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EQUIPE DE PRODUÇÃO
DIRETOR DE PLANEJAMENTO
Carlos Henrique Ferraz
DIRETOR COMERCIAL
Rômulo Moura Afonso
CONTEÚDO
Avante Brasil
DESIGN INSTRUCIONAL
Cláudia Vasconcelos
Objetivos da disciplina:
Proporcionar aos participantes uma visão teórica e prática da Lei Complementar nº 101/2000
– Lei de Responsabilidade Fiscal, em que se possa:
– Analisar os conceitos estabelecidos no referido diploma legal, relativos à responsabilidade
na gestão fiscal federal, estadual e municipal.
– Desenvolver avaliação crítica a respeito dos conceitos estudados na lei, bem como
de sua aplicabilidade em situações práticas vivenciadas diariamente pelos gestores
públicos.
Sumário
Bibliografia Referenciada.................................................................... 53
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE ESPÍRITO SANTO
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 01: Aspectos legais da LRF
Objetivos do módulo:
Apresentar os conceitos legais e as principais alterações decorrentes pela Lei de Responsabi-
lidade Fiscal.
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 01: Aspectos legais da LRF
1.1. Contexto:
A LRF respeita a autonomia de cada ente da Federação, mas é válida para TODOS os
poderes, de todas as esferas (federal, estadual e municipal), conferindo tratamento isonômico
a todos.
1.2.1 Objetivo:
A Lei de Responsabilidade Fiscal tem por objetivo estabelecer normas de finanças públicas
pautadas pela responsabilidade na gestão fiscal.
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 01: Aspectos legais da LRF
a. Federal
b. Estadual
c. Municipal
d. Distrito Federal
Princípios:
A Lei de Responsabilidade Fiscal foi criada com o objetivo de garantir o atingimento do
equilíbrio entre os recursos auferidos pelo Estado junto à sociedade e seus gastos;
Um de seus princípios primordiais é a transparência, através do acesso da sociedade às
informações relativas aos resultados obtidos no uso dos recursos públicos, seja por publicações
impressas ou por meio eletrônico;
Procurar assegurar uma gestão responsável dos recursos públicos, através de um maior
controle das contas públicas; através da limitação de gastos de caráter continuado;
A LRF busca incentivar um melhor planejamento do gasto público mediante ações
coordenadas que objetivem uma maior eficiência, eficácia e efetividade no gasto público;
Aliado ao item anterior, temos também a tentativa de prevenir os déficits imoderados e
reiterados, garantindo assim, o equilíbrio nas contas públicas. Decorrem desse princípio as
condições estipuladas na LRF relativas à limitação de despesas públicas e ao controle do
endividamento;
Some-se ainda a responsabilização do agente público que infringir quaisquer dispositivos
dispostos na lei, seja por ato lesivo ou por omissão;
A Lei também estimula a participação popular tanto na elaboração quanto na discussão de
planos, diretrizes orçamentárias e dos orçamentos em geral (Art. 48).
Objetivos:
Estabelecer regras acerca das finanças públicas direcionando o uso dos recursos públicos
para a responsabilidade na gestão fiscal:
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 01: Aspectos legais da LRF
Art. 1º Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas para a
responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição.
§ 1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em
que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas,
mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a
limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da
seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por
antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em restos a pagar.
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 01: Aspectos legais da LRF
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 01: Aspectos legais da LRF
• em relação aos estados do Amapá e Roraima, bem como do Distrito Federal, também não
serão considerados os recursos recebidos da União para atendimento de despesas com
pessoal, tendo em vista que é a União que custeia a folha de pessoal do Poder Judiciário
e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, bem como dos servidores da
segurança pública do Distrito Federal;
• a RECEITA CORRENTE LÍQUIDA será apurada somando-se as receitas arrecadadas no
mês em referência e nos onze meses anteriores, excluídas as duplicidades;
• a LRF estabelece que, para efeito de cálculo da RCL, quem repassa o recurso exclui o
montante da respectiva transferência do referido cálculo, e quem recebe esse recurso
inclui o seu montante na RCL.
