
para sua validade. A apreciação de eventual prejuízo é apurada em
concreto. Aparentemente, uma mudança nas condições do contrato
de trabalho pode resultar em prejuízo para o empregado, mas,
quando apurada a alteração em todos os seus matizes, observar-se-
á a ausência de prejuízo direito ou indireto.

Contudo, existe presunção de prejuízo, recaindo sobre o empregador o


ônus de demonstrar que a alteração proporcionou tal benefício ao
empregado (MOURA, 2013).

No espectro do jus variandi encontra-se a possibilidade de alteração da


função do empregado, em casos excepcionais. Alguns casos são

2
É o caso de Marcelo Moura, em sua CLT comentada. 3. ed. Salvador: JusPodivm, 2013. pág. 516

Informativo TST esquematizado Página 10


previstos em lei (como o retorno do empregado de confiança para a
função anterior), outros casos não. A alteração de função, não prevista
em lei, é tolerada quando a empresa extingue cargos, não dispensa
seus ocupantes e os aproveita em outras funções. Foi exatamente o
que ocorreu no caso ora comentado.

No caso concreto a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT


promoveu ao aproveitamento de empregado sujeito à jornada reduzida
do art. 227 da CLT em outra função com carga horária maior, e com o
objetivo de lhe preservar o emprego frente à automação de serviços
(substituição das antigas máquinas de Telex por computadores).
Nesse caso, é lícita a alteração, devendo o período acrescido ser pago
de forma simples, sem o adicional de horas extras.

Assim, em princípio, a alteração da jornada de trabalho causa prejuízo


ao empregado (jornada mais longa), ainda que com o aumento da
remuneração - art. 468 da CLT. Ocorre que uma análise acurada
demonstra que tal alteração não gerou prejuízo, mas, pelo contrário,
salvaguardou o posto de trabalho.
Súmulas Não há súmula relacionada diretamente ao caso comentado.
OJ’s Não há OJ relacionada diretamente ao caso comentado.
Referências
Arts. 227 e 468, da CLT.
legislativas
TST-E-RR-280800-51.2004.5.07.0008, SBDI-I, rel. Min. Horácio Raymundo de
Processo
Senna Pires, red. p/ acórdão Min. Lelio Bentes Corrêa, 13.2.2014.

Foi ainda publicada uma decisão julgada pela SDI-I. Referida decisão trata de questão
especialíssima e casuística, relacionada a alguns empregados da Caixa Econômica
Federal, que abrangeram normas internas da empresa e que, por isso, dispensa
comentários esquematizados. De qualquer forma, segue transcrição:

CEF. Gerente geral. Horas extras. Jornada de 6 horas diárias assegurada pelo
PCS/89. Pretensão de manutenção do pagamento das horas extraordinárias por
força de previsão constante no PCS/98. Prescrição parcial. Descumprimento de
norma vigente.
Não incide a prescrição total na hipótese em que a pretensão posta em juízo diz
respeito ao reconhecimento ao direito de manutenção da jornada de 6 horas ao
gerente geral, prevista em norma anterior da Caixa Econômica Federal - CEF (OC
DIRHU 009/88 e PCS/89), a qual foi alterada por norma posterior (PCS/98) que, no
entender do reclamante, teria assegurado o direito de irredutibilidade salarial e
manutenção das vantagens decorrentes da norma anterior. No caso, prevaleceu a
tese de que o empregado, gerente geral, pretende que lhe sejam deferidas as 7ª e 8 ª
horas diárias como extras, em decorrência do descumprimento da norma vigente
(relatórios SISRH EMPR, C – SISRH PCSE, C – item 3 da CI 055/98) e não em razão
de ato único do empregador. Com esse entendimento, a SBDI-I decidiu, por
unanimidade, conhecer dos embargos da CEF, por divergência jurisprudencial, e, no
mérito, por maioria, negar-lhes provimento. Vencidos os Ministros Augusto César Leite
de Carvalho, relator, Ives Gandra Martins Filho, Brito Pereira e Dora Maria da Costa,
que, entendendo contrariada a Súmula nº 294 do TST, conheciam e proviam os
embargos para julgar prescrita a ação. TST-E-RR-14300-32.2008.5.04.0007, SBDI-I,
rel. Min. Augusto César Leite de Carvalho, red. p/ acórdão Min. Luiz Philippe Vieira de
Mello Filho, 13.2.2014.

Informativo TST esquematizado Página 11


INFORMATIVO esquematizado
INFORMATIVO TST nº. 73
Período: 18 a 24 de fevereiro de 2014

por RAPHAEL MIZIARA

Obs: foram incluídos neste informativo esquematizado todos os julgados publicados pelo TST.
Este informativo não constitui repositório autorizado de jurisprudência e foi elaborado com base
no layout do site www.dizerodireito.com.br dada sua facilidade didática.

DIREITO COLETIVO DO TRABALHO


É inválido instrumento coletivo que exclui o direito às horas in itinere, ainda que
mediante a concessão de outras vantagens aos trabalhadores.

É inválido instrumento coletivo que exclui o direito às horas in itinere, ainda que
mediante a concessão de outras vantagens aos trabalhadores. O pagamento das
horas de percurso está assegurado pelo art. 58, §2º, da CLT, que é norma de
ordem pública, razão pela qual a supressão deste direito atenta contra os
preceitos que asseguram condições mínimas de proteção ao trabalho, não
encontrando respaldo no disposto no art. 7º, XXVI, da CF.

Comentários Fundamento das horas de trajeto

O tempo despendido até o local de trabalho, e retorno, representa


período à disposição do empregador, considerando-se tempo de “serviço
efetivo”, nos termos do art. 4º, caput, da CLT, interpretado na forma do
art. 5º, da LINDB. (cf. VIANA, Marco Túlio. Adicional de Horas Extras. In:
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho: estudos em
memória de Célio Goyatá. 3. Ed. São Paulo: LTr, 1997, v. 2, pág. 117).

Flexibilização x Desregulamentação

A flexibilização é entendida como forma de amenizar o rigor ou a rigidez


de certas normas jurídicas de Direito do Trabalho. Já a
desregulamentação se refere ao fenômeno de suprimir determinadas
normas jurídicas, principalmente estatais, pertinentes à regulação das
relações de trabalho, passando os próprios atores sociais a estabelecer
a regra aplicável. Nesse sentido, fala-se em desregulamentação
negociada do Direito do Trabalho (GARCIA, 2014, pág. 108).

A flexibilização das horas de trajeto ou de deslocamento

O tema da validade, ou não, de limitar o direito às horas in itinere, por


meio de normas coletivas é assunto recorrente no TST e sempre
cobrado em provas de concursos públicos.
Na atualidade, embora a tendência do TST seja de decidir pela validade
da fixação ou limitação, em termos razoáveis, da jornada in itinere, em
www.facebook.com/informativostst
www.informativostst.com.br
Instagram: informativosTST
norma coletiva negociada, a jurisprudência da referida Corte tem
considerado inválida a simples supressão (de forma integral) do
referido direito, ainda que por meio de negociação coletiva de
trabalho (cf. GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do
Trabalho. 8. ed. São Paulo: Método, 2014. Pág. 876).

Foi exatamente o que se deu no caso julgado. No caso concreto, o


acordo coletivo de trabalho estabelecia que não seria computado o
tempo de deslocamento dos trabalhadores rurais no trajeto residência-
trabalho-residência, e em troca concedia cesta básica durante a
entressafra, seguro de vida e acidentes além do obrigatório e sem custo
para o empregado, abono anual aos trabalhadores com ganho mensal
superior a dois salários mínimos, salário família além do limite legal e
repositor energético, além de adotar tabela progressiva de produção
além da prevista em convenção coletiva.

O posicionamento hoje majoritário

A jurisprudência do TST, amparada no disposto no art. 7º, XXVI, da


Constituição Federal, firmou-se no sentido de admitir a limitação do
pagamento de horas in itinere, por convenção ou acordo coletivos
de trabalho, desde que não implique sua supressão total (ou quase
total) e desde que haja concessão de outras vantagens.

Lei Complementar 123, de 14 de dezembro de 2006 – É


inconstitucional?

Essa Lei acrescentou o §3º ao art. 58 da CLT, que assim prevê:

§3º Poderão ser fixados, para as microempresas e empresas de


pequeno porte, por meio de acordo ou convenção coletiva, em caso de
transporte fornecido pelo empregador, em local de difícil acesso ou não
servido por transporte público, o tempo médio despendido pelo
empregado, bem como a forma e a natureza da remuneração.

Parte da doutrina, – embora esse não seja o entendimento majoritário –


sustenta a inconstitucionalidade do artigo acima, conforme expõe
Gustavo Filipe Barbosa Garcia (2014, pág. 875):

Afirma-se que mesmo em se tratando de acordo coletivo ou de


convenção coletiva, pode-se entender que a mencionada disposição,
ao autorizar a flexibilização (in pejus) de direitos trabalhistas em
situação não permitida pela Constituição, encontra-se em manifesto
desacordo com seus princípios magnos, acarretando evidente piora
das condições sociais de certos empregados.

Princípio da Adequação Setorial Negociada Princípio do Limite da


Negociação Coletiva

O estudo da temática sobre os limites da negociação coletiva requer o


necessário enfrentamento do princípio da adequação setorial negociada.

O princípio pode ser assim esquematizado, segundo os ensinamentos de


Maurício Godinho Delgado:

Informativo TST esquematizado Página 2


- o princípio da criatividade encontra limites. É preciso saber
harmonizar as normas coletivas negociadas (normatização autônoma –
princípio da criatividade jurídica da negociação coletiva) ao conjunto da
normatividade estatal (heterônoma) trabalhista, especialmente as tida
como “inderrogáveis”.

- trata da possibilidade de penetração e harmonização das normas


juscoletivas negociadas perante o estuário normativo heterônomo.

- orienta que as normas autônomas podem prevalecer sobre o padrão


geral heterônomo, desde que satisfaçam duas condições específicas,
não cumuláveis:

a) quando as normas autônomas implementam/concedam


direitos superiores ao padrão geral oriundo da normatividade
heterônoma estatal: elevam o padrão das vantagens
trabalhistas, tomado em comparação com o padrão básico
imperativo, determinado pelas normas heterônomas.

b) quando as normas autônomas transacionem direitos


trabalhistas de indisponibilidade apenas relativa: apenas
aqueles direitos ou vantagens trabalhistas que admitem
disposição é que será objeto da norma coletiva de trabalho. Ex.:
art. 7º, XIII e XIV, da CR/88.

Limites objetivos:

1) Não prevalece se concretizada mediante ato estrito de renúncia


(despojamento unilateral sem contrapartida do agente
adverso): na negociação coletiva legitima sempre encontramos
um traço sinalagmático, de modo que, a cada direito, benefício
ou vantagem suprimido se contrapõe um direito, benefício ou
vantagem ganha, ainda que indiretamente.

2) Não prevalece a adequação setorial negociada se concernente


a direitos revestidos de indisponibilidade absoluta, os quais
não podem ser transacionados nem mesmo por negociação
coletiva: são parcelas imantadas por uma tutela de interesse
público. Essas parcelas estão dentro daquilo que a doutrina
chama de “patamar civilizatório mínimo” que não concebe
redução (ex.: assinatura CTPS, normas de saúde e segurança
do trabalho, etc.), sob pena de afronta ao princípio da
dignidade da pessoa humana. Assim se dividem:

a) Normas constitucionais (salvo as exceções acima)


b) Normas de tratados e convenções internacionais
vigorantes internamente.
c) Normas infraconstitucionais que asseguram patamar
mínimo de civilidade.

Podemos assim esquematizar os entendimentos sobre o assunto:

Informativo TST esquematizado Página 3


FLEXIBILIZAÇÃO DO TEMPO DE TRAJETO (HORAS IN ITINERE)
- é totalmente inadmissível por mero acordo individual.

- inadmissível norma coletiva que fixa o número de horas


a serem pagas em quantidade muito inferior ao tempo
gasto no trajeto.
Pontos
pacíficos
- é inválida a simples supressão (de forma integral) do
referido direito, ainda que por meio de negociação
coletiva de trabalho, havendo ou não concessão de
outras vantagens.

Posição - é válida a fixação de tempo médio do período das horas


majoritária no in itinere, quando prevista em norma coletiva e desde que
TST e doutrina haja concessão de vantagens equivalentes.
Posição
- a Lei Complementar nº 123/2006, permitiu a transação
isolada do
coletiva desse direito apenas na hipótese de
Ministro Luiz
microempresas e empresas de pequeno porte e desde
Philippe Vieira
que haja concessão de outras vantagens.
de Mello Filho
- não admite a flexibilização em hipótese alguma, já que
Posição
isso acabaria por suprimir o pagamento do salário
minoritária na
referente a um período da jornada de trabalho, já que
doutrina e
seria o mesmo que pactuar trabalho sem qualquer
jurisprudência
prestação.
Súmula 90 TST.
Súmulas
Súmula 320 TST.
OJ’s Não há OJ’s relacionadas diretamente ao caso julgado
Art. 7º, XXVI, CR/88.
Referências
Art. 4º, CLT.
legislativas
Art. 58, §§2º e 3º, CLT.
TST-E-ED-RR-1928-03.2010.5.06.0241, SBDI-I, rel. Min. Lelio Bentes
Processo
Côrrea, 20.2.2014.

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO


O aviso prévio indenizado integra o contrato de trabalho para todos os efeitos, inclusive
para concessão da estabilidade provisória da Lei Eleitoral nº. 9.504/97. Distinguishing.

O aviso prévio indenizado integra o contrato de trabalho para todos os efeitos,


inclusive no que diz respeito à concessão da estabilidade provisória prevista na
Lei Eleitoral nº. 9.504/97. Distinguishing.

Comentários Aquisição da estabilidade na fluência do aviso-prévio (indenizado


ou laborado)

São duas correntes, uma entende que o aviso-prévio e a estabilidade


são institutos antagônicos e que não se adquire a estabilidade no curso
do aviso prévio (Sérgio Pinto Martins, Gustavo Filipe Barbosa Garcia,
Vólia Bomfim, dentre outros). Já Alice Monteiro de Barros tem opinião
em contrário, já que o período de aviso prévio, indenizado ou não,
integra o tempo de serviço para todos os efeitos. No TST há decisões
em prol das duas correntes. Exemplo da corrente negativista (não
reconhecimento do direito à estabilidade na fluência do aviso-prévio):
TST, 4ª Turma. – RR 77400-72.2008.5.10.0013 – Rel. Min. Antônio José
Informativo TST esquematizado Página 4
de Barros Levenhagen, DEJT 13/11/2009. Como exemplo da corrente
positivista (reconhecendo o direito à estabilidade na fluência do aviso-
prévio): TST 6ª Turma – AIRR e RR 3656600-96.2002.5.06.0900 – Rel.
Min. Maurício Godinho Delgado – DEJT 27/11/2009.

A estabilidade do art. 73, V, da Lei 9.504/97

A Lei das Eleições, na parte que cuida das condutas vedadas aos
agentes públicos em épocas de campanhas eleitorais, prevê a dispensa
sem justa causa do empregado público (servidor público regido pela
CLT), nos três meses que antecedem o pleito eleitoral até a posse dos
eleitos, sob pena de nulidade de pleno direito, o que representa
modalidade específica de garantia de emprego.

Breve histórico do caso

O empregado foi dispensado (com aviso prévio indenizado) em


02.07.2010 e o período da estabilidade provisória prevista no artigo 73
da Lei n.º 9.504/97 teve início em 03.07.2010, três meses antes do
primeiro turno da eleição que ocorreu em 03.10.2011.

O Tribunal Regional considerou que “a projeção do período do aviso


prévio indenizado tem fins previdenciários e pecuniários, conforme
Súmula 371 do TST, não servindo para assegurar a aplicação daquele
dispositivo da Lei Eleitoral”.

No TST a decisão foi reformada na 8ª Turma, ao fundamento de que a


projeção do aviso prévio no contrato de trabalho deve ser
interpretada de maneira ampla, sendo inaplicável a Súmula 371/TST,
cujo caráter restritivo não pode anular direito assegurado na Lei nº
9.504/97.

No julgamento foi observado que o TST vem entendendo que a


aplicação da diretriz consagrada na Súmula 371 tem caráter
restritivo e não pode anular direito assegurado na Lei nº 9.504/97.

A 8ª Turma concluiu que o acórdão regional, ao manter a sentença a


qual julgou improcedente o pedido de estabilidade da Lei nº 9.504/97,
violou o art. 487, § 1º, da CLT. Assim, deu provimento ao recurso de
revista do reclamante para declarar nula a despedida, reconhecendo seu
direito à estabilidade provisória eleitoral e, considerando que já exaurido
o respectivo período, conceder-lhe o pagamento de indenização
correspondente aos salários e consectários legais, nos termos da
Súmula nº 396, I, desta Corte, a se apurar em execução.

Temos uma decisão proferida sem aplicar o que sugeriria a


jurisprudência do tribunal.

Então por que a Súmula 371 do TST não foi aplicada ao caso concreto?

A sentença de primeiro grau e o Tribunal Regional a aplicaram, porém o


TST não. Para respondermos a essa indagação faremos uma breve
incursão acerca do instituto do distinghishing.

Informativo TST esquematizado Página 5


O distinguishing expressa a distinção entre casos para o efeito de se
subordinar, ou não, o caso sob julgamento a um precedente. A
necessidade de distinguishing exigem, como antecedente lógico, a
identificação da ratio decidendi do precedente. Como a ratio espelha o
precedente que deriva do caso, trata-se de opor o caso sob julgamento à
ratio do precedente decorrente do primeiro caso (MARINONI, 2011).

O juiz realiza o distinguishing por entender que, seguindo o precedente,


estará proferindo decisão inadequada, ou seja, é a declaração de que o
direito evidenciado no precedente não deve regular o caso sob
julgamento.

O distinghishing é uma distinção na qual o precedente é afastado em


razão de uma circunstância fundamental que o diferencia do caso
anterior.

A ementa da decisão reflete bem o que acabamos de explicar e aponta


que a Súmula 371 teve origem a partir de casos/precedentes que
originaram o referido verbete:

A latente intenção inscrita nos enunciados de súmulas conjugada com o


aspecto da heterogeneidade e variabilidade das relações sociais, não
devem ser, a exemplo das normas jurídicas, estagnadas, pelo que a
revelação dos seus conteúdos e dos seus alcances acompanha as
alterações fáticas e axiológicas das situações a que se aplicam.
Derredor da jurisprudência infere-se a revelação de comando normativo
incidente sobre uma conjunção de fatos e de valores pretérita, donde a
sua aplicação às situações futuras não se vincula de forma
absoluta às sínteses jurisprudenciais condensadas nos textos
abstratos e genéricos da súmula, mas, sim, deve resultar de
rigorosa comparação dos contextos inclusos nos precedentes
geradores da súmula, exato para garantir a equivalência de
circunstâncias fáticas e axiológicas justificadoras da incidência do
verbete ao caso em estudo. A segurança da correta aplicação da
Súmula redunda da rigorosa comparação das circunstâncias que
ensejaram o enunciado do precedente assegurando-se a absoluta
identidade de situações a justificar a incidência da mesma
interpretação. A metodologia da distinguibilidade exsurge da própria
atuação da Corte quanto a negativa de aplicação de sua súmula, pelo
processo minucioso da comparação entre os precedentes daquela e da
situação em estudo, quando existente circunstância fundamental que
caracterize este último como um caso diverso do anterior. Na
espécie, tem-se que recaindo o aviso prévio no período em que há
estabilidade decorrente de norma de ordem pública, não se pode
chancelar a despedida que se faz em contrariedade à norma e às
finalidades as quais ela se destina, positivando-se distinção entre a
situação versada nos autos daquelas que se encontram albergadas nos
precedentes que ensejaram a edição da Súmula nº 371 do TST,
rendendo, portanto, a sua inaplicabilidade. Os precedentes que
originaram o referido verbete apenas analisaram a projeção do aviso
prévio pelo prisma da garantia de emprego do dirigente sindical, do
alcance dos benefícios instituídos por negociação coletiva ou da
aplicação retroativa de normas coletivas e não das estabilidades da
gestante e do período eleitoral. [...] (gn)

Vê-se, pois, que para a apreciação da questão se faz necessária


digressão aos recônditos jurisprudenciais que renderam ensejo à

Informativo TST esquematizado Página 6


construção do enunciado sumular.
Súmula 371 TST.
Súmulas
Súmula 396 TST.
OJ’s OJ n. 82 da SBDI-I. 82.
Referências Art. 487, §1º, da CLT.
legislativas Artigo 73, V, da Lei n. 9.504/97.
TST-E-ED-RR-129500-74.2010.5.17.0001, SBDI-I, rel. Min. Luiz Philippe Vieira
Processo
de Mello Filho, 20.2.2014.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


A prescrição quinquenal atinge somente as parcelas salariais vencidas e exigíveis no
momento da propositura da ação.

Na hipótese em que a reclamação trabalhista fora ajuizada em 7 de dezembro de


2006, a prescrição quinquenal atinge somente as parcelas salariais vencidas e
exigíveis no momento da propositura da ação, não alcançando, portanto, as
verbas referentes ao mês de dezembro de 2001, as quais se tornaram exigíveis
apenas a partir do quinto dia útil do mês subsequente, ou seja, janeiro de 2002
(art. 459, § 1º da CLT). Afastou-se a prescrição pronunciada quanto aos salários
de dezembro de 2001.

Comentários De acordo com a interpretação literal da súmula acima o trabalhador


poderá pleitear os direitos trabalhistas dos últimos 5(cinco) anos a
contar do ajuizamento da reclamação.

Mas tal afirmação não pode ser entendida na sua literalidade, sob pena
da aplicação da norma causar uma situação de injustiça.

Assim, a princípio, tendo sido ajuizada a Reclamação Trabalhista em


17/12/2006, pronuncia-se a prescrição das parcelas anteriores a
17/12/2001. Foi esse o entendimento no primeiro grau, no Regional. No
TST, de início, os entendimentos primeiros foram mantidos, até que fora
dado provimento aos embargos do Reclamante para entender que a
prescrição só passa a contar a partir do quinto dia útil do mês
subsequente ao do vencimento da obrigação, de modo que não
podem ser consideradas prescritas as verbas desde o dia 1° de
dezembro de 2001.

Trata-se de aplicação do critério da actio nata. De acordo com critério da


“actio nata”, a prescrição inicia-se com o nascimento da pretensão, que,
no caso dos autos, nasceu no instante em que se tornou exigível as
parcelas trabalhistas do mês de dezembro de 2001, ou seja, apenas a
partir do quinto dia útil do mês subsequente, janeiro de 2002.

Súmulas SÚMULA 308 TST.


OJ’s Não há OJ relacionada diretamente ao caso comentado.
Referências
Art. 459, §1º, TST
legislativas
TST E-ED-RR-118400-96.2006.5.10.0021, SBDI-I, rel. Min. Brito Pereira,
Processo
20.2.2014.

Informativo TST esquematizado Página 7


INFORMATIVOS TST esquematizados
INFORMATIVO TST nº. 74
Período: 25 de fevereiro a 5 de março de 2014.

por RAPHAEL MIZIARA

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


No recurso interposto via e-DOC a ausência das folhas que trazem a identificação e a
assinatura do advogado não é causa de irregularidade.

No peticionamento eletrônico (e-DOC) o próprio sistema atesta a assinatura digital, de


modo que não pode ser tido por inexistente ou apócrifo o recurso em que ausentes as
folhas que normalmente trazem a identificação e assinatura do advogado (folha de
rosto e última lauda). Ainda, a ausência dessas folhas não impede o conhecimento do
recurso se da sua leitura for possível identificar os vícios que a parte indica.

Comentários Assinatura digital

A lei considerou a assinatura digital uma espécie de assinatura eletrônica.

Assinatura digital: assinatura em meio eletrônico, que permite aferir a origem e


a integridade do documento, baseada em certificado digital, padrão ICP-Brasil,
tipo A-3 ou A-4, emitido por Autoridade Certificadora, na forma de lei específica.
(art. 3º, I, da Resolução n. 94/2012 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, que
institui o Sistema Processo Judicial Eletrônico da Justiça do Trabalho – PJe-JT).

Assim, a validade dos documentos emitidos para fins de prática de atos


processuais está condicionada à oposição de assinatura eletrônica. Cabe à
parte zelar pela fiel transmissão dos dados enviados por documento
eletrônico. Desse modo, por exemplo, não se conhecerá de um recurso em
não havendo a identificação da assinatura eletrônica, devidamente
cadastrada no sistema, correspondente à do advogado que assina as razões
recursais.

Ausência de folhas que normalmente trazem a identificação e assinatura do


advogado (folha de rosto e última lauda) - Efeitos

Foi justamente dessa hipótese que cuidou o julgado ora comentado. A 2ª Turma
do TST decidiu que (decisão posteriormente reformada):

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO DE REVISTA.


APELO INEXISTENTE. Não se conhece dos embargos de
declaração quando são opostos de forma incompleta e, ainda,
apócrifo. Embargos de declaração não conhecidos.
Esse foi o posicionamento turmário. O embargante, diante dessa decisão, opôs
embargos de divergência à SBDI-1 do TST, que por sua vez assim entendeu:

No peticionamento eletrônico (e-DOC) o próprio sistema atesta a assinatura digital,


de modo que não pode ser tido por inexistente ou apócrifo o recurso em que
ausentes as folhas que normalmente trazem a identificação e assinatura do
advogado (folha de rosto e última lauda). Outrossim, a ausência dessas folhas não
impede o conhecimento do recurso se da sua leitura for possível identificar os
vícios que a parte indica.

Como dito, o que importa para a validade do ato é a identificação da


assinatura eletrônica, de modo que, ainda que ausente a folha de rosto ou a
última folha da petição o ato deve ser considerado válido, caso se possa
identificar a assinatura eletrônica, que é atestada pelo próprio sistema.

No caso tratado, o sistema e-doc do TST reconheceu a petição como dirigida ao


TST, no processo referido, bem como o advogado responsável pela assinatura
digital. Ademais, a ausência das folhas citadas no acórdão embargado não
prejudicou a compreensão da controvérsia trazida no bojo do recurso não
conhecido.

Portanto, observado efetivamente que o ato em si se concretizou e foi possível a


identificação da assinatura digital, não há como se acolher a tese da invalidade.
Trata-se da aplicação do princípio da instrumentalidade das formas, pelo qual
nenhuma nulidade seja declarada sem que exista um efetivo prejuízo.

Súmula 383 do TST. Mandato. Arts. 13 e 17 do CPC. Fase Recursal.


Súmulas Inaplicabilidade. [...] II - Inadmissível na fase recursal a regularização da
representação processual, na forma do art. 13 do CPC, cuja aplicação se restringe
ao Juízo de 1º grau.
OJ’s Não há OJ’s relacionadas diretamente
Referências
Lei 11.419/06, em especial os artigos 1º a 13.
legislativas
TST-E-ED-RR-177500-51.2005.5.01.0058, SBDI-I, rel. Min. Alexandre de
Processo
Souza Agra Belmonte, 27.2.2014.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Comprovação da divergência jurisprudencial e precedente em descompasso com os
requisitos da Súmula 337, I, a e IV, c, doTST. Impossibilidade.

Na hipótese em que o aresto trazido à cotejo não preenche os requisitos da Súmula


nº 337, itens I, “a” e IV, “c”, do TST, não é possível conhecer dos embargos por
divergência jurisprudencial com as ementas transcritas no corpo do precedente
apresentado ao confronto que estejam de acordo com os preceitos da referida
súmula.

Comentários O recurso de embargos de divergência no processo do trabalho

Objeto: uniformizar a interpretação da legislação da competência do TST


no âmbito da SDI, que julga os recursos referentes aos conflitos individuais
trabalhistas. Não se trata de recurso que tem por objeto reapreciação de
matéria fática, uma vez que seu objeto é a uniformização da jurisprudência
interna do TST (SCHIAVI, 2014).

Cabimento: art. 894, II, da CLT.

ATENÇÃO: não cabem embargos de divergência se:


a) a decisão recorrida estiver em consonância com súmula ou
orientação jurisprudencial do TST ou do STF;
b) se a divergência for na mesma turma do TST.

Por outro lado, conforme a doutrina de Carlos Henrique Bezerra Leite (in
Curso de Direito Processual do Trabalho, 10. ed. 2012, p. 884), pela
interpretação sistemática do art. 894, II, da CLT e de normas previstas no
Regimento Interno do TST, os embargos de divergência são cabíveis
das decisões:

a) divergentes entre a SBDI-1 e SBDI-2 a respeito de aplicação de


norma prevista em lei federal ou na Constituição;
b) divergentes entre duas ou mais Turmas;
c) de uma ou mais Turmas que divergirem das decisões da SDI;
d) de uma ou mais Turmas que divergirem de OJ (da SDI ou SDC);
e) de uma ou mais Turmas que divergirem de Súmula do TST.

Recurso de Revista x Embargos de Divergência

Ambos têm natureza extraordinária. Ambos objetivam a uniformização de


jurisprudência. No entanto, o objetivo da Revista é uniformizar a
jurisprudência, superando-as entre os Tribunais Regionais, enquanto o
objetivo dos embargos de divergência reside na uniformização
jurisprudencial interna no âmbito do TST (LEITE, 2012).

Como é feita a comprovação da divergência jurisprudencial?

É feita na forma da Súmula 337 do TST, sendo que há rigoroso exame


desse pressuposto intrínseco de admissibilidade.

No caso julgado, o embargante transcreveu um único aresto e sem indicar


a fonte de publicação, em desatenção ao disposto na Súmula 337, itens I,
alínea “a”, e IV, alínea “c”, do TST.

No caso comentado, o embargante deixou de citar a fonte de publicação e,


além disso, não apontou qual das ementas (dentro do acórdão transcrito)
seria a divergente, para fins de cotejo.

SUM-337 COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL.


RECURSOS DE REVISTA E DE EMBARGOS
Súmulas I - Para comprovação da divergência justificadora do recurso, é necessário
que o recorrente.
a) Junte certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou cite a fonte oficial
ou o repositório autorizado em que foi publicado; e
b) Transcreva, nas razões recursais, as ementas e/ou trechos dos acórdãos
trazidos à configuração do dissídio, demonstrando o conflito de teses que justifique
o conhecimento do recurso, ainda que os acórdãos já se encontrem nos autos ou
venham a ser juntados com o recurso.
II - A concessão de registro de publicação como repositório autorizado de
jurisprudência do TST torna válidas todas as suas edições anteriores.
III – A mera indicação da data de publicação, em fonte oficial, de aresto paradigma é
inválida para comprovação de divergência jurisprudencial, nos termos do item I, “a”,
desta súmula, quando a parte pretende demonstrar o conflito de teses mediante a
transcrição de trechos que integram a fundamentação do acórdão divergente, uma
vez que só se publicam o dispositivo e a ementa dos acórdãos.
IV – É válida para a comprovação da divergência jurisprudencial justificadora do
recurso a indicação de aresto extraído de repositório oficial na internet, desde que o
recorrente:
a) transcreva o trecho divergente;
b) aponte o sítio de onde foi extraído; e
c) decline o número do processo, o órgão prolator do acórdão e a data da
respectiva publicação no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho.
OJ’s Não há OJ relacionada diretamente ao caso julgado.
Art. 894, II, da CLT. No Tribunal Superior do Trabalho cabem embargos,
no prazo de 8 (oito) dias: [...] II - das decisões das Turmas que divergirem
Referências entre si, ou das decisões proferidas pela Seção de Dissídios Individuais,
legislativas salvo se a decisão recorrida estiver em consonância com súmula ou
orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo
Tribunal Federal.
TST-E-ED-RR-39400-88.2009.5.03.0004, SBDI-I, rel. Min. Brito Pereira,
Processo
27.2.2014.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


É incabível MS para atacar atos judiciais praticados em diferentes processos, com distinto
teor e autoridades coatoras diversas.

Dada a natureza especial do mandado de segurança, que requer apreciação


individualizada do ato coator, é incabível a impetração de um único mandamus para
atacar atos judiciais praticados em processos diferentes, com distinto teor e
autoridades coatoras diversas.
Comentários No caso, foi ajuizada, no TRT da 6ª Região, ação mandamental por
Guardiões Vigilância Ltda. e Linaldo Pereira, contra decisões da 1ª, 2ª, 3ª,
5ª, 7ª, 9ª, 11ª, 12ª, 13ª, 14ª Varas do Trabalho do Recife/PE e da 1ª Vara
do Trabalho de Ipojuca/PE, proferidas nos autos de diversas reclamações
trabalhistas em que consta como parte a empresa Rio Forte Serviços
Técnicos S.A., e que incluíram os impetrantes no cadastro do Banco
Nacional de Devedores Trabalhistas – BNDT.

Inicialmente o mandamus foi extinto (art. 269, IV, do CPC) em razão do


reconhecimento da decadência, em decisão monocrática proferida pelo
ilustre processualista Sérgio Torres Teixeira.

Diante da decisão do TRT da 6ª Região, os impetrantes interpuseram


recurso ordinário.
No TST o MS não prosperou. Os impetrantes formularam pedido genérico
direcionado a diversos juízos, o que, salvo as hipóteses descritas nos
incisos do art. 286 do CPC, é vedado pelo sistema processual, mormente
no caso de mandado de segurança em que é necessária a demonstração,
através de prova pré-constituída, da ilegalidade ou abusividade do ato
coator específico, ou seja, é imprescindível a indicação específica da
decisão impugnada e os autos correspondentes.

Com efeito, não é possível em um único mandado de segurança a


cumulação de atos judiciais atacados emanados de processos distintos,
por autoridades distintas, em que serão atingidas todas as partes das
reclamações trabalhistas originárias - que, inclusive, devem figurar no polo
passivo da ação mandamental como litisconsortes necessários. Dada a
natureza especial do mandado de segurança, o ato coator deve ser
apreciado de forma individualizada.

Assim, além de desbordar dos requisitos exigidos na lei do mandado de


segurança, a inusitada situação dos autos atrai, por analogia, a
compreensão depositada na OJ n. 144 da SBDI-2 do TST.

Súmulas Não há súmulas aplicáveis diretamente à decisão em comento.


OJ 144 SDI-1 TST. MANDADO DE SEGURANÇA. PROIBIÇÃO DE
PRÁTICA DE ATOS FUTUROS. SENTENÇA GENÉRICA. EVENTO
OJ’s FUTURO. INCABÍVEL. O mandado de segurança não se presta à obtenção
de uma sentença genérica, aplicável a eventos futuros, cuja ocorrência é
incerta.
Art. 286 do CPC. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém,
formular pedido genérico: I – nas ações universais, se não puder o autor
individuar na petição os bens demandados; II – quando não for possível
Referências
determinar, de modo definitivo, as consequências do ato ou fato ilícito; III –
legislativas
quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva
ser praticado pelo réu.
Lei n. 12.016/09.
TST-RO-395-82.2012.5.06.0000, SBDI-II, rel. Min. Hugo Carlos Scheuermann,
Processo
25.2.2014.

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO


As horas extras devidas ao bancário não podem ser compensadas com a gratificação de
função quando ausente o efetivo exercício da função de confiança.

Descaracterizado o exercício da função de confiança (art. 224, § 2º, da CLT), pois


reconhecida que a percepção da gratificação visava apenas remunerar a maior
responsabilidade do cargo. Assim, a determinação de compensação das horas
extraordinárias devidas (7ª e 8ª) com o valor da gratificação de função percebida
contraria a Súmula nº 109 do TST.

Comentários
Breve esquema sobre o bancário:
EMPREGADO JORNADA DURAÇÃO INTERVALO OBSERVAÇÕES
Estas regras não
se aplicam aos
que exercem:
a) 6hr - funções de
contínuas nos De 15 direção,
dias úteis minutos para fiscalização
b) com alimentação, - chefia ou
exceção dos que não são equivalente
BANCÁRIO –
sábados 30h computados - ou que
art. 224 da
(sábado = dia semanais na jornada desempenham
CLT
útil não de até seis outros cargos de
trabalhado) horas (OJ n. confiança
c) jornada de 178 da SBDI- - e desde que o
trabalho entre 1) valor da
7:00 e 22:00 gratificação não
seja inferior a 1/3
do salário do cargo
efetivo.

Para que o gerente bancário se enquadre no art. 224, §2º, da CLT e, por
consequência, tenha jornada de 8 horas, é necessário que preencha dois
requisitos cumulativos: a) função de chefia/confiança + b) gratificação não
inferior a 1/3 do salário do cargo efetivo

Caso ausente qualquer dos requisitos o empregado não terá a jornada de


oito horas e se receber a gratificação superior não há possibilidade de
compensação entre a gratificação e o valor das horas extras prestadas,
pois essas parcelas têm natureza diversa, conforme previsto na Súmula
109 do TST.

A função de confiança e o ônus da prova a seu respeito

Quando as atividades exercidas pelo obreiro delineiam-se meramente


técnicas, sem subordinados, sem maiores poderes ou responsabilidades
que requeiram grau maior de fidúcia, visto que somente se ativando em
áreas burocráticas, de simples apoio administrativo, assim como receber
os documentos protocolados, consequentemente destituído de cunho
decisório e sem acesso a segredos empresariais.

O encargo de demonstrar o exercício do cargo de confiança pertence


ao banco, pois se trata de fato impeditivo do direito à percepção de horas
extras (artigo 818 da CLT c/c artigo 333, inciso II, do CPC), uma vez que a
jornada normal dos empregados de estabelecimentos bancários é, repito,
de 6 (seis) horas.

Súmula 109 do TST. Gratificação de Função. O bancário não enquadrado no


Súmulas §2º do art. 224 da CLT, que receba gratificação de função, não pode ter o salário
relativo a horas extraordinárias compensado com o valor daquela vantagem.
OJ Transitória n. 70 da SDI-1 do TST. 70. Caixa Econômica Federal Bancário.
OJ’s Plano de Cargos em comissão. Opção pela jornada de oito horas. Ineficácia.
Exercício de funções meramente técnicas. Não caracterização de exercício
de função de confiança.
Ausente a fidúcia especial a que alude o art. 224, § 2º, da CLT, é ineficaz a
adesão do empregado à jornada de oito horas constante do Plano de Cargos em
Comissão da Caixa Econômica Federal, o que importa no retorno à jornada de
seis horas, sendo devidas como extras a sétima e a oitava horas laboradas. A
diferença de gratificação de função recebida em face da adesão ineficaz poderá
ser compensada com as horas extraordinárias prestadas.
Art. 224, §2º, da CLT. A duração normal do trabalho dos empregados em
bancos, casas bancárias e Caixa Econômica Federal será de 6 (seis) horas
contínuas nos dias úteis, com exceção dos sábados, perfazendo um total de 30
(trinta) horas de trabalho por semana.
§1º - A duração normal do trabalho estabelecida neste artigo ficará
Referências compreendida entre 7(sete) e 22(vinte e duas) horas, assegurando-se ao
legislativas empregado, no horário diário, um intervalo de 15(quinze) minutos para
alimentação.
§2º - As disposições deste artigo não se aplicam aos que exercem
funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e equivalentes, ou que
desempenhem outros cargos de confiança, desde que o valor da
gratificação não seja inferior a 1/3 (um terço) do salário do cargo efetivo.
TST-E-ED-ED-RR-25-27.2010.5.10.0012, SBDI-I, rel. Min. Brito Pereira, red. p/
Processo
acórdão Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 27.2.2014.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Assinale verdadeiro (V) ou falso (F)

1 – As horas extras devidas ao bancário não podem ser compensadas com a gratificação de
função quando ausente o efetivo exercício da função de confiança. ( )

2 – A lei n. 11.419/2006, que dispõe sobre a informatização do processo judicial, aplica-se


indistintamente, aos processos civil, penal e trabalhista, bem como aos juizados especiais, em
qualquer grau de jurisdição. ( )

3 – No TST cabem embargos de divergência, no prazo de 8 (oito) dias, das decisões das Turmas
que divergirem entre si, ou das decisões proferidas pela Seção de Dissídios Individuais, salvo se a
decisão recorrida estiver em consonância com súmula do Tribunal Superior do Trabalho ou do
Supremo Tribunal Federal. ( )

4 – Segundo a jurisprudência sumulada do TST o bancário não enquadrado no §2º do art. 224 da
CLT, que receba gratificação de função, não pode ter o salário relativo a horas extraordinárias
compensado com o valor daquela vantagem. ( )

5 – O encargo de demonstrar o exercício do cargo de confiança pertence ao empregado, pois se


trata de fato constitutivo do direito à percepção de horas extras. ( )

Gabarito
1-V 2-V 3-F 4-V 5-F
INFORMATIVO esquematizado
INFORMATIVO TST nº. 75
Período: 06 a 17 de março de 2014

por RAPHAEL MIZIARA

Obs: foram incluídos neste informativo esquematizado todos os julgados publicados pelo
TST. Este informativo não constitui repositório autorizado de jurisprudência.

DIREITO COLETIVO DO TRABALHO


É abusivo o exercício do direito de greve na vigência de sentença normativa se não
demonstrado o descumprimento de cláusula ou condição.

Se não demonstrado o descumprimento de cláusula ou condição, é abusivo o


exercício do direito de greve na vigência de sentença normativa (art. 14, paragrafo
único, Lei 7.783/89). A mera alegação de que a empresa teria descumprido cláusula
de sentença normativa não é suficiente para ensejar a legalidade da greve, devendo
ser comprovado o efetivo descumprimento da cláusula.

Comentários Audiências - Vídeos

Inicialmente recomendo aos leitores (principalmente aos que iniciaram


recentemente os estudos na seara trabalhista) que assistam os vídeos
das duas audiências relacionadas ao presente caso. Copie e cole os
links abaixo em seu navegador:
Audiência de Conciliação: www.youtube.com/embed/hEDyLUVcGkQ
Audiência de Julgamento: www.youtube.com/embed/z2oup_E3yxQ

A greve no direito brasileiro – breves explanações

Conceito legal de greve: é a suspensão coletiva, temporária e pacífica,


total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador (art. 2º,
Lei 7.783/89).

Conceito doutrinário de greve: a greve é mecanismo de autotutela


de interesses. De certo modo, exercício arbitrário das próprias
razões, acolhido pela ordem jurídica. Direito de causar prejuízo
(DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed.
São Paulo: LTr, 2014. pág. 1469).

Principais tipos de movimentos grevistas

Greve branca ou de braços cruzados: é aquela em que os


empregados param de trabalhar, mas ficam em seus postos.

www.facebook.com/informativostst
www.informativostst.com.br
Instagram: informativosTST
Greve de braços caídos ou operação tartaruga: os trabalhadores
realizam o trabalho com lentidão. Consiste na redução do trabalho ou da
produção, sem que haja suspensão coletiva do trabalho.

Greve de zelo: a tônica é o excesso de cuidado e capricho na prestação


do serviço. É o excesso de zelo praticado nos afazeres de forma tão
meticulosa que retarda a produção, causando graves prejuízos.

Greve de advertência: durante as negociações coletivas ela dura, via


de regra, umas poucas horas e fica restrita a diversas empresas.

Greve de ocupação ou de habitação: invasão da empresa para impedir


o trabalho de outros trabalhadores (que se recusam a aderir ao
movimento); a tentativa de paralisação da produção; a recusa de sair da
empresa, mesmo após o expediente. É considerada ilícita ou abusiva
(salvo posição de Godinho, que a considera lícita).

Greve selvagem: iniciada e/ou levada adiante espontaneamente pelos


trabalhadores, sem a participação ou à revelia do sindicato que
representa a classe. Cuidado para não confundir com sabotagem, que é
a prática depredatória de bens do empregador.

Greve ativa: consiste em acelerar exageradamente o ritmo de trabalho.

Greve de advertência: suspensão do trabalho por algumas horas, no


intuito de alertar o empregador de que um movimento maior pode ser
deflagrado.

Greve intermitente: a cada dia num setor da empresa.

Greve nevrálgica ou greve-trombose ou greve tampão ou greve


seletiva: greve em determinado setor estratégico, cuja inatividade
paralisa os demais setores.
Greve Política: Aqui é preciso distinguir a greve estritamente política
da greve político-trabalhista. A primeira é vedada. Por outro lado,
temos a greve político-trabalhista, de conteúdo profissional. São
permitidas desde que voltadas para a defesa de interesses
trabalhista-profissionais, ou seja, desde que guardem relação com os
interesses dos trabalhadores.

Greve de Solidariedade: é a greve que se insere em outra empreendida


por outros trabalhadores, devendo haver relação de interesses entre as
categorias. Exemplo uma paralisação de trabalho empreendida por
trabalhadores de uma filial em apoio a uma greve dos trabalhadores da
matriz, cujas reivindicações, sequencialmente, serão encampadas pelos
empregados de uma filial.

Efeitos da greve nos contratos individuais de trabalho – suspensão


contratual e (im)possibilidade de dispensa de trabalhadores durante
a greve1

De acordo com a Lei nº. 7.783/89 (art. 7º), “(...) a participação em greve
suspende o contrato de trabalho (...)”.
1
Parte desse assunto já foi abordado no Informativo TST n. 72.

Informativo TST esquematizado Página 2


Ademais, estabelece o parágrafo único deste artigo que “é vedada a
rescisão do contrato de trabalho durante a greve, bem como a
contratação de trabalhadores substitutos, exceto na ocorrência das
hipóteses previstas nos arts. 9º e 14”.

Estando suspenso, consequentemente, não poderá haver dispensa sem


justa causa. A vedação da dispensa no período de suspensão cede
na hipótese de justa causa, bem como se decorrente do abuso do
direito de greve, individualmente apurado.

Pagamento dos dias parados

Gustavo Filipe aponta duas correntes:

1ª corrente: na greve abusiva os salários referentes aos dias de


greve não são devidos (OJ n. 10 da SDC do TST); diversamente,
se a greve não é abusiva, os salários do período de paralisação
passam a ser devidos.

2ª corrente: entende que os salários do período de greve não são


devidos, seja a greve abusiva ou não, por se tratar de suspensão
do contrato de trabalho, conforme definição legal, devendo os
empregados correr o risco de sua deliberação.