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 01: Aspectos legais da LRF
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 01: Aspectos legais da LRF
Note que, como ocorreu uma frustração de arrecadação no primeiro, segundo, quarto e
quinto bimestre, houve a necessidade de se reduzir o valor autorizado para gasto desse ente
público em R$ 160.000,00. A essa “redução” se dá o nome de limitação de empenho, conceito
introduzido pela LRF.
Mas diante do quadro acima surge uma dúvida: E se, em vez de redução, ocorresse que
a arrecadação real, em algum bimestre, superasse a estimada? Os recursos seriam liberados
imediatamente na mesma proporção? A resposta é NÃO. Caso a arrecadação real supere a
estimada em algum bimestre a liberação de recursos, de acordo com o parágrafo 1º do art 9º da
LRF, deverá se dar de maneira GRADUAL, tendo em vista que ainda não se pode saber se ao
longo do ano ocorrerão novas frustrações na arrecadação.
Reflexão
Além da limitação de empenho, a LRF ampliou o conceito de equilíbrio orçamentário
para o equilíbrio primário, quando vincula limites de endividamento e gastos com
pessoal a percentuais da Receita Corrente Líquida, dificultando que o poder público
contraia mais empréstimos (operações de crédito) para pagamento de suas despesas
de manutenção.
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 01: Aspectos legais da LRF
Vale salientar o que diz o parágrafo 2º do art. 12 da LRF. A chamada REGRA DE OURO
DA LEI:
OBS: CF, art.167, III – “(...) ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares
ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo, por maioria absoluta.”
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 01: Aspectos legais da LRF
d) evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, destacando a origem
e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos;
• dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores públicos e do Fundo
de Amparo ao Trabalhador;
• dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza atuarial.
f) demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da margem de
expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado.
A falta deste anexo na LDO, dada a sua importância, implica em punição, segundo a Lei nº
10.028/2000, art. 5º. Inciso II.
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 01: Aspectos legais da LRF
Critérios p / Limitação
Resultado Nominal e Primário
de Empenho p/ todos
Montante da Dívida Pública,
os Poderes
para o Exercício a que se
referir e para os 2 seguintes Cumprimento das
Metas Ano Anterior
Anexo de Metodologia
Metas Fiscais de Cálculo dos
LDO Resultados
Anexo de Pretendidos
Riscos Fiscais
Estimativa de Renúncia
Situação Financeira de Receita
e Atuarial
Anexos com os Objetivos das
Políticos Monetária, Creditícia
Previdência Públicas e Privada, e Cambial
FAT, demais fundos Públicos e
Programas de Natureza Atuarial
RESUMINDO:
O atr. 4° da LRF traz inovações fundanentais à LDO:
• Disporá sobre o equilíbrio entre receitas e despesas;
• Definirá o critério e a forma para a limitação de empenho, a fim de cumprir as metas
fiscais ou reconduzir a dívida pública a seus limites;
• Disporá sobre normas para o controle de custos e avaliação de resultados das despesas
orçamentárias;
• Deverá estabelecer condições para as transferências de recursos á sentida des públicas
e privadas.
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 01: Aspectos legais da LRF
• É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finalidade imprecisa ou com dotação
ilimitada;
• A lei orçamentária não consignará dotação para investimento com duração superior a um
exercício financeiro que não esteja previsto no plano plurianual ou em lei que autorize a
sua inclusão, conforme disposto no § 1o do art. 167 da Constituição;
• Integrarão as despesas da União, e serão incluídas na lei orçamentária, as do Banco
Central do Brasil relativas a pessoal e encargos sociais, custeio administrativo, inclusive
os destinados a benefícios e assistência aos servidores, e a investimentos.
Limitação de
Deverá dispor sobre medidas
compensatórias de renúncia
LOA empenho e
de receitas e de aumento de movimentação
despesas obrigatórias de carácter financeira
continuado;
Conterá reserva de contingência, com
forma de utilização e montante (com
base na RCL), definido na LDO. Tal
reserva de verá atender a passivos
contingentes e outros riscos fiscais.