A adesão à greve é fato capaz de ensejar o despedimento?

Trata-se de exercício regular de um direito, não podendo o paredista ser


punido. “Simples adesão à greve não constitui falta grave” (Súmula
316 do STF).

E se for adesão à greve abusiva2? A abusividade da greve é fato


capaz de ensejar o despedimento por justa causa?
1ª Corrente: Não. O que configura a falta grave do grevista é o ato por
ele praticado individualmente, o qual deverá ser devidamente apurado..

2ª Corrente: Sim. Parte da interpretação literal do parágrafo único do


art. 7º da Lei nº. 7.783/89, a simples adesão à greve abusiva, mesmo
que pacífica, configuraria justa causa motivadora da rescisão contratual.

O CASO CONCRETO

Serviços ou atividades essenciais (art. 9º, §1º, CR/88): Não se proíbe


a greve em tais seguimentos, mas se cria para o movimento paredista
imperiosos condicionamentos em vista das necessidades inadiáveis da
comunidade.

Art. 10. São considerados serviços ou atividades essenciais:


I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia
elétrica, gás e combustíveis;
II - assistência médica e hospitalar;
III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;

2
Art. 14: “Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas contidas na presente Lei, bem como a manutenção da
paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho”.

Informativo TST esquematizado Página 3


IV - funerários;
V - transporte coletivo;
VI - captação e tratamento de esgoto e lixo;
VII - telecomunicações;
VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e
materiais nucleares;
IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais;
X - controle de tráfego aéreo;
XI - compensação bancária.

ATENÇÃO: NÃO ESTÃO NESSE ROL  serviços bancários (exceto


compensação, com o processamento de dados a ela vinculados);
serviços de comunicação (exceto telecomunicações e o respectivo
processamento de dados); serviços de carga e descarga (exceto
transporte coletivo); escolas; serviços de correios.

No caso foi deflagrada greve, segundo a representação da categoria


profissional, por descumprimento de sentença normativa que exigia, para
a alteração do plano de saúde da empresa, a elaboração de estudos
atuariais por comissão paritária.

A princípio o sindicato dos trabalhadores valeu-se da previsão do


inciso I do art. 14, parágrafo único, da Lei de Greve.

Ocorre que a sentença normativa a que se referem os trabalhadores foi


substituída pela subsequente, que, embora mantendo a mesma redação
da cláusula anterior, fundou-se em que o modo de gestão do plano de
saúde é questão afeta ao poder diretivo-organizacional do empregador.

Nesse prumo, se a matéria comporta interpretação diversa daquela


adotada pelos trabalhadores, não há falar em descumprimento da
cláusula e, por consequência, a greve é abusiva.

Assim, é abusiva a greve deflagrada pelos empregados da ECT


(Correios) sob a alegação de que a empresa teria descumprido cláusula
de sentença normativa. Na verdade, a matéria tratada na cláusula
(gestão do plano de saúde dos empregados) comportava interpretação
diversa daquela adotada pelos trabalhadores, não havendo que se falar
em descumprimento da cláusula.

Súmulas Súmula 316 STF. A simples adesão à greve não constitui falta grave.
OJ-SDC-10 GREVE ABUSIVA NÃO GERA EFEITOS. É incompatível com
a declaração de abusividade de movimento grevista o estabelecimento de
quaisquer vantagens ou garantias a seus partícipes, que assumiram os
riscos inerentes à utilização do instrumento de pressão máximo.

OJ’s OJ-SDC-38 GREVE. SERVIÇOS ESSENCIAIS. GARANTIA DAS


NECESSIDADES INADIÁVEIS DA POPULAÇÃO USUÁRIA. FATOR
DETERMINANTE DA QUALIFICAÇÃO JURÍDICA DO MOVIMENTO. É
abusiva a greve que se realiza em setores que a lei define como sendo
essenciais à comunidade, se não é assegurado o atendimento básico das
necessidades inadiáveis dos usuários do serviço, na forma prevista na Lei
nº 7.783/89.
Referências Art. 9º, CR/88
legislativas Lei n. 7.783/89 (Lei de Greve)

Informativo TST esquematizado Página 4


 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 8. ed. São Paulo: Método,
2013.
 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed. São
Paulo: LTr, 2014.
Bibliografia
 GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 8. ed.
São Paulo: Método, 2014.
 MELO, Raimundo Simão. A Greve no Direito Brasileiro. 3. ed. São
Paulo: LTr, 2011.
TST-DCG-1853-34.2014.5.00.0000, SDC, rel. Min. Márcio Eurico Vitral
Processo
Amaro, 12.3.2014.

DIREITO COLETIVO DO TRABALHO


É nula a cláusula de ACT que possibilita, sem prévia autorização individual de cada
empregado, o desconto em folha de valor referente a pagamento de mensalidade
(prêmio) de seguro de vida.

A contratação de seguro de vida, com rateio de custos entre empregador e


empregado e o respectivo desconto em folha, ainda que prevista em cláusula de
acordo coletivo, depende de anuência individual e expressa de cada empregado,
nos termos da Súmula nº 342 do TST.

Comentários Princípio da intangibilidade salarial e suas exceções

Referido princípio proíbe que ocorram descontos ilegais e abusivos no


salário do empregado. Assim, em princípio, é vedado ao empregador
efetuar quaisquer descontos salariais, salvo os que resultarem de
adiantamentos, dispositivos de lei ou convenção coletiva (CLT, art. 462).
Esse preceito básico veio a sofrer necessária modernização por meio da
força renovadora da jurisprudência, nos termos da súmula TST n. 342.

Podemos indicar os seguintes descontos pressupostamente autorizados:


 Adiantamentos ou vale;
 Dano causado pelo empregado, desde que expressamente previsto no
contrato de trabalho, ou por outro instrumento que expresse a
concordância inequívoca do empregado, ou quando provado o dolo do
empregado (CLT, art. 462, §1º);
 Dispositivos de lei, a exemplo de tributos, taxas, contribuições, etc.
 Norma coletiva de trabalho, tais como contribuição assistencial ou
confederativa;
 Benefícios extralegais, entre os quais seguros de vida, assistência
médica, hospitalar e odontológica. Nesse caso deverá ter autorização
expressa do empregado; auferimento de benefícios por ele, ainda que
potencialmente; inexistência de vícios de vontade;
 Prestações de financiamentos (Lei n. 10.820/03).
(ZANGRANDO, Carlos. Princípios Jurídicos do Direito do Trabalho.
São Paulo: LTr, 2011. pág. 312).

A cláusula

No caso concreto, o MPT pretendia a anulação parcial da cláusula 13.ª


do acordo coletivo, cuja redação é a seguinte:

Informativo TST esquematizado Página 5


CLÁUSULA DÉCIMA TERCEIRA – SEGURO DE VIDA. A empresa acordante se
compromete a contratar apólices de seguro de vida e acidentes pessoais para
os seus empregados abrangidos pela representatividade do Sindnorte, de
acordo com as bases mínimas estabelecidas abaixo, podendo a empresa optar
por manter o contrato de seguro de vida que tiver, resguardando as mesmas
garantias. Parágrafo quarto. O funcionário beneficiário contribuirá
mensalmente para custear parte das despesas com o seguro o valor de R$2,00
(dois reais) e a diferença será custeada pela Transportadora Figueiredo Ltda.

Pretendia-se apenas a anulação parcial para declarar a nulidade “apenas


no tocante ao ônus imposto ao trabalhador, sem sua expressa
anuência”.

O TST, por maioria de votos, entendeu que referida cláusula é nula, por
afronta à Sumula 342 e ao artigo 462 da CLT e, por consequência,
reformou a decisão acima transcrita.

A SDC, em atenção ao princípio da intangibilidade salarial, interpreta


com restrições o art. 462 da CLT, de maneira a preservar parte da
remuneração do empregado e exigir expressa autorização do
empregado para implementação desse desconto, ainda que oriundo
de negociação coletiva.

Esquematizando:

A norma do art. 462 da CLT deve ser interpretada cum grano


salis para se exigir que o desconto:

a) preserve parte da remuneração do empregado (OJ 18


SDC);
b) seja precedida de prévia e expressa autorização do
empregado (Súmula 342 SDI-1 do TST)

Com esses fundamentos, a SDC, por maioria, deu provimento ao recurso


ordinário em ação anulatória para, sanando o vício apontado pelo
Ministério Público do Trabalho da 17ª Região, recorrente, vincular o
desconto salarial a que alude o parágrafo quarto da Cláusula 13 –
Seguro de Vida à anuência do trabalhador.

Votos vencidos:

Os Ministros Fernando Eizo Ono, Walmir Oliveira da Costa e Ives


Gandra Martins da Silva Filho, entendiam que a aquiescência pública e
expressa da categoria ao teor da cláusula do acordo coletivo é
suficiente para autorizar a efetivação do desconto em folha.

Súmula 342 TST. DESCONTOS SALARIAIS. ART. 462 DA CLT. Descontos


salariais efetuados pelo empregador, com a autorização prévia e por escrito
Súmulas
do empregado, para ser integrado em planos de assistência odontológica,
médico-hospitalar, de seguro, de previdência privada, ou de entidade

Informativo TST esquematizado Página 6


cooperativa, cultural ou recreativo-associativa de seus trabalhadores, em seu
benefício e de seus dependentes, não afrontam o disposto no art. 462 da CLT,
salvo se ficar demonstrada a existência de coação ou de outro defeito que
vicie o ato jurídico.
OJ 18, SDC do TST. DESCONTOS AUTORIZADOS NO SALÁRIO PELO
TRABALHADOR. LIMITAÇÃO MÁXIMA DE 70% DO SALÁRIO BASE. Os
OJ’s descontos efetuados com base em cláusula de acordo firmado entre as partes
não podem ser superiores a 70% do salário base percebido pelo empregado,
pois deve-se assegurar um mínimo de salário em espécie ao trabalhador.
Art. 462, CLT. Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários
do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos
de lei ou de contrato coletivo (na verdade acordos e convenções
coletivas).
§1º – Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde
de que esta possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do
empregado.
§2º – É vedado à empresa que mantiver armazém para venda de mercadorias
Referências aos empregados ou serviços destinados a proporcionar-lhes prestações in
legislativas natura exercer qualquer coação ou induzimento no sentido de que os
empregados se utilizem do armazém ou dos serviços.
§3º – Sempre que não for possível o acesso dos empregados a armazéns ou
serviços não mantidos pela empresa, é lícito à autoridade competente
determinar a adoção de medidas adequadas, visando a que as mercadorias
sejam vendidas e os serviços prestados a preços razoáveis, sem intuito de
lucro e sempre em benefícios dos empregados.
§4º – Observado o disposto neste Capítulo, é vedado às empresas limitar, por
qualquer forma, a liberdade dos empregados de dispor do seu salário.
 ZANGRANDO, Carlos. Princípios Jurídicos do Direito do Trabalho. São
Bibliografia
Paulo: LTr, 2011.
TST-RO-40200-36.2012.5.17.0000, SDC, rel. Min. Maria de Assis Calsing,
Processo 17.3.2014.

DIREITO PROCESSUAL E COLETIVO DO TRABALHO


Sindicato possui legitimidade ativa para substituição processual de um único
empregado na defesa de direitos individuais homogêneos da categoria.

Na hipótese em que o objeto da ação diz respeito a direitos individuais


homogêneos da categoria (intervalo intrajornada, horas in itinere e diferenças
salariais), há de se reconhecer a ampla legitimidade do sindicato (art. 8º, III, da
CF) para atuar na condição de substituto processual, ainda que o substituído
seja um único empregado.

Comentários Diferença entre direito individual homogêneo x direito (meramente)


individual.

Os interesses individuais homogêneos distinguem-se dos meramente


individuais em virtude da origem comum, isto é, um fato jurídico que
atinge diversos indivíduos concomitantemente e os coloca em situação
assemelhada, propiciando tratamento uniforme das várias relações
jurídicas que se formam em torno da mesma situação. (SANTOS,
Ronaldo Lima. Sindicatos e Ações Coletivas. 3. ed. LTr, 2012. pág. 97).

Legitimação sindical para a defesa dos interesses individuais


homogêneos

Informativo TST esquematizado Página 7


Hugo Nigro Mazzilli afirma que os sindicatos possuem legitimidade para
a defesa de interesses coletivos ou individuais homogêneos por meio de
ação civil pública ou coletiva. (MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos
interesses difusos em juízo. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2007).

A questão que se põe é: tem o sindicato legitimidade para atuar na


condição de substituto processual, ainda que o substituído seja um
único empregado?

Sim. Não raramente, certo ato praticado pelo empregador e que venha a
lesionar concretamente um só empregado, poderá estender seus
efeitos por toda a comunidade coletiva ou difusa de trabalhadores
ou candidatos a emprego. O ato do empregador, apesar de afetar
imediatamente um interesse singular, atinge também indivíduos que
estão em condições similares. Em outras palavras, há uma
transcendência coletiva de um interesse individual. (SANTOS, 2012)

De fato, o TST hoje adota este entendimento. Significa dizer que aquilo
que define a natureza das pretensões trazidas a juízo, caracterizando-as
como individuais homogêneas, é o fato constitutivo do direito vindicado.

Na esfera trabalhista, por exemplo, se um determinado ato ou conduta


do empregador é capaz de gerar consequências na esfera jurídica de
vários dos seus empregados, fica caracterizada a origem comum dos
direitos daí decorrentes e, consequentemente, sua natureza homogênea,
hábil a justificar a defesa pelo sindicato na condição de substituto
processual.

Esse entendimento é majoritário

O TST tem jurisprudência praticamente pacífica nesse aspecto.


Vejamos:

RECURSO DE EMBARGOS. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. LEGITIMIDADE DO


SINDICATO. DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA. ARTIGO 8º, INCISO III. AMPLITUDE. SUBSTITUIÇÃO DE TRÊS
EMPREGADOS. Diante da tese da v. decisão embargada, que consagra a
natureza homogênea dos direitos individuais defendidos coletivamente, horas
extraordinárias, diárias e horas in itinere, relacionando-os a conduta uniforme
do empregador, caracteriza-se como lesão coletiva e possibilita a atuação do
sindicato como substituto processual. No caso em exame a homogeneidade
resta assinalada pelo exame da fonte da lesão, conduta uniforme da empresa,
que alcança três substituídos, sendo legítimo o Sindicato para representar os
empregados. O interesse jurídico que legitima o sindicato a estar em juízo, em
nome dos substituídos, justifica a existência de ações trabalhistas em que há
substituição de apenas um ou pequeno número de substituídos. Apenas
haveria se falar em ilegitimidade do sindicato no caso em que no instrução da
ação trabalhista o julgador entender necessária a oitiva do substituído,
situação que configura o interesse individual e, por consequência, a
necessidade de o empregado integrar o polo ativo da ação como parte. (E-Ag-
RR-63900-89.2007.5.03.0102 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data
de Julgamento: 17/10/2011, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais,
Data de Publicação: 28/10/2011)

Súmulas Súmula 310 do TST – CANCELADA

Informativo TST esquematizado Página 8


OJ’s Não há OJ’s relacionadas diretamente ao caso em comento.
Art. 8º, III, CR/88. É livre a associação profissional ou sindical, observado o
seguinte: [...] III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos
ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas.

Referências Art. 81, CDC. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das
legislativas vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
[...]
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os
decorrentes de origem comum.
 MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo. 20. ed.
São Paulo: Saraiva, 2007.
Bibliografia
 SANTOS, Ronaldo Lima. Sindicatos e Ações Coletivas. 3. ed. LTr, 2012.
pág. 97
TST-E-RR-1204-21.2010.5.03.0099, SBDI-I, rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga,
Processo
13.3.2014.

DIREITO COLETIVO DO TRABALHO


É inválida a cláusula de acordo coletivo de trabalho que exime o empregador de pagar a
totalidade das horas extras trabalhadas.

É inválida a cláusula de acordo coletivo de trabalho que exime o empregador de


pagar a totalidade das horas extras trabalhadas, sob pena de suprimir os direitos
fundamentais sociais do empregado à duração do trabalho, à remuneração
superior do serviço em sobrejornada e à redução dos riscos inerentes ao
trabalho.

Comentários Atividade externa e função de confiança

Para que sejam inseridos na exceção do art. 62 não basta que os


empregados exerçam atividade externa (inciso I), mas também que esta
seja incompatível com o controle de horário. Não é a ausência de
controle de jornada que caracteriza a exceção do art. 62 I da CLT, mas a
impossibilidade deste controle.

O art. 62 da CLT é inconstitucional?

O entendimento majoritário diz que não. Entretanto, há vozes a sustentar


a incompatibilidade do preceito com a CR/88: Enunciado n. 17 da 1ª
Jornada de Direito Material e Processual na Justiça do Trabalho:

LIMITAÇÃO DA JORNADA. REPOUSO SEMANAL REMUNERADO. DIREITO


CONSTITUCIONALMENTE ASSEGURADO A TODOS OS TRABALHADORES.
INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 62 DA CLT. A proteção jurídica ao limite da
jornada de trabalho, consagrada nos incisos XIII e XV do art. 7º da Constituição
da República, confere, respectivamente, a todos os trabalhadores,
indistintamente, os direitos ao repouso semanal remunerado e à limitação da
jornada de trabalho, tendo-se por inconstitucional o art. 62 da CLT.

Princípio da Adequação Setorial Negociada

Segundo Maurício Godinho Delgado:

- o princípio da criatividade encontra limites. É preciso saber harmonizar


Informativo TST esquematizado Página 9
as normas coletivas negociadas (normatização autônoma – princípio da
criatividade jurídica da negociação coletiva) ao conjunto da
normatividade estatal (heterônoma) trabalhista.

- orienta que as normas autônomas podem prevalecer sobre o padrão


geral heterônomo, desde que satisfaçam duas condições específicas,
não cumuláveis:

a) quando as normas autônomas implementam/concedam direitos


superiores ao padrão geral oriundo da normatividade heterônoma
estatal: elevam o padrão das vantagens trabalhistas, tomado em
comparação com o padrão básico imperativo.

b) quando as normas autônomas transacionem direitos trabalhistas


de indisponibilidade apenas relativa: apenas aqueles direitos ou
vantagens trabalhistas que admitem disposição.

Limites objetivos:

1) Não prevalece se concretizada mediante ato estrito de renúncia


(despojamento unilateral sem contrapartida do agente adverso).

2) Não prevalece a adequação setorial negociada se concernente a


direitos revestidos de indisponibilidade absoluta. São parcelas
imantadas por uma tutela de interesse público. Essas parcelas estão
dentro daquilo que a doutrina chama de “patamar civilizatório mínimo”
que não concebe redução. Assim se dividem:

a) Normas constitucionais (salvo as exceções acima)


b) Normas de tratados e convenções internacionais vigorantes
internamente.
c) Normas infraconstitucionais que asseguram patamar mínimo de
civilidade

O caso concreto

No caso vertente, conquanto o reclamante exercesse atividade


externa, constatou-se que sua jornada de trabalho era controlada
pelo empregador, razão por que se reputou inválida a previsão em
norma coletiva do pagamento fixo de cinquenta horas extraordinárias.

Não é possível reconhecer como válida a norma coletiva que se


contrapõe à legislação atinente à segurança e saúde no trabalho.

Decisão muito semelhante e que vale a pena ser transcrita:

RECURSO DE REVISTA. CLÁUSULA DE ACORDO COLETIVO QUE FIXA 50 HORAS


EXTRAS MENSAIS, COM ACRÉSCIMO DE 50%, INDEPENDENTEMENTE DA
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO EM LABOR EXTRAORDINÁRIO.
A delimitação da jornada de trabalho e a remuneração superior em virtude de
trabalho extraordinário, assegurados pelo artigo 7º, incisos XIII e XVI, da
Constituição, são direitos do trabalhador de indisponibilidade absoluta, não
podendo ser transacionados em negociação coletiva.
Por isso não é válida cláusula de norma coletiva que fixa 50 horas extras
mensais, com acréscimo de 50%, independentemente da real prestação do

Informativo TST esquematizado Página 10


serviço em labor extraordinário, mormente quando ficou consignado pelo
Regional que o autor, diariamente, laborava três horas, no mínimo, no regime
de sobrejornada, e as horas extras pré-fixadas não remuneram integralmente
o labor extraordinário por ele prestado. Recurso de revista não conhecido
neste tema." (RR-198000-90.2004.5.15.0024, Relator Ministro: José Roberto
Freire Pimenta, Data de Publicação: DEJT 25/03/2011).

Súmulas Não há súmulas aplicáveis diretamente ao caso julgado.


OJ’s Não há OJ’s relacionadas diretamente ao caso em comento.
Art. 62, CLT. Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo:
I – os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação
de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de
Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados;
II – os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos
Referências
quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes
legislativas de departamento ou filial.
Parágrafo único – O regime previsto neste capítulo será aplicável aos
empregados mencionados no inciso II deste artigo, quando o salário do cargo
de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior
ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento).
 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed. São
Paulo: LTr, 2014.
Bibliografia
 MOURA, Marcelo. Consolidação das Leis do Trabalho para concursos. 3.
ed. Salvador: JusPodivm, 2013. Pág. 123
TST-E-RR-1305900-13.2002.5.09.0652, SBDI-I, rel. Min. Renato de
Processo
LacerdaPaiva, 13.3.2014.

DIREITO INDIVIDUAL E PROCESSUAL DO TRABALHO


Procede a ação rescisória de sentença homologatória de conciliação em ação de
cumprimento de convenção coletiva se demonstrada a colusão entre as partes.

O TST reconheceu a existência de colusão em acordo judicialmente homologado


em ação de cumprimento de convenção coletiva celebrado entre uma rede de
restaurantes e o Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Refeições Rápidas
(Fast-Food). Por isso, com fundamento no art. 485, III, parte final, do CPC, o TST
deu provimento ao recurso ordinário em ação rescisória e desconstituiu a sentença
homologatória.

Comentários Juízo rescidente x Juízo rescisório

Juízo rescindente (ou revidente ou de cassação): aquele que provoca a


desconstituição da coisa julgada.

Juízo rescisório (ou revisório ou de reforma): aquele que produz um


novo julgamento.

Colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei – Art. 485, III, do CPC

A colusão é o acordo estabelecido entre os litigantes com o fim de alcançar


um resultado ilícito por meio do processo. Segundo Fredie Didier,
considera-se fraudulento o processo quando as partes o utilizam em
conluio para obtenção de finalidade proibida por lei, tendo-se por simulado
o processo quando as partes, em conluio, fazem uso dele para prejudicar

Informativo TST esquematizado Página 11


terceiro. Apoiando-se nas lições de Barbosa Moreira, Fredie Didier ainda
afirma que cabe a ação rescisória apenas em casos de processo
fraudulento, não cabendo quanto aos casos de processo simulado 3,
exatamente porque o art. 485, III, do CPC, prevê a ação rescisória na
hipótese de “colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei”. (DIDIER,
Fredie Jr. Curso de Direito Processual Civil. Volume 3. 10. ed. Salvador:
JusPodivm, 2012. pág. 419).

Caso concreto

Restou comprovado que o instrumento normativo firmado pelo sindicato


Sindfast garantia menos direitos aos empregados que aquele firmado pelo
sindicato Sinthoresp, o qual sequer fora incluído no polo passivo da ação,
apesar de seu legítimo interesse no objeto da demanda.

Ademais, as provas documentais carreadas aos autos, e não impugnadas,


bem como os instrumentos constitutivos das empresas revelam que o seu
objeto societário não se amolda à restrita preparação de refeições rápidas.

Assim, vislumbrando fraude ao inciso II do art. 8º da CF, que assegura o


princípio da unicidade sindical, e, consequentemente, determina o alcance
da representação sindical, a Subseção desconstituiu a sentença
homologatória da conciliação proferida na ação de cumprimento e, em
juízo rescisório, com amparo no art. 129 do CPC, extinguiu o processo
sem resolução de mérito.

Os detalhes do julgamento e as especificidades que nortearam o


julgamento não são de grande relevância. O que realmente interessa saber
é apenas a hipótese que enseja a rescisão de sentença homologatória de
rescisão.
Súmulas Não há súmulas relacionadas diretamente ao caso comentado.
OJ n. 94 da SDI-2 do TST. AÇÃO RESCISÓRIA. COLUSÃO. FRAUDE À LEI.
RECLAMATÓRIA SIMULADA EXTINTA. A decisão ou acordo judicial subjacente
OJ’s à reclamação trabalhista, cuja tramitação deixa nítida a simulação do litígio para
fraudar a lei e prejudicar terceiros, enseja ação rescisória, com lastro em colusão.
No juízo rescisório, o processo simulado deve ser extinto.
Art. 129 do CPC. Convencendo-se, pelas circunstâncias da causa, de que autor e
réu se serviram do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim proibido
por lei, o juiz proferirá sentença que obste aos objetivos das partes.
Referências
legislativas Art. 485, III, do CPC. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser
rescindida quando: [...] III – resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da
parte vencida, ou de colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; [...].
DIDIER, Fredie Jr. Curso de Direito Processual Civil. Volume 3. 10. ed. Salvador:
Bibliografia
JusPodivm, 2012.
TST-RO-1359800-14.2005.5.02.0000, SBDI-II, rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de
Processo
Fontan Pereira, red. p/ acórdão Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 11.3.2014.

A decisão referente aos autos do processo TST-E-ED-RR-1581-78.2010.5.03.0038,


SBDI-I, rel. Min. Dora Maria da Costa, 20.3.2014, foi republicada no Informativo TST
n. 76, razão pela qual será comentada no próximo número de nossos esquematizados.

3
Esse posicionamento não é pacífico, sendo que a maioria da doutrina e jurisprudência entende cabível a ação
rescisória no caso de processo simulado e não somente nos casos de processo fraudulento.
Informativo TST esquematizado Página 12
Informativo Esquematizado: TST n. 76
Período: 18 de fevereiro a 24 de março de 2014.
Raphael Miziara

DIREITO COLETIVO DO TRABALHO


Excepcionalmente, é válida norma coletiva que autoriza a prorrogação do prazo de
pagamento dos salários para além do 5º dia útil do mês subsequente ao trabalho.

É válido o instrumento coletivo que possibilita ao empregador efetuar o


pagamento do salário dos empregados até o dia 16 do mês subsequente ao mês
trabalhado. Não se tratando de direito trabalhista de caráter indisponível, mostra-
se imprescindível a valorização da negociação coletiva de que trata o art. 7º, XXVI,
da CF, não obstante o art. 459, §1º, da CLT estipular o pagamento mensal até o
quinto dia útil do mês subsequente ao vencido.

Comentários É possível estipular o pagamento mensal dos salários além do quinto


dia útil do mês subsequente ao vencido?

Em regra não. Entretanto, o TST entendeu que, desde que presentes


certas excepcionalidades e peculiaridades do caso concreto, é possível
o dilatamento do prazo.

Disciplina legal:

Art. 459, §1º, da CLT. O pagamento do salário, qualquer que seja a modalidade do
trabalho, não deve ser estipulado por período superior a 1(um) mês, salvo no que
concerne a comissões, percentagens e gratificações.
§1º Quando o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá ser efetuado, o
mais tardar, até o quinto dia útil do mês subsequente ao vencido.

Normas de indisponibilidade absoluta e normas de indisponibilidade


relativa:

Segundo Maurício Godinho Delgado (DELGADO, Maurício Godinho. Curso


de Direito do Trabalho. 13. ed. São Paulo: LTr, 2014. pág. 1388):

Normas de indisponibilidade absoluta: são parcelas imantadas por uma


tutela de interesse público e não podem ser transacionados nem mesmo
por negociação coletiva. Essas parcelas estão dentro daquilo que a
doutrina chama de “patamar civilizatório mínimo” que não concebe redução
(ex.: assinatura CTPS, normas de saúde e segurança do trabalho, etc.),
sob pena de afronta ao princípio da dignidade da pessoa humana. Assim
se dividem: a) Normas constitucionais (salvo as exceções previstas na
própria); b) Normas de tratados e convenções internacionais vigorantes
internamente; c) Normas infraconstitucionais que asseguram patamar
mínimo de civilidade.

Normas de indisponibilidade relativa: ao contrário das normas de


indisponibilidade absoluta, são normas que admitem a penetração e
harmonização das normas coletivas negociadas perante seus termos.
Assim se qualificam: a) quer pela natureza da própria parcela (ex.:
modalidade de pagamento salarial, tipo de jornada pactuada, fornecimento
ou não de utilidades e suas repercussões no contrato, etc.), b) quer pela
existência de expresso permissivo jurídico heterônomo a seu respeito (ex.:
montante salarial, artigo 7º, VI, CR/88; ou, montante de jornada, art. 7º, XIII
e XIV, CR/88).

Natureza jurídica da norma (art. 459, §1º, CLT) que impõe o pagamento
do salário mensal até o quinto dia útil do mês subsequente. Trata-se
de norma de indisponibilidade relativa ou norma de indisponibilidade
absoluta?

1ª corrente – MAJORITÁRIA (na doutrina e na jurisprudência): a


pactuação em instrumento coletivo de ampliação da data do pagamento
dos salários para além do quinto dia útil do mês subsequente ao da
prestação do trabalho viola os limites do poder negocial das partes,
uma vez que contraria norma cogente trabalhista. É de
indisponibilidade absoluta.

2ª corrente: - MINORITÁRIA desde que a estipulação não seja


flagrantemente prejudicial à integridade física ou mental do trabalhador,
não cabe ao Judiciário Trabalhista negar-se a conferir-lhe validade, pois
esse ato configuraria ingerência indevida na autonomia sindical e
desconsideraria os acordos coletivos de trabalho, cujo reconhecimento
foi estabelecido constitucionalmente. Para essa corrente a norma do
artigo 459, §1º, da CLT é de indisponibilidade relativa.

O caso concreto – situação excepcional

Qual a corrente adota pelo SDI-1 do TST?

Nesse caso, excepcionalmente adotou-se a segunda corrente, em


razão das particularidades do caso concreto. Ou seja, a SBDI-1 deixou
de aplicar o precedente majoritário. Vejamos o porquê.

Natureza jurídica do Grupo Hospitalar Conceição1– o entendimento do


STF no RE nº 580264.

No RE 580264 o STF, em processo de repercussão geral (DJe 6/10/2011),


reconheceu que o Hospital Nossa Senhora da Conceição, parte no
presente feito, é sociedade de economia mista prestadora de ações e

1
Já tratamos da natureza jurídica do Grupo Hospitalar Conceição nos informativos de número 66 e 71, nos quais
restou explicitado que, segundo a jurisprudência consolidada do STF, o Grupo se submete ao regime de precatórios.
serviços de saúde, em ambiente não concorrencial, e, por isso, suas
atividades correspondem à própria atuação do Estado, que não tem
finalidade lucrativa, razão pela qual goza de imunidade tributária, nos
termos da línea “a” do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal.

A questão suscitou intenso debate entre os ministros da SDI-1 e terminou


empatada. O resultado foi definido pelo voto prevalente do presidente do
TST, ministro Barros Levenhagen.

Durante a sessão o Ministro Relator asseverou que “embora o TST seja


uma corte de uniformização, é necessário que se observem as
particularidades caso a caso – o chamado distinguishing. O sistema de
saúde sofre um problema constante de falta de verba, e, no caso do
hospital, os repasses do SUS se davam entre os dias 20 e 25 de cada
mês”. (gn)

DISTINGUISHING2

O presidente do TST, que deu o voto prevalente em favor desta tese,


ressaltou que “o TST não pode decidir sem pensar nas consequências
sociais e econômicas de suas decisões. Certamente o acordo foi firmado
para evitar o colapso da entidade, e, ao decidir de forma contrária,
estaremos empurrando o hospital para insolvência”.
MAS ATENÇÃO: Levenhagen observou que o caso é
“excepcionalíssimo”, uma vez que “não se pode fazer por meio de
instrumentos normativos, indiscriminadamente, a dilatação do prazo
de pagamento de salários”.

O distinghishing é uma distinção na qual o precedente é afastado em


razão de uma circunstância fundamental que o diferencia do caso
anterior, ou seja, quando se utiliza este instituto aplica-se em certo
caso concreto uma determinada circunstância fundamental para esse
caso sob análise não possa ter sobre ele aplicado aquele precedente
original, o que por sua vez não significa que o precedente esteja
sendo abandonado.

Vê-se, pois, que para a apreciação da questão se faz necessária


digressão aos recônditos jurisprudenciais que renderam ensejo à
construção do enunciado sumular.

Dessa forma, pelo critério da dinâmica dos precedentes, incide a distinção,


inviabilizando a conclusão de que a decisão ora comentada tenha incidido
em dissonância com a primeira corrente.

Síntese

2
Já tratamos com mais profundidade do dinstinguishing nos comentários ao Informativo TST n. 73, ao qual
remetemos o leitor.
Podemos sintetizar afirmando que o atual posicionamento da SDI-1 é
pela adoção da 1ª corrente (que é majoritária).

Entretanto, a norma coletiva que amplia o prazo para pagamento dos


salários para além do 5º dia útil será valida desde que exista, no caso
concreto, particularidades tais que transmudem o caso julgado em
uma situação excepcional3. No caso presente demonstrou-se que a
empregadora era entidade filantrópica e, portanto sem fins lucrativos.
Além do mais, restou comprovada a precária situação econômica da
empregadora.

Assim, a particularidade, ou seja, a circunstância fática que justificou a


alteração da data limite para o pagamento dos salários dos empregados do
reclamado do quinto dia útil do mês subsequente ao trabalhado (como
prevê o artigo 459, §1º, da CLT) para o dia dezesseis foi o problema
referente ao repasse de verbas do SUS, aliado à natureza jurídica da
empregadora (natureza de entidade pública e sem fins lucrativos).

Portanto, na hipótese específica dos autos, não há como desconsiderar-se


a particularidade contida no instrumento normativo pactuado entre as
partes.

Súmula 381 do TST. CORREÇÃO MONETÁRIA. SALÁRIO. ART. 459 DA CLT.


O pagamento dos salários até o 5º dia útil do mês subsequente ao vencido não
Súmulas está sujeito à correção monetária. Se essa data limite for ultrapassada, incidirá o
índice da correção monetária do mês subseqüente ao da prestação dos serviços,
a partir do dia 1º.
Orientação Jurisprudencial 159 da SDI-1 do TST. DATA DE PAGAMENTO.
SALÁRIOS. ALTERAÇÃO. Diante da inexistência de previsão expressa em
OJ’s contrato ou em instrumento normativo, a alteração de data de pagamento pelo
empregador não viola o art. 468, desde que observado o parágrafo único, do art.
459, ambos da CLT.
Art. 7º. XXVI, CR/88. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
outros que visem à melhoria de sua condição social: [...] XXVI – reconhecimento
das convenções e acordos coletivos de trabalho.

Referências Art. 459, §1º, da CLT. O pagamento do salário, qualquer que seja a
legislativas modalidade do trabalho, não deve ser estipulado por período superior a
1(um) mês, salvo no que concerne a comissões, percentagens e
gratificações.
§1º Quando o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá ser
efetuado, o mais tardar, até o quinto dia útil do mês subsequente ao vencido.
 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed. São Paulo:
LTr, 2014.
Referências
 MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes Obrigatórios. 2. ed. São Paulo: RT,
2011.
TST-E-RR-187600-55.2005.5.12.0027, SBDI-I, rel. Min. Renato de Lacerda Paiva,
Processo
20.3.2014.

333
E esse posicionamento é divergente dentro da própria SDI-1 do TST.
DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO
É ilícita a terceirização de atividade de call center em empresas de telefonia, devendo o
vínculo ser reconhecido diretamente com a tomadora, com a consequente aplicação dos
benefícios previstos nas normas coletivas celebradas pela real empregadora, sob pena
de ofensa ao princípio da isonomia.

Uma vez configurada a ilicitude da terceirização realizada em atividade fim da


empresa de telefonia, no caso, call center, impõe-se o reconhecimento do vínculo
de emprego diretamente entre a empregada e a tomadora de serviços, com a
consequente aplicação dos benefícios estabelecidos nas normas coletivas
celebradas pela real empregadora, sob pena de ofensa ao princípio da isonomia.

Além disso, norma coletiva, ao estabelecer o fornecimento do auxílio-


alimentação aos empregados que cumprem 40 e 44 horas semanais, não tem o
condão de aqueles submetidos à duração de 36 horas. O fato de não incluir
expressamente tais trabalhadores não autoriza a discriminação almejada pela
empresa. Tal referência objetivou apenas diferenciar os valores devidos aos
empregados, sem, contudo, instituir limites à percepção do referido auxílio, o
qual deverá ser pago observando-se a proporcionalidade entre a carga horária
efetivamente trabalhada e o valor nominal individual previsto para os
empregados da tomadora dos serviços na norma coletiva.

Comentários O julgamento enfrentou dois temas: 1 – possibilidade de terceirização de


atividade de call center nas empresas de telefonia; 2 – extensão das
normas coletivas firmadas com seus empregados aos empregados
terceirizados.

Terceirização (lugar de trabalho fissurado) – breves apontamentos

Doutrinariamente se diz que a terceirização é o nome dado ao fenômeno


pelo qual a empresa transfere para outra empresa, em caráter continuado,
mediante um contrato de natureza civil, alguns serviços ou etapas de sua
produção. (LIMA, Francisco Meton Marques de. Elementos de Direito do
Trabalho e Processo do Trabalho. 14. ed. São Paulo: LTr, 2013. pág.
132).

A relação é triangular ou trilateral, já que na terceirização o empregado da


empresa prestadora presta serviços ao tomador.

Apesar do presente trabalho se propor a traçar sucintos comentários


sobre os informativos de jurisprudência do TST, peço vênia para trazer ao
conhecimento dos leitores as preciosas lições do Professor de Harvard
David Weil, em sua obra “O lugar de trabalho fissurado”. A doutrina
estrangeira chama a terceirização de “local de trabalho fissurado ou
dividido” (fissured workplace ou splitting-off).
Com uma visão precisa, David Weil, afirma que hoje a empresa cujo
logotipo está na camisa de trabalho do empregado ou crachá de
identificação pode não ser a da empresa que recruta, contrata, administra,
paga, disciplina e às vezes até paga. Esta fratura da relação básica
empregador-empregado está reformulando vidas e indústrias. Por fim,
argumenta persuasivamente que a desigualdade de renda alargamento
tem menos a ver com as inovações tecnológicas e mais a ver com
inovações organizacionais.

Terceirização lícita x ilícita

Terceirização lícita: tem-se como lícita a contratação de serviços de


vigilância (Lei n. 7.102/83), de conservação e limpeza, bem como a de
serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que
inexistente a pessoalidade e a subordinação direta (inc. III, Súmula 331,
TST).

Terceirização ilícita: em sentido inverso, a terceirização de atividade-fim,


em princípio não é admitida.

Atividade-meio é aquela de mero suporte, que não integra o núcleo, ou


seja, a essência, das atividades empresariais do tomador, sendo
atividade-fim, portanto, aquela que a compõe (GARCIA, Gustavo Filipe
Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 8. ed. São Paulo: Método, 2014.
pág. 361).

Atividade de call center é atividade-fim

Serviço de telecomunicações: é o conjunto de atividades que possibilita a


oferta de telecomunicação. Telecomunicação é a transmissão, emissão ou
recepção, por fio, radioeletricidade, meios ópticos ou qualquer outro
processo eletromagnético, de símbolos, caracteres, sinais, escritos,
imagens, sons ou informações de qualquer natureza. (art. 60, § 1º, da Lei
n. 9.472/97).

Já o §1º do art. 25 da Lei nº 8.987/95, bem como o inciso II do art. 94 da


Lei nº 9.472/97 autorizam as empresas de telecomunicações a terceirizar
as atividades-meio (respeitados os limites da Súmula nº 331, III, do TST),
não se enquadrando em tal categoria os atendentes do sistema call
center, eis que aproveitados em funções essenciais para o funcionamento
da empresa.

Com efeito, restou assentado no acórdão:

o atendimento telefônico prestado aos consumidores (sistema call center) está


ligado à sua atividade-fim, sendo vedada a terceirização, sob pena de se permitir
que empresa do ramo de telecomunicações funcione sem a presença de
empregados, mas apenas prestadores de serviços. Estar-se-ia promovendo a
precarização dos direitos dos trabalhadores, em confronto com os princípios
constitucionais da dignidade da pessoa humana e da busca do pleno emprego,
previstos nos arts. 1º, III, e 170, VIII, da Carta Magna, respectivamente, e com o
objetivo fundamental da República Federativa do Brasil de erradicar a pobreza e a
marginalização e redução das desigualdades sociais e regionais, insculpido no item
III do art. 3º da Constituição Federal.

Consequências práticas do reconhecimento da terceirização ilícita

Declarada a ilegalidade da terceirização firmada entre as empresas. Isso


terá como consequências:

a) a formação do vínculo diretamente com a beneficiária da força


de trabalho da obreira, visto que a autora trabalhava em benefício
da 2ª ré;

b) pela ilicitude da terceirização, as reclamadas deverão ainda


responder de forma solidária, em conformidade com o que
dispõem os artigos 186 e 942, do Código Civil, e art. 9º da CLT.

c) mantido o vínculo empregatício diretamente com a segunda


reclamada, em virtude do reconhecimento da terceirização ilícita de
atividade-fim da tomadora de serviços, restam aplicáveis as
condições estabelecidas na norma coletiva firmada com
aquela.

A questão da isonomia – extensão das normas coletivas firmadas


entre tomadora-empregados aos empregados terceirizados

A cláusula sétima da norma coletiva, firmada entre a CLARO S.A. e o


SINTTEL, prevê o fornecimento da parcela auxílio-alimentação aos
empregados que cumprem 40 e 44 horas semanais. Entretanto, o TST
entendeu que referida cláusula não exclui os trabalhadores submetidos à
duração de 36 horas. O fato de não incluir expressamente tais
empregados não autoriza a discriminação almejada pela reclamada.

Creio de suma importância a leitura da ementa da decisão ora comentada:

RECURSOS DE REVISTA DAS RECLAMADAS CLARO S.A. E A & C CENTRO DE CONTATOS


S.A. RITO SUMARÍSSIMO. 1. EMPRESA DE TELEFONIA. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS. NULIDADE. VÍNCULO EMPREGATÍCIO RECONHECIDO DIRETAMENTE COM O
TOMADOR DOS SERVIÇOS.
(...)
2. APLICAÇÃO DOS BENEFÍCIOS PREVISTOS NAS NORMAS COLETIVAS FIRMADAS
ENTRE A CLARO S.A. E O SINTTEL. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. PAGAMENTO
PROPORCIONAL. A norma coletiva, ao estabelecer o fornecimento do auxílio-
alimentação aos empregados que cumprem 40 e 44 horas semanais, não excluiu
aqueles submetidos à duração de 36 horas. O fato de não incluir expressamente tais
trabalhadores não autoriza a discriminação almejada pela empresa. Além disso, diante
da inexistência de elementos lógicos e razoáveis, a título de discrímen funcional, que
justifique a não concessão da parcela, impossível o acolhimento da pretensão recursal,
sob pena de ofensa ao princípio da isonomia. Recursos de revista não conhecidos.

SUM-331 CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE.


I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o
vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho
temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974).
II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera
vínculo de emprego com os órgãos da Administração Pública direta, indireta ou
fundacional (art. 37, II, da CF/1988).
III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de
vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a
de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que
inexistente a pessoalidade e a subordinação direta.
IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador,
Súmulas
implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas
obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do
título executivo judicial.
V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem
subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua
conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993,
especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais
da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não
decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela
empresa regularmente contratada.
VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as
verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral.
OJ’s Não há OJ relacionada diretamente ao caso julgado.
Art. 9º, CLT. Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de
desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente
Consolidação.

Art. 94, inciso II da Lei n. 9.472/97 – Lei Geral das Telecomunicações: No


cumprimento de seus deveres, a concessionária poderá, observadas as condições e
limites estabelecidos pela Agência: [...] II - contratar com terceiros o desenvolvimento
de atividades inerentes, acessórias ou complementares ao serviço, bem como a
implementação de projetos associados.

Art. 25 da Lei 8.987/95 – Concessões e Permissões: Incumbe à concessionária a


execução do serviço concedido, cabendo-lhe responder por todos os prejuízos
Referências causados ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros, sem que a fiscalização
legislativas exercida pelo órgão competente exclua ou atenue essa responsabilidade. §1º Sem
prejuízo da responsabilidade a que se refere este artigo, a concessionária poderá
contratar com terceiros o desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias ou
complementares ao serviço concedido, bem como a implementação de projetos
associados.

Art. 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito.

Art. 942, CC. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem
ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor,
todos responderão solidariamente pela reparação.
 GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 8. ed.
São Paulo: Método, 2014.
Referências  LIMA, Francisco Meton Marques de. Elementos de Direito do Trabalho e
Processo do Trabalho. 14. ed. São Paulo: LTr, 2013.
 WEIL, David. The Fissured Workplace: Why Work Became So Bad for So Many
and What Can Be Done to Improve It. Boston: Harvard University Press, 2014.
TST-E-ED-RR-1936-41.2011.5.03.0107, SBDI-I, rel. Min. João Oreste Dalazen,
Processo
20.3.2014.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Na transmissão de recurso via fac-símile é desnecessária a absoluta coincidência com
os originais juntados aos autos, quando os trechos suprimidos são irrelevantes à
compreensão da controvérsia.

É válida a interposição de recurso sem que haja absoluta coincidência entre a


petição encaminhada por fac-símile e os originais juntados aos autos, desde que
os defeitos de transmissão identificados no fax não se mostrem relevantes para a
apreensão da controvérsia.

Comentários Esse caso se assemelha bastante ao julgado tratado no penúltimo


Informativo TST (n. 74), no qual o TST, em homenagem ao princípio da
instrumentalidade das formas, decidiu que, na petição de recurso no
processo eletrônico, a ausência dessas folhas não impede o
conhecimento do recurso se da sua leitura for possível identificar os vícios
que a parte indica.

Com efeito, compete à parte zelar pela fiel transmissão dos dados
enviados por documento eletrônico. Não obstante saber-se que a forma é
imprescindível para a segurança dos atos processuais, certo é que o
magistrado, em hipótese alguma, deve abandonar a razoabilidade no
enfrentamento das questões.

No presente caso, o TST entendeu que é válida a interposição de recurso


sem que haja absoluta coincidência entre a petição encaminhada por fac-
símile e os originais juntados aos autos, desde que os defeitos de
transmissão identificados no fax não se mostrem relevantes para a
apreensão da controvérsia. Assim, tal qual no caso do Informativo TST
n. 74, a ausência dessas folhas não impede o conhecimento do recurso se
da sua leitura for possível identificar os vícios que a parte indica.

No caso concreto, das dez laudas do recurso, cinco não contêm ora uma
linha, ora duas linhas, e não constam, na penúltima página, três linhas
correspondentes a uma transcrição de aresto do STJ, sem utilidade para o
deslinde da questão.

Súmulas Não há súmulas aplicáveis diretamente à decisão em comento.


OJ’s Não há OJ’s aplicáveis diretamente à decisão em comento.
Referências Art. 5º, LV, CR/88. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
legislativas natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: [...] LV - aos litigantes, em processo judicial
ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

Art. 4º, da Lei n. 9.800/99 – Permite às partes a utilização de sistema de


transmissão de dados para a prática de atos processuais: Quem fizer uso de
sistema de transmissão torna-se responsável pela qualidade e fidelidade do
material transmitido, e por sua entrega ao órgão judiciário. Parágrafo único.
Sem prejuízo de outras sanções, o usuário do sistema será considerado litigante
de má-fé se não houver perfeita concordância entre o original remetido pelo fac-
símile e o original entregue em juízo.
Referências -
TST-E-RR-1141900-23.2002.5.02.0900, SBDI-I, rel. Min. Lelio Bentes Côrrea,
Processo
20.3.2014.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Em antecipação de tutela, fere direito líquido e certo do impetrante ato judicial que
indefere pretensão de reintegração com base em estabilidade acidentária, quando não
há sequer o exame da existência ou não dos requisitos da medida de urgência.

O ato judicial que indefere antecipação de tutela para reintegração de


empregado, requerida com base em estabilidade acidentária, sem examinar os
requisitos previstos no art. 273 do CPC, ao fundamento de que não se aplica o
instituto da tutela antecipada nas causas que envolvam doença ocupacional, por
ser indispensável a realização de perícia médica, viola direito líquido e certo
tutelável pela via de mandado de segurança, justificando-se a não incidência,
nessa hipótese, da Súmula nº 418 do TST.

Comentários Tutela antecipada: ato discricionário ou dever do Juiz?

O TST firmou jurisprudência no sentido de que a concessão de liminar é


medida discricionária do Juiz e, portanto, não é impugnável pela via do
MS. Nesse sentido a Súmula 418 do TST:

MANDADO DE SEGURANÇA VISANDO À CONCESSÃO DE LIMINAR OU


HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO. A concessão de liminar ou a homologação de acordo
constituem faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do
mandado de segurança.

Essa Súmula do TST é fortemente criticada pela doutrina. Mauro Schiavi:


“em que pese o respeito que merece a referida súmula (...) pensamos
que, presentes os requisitos legais, o direito à liminar constitui direito
processual subjetivo da parte e não discricionariedade do juiz. Portanto,
no processo do trabalho, se a liminar da tutela antecipada for indeferida,
quando presentes os requisitos legais, a parte lesada poderá ingressar
com mandado de segurança em face dessa decisão”. (SCHIAVI, Mauro.
Manual de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr, 2014.
pág. 1267).

Para uma prova objetiva, recomendamos, obviamente, que o candidato


siga a posição consolidada na jurisprudência do TST. Por outro lado, caso
se trata de uma prova discursiva, a posição doutrinária se mostra mais
coerente.

Da impugnação da medida que aprecia pedido de tutela antecipada


no Processo do Trabalho

No Processo do Trabalho as decisões interlocutórias não são recorríveis


de imediato (art. 893, CLT). No entanto, segundo Mauro Schiavi, “admite-
se a interposição (sic) de Mandado de Segurança, se presentes os
requisitos deste, caso a concessão ou a não concessão da tutela cause
dano irreparável à parte, ou seja concedida ou negada de forma
abusiva”. (gn) (SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do
Trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr, 2014. pág. 1266).

No caso concreto sequer houve a apreciação dos requisitos da tutela


antecipada. A medida antecipatória foi negada de forma abusiva, já que o
Juízo sequer analisou os requisitos da medida de urgência, negando de
pronto a tutela vindicada.

O Juízo de primeiro grau assentou que qualquer reclamação trabalhista


envolvendo alegação de doença ocupacional demanda perícia médica e
que, nessas situações, aquele magistrado não defere tutela antecipada,
por isso, a análise de pedido de tutela antecipada só poderia ocorrer após
a instrução.

Diante dessa situação o TST vislumbrou ofensa a direito líquido e certo. O


ato impugnado, segundo o TST, tornou letra morta o artigo 273 do CPC, o
que viola direito líquido e certo do Impetrante, que consiste no direito de
análise das alegações e das provas apresentadas na reclamação
trabalhista (no estado em que se encontram), quer seja para deferir,
quer seja para indeferir o pedido de tutela antecipada.

Súmula nº 418 do TST. MANDADO DE SEGURANÇA VISANDO À


CONCESSÃO DE LIMINAR OU HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO. A concessão
Súmulas
de liminar ou a homologação de acordo constituem faculdade do juiz, inexistindo
direito líquido e certo tutelável pela via do mandado de segurança.
OJ’s Não há OJ’s relacionadas diretamente ao caso comentado.
 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr,
Referências
2014.
Art. 273 do CPC. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou
Referências parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo
legislativas prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: I - haja fundado
receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou II - fique caracterizado o abuso
de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.
§1º Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as
razões do seu convencimento.
§2º Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de
irreversibilidade do provimento antecipado.
§3º A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua
natureza, as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4º e 5º, e 461-A.
§4º A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em
decisão fundamentada.
§5º Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final
julgamento.
§6º A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos
pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso.
§7º Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza
cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a
medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.
Processo TST-RO-779-09.2011.5.05.0000, SBDI-II, rel. Min. Emmanoel Pereira, 18.3.2014.

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO


Incide a prescrição total no caso de parcela única (gratificação) devida por ocasião da
aposentadoria em razão de norma interna, assim como em relação ao pedido de reflexos
dessa mesma gratificação não recebida no cálculo da complementação de
aposentadoria.

Incide a prescrição total do direito de ação, de que trata a Súmula nº 326 do TST,
à hipótese em que se pleiteia o pagamento de gratificação, em parcela única,
equivalente a doze salários, devida por ocasião da aposentadoria, em
decorrência de norma interna da primitiva empregadora. De igual modo, está
fulminado pela prescrição total o pedido sucessivo de reflexos da gratificação
não recebida no cálculo da complementação de aposentadoria, pois, na verdade,
trata-se de pedido acessório, devendo seguir a mesma sorte do principal.

Comentários A decisão ficou assim ementada:

PRESCRIÇÃO. PEDIDO DE PAGAMENTO DE “GRATIFICAÇÃO”. PARCELA ÚNICA,


DEVIDA POR OCASIÃO DA CONCESSÃO DE APOSENTADORIA. PREVISÃO EM
NORMA REGULAMENTAR. SÚMULA Nº 327 DO TST. IMPERTINÊNCIA.
1. O pedido de pagamento de “gratificação”, amparado em norma interna da
empresa que assegurava aos empregados a sua percepção no ato da aposentadoria,
em parcela única, não se confunde com pedido de diferenças de complementação
de aposentadoria para efeito de incidência da prescrição parcial.
2. Postulação dessa natureza não acarreta qualquer repercussão de trato sucessivo
nos proventos de complementação de aposentadoria, diversamente do que se dá
com a hipótese albergada na Súmula n. 327 do TST.
3. A partir da concessão das aposentadorias, dispõem os Reclamantes de dois anos
para questionar, em juízo, o direito à parcela, nos termos da norma regulamentar
empresarial que assim assegura, em tese. Aplicação da norma inscrita no artigo 7º,
XXIX, da Constituição Federal.
4. Embargos conhecidos, por má aplicação da Súmula nº 327 do TST, e providos
para restabelecer parcialmente o acórdão regional no tocante à incidência da
prescrição total do direito de ação. Remessa dos autos ao Regional para exame de
pedido sucessivo.

O presente julgado dispensa maiores comentários, eis que decidido com base numa
cadeia de fatos peculiares, cuja explicação em nada acrescentará aos conhecimentos que
se cobram nos concursos do MPT e Magistratura do Trabalho, assim como nos demais
concursos da área trabalhista. O que se deve saber a respeito do que foi decidido é a
penas o teor das súmulas n. 326 e n. 327 do TST, abaixo transcritas e cuja leitura é de
extrema importância.

Súmula n. 326 do TST. COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA.


PRESCRIÇÃO TOTAL. A pretensão à complementação de aposentadoria jamais
recebida prescreve em 2 (dois) anos contados da cessação do contrato de
trabalho.
Súmulas
Súmula n. 327 do TST. COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA.
DIFERENÇAS. PRESCRIÇÃO PARCIAL. A pretensão a diferenças de
complementação de aposentadoria sujeita-se à prescrição parcial e quinquenal,
salvo se o pretenso direito decorrer de verbas não recebidas no curso da relação
de emprego e já alcançadas pela prescrição, à época da propositura da ação.
OJ’s Não há OJ’s relacionadas ao caso em comento.
Art. 7º, XXIX, da CR/88. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
além de outros que visem à melhoria de sua condição social: [...] XXIX -
Referências
legislativas
ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o
limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho.
TST-E-ED-RR-1581-78.2010.5.03.0038, SBDI-I, rel. Min. Dora Maria da Costa,
Processo
20.3.2014.

Exercícios de fixação:

1 – (TRT3ª Região – Juiz – 2014) A partir da interpretação literal do art. 94 da Lei n. 9.472/97 (Lei Geral
das Telecomunicações), no setor de telecomunicações é possível contratar com terceiros o
desenvolvimento das seguintes atividades ou serviços:

a) Atendimento ao consumidor através de call center.


b) Controle e manutenção das centrais de telefonia e transmissão de dados.
c) Instalação e manutenção de redes e aparelhos nas unidades consumidoras.
d) Todas as opções anteriores.
e) Nenhuma das opções.

2 – Julgue as assertivas abaixo e assinale a opção correta:


I – A pretensão à complementação de aposentadoria jamais recebida prescreve em 2 (dois) anos
contados da cessação do contrato de trabalho.

II – A pretensão a diferenças de complementação de aposentadoria sujeita-se à prescrição total e bienal,


salvo se o pretenso direito decorrer de verbas não recebidas no curso da relação de emprego e já
alcançadas pela prescrição, à época da propositura da ação.

III – Incide a prescrição total do direito de ação, de que trata a Súmula nº 326 do TST, à hipótese em que
se pleiteia o pagamento de gratificação, em parcela única, equivalente gratificação jamais recebida e
devida por ocasião da aposentadoria.

a) I e II estão corretas.
b) I e III estão corretas.
c) II e III estão corretas.
d) todas estão corretas.
e) somente a I está correta.

3 – Julgue os itens abaixo, assinalando V para verdadeiro ou F para falso:

( ) segundo entendimento dominante já doutrina e jurisprudência a concessão de liminar ou a


homologação de acordo, constituem faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela
via do mandado de segurança.
( ) No tocante à tutela antecipada, o juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou
parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca,
se convença da verossimilhança da alegação e haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil
reparação, bem como, fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito
protelatório do réu.
( ) Em relação à terceirização e levando-se em consideração a jurisprudência do TST pode-se afirmar
que não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102,
de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-
meio do tomador.
( ) É ilícita a terceirização de atividade de call center em empresas de telefonia, devendo o vínculo ser
reconhecido diretamente com a tomadora, com a consequente aplicação dos benefícios previstos nas
normas coletivas celebradas pela real empregadora.

Gabarito
1-D 2-B 3 – F, F, F, V
Informativo Esquematizado: TST n. 77
Período: 18 a 24 de março de 2014.
Raphael Miziara

DIREITO COLETIVO DO TRABALHO


Embargos de declaração. Desistência. Interrupção do prazo para interposição de outros
recursos. Recontagem do prazo a partir da ciência da homologação da desistência.

A oposição de embargos de declaração tempestivos e regulares interrompe o


prazo para interposição de outro recurso, ainda que haja a posterior desistência
dos declaratórios, devendo o prazo ser recontado a partir da ciência, pela parte
contrária, da homologação da desistência.

Comentários A controvérsia cinge-se em definir se: os embargos de declaração


opostos por uma das partes, e que posteriormente são objeto de
desistência, interrompem o prazo para a interposição de recurso pela
parte adversa?

1ª corrente (adotada pela SDI-1, ANTES DO PRESENTE INFORMATIVO):


a regra contida no caput do art. 538 do CPC não se aplica na hipótese
de desistência do recurso, conclusão que se extrai de uma análise
sistemática do ordenamento jurídico processual, ainda que não exista
previsão legal expressa nesse sentido. A interrupção prevista na lei
pressupõe o conhecimento do recurso de embargos. Interpretação
diversa implicaria a aceitação de que mesmo a interposição descabida ou
intempestiva dos embargos de declaração possibilitaria às partes o
elastecimento do prazo para a interposição de outros recursos, o que faria
do instituto dos embargos um mecanismo transverso para a interrupção
dos prazos recursais, fim certamente não almejado pela lei.

RECURSO DE REVISTA. DESISTÊNCIA DE EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE INTERRUPÇÃO DO PRAZO
RECURSAL. RECURSO ORDINÁRIO INTEMPESTIVO. A jurisprudência
desta Corte é no sentido de que homologado pedido de desistência dos
Embargos de Declaração, não há que se falar em interrupção do prazo para
interposição dos outros recursos, como dispõe o art. 538 do CPC. Assim,
está intempestivo o Recurso Ordinário do Reclamante. Precedente da SDI-
1. Recurso de Revista conhecido e provido. (RR-700-74.2010.5.19.0000,
Rel. Juiz Convocado Sebastião Geraldo de Oliveira, 8ª Turma, DJ de
11/11/2011).

2ª corrente (adotada pela 2ª Turma do TST e agora pela SDI-1, A PARTIR


DO PRESENTE INFORMATIVO – HOJE MAJORITÁRIA): o prazo recursal
resultaria interrompido até a homologação da desistência, porque a
legislação não faz nenhuma restrição para a adoção da regra da
interrupção do prazo para a interposição do recurso principal.
RECURSO ORDINÁRIO. TEMPESTIVIDADE. OPOSIÇÃO DE EMBARGOS
DE DECLARAÇÃO. INTERRUPÇÃO DO PRAZO RECURSAL. Prevê o art.
538 do CPC que "os embargos de declaração interrompem o prazo para a
interposição de outros recursos, por qualquer das partes". A legislação não
faz nenhuma restrição para a adoção da regra da interrupção do prazo para
a interposição do recurso principal, ainda que a parte autora do recurso
horizontal desse venha a desistir, posteriormente. A jurisprudência adota
a tese de que apenas os embargos de declaração não conhecidos por
irregularidade de representação ou intempestividade não interrompem
o prazo para a apresentação do recurso principal. Assim, os embargos
de declaração da reclamante não conhecidos por perda do objeto
(desistência) interrompem o prazo para a interposição do recurso ordinário
da reclamada, apresentado tempestivamente. Recurso de revista conhecido
e provido. (RR-122400-89.2002.5.18.0011, Rel. Juiz Convocado Roberto
Pessoa, 2ª Turma, DJ de 30/4/2010).

Também nesse sentido, em data mais recente: (RR-85300-


18.2006.5.06.0004, Rel. Min. José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, DJ de
8/6/2012)

Assim, para essa corrente (hoje majoritária) os embargos de declaração


interrompem o prazo para a interposição de outros recursos, por qualquer
das partes (CPC, artigo 538), bastando para tanto a mera interposição,
ressalvando que para essa corrente apenas os embargos de declaração não
conhecidos por irregularidade de representação ou intempestividade não
interrompem o prazo para outros recursos.

A doutrina é praticamente unânime pela preferência a essa 2ª corrente.

Mauro Schiavi: “acreditamos que, se os embargos de declaração forem


intempestivos, o prazo do recurso não se interromperá. Caso os embargos
de declaração não sejam conhecidos por outro motivo, haverá a
interrupção do prazo recursal”. (SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito
Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr, 2014. pág. 917).

Votos vencidos – adoção da 1ª corrente

Vencidos os Ministros Dora Maria da Costa, relatora, e Luiz Philippe Vieira


de Mello Filho, os quais negavam provimento ao apelo ao fundamento de
que os embargos de declaração deixam de existir quando a parte dele
desiste, não podendo, portanto, produzir qualquer efeito jurídico,
inclusive a interrupção do prazo para a interposição de outros
recursos.
Súmulas Não há súmula aplicável diretamente ao caso comentado
OJ’s Não há Orientação Jurisprudencial diretamente aplicável ao caso comentado.
Art. 535 do CPC. Cabem embargos de declaração quando: I - houver, na
sentença ou no acórdão, obscuridade ou contradição; II - for omitido ponto sobre o
qual devia pronunciar-se o juiz ou tribunal.

Art. 538, caput, do CPC. Os embargos de declaração interrompem o prazo para


a interposição de outros recursos, por qualquer das partes.
Referências
legislativas Art. 897-A da CLT. Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no
prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou
sessão subsequente a sua apresentação, registrada na certidão, admitido efeito
modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado e
manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso.
Parágrafo único. Os erros materiais poderão ser corrigidos de ofício ou a
requerimento de qualquer das partes. (gn)
 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo:
Referências
LTr, 2014.
TST-E-RR-223200-17.2009.5.12.0054, SBDI-I, rel. Min. Dora Maria da Costa, red.
Processo
p/ acórdão Min. Aloysio Corrêa da Veiga, 27.3.2014.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


É possível o conhecimento de recurso de embargos com base em Súmula ou OJ já
cancelada, mas vigente à época da interposição do recurso.

É possível o conhecimento de embargos pela tese de contrariedade por má


aplicação de súmula ou orientação jurisprudencial já cancelada ou com redação
modificada, mas que se encontrava vigente à época da interposição do recurso.
Assim, havendo demonstração de contrariedade à redação do verbete então
vigente, considera-se configurada a divergência jurisprudencial.

Comentários O recurso de embargos de divergência no processo do trabalho1

Objeto: uniformizar a interpretação da legislação da competência do TST


no âmbito da SDI, que julga os recursos referentes aos conflitos
individuais trabalhistas. Não se trata de recurso que tem por objeto
reapreciação de matéria fática, uma vez que seu objeto é a uniformização
da jurisprudência interna do TST (SCHIAVI, 2014).

Cabimento: art. 894, II, da CLT.

ATENÇÃO: não cabem embargos de divergência se:


a) a decisão recorrida estiver em consonância com súmula ou
orientação jurisprudencial do TST ou do STF;
b) se a divergência se der na mesma turma do TST.

1
Assunto já tratado no Informativo TST n. 74 (esquematizado).
Por outro lado, conforme a doutrina de Carlos Henrique Bezerra Leite (in
Curso de Direito Processual do Trabalho, 10. ed. 2012, p. 884), pela
interpretação sistemática do art. 894, II, da CLT e de normas previstas no
Regimento Interno do TST, os embargos de divergência são cabíveis
das decisões:

a) divergentes entre a SBDI-1 e SBDI-2 a respeito de aplicação de


norma prevista em lei federal ou na Constituição;
b) divergentes entre duas ou mais Turmas;
c) de uma ou mais Turmas que divergirem das decisões da SDI;
d) de uma ou mais Turmas que divergirem de OJ (da SDI ou SDC);
e) de uma ou mais Turmas que divergirem de Súmula do TST.

Recurso de Revista x Embargos de Divergência

Ambos têm natureza extraordinária. Ambos objetivam a uniformização de


jurisprudência. No entanto, o objetivo da Revista é uniformizar a
jurisprudência, superando-as entre os Tribunais Regionais, enquanto o
objetivo dos embargos de divergência reside na uniformização
jurisprudencial interna no âmbito do TST (LEITE, 2012).

Como é feita a comprovação da divergência jurisprudencial?

É feita na forma da Súmula 337 do TST, sendo que há rigoroso exame


desse pressuposto intrínseco de admissibilidade. Assim, a
demonstração da divergência é pressuposto intrínseco.

O caso concreto

O julgado ora comentado envolver diversas especificidades que não


interessam no estudo para as áreas trabalhistas. O que se deve saber é
que, se no momento da interposição dos embargos, pela tese de
contrariedade por má aplicação de súmula ou orientação jurisprudencial,
as mesmas estavam em vigor (ou seja, não canceladas ou modificadas)
os embargos devem ser conhecidos.

Assim, o que realmente importa para que seja configurada a divergência


jurisprudencial é a demonstração de contrariedade à redação do verbete
vigente à época da interposição do recurso.
SUM-337 COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL.
RECURSOS DE REVISTA E DE EMBARGOS
I - Para comprovação da divergência justificadora do recurso, é necessário
que o recorrente.
a) Junte certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou cite a fonte
oficial ou o repositório autorizado em que foi publicado; e
b) Transcreva, nas razões recursais, as ementas e/ou trechos dos acórdãos
trazidos à configuração do dissídio, demonstrando o conflito de teses que
justifique o conhecimento do recurso, ainda que os acórdãos já se encontrem nos
autos ou venham a ser juntados com o recurso.
II - A concessão de registro de publicação como repositório autorizado de
jurisprudência do TST torna válidas todas as suas edições anteriores.
Súmulas
III – A mera indicação da data de publicação, em fonte oficial, de aresto paradigma
é inválida para comprovação de divergência jurisprudencial, nos termos do item I,
“a”, desta súmula, quando a parte pretende demonstrar o conflito de teses
mediante a transcrição de trechos que integram a fundamentação do acórdão
divergente, uma vez que só se publicam o dispositivo e a ementa dos acórdãos.
IV – É válida para a comprovação da divergência jurisprudencial justificadora do
recurso a indicação de aresto extraído de repositório oficial na internet, desde que o
recorrente:
a) transcreva o trecho divergente;
b) aponte o sítio de onde foi extraído; e
c) decline o número do processo, o órgão prolator do acórdão e a data da
respectiva publicação no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho.

OJ’s Não há OJ relacionada diretamente ao caso julgado.

Art. 894. No Tribunal Superior do Trabalho cabem embargos, no prazo de


8 (oito) dias: (Redação dada pela Lei nº 11.496, de 2007)
[...] II - das decisões das Turmas que divergirem entre si, ou das decisões
Referências
legislativas
proferidas pela Seção de Dissídios Individuais, salvo se a decisão
recorrida estiver em consonância com súmula ou orientação
jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal
Federal. (Incluído pela pela Lei nº 11.496, de 2007)
 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 10.
ed. São Paulo: LTr, 2012.
Referências
 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo:
LTr, 2014.
TST-E-ED-RR-563100-38.2007.5.09.0069, SBDI-I, rel. Min. Augusto César Leite
Processo
de Carvalho, 27.03.2014.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Não fere direito líquido e certo o ato judicial que determina a transferência de saldo
remanescente para satisfação de execução pendente em juízo diverso.
Não viola direito líquido e certo do impetrante ato judicial que determina a
transferência de saldo remanescente para satisfação de outra execução pendente
em outro juízo, ante a não configuração de excesso de penhora. Assim, é legal o
ato judicial que determina a transferência de numerário excedente ao valor da
condenação para satisfação de outra execução pendente em juízo diverso do
executante.

Comentários Entenda o caso:

O caso abarca dois processos executivos distinto, em trâmite perante juízos


distintos. Ocorreu uma penhora na execução “A” que supera o valor da dívida
em “A”, ensejando saldo remanescente que, ao invés de ser devolvido ao
executado, foi enviado pelo juiz da primeira execução “A” para a outra
execução “B”, a fim de saldar o débito lá existente.

O executado alega que esse ato judicial viola seu direito líquido e certo, ante
o flagrante excesso de penhora. A pergunta que se faz é: pode o juiz da
primeira execução determinar a remessa da quantia remanescente da
penhora para pagamento de débito em outra execução?

Prevaleceu o entendimento de que é dever do magistrado velar pelo rápido


andamento das causas e pela efetividade da decisão judicial (art. 125, II, do
CPC), bem assim colaborar com as demais autoridades judiciárias a fim de
viabilizar o atendimento do princípio constitucional da razoável duração do
processo.

Entendeu-se que não há direito líquido e certo da impetrante em se eximir do


cumprimento de obrigação imposta por sentença transitada em julgado,
quando verificada a existência de quantia disponível à constrição.

De outra sorte, não restou configurado excesso de penhora, visto que o saldo
remanescente não fora retido pelo juiz executante, mas transferido para
satisfazer execução pendente em outra unidade judiciária, não tendo a
executada impugnado o valor da penhora em momento oportuno.

Princípio da Efetividade da Execução x Princípio da Menor Onerosidade

Uma das tarefas mais árduas do julgador é saber identificar a tênue linha de
encontro entres os dois princípios acima citados. Deverá o juiz dar efetividade
ao processo executivo sem perder de vista o princípio da menor onerosidade.

Com efeito, pelo princípio da menor onerosidade, deve o executado suportar


prejuízos nos limites da satisfação do direito, nada justificando que o
executado sofra mais do que o estritamente necessário na busca da
satisfação do direito do exequente. (NEVES, Daniel Amorim Assumpção.
Manual de Direito Processual Civil. 3. ed. São Paulo: Método, 2011).O
princípio está consagrado no art. 620 do CPC:
Art. 620. Quando por vários meios o credor puder promover a execução, o
juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o devedor.

Com efeito, é compatibilizar o princípio da menor onerosidade e da


efetividade da tutela jurisdicional. Nesse prumo, este último deve ser
interpretado sob à luz do primeiro, de maneira que o exequente tem direito à
satisfação de seu direito, porém, deve se evitar o exagero desproporcional e
desnecessário de algumas medidas executivas.

Não obstante, o estrito respeito ao princípio da menor onerosidade não


pode sacrificar a efetividade da tutela executiva (NEVES, 2011). Foi essa
a posição adotada no presente julgado pelo TST (SDI-2). Entendeu-se que

Votos vencidos:

Vencidos os Ministros Emmanoel Pereira, relator, Hugo Carlos Scheuermann


e Ives Gandra da Silva Martins Filho, que davam provimento ao recurso
ordinário para conceder a segurança pretendida, determinando a
devolução dos valores constritos em excesso de penhora pela
autoridade coatora.

Súmulas Não há súmulas aplicáveis diretamente à decisão em comento.

OJ’s Não há OJ’s aplicáveis diretamente à decisão em comento.

Art. 125, II, do CPC. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste
Código, competindo-lhe: II - velar pela rápida solução do litígio;
Referências
legislativas
Art. 620, do CPC. Quando por vários meios o credor puder promover a
execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o devedor.
 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 3. ed.
Referências
São Paulo: Método, 2011.
TST-RO-23100-50.2010.5.13.0000, SBDI-II, rel. Min. Emmanoel Pereira, red. p/
Processo
acórdão Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 25.3.2013.
Informativo Esquematizado: TST n. 78
Período: 1º a 7 de abril de 2014.
Raphael Miziara (Professor e Advogado) e Roberto W. Braga – (Professor e Juiz do Trabalho – TRT 22ª)

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Créditos trabalhistas. Precatório. Retenção de honorários advocatícios. Ausência do
contrato de honorários. Ilegalidade. Art. 22, §4º, do Estatuto da OAB.

À luz do art. 22, § 4º, do Estatuto da OAB, mostra-se ilegal a retenção de


honorários advocatícios sobre créditos trabalhistas em precatório quando não
houver comprovação inequívoca do contrato de honorários firmado entre as
partes.

Comentários Você (na qualidade de juiz ou membro do MPT) é instado a decidir ou


se manifestar acerca de pedido de um advogado para retenção de
honorários advocatícios por ocasião da expedição do alvará. Pode o
advogado reter referidos honorários? E em quais situações?

No caso, após a liberação dos créditos trabalhistas de todos os exequentes


por alvarás, dois deles não foram localizados, razão pela qual os patronos
devolveram ao juízo o valor do crédito, mas retiveram quantia
correspondente aos honorários advocatícios e às despesas.

O caso em tela cuidou de retenção pelo advogado de honorários


contratuais, já que os sucumbenciais pertencem (são propriedade) do
advogado. O TST considerou ilegítima a retenção dos contratuais.

Com efeito, conforme decidido, o montante deduzido pelos advogados


não fazia parte do título exequendo, tendo sido alvo de suposto acordo
verbal entre as partes, de modo que não pode o advogado, por si só,
decidir o valor que lhe corresponde.

Assim, é correta a decisão que determinara a imediata devolução dos


valores retidos, sob pena de penhora. Aqui, vale trazer os argumentos do
MPT para quem:

os valores dos honorários contratuais até poderiam ser deduzidos dos


créditos, nos termos do art. 22, §4º da Lei 8.906/94. Para tanto, contudo,
seria imprescindível a comprovação de três requisitos, a saber:

(1) o contrato de honorários tenha sido juntado aos autos;

(2) o valor do qual seriam deduzidos os honorários deve


efetivamente ser repassado ao credor;

(3) e haja determinação judicial para que os valores sejam pagos


diretamente ao advogado por dedução da quantia a ser recebida
pelo constituinte.

In casu, inexistentes os requisitos supramencionados (do requisito n. 2


falaremos adiante), a dedução dos honorários e despesas em gerais pelos
patronos foi feita de forma ilegítima.

Com efeito, o valor acordado entre as partes e que foi retido não era objeto
da ação. Ademais, o advogado não pode decidir, por si só, descontar
parcela de créditos destinados à parte que defendeu em ação judicial. Isso
por certo implica em violação do devido processo legal e do contraditório,
sendo que a apropriação sem título executivo é situação que se enquadra
no conceito de justiça pelas próprias mãos.

No entanto, com a devida vênia ao parecer do MPT, tem-se que a


exigência consignada no item (2) é descabida. Basta que (1) o advogado
apresente o contrato de honorários e (2) haja decisão judicial no
sentido de que se proceda à retenção.

Esse entendimento não destoa do §4º, do art. 22, do EOAB.

Súmulas Não há súmula aplicável diretamente ao caso comentado.


OJ’s Não há Orientação Jurisprudencial diretamente aplicável ao caso comentado.

Art. 22, §4º, da Lei nº. 8.906/94 (EOAB). Art. 22. A prestação de serviço
profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorários
Referências convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência. (...)
legislativas
§4º Se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de honorários antes de
expedir-se o mandado de levantamento ou precatório, o juiz deve determinar que
lhe sejam pagos diretamente, por dedução da quantia a ser recebida pelo
constituinte, salvo se este provar que já os pagou.

 sem referências doutrinárias;


Referências
 Acórdão - TRT 17ª Região - 0226400-86.1991.5.17.0001.

TST-RO-226400-86.1991.5.17.0001, Órgão Especial, rel. Min. Hugo Carlos


Processo
Scheuermann, 7.4.2014.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Complementação de aposentadoria e (In)Competência da Justiça do Trabalho x
Competência da Justiça comum. STF-RE nº 586.453.

O STF, nos autos do processo RE nº 586.453, decidiu que as demandas relativas


à complementação de aposentadoria são da competência da Justiça comum, mas
determinou que os efeitos dessa decisão, com repercussão geral, fossem
modulados a fim de se manter a competência da Justiça do Trabalho nas
situações em que já houvesse sido proferida decisão de mérito até a data
daquele julgamento (20.2.2013).
Comentários Complementação de Aposentadoria – Competência para julgamento

A questão central que se põe é a definição da competência entre a


Justiça Laboral e a Comum para julgamento das complementações
de aposentadoria.

Existem basicamente duas grandes correntes acerca do tema, que


enfrenta essencialmente a natureza jurídica da relação entre o
associado e a entidade de previdência.

1ª corrente: A relação entre o associado e a entidade de previdência


privada não é trabalhista. Ela está disciplinada no regulamento das
instituições. Assim, entende-se que compete à Justiça Comum o
julgamento, tendo em vista a inexistência de relação trabalhista entre o
beneficiário e a entidade fechada de previdência complementar. O
surgimento de eventual controvérsia terá natureza cível, não trabalhista.
O art. 202, §2º, da CR/88 diz que a previdência complementar não é
tema de contrato de Trabalho. Para essa corrente, o contrato de
previdência complementar bastaria em si mesmo, seria um pacto de
natureza totalmente distinta, sem qualquer vinculação com as relações
trabalhistas (é o atual posicionamento do STF – por maioria)

2ª corrente: é competente a Justiça do Trabalho para dirimir


controvérsia em que se busca obter diferenças de complementação de
aposentadoria a serem pagas por entidade de previdência fechada
instituída e mantida pelo empregador com esta finalidade, e que tem por
destinatários/beneficiários os seus empregados, porquanto decorrem
do contrato de trabalho.

Pela jurisprudência do STF, antes do julgamento do RE 586.453:

(a) se a aposentadoria que se pretende complementar teve origem no


contrato de trabalho a competência era da Justiça do Trabalho;
(b) se a aposentadoria (a causa) não teve origem no contrato de
trabalho, define-se a competência na Justiça comum.

No entanto, por ocasião do julgamento do RE nº. 586.453 o STF, de


acordo com o voto prevalente da relatora, entendeu-se que a definição
da competência, que até então se dava pela apuração da origem da
complementação da aposentadoria (se decorrente ou não do
contrato de trabalho) não se afigurava mais suficiente para pacificar
a questão. A partir da decisão do STF a competência é da Justiça
comum, independente da origem da relação.

Ementa da decisão do STF no RE nº. 586.453

Recurso extraordinário – Direito Previdenciário e Processual Civil –


Repercussão geral reconhecida – Competência para o
processamento de ação ajuizada contra entidade de previdência
privada e com o fito de obter complementação de aposentadoria –
Afirmação da autonomia do Direito Previdenciário em relação ao
Direito do Trabalho – Litígio de natureza eminentemente
constitucional, cuja solução deve buscar trazer maior efetividade e
racionalidade ao sistema – Recurso provido para afirmar a
competência da Justiça comum para o processamento da
demanda - Modulação dos efeitos do julgamento, para manter, na
Justiça Federal do Trabalho, até final execução, todos os
processos dessa espécie em que já tenha sido proferida sentença
de mérito, até o dia da conclusão do julgamento do recurso
(20/2/13).

1. A competência para o processamento de ações ajuizadas contra


entidades privadas de previdência complementar é da Justiça
comum, dada a autonomia do Direito Previdenciário em relação ao
Direito do Trabalho. Inteligência do art. 202, § 2º, da Constituição
Federal a excepcionar, na análise desse tipo de matéria, a norma do
art. 114, inciso IX, da Magna Carta.

2. Quando, como ocorre no presente caso, o intérprete está diante de


controvérsia em que há fundamentos constitucionais para se adotar
mais de uma solução possível, deve ele optar por aquela que
efetivamente trará maior efetividade e racionalidade ao sistema.

3. Recurso extraordinário de que se conhece e ao qual se dá


provimento para firmar a competência da Justiça comum para o
processamento de demandas ajuizadas contra entidades privadas
de previdência buscando-se o complemento de aposentadoria.

4. Modulação dos efeitos da decisão para reconhecer a


competência da Justiça Federal do Trabalho para processar e
julgar, até o trânsito em julgado e a correspondente execução,
todas as causas da espécie em que houver sido proferida
sentença de mérito até a data da conclusão, pelo Plenário do
Supremo Tribunal Federal, do julgamento do presente recurso
(20/2/2013).

5. Reconhecimento, ainda, da inexistência de repercussão geral quanto


ao alcance da prescrição de ação tendente a questionar as parcelas
referentes à aludida complementação, bem como quanto à extensão de
vantagem a aposentados que tenham obtido a complementação de
aposentadoria por entidade de previdência privada sem que tenha
havido o respectivo custeio. (GN)

Agora, depois desse julgamento, não importa mais se a relação entre o


reclamante e entidade de previdência teve ou não origem no contrato
de trabalho. O fato de a inclusão do reclamante no regime de previdência
privada ter decorrido do vínculo empregatício havido com a mantenedora
do fundo não atrai, por si só, a competência da Justiça do Trabalho para
apreciar a lide.

A modulação dos efeitos

Ainda por ocasião do julgamento no STF optou-se pela modulação dos


efeitos da decisão para reconhecer a competência da Justiça Federal do
Trabalho para processar e julgar, até o trânsito em julgado e a
correspondente execução, todas as causas da espécie em que houver
sido proferida sentença de mérito até a data da conclusão, pelo
Plenário do Supremo Tribunal Federal, do julgamento do presente recurso
(20/2/2013).

O caso concreto julgado pelo TST

No caso ora comentado, tendo em conta que a sentença, mantida pelo


TRT, que declarou a incompetência da Justiça do Trabalho para o
julgamento de reclamatória relativa a diferenças de complementação de
aposentadoria não pode ser considerada decisão de mérito, a SBDI-I,
por unanimidade, conheceu dos embargos interpostos pela reclamada,
por divergência jurisprudencial, e, no mérito, por maioria, deu-lhes
provimento para restabelecer a referida sentença e determinar a
remessa dos autos à Justiça comum.
Súmulas Não há súmulas relacionadas diretamente ao caso julgado.

OJ’s Não há OJ’s relacionadas diretamente ao caso julgado.

Art. 114, IX, da CR/88. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:


(...)
IX – outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.

Art. 202, §2º, da CR/88. O regime de previdência privada, de caráter


complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de
previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que
Referências
legislativas
garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar. (Redação
dada pela EC nº 20, de 1998).
(...)
§2° As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais
previstas nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de
previdência privada não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim
como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos
participantes, nos termos da lei.
 VOTOS PROFERIDOS NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 586.453 SERGIPE
Referências
– STF.
TST-E-ED-ED-ED-RR-1011-92.2011.5.03.0059, SBDI-I, rel. Min. Renato de
Processo
Lacerda Paiva, 3.4.2014.
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Sistema indisponível no último dia do prazo no processo eletrônico.

No peticionamento por meio eletrônico (E-DOC), caso o sistema esteja


indisponível na data do termo final do prazo recursal, pode o recorrente
comprovar a indisponibilidade mediante prova documental superveniente, por
incidência do item III da Súmula nº 385 do TST.

Comentários No caso de Sistema indisponível no último dia do prazo, como


proceder? Quando deverá ser comprovada a situação de
indisponibilidade do sistema?

A posição da 8ª turma do TST (posteriormente reformada):

Num primeiro momento, a 8ª Turma do TST decidiu que o peticionário


deveria juntar a documentação de comprovação da indisponibilidade
do sistema já na própria petição protocolada depois do prazo. Nesse
prumo, não aceitou o documento comprobatório apresentado
posteriormente no intuito de demonstrar a indisponibilidade do sistema.

A atual posição da SBDI-1 do TST:

O posicionamento da 8ª turma foi reformado pela SBDI-1 no presente


julgamento.

Quando não se trata de fato imputável ao usuário, mas sim ao próprio


sistema do Poder Judiciário, aplica-se o art. 24, §2º, da IN n. 30 do TST:
“se o serviço respectivo do Portal - JT se tornar indisponível por motivo
técnico que impeça a prática do ato no termo final do prazo, este fica
automaticamente prorrogado para o primeiro dia útil seguinte à resolução do
problema”.

Pois bem, diante da indisponibilidade do sistema em razão de falha do


próprio sistema do Poder Judiciário, o prazo fica automaticamente
prorrogado para o primeiro dia útil seguinte à resolução do problema.
Nesse caso, a prorrogação do prazo recursal é automática, independendo
de apresentação de requerimento, sendo tampouco necessária sua
comprovação, especialmente pelo fato de o relatório de indisponibilidade
do sistema ser publicado apenas após a apresentação da petição.

No tocante à comprovação da situação de indisponibilidade do


sistema, tem-se que por ser a manutenção do sistema
responsabilidade do órgão do Judiciário, a ele caberá a certificação
nos autos do processo, tal qual tivesse ocorrido feriado forense.

Portanto, em se tratando da existência de óbice ao serviço de protocolo


gerado pelo próprio Tribunal, na espécie em razão da indisponibilidade do
sistema E-doc, equipara-se, dessa forma, ao fechamento excepcional
do fórum (art. 184, § 1º, inciso II, do CPC).

No caso concreto, considerando-se que logo após a decretação da


intempestividade dos primeiros embargos de declaração a parte opôs
novos embargos com a informação e a juntada do boletim de
indisponibilidade, vislumbra-se a incidência da orientação inscrita no
inciso III da Súmula nº 385 do TST, pois existia, na espécie, a
necessidade de reanálise dos requisitos inerentes ao prazo recursal, em
face da apresentação de prova documental superveniente em embargos
de declaração, exata situação dos autos.

Assim, ao contrário do que decidido, não se divisa a hipótese de


preclusão, eis que a oportunidade para a apresentação da prova de
indisponibilidade do sistema se fez no momento processual subsequente,
configurado, in casu, na oposição dos embargos de declaração seguintes.

SÚMULA 385, III, do TST. FERIADO LOCAL. AUSÊNCIA DE EXPEDIENTE


FORENSE. PRAZO RECURSAL. PRORROGAÇÃO. COMPROVAÇÃO.
NECESSIDADE. ATO ADMINISTRATIVO DO JUÍZO “A QUO”.
I – Incumbe à parte o ônus de provar, quando da interposição do recurso, a
existência de feriado local que autorize a prorrogação do prazo recursal.
Súmulas
II – Na hipótese de feriado forense, incumbirá à autoridade que proferir a decisão
de admissibilidade certificar o expediente nos autos.
III – Na hipótese do inciso II, admite-se a reconsideração da análise da
tempestividade do recurso, mediante prova documental superveniente, em
Agravo Regimental, Agravo de Instrumento ou Embargos de Declaração.
OJ’s Não há OJ’s aplicáveis diretamente à decisão em comento.
Art. 10 da Lei 11.419/06. A distribuição da petição inicial e a juntada da
contestação, dos recursos e das petições em geral, todos em formato digital, nos
autos de processo eletrônico, podem ser feitas diretamente pelos advogados
públicos e privados, sem necessidade da intervenção do cartório ou secretaria
judicial, situação em que a autuação deverá se dar de forma automática,
fornecendo-se recibo eletrônico de protocolo.
§1º Quando o ato processual tiver que ser praticado em determinado prazo, por
meio de petição eletrônica, serão considerados tempestivos os efetivados até as
24 (vinte e quatro) horas do último dia.
§2º No caso do § 1º deste artigo, se o Sistema do Poder Judiciário se tornar
Referências indisponível por motivo técnico, o prazo fica automaticamente prorrogado para o
legislativas primeiro dia útil seguinte à resolução do problema.

897-A da CLT. Caberão embargos de declaração da sentença ou


acórdão, no prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na
primeira audiência ou sessão subsequente a sua apresentação, registrado
na certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão
e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos
pressupostos extrínsecos do recurso.
Parágrafo único. Os erros materiais poderão ser corrigidos de ofício ou a
requerimento de qualquer das partes.
Art. 184 do CPC. Salvo disposição em contrário, computar-se-ão os
prazos, excluindo o dia do começo e incluindo o do vencimento.
§1º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se o
vencimento cair em feriado ou em dia em que:
I - for determinado o fechamento do fórum;
II - o expediente forense for encerrado antes da hora normal. (...)

Referências -
TST-E-ED-ED-RR-1940-61.2010.5.06.0000, SBDI-I, rel. Min. Luiz Philippe Vieira
Processo
de Mello Filho, 3.4.2014.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Ação civil pública. Efeitos da sentença. Alcance territorial. Inciso II do art. 103 do CDC.

É possível estender a todo território nacional os efeitos da sentença proferida em


ação civil pública ajuizada perante a Vara do Trabalho de Juiz de Fora/MG, visto
que a eficácia da decisão se rege, sob a ótica objetiva, pelo pedido e pela causa
de pedir e, sob a ótica subjetiva, pelas partes no processo.
Sendo certo que pelo alcance da lesão define-se a competência para o
julgamento da ação civil pública, os efeitos da decisão proferida devem alcançar
todos os interessados, sob pena de haver o ajuizamento de múltiplas ações civis
sobre a mesma matéria, as quais serão julgadas por juízes diversos, gerando o
risco de decisões contraditórias e militando contra os princípios da economia
processual e da segurança jurídica.

Comentários SENTENÇA E COISA JULGADA NA AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Na espécie, o MPT ajuizou ACP postulando que o Banco Santander


Banespa S.A. implementasse PCMO – Programa de Controle Médico
Ocupacional, E consignasse corretamente o registro dos horários de
trabalho de seus empregados, concedesse intervalos intra e interjornadas,
procedesse ao pagamento integral das horas extras devidas e se
abstivesse de prorroga-las além do permitido em lei.

Os pedidos foram julgados procedentes.

A questão que se debate é: os efeitos dessa decisão deverão ficar


adstritos ao limite da competência do órgão prolator da decisão ou
poderá ser estendida a todo território nacional, para abranger a
totalidade dos empregados e estabelecimentos do banco requerido?

O art. 16 da LACP (com redação dada pela Lei n. 9.494/97) dispõe que “a
sentença cível fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência
territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente
por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá
intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova”.

Esse dispositivo é duramente criticado pela doutrina, para quem “o


legislador, seguramente, confundiu competência com limites subjetivos da
coisa julgada” (LEITE, 2012).

A mesma doutrina defende que

o art. 103 do CDC, tratando de maneira inteiramente nova sobre o


instituto da coisa julgada nas ações coletivas, incluída, por óbvio, a
ACP, disciplinou, já em 1990, a coisa julgada.