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 01: Aspectos legais da LRF
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 01: Aspectos legais da LRF
ART. 9º:
• Estabelece o acompanhamento bimestral da meta fiscal, determinando limitações de
empenho e de movimentação tinam ceira, caso necessário. Os critérios serão definidos
pela LDO.
• Determina que o restabelecimento das dotações contingencia das será dado de forma
proporcional às reduções;
• Excluído contingencia mento as despesas obrigatórias (Anexo da LDO) e aquelas
“ressalva das”pela LDO.
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Módulo 01: Aspectos legais da LRF
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE ESPÍRITO SANTO
Objetivos do módulo:
Apresentar os aspectos operacionais relacionados à Lei de Responsabilidade Fiscal.
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal
Reflexão
A medida se impõe como meio de forçar a eficiência na arrecadação dos tributos
e evitar o acomodamento de alguns entes públicos e também para que sejam
implementadas as ações necessárias de combate à sonegação. Aqui o que
interessa é viabilizar a receita potencial total, ou seja, o máximo que a economia do
ente comporte arrecadar.
Uma vez ultimadas as previsões das receitas, no prazo de 30 dias após a publicação
dos orçamentos, estas serão desdobradas pelo Poder Executivo em metas bimestrais de
arrecadação, com especificação, em separado, quando for o caso(ART. 13):
• das Medidas de combate à evasão e à sonegação;
• da quantidade e valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa; e
• da evolução dos créditos passíveis de cobrança administrativa.
Ainda dentro do Capítulo da Receita Pública, temos a analisar a parte mais complexa do
tema, que é o da renúncia de receita (ART. 14). É importante sabermos que renúncia de receita
é todo procedimento em que resulte concessão de benefícios ou vantagens em detrimento da
arrecadação (anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter
não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo e outros benefícios que
correspondam a tratamento diferenciado, admitindo-se a inclusão da “transação”, que só se
consuma mediante mútuas concessões, dentre as quais redução de encargos, juros, multas
etc.), tendo em conta o possível impacto que isto possa vir a acarretar às finanças públicas,
através do orçamento do exercício em que forem concedidos e nos dois seguintes. Daí a
necessidade de:
- A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra
renúncia de receita deve:
• estar acompanhada do impacto orçamentário-financeiro no exercício da implantação e
nos dois seguinte;
• atender à Lei de Diretrizes Orçamentárias; e
• a pelo menos uma das condições abaixo:
• demonstração pelo proponente (chefe do Poder Executivo) de que a renúncia foi
considerada na estimativa de receita da LOA e que não afetará as metas de resultados
fiscais previstas no anexo da LDO; e,
• estar acompanhada de medidas de compensação, proveniente de elevação de alíquotas,
ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição, no prazo
acima, por meio de aumento de receita. Neste caso o benefício só entrará em vigor
quando implementadas as medidas de compensação, ou seja, quando a compensação
estiver assegurada pelo aumento efetivo da receita.
A própria lei ressalva as alterações de alíquotas dos impostos que são exceção ao princípio
da anterioridade (CF, art. 153, I, II, IV e V), de outros impostos cuja alíquota tenha sido reduzida
por Resolução do Senado (ICMS e ITCD) e o cancelamento de débito cujo montante seja inferior
ao dos respectivos custos de cobrança, como também não devem ser tidos como renúncia, os
parcelamentos de débitos com garantia, pois está assim garantida a satisfação do crédito e
encargos.
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal
Este tipo de despesa somente alcançaria o limite total com pessoal, quando se prestasse
a contratação de mão de obra em substituição de servidores e empregados públicos, isto é, em
caráter temporário até a abertura de concurso, na forma definida em lei específica e mesmo
assim na classificação própria – “Outras Despesas de Pessoal” (é a chamada funcionalização,
diferentemente da terceirização de atividades, que continuam como Serviços de Terceiros).