Ora, a lei nova que dispõe de forma diversa sobre matéria tratada na lei
velha, sendo ambas da mesma hierarquia, revoga-a, expressa ou
tacitamente. No caso vertente, houve revogação parcial (derrogação)
tácita do art. 16 da LACP pelo art. 103 do CDC. Logo, a alteração
pretendida pelo legislador somente surtiria o efeito almejado se tivesse
sido modificada a redação dos incisos do art. 103 do CDC, pois esta era
norma em vigor na temática da coisa julgada, e não o art. 16 da LACP.
(LEITE, 2012, pág. 1369).

Mauro Schiavi (2014, pág. 1322) também faz severas críticas ao disposto
no art. 16 da LACP:

Pensamos não ter seguido a melhor diretriz do art. 16, da Lei n.


7.347/85, pois a coisa julgada proferida em ações civil públicas não
tem efeito somente no limite da competência territorial do órgão
julgador, pois é da essência dos interesses difusos e coletivos
gerarem consequências em limite territorial indeterminado. Portanto,
no nosso sentir, a coisa julgada na ACP produz efeitos em todos os
lugares onde houve a eclosão dos danos de ordem difusa ou
coletiva. Nesse sentido, são os incisos I e II do referido art. 103 do
CDC.

A SBDI-1 entendeu de acordo com a doutrina acima e decidiu que a decisão


deverá ser estendida a todos estabelecimentos do banco reclamando em
todo o território nacional.

Assim, os efeitos da coisa julgada oriunda da sentença proferida pela


Vara do Trabalho de Juiz de Fora/MG abrangerão todos os empregados,
por aplicação subsidiária do inciso II do art. 103 do CDC, que define os
efeitos ultra partes da coisa julgada, limitados ao grupo, categoria ou classe,
quando se tratar da tutela de direitos coletivos ou individuais homogêneos.

Finalmente, cumpre destacar que a Orientação Jurisprudencial 130 da


SBDI-2 do TST estabelece o local do dano com o foro competente para
apreciar e julgar a ação civil pública, situação jurídica que não tem o
condão de restringir a eficácia da sentença à competência territorial do
órgão prolator da decisão.
Súmulas Não há súmulas aplicáveis diretamente à decisão em comento.
OJ n. 130 da SBDI-2 do TST. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. COMPETÊNCIA.
LOCAL DO DANO. LEI Nº 7.347/1985, ART. 2º. CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR, ART. 93.
I – A competência para a Ação Civil Pública fixa-se pela extensão do dano.
II – Em caso de dano de abrangência regional, que atinja cidades sujeitas à
jurisdição de mais de uma Vara do Trabalho, a competência será de qualquer
OJ’s
das varas das localidades atingidas, ainda que vinculadas a Tribunais
Regionais do Trabalho distintos.
III – Em caso de dano de abrangência suprarregional ou nacional, há
competência concorrente para a Ação Civil Pública das Varas do Trabalho das
sedes dos Tribunais Regionais do Trabalho.
IV – Estará prevento o juízo a que a primeira ação houver sido distribuída.
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas
poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste
código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares
pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste
código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo,
categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma
relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os
decorrentes de origem comum.

Art. 16 da LACP. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da
competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado
improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado
poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.
Referências
legislativas Art. 103, II, do CDC. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença
fará coisa julgada:
I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por
insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar
outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de nova prova, na hipótese do
inciso I do parágrafo único do art. 81;
II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo
improcedência por insuficiência de provas, nos termos do inciso anterior, quando
se tratar da hipótese prevista no inciso II do parágrafo único do art. 81;
III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar
todas as vítimas e seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único
do art. 81.
§1° Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e II não prejudicarão
interesses e direitos individuais dos integrantes da coletividade, do grupo,
categoria ou classe.
§2° Na hipótese prevista no inciso III, em caso de improcedência do pedido,
os interessados que não tiverem intervindo no processo como litisconsortes
poderão propor ação de indenização a título individual. (...)
 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho.
10. ed. São Paulo: LTr, 2012.
Referências
 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São
Paulo: LTr, 2014.
TST-E-ED-RR-32500-65.2006.5.03.0143, SBDI-I, rel. Min. Carlos Alberto Reis de
Processo
Paula, red. p/ acórdão Min. Lelio Bentes Corrêa, 3.4.2014.

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO


Adicional de periculosidade devido a servidores da Administração Direta não pode ser
estendida aos empregados de fundação pública (administração indireta).

O art. 1º da Lei Complementar nº 315/83 do Estado de São Paulo prevê a


concessão de adicional de periculosidade apenas para o servidor (estatutário ou
celetista) da administração pública centralizada que exerça as suas atividades,
de forma permanente, em estabelecimentos penitenciários. Portanto, excluem-se
do alcance do referido dispositivo legal os empregados fundação Funap, porque
se trata de fundação pública estadual, detentora de personalidade jurídica
própria, integrante da administração indireta do estado.1

Comentários O art. 1° da Lei Complementar Estadual 315/83 prevê:

“Aos funcionários públicos e servidores da Administração Centralizada


do Estado, abrangidos pela Lei Complementar nº 180, de 12 de maio de
1978, será concedido um adicional de periculosidade pelo exercício, em
caráter permanente, em estabelecimentos penitenciários”.

Por sua vez, o art. 1° da Lei Complementar 180/78 prescreve:

“Esta lei complementar institui o Sistema de Administração de Pessoal


relativo aos funcionários públicos civis e servidores da Administração
Centralizada e da Autarquia do Estado”.

Como se vê, a norma instituidora do direito ao adicional de periculosidade,


para sua incidência, exige que o titular do direito seja funcionário público
do Estado de São Paulo ou servidor público da administração centralizada
do Estado de São Paulo, desde que abrangido pelo regime da LC 180/78.

Conforme consta do acórdão recorrido

Tendo a lei se referido expressamente a funcionários públicos e


servidores, não cabe ao intérprete tomar ambos os termos como
sinônimos. Com efeito, servidor público é o gênero, ao qual pertencem,
como espécies, a categoria dos funcionários públicos (estatutários) e a
dos empregados públicos (celetistas).

1
Julgado de menor relevância para concursos públicos, já que diz respeito a caso muito específico,
envolvendo legislação estadual.
Impõe-se concluir que o titular do direito subjetivo à percepção do
adicional de periculosidade deve ser, necessariamente, ou funcionário
público (servidor estatutário) do Estado de São Paulo ou servidor
público (estatutário ou celetista) da administração centralizada do
Estado de São Paulo.

O reclamante é empregado público da administração descentralizada do


Estado de São Paulo, dado que a recorrida é uma fundação pública.
Assim, a Lei Complementar 315/83, no que concerne ao adicional de
periculosidade, não se aplica ao reclamante.

Em conclusão, a Lei Complementar 315/83, no que concerne ao adicional


de periculosidade, não se aplica aos empregados públicos da
administração descentralizada do Estado de São Paulo.

Súmulas Não há súmulas aplicáveis diretamente à decisão em comento.

OJ’s Não há OJ’s aplicáveis diretamente à decisão em comento.

Referências
legislativas
Legislação estadual já citada e transcrita acima.

Referências -

TST-E-RR-35200-69.2006.5.02.0069, SBDI-I, rel. Min. Horácio Raymundo de


Processo
Senna Pires, 3.4.2014.
Informativo Esquematizado: TST n. 79
Período: 8 a 22 de abril de 2014.
Raphael Miziara (Advogado e Prof.) e Roberto W. Braga (Juiz do Trabalho 22ª Região e Prof.)

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Incompetência funcional da SDC para ação de ressarcimento.

A SDC não tem competência funcional para o julgamento de ação de ressarcimento por
danos materiais, cumulada com obrigação de fazer, ajuizada por sindicato, pois o que se
pretende é o pagamento de verbas trabalhistas decorrentes do descumprimento de
normas legais e constitucionais, e não o pronunciamento do Poder Judiciário acerca do
estabelecimento de normas para regulamentar as condições de trabalho da categoria
profissional.

Comentários O que é competência funcional?

A competência funcional (ou em razão da função) é fixada em virtude de certas


atribuições especiais conferidas aos órgãos judiciais em determinados processos.
De acordo com o art. 93 do CPC, aplicado subsidiariamente ao processo do
trabalho, a competência funcional dos tribunais é regida pela Constituição, pelas
leis processuais e pelos regimentos internos, enquanto a dos juízes de primeiro
grau é disciplinada na própria legislação processual trabalhista (especialmente, a
CLT) e, subsidiariamente, pelo CPC. (LEITE, 2012, pág. 272).

Miessa (2013, pág. 102) afirma que a competência funcional é aquela fixada em
decorrência da distribuição interna de atribuições (funções) dos órgãos judiciais,
no caso, da Justiça do Trabalho.

Como se classifica a competência funcional?

Segundo Schiavi (2014, pág. 299) e Miessa (2014, pág. 102), a competência
funcional pode ser:

a) originária,
b) recursal, ou
c) executória.

A doutrina ainda divida a competência funcional em:

a) vertical (hierárquica ou por graus – entre órgãos que exercem graus de


jurisdição diversos); ou,
b) horizontal (entre órgãos que exercem o mesmo grau de jurisdição).

Tomando-se por base os órgãos que compõe a Justiça do Trabalho, pode-se dizer
que existe a competência funcional das Varas do Trabalho, dos TRTs e do TST. A
competência funcional originária da SDC do TST é ditada pelo art. 70, I, do RITST.
A competência funcional é absoluta ou relativa?

A competência funcional é ABSOLUTA.

Diferenças entre competência absoluta e competência relativa1

ABSOLUTA RELATIVA
Competência material;
Competência territorial;
competência em razão
Espécies competência em razão
da pessoa; competência
do valor da causa.
funcional.
Qualquer tempo e grau
de jurisdição, exceto
Momento de alegação instância superior que Prazo para resposta.
depende do
prequestionamento.
Conhecimento ex Pode ser conhecida ex Não pode ser conhecida
officio officio. ex officio.
Qualquer petição e até
Exceção de
Forma de alegação mesmo oralmente na
incompetência.
audiência.
Pode ser modificada
Não pode ser pela: a) prorrogação; b)
Modificação
modificada. conexão; ou c)
continência.
Nulidade Gera nulidade absoluta. Gera nulidade relativa.
Poderá ser objeto de Não pode ser objeto de
Ação Rescisória
ação rescisória. ação rescisória.

O caso concreto

O sindicato autor formulou uma série de pedidos que não veiculava qualquer das
hipóteses descritas no citado art. 70 do RITST.

Como narrado pelo próprio Sindicato Autor na petição inicial "o objeto da demanda
é a preservação da saúde física e mental do trabalhador, mediante a restauração
da norma antevista pelo artigo 145 da CLT e, por conseguinte, o pleno gozo do
descanso anual... em suma, coibir lesão a direitos individuais homogêneos".

Como consta do voto vencedor, no caso concreto, o Sindicato não pretende o


pronunciamento do Poder Judiciário acerca do estabelecimento de normas gerais
para regulamentar condições de trabalho de uma categoria profissional, mas sim o
pagamento de verbas decorrentes de normas legais e constitucionais não
observadas.

Ou seja, objeto delimitado na ação, pelo sindicato, escapa à competência


funcional da SDC. Assim, obviamente, não é toda ação coletiva que deverá ser

1
MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho para concursos. Salvador: JusPodivm, 2013. pág. 83.
julgada originariamente pela SDC. Nesse caso, por exemplo, tem-se a
competência do juízo de primeiro grau.

EMENTA DA DECISÃO

Vale a pena a leitura da ementa da decisão:

AÇÃO DE RESSARCIMENTO POR DANOS MATERIAIS CUMULADA COM


OBRIGAÇÃO DE FAZER. INCOMPETÊNCIA FUNCIONAL DA SEÇÃO DE DISSÍDIOS
COLETIVOS PARA O JULGAMENTO DO FEITO. ART. 70, I, DO REGIMENTO
INTERNO DESTA CORTE. A competência funcional, na Justiça do Trabalho, é
disciplinada na CLT e nos regimentos internos de cada Tribunal Regional e
deste Tribunal Superior. Trata-se de competência absoluta, determinada em
razão da hierarquia dos órgãos judiciários e em face das funções exercidas
pelo juiz nos processos. A competência desta Seção Especializada vem
disciplinada no art. 70, I, do Regimento Interno desta Corte. Da leitura do
dispositivo, depreende-se que a competência funcional desta SDC não se
estabelece pela qualidade das partes envolvidas na relação jurídica,
tampouco pelo simples fato de se tratar de demanda de natureza coletiva
(Sindicato como substituto processual). A presente ação não veicula qualquer
das hipóteses descritas no citado art. 70 do RITST. O Sindicato Autor, na
petição inicial, pleiteia a regularização da concessão de férias, com a
condenação da Fundação em obrigação de fazer, além de pagamentos diversos
referentes ao instituto. Trata-se, em verdade, de ação de natureza coletiva a
ser apreciada pelo Juízo da Vara do Trabalho, autoridade competente para o
julgamento das ações coletivas ajuizadas pelos Sindicatos na qualidade de
substituto processual, em que pleiteia a condenação de verbas de natureza
trabalhista e o respeito à legislação aplicável. Neste caso concreto, o Sindicato
não pretende o pronunciamento do Poder Judiciário acerca do
estabelecimento de normas gerais para regulamentar condições de trabalho
de uma categoria profissional, mas sim o pagamento de verbas decorrentes
de normas legais e constitucionais não observadas. Ressalte-se que não se
cogita, nesta hipótese, de remessa dos autos ao juízo competente, porquanto
deve ser observada, na hipótese, a aplicação analógica da OJ 130, III, da SDI-
2/TST (quando o dano for de abrangência suprarregional ou nacional, a
competência será de qualquer das Varas do Trabalho das sedes dos Tribunais
Regionais do Trabalho). Processo extinto, sem resolução de mérito, nos
termos do art. 267, IV, do CPC.
Súmulas Não há súmula aplicável diretamente ao caso comentado

OJ n. 130, item II, da SBDI-2 do TST. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. COMPETÊNCIA.


LOCAL DO DANO. LEI nº 7.347/1985, ART. 2º. CÓDIGO DE DEFESA DO
OJs CONSUMIDOR, ART. 93. (...) II – Em caso de dano de abrangência regional, que
atinja cidades sujeitas à jurisdição de mais de uma Vara do Trabalho, a
competência será de qualquer das varas das localidades atingidas, ainda que
vinculadas a Tribunais Regionais do Trabalho distintos. (...)
Art. 93 do CPC. Regem a competência dos tribunais as normas da Constituição
da República e de organização judiciária. A competência funcional dos juízes de
primeiro grau é disciplinada neste Código.

Art. 70, I, do RITST. À Seção Especializada em Dissídios Coletivos compete:

I – originariamente:

a) julgar os dissídios coletivos de natureza econômica e jurídica, de sua


competência, ou rever suas próprias sentenças normativas, nos casos
Referências previstos em lei;
legislativas
b) homologar as conciliações firmadas nos dissídios coletivos;
c) julgar as ações anulatórias de acordos e convenções coletivas;
d) julgar as ações rescisórias propostas contra suas sentenças normativas;
e) julgar os agravos regimentais contra despachos ou decisões não definitivas,
proferidos pelo Presidente do Tribunal, ou por qualquer dos Ministros
integrantes da Seção Especializada em Dissídios Coletivos;
f) julgar os conflitos de competência entre Tribunais Regionais do Trabalho em
processos de dissídio coletivo;
g) processar e julgar as medidas cautelares incidentais nos processos de
dissídio coletivo; e
h) processar e julgar as ações em matéria de greve, quando o conflito exceder
a jurisdição de Tribunal Regional do Trabalho.

 DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. Vol. I. 6.


ed. São Paulo: Malheiros, 2009.
 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Direito Processual do Trabalho. 10. ed. São
Paulo: LTr, 2013.
 MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho para concursos. Salvador: JusPodivm,
Referências
2013.
 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo:
LTr, 2014.
 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil.
Volume Único. 6. ed. São Paulo: Método, 2014.

Processo
TST-RTOrd-553-37.2014.5.00.0000, SDC, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado,
8.4.2014.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Erro na indicação do nome da parte e ausência de prejuízo à parte contrária face à
existência de outros elementos de identificação. Mero erro material.

Não há falar em ilegitimidade recursal na hipótese em que o erro na indicação do nome


da parte recorrente não causou prejuízo à parte adversa (art. 794, CLT), nem impediu a
análise do recurso de revista, eis que o feito pode ser identificado por outros elementos
constantes dos autos, corretamente nominados.
Comentários Interposto o recurso verifica-se que o nome que consta da folha de rosto e
nas razões recursais é diverso/outro ao da parte – quid iuris?

1ª corrente: deve ser reconhecida a ilegitimidade recursal. Argumenta-se que a


interposição de recurso tem como pressuposto a existência de
sucumbência, de prejuízo da parte com a decisão proferida (art. 499, caput,
do CPC). Assim, ao recorrer, a parte vencida busca obter a reforma de uma
decisão que lhe foi desfavorável.

2ª corrente: Depende da existência ou não de prejuízo. Se, mesmo diante de


erro na indicação do nome da parte, se puder constatar a ausência de prejuízo à
parte contrária, de modo que a haja outros elementos de identificação, não existe
razão para que se decrete a ilegitimidade recursal.

Na hipótese concreta, não obstante tenha constado na folha de rosto e nas


razões do apelo o nome da empresa JBS S/A, as circunstâncias e os elementos
dos autos (número do processo, nome do reclamante, comprovante de depósito
recursal e guia GRU Judicial) permitiam apreender que o correto nome da
recorrente era S/A Fábrica de Produtos Alimentícios Vigor.

Com efeito, constou equivocadamente o nome da empresa "JBS S/A", sendo que
todas as demais circunstâncias e documentos colacionados com o recurso
e nos autos apontam no sentido de que o nome a ser estampado era "S/A
FÁBRICA DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS VIGOR".

Essa decisão aplica o princípio da instrumentalidade das formas (ver


comentários ao informativo n. 74 do TST)

Súmulas Não há súmulas relacionada diretamente ao caso julgado.

OJs Não há OJ relacionada diretamente ao caso julgado.

Referências Art. 499, CPC - O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro
legislativas prejudicado e pelo Ministério Público.

Referências -

TST-E-RR-652000-90.2009.5.09.0662, SBDI-I, rel. Min. Augusto César Leite de


Processo
Carvalho, 10.4.2014.

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO


Desídia e necessidade de gradação da pena para dispensa por justa causa.

Para a caracterização da desídia de que trata o art. 482, “e”, da CLT, faz-se necessária a
habitualidade das faltas cometidas pelo empregado, bem como a aplicação de
penalidades gradativas, até culminar na dispensa por justa causa.

Comentários Desídia: conceito e caracterização.


Para Alice Monteiro de Barros (2007, pág. 864), a justa causa consiste na prática
de ato doloso ou culposamente grave por uma das partes e pode ser o motivo
determinante da resolução do contrato.

Acerca da desídia como ato faltoso, a mesma autora ensina (fls. 876/877):

A desídia implica violação ao dever de diligência. Embora alguns


autores admitam possa ser intencional, dolosa, entendemos que ela
pressupõe culpa e caracteriza-se pelo desleixo, pela má vontade, pela
incúria, pela falta de zelo ou de interesse no exercício de suas funções. A
desídia manifesta-se pela deficiência qualitativa do trabalho e pela
redução de rendimento. [...] Independentemente do seu enquadramento,
certo é que para que se configure a justa causa, é necessário que
tenha havido a aplicação de medidas disciplinares visando a
recuperar o trabalhador para o caminho da exação funcional. Se o
empregador não o puniu, é porque não considerou seu
comportamento reprovável. [...] Frise-se, entretanto, que em se
tratando se desídia grave, ela dispensa a aplicação de medidas
disciplinares anteriores e poderá se configurar pela prática de um só
fato. (gn)

Para a dispensa por justa causa com fulcro no art. 482, e, da CLT, é sempre
necessária a gradação de penalidades?

Não.
- regra geral: a evidenciação de um comportamento repetido e habitual
do trabalhador, uma vez que as manifestações de negligência tendem a
não ser tão graves, caso isoladamente consideradas. Nesse caso, a
aplicação gradativa de penalidades é indispensável à higidez da
dispensa por justa causa.

- excepcionalmente: pode existir conduta desidiosa que se concentre em


um único ato, excepcionalmente grave. Aqui, em razão da gravidade da
desídia, não há que se falar em gradação de penalidades, podendo
ocorrer de imediato a dispensa por justa causa.

O caso concreto

In casu, comprovou-se que a dispensa do reclamante não decorreu de um único


ato desidioso suficientemente grave para justificar a justa causa, mas de uma
série de atos costumeiros e prolongados ao longo de mais de oito anos do
contrato de trabalho. Assim, a situação não se encaixava dentre as excepcionais
acima explicadas, razão pela qual deveria o empregador ter aplicado
penalidades anteriores e gradativas.

A decisão da 3ª Turma ficou assim ementada:

RECURSO DE REVISTA. JUSTA CAUSA. CONDUTA PROLONGADA


NO TEMPO. AUSÊNCIA DE REPRIMENDA ANTERIOR. DESÍDIA NO
DESEMPENHO DAS FUNÇÕES. NÃO CONFIGURAÇÃO. Por força do
princípio da continuidade da relação de emprego, é ônus do
empregador demonstrar, de forma inequívoca, a presença dos motivos
e dos requisitos ensejadores da justa causa. Percebendo-se que a
dispensa não decorreu de um único ato desidioso grave, mas de
uma série de atos costumeiros e prolongados ao longo do contrato
de trabalho, é desproporcional e descabida a aplicação da justa
causa sem qualquer penalidade anterior. Recurso de revista
conhecido e provido.

Com efeito, tal como consta da decisão, os princípios da proporcionalidade e da


gradação da pena devem ser observados, pois as punições revestem-se de
caráter pedagógico, visando o ajuste do empregado às normas da empresa.
Nesse contexto, se o empregador não observa a necessária gradação da
pena, apressando-se em romper o contrato de trabalho por justa causa,
frustra o sentido didático da penalidade, dando azo à desqualificação da
resolução contratual em razão do excessivo rigor no exercício do poder
diretivo da empresa.

Ementa da decisão

A decisão da SBDI-1, que confirmou a decisão da 3ª Turma, ficou assim


ementada:

[...] JUSTA CAUSA - PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E


GRADAÇÃO DA PENA – INOBSERVÂNCIA - APLICAÇÃO DE PENA
PER SALTUM - RESOLUÇÃO CONTRATUAL DESQUALIFICADA.
A desídia, por certo, caracteriza-se pela reiteração de atos
negligentes. Assim, se o empregador não observa a necessária
gradação da pena na hipótese, apressando-se em romper o contrato
de trabalho por justa causa, frustra o caráter pedagógico do instituto
disciplinar, dando azo à desqualificação da resolução contratual em
razão do excessivo rigor no exercício do poder diretivo da empresa.
(gn)

Súmulas Não há súmulas aplicáveis diretamente à decisão em comento.

OJs Não há OJ’s aplicáveis diretamente à decisão em comento.

Art. 482, CLT – Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho
Referências pelo empregador:
legislativas [...]
e) desídia no desempenho das respectivas funções;

 BARROS, Alice Monteiro. Curso de Direito do Trabalho, LTR, 3ª edição, 2007.


Referências  DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed. São
Paulo: LTr, 2014.

TST-E-ED-RR-21100-72.2009.5.14.0004, SBDI-I, rel. Min. Luiz Philippe Vieira de


Processo
Mello Filho, 10.4.2014.
DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO
Adicional de insalubridade e atividade no rol da NR 15 do MTE.

Para que o empregado tenha direito ao adicional de insalubridade é necessária a


classificação da atividade insalubre na relação oficial elaborada pelo Ministério do
Trabalho e Emprego, não sendo suficiente a constatação por meio de laudo pericial.

Comentários Adicional de insalubridade – breves apontamentos

Conceito

Atividade insalubre é aquela que, por sua natureza, condições ou métodos de


trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos
limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e
do tempo de exposição aos seus efeitos (art. 189, CLT).

Caracterização

A caracterização da insalubridade se faz mediante a previsão em quadro


aprovado pelo TEM (NR-15) e pela perícia realizada no local de trabalho (por
médico ou engenheiro do trabalho).

Esse quadro aprovado pelo Ministério do Trabalho adotará normas sobre os


critérios de caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes
agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a
esses agentes (art. 190, CLT).

Eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá (perda do


adicional):

I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho


dentro dos limites de tolerância;

II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ao


trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites
de tolerância. (art. 191, CLT)

Adicional

40% (quarenta por cento) – grau máximo


20% (vinte por cento) – grau médio
10% (dez por cento) – grau mínimo. (art. 192, CLT)

Situação concreta

O trabalho desempenhando em locais destinados ao atendimento


socioeducativo do menor infrator (Fundação Casa), em condições
insalubres, enseja o pagamento do adicional de insalubridade?

Não! O não enquadramento da atividade no rol previsto no anexo 14 da NR 15


do MTE, nos termos da OJ nº 4, I, da SBDI-I, não enseja o pagamento de
adicional de insalubridade.
O Anexo 14 da NR-15 da Portaria 3.214/78 do Ministério do Trabalho prevê o
pagamento do adicional de insalubridade para o pessoal que trabalha em contato
permanente com pacientes ou com material infecto-contagiante, em
estabelecimentos destinados aos cuidados da saúde humana, tais como
hospitais, enfermarias, etc.

O TST entendeu que a atividade desenvolvida no atendimento de menores


infratores em locais para tanto destinados não se enquadra no rol taxativo
do MTE (Anexo 14 da Norma Regulamentadora 15), nem se equipara à
desenvolvida nos hospitais e outros estabelecimentos de saúde, em que há
reconhecidamente o contato com agentes biológicos.

Mesmo que seja constatada a insalubridade por laudo pericial o adicional é


indevido, pois é necessária a classificação da atividade insalubre na relação
oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho, o que não ocorre no caso concreto.
Assim, em que pese a existência de laudo pericial atestando a insalubridade das
atividades desenvolvidas pelos Autores, é indevido o pagamento do respectivo
adicional, ante a ausência de amparo normativo.

A temática parece estar se pacificando no TST, confira-se, dentre muitos outros:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA -


ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. Extrai-se da decisão recorrida que
as atividades do reclamante consistiam na higiene dos adolescentes
que chegavam à unidade (corte de unha, cabelo, barba, banho,
escovação de dentes), revista nos ambientes, recolhendo as roupas
sujas (camisetas, bermudas, cuecas e conjunto de moletons, lençóis e
toalhas), recolhimento de lixo (restos de comida, bitucas de cigarro,
papel higiênico usado e outros), revista pessoal dos banheiros (ralos,
vasos sanitários, pias, mictórios), e separação e recolhimento de
adolescentes feridos em confrontos e brigas. [...] Do cotejo das
atribuições do reclamante com o disposto no Anexo 14 da NR nº 15 da
Portaria nº 3.214/78 do MTE, percebe-se que as atividades descritas
não se enquadram em nenhuma das hipóteses que ensejam a
percepção do adicional de insalubridade [...]. Na forma como posto, a
decisão recorrida está em consonância com a OJ nº 4, I, da SBDI-1 do
TST. (TST-AIRR-112200-75.2007.5.15.0061, Rel. Min. Vieira de Mello
Filho, 1ª Turma, DEJT de 09/12/11).
Súmulas Não há súmulas aplicáveis diretamente à decisão em comento.
OJ nº 4, item I, da SBDI-I. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. LIXO URBANO.
I - Não basta a constatação da insalubridade por meio de laudo pericial para
OJs que o empregado tenha direito ao respectivo adicional, sendo necessária a
classificação da atividade insalubre na relação oficial elaborada pelo Ministério
do Trabalho. [...]
Referências
legislativas
Arts. 189 a 192, da CLT – já transcritos acima.
Referências -
TST-E-RR-114800-83.2008.5.15.0142, SBDI-I, rel. Min. Renato de Lacerda
Processo
Paiva, 10.4.2014.
Informativo Esquematizado: TST n. 80
Período: 23 a 29 de abril de 2014.
Raphael Miziara (Prof. e Advogado) e Roberto W. Braga (Prof. e Juiz TRT 22ª Região)

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO


Pode ser considerado tempo à disposição do empregador aquele em que o empregado
aguarda o transporte fornecido pela empresa

Também é considerado tempo à disposição do empregador aquele em que o


empregado aguarda o transporte fornecido pela empresa, desde que presentes os
requisitos necessários ao deferimento das horas in itinere.

Todavia, tendo em conta que a jurisprudência do TST admite certa flexibilização


quanto ao cômputo de pequenas variações de tempo (Súmulas nºs 366 e 429 do
TST), devem ser tolerados dez minutos diários para a fixação da jornada.

Comentários Tempo à disposição – art. 4º da CLT.

Em regra, somente o tempo despendido no trabalho é considerado como


de serviço efetivo. Porém, não seria razoável que o empregado ficasse à
mercê do empregador aguardando o momento em que este lhe exigisse a
prestação efetiva de serviços, e só recebesse a contraprestação pelo
tempo trabalhado. Nesse prumo, a CLT traz em seu art. 4º, verbis:

Art. 4º CLT. Considera-se como de serviço efetivo o período em que o


empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou
executando ordens, salvo disposição especial expressamente
consignada.

Mesmo a partir da disposição legal acima, existem exceções em que o


empregado não está trabalhando, nem está à disposição do empregador
(aguardando ou executando ordens), mas é considerado como de serviço
efetivo.

O período de espera pelo transporte fornecido pelo empregador é


considerado tempo à disposição nos moldes do art. 4ª da CLT?

Segundo o atual entendimento do TST, o período de espera pelo


transporte fornecido pelo empregador é considerado tempo à
disposição, desde que preenchidos dois requisitos:

a) desde que presentes os requisitos necessários ao deferimento das


horas in itinere (art. 58, §2º, CLT);
b) o tempo de espera deve ser superior a 10(dez) minutos, já que
devem ser tolerados dez minutos diários para a fixação da jornada
(art. 58, § 1º, CLT e Súmulas 366 e 429, TST).

Com efeito, nesse período de espera pelo transporte não há execução de


nenhuma tarefa (também o empregado não está aguardando ou
executando ordens), mas o empregado fica privado de desempenhar
outras atividades e do convívio com a sua família, não podendo, pois, se
sujeitar à discricionariedade do empregador na escolha dos horários do
transporte por ela oferecido.

Requisito do item a)

E quais são os requisitos para deferimento das horas in itinere?

a) Local de difícil acesso ou não servidor por transporte público regular;


b) Fornecimento de condução pelo empregador.

Requisito do item b)

Em relação ao item b, cabe reiterar a parte final da Súmula 366, que


considera como horas extras a totalidade do tempo excedente à jornada
normal, caso ultrapassado o referido limite de variações de horário.

Ainda no que diz respeito ao item b, o empregador não está obrigado a


remunerar como extras os minutos que ultrapassarem a jornada, se
respeitados 10 minutos.

No julgamento do caso ora comentado, o TRT da 18ª Região seguiu a


jurisprudência majoritária do TST. Consignou-se que a jurisprudência do
Tribunal tem entendido que encontrando-se o trabalhador a efetuar
atividade atinente à dinâmica de produção empresarial ou aguardando
ao final da jornada o transporte fornecido pela empresa, também
nesses casos estaria à disposição do empregador, integrando esse
período sua jornada de trabalho.

Ementa da decisão:

HORAS EXTRAS. MINUTOS RESIDUAIS. ESPERA DE


TRANSPORTE COLETIVO FORNECIDO PELA EMPRESA. TEMPO
À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR.
Em relação ao tempo de espera do empregado pelo transporte
coletivo fornecido pelo empregador, a jurisprudência desta Corte
possui entendimento de que, quando configurada a existência de
horas in itinere, considera-se, nos termos do artigo 4º da CLT,
tempo à disposição do empregador, a ser remunerado como
horas extras, aquele despendido pelo empregado à espera da
condução, por ser esse o único meio de retornar para casa.
ATENÇÃO: Tempo de espera dos empregados rodoviários

A Lei n. 12.619/12 criou figura intermediária, denominada tempo de espera,


acrescentando o art. 235-C à CLT:

Art. 235-C. A jornada diária de trabalho do motorista profissional será a


estabelecida na Constituição Federal ou mediante instrumentos de
acordos ou convenção coletiva de trabalho.
[...]
§ 2º Será considerado como trabalho efetivo o tempo que o motorista
estiver à disposição do empregador, excluídos os intervalos para
refeição, repouso, espera e descanso.
[...]
§ 8º São consideradas tempo de espera as horas que excederem à
jornada normal de trabalho do motorista de transporte rodoviário de
cargas que ficar aguardando para carga ou descarga do veículo no
embarcador ou destinatário ou para fiscalização da mercadoria
transportada em barreiras fiscais ou alfandegárias, não sendo
computadas como horas extraordinárias.
§ 9º As horas relativas ao período do tempo de espera serão
indenizadas com base no salário-hora normal acrescido de 30% (trinta
por cento).

Segundo a doutrina, a espera não é considerada tempo à disposição


(razão pela qual não é remunerada como hora extra), mas deve ser
indenizada, à razão de 130%(cento e trinta por cento) do valor da hora
normal de trabalho. Logo, a parcela não tem natureza salarial (in
RESENDE, Ricardo. Direito do Trabalho Esquematizado. 4. ed. São Paulo:
Método, 2014. pág. 328)(GN).
Súmula 90, do TST. SUM-90 HORAS "IN ITINERE". TEMPO DE SERVIÇO.
I - O tempo despendido pelo empregado, em condução fornecida pelo
empregador, até o local de trabalho de difícil acesso, ou não servido por
transporte público regular, e para o seu retorno é computável na jornada de
trabalho.
II - A incompatibilidade entre os horários de início e término da jornada do
empregado e os do transporte público regular é circunstância que também gera o
direito às horas "in itinere".
III - A mera insuficiência de transporte público não enseja o pagamento de horas
"in itinere".
Súmulas
IV - Se houver transporte público regular em parte do trajeto percorrido em
condução da empresa, as horas "in itinere" remuneradas limitam-se ao trecho não
alcançado pelo transporte público.
V - Considerando que as horas "in itinere" são computáveis na jornada de
trabalho, o tempo que extrapola a jornada legal é considerado como extraordinário
e sobre ele deve incidir o adicional respectivo.

Súmula 366, do TST. CARTÃO DE PONTO. REGISTRO. HORAS EXTRAS.


MINUTOS QUE ANTECEDEM E SUCEDEM A JORNADA DE TRABALHO.
Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as
variações de horário do registro de ponto não excedentes de cinco minutos,
observado o limite máximo de dez minutos diários. Se ultrapassado esse limite,
será considerada como extra a totalidade do tempo que exceder a jornada normal.

Súmula 429, do TST. SUM-429 TEMPO À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR.


ART. 4º DA CLT. PE-RÍODO DE DESLOCAMENTO ENTRE A PORTARIA E O
LOCAL DE TRABALHO.
Considera-se à disposição do empregador, na forma do art. 4º da CLT, o tempo
necessário ao deslocamento do trabalhador entre a portaria da empresa e o local
de trabalho, desde que supere o limite de 10 (dez) minutos diários.
OJ’s Não há Orientação Jurisprudencial diretamente aplicável ao caso comentado.
Art. 4º CLT. Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado
esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo
disposição especial expressamente consignada.

Art. 58, §§ 1º e 2º, CLT. A duração normal do trabalho, para os empregados em


qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não
Referências seja fixado expressamente outro limite.
legislativas § 1º Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as
variações de horário no registro de ponto não excedentes de cinco minutos,
observado o limite máximo de dez minutos diários.
§ 2º. O tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para o seu
retorno, por qualquer meio de transporte, não será computado na jornada de
trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso ou não servido por
transporte público, o empregador fornecer a condução.
 RESENDE, Ricardo. Direito do Trabalho Esquematizado. 4. ed. São Paulo:
Referências
Método, 2014.
Processo
TST-E-RR-96-81.2012.5.18.0191, SBDI-I, rel. Min. Alexandre Agra Belmonte,
24.4.2014

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Erro grosseiro na interposição de recurso e (in)fungibilidade recursal.

Configura-se erro grosseiro, inviabilizando a incidência do princípio da


fungibilidade recursal, a interposição de embargos em face de acórdão proferido
pela SDI-II em julgamento de R.O. no mandado de segurança, porquanto não
inserida dentre as hipóteses de cabimento elencadas no art. 894 da CLT.

Comentários Princípio da fungibilidade recursal

- é um princípio implícito no ordenamento processual. No Código de 1939


era expresso.

- significa receber um recurso pelo outro, mais precisamente, receber o


recurso que não se entende como cabível para o caso concreto por
aquele que teria cabimento. (in NEVES, Daniel Amorim Assumpção.
Manual de Direito Processual Civil. Volume Único. 6. ed. São Paulo:
Método, 2014. pág. 689).

- é uma forma de flexibilização do pressuposto de admissibilidade recursal


do cabimento.

- fundamento: o princípio da fungibilidade se estriba no princípio da


instrumentalidade das formas, pelo qual nenhuma nulidade seja declarada
sem que exista um efetivo prejuízo.

Requisitos para aplicação do Princípio da Fungibilidade Recursal:

Sendo a exceção, o princípio da fungibilidade somente será aplicado se


preenchidos os seguintes requisitos, segundo a doutrina de Daniel Neves:

a) Dúvida fundada a respeito do recurso cabível: é preciso que


haja uma dúvida objetiva a respeito de qual o recurso cabível.
Existem situações em que será possível se mostrar duvidoso no
caso concreto qual o recurso cabível.

b) Inexistência de erro grosseiro: não se aceita o recurso quando o


mesmo for manifestamente incabível. O erro crasso, evidente,
notório, causado pela extrema imperícia do patrono, não é tutelado,
já que o princípio serve para evitar injustiças diante de erros
justificáveis (Marinoni-Arenhart, Manual, p. 522, citados por
NEVES, 2014, pág. 693).

c) inexistência de má-fé – Teoria do prazo menor: só é aplicado o


princípio quando o recorrente, ao escolher o recurso, o faz no
menor prazo, sempre que entre os recursos que geram a dúvida
existam prazos diferentes. Se há dois prazos para cada recurso,
deve a parte interpor o recurso no prazo menor dentre os dois.

Em resumo, a fungibilidade permite que, interposto no prazo adequado


para o recurso correto, ocorrendo dúvida objetiva quanto ao recurso
cabível e inexistindo erro grosseiro e má fé, o tribunal conheça do
recurso erroneamente interposto.

O Princípio da Fungibilidade Recursal é aplicável ao processo


trabalhista?

Sim. Omissa a CLT, o princípio em questão se alinha com as diretrizes


básicas do Processo do Trabalho (art. 769, CLT), máxime os princípios da
informalidade, simplicidade e efetividade deste ramo especializado da
ciência processual (cf. SCHIAVI, 2014, pág. 811).

O caso concreto

No caso concreto a parte recorrente interpôs embargos em face de


acórdão proferido pela SBDI-II em julgamento de recurso ordinário em
mandado de segurança.
As hipóteses de cabimento dos embargos no TST estão taxativamente
previstas no art. 894 da CLT. Nesse rol taxativo não se encontra a
possibilidade de interposição de embargos em face de acórdão proferido
pela SBDI-II em julgamento de recurso ordinário em mandado de
segurança. Constatou-se a presença de erro grosseiro, já que as
hipóteses de cabimento dos embargos estão taxativamente previstas na
CLT.

Qual é o recurso cabível em face de acórdão proferido pela SBDI-2 em


julgamento de Recurso Ordinário em Mandado de Segurança?

No caso, caso presentes os pressupostos, caberá RECURSO


EXTRAORDINÁRIO, nos termos do art. 102, III, da CR/88 c/c art. 266 do
RITST.

Súmulas Não há Súmula relacionada diretamente ao caso julgado.


OJs Não há OJ relacionada diretamente ao caso julgado.

Art. 769. Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte
subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for
incompatível com as normas deste Título.

Art. 894. No Tribunal Superior do Trabalho cabem embargos, no prazo de


8(oito) dias:

I - de decisão não unânime de julgamento que:

a) conciliar, julgar ou homologar conciliação em dissídios coletivos que


Referências
legislativas
excedam a competência territorial dos Tribunais Regionais do Trabalho e
estender ou rever as sentenças normativas do Tribunal Superior do
Trabalho, nos casos previstos em lei; e

b) (VETADO)

II - das decisões das Turmas que divergirem entre si, ou das decisões
proferidas pela Seção de Dissídios Individuais, salvo se a decisão
recorrida estiver em consonância com súmula ou orientação
jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo
Tribunal Federal.
 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil.
Volume Único. 6. ed. São Paulo: Método, 2014.
Referências
 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São
Paulo: LTr, 2014.

TST-RO-2418-83.2011.5.15.0000, SBDI-II, rel. Min. Emmanoel Pereira,


Processo
29.4.2014.
Informativo Esquematizado TST n. 81
Período: 30 de abril a 12 de maio de 2014.
Raphael Miziara (Prof. e Advogado) e Roberto W. Braga (Prof. e Juiz TRT 22ª Região)

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO


As horas extras do bancário ajustadas em momento posterior ao da admissão tem
natureza jurídica de salário propriamente dito

Parcela que é recebida pelo bancário em momento posterior ao de sua


contratação, em valores mensais fixos e de forma desvinculada da prestação de
serviço extraordinário não se configura típica pré-contratação de horas extras,
ostentando, em verdade, a natureza de salário propriamente dito, ainda que paga
sob a rubrica “horas extras”.

Desse modo, havendo a supressão da mencionada verba, incide ao caso a


prescrição parcial, pois configurado o mero descumprimento da obrigação de
efetuar o pagamento do salário, e não a prescrição total de que trata o item II da
Súmula nº 199 do TST, pois não se trata de horas extras pré-contratadas.

.
Comentários Duração do Trabalho do Bancário

Empregado Jornada Duração Intervalo Observações


Estas regras não
se aplicam aos
a) 6h
que exercem:
contínuas nos
- funções de
dias úteis;
De 15 direção,
minutos para fiscalização;
b) com
alimentação, - chefias ou
Bancário e exceção dos
que não são equivalentes;
economiário sábados
30h computados - ou que
(sábado = dia
semanais na jornada desempenham
Art. 224, útil não
de até seis outros cargos de
CLT. trabalhado);
horas (OJ n. confiança
178 da SBDI- - e desde que o
c) jornada de
1). valor da
trabalho entre
gratificação não
as 7:00 e
seja inferior a 1/3
22:00
do salário do
cargo efetivo.

Imagine-se a seguinte situação:

Bancário contratado em março de 1988. Sete meses depois da admissão


do empregado, inicia-se, independentemente da efetiva prestação de horas
extras, pagamento de parcela fixa mensal a título de “horas
extraordinárias”. Em 2001, o banco para de pagar a parcela relativa a
horas extras.

Incide a prescrição total ou parcial?


No caso, não se configurou típica pré-contratação de horas extras (a
contratação das horas extras se deu após o início do contrato), razão pela
qual incide a prescrição PARCIAL, afastando-se a hipótese prevista no item
II, da Súmula 199, do TST.

Logo, a prescrição aplicável é a parcial, eis que a lesão se renova no


tempo. Correta, portanto, a aplicação da prescrição parcial, na medida em
que se trata de lesão que se renova no tempo, nos termos da parte final da
Súmula 294 do TST.

ATENÇÃO: um erro comum, entretanto, é a aplicação da referida Súmula


294 a hipóteses que não configure alteração contratual. Com efeito, o TST
entende que tal verbete se aplica única e exclusivamente às situações
fáticas em que há alteração do pactuado. Portanto, sempre que o
empregador simplesmente deixa de pagar (ou de fazer, como no caso do
reenquadramento), mas disso não decorre alteração do pactuado, a
prescrição será parcial, se a parcela é de trato sucessivo (RESENDE,
Ricardo. Direito do Trabalho Esquematizado. 4. ed. São Paulo: Método,
2014. pág. 970) (GN)

No presente caso, houve supressão de horas extras?


Sim, houve supressão das horas extras prestadas, mas não de horas
extras pré-contratadas. Se fosse supressão de horas extras pré-
contratadas a prescrição seria total.

Assim, cabe observar, apoiando-se nas lições de Henrique Correia que,


citando a jurisprudência do TST, assim se pronuncia a respeito das horas
extras pré-contratadas:

a incidência da prescrição total pressupõe a circunstância de as


horas extras terem sido suprimidas. Se a ação judicial tratar de
pedido de nulidade da pré-contratação de horas extras que o
empregado vinha recebendo durante o contrato e de pagamento
da 7ª e 8ª horas de forma extraordinária (e não de horas extras
suprimidas), a prescrição será parcial, pois o pagamento de horas
extras está assegurado em lei, e o descumprimento dessa
obrigação configura lesão que se renova mês a mês (RR-713485-
27.2004.5.12.0034) (MIESSA, Élisson; CORREIA, Henrique.
Súmulas e Orientações Jurisprudenciais do TST: comentadas e
organizadas por assunto. 4. ed. Salvador: JusPodivm, 2014. pág.
517).

Em resumo, de acordo com a atual jurisprudência do TST:

- supressão de horas extras pré-contratadas: prescrição total


(item II, Súmula 199, TST);
- nulidade da pré-contratação de horas extras: prescrição parcial.

Prescrição total x prescrição parcial

- a prescrição bienal será sempre total;


- a prescrição quinquenal poderá ser total ou parcial;

Para diferenciar uma e outra o TST fundamenta-se no título jurídico


instituidor da parcela, ou seja, se preceito de lei ou não. É o teor da
Súmula 294:

PRESCRIÇÃO. ALTERAÇÃO CONTRATUAL. TRABALHADOR


URBANO. Tratando-se de ação que envolva pedido de prestações
sucessivas decorrente de alteração do pactuado, a prescrição é total,
exceto quando o direito à parcela esteja também assegurado por
preceito de lei. (gn)

SUM-199 BANCÁRIO. PRÉ-CONTRATAÇÃO DE HORAS EXTRAS.


I - A contratação do serviço suplementar, quando da admissão do trabalhador
bancário, é nula. Os valores assim ajustados apenas remuneram a jornada
normal, sendo devidas as horas extras com o adicional de, no mínimo, 50%
(cinquenta por cento), as quais não configuram pré-contratação, se pactuadas
após a admissão do bancário.
II - Em se tratando de horas extras pré-contratadas, opera-se a prescrição total
Súmulas
se a ação não for ajuizada no prazo de cinco anos, a partir da data em que foram
suprimidas.

SUM-294 PRESCRIÇÃO. ALTERAÇÃO CONTRATUAL. TRABALHADOR


URBANO. Tratando-se de ação que envolva pedido de prestações sucessivas
decorrente de alteração do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o
direito à parcela esteja também assegurado por preceito de lei.

OJ-SDI1-178 BANCÁRIO. INTERVALO DE 15 MINUTOS. NÃO COMPUTÁVEL


NA JORNADA DE TRABALHO. Não se computa, na jornada do bancário sujeito
OJs
a seis horas diárias de trabalho, o intervalo de quinze minutos para lanche ou
descanso.

Art. 224 - A duração normal do trabalho dos empregados em bancos, casas


bancárias e Caixa Econômica Federal será de 6(seis) horas continuas nos dias
úteis, com exceção dos sábados, perfazendo um total de 30 (trinta) horas de
trabalho por semana.
§ 1º - A duração normal do trabalho estabelecida neste artigo ficará compreendida
Referências
legislativas
entre 7 (sete) e 22 (vinte e duas) horas, assegurando-se ao empregado, no
horário diário, um intervalo de 15 (quinze) minutos para alimentação.
§ 2º - As disposições deste artigo não se aplicam aos que exercem funções de
direção, gerência, fiscalização, chefia e equivalentes, ou que desempenhem
outros cargos de confiança, desde que o valor da gratificação não seja inferior
a 1/3 (um terço) do salário do cargo efetivo.
 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed. São
Paulo: LTr, 2014.
 MIESSA, Élisson; CORREIA, Henrique. Súmulas e Orientações
Referências Jurisprudenciais do TST: comentadas e organizadas por assunto. 4. ed.
Salvador: JusPodivm, 2014.
 RESENDE, Ricardo. Direito do Trabalho Esquematizado. 4. ed. São Paulo:
Método, 2014.

TST-E-ED-RR-213000-55.2007.5.09.0069, SBDI-I, rel. Min. João OresteDalazen,


Processo
8.5.2014.

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO


Gueltas: natureza jurídica salarial

Assim como as gorjetas, as gueltas – bonificações pagas ao empregado por


terceiros (pelo fabricante do produto comercializado pelo empregador) em
virtude do contrato de trabalho – decorrem diretamente do contrato de trabalho,
integrando a remuneração do empregado.

Comentários Situação: Em virtude de contrato de trabalho celebrado com empresa


atacadista de produtos farmacêuticos, a reclamante percebia,
habitualmente, valores “extra recibo” decorrentes de bonificações pagas
por laboratórios a título de incentivo pela venda de medicamentos.

Qual a natureza jurídica dos valores pagos por terceiros (no caso, os
laboratórios) aos empregados?

Posição majoritária na doutrina e jurisprudência: natureza jurídica salarial,


pois o incentivo dado ao empregado beneficia diretamente o empregador,
em razão do incremento nas vendas e da repercussão no lucro do
empreendimento.

Assim, em certas atividades, os fabricantes ou fornecedores oferecem


valores para os empregados da empresa que distribui/comercializa seus
produtos no caso de cumprimento de determinadas metas ou ocorrendo o
aumento das vendas.

Tal situação geralmente ocorre em postos de gasolina, quando o frentista


vende determinados tipos de aditivo, ou produtos semelhantes; em
farmácias quando o balconista oferece algum tipo de produto ou ainda,
por exemplo, quando agentes de turismo indicam determinadas lojas,
serviços, bares ou restaurantes.

Esses valores são chamados de GUELTAS e tem a mesma natureza


jurídica das gorjetas, por aplicação analógica do art. 457, § 3º, da CLT.
As gueltas, assim como as gorjetas, geram reflexos nas:
- férias mais 1/3;
- nos 13ºs salários;
- no FGTS mais 40%.

Porém, não servem de base de cálculo para as parcelas de:


- aviso prévio;
- horas extras;
- adicional noturno;
- repouso semanal remunerado.

Em contrário (posição minoritária), negando a natureza salarial, pelo


simples fato de ser quitada por terceiro alheio à relação empregatícia:

A parcela denominada guelta não tem natureza salarial quando a


prova dos autos sinaliza que era quitada pelos fornecedores no
intuito de fomentar as vendas de seus produtos comercializados
no estabelecimento comercial da reclamada através do incentivo
pecuniário aos vendedores que privilegiam determinada marca
em detrimento das demais, quando da oferta aos clientes.
Destarte, na forma do disposto no artigo 457 da CLT, não se
compreende na remuneração o pagamento de prêmios e
vantagens, mesmo que habituais, que não eram quitados
diretamente pelo empregador” (RO/16159/02 – TRT 3ª R – 7ª
Turma — rel. juiz Manoel Barbosa da Silva — DJMG 18-02-03).

A doutrina diverge. Em posicionamento minoritário, Gustavo Filipe


Barbosa Garcia afirma que as gueltas não se tratam de salário, tampouco
se equiparam à gorjeta (GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de
Direito do Trabalho. 8. ed. São Paulo: Método, 2014. pág. 436).
SUM-354 GORJETAS. NATUREZA JURÍDICA. REPERCUSSÕES. As
gorjetas, cobradas pelo empregador na nota de serviço ou oferecidas
Súmulas espontaneamente pelos clientes, integram a remuneração do empregado, não
servindo de base de cálculo para as parcelas de aviso-prévio, adicional
noturno, horas extras e repouso semanal remunerado.

OJs Não há OJ relacionada diretamente ao caso julgado.


Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os
efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como
contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.
Referências
legislativas
§ 3º - Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo
cliente ao empregado, como também aquela que for cobrada pela empresa ao
cliente, como adicional nas contas, a qualquer título, e destinada a distribuição
aos empregados.

 GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 8. ed. São


Referências
Paulo: Método, 2014.
TST-E-RR-224400-06.2007.5.02.0055, SBDI-I, rel. Min. João Oreste Dalazen,
Processo
8.5.2014.

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO


Idoso e dispensa não discriminatória.

Não implica conduta discriminatória a dispensa de professor universitário, sem


justa causa, ao completar 70 anos de idade, na hipótese em que a dispensa
decorreu do poder potestativo do empregador, realizado nos limites da
legalidade e sem abuso de direito, porque fundamentada em cláusula de acordo
coletivo.

Comentários O que é discriminação?

De acordo com a Convenção 111 da OIT, o termo “discriminação”


compreende:

a) toda distinção, exclusão ou preferência fundada na raça, cor,


sexo, religião, opinião política, ascendência nacional ou origem
social, que tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade de
oportunidade ou de tratamento em matéria de emprego ou
profissão;

b) qualquer outra distinção, exclusão ou preferência que tenha


por efeito destruir ou alterar a igualdade de oportunidades ou
tratamento em matéria de emprego ou profissão que poderá ser
especificada pelo Membro interessado depois de consultadas as
organizações representativas de empregadores e trabalhadores,
quando estas existam, e outros organismos adequados.

Vale lembrar que, de acordo com o item 2 da mesma Convenção, as


distinções, exclusões ou preferências fundadas em qualificações exigidas
para um determinado emprego não são consideradas como discriminação.

Modalidades de Discriminação (abordaremos as principais):

Classificação das discriminações pela intencionalidade


Discriminação intencional ou direta: é a prática intencional ou
consciente de discriminação contra um indivíduo ou grupo.
Discriminação não intencional (ou discriminação indireta ou disparate
impact): não há intencionalidade. Não é necessário comprovar-se
qualquer motivação discriminatória para a censura judicial de uma
medida aparentemente neutra, que, todavia, tem impacto diferenciado
sobre indivíduos ou grupos. A própria Convenção 111 da OIT
contempla a discriminação indireta quando faz referência a distinções,
exclusões, restrições ou preferências que tenha o propósito OU
EFEITO de anular ou prejudicar o reconhecimento, gozo ou exercício
em pé de igualdade, de direitos. É dizer, não precisa ser intencional,
basta a causa, o efeito, para que se configure a discriminação indireta.
São medidas aparentemente neutras, mas efetivamente
discriminatórias. (cf. RIOS, Roger Raupp. Direito da Antidiscriminação:
discriminação direta, indireta e ações afirmativas. Porto Alegre: Livraria
do Advogado, 2008. pág. 149).

Classificação das discriminações pela prejudicialidade


Discriminações negativas: são aquelas que podem tratar alguém de
maneira menos favorável que outra pessoa ou grupo, bem como
implicam em exclusão ou prejuízo acentuado para determinada pessoa
ou grupo e carregam uma noção de prejudicialidade.
Discriminações positivas (ou discriminação reversa1 ou ações
afirmativas): previstas no art. 5º, item 1 e 2, da Convenção 111 da OIT
e são aquelas deliberadamente adotadas, por meio de atitudes
diferenciadoras, para procurar promover socialmente determinados
grupos historicamente prejudicados, conferindo-lhe maior igualdade de
oportunidades. São positivas pelo fato de promover uma equalização
social desses grupos. (cf. LIMA, Firmino Alves. Teoria da Discriminação
nas Relações de Trabalho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. pág. 212).

Imagine-se a seguinte situação:

Professor universitário que tem rescindido o contrato, sem justa causa, ao


completar 70 anos de idade. A despedida é discriminatória?

O TST entendeu que não. Segundo o entendimento do Tribunal Superior


do Trabalho, reputa-se não violado o art. 1º da Lei 9.029/95 no caso em
que cláusula normativa estabelece a possibilidade de dispensa por idade,
pois se trata de critério genérico de afastamento de pessoa do trabalho
firmado com base em negociação coletiva e, portanto, oriunda da vontade
da categoria profissional.

Vê-se que, no caso concreto, o TST ressalta a existência de cláusula


normativa que previa a dispensa por idade, com base em critérios
genéricos.
Súmulas Não há Súmula relacionada diretamente ao caso julgado.
OJs Não há OJ relacionada diretamente ao caso julgado.
Art. 1º da Lei 9.029/95. Fica proibida a adoção de qualquer prática
discriminatória e limitativa para efeito de acesso a relação de emprego, ou sua
manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar
ou idade, ressalvadas, neste caso, as hipóteses de proteção ao menor previstas
Referências
legislativas
no inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal.

Lei 10.741/2003 – Estatuto do Idoso.


Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de atividade profissional, respeitadas
suas condições físicas, intelectuais e psíquicas.

1
A expressão discriminação reversa foi utilizada na obra “A Economia da Justiça”, de Richard A. Posner.
Art. 27. Na admissão do idoso em qualquer trabalho ou emprego, é vedada a
discriminação e a fixação de limite máximo de idade, inclusive para concursos,
ressalvados os casos em que a natureza do cargo o exigir.
Parágrafo único. O primeiro critério de desempate em concurso público será a
idade, dando-se preferência ao de idade mais elevada.

 MELO, Celso Antônio Bandeira de. Conteúdo Jurídico do Princípio da


Igualdade. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2007
 LIMA, Firmino Alves. Teoria da Discriminação nas Relações de Trabalho.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
Referências
 POSNER, Richard A. A Economia da Justiça. Trad.: Evandro Ferreira e
Silva. São Paulo: Martins Fontes.
 RIOS, Roger Raupp. Direito da Antidiscriminação: discriminação direta,
indireta e ações afirmativas. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008.

TST-RO-27-40.2012.5.18.0000, SBDI-II, rel. Min. Hugo Carlos Scheuermann,


Processo
red. p/ acórdão Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 6.5.2014.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Precatórios e impossibilidade de redução nos descontos do Fundo de Participação
Municipal (FPM).2

A estipulação do percentual de comprometimento da receita líquida oriunda do


Fundo de Participação dos Municípios - FPM ofertada para pagamento de
precatórios em razão da opção pelo regime especial (art. 97 do ADCT e
Resolução nº 115/2010 do CNJ) segue critérios legais vinculantes. Assim sendo,
não há margem para que a autoridade gestora da conta especial de precatórios
trabalhistas defira requerimento de redução do percentual do FPM destinado ao
regime especial de precatórios, ainda que o Município alegue dificuldades
financeiras, prejuízo à coletividade e comprometimento dos serviços públicos.
Comentários Natureza da atividade desenvolvida pelo Presidente do Tribunal no
processamento de precatórios

Os atos praticados por Presidentes de Tribunais no tocante ao


processamento e pagamento de precatórios judiciais, a linha da firme
jurisprudência do STF, têm natureza administrativa, não jurisdicional.

“(...) 2. Recurso extraordinário: descabimento: natureza administrativa e,


não jurisdicional, da decisão proferida pelo Presidente do Tribunal no
processamento de precatório, bem como da proferida pelo mesmo Tribunal
em agravo regimental contra aquela interposto: precedentes.” (AI 437.009-
AgR/PE, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - grifei)

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DECISÃO HOMOLOGATÓRIA.


PRECATÓRIO. ATIVIDADE ADMINISTRATIVA.
I. - A atividade do Presidente do Tribunal de Justiça desenvolvida no
processamento de precatório tem natureza administrativa e não
2
Julgado de menor relevância para concursos públicos da área trabalhista.
jurisdicional, não se qualificando, assim, como causa a desafiar o manejo do
recurso extraordinário.
II. - Agravo não provido.” (AI 409.331-AgR/SP, Rel. Min. CARLOS
VELLOSO - grifei)

No caso concreto, decidiu-se que a autoridade gestora da conta especial


de precatórios trabalhistas não pode deferir requerimento de redução do
percentual do FPM destinado ao regime especial de precatórios, ainda
que o Município alegue dificuldades financeiras, prejuízo à coletividade e
comprometimento dos serviços públicos.

O Município pretendia a redução do repasse de 7% do Fundo de


Participação dos Municípios destinado ao pagamento das dívidas judiciais
trabalhistas.
Súmulas Não há Súmula relacionada diretamente ao caso julgado.
OJs Não há OJ relacionada diretamente ao caso julgado.
Art. 97 Até que seja editada a lei complementar de que trata o § 15 do art. 100
da Constituição Federal, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que, na
data de publicação desta Emenda Constitucional, estejam em mora na quitação
de precatórios vencidos, relativos às suas administrações direta e indireta,
inclusive os emitidos durante o período de vigência do regime especial instituído
por este artigo, farão esses pagamentos de acordo com as normas a seguir
estabelecidas, sendo inaplicável o disposto no art. 100 desta Constituição
Federal, exceto em seus §§ 2º, 3º, 9º, 10, 11, 12, 13 e 14, e sem prejuízo dos
acordos de juízos conciliatórios já formalizados na data de promulgação desta
Emenda Constitucional. (Acrescentado pela EC-000.062-2009)

§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios sujeitos ao regime especial


de que trata este artigo optarão, por meio de ato do Poder Executivo:
I - pelo depósito em conta especial do valor referido pelo § 2º deste artigo; ou
II - pela adoção do regime especial pelo prazo de até 15 (quinze) anos, caso em
que o percentual a ser depositado na conta especial a que se refere o § 2º deste
artigo corresponderá, anualmente, ao saldo total dos precatórios devidos,
Referências
legislativas
acrescido do índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança e
de juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de
poupança para fins de compensação da mora, excluída a incidência de juros
compensatórios, diminuído das amortizações e dividido pelo número de anos
restantes no regime especial de pagamento.

§ 2º Para saldar os precatórios, vencidos e a vencer, pelo regime especial, os


Estados, o Distrito Federal e os Municípios devedores depositarão mensalmente,
em conta especial criada para tal fim, 1/12 (um doze avos) do valor calculado
percentualmente sobre as respectivas receitas correntes líquidas, apuradas no
segundo mês anterior ao mês de pagamento, sendo que esse percentual,
calculado no momento de opção pelo regime e mantido fixo até o final do prazo a
que se refere o § 14 deste artigo, será:

I - para os Estados e para o Distrito Federal:


a) de, no mínimo, 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), para os
Estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, além do Distrito
Federal, ou cujo estoque de precatórios pendentes das suas administrações
direta e indireta corresponder a até 35% (trinta e cinco por cento) do total da
receita corrente líquida;
b) de, no mínimo, 2% (dois por cento), para os Estados das regiões Sul e
Sudeste, cujo estoque de precatórios pendentes das suas administrações
direta e indireta corresponder a mais de 35% (trinta e cinco por cento) da
receita corrente líquida;

II - para Municípios:
a) de, no mínimo, 1% (um por cento), para Municípios das regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste, ou cujo estoque de precatórios pendentes das suas
administrações direta e indireta corresponder a até 35% (trinta e cinco por
cento) da receita corrente líquida;
b) de, no mínimo, 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), para
Municípios das regiões Sul e Sudeste, cujo estoque de precatórios pendentes
das suas administrações direta e indireta corresponder a mais de 35 % (trinta
e cinco por cento) da receita corrente líquida. [...]
Referências -

TST-RO-46-69.2011.5.22.0000, Órgão Especial, rel. Min. Hugo Carlos


Processo
Scheuermann, 5.5.2014.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Ação Cautelar incidental à ação anulatória: sentença superveniente no processo
principal. Efeitos.

A multa por descumprimento de ordem judicial (art. 461, § 4º, do CPC) aplicada
em ação cautelar incidental à ação anulatória não subsiste na hipótese em que,
ao julgar o mérito da ação principal, o TRT declarou a nulidade de todo o acordo
coletivo, com efeitos ex tunc, retirando do mundo jurídico a cláusula objeto da
medida cautelar concedida, porque nula de pleno direito.

Comentários Antes de adentrarmos aos comentários da decisão propriamente dito:


qual a diferença entre medida cautelar, medida liminar, processo
cautelar, ação cautelar e antecipação dos efeitos da tutela?

Antecipação
Medida Medida Processo Ação
dos efeitos da
cautelar liminar Cautelar Cautelar
tutela
É o É qualquer É o Ato por meio do É o poder de
provimento decisão instrumento qual se adianta pleitear ao
jurisdicional judicial de que se ao postulante Estado-Juiz a
capaz de proferida no vale o os efeitos do prestação da
assegurar a início do Estado-Juiz julgamento de tutela
efetividade de processo. para prestar mérito, quer em jurisdicional
uma futura Inclusive tutela primeira cautelar. Tem
atuação pode existir jurisdicional instância quer as mesmas
jurisdicional. medida (não em sede de característica
A medida cautelar satisfativa), recurso. Tem da ação em
cautelar não liminar. consistente caráter geral
satisfaz, e em satisfativo, (autonomia e
sim assegura assegurar a embora seja, abstração)
a futura efetividade também, uma
satisfação. de um futuro tutela
Tem como provimento jurisdicional
requisitos o jurisdicional. prestada com
fumus boni base em juízo
iuris e o de
periculum in probabilidade
mora. (cognição
sumária).
Requisitos: art.
273, do CPC.
*cf. CAMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. 22. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

Atenção para ordem dos fatos:

i. O MPT ajuizou Ação Anulatória pedindo a nulidade da cláusula “X”


de um acordo coletivo;

ii. O MPT também ajuizou ação cautelar incidental à Ação Anulatória


com pedido liminar objetivando suspender a eficácia da cláusula
“X”;

iii. A liminar foi deferida para suspender a eficácia da cláusula “X”, sob
pena de multa para garantia do cumprimento da decisão (art. 461, §
4º, do CPC);

iv. A decisão liminar foi descumprida;

v. A Ação Anulatória foi julgada procedente e a cláusula “X” e todo o


acordo coletivo que a continha foram declarados nulos;

vi. Diante do julgamento do processo principal, o processo cautelar foi


extinto, sem resolução do mérito, por perda do objeto;

vii. Em que pese a extinção do processo cautelar sem resolução do


mérito, o TRT determinou que a multa pelo descumprimento da
liminar fosse depositada em favor do FAT;

viii. A empresa interpôs recurso ordinário, inconformada com o


pagamento da multa;

ix. No TST, por maioria, foi dado provimento ao R.O. para provimento
para excluir a multa aplicada na ação cautelar.

Extinto o processo principal, o que acontece com a multa aplicada no


bojo do processo cautelar?

Art. 808. Cessa a eficácia da medida cautelar:


I - se a parte não intentar a ação no prazo estabelecido no art.
806;
II - se não for executada dentro de 30 (trinta) dias;
III - se o juiz declarar extinto o processo principal, com ou
sem julgamento do mérito.

Trata-se de dispositivo que não pode ser interpretado literalmente. É certo


que, sendo desfavorável ao demandante o desfecho do processo
principal, tenha sido ou não resolvido o mérito da causa, a medida
cautelar tem sua eficácia extinta e o processo cautelar também será
extinto.

Por outro lado, sendo procedente a sentença da ação principal (como


ocorreu no presente caso) o processo cautelar será sim extinto, mas a
eficácia da decisão proferida em seu bojo deverá permanecer.

Com efeito, a superveniência do trânsito em julgado da decisão


favorável exarada na ação principal não atinge a multa cominada, a
qual deveria ser apurada e, eventualmente, executada em ação
própria (este entendimento restou vencido: Ministros Kátia Magalhães
Arruda, relatora, e Maurício Godinho Delgado).

O projeto do novo CPC inclusive assim prevê: “Art. 311. Cessa a eficácia
da tutela concedida em caráter antecedente, se: (...) III – o juiz julgar
improcedente o pedido principal formulado pelo autor ou extinguir o
processo sem resolução de mérito.” (gn).

A jurisprudência do STJ também entende que a multa só não subsiste em


casos de improcedência do pedido principal – o que não é o caso:

Os efeitos da sentença proferida em ação cautelar - demanda de


natureza acessória e de efeitos temporários, cujo objetivo é
garantir a utilidade do resultado de outra ação - não subsistem
diante do julgamento de improcedência do pedido deduzido no
processo principal, o que inviabiliza a execução da multa lá fixada.
Precedentes. (REsp nº 1.370.707 – MT; Rel. Min. Nancy Andrighi;
j. 04.06.2013).

Observe-se que, a contrario sensu da decisão do STJ, em caso de


sentença de procedência do pedido no processo principal, a multa do
processo cautelar deverá permanecer.

É lícito concluir, portanto, que não subsistem motivos para que a multa
fixada na ação cautelar (autônoma, porém acessória) seja executada
quando a ação principal for decretada improcedente.
Súmulas Não há Súmula relacionada diretamente ao caso julgado.
OJs Não há OJ relacionada diretamente ao caso julgado.
Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou
não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o
pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente
ao do adimplemento.
[...]

§ 3º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de


ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou
mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada
ou modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada.

§ 4º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor


multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for
suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para
Referências o cumprimento do preceito.
legislativas
§ 5º Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático
equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas
necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e
apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento
de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial.

§ 6º O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso


verifique que se tornou insuficiente ou excessiva.

Art. 808, do CPC. Cessa a eficácia da medida cautelar:


I - se a parte não intentar a ação no prazo estabelecido no art. 806;
II - se não for executada dentro de 30 (trinta) dias;
III - se o juiz declarar extinto o processo principal, com ou sem julgamento do
mérito.
 CAMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. 22. ed. São
Referências
Paulo: Atlas, 2014.

TST-RO-18-07.2013.5.05.0000, SDC, rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, red. p/


Processo
acórdão Min. Walmir Oliveira da Costa, 12.5.2014.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Ausência de peças essenciais no Agravo de Instrumento.

Embora a certidão de intimação pessoal da União constitua peça essencial para a


regular formação do instrumento de agravo, sua ausência pode ser relevada
quando presentes nos autos outros elementos que possibilitem inferir a
tempestividade do apelo.

Comentários Recurso de Agravo de instrumento

Cabimento e prazo: cabe agravo de instrumento, no prazo de 8 (oito)


dias, dos despachos que denegarem a interposição de recursos (art. 897,
b, da CLT).
Instrumentalização/formação do agravo: sob pena de não
conhecimento, as partes promoverão a formação do instrumento do
agravo de modo a possibilitar, caso provido, o imediato julgamento do
recurso denegado, instruindo a petição de interposição:

Obrigatoriamente:
 com cópias da decisão agravada;
 da certidão da respectiva intimação;
 das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do
agravado;
 da petição inicial;
 da contestação;
 da decisão originária;
 do depósito recursal referente ao recurso que se pretende
destrancar;
 da comprovação do recolhimento das custas; e,
 do depósito recursal a que se refere o § 7º do art. 899 desta
Consolidação.

Facultativamente:
 com outras peças que o agravante reputar úteis ao deslinde da
matéria de mérito controvertida.

E se, no agravo de instrumento, estiver ausente o traslado da


intimação pessoal da União (certidão da respectiva intimação)? A
princípio, sendo o documento de juntada obrigatória, o recurso não será
conhecido.

E se estiverem presentes nos autos outros elementos que


possibilitam inferir a tempestividade do recurso? Nesse caso, o TST
entendeu por dar uma interpretação maleável ao art. 897 da CLT.

Assim, se há nos autos elementos suficientes à comprovação da


tempestividade do recurso de revista, pois o despacho que lhe denegou
seguimento deixou expressamente registradas as datas da publicação do
acórdão do Tribunal Regional e da interposição do recurso de revista, não
há razão para dar prevalência ao instrumento em detrimento do direito
material.

Mais uma vez o TST decide em conformidade com o princípio da


instrumentalidade das formas. Segundo esse princípio, nenhuma
nulidade será declarada sem que exista um efetivo prejuízo. Nas palavras
de Bedaque, a noção de instrumentalidade das formas reflete mecanismo
destinado a conferir validade a atos processuais viciados – o que implica
valorizar o fim em detrimento da tipificação legal. É o predomínio do fim
sobre a forma. (BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Efetividade do
Processo e Técnica Processual. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. pág. 60)
Súmulas Não há Súmula relacionada diretamente ao caso julgado.
OJs Orientação Jurisprudencial Transitória nº 18 da SBDI-I, parte final.
Art. 897 - Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:
[...]
b) de instrumento, dos despachos que denegarem a interposição de
recursos.
[...]
§ 5º Sob pena de não conhecimento, as partes promoverão a
formação do instrumento do agravo de modo a possibilitar, caso
provido, o imediato julgamento do recurso denegado, instruindo a
petição de interposição:
Referências
legislativas
I - obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão
da respectiva intimação, das procurações outorgadas aos advogados do
agravante e do agravado, da petição inicial, da contestação, da decisão
originária, do depósito recursal referente ao recurso que se pretende
destrancar, da comprovação do recolhimento das custas e do depósito
recursal a que se refere o § 7o do art. 899 desta Consolidação;

II - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar


úteis ao deslinde da matéria de mérito controvertida.
 BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Efetividade do Processo e
Referências
Técnica Processual. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
TST-E-Ag-AIRR-1504-21.2010.5.09.0000, SBDI-I, rel. Min. Delaíde Miranda
Processo
Arantes, 8.5.2014.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1 – (Procurador MP/TCDF - Cespe 2013 – Adaptada) Julgue o item: No caso de cumulação


de pedidos de natureza declaratória e condenatória na mesma ação, somente o pedido
condenatório está sujeito aos prazos prescricionais previstos na Constituição da República.

2 – (Juiz do Trabalho – TRT 14ª Região – 2010) Sobre prescrição no Direito do Trabalho,
nos termos do entendimento sumulado do TST, assinale a alternativa correta:
a) Em se tratando de horas extras pré-contratadas do trabalhador bancário, opera-se a
prescrição total se a ação não for ajuizada no prazo de cinco anos, a partir da data em que
foram suprimidas.
b) A prescrição da pretensão relativa às parcelas remuneratórias não alcança o respectivo
recolhimento da contribuição para o FGTS.
c) A ação trabalhista, desde que não arquivada, suspende a prescrição somente em relação
aos pedidos idênticos.
d) Na ação que objetive corrigir desvio funcional, a prescrição só alcança as diferenças
salariais vencidas no período de 2 (dois) anos que precedeu o ajuizamento.
e) Respeitado o biênio subsequente à cessação contratual, a prescrição da ação trabalhista
concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados do quinquênio
anterior à data da extinção do contrato e, não, da data do ajuizamento da reclamação.
3 – (Juiz do Trabalho – TRT 15ª Região – 2010) 21- Em relação à prescrição, assinale a
alternativa correta, de acordo com a jurisprudência:

a) tratando-se de demanda que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente de


alteração do pactuado, a prescrição será parcial, pois a lesão ao direito do trabalhador se
protrai no tempo;
b) em se tratando de complementação de aposentadoria calculada erroneamente, a prescrição
aplicável é a total, computada a partir da data do primeiro pagamento incorreto;
c) a demanda trabalhista , ainda que arquivada, interrompe a prescrição para todos os titulos
decorrentes do contrato de trabalho;
d) o prazo de prescrição com relação à ação de cumprimento de decisão normativa flui a partir
da publicação da certidão de julgamento, uma vez que a exequibilidade é imediata (actio nata);
e) o termo inicial do prazo prescricional , na ação de indenização, é a data em que o segurado
teve ciência inequívoca da incapacidade laboral, conforme sedimentado no C. STJ;

4 – Julgue o item a seguir: Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada


pelo cliente ao empregado, como também aquela que for cobrada pela empresa ao cliente,
como adicional nas contas, a qualquer título, e destinada a distribuição aos empregados.

5 – Julgue o item a seguir: De acordo com a jurisprudência sumulada do TST as gorjetas,


cobradas pelo empregador na nota de serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clientes,
integram o salário do empregado, não servindo de base de cálculo para as parcelas de aviso-
prévio, férias mais um terço, horas extras e repouso semanal remunerado.

6 – Julgue o item a seguir: Cabe agravo de instrumento, no prazo de 8 (oito) dias de


instrumento, dos despachos que indeferirem o pedido de antecipação dos efeitos da tutela.

7 – Julgue o item a seguir: Segundo o princípio da instrumentalidade das formas,


nenhuma nulidade será declarada sem que exista um efetivo prejuízo. A noção de
instrumentalidade das formas reflete mecanismo destinado a conferir validade a atos
processuais viciados – o que implica valorizar o fim em detrimento da tipificação legal. É o
predomínio do fim sobre a forma.

8 – Assinale a correta. O agravo de instrumento deve conter obrigatoriamente as


seguintes peças:

(a) cópia da decisão agravada, da certidão de respectiva intimação, das procurações


outorgadas aos advogados do agravante e do agravado, da petição inicial, da contestação, da
decisão originária, da comprovação do depósito recursal e do pagamento das custas;
(b) cópia da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação, da petição inicial, da
contestação, da decisão originária, da comprovação do depósito recursal e do pagamento das
custas;
(c) cópia da decisão agravada, das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do
agravado, da petição inicial, da contestação, da decisão originária, da comprovação do
depósito recursal e do pagamento das custas;
(d) cópia da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação, da procuração outorgada
ao advogado do agravante, da petição inicial, da contestação, da decisão originária, da
comprovação do depósito recursal e do pagamento das custas.

Gabarito
1-V 2-A 3–E 4–V 5–F 6–F 7–V 8–A
Informativo Esquematizado TST n. 82
Período: 13 a 19 de maio de 2014.
Raphael Miziara (Prof. e Advogado) e Roberto W. Braga (Prof. e Juiz TRT 22ª Região)

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO


É possível a redução da gratificação de função exercida por dez ou mais anos em razão
de transferência a pedido.

Não há falar em aplicação do princípio da irredutibilidade salarial no caso em que o


empregado, não obstante tenha exercido o cargo de confiança de gerente geral de
agência bancária por mais de dez anos, solicitou transferência para localidade
diversa, tendo havido a correlata designação para exercer outra função comissionada
de menor valor.
A Súmula nº 372, I, do TST, ao assegurar a estabilidade financeira, exige a reversão
ao cargo efetivo e a ausência de justo motivo para a supressão ou a redução da
gratificação de função, o que não ocorreu na hipótese, eis que o empregado foi
designado para outra função de confiança e sua transferência ocorreu a pedido, ou
seja, por motivo estranho à vontade do empregador.

Comentários Jus variandi x princípio da inalterabilidade contratual lesiva (alteração


da função – limites)

O jus variandi pode ser definido como uma faculdade ou poder do


empregador de variar, dentro de certos limites, as formas de
prestação das tarefas pelo empregado (Plá Rodrigues, in POSE, Carlos.
Manual Práctico del ius variandi. Buenos Aires: David Grinberg Libros
Juridicos, 1995) (gn)

Quais as formas de jus variandi?

Jus variandi ordinário: possibilidade de o empregador, unilateralmente,


alterar aspectos secundários do contrato de trabalho, não regulados por
norma jurídica heterônoma ou autônoma. O exercício desse direito pelo
empregador não gera qualquer prejuízo para o empregado.

Jus variandi extraordinário: consiste nas exceções, expressas em lei ou


na ordem jurídica como um todo, claramente identificadas, nas quais é
autorizado ao empregador alterar o contrato de trabalho em prejuízo para
o empregado, mas nem por isso são consideradas ilícitas (MOURA,
2013, pág. 513).

Limites/requisitos para alteração contratual

A norma do art. 468 da CLT impõe dois requisitos para que haja a
alteração contratual:
- requisito da impossibilidade de alteração contratual in pejus; e
- a necessidade de mútuo consentimento para sua validade.

Como saber se uma alteração contratual prejudicou ou não o


empregado?

Conforme Marcelo Moura (2013), a apreciação de eventual prejuízo é


apurada em concreto. Aparentemente, uma mudança nas condições
do contrato de trabalho pode resultar em prejuízo para o empregado,
mas, quando apurada a alteração em todos os seus matizes, observar-
se-á a ausência de prejuízo direito ou indireto. Exemplo: redução do
intervalo de um empregado que gozava de duas horas para almoço, cuja
alteração contratual, de iniciativa do próprio empregado, aparente lhe ser
prejudicial e, portanto, nula; todavia, analisando o requerimento em sua
inteireza, observa-se que a redução do intervalo para uma hora objetivou a
redução da jornada ao final, permitindo ao empregado matricular-se em
curso superior noturno de seu interesse.

Jus variandi extraordinário - reversão

Conceito: a reversão, segundo o magistério de Maurício Godinho Delgado,


é entendida como o retorno ao cargo efetivo após ocupação de cargo ou
função de confiança. Em outras palavras, reversão é o ato do empregador
que, no exercício do “ius variandi”, retira o obreiro da função de
confiança então desempenhada, fazendo com que retorne ao cargo
efetivo anterior.

A reversão do empregado para sua função de origem, deixando o


exercício da função de confiança, com perda salarial (redução da
gratificação de função), é legal?

Sim, em que pese se tratar de alteração normalmente prejudicial ao


obreiro, ocorrida mediante a destituição do empregado do cargo ou função
de confiança ocupado por determinado período contratual.

O parágrafo único do art. 468 da CLT, assim dispõe:

Art. 468, CLT – [...] Parágrafo único – Não se considera alteração


unilateral a determinação do empregador para que o respectivo
empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado,
deixando o exercício de função de confiança. (GN)

E se recebida por dez anos ou mais, a redução da gratificação de


função é permitida?
O art. 468, parágrafo único, da CLT autoriza a reversão do empregado para
sua função de origem, deixando o exercício da função de confiança, com
perda salarial da respectiva gratificação inerente à função. A perda só não
é observada quando o empregado exerceu a função de confiança por
pelo menos 10(dez) anos. O assunto é tratado no item I da Súmula 372
do TST.

Imagine-se a hipótese na qual o empregado recebeu por dez anos ou


mais a gratificação de função em razão do exercício do cargo de
confiança e esse mesmo empregado PEDE/SOLICITA sua
transferência para outra localidade na qual passa a exercer outra
função cujo valor da gratificação é menor do que o habitualmente
recebido. Como ficaria a questão da supressão da gratificação (é
possível ou não)?

A SBDI-1 do TST entendeu aceitável e legal a redução/supressão da


gratificação, desde que o empregado tenha solicitado a transferência, já
que, dessa forma, a alteração não decorreu de vontade do empregador.

Esquematizando a situação:
- empregado que exerceu cargo de confiança,
- por mais de dez anos,
- solicita transferência para localidade diversa,
- tendo havido designação para exercer outra função comissionada,
- cujo valor da gratificação é menor.

Para que seja assegurada a estabilidade financeira, a Súmula nº 372, I,


exige:
i) Percepção da gratificação de função por dez ou mais anos;
ii) a reversão ao cargo efetivo;
iii) a ausência de justo motivo para a supressão ou a redução
da gratificação de função.

Na hipótese, isso não ocorreu, eis que o empregado foi designado para
outra função de confiança e sua transferência ocorreu a pedido, ou seja,
por motivo estranho à vontade do empregador.
SUM-372, I, do TST GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO. SUPRESSÃO OU
REDUÇÃO. LIMITES.
I - Percebida a gratificação de função por dez ou mais anos pelo empregado, se o
Súmulas empregador, sem justo motivo, revertê-lo a seu cargo efetivo, não poderá retirar-
lhe a gratificação tendo em vista o princípio da estabilidade financeira.
II - Mantido o empregado no exercício da função comissionada, não pode o
empregador reduzir o valor da gratificação.
OJs Não há OJs relacionadas diretamente à decisão comentada.
Art. 7º, VI, CR/88 – São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
outros que visem à melhoria de sua condição social:
[...]
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
[...]

Referências Art. 468, CLT – Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das
legislativas respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não
resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade
da cláusula infringente desta garantia.

Parágrafo único – Não se considera alteração unilateral a determinação do


empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo,
anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança.
 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed. São
Paulo: LTr, 2014.
 MIESSA, Élisson; CORREIA, Henrique. Súmulas e Orientações
Jurisprudenciais do TST: comentadas e organizadas por assunto. 4. ed.
Salvador: JusPodivm, 2014.
Referências  MOURA, Marcelo. Consolidação das Leis do Trabalho para concursos. 3.
ed. Salvador: JusPodivm, 2013.
 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 39. ed.
São Paulo: LTr, 2014.
 POSE, Carlos. Manual Práctico del ius variandi. Buenos Aires: David
Grinberg Libros Juridicos, 1995.
TST-E-ED-RR-361-55.2010.5.03.0067, SBDI-I, rel. Min. João Oreste Dalazen,
Processo
15.5.2014.

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO


Prestação habitual de horas extras descaracteriza o regime de compensação de jornada

A prestação de serviços em um sábado por mês, dia destinado à compensação,


implica na descaracterização do regime de compensação de jornada, de modo
que na semana em que houve labor no sábado deve ser reconhecido o direito às
horas extraordinárias acrescidas do adicional em relação a todo o período que
extrapolava a jornada semanal normal. Nas semanas em que não houve trabalho
aos sábados, porém, deve ser aplicado o disposto na Súmula nº 85, IV, do TST,
em razão da efetiva compensação de jornada.

Comentários O regime de compensação de jornada

A compensação de jornada de trabalho é uma forma de sua prorrogação,


mas sem o pagamento de horas extras, por ser objeto de dedução ou
abatimento (labor reduzido) em dia diverso (GARCIA, 2014, pág. 918).
O regime de compensação pode se dar de duas formas:

a. semanal/intrassemanal: é a compensação da jornada dentro de


uma mesma semana e é válido mediante simples acordo individual
escrito e desde que, em regra, haja um limite máximo de 10 horas.
Excepciona-se em três casos (RESENDE, 2014, pág. 371):

a.1) no caso dos motoristas profissionais, cujo excesso


de horas trabalhadas em um dia pode ser compensado
com a correspondente diminuição em outro dia, desde que
haja previsão em norma coletiva (art. 235-C, § 2º, da CLT,
que não faz distinção a respeito da modalidade de
compensação ao exigir a autorização em norma coletiva);
a.2) no caso do comerciário, cuja jornada normal de
trabalho somente pode ser alterada mediante acordo ou
convenção coletiva (art. 3º, § 1º, da Lei nº 12.790/13);
a.3) menor de 18 anos, para quem a compensação
também depende de autorização em norma coletiva (art.
413, I, da CLT).

b. além da semana (é o chamado banco de horas): compensação em


um período máximo de um ano e só é válida se prevista em
instrumento coletivo de trabalho. A semana espanhola (40x48) e
a jornada 12x36 também só serão válidas se previstas em ACT ou
CCT.

O caso concreto: empregada com jornada de 44 horas semanais,


com acordo escrito de compensação para folga aos sábados. Ocorre
que a empregada laborava um sábado por mês, dia este que seria
destinado à compensação. Dessa forma, nas semanas em que havia
labor aos sábados, não havia efetivamente compensação de jornada.
Debate-se nos autos a validade do regime de compensação.

O TST entendeu o trabalho aos sábados, ainda que uma vez por mês,
descaracteriza o regime de compensação, nos termos do item V, da
Súmula 85, do TST, já que era dia destinado a compensação.

Mas atenção: o TST entendeu por não aplicar genericamente o item V da


Súmula 85 do TST, ou seja, aplicou-se o disposto no item V somente às
semanas nas quais não houve trabalho aos sábados.

Portanto, como constou do próprio acordão, nas semanas em que havia


labor aos sábados, não havia efetivamente compensação de jornada e,
portanto, todas as horas extras extrapolavam a jornada semanal normal,
sendo devidas as horas extraordinárias.

Entretanto, em relação às semanas em que a reclamante não trabalhava


aos sábados, a compensação de jornada era efetiva e, se não extrapolado
o limite de 44 horas semanais, é devido apenas o adicional em relação às
horas excedentes da jornada normal diária em razão da descaracterização
do acordo de compensação.

Para uma jornada de quarenta e quatro horas semanais, ainda que haja
acordo escrito de compensação, se houver excesso em face do limite
diário previsto em lei, qual seja, oito horas diárias, são devidos somente
os adicionais relativos à nona e décima hora laboradas, considerando o
limite de horas extraordinárias estabelecido no artigo 59 da Consolidação
das Leis do Trabalho. Todavia, se houver excesso de jornada quanto ao
limite semanal, quarenta e quatro horas, são devidas as horas
correspondentes acrescidas do respectivo adicional legal ou convencional.

Em outras palavras, o fato de não haver efetiva compensação em uma


das semanas do mês não implica em reconhecimento do direito às horas
extras trabalhadas além da oitava diária em relação às semanas em que
houve efetiva compensação de jornada.

A decisão ficou assim ementada:

HORAS EXTRAS – REGIME DE COMPENSAÇÃO DE JORNADA –


TRABALHO AOS SÁBADOS EM UMA SEMANA A CADA MÊS –
VALIDADE DO REGIME EM RELAÇÃO ÀS SEMANAS EM QUE
HAVIA EFETIVA COMPENSAÇÃO. Discute-se nos autos a validade do
regime de compensação em que a empregada laborava um sábado por
mês, dia este que seria destinado à compensação. Dessa forma, nas
semanas em que havia labor aos sábados, não havia efetivamente
compensação de jornada e, portanto, todas as horas extras
extrapolavam a jornada semanal normal, sendo devidas as horas
extraordinárias. Entretanto, em relação às semanas em que a
reclamante não trabalhava aos sábados, a compensação de jornada era
efetiva e, se não extrapolado o limite de 44 horas semanais, é devido
apenas o adicional em relação às horas excedentes da jornada normal
diária em razão da descaracterização do acordo de compensação. Em
outras palavras, o fato de não haver efetiva compensação em uma das
semanas do mês não implica em reconhecimento do direito às horas
extras trabalhadas além da oitava diária em relação às semanas em
que houve efetiva compensação de jornada. Recurso de embargos
conhecido e parcialmente provido.
SUM-85 do TST. COMPENSAÇÃO DE JORNADA
I. A compensação de jornada de trabalho deve ser ajustada por acordo
individual escrito, acordo coletivo ou convenção coletiva.
II. O acordo individual para compensação de horas é válido, salvo se houver
norma coletiva em sentido contrário.
III. O mero não atendimento das exigências legais para a compensação de
jornada, inclusive quando encetada mediante acordo tácito, não implica a
repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normal diária, se não
dilatada a jornada máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo
Súmulas
adicional.
IV. A prestação de horas extras habituais descaracteriza o acordo de
compensação de jornada. Nesta hipótese, as horas que ultrapassarem a
jornada semanal normal deverão ser pagas como horas extraordinárias e,
quanto àquelas destinadas à compensação, deverá ser pago a mais apenas o
adicional por trabalho extraordinário. (gn).
V. As disposições contidas nesta súmula não se aplicam ao regime
compensatório na modalidade “banco de horas”, que somente pode ser
instituído por negociação coletiva.
OJs Não há OJ relacionada diretamente ao caso julgado.
Art. 59 da CLT. A duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas
suplementares, em número não excedente de 2 (duas), mediante acordo escrito
entre empregador e empregado, ou mediante contrato coletivo de trabalho.

§ 1º – Do acordo ou do contrato coletivo de trabalho deverá constar,


obrigatoriamente, a importância da remuneração da hora suplementar, que será,
pelo menos, 20% (vinte por cento) superior à da hora normal.

** Nos termos do Art. 7°, XVI, da Constituição Federal, a remuneração do


serviço extraordinário será superior, no mínimo, em 50% á do normal.

Referências § 2º – Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou
legislativas convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado
pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no
período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho
previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias.

§ 3º – Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a


compensação integral da jornada extraordinária, na forma do parágrafo anterior,
fará o trabalhador jus ao pagamento das horas extras não compensadas,
calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão.

§ 4º – Os empregados sob o regime de tempo parcial não poderão prestar horas


extras.
 GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 8. ed. São
Paulo: Método, 2014.
Referências
 RESENDE, Ricardo. Direito do Trabalho Esquematizado. 4. ed. São Paulo:
Método, 2014.
TST-E-RR-2337200-15.2009.5.09.0010, SBDI-I, rel. Min. Renato de Lacerda
Processo
Paiva, 15.5.2014.