Reflexão
É importante ressaltar, entretanto, a proibição de que cuida o art. 37, inciso II, da Carta
Federal, consagrando o princípio de que “não podem ser terceirizadas as atividades
fim, típicas e próprias da Administração Pública, assim como as atividades inerentes
às categorias alcançadas pelos planos de cargos, salvo expressa disposição de lei,
que o admita em caso de cargo extinto.”
“Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com
pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os
percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados:
I - União: 50% (cinquenta por cento);
II – Estados: 60% (sessenta por cento);
III -Municípios: 60% (sessenta por cento).
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal
Entretanto, não serão deduzidas das Despesas com Pessoal as relativas à folha de
pagamento, classificadas no elemento de despesa 92 – Despesas de Exercícios Anteriores,
que pertencem ao período de apuração, apenas as que não fazem parte do referido período.
Despesas com pessoal que advirem da União para a manutenção do Poder Judiciário, do
Ministério Público e da Defensoria Pública do DF e dos Territórios, bem como as despesas com
pagamento de servidores da área de segurança pública no DF estão incluídos no percentual do
Poder Executivo (40,9%), destacando-se 3% para essas despesas.
1 O § 1º do art. 20 determina que nas hipóteses dos incisos I,a, II, a e III, a, a divisão entre o Poder Legislativo e o Tribunal de Contas
dar-se-á de forma proporcional à média das despesas com pessoal, em percentual da receita corrente líquida, verificados nos três exer-
cícios financeiros imediatamente anteriores ao da publicação da LC 101/2000.
2 para o Poder Judiciário (incisos I, b e II, b) e por força do § 3º do mesmo art. 20, adota-se a mesma regra do § 1º, objeto da nota de
rodapé anterior.
3 nos casos de Tribunais de Contas Municipais (Rio de Janeiro e São Paulo), de acordo com o § 4º, as alíneas a e c do inciso II, serão, res-
pectivamente, acrescidos e reduzidos em 0,4%.
Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal
A verificação do limite será realizada ao final de cada quadrimestre. Se a despesa total com
pessoal EXCEDER A 95% DO LIMITE ficam vedados:
• concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer
título, salvo os de sentença judicial ou de determinação legal;
• criação de cargo, emprego ou função;
• alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa;
• provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título,
salvo a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas
de saúde, educação e segurança; e
• contratação de hora extra.
Se a DESPESA TOTAL COM PESSOAL ULTRAPASSAR OS LIMITES FIXADOS, sem
prejuízo das medidas previstas acima, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois
quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro, adotando-se as providências
de redução em pelo menos 20% das despesas com cargos em comissão e exoneração dos
servidores não estáveis e, ainda, se essas medidas não forem suficientes, o servidor estável
poderá perder o cargo.
• Os servidores considerados não-estáveis são aqueles admitidos na administração direta,
autárquica e fundacional sem concurso público de provas ou de provas e títulos após
5/10/83 e os que não completaram os 3 anos de efetivo exercício público.
• É facultada a redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos
à nova carga horária.
• No caso das medidas anteriores não resultarem no cumprimento da determinação da LRF
os servidores estáveis poderão perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada
um dos poderes especifique a atividade funcional, o órgão, ou unidade administrativa.
• A Lei nº 9801, de 14/06/99, dispõe sobre as normas gerais para a perda de cargo público
por servidores estáveis devido ao excesso de despesas, os quais, de forma impessoal,
serão escolhidos dentre aqueles de menor tempo de serviço público, maior remuneração
e menor idade.
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal
Estas restrições aplicam-se imediatamente se a despesa total com pessoal exceder o limite
no primeiro quadrimestre do último ano de mandato dos titulares de Poder ou Órgão referidos
no art. 20. ((Art. 23, § 4º).