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO


Não tem estabilidade o dirigente sindical que ocupa cargo de confiança

Não é garantida a estabilidade sindical (art. 8º, VIII, da CR/88) a trabalhador


contratado, única e exclusivamente, para o exercício de cargo de confiança.

Comentários Estabilidade provisória. Dirigente sindical.

Período de estabilidade: A estabilidade do dirigente sindical tem início


com a candidatura ao cargo de direção e representação sindical, findando-
se até um ano após o final do seu mandato, caso seja eleito, inclusive
como suplente. Por isso, é considerada uma estabilidade provisória (art.
543, § 3º, da CLT).

Prazo do mandato: O mandato da diretoria tem duração de três anos (art.


515, b, da CLT).

Conceito: considera-se cargo de direção ou de representação sindical


aquele cujo exercício ou indicação decorre de eleição prevista em lei (arts.
8º, VIII, da CR/88 c/c art. 543, § 3º, da CLT).

Membro de Conselho Fiscal: embora eleito, não se encontra abrangido


pela estabilidade do dirigente sindical (OJ nº 365 da SBDI-1 do TST).

Delegados sindicais: não possuem estabilidade (art. 523, da CLT), pois


não se inserem na administração do ente sindical (OJ nº 369 da SBDI-1
do TST).

Representantes de Centrais Sindicais: os representantes de centrais


sindicais (que não são entes sindicais, ou seja, não fazem parte da
estrutura sindical brasileira) não estão incluídos na estabilidade provisória
em estudo, salvo se houver norma mais benéfica, originada de fonte
formal distinta (GARCIA, 2014, pág. 746).

Empregado eleito dirigente sindical, mas de ente sindical da


categoria econômica: o entendimento majoritário nega o direito à
estabilidade. No entanto, como lembra Garcia (2014), o STF possui
precedente no qual a referida questão foi discutida, tendo-se entendido
que, como a norma jurídica não faz restrição, o empregado eleito dirigente
sindical, mesmo tratando-se de ente sindical patronal, faz jus à
estabilidade provisória prevista no art. 8º, VIII, da CR/88 (STF, RE
217.355-5/MG, Ac. 2º T., j. 29.08.2000, Rel. Min. Maurício Correia).

Dirigente sindical com contrato por prazo determinado: não prevalece


a estabilidade, pois ausente a dispensa arbitrária ou sem justa causa.

Dirigente de ente ainda não registrado como tal no MTE (pelo menos
desde o pedido de registro naquele órgão, ou mesmo – segundo
alguns julgados) a partir do início do processo de constituição do
sindicato: o entendimento majoritário é pelo reconhecimento da
estabilidade, para se resguardar de eventuais interferências do
empregador, o que já se impõe no processo de criação da entidade,
justamente porque, nessa fase inicial, os trabalhadores em processo de
organização encontram-se ainda mais vulneráveis perante o empregador
(TST, 8ª Turma, RR 779781/2001.7, Relatora Min. Dora Maria da Costa,
DJ 29.02.2008). (GARCIA, 2014, págs. 748/749).

Dirigente de associações profissionais: o entendimento consolidado na


doutrina e jurisprudência é no sentido de que a estabilidade do empregado
associado, que for eleito a cargo de direção ou representação de
associação profissional, não foi recepcionada pela Constituição, em que
pese a literalidade do art. 543, § 3º, da CLT.

Empregado contratado, única e exclusivamente, para o exercício de


cargo de confiança: essa hipótese foi justamente a tratada no presente
caso e o TST entendeu que NÃO HÁ ESTABILIDADE.

Segundo o TST a função de livre nomeação e exoneração, por revestir-se


de caráter precário e alicerçar-se no elemento fidúcia, constitui fator
impeditivo à aquisição da estabilidade, conforme o disposto no art. 499 da
CLT, afigurando-se, portanto, incompatível com a garantia constitucional e
com a possibilidade de reintegração ao emprego.

Nesse raciocínio, ressalte-se que o artigo 499 do Texto Consolidado,


explicita que não haverá estabilidade no exercício dos cargos de diretoria,
gerência ou outros de confiança imediata do empregador, ressalvado o
cômputo do tempo de serviço para todos os efeitos legais.

Configura-se, assim, cristalina a incompatibilidade entre os dois institutos


aqui cotejados, a saber, a garantia de emprego em relação ao exercício
de função de confiança.
SÚMULA 369 do TST. DIRIGENTE SINDICAL. ESTABILIDADE PROVISÓRIA
I - É assegurada a estabilidade provisória ao empregado dirigente sindical,
ainda que a comunicação do registro da candidatura ou da eleição e da posse
seja realizada fora do prazo previsto no art. 543, § 5º, da CLT, desde que a
ciência ao empregador, por qualquer meio, ocorra na vigência do contrato de
trabalho.
II - O art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Fica
limitada, assim, a estabilidade a que alude o art. 543, § 3.º, da CLT a sete
dirigentes sindicais e igual número de suplentes.
III - O empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical só goza de
estabilidade se exercer na empresa atividade pertinente à categoria profissional
do sindicato para o qual foi eleito dirigente.
IV - Havendo extinção da atividade empresarial no âmbito da base territorial do
sindicato, não há razão para subsistir a estabilidade.
Súmulas
V - O registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical
durante o período de aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe assegura a
estabilidade, visto que inaplicável a regra do § 3º do art. 543 da Consolidação
das Leis do Trabalho.

SÚMULA 396 do TST. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. PEDIDO DE


REINTEGRAÇÃO. CONCESSÃO DO SALÁRIO RELATIVO AO PERÍODO DE
ESTABILIDADE JÁ EXAURIDO. INEXISTÊNCIA DE JULGAMENTO “EXTRA
PETITA”
I - Exaurido o período de estabilidade, são devidos ao empregado apenas os
salários do período compreendido entre a data da despedida e o final do
período de estabilidade, não lhe sendo assegurada a reintegração no emprego.
II - Não há nulidade por julgamento “extra petita” da decisão que deferir salário
quando o pedido for de reintegração, dados os termos do art. 496 da CLT.
OJ-SDI1-365 ESTABILIDADE PROVISÓRIA. MEMBRO DE CONSELHO
FISCAL DE SINDICATO. INEXISTÊNCIA
Membro de conselho fiscal de sindicato não tem direito à estabilidade prevista
nos arts. 543, § 3º, da CLT e 8º, VIII, da CF/1988, porquanto não representa ou
atua na defesa de direitos da categoria respectiva, tendo sua competência
limitada à fiscalização da gestão financeira do sindicato (art. 522, § 2º, da CLT).
OJs
OJ-SDI1-369 ESTABILIDADE PROVISÓRIA. DELEGADO SINDICAL.
INAPLICÁVEL.
O delegado sindical não é beneficiário da estabilidade provisória prevista no
art. 8º, VIII, da CF/1988, a qual é dirigida, exclusivamente, àqueles que
exerçam ou ocupem cargos de direção nos sindicatos, submetidos a processo
eletivo.
Art. 8º, VIII, da CR/88. É livre a associação profissional ou sindical, observado o
seguinte:
[...]
Referências
VIII – é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da
legislativas
candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que
suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos
termos da lei.
Art. 499, da CLT. Não haverá estabilidade no exercício dos cargos de diretoria,
gerência ou outros de confiança imediata do empregador, ressalvado o cômputo
do tempo de serviço para todos os efeitos legais.
§ 1º - Ao empregado garantido pela estabilidade que deixar de exercer cargo de
confiança, é assegurada, salvo no caso de falta grave, a reversão ao cargo
efetivo que haja anteriormente ocupado.
§ 2º - Ao empregado despedido sem justa causa, que só tenha exercido cargo de
confiança e que contar mais de 10 (dez) anos de serviço na mesma empresa, é
garantida a indenização proporcional ao tempo de serviço nos termos dos arts.
477 e 478.
§ 3º - A despedida que se verificar com o fim de obstar ao empregado a
aquisição de estabilidade sujeitará o empregador a pagamento em dobro da
indenização prescrita nos arts. 477 e 478.
 GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 8. ed. São
Referências
Paulo: Método, 2014.

TST-E-ED-RR-112700-89.2008.5.22.0004, SBDI-I, rel. Min. Márcio Eurico Vitral


Processo
Amaro, 15.5.2014.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Manutenção da multa diária em ACP ainda que cumpridas as exigências do MPT

Deve ser mantida a multa diária prevista no art. 11, da Lei 7.347/85, imposta pelo
descumprimento futuro de obrigações de fazer e de não fazer, relativas a ilícitos
praticados pela empresa — in casu, a submissão de trabalhadores a revistas
íntimas e outras irregularidades referentes ao ambiente de trabalho —, ainda que
constatada a reparação e a satisfação das recomendações e exigências
determinadas pelo Ministério Público do Trabalho no curso da ação civil pública.

Comentários Imagine-se a seguinte situação hipotética: Ministério Público do


Trabalho ajuíza Ação Civil Pública em face da empresa XYZ Ltda. Como
causa de pedir, o MPT aduz o descumprindo da legislação trabalhista. No
curso do processo, referida empresa adequa seu comportamento ao
cumprimento e respeito às normas laborais. Pergunta-se: a multa
aplicada no curso do processo, por descumprimento de obrigações de
fazer e não fazer deve ser mantida mesmo depois da regularização do
comportamento?

Em outros termos, discute-se a aplicação da multa diária pelo


descumprimento futuro de obrigações de fazer e de não fazer, relativas a
ilícitos praticados pela empresa (submissão de trabalhadores a revistas
íntimas e outras irregularidades referentes ao ambiente de trabalho),
quando regularizada a conduta no curso do processo.

Antes de prosseguirmos, convém uma breve síntese acerca do instituto


processual da Tutela Inibitória, conforme Luiz Guilherme Marinoni:

Conceito: trata-se de “ação de conhecimento” de natureza preventiva,


destinada a impedir a prática, a repetição ou a continuação do ilícito.

Fundamentos: se funda no próprio direito material. Se várias situações de


direito substancial, diante de sua natureza, são absolutamente invioláveis,
é evidente a necessidade de admitir uma ação de conhecimento
preventiva. Além disso, invoca-se o art. 5º, XXXV, CR/88 – nenhuma lei
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.

Pressupostos: a ação inibitória se volta contra a probabilidade do ilícito,


ainda que se trate de repetição ou continuação. É voltada para o futuro e
não para o passado. De modo que nada tem a ver com o ressarcimento
do dano e, por consequência, com os elementos para a imputação
ressarcitória – os chamados elementos subjetivos, culpa ou dolo. Além
disso, essa ação não requer nem mesmo a probabilidade do dano,
contentando-se com a simples probabilidade de ilícito (ato contrário ao
direito).

Modalidades: pode atuar de três maneiras distintas. Para impedir a


prática do ilícito, ainda que nenhum ilícito anterior tenha sido produzido
pelo réu; para inibir a repetição; e a que objetiva inibir a continuação do
ilícito.

Conforme destaca Marinoni (2008, pág. 205) a ação inibitória, quando


voltada a impedir a repetição do ilícito, tem por fim evitar a ocorrência de
outro ilícito. Quando a ação inibitória objetiva inibir a continuação do ilícito,
a tutela tem por escopo evitar o prosseguimento de um agir ou de uma
atividade ilícita. Note-se que a ação inibitória somente cabe quando se
teme um agir ou uma atividade. Ou melhor, a ação inibitória apenas pode
ser utilizada quando a providência jurisdicional for capaz de inibir o agir ou
o seu prosseguimento, e não quando este já houver sido praticado,
estando presentes apenas os seus efeitos, pois aí seria o caso de tutela
de remoção do ilícito. (grifos no original)

Diante dos conceitos acima, o TST entendeu que a possibilidade de


aplicação da multa diária pelo descumprimento futuro de obrigações de
fazer e de não fazer, relativas a ilícitos praticados pela empresa
(submissão de trabalhadores a revistas íntimas e outras irregularidades
referentes ao ambiente de trabalho), DEVE SER MANTIDA, mesmo
quando regularizada a conduta no curso do processo.

É que essa multa não constitui pena, mas somente ameaça para alguém,
de quem depende o cumprimento da ordem judicial, atue em
conformidade com a decisão.

Conforme consta do acórdão: não convém afastar a aplicação da astreinte


imposta com o intuito de prevenir o descumprimento da determinação
judicial e a violação à lei, porque a partir da reparação do ilícito pela
empresa a tutela reparatória converte-se em tutela inibitória, preventiva de
eventual descumprimento, não dependendo da existência efetiva de dano.

Ementa da decisão:

RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELA LEI 11.496/2007. AÇÃO


CIVIL PÚBLICA. COMINAÇÃO DE MULTA DIÁRIA POR
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER E DE NÃO
FAZER. CONDUTA ILÍCITA REGULARIZADA. Discute-se a aplicação
da multa diária, prevista no art. 11 da Lei 7.347/85, pelo
descumprimento futuro de obrigações de fazer e de não fazer, relativas
a ilícitos praticados pela empresa (submissão de trabalhadores a
revistas íntimas e outras irregularidades referentes ao ambiente de
trabalho), quando regularizada a conduta no curso do processo. A
previsão normativa da tutela inibitória encontra lastro no art. 84 da Lei
8.078/90, sendo posteriormente introduzida de uma forma geral como
instrumento de efetividade do processo civil no art. 461, § 4º do CPC.
Trata-se de medida colocada à disposição do julgador para conferir
efetividade às decisões judiciais e, sobretudo, à respeitabilidade da
própria ordem jurídica, prevenindo não somente a ofensa a direitos
fundamentais como também e, principalmente, aos fundamentos da
República Federativa do Brasil, entre eles a dignidade humana do
trabalhador. Evidenciado o interesse público pela erradicação de
trabalhos sujeitos às condições aviltantes da dignidade do trabalhador e
ofensivos às normas de segurança e saúde previstas no ordenamento
jurídico brasileiro, mostra-se necessário e útil a tutela inibitória buscada
pelo Ministério Público do Trabalho. A situação constatada pela
fiscalização promovida pelo Parquet na empresa ré impõe a utilização
dos mecanismos processuais adequados para a efetiva prevenção de
novos danos à dignidade, à segurança e saúde do trabalhador. Por
essas razões, ainda que constatada a reparação e satisfação das
recomendações levadas a efeito pelo Ministério Público, convém não
afastar a aplicação da tutela inibitória imposta com o intuito de prevenir
o descumprimento da determinação judicial e a violação à lei, porque a
partir da reparação do ilícito pela empresa a tutela reparatória converte-
se em tutela inibitória, preventiva de eventual descumprimento, não
dependendo de existência efetiva de dano.
Súmulas Não há Súmula relacionada diretamente ao caso julgado.
OJs Não há OJ relacionada diretamente ao caso julgado.
Art. 11 da Lei nº 7.347/85. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de
obrigação de fazer ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação
da atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução
específica, ou de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou compatível,
independentemente de requerimento do autor.

Art. 84 da Lei 8.078/90. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da


obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da
obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático
equivalente ao do adimplemento.
§ 1° A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível
se por elas optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do
resultado prático correspondente.
§ 2° A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa (art.
287, do Código de Processo Civil).
§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado
receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela
Referências
liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu.
legislativas
§ 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa diária
ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível
com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito.
§ 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático
equivalente, poderá o juiz determinar as medidas necessárias, tais como busca e
apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazimento de obra, impedimento
de atividade nociva, além de requisição de força policial.

Art. 461, § 4º do CPC. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de


obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da
obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem
o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
[...]
§ 4º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa
diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou
compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do
preceito.
 MARINONI, Luiz Guilherme. Técnica Processual e Tutela dos Direitos. 2.
Referências
ed. São Paulo: RT, 2008.

TST-E-ED-RR-656-73.2010.5.05.0023, SBDI-I, rel. Min. Augusto César Leite de


Processo
Carvalho, 15.5.2014.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Adiada a audiência de julgamento, o prazo recursal começa a correr a partir da
notificação da publicação da sentença proferida na audiência redesignada.

Não se aplica a diretriz constante da Súmula nº 197 do TST à hipótese em


que adiada a audiência anteriormente fixada para a prolação da sentença, e,
designada outra data, não houve a intimação das partes da efetiva publicação,
conforme determinação do juízo na ata de redesignação da audiência. Assim,
conta-se o prazo recursal a partir da notificação da publicação da sentença, e não
da própria publicação.

Comentários A situação era a seguinte:

- as partes foram intimadas para comparecimento em audiência de


julgamento, marcado para o dia 30/11/2007, data da qual as partes
estavam expressamente cientes, visto que presentes na audiência de
encerramento de instrução em que a tal data fora agendada;
- Na aludida data (30/11/2007), o julgamento foi adiado para o dia
06/06/2008;
- A decisão foi proferida na data marcada (06/06/2008 – sexta-feira) e
juntada aos autos dentro do prazo previsto no art. 851, § 2º, da CLT.

Pergunta-se: quando começa a correr o prazo para interposição de


eventuais recursos?

Com efeito, o que se discute é a necessidade ou não de intimação das


partes do teor da sentença quando adiada a data anteriormente fixada.

Em primeiro e em segundo grau de jurisdição, entendeu-se que o prazo


começaria a correr no dia 16/06/2008 – segunda-feira, já que a ciência do
reclamante quanto ao adiamento da audiência de julgamento ERA
PRESUMIDA, na forma do art. 843 da CLT, uma vez que deveriam estar
presentes na primeira audiência.

No entanto, esse entendimento não prevaleceu. Para o voto prevalente, a


designação de nova data para audiência de prolação de sentença, em
face do adiamento do julgamento e da publicação da sentença na data
anteriormente fixada, exsurge como excludente à orientação inscrita na
Súmula nº 197 do TST, porquanto não se pode considerar a comunicação
do ato processual como regularmente realizada em audiência, quando
esta fora adiada para outra data, dada a ausência das partes e a não
efetivação da entrega da prestação jurisdicional nos moldes estabelecidos
no art. 843 da CLT.

Nessa toada, tem-se que as partes apenas são cientificadas da decisão


pela efetiva intimação da publicação da sentença. O prazo recursal,
portanto, tem sua contagem a partir da notificação da sentença.

In casu, ressaltou-se que as partes, não obstante estivessem cientificadas


da primeira data para a prolação da sentença, não foram intimadas e
tampouco comunicadas da designação da nova data fixada pelo juiz.

Assim, prevaleceu a tese pela qual o adiamento da audiência, para


prolação da sentença da qual estavam as partes anteriormente
cientificadas, torna inaplicável a orientação contida na Súmula nº 197
do TST e necessária nova intimação.

Ementa da decisão:

PRAZO RECURSAL – MARCO INICIAL – DESIGNAÇÃO DE NOVA


AUDIÊNCIA DE PROLAÇÃO DE SENTENÇA – NOTIFICAÇÃO AOS
LITIGANTES – SITUAÇÃO EXCLUDENTE DA SÚMULA Nº 197 DO TST
– CONTAGEM DO PRAZO A PARTIR DA INTIMAÇÃO – OBSERVÂNCIA
AO PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL – CERCEAMENTO DE
DEFESA CARACTERIZADO PELA DECLARAÇÃO IMPRÓPRIA DE
INTEMPESTIVIDADE. A designação de nova data para audiência de
prolação de sentença, em face do adiamento do julgamento e da
publicação da sentença na data anteriormente fixada, exsurge como
excludente à orientação inscrita na Súmula nº 197 do TST, porquanto não
se pode considerar a comunicação do ato processual como regularmente
realizada em audiência, quando esta fora adiada para outra data, dada a
ausência das partes e a não efetivação da entrega da prestação
jurisdicional nos moldes estabelecidos no art. 843 da CLT. Nessa toada,
tem-se que as partes apenas são cientificadas da decisão pela efetiva
intimação da publicação da sentença. O prazo recursal, portanto, tem sua
contagem a partir da notificação da sentença. Recurso de embargos
conhecido e provido.
SUM-197 PRAZO. O prazo para recurso da parte que, intimada, não comparecer
Súmulas à audiência em prosseguimento para a prolação da sentença conta-se de sua
publicação.
OJs Não há OJ relacionada diretamente ao caso julgado.
Art. 843 da CLT. Na audiência de julgamento deverão estar presentes o
reclamante e o reclamado, independentemente do comparecimento de seus
representantes, salvo nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de
Cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se representar pelo
sindicato de sua categoria.
§ 1º - É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer
outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o
Referências
proponente.
legislativas
§ 2º - Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente
comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá
fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou
pelo seu sindicato.

Art. 851 da CLT. Os tramites de instrução e julgamento da reclamação serão


resumidos em ata, de que constará, na íntegra, a decisão.
§ 1º - Nos processos de exclusiva alçada das Juntas, será dispensável, a juízo
do presidente, o resumo dos depoimentos, devendo constar da ata a conclusão
do Tribunal quanto à matéria de fato.
§ 2º - A ata será, pelo presidente ou juiz, junta ao processo, devidamente
assinada, no prazo improrrogável de 48 (quarenta e oito) horas, contado da
audiência de julgamento, e assinada pelos juízes classistas presentes à mesma
audiência.
Referências -
TST-E-ED-RR-95900-90.2005.5.09.0670, SBDI-I, rel. Min. Luiz Philippe Vieira de
Processo
Mello Filho, 15.5.2014.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Não procede pedido formulado na ação rescisória por violação literal de lei se a decisão
rescindenda estiver baseada em texto legal infraconstitucional de interpretação
controvertida nos Tribunais.

No caso em que a decisão rescindenda foi prolata em data anterior à edição da


OJ nº 421 da SBDI-I (segundo a qual são devidos honorários advocatícios por
mera sucumbência na hipótese de a ação de indenização decorrente de acidente
de trabalho ter sido ajuizada na Justiça comum antes da Emenda Constitucional
n.º 45/04), mostra-se inviável o exame da violação do caput do art. 20 do CPC, em
razão do óbice contido na Súmula nº 83 do TST.

Comentários Ação rescisória (art. 485, V, do CPC: violação literal de lei)

Trata-se de uma ação rescisória na qual se pretende a rescisão de uma


sentença com fulcro no art. 485, V do CPC (violação literal de lei), por
violação ao art. 20 do CPC.

Ocorre que a sentença que se pretende rescindir e que supostamente


violou o art. 20 do CPC foi prolatada em data anterior à edição da OJ nº
421 da SBDI-1, ou seja, em época na qual o texto legal infraconstitucional
(art. 20) era de interpretação controvertida nos Tribunais. Assim, o exame
da ação rescisória encontra óbice na Súmula 83 do TST.

Ressalte-se que o fato de à época da prolação da decisão que se


pretende rescindir já estar em vigor a Instrução Normativa nº 27/05 não
afasta a incidência da Súmula nº 83 do TST, pois esta, explicitamente, se
refere à inclusão da matéria em verbete jurisprudencial e não em instrução
normativa.

Ademais, não obstante o exame da indenização por acidente de trabalho


atrair a aplicação de normas previstas no Direito Civil, é inegável que, no
caso concreto, a lide decorre de relação de emprego, sendo, portanto,
inaplicável o princípio da mera sucumbência previsto no art. 5.º da IN nº
27/05.

Atenção: em matéria constitucional não há que cogitar de


interpretação razoável! A exegese de preceito inscrito na Constituição da
República, muito mais do que simplesmente razoável, há de ser
juridicamente correta (STF – AI-AgR 145.680/SP, 1ª Turma. Rel. Min.
Celso de Mello. DJU 30.04.1993). Assim, tratando-se de norma
constitucional, mesmo que a matéria seja controvertida nos tribunais,
poderá ser procedente pedido formulado na ação rescisória, desde que
presentes todos os demais requisitos da ação rescisória (MIESSA, 2014,
pág. 1254).
SÚMULA 83 do TST. AÇÃO RESCISÓRIA. MATÉRIA CONTROVERTIDA.
I - Não procede pedido formulado na ação rescisória por violação literal de lei se
a decisão rescindenda estiver baseada em texto legal infraconstitucional de
Súmulas interpretação controvertida nos Tribunais.
II - O marco divisor quanto a ser, ou não, controvertida, nos Tribunais, a
interpretação dos dispositivos legais citados na ação rescisória é a data da
inclusão, na Orientação Jurisprudencial do TST, da matéria discutida.

OJ 421 da SBDI-1 do TST. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AÇÃO DE


INDENIZA-ÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS DECORRENTES DE
ACI-DENTE DE TRABALHO OU DE DOENÇA PROFISSIONAL. AJUIZA-
MENTO PERANTE A JUSTIÇA COMUM ANTES DA PROMULGAÇÃO DA
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45/2004. POSTERIOR REMESSA DOS
AUTOS À JUSTIÇA DO TRABALHO. ART. 20 DO CPC. INCIDÊNCIA.
OJs
A condenação em honorários advocatícios nos autos de ação de indenização
por danos morais e materiais decorrentes de acidente de trabalho ou de doença
profissional, remetida à Justiça do Trabalho após ajuizamento na Justiça comum,
antes da vigência da Emenda Constitucional nº 45/2004, decorre da mera
sucumbência, nos termos do art. 20 do CPC, não se sujeitando aos requisitos da
Lei nº 5.584/1970.
Art. 485, V, do CPC. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode
Referências ser rescindida quando:
legislativas [...]
V - violar literal disposição de lei;
 MIESSA, Élisson; CORREIA, Henrique. Súmulas e Orientações
Referências Jurisprudenciais do TST: comentadas e organizadas por assunto. 4. ed.
Salvador: JusPodivm, 2014.

TST-RO-7381-97.2011.5.02.0000, SBDI-II, rel. Min. Hugo Carlos Scheuermann,


Processo
red. p/ acórdão Min. Emmanoel Pereira, 13.5.2014.
Informativo Esquematizado TST n. 83
Período: 20 a 26 de maio de 2014.
Raphael Miziara (Prof. e Advogado) e Roberto W. Braga (Prof. e Juiz TRT 22ª Região)

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO


Lesão ocorrida anteriormente à EC nº 45/2004 tem prazo prescricional regulado pelo
Direito Civil.

A regra prescricional aplicável à pretensão relativa a indenização por danos


morais decorrente de acidente do trabalho ou doença profissional é definida
levando-se em conta a data da lesão ou, na hipótese de doença profissional, da
ciência inequívoca do evento danoso pelo empregado.

Incidirá a prescrição trabalhista se a lesão ou constatação do dano ocorreu na


vigência da Emenda Constitucional n.º 45/2004, que inseriu, de forma inequívoca,
a matéria no âmbito da competência da Justiça do Trabalho. Contrariamente, se a
lesão ou sua constatação se deu em data anterior à referida emenda, incidirá o
prazo cível, observando-se as regras de transição do Código Civil de 2002.

Comentários Indenizações por acidente do trabalho: PRAZO PRESCRICIONAL


CIVIL ou TRABALHISTA?

1ª corrente: defende que, por ser a indenização proveniente de


acidente do trabalho, um direito de natureza eminentemente civil,
deve-se aplicar a prescrição prevista no art. 206, § 3º, inc. V, do CC/02,
ainda que o julgamento seja proferido pela Justiça do Trabalho,
porquanto, o fundamental para estabelecer a competência é que a
pretensão deduzida em Juízo esteja vinculada à relação de trabalho,
pouco importando se a controvérsia de direito material deva ser dirimida
à luz do direito comum. Hoje é minoritária.

2ª corrente: assevera que a indenização por acidente do trabalho é um


direito de natureza trabalhista, diante da previsão contida no art. 7º,
XXVIII, da CR/88, devendo-se aplicar, portanto, a prescrição de cinco
ou dois anos prevista no inciso XXIX do mesmo art. 7º. O STF, no
Conflito de Competência 7.204/MG adotou expressamente o
entendimento quanto à natureza trabalhista da indenização decorrente
do acidente do trabalho. É a corrente majoritária no TST e na
doutrina1 e que deve ser adotada para concursos públicos. 1

1
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do Trabalho ou Doença Ocupacional.
5. ed. São Paulo: LTr, 2009. pág. 328.
A reparação será avaliada pela data da doença ou acidente em si ou a
partir da consolidação dos efeitos danosos?

A regra prescricional aplicável dependerá da consolidação dos efeitos


danosos ou da incapacidade total ou parcial da vítima. É o critério da actio
nata. Nesse sentido, o Enunciado 46 da 1ª Jornada de Direito Material e
Processual do Trabalho:

46. ACIDENTE DO TRABALHO. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. O


termo inicial do prazo prescricional da indenização por danos decorrentes
de acidente do trabalho é a data em que o trabalhador teve ciência
inequívoca da incapacidade laboral ou do resultado gravoso para a saúde
física e/ou mental. (grifou-se)

Esse é o atual panorama. Contudo, surge uma questão delicada no tocante


à prescrição das ações que se referem a lesões que se consolidaram antes
da EC n. 45/04 e à prescrição nas ações que se referem a lesões
consolidadas após a EC n. 45/04. O TST decidiu que:

Incidirá a prescrição trabalhista  se a lesão ou constatação do dano


ocorreu na vigência da Emenda Constitucional n.º 45/2004, que inseriu,
de forma inequívoca, a matéria no âmbito da competência da Justiça do
Trabalho.

Incidirá a prescrição cível  se a lesão ou sua constatação se deu em


data anterior à referida emenda, observando-se as regras de transição
do Código Civil de 2002.

No caso em apreço, o dano se consumou com a aposentadoria por


invalidez em 13.4.2001, ou seja, em data anterior ao Novo Código Civil. E
mais, a ação de indenização por danos morais e matérias decorrentes de
acidente do trabalho foi ajuizada na Justiça do Trabalho após a EC nº
45/04. Qual o prazo prescricional?

Aplica-se a prescrição trienal (art. 206, § 3º, V, do CC), a contar do início


da vigência do Novo Código. Nesse caso, portanto, a pretensão reparatória
quanto aos acidentes do trabalho ocorridos entre 12 de janeiro de 1993 e
11 de janeiro de 2003 só prescreveu no dia 12 de janeiro de 2006 (ou seja,
três anos após a entrada em vigor do Novo Código Civil).

É necessário registrar uma corrente doutrinária entendendo que o prazo


prescricional aplicável é o geral de dez anos (art. 205 do CC), sob o
argumento de que não se trata de simples reparação de danos.

Também nesse sentido, Enunciado 46 da 1ª Jornada de Direito Material e


Processual na Justiça do Trabalho:

RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DO TRABALHO.


PRESCRIÇÃO. A prescrição da indenização por danos materiais
ou morais resultantes de acidente do trabalho é de 10 anos, nos
termos do artigo 205, ou de 20 anos, observado o artigo 2.028 do
Código Civil de 2002.
SÚMULA 278 do STJ: “O termo inicial do prazo prescricional, na ação de
Súmulas indenização, é a data em que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade
laboral”.

OJs Não há OJs relacionadas diretamente à decisão comentada.


Art. 7º, XXIX, CR/88 – São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
outros que visem à melhoria de sua condição social:
[...]
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir
a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de
dois anos após a extinção do contrato de trabalho; [...]
Referências
legislativas Art. 206. Prescreve:
[...]
§ 3º. Em 03(três) anos:
[...]
V – a pretensão de reparação civil;

Art. 2.028 do CC. Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este
Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da
metade do tempo estabelecido na lei revogada.
 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Proteção Jurídica à Saúde do
Trabalhador. 6. ed. São Paulo: LTr, 2011.
Referências
 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do Trabalho ou
Doença Ocupacional. 5. ed. São Paulo: LTr, 2009.

TST-E-RR-2700-23.2006.5.10.0005, SBDI-I, rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga,


Processo
22.5.2014.

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO


É devido o pagamento de diferenças salariais a empregado público em desvio de função
em atividades idênticas a de servidor estatutário

Havendo identidade entre as atividades realizadas por servidor público


estatutário e aquelas exercidas por empregado público em flagrante desvio de
função, é devido o pagamento das diferenças salariais respectivas, sob pena de
enriquecimento ilícito da Administração Pública, ainda que o art. 37, II, da CF
impeça a admissão e o reenquadramento no serviço público sem prévia
aprovação em concurso público e o inciso XIII do mesmo dispositivo
constitucional vede a equiparação de quaisquer espécies remuneratórias, para
efeito de remuneração de pessoal do serviço público.

Comentários Situação concreta:

Empregado Público do SERPRO2 é contratado e, imediatamente cedido à


União para trabalhar na Receita Federal desempenhando as mesmas
atividades de Técnicos do Tesouro Nacional (que são estatutários). Por
consequência, trata-se de empregado público, em desvio de função, que
exerce atividade típica de servidor público estatutário.

A questão que se coloca é: esse empregado público tem direito a


diferenças salariais?

A União, obviamente, defende que não, sob três argumentos:

a) o SERPRO e a União são empregadores distintos;


b) a Constituição veda, no art. 37, II e § 2º, da Constituição, diz que
para o provimento de cargos públicos exige-se prévia aprovação
em concurso público, motivo pelo qual é vedado ao Judiciário
promover o reenquadramento de empregados públicos;
c) a Constituição, em seu artigo 37, veda a vinculação ou equiparação
de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
remuneração de pessoal do serviço público.

No entanto, a SBDI-1 entendeu cabível a condenação da União ao


pagamento de diferenças salariais. Os principais argumentos são:

a) Embora os réus não se tratem formalmente de mesmo empregador,


o fato é que a União Federal beneficiou-se diretamente da força de
trabalho, intermediada pelo SERPRO.
b) A via do concurso público foi preterida pela própria União Federal,
não lhe sendo dado invocar tal omissão como óbice para assegurar
ao autor os mesmos direitos assegurados aos TTN.
c) Indeferir o pleito significaria permitir que as rés (União e SERPRO)
se locupletassem indevidamente dos serviços prestados, pois a
formalização do contrato, da maneira como ocorreu, visou apenas
contornar aspectos administrativos do oferecimento do concurso
público, que não se concretizou. Constatado que na prática o autor
desempenhou funções idênticas as dos TTN, e em face do princípio

2
Serviço Federal de Processamento de Dados - Serpro é uma empresa pública vinculada ao Ministério
da Fazenda. (fonte: https://www.serpro.gov.br/conteudo-oserpro/a-empresa-1)
da primazia da realidade, que rege o direito individual do trabalho e
demais aspectos já abordados, é de se acolher o pedido.

Nesta senda, em se constatando o desvio de função, faz jus o trabalhador


às diferenças salariais, o que não macula o dispositivo constitucional
citado.

Tal como consta no inteiro teor do acórdão

indeferir o pleito significaria permitir que as rés se locupletassem


indevidamente dos serviços prestados, pois a formalização do contrato,
da maneira como ocorreu, visou apenas contornar aspectos
administrativos do oferecimento do concurso público, que não se
concretizou. Constatado que na prática o autor desempenhou funções
idênticas as dos TTN, e em face do princípio da primazia da realidade,
que rege o direito individual do trabalho e demais aspectos já
abordados, é de se acolher o pedido.

Este é o entendimento adotado na OJ 125 da SBDI-1 do TST, que


dispõe:

DESVIO DE FUNÇÃO. QUADRO DE CARREIRA. O simples desvio


funcional do empregado não gera direito a novo enquadramento, mas
apenas às diferenças salariais respectivas, mesmo que o desvio de
função haja iniciado antes da vigência da CF/1988.

Votos vencidos:

Vencidos os Ministros Ives Gandra Martins Filho, relator, Antonio José de


Barros Levenhagen, Brito Pereira, Renato de Lacerda Paiva e Guilherme
Augusto Caputo Bastos, que davam provimento ao recurso para
restabelecer a sentença que concluiu pela impossibilidade de
deferimento das diferenças salariais quando o trabalhador laborou
em desvio de função em regimes jurídicos diversos, em razão do
disposto no art. 37, XIII, da CF.
Súmulas Não há súmulas aplicáveis diretamente ao caso.
OJ nº 125 da SBDI-I. DESVIO DE FUNÇÃO. QUADRO DE CARREIRA. O
simples desvio funcional do empregado não gera direito a novo
OJs
enquadramento, mas apenas às diferenças salariais respectivas, mesmo
que o desvio de função haja iniciado antes da vigência da CF/1988.
Art. 37, II e XIII, da CR/88. A administração pública direta e indireta de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
Referências
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
legislativas
e eficiência e, também, ao seguinte:
[...]
II – a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em
concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração;
[...]
XIII – é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies
remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público;
Referências -

TST-E-ED-RR-210900-27.2000.5.09.0020, SBDI-I, rel. Min. Ives Gandra da Silva


Processo
Martins Filho, red. p/ acórdão Min. João Oreste Dalazen, 22.5.2014.

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO


A existência de sócios comuns não é suficiente para caracterização de grupo
econômico.

O simples fato de duas empresas terem sócios em comum não autoriza o


reconhecimento do grupo econômico, pois este, nos termos do art. 2º, § 2º, da
CLT, pressupõe subordinação à mesma direção, controle ou administração, ou
seja, exige-se uma relação de dominação interempresarial em que o controle
central é exercido por uma delas (teoria hierárquica ou vertical).

Comentários Grupo Econômico – Aspectos gerais.

- Conceito: é composto por duas ou mais empresas, embora cada uma


delas apresente personalidade jurídica própria. Na lição de Maurício
Godinho Delgado:

O grupo econômico aventado pelo Direito do Trabalho define-se como a


figura resultante da vinculação justrabalhista que se forma entre dois ou
mais entes favorecidos direta ou indiretamente pelo mesmo contrato de
trabalho, em decorrência de existir entre esses entes laços de direção
ou coordenação em face de atividades industriais, comerciais,
financeiras, agroindustriais ou de qualquer outra natureza econômica.3

ATENÇÃO: a formação do grupo econômico para fins trabalhistas


não exige que as empresas integrantes do grupo exerçam a mesma
atividade econômica.

- previsão legal: art. 2º, § 2º, da CLT e art. 3º, § 2º, da Lei 5.889/73 (Lei
do Trabalho Rural).

- objetivos do instituto: a) por um lado, ampliar as possibilidades de

3
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed. São Paulo: LTr, 2014. pág. 423.
garantia do crédito trabalhista, impondo responsabilidade plena por tais
créditos às distintas empresas componentes do mesmo grupo econômico.
A responsabilidade é solidária.4 b) por outro lado, estender a todos os
entes integrantes do grupo as prerrogativas de se valerem do mesmo
trabalho contratado, sem que o exercício de tal prerrogativa importe,
necessariamente, na pactuação de novo ou novos contratos de emprego
(tese do empregador único).

- Grupo Econômico: Direito do Trabalho x Direito Empresarial: de


início, convém observar que no Direito do Trabalho a configuração de
grupo econômico não exige o rigor da sua tipificação como no
Direito Empresarial. Com efeito, não se exige, necessariamente, a
presença das modalidades jurídicas típicas do Direito Econômico ou
Empresarial (p. ex.: consórcios, holdings, pool de empresas, etc.),
bastando a comprovação de elementos que revelem integração
interempresarial.

Qualquer espécime de empregador pode compor/formar o grupo


econômico?

Não! Majoritariamente entende-se que somente entes com finalidade


econômica podem compor grupo econômico trabalhista. No entanto, há
entendimento que admite a formação do grupo econômico entre
instituições beneficentes, excepcionalmente. Ex.: uma empresa
comercial que organiza uma sociedade civil beneficente, com o caráter de
instituição assistencial de seus empregados, ficando com a maioria das
cotas-partes desta última; predomina, nesse caso, a atividade econômica
comercial (Alice Monteiro de Barros, citada por Ricardo Resende).5

Pessoa física pode compor grupo econômico?

Sim, desde que ajam como empresários, agentes econômicos típicos


(Godinho). Vólia Bomfim Cassar chega a admitir o grupo entre pessoas
físicas quando, por exemplo, um ou mais profissionais liberais explorarem
duas ou mais atividades mantendo entre elas uma unidade, como se
fossem um só negócio.6

O Estado pode integrar grupo econômico?

Segundo Maurício Godinho Delgado, o Estado e demais entes estatais, o


empregador doméstico, os entes sem fins lucrativos nominados no § 1º,

4
Idem. pág. 424.
5
RESENDE, Ricardo. Direito do Trabalho Esquematizado. 4. ed. São Paulo: Método, 2014. pág. 173.
6
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 8. ed. São Paulo: Método, 2013. pág. 443.
do art. 2º, da CLT (empregadores por equiparação – profissionais liberais,
instituições de beneficência, associações recreativas, etc.) não tem
aptidão para compor a figura do grupo econômico, já que são entes
que não se caracterizam por atuação econômica, não são seres
essencialmente econômicos e não se consubstanciam empresas.7

Não obstante, esclarece o mesmo autor que há uma particularidade


quanto ao Estado e suas entidades. Em princípio não podem compor
grupo econômico (isso é pacífico na doutrina e na jurisprudência). Tal
exclusão ocorre por serem públicas, sociais, comunitárias as atividades e
fins do Estado. Acaso o Estado pratique atividade notoriamente
econômica, ele o faz, em tese, como instrumento para a realização de
seus fins indispensáveis, que se preservam como públicos, sociais ou
comunitários. A atividade econômica seria, pois, meramente instrumental,
e não definitória dos fins do Estado.

Há, contudo, uma exceção a essa excludente estatal: se as próprias


entidades estatais, organizadas em moldes privados, passam a se
reconhecer e classificar, em seus estatutos, como grupo econômico para
os fins inerentes ao Direito Civil e Empresarial. Elas irão,
automaticamente, sujeitar-se aos efeitos trabalhistas de sua situação
fático-jurídica de grupo, isto é, aos efeitos do art. 2º, § 2º, da CLT (art.
173, §1º, II, CR/88).8

Teorias sobre a formação do grupo econômico

- o art. 2º, § 2º da CLT exige que as empresas estejam “sob a direção,


controle ou administração de outra”. A partir da interpretação desse
dispositivo, surgem duas correntes:

1ª corrente: confere uma interpretação literal ao dispositivo celetista.


Desse modo, a relação entre as empresas componentes de grupo
econômico é sempre de dominação, o que supõe uma empresa
principal ou controladora e uma ou várias empresas controladas. É a
teoria hierárquica ou vertical ou por subordinação. Defendida por
Octavio Bueno Magano.9

2ª corrente: defende ser possível o grupo de empresas dispostas em


posição horizontal. Na realidade, o grupo de empresas, para fins
trabalhistas, pode perfeitamente se formar, e ser assim reconhecido,
em razão da existência de certa unidade, direção única ou realização

7
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed. São Paulo: LTr, 2014. pág. 425.
8
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed. São Paulo: LTr, 2014. pág. 425.
9
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 8. ed. São Paulo: Método, 2013. pág. 439.
de objetivos comuns. Além disso, deve-se aplicar o art. 9º da CLT para
a configuração do grupo de empresas, devendo prevalecer o princípio
da primazia da realidade, e não mera roupagem que pretenda afastar a
sua existência.10 Doutrinariamente, é a corrente que prevalece
(Godinho, Amauri Mascaro, Gustavo Filipe, Vólia Bonfim, Carrion,
dentre outros). Ou seja, há possibilidade da formação do grupo
horizontal ou por coordenação, sem a presença de uma pessoa
jurídica que administre e dirija as demais empresas.11

Principais consequências da formação do grupo econômico12

- responsabilidade solidária entre as empresas, ou seja, se uma


delas não quitar os débitos trabalhistas, as demais são responsáveis
integralmente pela dívida (responsabilidade solidária passiva). A
maioria da doutrina e a Súmula 129 do TST adotam também a
responsabilidade solidária ativa, dual.

- formação de um único contrato de trabalho (tese do empregador


único).

O responsável solidário, integrante do grupo econômico, que não


participou da relação processual como reclamado e que, portanto,
não consta no título executivo judicial como devedor, pode ser
sujeito passivo na execução?

A antiga Súmula 205 do TST (cancelada em 2003) exigia a formação de


litisconsórcio passivo pelas entidades que se pretendiam ver declaradas
como integrantes do grupo, impondo que esta tese fosse necessariamente
examinada na fase cognitiva do processo trabalhista. Não considerava
válida a aferição do grupo somente na fase executória do processo. Esse
ainda é o entendimento de parcela da doutrina.13

No entanto, após o cancelamento da súmula, abriu-se caminho à


verificação do grupo econômico no módulo processual executivo. Mas,
como lembra Godinho, tal viabilidade não é absoluta, sob pena de grave
afronta aos princípios constitucionais do contraditório e do devido
processo legal. É claro que ela desponta quando a prova da existência do
grupo for sumária, evidente, desnecessitando cognição complexa (como,
por exemplo, pelas vinculações manifestas nos contratos sociais das

10
GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 8. ed. São Paulo: Método, 2014.
pág. 310.
11
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 8. ed. São Paulo: Método, 2013. pág. 437.
12
MIESSA, Élisson; CORREIA, Henrique. Súmulas e Orientações Jurisprudenciais do TST:
comentadas e organizadas por assunto. 4. ed. Salvador: JusPodivm, 2014. pág. 119-120.
13
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 8. ed. São Paulo: Método, 2013. pág. 449.
diversas empresas).14

O caso concreto

No caso concreto, reconheceu-se que as empresas em questão tinham os


mesmos sócios, sendo que uma delas tinha sua atividade voltada para o
mercado imobiliário, enquanto a outra atuava no ramo de segurança e
transporte de valores, bem como importação e exportação de
equipamentos eletrônicos, não guardando, portanto, qualquer relação
entre os respectivos objetos comerciais a indicar laços de direção entre
elas.

Votos vencidos

No mérito, por maioria, a Subseção negou provimento ao recurso,


vencidos os Ministros Lelio Bentes Corrêa, Augusto César Leite de
Carvalho, José Roberto Freire Pimenta e Hugo Carlos Scheuermann, que
davam provimento aos embargos para restabelecer a decisão proferida
pelo TRT que, adotando a teoria horizontal ou da coordenação,
entendeu configurado o grupo econômico porque existente nexo
relacional entre as empresas envolvidas, pois além de terem sócios
em comum, restou demonstrado que houve aporte financeiro dos
sócios de uma empresa na outra.
Súmula 129 do TST. CONTRATO DE TRABALHO. GRUPO ECONÔMICO. A
prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico,
Súmulas
durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais
de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário.

OJs Não há OJs aplicáveis diretamente ao caso concreto.


Art. 2º, § 2º, da CLT. Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada
uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou
administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer
outra atividade econômica, serão, para os efeitos, da relação de emprego,
solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas

Art. 3º, § 2º, da Lei nº 5.889/73 (Rural). Considera-se empregador, rural, para os
Referências
efeitos desta Lei, a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore
legislativas
atividade agro-econômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou
através de prepostos e com auxílio de empregados.
[...]
§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, embora tendo cada uma delas
personalidade jurídica própria, estiverem sob direção, controle ou administração
de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia,
integrem grupo econômico ou financeiro rural, serão responsáveis solidariamente

14
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed. São Paulo: LTr, 2014. pág. 431.
nas obrigações decorrentes da relação de emprego.
 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 8. ed. São Paulo: Método, 2013.
 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed. São
Paulo: LTr, 2014.
 MIESSA, Élisson; CORREIA, Henrique. Súmulas e Orientações
Referências
Jurisprudenciais do TST: comentadas e organizadas por assunto. 4. ed.
Salvador: JusPodivm, 2014.
 RESENDE, Ricardo. Direito do Trabalho Esquematizado. 4. ed. São Paulo:
Método, 2014.
TST-E-ED-RR-214940-39.2006.5.02.0472, SBDI-I, rel. Min. Horácio Raymundo
Processo
de Senna Pires 22.5.2014.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Embargos por contrariedade a súmula ou orientação jurisprudencial15

O conhecimento de embargos regidos pela Lei n.º 11.496/2007, por contrariedade


a súmula ou orientação jurisprudencial de direito processual, viabiliza-se,
excepcionalmente, na hipótese em que, do conteúdo da própria decisão da
Turma, verifica-se afirmação ou manifestação que diverge do teor do verbete
jurisprudencial indicado como contrariado pela parte.

Comentários No caso, a Turma fixou o grau de insalubridade, com análise do conjunto


fático probatório, sem que o TRT e a Vara do Trabalho tenham se
manifestado a respeito, ou seja, houve decisão a partir de dados fáticos
não inseridos no acórdão do Regional, sem que a matéria tivesse sido
prequestionada (supressão de instância), o que dissente, portanto, da
diretriz preconizada nas Súmulas nºs 126 e 296 do TST.

Assim sendo, a SBDI-I, em sua composição plena, por maioria, conheceu


dos embargos interpostos pelo reclamado, por contrariedade às Súmulas
nºs 126 e 296 do TST, vencido o Ministro Ives Gandra Martins Filho que
não conhecia do apelo.

No mérito, por maioria, a Subseção deu provimento aos embargos para


determinar o retorno dos autos ao TRT de origem a fim de que examine,
como entender de direito, o pedido sucessivo referente ao adicional de
insalubridade, no contexto do laudo pericial já elaborado, vencidos
parcialmente os Ministros Augusto César Leite de Carvalho, relator, João
Oreste Dalazen, Ives Gandra Martins Filho, Brito Pereira e Renato de
Lacerda Paiva.
SUM-126 RECURSO. CABIMENTO. Incabível o recurso de revista ou de
Súmulas embargos (arts. 896 e 894, "b", da CLT) para reexame de fatos e provas.

15
De menor relevância para concursos, ante a especificidade do caso concreto.
SUM-296 RECURSO. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL.
ESPECIFICIDADE.
I - A divergência jurisprudencial ensejadora da admissibilidade, do
prosseguimento e do conhecimento do recurso há de ser específica, revelando
a existência de teses diversas na interpretação de um mesmo dispositivo legal,
embora idênticos os fatos que as ensejaram.
II - Não ofende o art. 896 da CLT decisão de Turma que, examinando
premissas concretas de especificidade da divergência colacionada no apelo
revisional, conclui pelo conhecimento ou desconhecimento do recurso.
OJs Não há OJ relacionada diretamente ao caso julgado.
Referências
-
legislativas
Referências -
TST-E-ED-ED-RR-67300-63.2003.5.17.0005, SBDI-I, rel. Min. Augusto César
Processo
Leite de Carvalho, red. p/ acórdão Min. José Roberto Freire Pimenta, 22.5.2014.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Promoção por merecimento e por antiguidade. Regulamentação dos critérios.

O requisito de prévia regulamentação das promoções por merecimento


imposto em norma interna da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal –
Metrô/DF para a concessão de promoções por antiguidade configura condição
puramente potestativa, ou seja, dependente exclusivamente da vontade de uma
das partes. Logo, o seu descumprimento não pode inviabilizar o direito do
empregado às progressões por antiguidade quando presente o pressuposto
temporal (objetivo), sob pena de violação dos arts. 122 e 129 do CC.

Comentários Condição – aspectos gerais.

Depois da análise do plano de existência e validade, a análise do ato negocial


passa pelo plano da eficácia, nos quais se estuda a condição, o termo e o,
modo ou encargo também chamados de elementos acidentais do negócio
jurídico. Assim, a condição insere-se no plano de eficácia do negócio jurídico.

Conceito: segundo Clóvis Beviláqua, condição é a determinação acessória,


que faz a eficácia da vontade declarada dependente de algum acontecimento
futuro e incerto.16

Características: dois elementos são fundamentais para que se possa


caracterizar a condição:17
a) a incerteza: se o fato a que se subordina a declaração de vontade for
certo, estaremos diante de um termo, e não de uma condição.

16
Apud GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil. Volume I:
parte geral. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 404.
17
Idem. p. 405.
b) a futuridade: acontecimento passado não pode caracterizar
determinação acessória.

Assim, dispõe o art. 121 do CC: Art. 121. Considera-se condição a cláusula
que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito jurídico
a evento futuro e incerto.

Classificação: dentre outras classificações, a doutrina costuma reputar


proibidas as condições:
a) perplexas (incompreensíveis ou contraditórias);
b) potestativas: as condições puramente potestativas são aquelas que
derivam do exclusivo arbítrio de uma das partes. Viciam o ato.

O caso concreto

A situação concreta era a seguinte: a empregadora possuía plano de cargos


e salário com cláusula que estabelecia a necessidade de prévia progressão
por merecimento para que houvesse concessão da promoção por
antiguidade. Assim, a primeira promoção sempre se daria por merecimento e,
só depois, por antiguidade. Em outras palavras, a promoção por antiguidade
estava atrelada à promoção, primeiramente, por merecimento. Havia um
requisito prévio para promoção por antiguidade: a promoção por
merecimento.

Ocorre que, esse mesmo plano de cargos e salário previa que a promoção
por merecimento seria posteriormente regulada pela empregadora, o que
jamais aconteceu. Uma espécie de norma programática dentro do plano de
cargos e salários, que requer regulamentação interna para produzir efeitos.
Dessa forma, as promoções não ocorreram por ausência da regulamentação
da matéria.

A questão que se coloca é: o empregado que possui tempo de serviço


suficiente (antiguidade) tem direito à progressão funcional sem antes ter
sido promovido por merecimento (já que era impossível a promoção prévia
por merecimento, ante a ausência de regulamentação)?

O TST, por meio da SBDI-1 entendeu que o requisito de prévia


regulamentação das promoções por merecimento para a concessão de
promoções por antiguidade configura condição puramente potestativa (aquela
que depende exclusivamente da vontade de uma das partes). Logo, o seu
descumprimento não pode inviabilizar o direito do empregado às
progressões por antiguidade quando presente o pressuposto temporal
(objetivo), sob pena de violação dos arts. 122 e 129 do CC.

Por ser puramente potestativa, a condição é nula. Por consequência, tem


direito o empregado a promoção por antiguidade, mesmo que anteriormente
não tenha sido promovido por merecimento.
Súmulas Não há súmulas relacionadas diretamente ao caso julgado.
OJs Não há OJ relacionada diretamente ao caso julgado.

Art. 122, CC. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à
ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as
que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de
uma das partes.
Referências
legislativas
Art. 129, CC. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo
implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer,
considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada
a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento.

 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de


Referências
Direito Civil. Volume I: parte geral. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
TST-E-RR-1913-15.2011.5.10.0103, SBDI-I, rel. Min. Renato de Lacerda Paiva,
Processo
22.5.2014.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


É de 24 horas o prazo para pagamento do valor residual ao sinal na arrematação.

A CLT determina que o arrematante de bem levado à hasta pública deve


garantir seu lance com sinal correspondente a 20% do valor da arrematação.
Arrematado o bem, o valor deve ser complementado em 24 horas, sob pena de
perda do valor do sinal em favor da execução, bem como do retorno do bem
executado à praça ou leilão. Assim sendo, reputa-se violado o art. 888, § 4º, da
CLT, na hipótese em que o pagamento dos 80% remanescentes ocorreu mais de
um ano após a arrematação, em razão de prazo concedido pelo próprio leiloeiro.

Comentários Na execução, o que é a fase de expropriação?


A expropriação é fase na qual os bens do executado serão
compulsoriamente transferidos para terceiros. Segundo Manoel Antônio
Teixeira Filho

A expropriação judicial (ou processual) espelha ato que o Estado


pratica, por intermédio do juiz, com o fim de transferir, a outra pessoa,
bens penhorados ao devedor, sem o consentimento deste, com o
objetivo de satisfazer o direito do credor, consubstanciado no título
executivo.18

Quais são as modalidades de expropriação?

Segundo Mauro Schiavi19, a expropriação é gênero, do qual são espécies:

18
TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. Execução no Processo do Trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr, 2001.
p. 497.
19
CHIAVI, Mauro. Execução no Processo do Trabalho. 3. ed. São Paulo: LTr, 2011. p. 339.
- alienação de bens do devedor por iniciativa particular;
- alienação em hasta pública;
- adjudicação em favor do credor;
- adjudicação em favor das pessoas;
- usufruto de imóvel ou de empresa.

A Alienação em Hasta Pública

A CLT disciplina o assunto no seu artigo 888, verbis:

Art. 888 - Concluída a avaliação, dentro de dez dias, contados da data da


nomeação do avaliador, seguir-se-á a arrematação, que será anunciada por
edital afixado na sede do juízo ou tribunal e publicado no jornal local, se
houver, com a antecedência de vinte (20) dias.
§ 1º A arrematação far-se-á em dia, hora e lugar anunciados e os bens serão
vendidos pelo maior lance, tendo o exequente preferência para a adjudicação.
§ 2º O arrematante deverá garantir o lance com o sinal correspondente a 20%
(vinte por cento) do seu valor.
§ 3º Não havendo licitante, e não requerendo o exequente a adjudicação dos
bens penhorados, poderão os mesmos ser vendidos por leiloeiro nomeado pelo
Juiz ou Presidente.
§ 4º Se o arrematante, ou seu fiador, não pagar dentro de 24 (vinte e quatro)
horas o preço da arrematação, perderá, em benefício da execução, o sinal de
que trata o § 2º deste artigo, voltando à praça os bens executados.

A CLT é clara ao dispor que o arrematante deverá garantir o lance com o


sinal correspondente a 20% (vinte por cento) de seu valor. Se o
arrematante, ou seu fiador, não pagar dentro de 24 horas o preço da
arrematação, perderá, em benefício da execução, o sinal, voltando à hasta
pública os bens penhorados.

No caso concreto o leiloeiro concedeu um prazo maior para o arrematante


complementar o lance. Entretanto, tal como decidiu o TST, não cabe ao
leiloeiro, por maior que seja o seu prestígio pessoal e profissional, inovar o
procedimento de arrematação para facultar aos arrematantes prazo
dilatado para a complementação do lanço, condicionando-a à
homologação da arrematação.
Súmulas Não há súmula aplicável ao caso concreto.
OJs Não há OJ relacionada diretamente ao caso julgado.
Referências
Art. 888, § 4º, da CLT.
legislativas
 SCHIAVI, Mauro. Execução no Processo do Trabalho. 3. ed. São Paulo: LTr,
2011.
Referências
 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. Execução no Processo do Trabalho. 7. ed.
São Paulo: LTr, 2001.
Informativo Esquematizado TST n. 84
Período: 27 de maio a 02 de junho de 2014.
Raphael Miziara (Prof. e Advogado) e Roberto W. Braga (Prof. e Juiz TRT 22ª Região)

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO


Empresas de um mesmo grupo econômico podem ser representadas em juízo por
preposto que seja empregado de qualquer uma delas

Em razão da solidariedade consagrada no § 2º do art. 2º da CLT e do disposto no


art. 843, § 1º da CLT, as empresas de um mesmo grupo econômico podem ser
representadas em juízo por preposto que seja empregado de qualquer uma delas,
desde que tenha conhecimento dos fatos controvertidos.

Comentários A solidariedade no grupo econômico1

Como já estudado por nós no Informativo TST n. 83, o grupo econômico é


instituto trabalhista que prevê a solidariedade das entidades integrantes
de um conglomerado empresarial. É composto por duas ou mais
empresas, embora cada uma delas apresente personalidade jurídica
própria (art. 2º, § 2º, da CLT e art. 3º, § 2º, da Lei 5.889/73). Na lição de
Maurício Godinho Delgado:

O grupo econômico aventado pelo Direito do Trabalho define-se como a


figura resultante da vinculação justrabalhista que se forma entre dois ou
mais entes favorecidos direta ou indiretamente pelo mesmo contrato de
trabalho, em decorrência de existir entre esses entes laços de direção
ou coordenação em face de atividades industriais, comerciais,
financeiras, agroindustriais ou de qualquer outra natureza econômica.2

Qual a extensão da solidariedade imposta pelo ordenamento jurídico


trabalhista?3

1ª corrente: entende que a solidariedade derivada do grupo econômico


seria exclusivamente passiva – abrangendo, pois, apenas os débitos
trabalhistas dos entes integrantes do grupo. Em favor dessa tese há,
ainda, o texto literal do art. 3º, § 2º, da Lei n. 5.889/73, que se refere, de
fato, apenas à solidariedade por obrigações decorrentes da relação de
emprego.

1
Para uma melhor abordagem sobre “grupo econômico”, consultar os comentários ao Informativo TST n.
83.
2
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed. São Paulo: LTr, 2014. pág. 423.
3
Trechos retirados da obra de Maurício Godinho Delgado, acima citada.
a) solidariedade exclusivamente passiva: o objetivo primordial do
reconhecimento do grupo econômico foi assegurar maior garantia
aos créditos trabalhistas. O instrumento para isso foi firmar a
solidariedade passiva entre as diversas integrantes de um mesmo
complexo empresarial. Em face da solidariedade passiva as
entidades do grupo econômico respondem pelos créditos laborais
oriundos de certo contrato de emprego, ainda que firmado este
exclusivamente com uma única dessas entidades.

2ª corrente: também aceita a solidariedade passiva entre os entes


integrantes do grupo econômico. Mas acopla à solidariedade passiva
também a solidariedade ativa das entidades componentes do grupo
econômico, em face do mesmo contrato de trabalho. Solidariedade DUAL,
portanto, ATIVA e PASSIVA em face do conjunto do contrato de trabalho.

b) Solidariedade passiva e ativa – tese do empregador único:


passa essa segunda vertente, a solidariedade das empresas
componentes do grupo não existe apenas perante as obrigações
trabalhistas que lhe decorrem dos contratos empregatícios
(solidariedade passiva), mas também perante os direitos e
prerrogativas laborativas que lhes favorecem em função desses
mesmos contratos (solidariedade ativa). Todos os membros do
grupo seriam, pois, ao mesmo tempo, empregadores e não
somente garantidores de créditos derivados de um contrato de
emprego. Em outros termos, configurado o grupo econômico, seus
componentes consubstanciam empregador único em face dos
contratos de trabalho subscritos pelas empresas integrantes do
mesmo grupo. É a corrente adotada pelo TST, que se perfilou em
direção à tese da responsabilidade dual (empregador único), nos
termos da Súmula 129 de sua jurisprudência.

Audiência trabalhista e a figura do preposto

Em regra, na audiência deverão estar presentes o reclamante e o


reclamado. No entanto, é facultado ao empregador fazer-se substituir pelo
gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e
cujas declarações obrigarão o proponente.

Preposto necessita de procuração?

A lei não exige procuração para o preposto, bastando a exibição de sua


CTPS, diante da existência do mandato legal.
E carta de preposição, é necessária?

A praxe forense vem exigindo a apresentação de carta de preposto, mas


sua ausência não pode ser considerada irregularidade de representação.
(MARTINS, Comentários, 2010, p. 890 e CARRION, Comentários, 2010,
p. 770-771).4

O preposto necessita ser empregado do(a) reclamado(a)?

A jurisprudência trabalhista entende que o preposto deve ser


necessariamente empregado do reclamado (Súmula 377 do TST).

Embora a lei não exija que o preposto seja empregado (art. 843, § 1º da
CLT), entende-se plenamente razoável o entendimento sufragado pela
jurisprudência que exige referida qualidade.

A questão que se coloca é: em audiência na qual figura como Reclamada


a empresa A, pode ser preposto o empregado da empresa B, integrante
do mesmo grupo econômico da empresa A?

O TST entendeu que sim, justamente em razão da adoção da tese da


solidariedade ativa, pois o empregador é único.

Com efeito, na hipótese de grupo econômico, entendeu-se que as


empresas que compõe o grupo poderão se fazer representar por
empregados de qualquer empresa do grupo, sem exigir o vínculo de
emprego especificamente com o réu.

Esse entendimento não contraria a Súmula nº 377 do TST, pois a


exigência de que o preposto seja, necessariamente, empregado da
reclamada, tem como fundamento impedir a configuração do chamado
“preposto profissional”, hipótese diversa da tratada no caso concreto.

Como bem leciona Wagner D. Giglio, citado no acórdão ora comentado,

nada obstante, a faculdade atribuída às partes, no processo trabalhista,


de comparecer em juízo, requerer e seguir o processo, sem advogado,
impede, em princípio, a admissão de qualquer pessoa como preposto,
vez que essa prática daria lugar à 'indústria de prepostos', isto é, à
proliferação de elementos que, não sendo bacharéis, se especializariam
em exercer a função de representantes de empregadores, na Justiça do

4
Apud MOURA, Marcelo. Consolidação das Leis do Trabalho para concursos. 3. ed. Salvador:
JusPodivm, 2013. p. 843.
Trabalho. E o exercício da atividade privativa de advogados, sem
habilitação legal, constitui contravenção penal (Lei das Contravenções,
art. 47). Esta é a razão fundamental, no nosso entender, de se exigir,
como regra, que o preposto seja empregado de quem o nomeou. ("in"
"Direito Processual do Trabalho", 8ª edição, LTr, pág. 214).

Esse entendimento se aplica para as ações decorrentes da relação


de trabalho?

ATENÇÃO: nas ações decorrentes da relação de trabalho e não de


emprego, inseridas pela EC n. 45/04, não há como exigir da parte a
representação por empregado, de modo que, nesse caso, basta que o
preposto tenha conhecimento dos fatos, sob pena de confissão ficta
(SCHIAVI).5

Ementa do julgado

A decisão ficou assim ementada:

RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º


11.496/2007. REVELIA E CONFISSÃO FICTA. SÚMULA N.º 377
DESTA CORTE UNIFORMIZADORA. PREPOSTO EMPREGADO DE
EMPRESA DO MESMO GRUPO ECONÔMICO DE QUE FAZ PARTE
A RECLAMADA.
1. Esta Corte superior tem-se pronunciado no sentido de que as
empresas de um mesmo grupo econômico podem ser
representadas em juízo por preposto que seja empregado de
qualquer uma das empresas, desde que tenha conhecimento dos
fatos controvertidos. Tal entendimento encontra amparo no artigo 843,
§ 1º, da CLT, conjugado com o disposto no § 2º do artigo 2º da CLT.
2. A jurisprudência desta Corte uniformizadora é firme no sentido de
que, em razão da solidariedade decorrente da formação de grupo
econômico, o empregado pode ajuizar ação contra qualquer um
dos responsáveis solidários. Afigura-se consentânea com tal
entendimento a admissão da representação da empresa reclamada,
em audiência, por preposto empregado de uma das empresas
integrantes do grupo econômico. Imperioso frisar que, nos termos da
lei, as declarações do preposto obrigarão o preponente.
3. Não há cogitar, na hipótese, em contrariedade à Súmula n.º 377
desta Corte uniformizadora, cuja tese genérica não contempla o cerne
da controvérsia revelada nos autos, relacionada com a possibilidade de
representação da reclamada, em audiência, por preposto empregado de
empresa do mesmo grupo econômico da reclamada.
4. Recurso de embargos a que se nega provimento.

5
Apud MIESSA, Élisson; CORREIA, Henrique. Súmulas e Orientações Jurisprudenciais do TST:
comentadas e organizadas por assunto. 4. ed. Salvador: JusPodivm, 2014. p. 791.
SUM-129 CONTRATO DE TRABALHO. GRUPO ECONÔMICO.
A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico,
durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais
de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário.
Súmulas
SUM-377 PREPOSTO. EXIGÊNCIA DA CONDIÇÃO DE EMPREGADO.
Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou
pequeno empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do
reclamado. Inteligência do art. 843, § 1º, da CLT e do art. 54 da Lei
Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.
OJs Não há OJs relacionadas diretamente ao caso comentado.
Art. 2º, §2º, da CLT - Considera-se empregador a empresa, individual ou
coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e
dirige a prestação pessoal de serviço.
§ 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas,
personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou
administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer
outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego,
solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.
Referências
legislativas
Art. 843, § 1º, da CLT. Na audiência de julgamento deverão estar presentes o
reclamante e o reclamado, independentemente do comparecimento de seus
representantes salvo, nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de
Cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se representar pelo
Sindicato de sua categoria.
§ 1º - É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou
qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações
obrigarão o proponente. [...]
 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed. São
Paulo: LTr, 2014.
Referências  MIESSA, Élisson; CORREIA, Henrique. Súmulas e Orientações
Jurisprudenciais do TST: comentadas e organizadas por assunto. 4. ed.
Salvador: JusPodivm, 2014.
TST-E-ED-RR-25600-66.2007.5.10.0004, SBDI-I, rel. Min. Lelio Bentes Corrêa,
Processo
29.5.2014.

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO


É devido o terço constitucional de férias ao empregado que gozou de licença
remunerada superior a trinta dias decorrente de paralisação da empresa

É devido o pagamento do terço constitucional relativo às férias, que deixarem de


ser usufruídas em razão da concessão de licença remunerada superior a trinta
dias decorrente de paralisação das atividades da empresa, por ser direito do
trabalhador, previsto no art. 7º, XVII, da CF. O art. 133, II, da CLT, ao prescrever
que não terá direito a férias o empregado que, no curso do período aquisitivo,
desfrutar de mais de trinta dias de licença remunerada, teve por objetivo evitar a
duplicidade de gozo de férias no mesmo período aquisitivo, sem, contudo, retirar
o direito ao terço constitucional.

Comentários Férias não gozadas. Licença remunerada superior a trinta dias. Terço
constitucional. Devido.

A percepção de licença remunerada por tempo superior a 30 dias


prejudica a aquisição do direito às férias, pois este período de
afastamento equivale ao gozo das mesmas (inc. II). De fato, não há direito
a férias. Isso é pacífico.

O que se discute aqui é se o empregado faz jus ao recebimento do terço


constitucional de férias referente a período aquisitivo em que usufruiu de
licença remunerada, por prazo superior a 30 dias.

A opinião majoritária entende que a remuneração desta licença de mais


de 30 dias deve ser acrescida do adicional de 1/3 previsto no art. 7º,
XVII, da CR/88. Segundo Marcelo Moura esta é a melhor posição. O
mesmo autor citada que este também é o entendimento de Alice Monteiro
de Barros, inclusive transcrevendo jurisprudência do TST embasando sua
opinião. Também citando jurisprudência do TST neste sentido encontra-se
Valentin Carrion.6

O adicional de 1/3 também é devido na hipótese do inciso III, na qual


o empregado tem seu contrato de trabalho interrompido em virtude da
paralisação das atividades da empresa por mais de 30 dias (Marcelo
Moura e Alice Monteiro de Barros)7

Nesse prumo, segundo o melhor entendimento a perda do direito às


férias não retira do trabalhador o direito ao pagamento do terço
constitucional, parte integrante da remuneração de férias, conforme já
se analisou.

Pertinentes, a propósito, os seguintes precedentes da Eg. SBDI-1 do TST,


citados no corpo do acórdão ora comentado:

"EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. PUBLICAÇÃO DO


ACÓRDÃO EMBARGADO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI
11.496/2007. ACRÉSCIMO DE UM TERÇO. CF, ARTIGO 7º, XVII.
FÉRIAS NÃO USUFRUÍDAS ANTE A CONCESSÃO DE LICENÇA

6
MOURA, Marcelo. Consolidação das Leis do Trabalho para concursos. 3. ed. Salvador: JusPodivm,
2013. p. 176.
7
MOURA, Marcelo. Consolidação das Leis do Trabalho para concursos. 3. ed. Salvador: JusPodivm,
2013. p. 176.
REMUNERADA POR MAIS DE TRINTA DIAS. PARALISAÇÃO DAS
ATIVIDADES DA EMPRESA POR FORÇA DE INTERDIÇÃO JUDICIAL.
A concessão de licença remunerada superior a trinta dias (CLT,
artigo 133, inciso II) não elide o direito à percepção do adicional à
remuneração das férias, consagrado no artigo 7º, inciso XVII, da
Carta Magna vigente, de, ‘pelo menos, um terço a mais do que o
salário normal’ [...] Precedentes desta SDI-1/TST e da Suprema Corte.
Recurso de embargos conhecido e provido." (E-RR-42700-
67.2002.5.02.0251, Relatora Ministra: Rosa Maria Weber, Data de
Julgamento: 24/05/2012, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, Data de Publicação: DEJT 28/09/2012)

Com esse entendimento, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu dos


embargos interpostos pelo reclamante, por divergência jurisprudencial, e,
no mérito, deu-lhes provimento para restabelecer o acórdão do Regional,
que reformara a sentença para acrescer à condenação o pagamento do
terço constitucional referente às férias do período aquisitivo
compreendido entre 2.2.2001 e 1.2.2002.

Ementa do julgado:

FÉRIAS NÃO GOZADAS. LICENÇA REMUNERADA SUPERIOR A


TRINTA DIAS. TERÇO CONSTITUCIONAL.
1. De conformidade com o artigo 133, inciso II da CLT, “não terá direito
a férias” o empregado que, no curso do período aquisitivo, desfrutar de
mais de 30 dias de licença remunerada, iniciando-se o decurso de novo
período aquisitivo quando o empregado retornar ao serviço, após o
período de licença (§ 2º do art. 133).
2. Ao assim dispor, a lei quis apenas evitar a duplicidade de gozo de
férias conquistadas no mesmo período aquisitivo. A licença
remunerada, contudo, não significa que o empregado não faça jus
ao terço constitucional sobre a remuneração proporcional ao
período de férias a que o empregado teria direito não fora a licença
remunerada. Ao retirar o duplo gozo de férias, a lei não poderia
subtrair-lhe também o acréscimo remuneratório contemplado no
inciso XVII do artigo 7º da Constituição Federal. Essa não foi a
intenção da lei, tanto que a Súmula nº 328 do TST assegura o terço
constitucional mesmo em caso da remuneração atinente a férias,
integrais ou proporcionais, gozadas ou não. Ademais, a não se
interpretar assim a lei, haveria um indesejável estímulo a que o
empregador frustrasse a aplicação do terço constitucional
mediante a concessão de licença remunerada de 31 ou 32 dias.
3. Embargos de que se conhece, por divergência jurisprudencial, e a
que se dá provimento para assegurar o terço constitucional sobre a
remuneração proporcional ao período de férias a que o empregado teria
direito não fora a licença remunerada. (sem grifos no original)
SUM-328 FÉRIAS. TERÇO CONSTITUCIONAL. O pagamento das férias,
Súmulas integrais ou proporcionais, gozadas ou não, na vigência da CF/1988, sujeita-se
ao acréscimo do terço previsto no respectivo art. 7º, XVII.
OJs Não há OJs aplicáveis diretamente ao caso concreto.

Art. 7º, XVII, da CF. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
outros que visem à melhoria de sua condição social:
[...]
XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do
que o salário normal.

Art. 133, II, da CLT. Não terá direito a férias o empregado que, no curso do
Referências período aquisitivo:
legislativas I - deixar o emprego e não for readmitido dentro de 60(sessenta) dias
subsequentes à sua saída;
II - permanecer em gozo de licença, com percepção de salários, por mais de 30
(trinta) dias;
III - deixar de trabalhar, com percepção do salário, por mais de 30 (trinta) dias,
em virtude de paralisação parcial ou total dos serviços da empresa; e
IV - tiver percebido da Previdência Social prestações de acidente de trabalho ou
de auxílio-doença por mais de 6 (seis) meses, embora descontínuos. [...]
 MOURA, Marcelo. Consolidação das Leis do Trabalho para concursos. 3. ed.
Referências
Salvador: JusPodivm, 2013.
TST-E-ED-RR-175700-12.2002.5.02.0463, SBDI-I, rel. Min. João Oreste
Processo
Dalazen, 29.5.2014.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Aplicação subsidiária do art. 475-P, parágrafo único do CPC ao Processo do Trabalho?

Existindo previsão expressa no art. 877 da CLT a respeito da competência para a


execução das decisões judiciais trabalhistas, a aplicação subsidiária ao
Processo do Trabalho do parágrafo único do art. 475-P do CPC, no sentido de se
permitir ao exequente optar pelo cumprimento da sentença pelo Juízo do local
onde se encontram bens sujeitos à expropriação ou do atual domicílio do
executado, implica contrariedade aos princípios da legalidade e do devido
processo legal e respectiva ofensa ao art. 5º, II e LIV, da CF.

Comentários Aplicação subsidiária do direito processual comum ao Processo do


Trabalho: requisitos

A aplicação subsidiária do direito processual comum ao processo do


trabalho depende da conjugação de dois requisitos: a) omissão da
legislação processual do trabalho; b) compatibilidade da norma
pretensamente aplicável com o sistema processual trabalhista (conjunto
de regras e princípios do processo do trabalho).8

É o que dispõe o art. 769 da CLT, verbis:

Art. 769 da CLT. Nos casos omissos, o direito processual comum será
fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em
que for incompatível com as normas deste Título. (gn)

Lacunas Ontológicas, Axiológicas e Normativas

Analisados os requisitos acima, indaga-se: o que é a omissão normativa


(requisito do item a)? Seria a mera ausência de norma (lacuna normativa),
ou também seria omissão o caso em que existe uma norma, porém a sua
aplicação causa uma situação de injustiça (lacuna axiológica) ou
desatualizada, fora do atual contexto social (lacuna ontológica).

A esse respeito, a doutrina se debate. Lembra SCHIAVI9 que, atualmente,


diante das recentes alterações do CPC, que imprimiram maior efetividade
e simplicidade ao processo civil, crescem as discussões sobre a aplicação
subsidiária do CPC ao Processo do Trabalho, e se é possível a aplicação
da regra processual civil se há regra expressa em sentido contrário na
CLT.

1ª corrente – RESTRITIVA: somente é permitida a aplicação


subsidiária das normas do Processo Civil quando houver omissão
da legislação processual trabalhista. Desse modo, somente se
admite a aplicação do CPC, quando houver a chamada lacuna
normativa. Essa vertente de entendimento sustenta a observância
do princípio do devido processo legal, no sentido de não
surpreender o jurisdicionado com outras regras processuais.

2ª corrente – EVOLUTIVA (também denominada


SISTEMÁTICA ou AMPLIATIVA): permite a aplicação subsidiária
do CPC ao Processo do Trabalho quando houver as lacunas
ontológicas e axiológicas da legislação processual trabalhista.
Além disso, defende a aplicação da legislação processual civil ao
processo do trabalho quando houver maior efetividade da
jurisdição trabalhista. Essa vertente tem suporte nos princípios
constitucionais da efetividade, duração razoável do processo e

8
MOURA, Marcelo. Consolidação das Leis do Trabalho para concursos. 3. ed. Salvador: JusPodivm,
2013. p. 872
9
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr, 2014. p. 149-
150.
acesso real e efetivo do trabalhador à Justiça do Trabalho, bem
como no caráter instrumental do processo.

Competência no processo de execução: análise do art. 475-P,


parágrafo único, do CPC e sua aplicação subsidiária ao Processo do
Trabalho

No direito processual civil a competência para a execução é regida pelo


art. 475-P do CPC, verbis:

Art. 475-P. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:


I – os tribunais, nas causas de sua competência originária;
II – o juízo que processou a causa no primeiro grau de jurisdição;
III – o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal
condenatória, de sentença arbitral ou de sentença estrangeira.
Parágrafo único. No caso do inciso II do caput deste artigo, o
exequente poderá optar pelo juízo do local onde se encontram bens
sujeitos à expropriação ou pelo do atual domicílio do executado, casos
em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de
origem.

O art. 475-P, parágrafo único, do CPC, criou o fenômeno dos foros


concorrentes, ou seja, a lei prevê mais de um foro concorrente à escolha
do autor. Quem escolhe entre as opções que a lei dá é o
autor/exequente/credor.

A ideia é a seguinte: o exequente pode escolher entre o juízo atual (pode


escolher ficar onde está, em outras palavras, pode aplicar a regra do
inciso II, que é o juízo que decidiu a causa) e o juízo onde se localizam os
bens do devedor ou de seu domicílio.

Três observações são importantes:

Observação 01: a partir do art. 475-P, parágrafo único, a competência


para o cumprimento de sentença para a execução da sentença passou a
ser uma competência relativa. Durante muito tempo, foi uma
competência absoluta.

Observação 02: Não existe execução itinerante. Muito simples! O


credor terá o momento para escolher e esse momento é o momento de
propositura do cumprimento de sentença. Em outras palavras: se optar
por ficar no juízo atual, não poderá, durante o cumprimento de sentença,
pedir para que ela seja remetida para o foro do domicílio do executado.
Há um momento para falar sobre a escolha e o momento é o início do
cumprimento de sentença. Se escolheu, não se pode alterar depois.
Observação 03: onde deve ser protocolado o pedido de cumprimento
de sentença: no juízo que processou ou no juízo que estão os bens ou
no juízo do domicílio do executado? Uma corrente doutrinária (Araken de
Assis, Nelson Nery) segundo a qual se deve entrar com o requerimento
inicial do cumprimento de sentença já no novo foro. No novo foro, o juízo
requisita o envio dos autos. Na prática, não é isso que vem
acontecendo. A prática mostrou que há uma situação mais simples, mais
fácil de fazer: é a situação vista por parcela da doutrina (Cassio
Scarpinella, Alexandre Câmara) segundo a qual se faz o requerimento
inicial no atual juízo. Dá-se início ao cumprimento de sentença onde o
processo já está. E o atual juízo remete o processo ao novo foro. Acaba
sendo mais fácil pelo seguinte: porque o requerimento inicial não é
distribuído. Ele é protocolado.

Essa inovação (foros concorrentes – parágrafo único do art. 475-P do


CPC), aplica-se subsidiariamente ao processo do trabalho?

Nesse caso específico, o TST adotou a primeira corrente (restritiva) e


entendeu que não existe lacuna normativa na espécie, já que a CLT tem
disciplina própria a respeito, de modo que estaria ausente a lacuna
normativa, o que afasta a aplicação subsidiária do direito processual
comum. Assim, afastou a aplicação subsidiária do art. 475-P, parágrafo
único, do CPC.

Segundo Mauro Schiavi

De nossa parte, pensamos que o art. 475-P, parágrafo único, do CPC é


compatível com os princípios que norteiam a execução trabalhista
(celeridade, efetividade, utilidade), não obstante a CLT reger a matéria
no art. 877 e ser a competência funcional para a execução absoluta, tais
argumentos não impedem a aplicação subsidiária do CPC, que propicia
maior agilidade na penhora de bens imóveis e também de encontrar o
executado [...]10

Entretanto, como se viu, segundo o atual entendimento do TST, em


adoção da corrente restritiva, não se aplica subsidiariamente ao processo
do trabalho a regra de competência na execução prevista no parágrafo
único do art. 475-P do CPC, ante a ausência de omissão na CLT.

Ementa da decisão:

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. ART. 475-P,

10
Idem. p. 56.
PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA NO
PROCESSO DO TRABALHO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE
OMISSÃO NA CLT.
1. O princípio do devido processo legal é garantia constitucional de que
as regras pré-estabelecidas pelo legislador ordinário devem ser
observadas na condução do processo, assegurando-se aos litigantes,
na defesa dos direitos levados ao Poder Judiciário, todas as
oportunidades processuais conferidas por lei.
2. A aplicação das regras de direito processual comum no âmbito do
Processo do Trabalho pressupõe a omissão da CLT e a compatibilidade
das respectivas normas com os princípios e dispositivos que regem este
ramo do Direito, nos termos dos arts. 769 e 889 da CLT.
3. Existindo previsão expressa na CLT acerca da competência para
a execução das decisões, a aplicação subsidiária do parágrafo
único do art. 475-P do CPC, no sentido de, a requerimento do
exequente, ser autorizada a remessa dos autos ao juízo do local
onde se encontram bens do executado passíveis de expropriação,
também seu atual domicílio, implica contrariedade aos princípios
da legalidade e do devido processo legal e respectiva ofensa ao
art. 5º, II e LIV, da Carta Magna.
4. Diante desse quadro, a competência para prosseguir na execução é
do Juízo Suscitado, na forma do art. 877 da CLT. Conflito de
competência que se julga procedente, para declarar competente o Juízo
Suscitado. (grifamos)
Súmulas -
OJs Não há OJ relacionada diretamente ao caso julgado.
Art. 475-P do CPC. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:
I – os tribunais, nas causas de sua competência originária;
II – o juízo que processou a causa no primeiro grau de jurisdição;
III – o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória,
de sentença arbitral ou de sentença estrangeira.
Parágrafo único. No caso do inciso II do caput deste artigo, o exequente poderá
optar pelo juízo do local onde se encontram bens sujeitos à expropriação ou pelo
Referências do atual domicílio do executado, casos em que a remessa dos autos do processo
legislativas será solicitada ao juízo de origem.

Art. 769 da CLT. Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte
subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for
incompatível com as normas deste Título.

Art. 877 da CLT. É competente para a execução das decisões o Juiz ou


Presidente do Tribunal que tiver conciliado ou julgado originariamente o dissídio.
 CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. 33. ed.
São Paulo: Saraiva, 2008.
Referências  MOURA, Marcelo. Consolidação das Leis do Trabalho para concursos. 3. ed.
Salvador: JusPodivm, 2013.
 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo:
LTr, 2014.
 SCHIAVI, Mauro. Execução no Processo do Trabalho. 3. ed. São Paulo: LTr,
2011. p. 28.

TST-CC-9941-32.2012.5.00.0000, SBDIII, rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de


Processo
Fontan Pereira, 27.5.2014.

DIREITO ADMINISTRATIVO
Servidor do TST cedido para entidade da Administração Indireta não tem direito à GAJ

Não é devido o pagamento da Gratificação de Atividade Judiciária (GAJ) durante o


período de cessão de servidor do TST à Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares (Ebeserh), empresa pública pertencente à Administração Indireta,
pois esta gratificação somente é devida na hipótese de cessão de servidor para
órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União e da Administração Pública
Direta do Poder Executivo Federal, conforme se infere do § 3º, do art. 13 da Lei nº
11.416/06 à luz da Portaria Conjunta nº 1, de 7 de março de 2007, do STF, CNJ,
Tribunais Superiores, CJF, CSJT e TJDFT, que regulamentou dispositivos da Lei
nº 11.416/2006. Ademais, nos termos da jurisprudência pacífica do STJ, a GAJ
possui evidente caráter propter laborem, não se incorporando à remuneração,
pois só o exercício da atividade é que justificaria o seu pagamento.
Com esse posicionamento, o Órgão Especial, por maioria, negou provimento ao
recurso em matéria administrativa. Ressalvou a fundamentação o Ministro Walmir
Oliveira da Costa. Vencidos os Ministros João Oreste Dalazen e Augusto César
Leite de Carvalho, que não conheciam do recurso.

Comentários  O presente julgado é irrelevante para concursos afetos às carreiras


trabalhistas. Trata-se de PA (Processo Administrativo) no qual um
servidor do TST, que estava cedido para entidade da Administração
Indireta, pretendia o recebimento da GAJ – Gratificação por Atividade
Judiciária. A pretensão foi negada, pois esta gratificação somente é
devida na hipótese de cessão de servidor para órgãos dos Poderes
Legislativo e Judiciário da União e da Administração Pública Direta do
Poder Executivo Federal.

Súmulas Não há súmulas relacionadas diretamente à decisão comentada.

OJs Não há OJs relacionadas diretamente à decisão comentada.


Referências
legislativas
-

Referências -

TST-PA-2453-55.2014.5.00.0000, Órgão Especial, rel. Min. Renato de Lacerda


Processo
Paiva, 2.6.2014.
Informativo Esquematizado TST n. 85
Período: 03 a 09 de junho de 2014.
Raphael Miziara (Prof. e Advogado) e Roberto W. Braga (Prof. e Juiz TRT 22ª Região)

DIREITO COLETIVO DO TRABALHO


Acordo no dissídio coletivo de greve não importa em perda do objeto no tocante ao
pedido de declaração de abusividade do movimento

A celebração de ajuste entre as partes no curso de processo de dissídio coletivo


de greve, com o consequente encerramento desta, não importa,
necessariamente, em extinção do feito sem resolução do mérito, por falta de
interesse processual, uma vez que os abusos cometidos no exercício desse
direito sujeitam os responsáveis às penas de lei, nos termos do § 2º do art. 9º da
CF. Assim, havendo ratificação da pretensão de declaração de abusividade do
movimento paredista, permanece o interesse processual da parte na obtenção do
provimento declaratório, somente alcançável judicialmente.

Comentários Dissídio Coletivo

Conceito: é um processo judicial destinado à solução de conflitos


coletivos (econômicos e jurídicos) de interesses nas relações de trabalho.
Em outras palavras, é o processo por meio do qual se discutem interesses
abstratos e gerais, de pessoas indeterminadas (categorias profissional e
econômica), com o fim de se criar, modificar ou extinguir condições gerais
de trabalho[...] (CR, art. 114, § 2º, e CLT, art. 766).1

Classificação: segundo o RITST (Regimento Interno do Tribunal Superior


do Trabalho) – art. 313 – os dissídios coletivos se classificam em: a.
econômicos; b. jurídicos; c. revisional; d. de greve; e. originários.

A doutrina critica essa classificação do RITST. Deve ser preferida a


nomenclatura que distingue os dissídios de direito
(jurídico/interpretativo) – interpreta/declara sobre o alcance de uma
norma jurídica existente, dos dissídios de interesses (econômicos) –
cria, extingue ou modifica normas e condições de trabalho.2

Qual a natureza jurídica do dissídio coletivo de greve?

É ao mesmo tempo declaratório ou interpretativo e econômico. É


declaratório, pois busca uma declaração do tribunal sobre a abusividade
ou não de determinado movimento paredista. É econômico ou de
1
MELO, Raimundo Simão de. Processo Coletivo do Trabalho. 2. ed. São Paulo: LTr, 2011. p. 70.
2
Idem. p. 72.
interesse, pois visa também a apreciação das reivindicações dos
trabalhadores. Assim também se posiciona Schiavi, para quem

Na greve, o dissídio coletivo (art. 8º, Lei nº 7.783/89) tem natureza


híbrida, pois, num primeiro plano, a Justiça do Trabalho irá dirimir a
controvérsia jurídica, declarando ou não a greve abusiva e, num
segundo plano, irá apreciar as cláusulas econômicas, exercendo o
poder normativo (dissídio de natureza econômica) (gn)3

No dissídio coletivo de greve, a celebração de ajuste entre as partes,


pondo fim a greve, importa em extinção do feito sem resolução do
mérito, por falta de interesse processual superveniente?

Para se enfrentar a questão, passa-se a análise do caso concreto. O


Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará - SINDUSCON/CE
(Categoria Econômica) ajuizou dissídio coletivo de greve em face do
Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil da Região
Metropolitana de Fortaleza - STICCRMF/CE (Categoria Profissional).
Alegou que:

Quando ainda em curso o processo de prévia negociação coletiva, os


empregados das empresas por ele representadas, sob o patrocínio do
sindicato profissional suscitado, com o emprego de violência contra
pessoas e patrimônio, realizaram paralisações diárias nos canteiros
de obras de empresas diversas, com duração de duas horas, sem a
observância das disposições contidas nos arts. 3º, parágrafo
único, 4º, 6º, I e §1º da Lei nº 7.783/89. (gn)

Em suma, o que pleiteava o sindicato da categoria econômica era a


declaração de abusividade da greve deflagrada.

No decorrer do processo, comprovou-se nos autos informação a


respeito do fim da greve, ante a celebração de convenção coletiva
entre as partes.

Ocorre que o sindicato da categoria econômica afirmou o seu interesse


no prosseguimento do feito – apesar da celebração de convenção
coletiva de trabalho e do fim da greve – para ver declarada a abusividade
do movimento.

O que deverá fazer o Tribunal:

a) extinção do processo sem resolução do mérito, na forma do art.

3
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr, 2014. p. 1225.
267, IV, do CPC, por perda superveniente do interesse processual,
resultante da celebração de convenção coletiva de trabalho entre
as partes? ou
b) dar continuidade ao feito, a fim de se proceder à apreciação do
mérito da Ação Declaratória de Abusividade de Greve?

O TRT da 7ª Região, acolhendo parecer do MPT, decretou a extinção do


processo sem resolução do mérito, na forma do art. 267, VI, do CPC, por
perda superveniente do interesse processual, resultante da celebração de
convenção coletiva de trabalho entre as partes.

Da decisão o Sindicato (categoria econômica) interpôs Agravo


Regimental, pleiteando sua reconsideração ou reforma, a fim de se
apreciar o mérito da Ação Declaratória de Abusividade de Greve.

O Pleno do TRT da 7ª Região negou provimento ao agravo regimental,


conforme fundamento sintetizado na correspondente ementa:

AGRAVO REGIMENTAL CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA QUE


EXTINGUIU DISSÍDIO DE ABUSIVIDADE DE GREVE POR PERDA DO
OBJETO. Constatada a carência de ação, por falta de interesse
processual, ao entendimento de que, com o fim da paralisação, em face
da celebração da convenção coletiva entre as partes, a ação
declaratória de abusividade de greve perdeu o seu objeto, apresenta-se
imperiosa a sua extinção, sem apreciação do mérito, por não mais
possuir fim útil a ser alcançado. Agravo Regimental conhecido e
improvido.

Diante da decisão negativa aos seus interesses, o Sindicato da categoria


econômica interpôs recurso ordinário ao TST. O TST então entendeu
correta a opção B, qual seja, dar continuidade ao feito, a fim de se
proceder à apreciação do mérito da Ação Declaratória de
Abusividade de Greve.

Entendimento Majoritário no TST

No julgamento do RO-10022-54.2013.5.14.0000 (sessão do dia


12/05/2014), a SDC entendeu que existe o interesse de agir da empresa
suscitante quanto à análise do pedido de declaração da abusividade da
greve, uma vez que, antes da homologação do acordo, houve
requerimento, registrado na ata de audiência, no sentido de que o pedido
declaratório fosse apreciado pelo Tribunal.
Esse é o entendimento majoritário, já manifestado em outros
processos similares.
Portanto, tal como consta do acórdão e na forma da jurisprudência
majoritária, independentemente de a greve findar no curso do processo
por acordo, havendo ratificação da pretensão de declaração de sua
abusividade4, permanece o interesse processual da parte na obtenção
desse provimento declaratório, somente alcançável por via judicial,
principalmente quando acusados excessos na condução do movimento
grevista.

De fato, a celebração de convenção coletiva de trabalho não fez perecer


as condições para processamento da ação principal, cujo objeto é a
declaração de abusividade do movimento grevista - natureza jurídica mista
do dissídio coletivo de greve (econômica + jurídica).

Por fim, o TST decidiu que o processo deveria continuar por dois motivos:

1. Primeiro, porque o sindicato da categoria econômica não desistiu


do dissídio coletivo de greve, ao entabular a noticiada
convenção coletiva de trabalho com o sindicato profissional
suscitado. Ao contrário, quando instado na Corte Regional a se
pronunciar a respeito, ressalvou expressamente seu interesse
no prosseguimento do feito, apesar da celebração desse
instrumento coletivo e do fim da greve.

2. Segundo, porque tal convenção coletiva de trabalho abrangeu


apenas normas de natureza econômica e social aplicáveis às
relações individuais de trabalho e cláusula reguladora da
forma de remuneração dos dias não trabalhados em virtude da
greve.

Assim, em resposta a pergunta inicial, temos que a celebração de ajuste


entre as partes no curso de processo de dissídio coletivo de greve, com o
consequente encerramento desta, não importa, necessariamente, em
extinção do feito sem resolução do mérito, por falta de interesse
processual, uma vez que os abusos cometidos no exercício desse direito
sujeitam os responsáveis às penas de lei (§ 2º do art. 9º da CF).

Havendo ratificação da pretensão de declaração de abusividade do


movimento paredista, permanece o interesse processual da parte na
obtenção do provimento declaratório.
Súmulas Não há súmulas relacionadas diretamente ao caso comentado.
OJs Não há OJs relacionadas diretamente ao caso comentado.

4
Para que permaneça o interesse de agir, deve a parte requerer expressamente o prosseguimento do
feito.
Art. 9º, § 2º, da CR/88. É assegurado o direito de greve, competindo aos
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses
que devam por meio dele defender.
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o
atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. (gn)

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:


Referências
[...]
legislativas
§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é
facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza
econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as
disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as
convencionadas anteriormente.
§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do
interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio
coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.
 MELO, Raimundo Simão de. A Greve no Direito Brasileiro. 3. ed. São Paulo:
LTr, 2011.
 MELO, Raimundo Simão de. Processo Coletivo do Trabalho. 2. ed. São Paulo:
Referências
LTr, 2011.
 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de Direito Sindical. 6. ed. São
Paulo: LTr, 2009.
Processo TST-RO-3675-34.2012.5.07.0000, SDC, rel. Min.Fernando Eizo Ono, 9.6.2014.

DIREITO COLETIVO DO TRABALHO


É nula cláusula que prevê obrigatoriedade de convocação do sindicato para compor toda
e qualquer comissão de sindicância que envolva trabalhadores.

A cláusula que prevê a convocação obrigatória de sindicato para compor toda e


qualquer comissão de sindicância que envolva os trabalhadores é nula, pois
haveria uma quebra de imparcialidade, já que é dever do sindicato defender os
integrantes da categoria profissional.

Comentários Regulamento Interno que prevê formalidade específica como


condição para aplicação de penalidades.

Pode ser que o regulamento interno de uma empresa estabeleça regras


ligadas às questões disciplinares (hipóteses de aplicação da advertência
e suspensão, instauração de prévio inquérito para apuração de falta
cometida, etc.). Essas normas previstas no regulamento passam a
integrar o contrato de trabalho, vinculando as partes envolvidas –
empregado e empregador.5

5
MIESSA, Élisson; CORREIA, Henrique. Súmulas e Orientações Jurisprudenciais do TST: comentadas
e organizadas por assunto. 4. ed. Salvador: JusPodivm, 2014. p. 57.
Nesse prumo, caso exista procedimento a ser seguido previamente
(inquérito, por exemplo) à aplicação da penalidade, a punição somente
será válida caso preenchida referida formalidade.

E se a formalidade não é seguida?

Enseja pedido de reintegração.6 Com efeito, a decisão é nula. Nesse


sentido, súmula 77 do TST:

PUNIÇÃO. Nula é a punição de empregado se não precedida de


inquérito ou sindicância internos a que se obrigou a empresa por
norma regulamentar.

Comissões de Sindicância

Para realização da sindicância interna, mister a formação de uma


comissão com atribuições específicas para apuração e julgamento do
empregado. A pergunta que se faz é: em dissídio coletivo, pode a Justiça
do Trabalho, no uso de seu poder normativo, impor cláusula normativa
que determine a obrigatoriedade de participação/composição do sindicato
nas comissões de sindicância?

A SDC entendeu que não. A maioria dos julgadores entendeu que a


obrigatoriedade da participação do sindicato nas comissões de
sindicâncias – como membro das referidas comissões –, que envolvam os
trabalhadores, compromete a parcialidade do resultado da apuração,
uma vez que a entidade tem o dever legal de defender os integrantes da
categoria profissional.

Votos vencidos

Vencidos, no tópico, os Ministros Kátia Magalhães Arruda, relatora, e


Maurício Godinho Delgado, que entendia possível a cláusula, pois está
em harmonia com a atribuição dos sindicatos de que trata o inciso III do
art. 8º da CF.
Súmula 77 do TST. PUNIÇÃO. Nula é a punição de empregado se não
Súmulas precedida de inquérito ou sindicância internos a que se obrigou a empresa por
norma regulamentar.
OJs Não há OJs relacionadas diretamente ao caso comentado.
Referências Art. 8º, CR/88. É livre a associação profissional ou sindical, observado o
legislativas seguinte:

6
Idem. p. 57. Os autores ainda fazem referência ao Informativo TST n. 33, que enfrentou a temática da
nulidade da decisão quando inobservado procedimento previsto em regulamento para aplicação de
penalidades.
[...]
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais
da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;
Referências -
TST-RO-6937-30.2012.5.02.0000, SDC, rel. Min. Kátia Magalhães Arruda,
Processo
9.6.2014.

DIREITO COLETIVO DO TRABALHO


Greve política: abusividade ou não?7

Embora a Constituição da República, em seu art. 9º, assegure o direito de greve


de forma ampla, os interesses suscetíveis de serem defendidos por meio do
movimento paredista dizem respeito a condições próprias de trabalho
profissional ou de normas de higiene, saúde e segurança no ambiente de
trabalho. Portanto, a greve deve ter por objeto a criação de normas ou condições
contratuais ou ambientais de trabalho. Não pode se consubstanciar em
movimento de protesto, com caráter claramente político, extrapolando o âmbito
laboral e denotando a abusividade material da paralisação, tornando-se
irrelevante analisar os aspectos formais da greve.

Comentários O que é uma greve abusiva?

Cometer excesso ou abusar de um direito é exercê-lo de forma irregular.


Conforme Amauri Mascaro Nascimento, o abuso de direito é o uso do
direito para objetivos contrários ao seu fim. É o mau exercício do direito
decorrente de lei ou de contrato.8

O art. 14 da Lei de Greve diz que:

Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas


contidas na presente Lei, bem como a manutenção da paralisação após
a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho.

Pelo dispositivo legal, vê-se que o ordenamento jurídico impõe requisitos


(formais e materiais) para o exercício regular do direito de greve, já que a
greve não é um direito absoluto. Considera-se abuso do direito de greve a
não observância das normas inseridas na Lei nº. 7.783/89. Configura-se
abuso do direito de greve o não cumprimento de exigências formais e
materiais nela estabelecidas. Raimundo Simão de Melo bem explica a
abusividade formal e a material:9

7
Para um estudo aprofundado sobre o direito de greve remete-se o leitor ao estudo dos comentários ao
Informativo TST n. 75, no qual se tratou de maneira mais abrangente acerca da greve no direito
brasileiro.
8
Apud MELO, Raimundo Simão. A Greve no Direito Brasileiro. 3. ed. São Paulo: LTr, 2011. p. 101.
9
Idem. p. 102.
Abusividade formal: considera-se a abusividade formal no
descumprimento de procedimentos, como a não realização de
assembleia de categoria para deliberar sobre seu exercício ou a
sua realização em desconformidade com o estatuto do sindicato;
a falta de aviso prévio ao empregador e à comunidade, conforme
o caso; e a ausência de tentativa de negociação coletiva antes da
deflagração do movimento, por exemplo (a greve somente deve
ser utilizada como ultima ratio, depois de esgotadas as formas
autônomas de solução do conflito trabalhista).

Abusividade material: materialmente, constituem abuso do direito


de greve o seu exercício em atividades essenciais sem o
atendimento das atividades inadiáveis da comunidade; a prática
de violência pelos trabalhadores contra coisas e pessoas; as
omissões dos sindicatos e de trabalhadores, como, por exemplo,
a falta de acordo para estabelecimento de manutenção de
maquinários da empresa que não possam sofrer solução de
continuidade no seu funcionamento; a deflagração do movimento
grevista na vigência de uma norma coletiva, salvo se for destinada
a pressionar o empregador ao cumprimento de norma coletiva
negociada, etc.

Aos exemplos do autor, podemos acrescentar que é materialmente


abusiva a greve que objetiva ou busca pretensões não amparadas na lei.

E a questão que então se coloca é: Quais os interesses/objetivos


podem ser buscados/defendidos por meio da greve ou seja, qual a
extensão do direito de greve?

Geralmente, existem dois tipos de interesses:

Interesses econômico-profissionais/trabalhistas: quanto ao


exercício do direito de greve, Mauricio Godinho Delgado ensina que a
greve é um instrumento de pressão pelo qual os trabalhadores tentam
a obtenção de melhores condições de trabalho e de salário. É o que se
denomina de natureza econômico-profissional ou contratual
trabalhista. O padrão geral das greves é circunscreverem-se às
fronteiras do contrato de trabalho, ao âmbito dos interesses
econômicos e profissionais dos empregados, que possam ser, de
um modo ou de outro, atendidos pelo empregador. Os interesses
contemplados em movimentos dessa ordem são, assim, regra geral,
meramente econômico profissionais (isto é, interesses típicos ao
contrato de trabalho)10

Interesses estranhos aos estritamente contratuais: é certo que a


grande maioria das greves dirige-se apenas a temas contratuais,
reivindicações trabalhistas. Entretanto, sob o ponto de vista
constitucional (art. 9º, § 2º, CR/88), as greves não necessitam
circunscrever-se a interesses estritamente contratais trabalhistas
(embora tal restrição seja recomendável, do ponto de vista político-
prático, em vista do risco da banalização do instituto - aspecto a ser
avaliado pelos trabalhadores).11 São movimentos paredistas que
defendem interesses que não sejam rigorosamente contratuais.

A respeito da natureza dos objetivos que podem ser vindicados,


despontam três principais correntes:

1ª corrente: as reivindicações devem ser atreladas ao contrato de


trabalho (interesses tipicamente trabalhistas) e (+) deve haver
possibilidade de atendimento dessas mesmas reivindicações pelo
empregador, ou seja, a pretensão deve ser passível de atendimento
pelo empregador. Defendida por Sérgio Pinto Martins e Gustavo Filipe
Barbosa Garcia.12 É a majoritária na doutrina e na jurisprudência do
TST.

2ª corrente: as reivindicações devem estar vinculadas/relacionadas ao


contrato de trabalho, ou seja, devem ter pertinência com interesses
trabalhistas, porém, não se exige que a pretensão seja exercitável
perante o empregador. Defendida por Raimundo Simão de Melo. 13 É
minoritária.

3ª corrente: é a corrente mais liberal, mais ampliativa. Pode defender


qualquer tipo de interesse, ainda que não seja um interesse trabalhista.
Em outras palavras, pode-se defender um interesse estritamente
político. Defendida por Godinho, que expressamente entende possível
inclusive a greve estritamente política, ao afirmar que a Constituição de
1988 conferiu, efetivamente, amplitude ao direito de greve.1415 Trata-se

10
DELGADO, Mauricio Godinho. Direito Coletivo do Trabalho. 3ª ed. São Paulo: LTr, 2008. p. 174.
11
Idem. p. 179-180.
12
GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 8. ed. São Paulo: Método, 2014. p.
1372.
13
MELO, Raimundo Simão. A Greve no Direito Brasileiro. 3. ed. São Paulo: LTr, 2011. p. 46.
14
DELGADO, Maurício Godinho. Direito Coletivo do Trabalho. 3. ed. São Paulo: LTr, 2008. p. 179.
15
ATENÇÃO: Na sua justificativa de voto vencido o Min. Godinho afirmou que “sem dúvida, é preciso
que exista certa pertinência com as questões relacionadas ao mundo do trabalho, não se tratando de
mera instrumentalização político-partidária ou algo similar.” Me parece que em seu voto o Ministro
pendeu para a segunda corrente, para admitir apenas a greve político-trabalhista e inadmitir a
estritamente política.
de uma interpretação literal do art. 9º da CR/88. Prossegue o autor
afirmando que [...] isso significa que, a teor do comando constitucional,
não são, em princípio, inválidos movimentos paredistas que defendam
interesses que não sejam rigorosamente contratuais. [...] A validade
desses movimentos será inquestionável. [...] É inegável que o direito de
greve não se resume tão somente como fator de pressão objetivando a
melhoria econômica.16 Portanto, é possível a eclosão das denominadas
greves de solidariedade ou as greves políticas. ATENÇÃO: A greve,
como cessação coletiva de trabalho, só pode ser tida como não
abusiva após as tentativas necessárias para a negociação coletiva ou
na impossibilidade da arbitragem (art. 3º, Lei 7.783/89). No entanto,
como se trata de uma greve política, na qual não se tem nenhuma
conotação econômica, não se poderia exigir o requisito da exaustão da
negociação coletiva. Ainda, como não são extraídas reivindicações de
natureza trabalhista, entende-se que a realização da assembleia não
pode ser exigida dos trabalhadores. Pela peculiaridade do movimento
paredista, não há como se declarar a abusividade por estes aspectos.
É posição minoritária.

Greve Política:

Considera-se greve de origem estritamente política aquela que não


possui nenhuma base profissional, visando protestar: a) contra atos do
governo e de órgãos do poder público ou privado ou, b) na possibilidade
de greve dirigida contra o próprio empregador em protesto contra decisões
que não tenham ligação direta com o contrato de trabalho.

Existem duas grandes teorias sobre a abusividade ou não das greves


políticas: a teoria restritiva e a teoria ampliativa.

A teoria restritiva entende que a greve de natureza política é sempre


abusiva, por falta de respaldo legal e desvinculação com a natureza
trabalhista. Foi a adotada pelo TST na decisão ora comentada e é
majoritária.

A teoria ampliativa entende que a motivação da greve não pode servir


para a caracterização da sua abusividade.

Aqui é preciso distinguir a greve estritamente política da greve político-


trabalhista. A primeira é vedada pela lei. A própria OIT entende que esta

16
Idem. p. 179.
não está abrangida pelos princípios da liberdade sindical (Convenção n.
87, art. 10)17. Por outro lado, temos a greve político-trabalhista, de
conteúdo profissional (busca também interesses profissionais). São
permitidas desde que voltadas para a defesa de interesses
trabalhista-profissionais, ou seja, desde que guardem relação com os
interesses dos trabalhadores, como por exemplo, uma greve-protesto dos
trabalhadores contra a política econômica empreendida pelo governo, com
claros e graves prejuízos para os trabalhadores, com diminuição do ritmo
de crescimento econômico e consequente desemprego em massa. De
fato, a OIT já se pronunciou concluindo que “os interesses profissionais e
econômicos que os trabalhadores defendem com o direito de greve
abrangem não só a conquista de melhores condições de trabalho ou as
reivindicações coletivas de ordem profissional, mas englobam também a
busca de soluções para as questões de política econômica e social”
(MELO, 2011, pág. 46). Lembrando que existem autores que não
admitem sequer a greve político-trabalhista (é o caso de Gustavo Filipe
Barbosa Garcia e Sérgio Pinto Martins e, para quem na greve político-
trabalhista “nada poderá ser reivindicado do empregador, apenas em
relação ao governo” e por isso a greve seria ilegal, já que para ser legal, a
pretensão deveria poder ser exercitável contra o empregador). Há várias
decisões nesse sentido, e a primeira corrente é a que prevalece.

No caso em exame, professores e auxiliares administrativos da PUC se


utilizaram da greve como meio de protesto pela não nomeação, para o
cargo de reitor, do candidato que figurou no topo da lista tríplice, embora
admitam que a escolha da candidata menos votada observou as normas
regulamentares.

Portanto, a greve não teve por objeto a criação de normas ou condições


contratuais ou ambientais de trabalho, mas se tratou de movimento de
protesto, com caráter claramente político, extrapolando o âmbito laboral e
denotando a abusividade material da paralisação, tornando-se irrelevante
analisar os aspectos formais da greve.

Com esse entendimento, a SDC, por unanimidade, conheceu do recurso


ordinário, e, no mérito, por maioria, deu-lhe parcial provimento para
declarar a abusividade material da greve.

Ementa

RECURSO ORDINÁRIO. DISSÍDIO DE GREVE. NOMEAÇÃO PARA

17
Ora, a greve de cunho eminentemente político (e não de política trabalhista) não conta com garantia
expressa nas normas da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Conforme explica Raimundo
Simão de Melo, quanto à greve política, a OIT entende que esta não está abrangida pelos princípios da
liberdade sindical - Convenção n. 87, art. 10 (in A greve no direito brasileiro, 2ª edição, São Paulo: LTR,
2009, p. 45).
REITOR DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
- PUC. CANDIDATA MENOS VOTADA EM LISTA TRÍPLICE.
OBSERVÂNCIA DO REGULAMENTO. PROTESTO COM MOTIVAÇÃO
POLÍTICA. ABUSIVIDADE DA PARALISAÇÃO.
[...]
3. Em um tal contexto, os interesses suscetíveis de serem
defendidos por meio da greve dizem respeito a condições
contratuais e ambientais de trabalho, ainda que já estipuladas, mas
não cumpridas; em outras palavras, o objeto da greve está limitado
a postulações capazes de serem atendidas por convenção ou
acordo coletivo, laudo arbitral ou sentença normativa da Justiça do
Trabalho, conforme lição do saudoso Ministro Arnaldo Süssekind, em
conhecida obra.
4. Na hipótese vertente, os professores e os auxiliares administrativos
da PUC se utilizaram da greve como meio de protesto pela não
nomeação para o cargo de reitor do candidato que figurou no topo da
lista tríplice, embora admitam que a escolha do candidato menos votado
observou as normas regulamentares. Portanto, a greve não teve por
objeto a criação de normas ou condições contratuais ou
ambientais de trabalho, mas se tratou de movimento de protesto,
com caráter político, extrapolando o âmbito laboral e denotando a
abusividade material da paralisação. (sem grifos no original).
Súmulas Não há súmulas relacionadas diretamente ao caso comentado.
OJs Não há OJs relacionadas diretamente ao caso comentado.
Art. 9º, CR/88. É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores
decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por
meio dele defender.
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o
atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.
Referências
legislativas
Lei nº 7.783/89 – Lei de Greve.

Art. 10 da Convenção 87 da OIT – Na presente Convenção, o termo


organização significa toda organização de trabalhadores e de empregadores que
tenha por objeto fomentar e defender os interesses dos trabalhadores e
dos empregadores.
 GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 8. ed. São
Paulo: Método, 2014.
 DELGADO, Maurício Godinho. Direito Coletivo do Trabalho. 3. ed. São Paulo:
Referências
LTr, 2008.
 MELO, Raimundo Simão. A Greve no Direito Brasileiro. 3. ed. São Paulo: LTr,
2011.
TST-RO-51534-84.2012.5.02.0000, SDC, rel. Min. Walmir Oliveira da Costa,
Processo
9.6.2014.

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO


Ao contrato de estágio aplica-se o prazo prescricional trabalhista
É imprópria a aplicação da prescrição decenal do art. 205 do CC ao contrato de
estágio regulado pela Lei nº 11.788/2008, pois ainda que não se trate de típica
relação de emprego, ostenta natureza de relação de trabalho a atrair a incidência
da prescrição de que trata o inciso XXIX do art. 7º da CF.

Comentários Aspectos gerais do contrato de estágio

Definição: nos termos da Lei nº 11.788/2008, o estágio é definido como o


"ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de
trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos
que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação
superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação
especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade
profissional da educação de jovens e adultos" (art. 1º).

Quais as modalidades de estágio?

O estágio pode ser obrigatório (quando é pré-requisito para conclusão do


curso) ou não obrigatório (se previsto no programa do curso como
atividade opcional, que se realizada será acrescida à carga horária
obrigatória).

O contrato de estágio gera vínculo de emprego?

Não, caso seja regular, ou seja, se atendidos todos os requisitos formais e


materiais impostos pela lei (art. 3º, da Lei nº. 11.788/08). Se desatendidos
os requisitos restará caracterizado o vínculo de emprego (§2º, art. 3º, da
Lei de Estágio). Como ensina Sergio Pinto Martins18:

A diferença entre o estágio e o contrato de trabalho é que no primeiro o


objetivo é a formação profissional do estagiário, tendo, portanto,
finalidade pedagógica, embora haja pessoalidade, subordinação,
continuidade e uma forma de contraprestação.
Assim, no estágio estudantil, embora presentes todos os requisitos
próprios da relação de emprego, a opção legislativa foi a de afastar a
assimilação, tendo em vista o objetivo de criar um regime específico para
propiciar experiências práticas como complementação de aprendizagem.19

Estagiário x Aprendiz

Não se confundem. A principal diferença é que o aprendiz é empregado

18
Apud GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 8. ed. São Paulo: Método,
2014. p. 292.
19
Idem. p. 294.
(contrato especial de trabalho – art. 428, caput, da CLT). Estagiário não é
empregado, mas é uma modalidade especial de trabalhador.

Qual é o prazo prescricional aplicável ao contrato de estágio?

1ª corrente: aplica-se o prazo prescricional decenal previsto no artigo 205


do CC, uma vez que o contrato de estágio não se trata de uma relação de
emprego, mas de trabalho. Assim, como os direitos pretendidos não têm
natureza trabalhista, entende-se aplicável a prescrição civil, observado o
prazo geral, de dez anos, nos termos do art. 205 do CC.

2ª corrente: aplica-se a prescrição trabalhista de 2(dois) e 5(cinco) anos,


prevista no art. 7º, XXIX, da CR/88 – é a posição majoritária, adotada
inclusive neste julgado. Para essa corrente de pensamento, a natureza do
contrato de estágio, que envolve uma relação de trabalho e não de
emprego, não afasta a incidência da prescrição trabalhista do inciso XXIX
do art. 7º da Constituição Federal, cujo comando alude, expressamente, a
contrato de trabalho e a trabalhadores urbanos e rurais, e não apenas a
empregados de modo que se mostra imprópria a aplicação da prescrição
decenal do art. 205 do Código Civil ao caso dos autos.

Restou assentado no acórdão que

A literalidade do inciso XXIX do art. 7º da CF/88 é clara no sentido de


que a prescrição por ele regulada abarca as ações quanto a créditos
resultantes das relações de trabalho, ou seja, litígios entre
trabalhadores e não apenas entre empregados e empregadores. [...]
Eventual descumprimento da legislação específica e ingresso com
reclamação na Justiça do Trabalho deve obedecer à prescrição
estabelecida no inciso XXIX do art. 7º da Magna Carta.

Em resumo, aplicando a segunda corrente a SBDI-I, por unanimidade,


restabeleceu a sentença de primeiro grau, que decretou a incidência da
prescrição total (2 anos) e extinguiu o feito, com julgamento de mérito, nos
termos do art. 269, IV, do CPC.
Súmulas Não há súmulas relacionadas diretamente ao caso comentado.
OJs Não há OJs relacionadas diretamente ao caso comentado.
Art. 7º, XXIX, CR/88. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
outros que visem à melhoria de sua condição social:
[...] XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com
Referências prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o
legislativas limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; [...]

Art. 205, Código Civil. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe
haja fixado prazo menor.
Lei nº 11.788/08 – Lei do Estágio.
 GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 8. ed. São
Referências
Paulo: Método, 2014.
TST-E-RR-201-90.2012.5.04.0662, SBDI-I, rel. Min. Luiz Philippe Vieira de Mello
Processo
Filho, 5.6.2014.

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO


Bancário e sábado como repouso semanal remunerado

A previsão, em norma coletiva, de repercussão das horas extras prestadas ao


longo da semana sobre o sábado descaracteriza a sua natureza de dia útil não
trabalhado. Assim, o sábado adquire feição de repouso semanal remunerado,
fazendo incidir a Súmula nº 124, I, “a” do TST.

Comentários Bancário. Jornada de Trabalho.

O bancário é um empregado com disciplina específica de duração do


trabalho (art. 224, CLT). Abaixo uma tabela para sistematizar a jornada:

Jornada Intervalo Limites Prorrogação Exceções


Não se aplicam aos que
exercem:
- 6 horas
contínuas
- funções de direção,
nos dias 15 minutos,
gerência, fiscalização,
úteis; não - a jornada
- A jornada chefia e equivalentes
computado poderá
de trabalho
- com s na excepcional
deve estar ou
exceção jornada de mente ser
compreendi
dos trabalho prorrogada
da entre 7h - que desempenhem outros
sábados - (OJ nº 178, até 8 horas
e 22h. cargos de confiança
dia útil não da SBDI-1, diárias
trabalhado; TST).
- desde que: o valor da
gratificação não seja
inferior a 1/3 (um terço) do
salário do cargo efetivo.

Qual a natureza jurídica do sábado do bancário?

O sábado do bancário é dia útil não trabalhado, ou seja, em regra, não


há repercussão de horas extras para esses dias (art. 224, da CLT).
Lembra Henrique Correia que há posicionamento minoritário, capitaneado
por Francisco Antônio Oliveira, que defende a equiparação do sábado ao
descanso semanal.20

20
MIESSA, Élisson; CORREIA, Henrique. Súmulas e Orientações Jurisprudenciais do TST:
comentadas e organizadas por assunto. 4. ed. Salvador: JusPodivm, 2014. p. 98.
Norma coletiva pode alterar essa natureza?

Sim. É possível que exista norma coletiva prevendo que o sábado seja
considerado como dia de descanso semanal remunerado. Nesse caso, a
consequência prática é a repercussão das horas extras no sábado (d.s.r.).

Atenção: essa alteração da natureza jurídica do sábado também pode se


dar por meio de ajuste individual expresso (Súmula 178, da SBDI-1,
TST).

Assim, para que o sábado seja equiparado ao DSR é se houver previsão


em negociação coletiva ou ajuste individual expresso. Assim estipulado,
haverá reflexos das verbas trabalhistas (horas extras, adicionais, etc.)
também nos sábados.

Caso o sábado seja considerado dia de descanso semanal


remunerado, qual o divisor a ser adotado?

Nesse caso, há incidência da Súmula nº 124, I, “a”, do TST e o divisor


aplicável é o divisor 150.
O TST determinou que se adotasse o divisor 150 para o cálculo das horas
extraordinárias a que faz jus o reclamante no período em que trabalhou
em jornada de seis horas, observada a vigência da norma coletiva que
estabelece o sábado como dia de repouso semanal remunerado.
SUM-124 TST. BANCÁRIO. SALÁRIO-HORA. DIVISOR.
I – O divisor aplicável para o cálculo das horas extras do bancário, se houver
ajuste individual expresso ou coletivo no sentido de considerar o sábado como
dia de descanso remunerado, será:
a) 150, para os empregados submetidos à jornada de seis horas, prevista no
caput do art. 224 da CLT;
Súmulas b) 200, para os empregados submetidos à jornada de oito horas, nos termos
do § 2º do art. 224 da CLT.
II – Nas demais hipóteses, aplicar-se-á o divisor:
a)180, para os empregados submetidos à jornada de seis horas prevista no
caput do art. 224 da CLT;
b) 220, para os empregados submetidos à jornada de oito horas, nos termos
do § 2º do art. 224 da CLT.
OJ-SDI1-178 BANCÁRIO. INTERVALO DE 15 MINUTOS. NÃO COMPU-
TÁVEL NA JORNADA DE TRABALHO. Não se computa, na jornada do
OJs
bancário sujeito a seis horas diárias de trabalho, o intervalo de quinze minutos
para lanche ou descanso.
Art. 224 - A duração normal do trabalho dos empregados em bancos, casas
bancárias e Caixa Econômica Federal será de 6 (seis) horas continuas nos
Referências
dias úteis, com exceção dos sábados, perfazendo um total de 30 (trinta)
legislativas
horas de trabalho por semana.
§ 1º - A duração normal do trabalho estabelecida neste artigo ficará
compreendida entre 7 (sete) e 22 (vinte e duas) horas, assegurando-se ao
empregado, no horário diário, um intervalo de 15 (quinze) minutos para
alimentação.
§ 2º - As disposições deste artigo não se aplicam aos que exercem funções de
direção, gerência, fiscalização, chefia e equivalentes, ou que desempenhem
outros cargos de confiança, desde que o valor da gratificação não seja inferior a
1/3 (um terço) do salário do cargo efetivo.

Art. 225 - A duração normal de trabalho dos bancários poderá ser


excepcionalmente prorrogada até 8 (oito) horas diárias, não excedendo de 40
(quarenta) horas semanais, observados os preceitos gerais sobre a duração do
trabalho.

Art. 226 - O regime especial de 6 (seis) horas de trabalho também se aplica aos
empregados de portaria e de limpeza, tais como porteiros, telefonistas de mesa,
contínuos e serventes, empregados em bancos e casas bancárias.
Parágrafo único - A direção de cada banco organizará a escala de serviço do
estabelecimento de maneira a haver empregados do quadro da portaria em
função, meia hora antes e até meia hora após o encerramento dos trabalhos,
respeitado o limite de 6 (seis) horas diárias.
 MIESSA, Élisson; CORREIA, Henrique. Súmulas e Orientações
Referências Jurisprudenciais do TST: comentadas e organizadas por assunto. 4. ed.
Salvador: JusPodivm, 2014.
TST-E-ED-RR-754-24.2011.5.03.0138, SBDI-I, rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga,
Processo
5.6.2014.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Inautenticidade documental deve ser alegada na primeira oportunidade

As alegações relacionadas ao exame de pressupostos extrínsecos processuais,


por serem matéria de ordem pública, não estão sujeitas à preclusão, devendo ser
examinadas de ofício pelo julgador. Todavia, em se tratando de vício relacionado
à autenticidade de documentos, a parte deve alega-lo na primeira oportunidade
que falar nos autos, nos termos do art. 245 do CPC, não podendo argui-la apenas
quando sucumbente em sua pretensão.

Comentários Pressupostos Recursais ou Requisitos de Admissibilidade Recursais

Conceito: constituem requisitos prévios que o recorrente deve preencher


para que seu recurso seja conhecido e julgado pelo Tribunal. Trata-se de
pressupostos processuais de validade e desenvolvimento do recurso e
também requisitos de viabilidade da pretensão recursal.21

Classificação: de acordo com a classificação de Nery Júnior, citado por

21
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr, 2014. p. 832.
Schiavi22, os pressupostos recursais ou requisitos de admissibilidade
podem ser:

a) Subjetivos ou intrínsecos: a.1) cabimento; a.2) legitimidade;


a.3) interesse recursal.

b) Objetivos ou extrínsecos: a.1) Preparo; a.2) Depósito recursal;


a.3) Regularidade formal; a.4) Assinatura; a.5) Tempestividade.

A irregularidade de representação se enquadra em qual dos


pressupostos?

A irregularidade de representação é um requisito de admissibilidade


objetivo ou extrínseco (item a.3). Com efeito, para que o recurso seja
conhecido, é necessário, também, que preencha determinados requisitos
formais que a lei exige, ou seja, que “observe a forma segundo a qual o
recurso deve revestir-se”.23
Nesse prumo, é imprescindível que o recurso seja subscrito por advogado
legalmente constituído. Não havendo procuração, deve-se aplicar o art.
13 do CPC para que o advogado regularize a representação. No entanto,
referido dispositivo é inaplicável na instância recursal trabalhista:

SUM-383 MANDATO. ARTS. 13 E 37 DO CPC. FASE RECURSAL.


INAPLICABILIDADE
I - É inadmissível, em instância recursal, o oferecimento tardio de
procuração, nos termos do art. 37 do CPC, ainda que mediante protesto
por posterior juntada, já que a interposição de recurso não pode ser
reputada ato urgente.
II - Inadmissível na fase recursal a regularização da representação
processual, na forma do art. 13 do CPC, cuja aplicação se restringe ao
Juízo de 1º grau.

Qual a consequência da ausência de representação regular?

Não havendo procuração ou representação regular não se conhece do


recurso, posto que inexistente.

Os pressupostos recursais ou requisitos de admissibilidade são


matéria de ordem pública?

Sim, têm natureza jurídica de matéria de ordem pública e como tal não
estão sujeitas à preclusão. As alegações relacionadas com o exame de
22
Idem. p. 832.
23
NERY JR., Nelson apud DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Volume 3. 10.
ed. Salvador: JusPodivm, 2012. p. 63.
pressupostos extrínsecos processuais, por retratarem matéria de ordem
pública, devem ser examinadas de ofício pelo julgador que recepciona o
recurso.

Nessa perspectiva, resta aplicável o art. 245, parágrafo único, do CPC:

Art. 245 do CPC. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira
oportunidade em que couber à parte falar nos autos, sob pena de
preclusão.
Parágrafo único. Não se aplica esta disposição às nulidades que o
juiz deva decretar de ofício, nem prevalece a preclusão, provando a
parte legítimo impedimento.

Procuração fotocopiada é válida ou caracteriza a irregularidade de


representação?

Dispõe o art. 830, caput, da CLT que “o documento em cópia oferecido


para prova poderá ser declarado autêntico pelo próprio advogado, sob
sua responsabilidade pessoal.”

De fato, a princípio, declarada autêntica pelo próprio advogado, nada


impede que se apresente a procuração em cópia.

Essa cópia pode ser impugnada pela parte contrária? Em caso


positivo, qual o efeito prático dessa impugnação?

Sim. Impugnada a autenticidade da cópia, a parte que a produziu será


intimada para apresentar cópias devidamente autenticadas ou o original
do documento, cabendo ao serventuário competente proceder à
conferência e certificar a conformidade entre esses documentos (art. 830,
parágrafo único, da CLT).

Em qual prazo deverá a parte contrária impugnar o documento em


fotocópia?
Tão logo seja apresentado o documento em fotocópia deverá a parte ex
adversa impugná-lo, ou seja, a impugnação da autenticidade deverá
ocorrer na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos
autos, sob pena de preclusão. (art. 795, CLT)

Há necessidade de um incidente de falsidade?

Não. A informalidade do processo do trabalho dispensa que o incidente


de falsidade seja arguido por meio de petição, bastando a alegação oral
na própria audiência em que apresentado o documento24 ou por simples
petição, que seja juntada nos próprios autos, sem necessidade de
apenso.

O caso concreto

No caso julgado uma das partes apresentou procuração em cópia, cuja


autenticidade só foi questionada pela outra já na fase recursal. E mais,
somente depois que a parte que alegou o vício foi sucumbente na
demanda, ou seja, a arguição de falsidade se deu apenas quando a parte
a quem socorre a irregularidade se tornou sucumbente.

O TST tratou a alegação de inautenticidade como questão não


impugnada na primeira oportunidade, restando, pois, preclusa a matéria,
nos termos do art. 245 do CPC c/c art. 795 da CLT.

Na hipótese, tratava-se de vício decorrente da ausência de autenticação


da procuração outorgada aos advogados das reclamadas juntada com a
contestação, o qual não foi alegado pelo reclamante perante a Vara do
Trabalho, mas apenas em sede de embargos de declaração ao recurso
ordinário, quando não mais possível à parte adversa sanar o vício,
conforme disposto art. 13 do CPC. Enfim, não se tratava de irregularidade
de representação, a ponto de ensejar a manifestação de ofício do tribunal.
SUM-383 MANDATO. ARTS. 13 E 37 DO CPC. FASE RECURSAL.
INAPLICABILIDADE
I - É inadmissível, em instância recursal, o oferecimento tardio de procuração,
Súmulas nos termos do art. 37 do CPC, ainda que mediante protesto por posterior
juntada, já que a interposição de recurso não pode ser reputada ato urgente.
II - Inadmissível na fase recursal a regularização da representação processual,
na forma do art. 13 do CPC, cuja aplicação se restringe ao Juízo de 1º grau.
OJs Não há OJs relacionadas diretamente ao caso comentado.
Art. 245 do CPC. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira
oportunidade em que couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão.
Parágrafo único. Não se aplica esta disposição às nulidades que o juiz deva
decretar de ofício, nem prevalece a preclusão, provando a parte legítimo
impedimento.
Referências
legislativas
Art. 795 da CLT. As nulidades não serão declaradas senão mediante
provocação das partes, as quais deverão argui-las à primeira vez em que tiverem
de falar em audiência ou nos autos.

Art. 830 da CLT. O documento em cópia oferecido para prova poderá ser

24
MOURA, Marcelo. Consolidação das Leis do Trabalho para concursos. 3. ed. Salvador:
JusPodivm, 2013. p. 994.
declarado autêntico pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal.
Parágrafo único. Impugnada a autenticidade da cópia, a parte que a produziu
será intimada para apresentar cópias devidamente autenticadas ou o original,
cabendo ao serventuário competente proceder à conferência e certificar a
conformidade entre esses documentos.
 DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Volume 3. 10. ed.
Salvador: JusPodivm, 2012.
 MOURA, Marcelo. Consolidação das Leis do Trabalho para concursos. 3. ed.
Referências
Salvador: JusPodivm, 2013.
 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São
Paulo: LTr, 2014.
TST-E-ED-RR-98500-35.2005.5.01.0047, SBDI-I, rel. Min. Aloysio Corrêa da
Processo
Veiga, 5.6.2014.
INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA TST – Nº 02
Período: 26 de maio a 30 de junho de 2014.

EXECUÇÃO
SUBSEÇÃO I ESPECIALIZADA EM DISSÍDIOS INDIVIDUAIS

EMBARGOS DE TERCEIRO. FRAUDE À EXECUÇÃO. REQUISITOS.

Execução. Embargos de terceiro. Bem imóvel


alienado mediante alvará judicial e antes do reconhecimento do
grupo econômico e inclusão das empresas na lide. Adquirente de
boa-fé. Fraude à execução. Não caracterização.

Age de boa-fé o terceiro adquirente de imóvel alienado judicialmente,


mediante alvará regularmente expedido em processo de concordata, e
em momento anterior ao reconhecimento judicial do grupo econômico
e à inclusão de todas as empresas na lide. Assim, ausente o registro da
prova da má-fé do adquirente, requisito imprescindível à
caracterização da fraude à execução, conforme preconiza a Súmula
n.º 375 do STJ, não há falar em declaração de ineficácia do negócio
jurídico celebrado entre as partes. Com esse entendimento, a SBDI-I, à
unanimidade, conheceu dos embargos interpostos pela Anthares
Técnicas Construtivas e Comércio Ltda., por divergência
jurisprudencial, e, no mérito, deu-lhes provimento para julgar
procedente o pedido deduzido na ação de embargos de terceiro, a fim
de desconstituir a penhora realizada sobre o imóvel adquirido pela
embargante. TSTE-ED-RR-155100-26.2004.5.15.0046, SBDI-I, rel. Min.
Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 5.6.2014.

SUBSEÇÃO II ESPECIALIZADA EM DISSÍDIOS INDIVIDUAIS

EXECUÇÃO PROVISÓRIA. PENHORA ON LINE.

Mandado de segurança. Execução provisória. Bens


indicados à penhora insuficientes à garantia do Juízo. Penhora on-
line de depósitos bancários. Cabimento.

Mesmo em sede de execução provisória, a penhora on-line de


depósitos bancários, quando os bens indicados pelo executado não
se mostram suficientes para garantia do Juízo, não fere direito
líquido e certo do devedor, pois a nomeação tempestiva de bens
suficientes à garantia da execução é pressuposto para a aplicação do
item III da Súmula nº 417 do TST. Ademais, no caso concreto não
houve prova de que a constrição determinada pelo Juízo trouxe
prejuízos ao funcionamento da reclamada, nos termos da Orientação
Jurisprudencial nº 93 da SBDI-II. De outra sorte, o art. 620 do CPC deve
ser relativizado, em se tratando de execução trabalhista, pois o
interesse jurídico preponderante está relacionado à proteção do
exequente, titular de crédito de natureza alimentar, e pressupõe a
possibilidade de o credor poder promover a execução por vários meios,
o que não restou demonstrado na hipótese. Com esses fundamentos, a
SBDI-II, por unanimidade, negou provimento a recurso ordinário,
mantendo decisão do Regional que denegara a segurança. TST-RO-
6587-76.2011.5.02.0000, SBDI-II, rel. Min. Cláudio Mascarenhas
Brandão, 3.6.2014.

MANDADO DE SEGURANÇA. PRAZO. TERMO INICIAL.

Mandado de segurança. Cabimento. Ordem de


bloqueio em conta salário via sistema BacenJud. Exceção de pré-
executividade rejeitada. Decadência. Termo inicial. Orientação
Jurisprudencial nº 127 da SBDI-II.

Ausente recurso capaz de estancar de imediato os efeitos do ato


impugnado, é cabível a impetração de mandado de segurança em face
de decisão que rejeita exceção de pré-executividade manejada contra
ordem judicial que determinou o bloqueio de valores em conta salário
via sistema BacenJud, devendo o prazo decadencial de cento e vinte
dias ser contado a partir da decisão que primeiro fixou a tese
combatida, nos termos da Orientação Jurisprudencial nº 127 da SBDI-II.
Assim, tendo em conta que, no caso concreto, a impetrante teve ciência
do bloqueio antes do pronunciamento do juízo a respeito da exceção
de pré-executividade, e que a rejeição desta apenas ratificou a ordem
anterior de constrição, tem-se que o prazo decadencial da ação
mandamental deve ser contado a partir da determinação judicial de
bloqueio e não do julgamento do incidente. Com esses fundamentos, a
SBDI-II, por unanimidade, conheceu do recurso ordinário da impetrante
e, no mérito, por maioria, negou-lhes provimento, mantendo a
decadência declarada na origem. Vencidos os Ministros Hugo Carlos
Scheuermann, relator, e Antonio José de Barros Levenhagen, que davam
provimento ao recurso para afastar a decadência ao fundamento de
que apenas após o pronunciamento do juízo a respeito da exceção de
pré-executividade firmou-se a tese ora hostilizada. TST-RO-3352-
79.2011.5.10.0000, SBDI-II, rel. Min. Hugo Carlos Scheuermann, red. p/
acórdão Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 10.6.2014.

ARREMATAÇÃO. NULIDADE.

Ação rescisória. Execução fiscal. Coproprietário de


imóvel arrematado que não figura como parte no processo
executório. Ausência de intimação. Aplicação dos art. 880 e 888 da
CLT. Negativa de vigência da Lei nº 6.830/80. Violação do art. 5º, LV,
da CF. Configuração.

Viola o direito de propriedade, o devido processo legal e o


contraditório, a decisão, proferida em sede de ação anulatória
incidental à execução fiscal, que, negando vigência à Lei nº 6.830/80,
considera válida a arrematação de imóvel penhorado sem a devida
intimação de coproprietário que não figura como parte no processo
executório. No caso concreto, a autora da ação anulatória era
coproprietária do bem arrematado para o pagamento de dívida
assumida pelo outro proprietário, réu no processo de execução fiscal.
Todavia, as diversas tentativas de intimação de penhora se
restringiram ao devedor e a única ciência do ato expropriatório dirigida
à recorrente foi o edital de praça, publicado no Diário Oficial, tido
como suficiente pela decisão rescindenda, pois em conformidade com
os arts. 880 e 888 da CLT, equivocadamente aplicados à hipótese.
Nesse contexto, a SBDI-II, à unanimidade, deu provimento ao recurso
ordinário para, em juízo rescindendo e com apoio no art. 485, V, do
CPC, reconhecer a ocorrência de violação literal ao art. 5º, LV, da CF,
diante da negativa de aplicação, ao caso, da Lei nº 6.830/80 e, em juízo
rescisório, julgar procedente a ação anulatória incidental e, em
consequência, anular a arrematação, diante da ausência de intimação
prévia da coproprietária. TST-RO-5800-07.2012.5.13.0000, SBDI-II, rel.
Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 10.6.2014.

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