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal
Exigências e vedações
• existência de dotação orçamentária, ou seja, deverá haver na LOA uma previsão de
créditos que dêem cobertura à referida transação;
• não realizar transferências para pagamento de pessoal ativo, inativo e pensionista
(CF,art. 167, X);
• que se acha em dia quanto a pagamento de tributos, empréstimos e financiamentos
devidos ao ente transferidor, bem como quanto a prestação de contas de recursos
anteriormente dele recebidos;
• cumprimento dos limites constitucionais relativos à educação [CF, art. 212] e à saúde
[dependente de regulamentação aos parágrafos introduzidos ao art. 198 da CF, pela EC
nº 29 – ver, provisoriamente, o art. 77 do ADCT];
• observância dos limites das dívidas consolidada e mobiliária, de operações de crédito,
inclusive por antecipação de receita (ARO)- ver o art.29 e seguintes da LRF, de inscrição
de restos a pagar (ver art. 36 da Lei nº 4.320/64, c.c. art. 42 da LRF)) e de despesa total
com pessoal (arts. 19 e 20 da LRF); e,
• previsão orçamentária de contrapartida (neste caso a obrigação é múltipla, isto é, tanto
deve existir previsão orçamentária do ente transferidor, quando da contrapartida do ente
beneficiário. Sobre isso, na LDO do Estado do Rio Grande do Norte existe a indicação do
percentual mínimo que será aceito pelo Estado para as referidas transferências).
Aplicação de sanções
Na aplicação de sanções de suspensão de transferências voluntárias, determina o § 3º
do art. 25 em comento, a EXCEÇÃO daquelas relativas a ações de EDUCAÇÃO, SAÚDE E
ASSISTÊNCIA SOCIAL. Justifica-se essa determinação pelas circunstâncias de que tais áreas
estão dentro do que se considera dever constitucional da atuação do Estado.
Art. 27. Na concessão de crédito por ente da Federação a pessoa física, ou jurídica que
não esteja sob seu controle direto ou indireto, os encargos financeiros, comissões e despesas
congêneres não serão inferiores aos definidos em lei ou ao custo de captação.
Parágrafo único. Dependem de autorização em lei específica as prorrogações e
composições de dívidas decorrentes de operações de crédito, bem como a concessão
de empréstimos ou financiamentos em desacordo com o caput, sendo o subsídio
correspondente consignado na lei orçamentária.
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal
Conceitos básicos:
• Dívida Pública consolidada ou fundada: montante total, apurado sem duplicidade, das
obrigações financeiras do ente da Federação, assumidas em virtude de leis, contratos,
convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para amortização em
prazo superior a doze meses. Duplicidade, neste caso, diz respeito ao recebimento
de recurso por um ente, que o transfere a outro órgão ou entidade de sua estrutura.
Neste caso, a contabilização só deverá ser feita uma única vez, pelo ente ou pelo órgão/
entidade, sob pena de duplicidade.
• Dívida Pública Mobiliária: Dívida pública representada por títulos emitidos pela União,
inclusive os do Banco Central do Brasil, estados e municípios.
• Operação de crédito: compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura
de crédito, emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens (com reflexo nos
procedimentos licitatórios), recebimento antecipado de valores provenientes da venda
a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas,
inclusive com o uso de derivativos financeiros;
• Concessão de garantia: compromisso de adimplência de obrigação financeira ou
contratual assumida por ente da Federação ou entidade a ele vinculada;
• Refinanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos para pagamento do principal
acrescido da atualização monetária;
• Receita corrente líquida (RCL): soma das receitas tributárias, de contribuições,
patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras
receitas também correntes, deduzidos:
• A) na União, os valores transferidos aos estados e municípios por determinação
constitucional ou legal, bem como as contribuições mencionadas na alínea “a” do inciso
I e no inciso II do art. 195, e no art. 239 da Constituição.
• B) nos estados as parcelas entregues aos municípios por determinação constitucional
• C) na União, estados e municípios, a contribuição dos servidores para o custeio do seu
sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da compensação
financeira citada no § 9º do art. 201 da CF.
Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal
Esse comando traz a chamada REGRA DE OURO, que pretende coibir o financiamento,
via operação de crédito, de despesas correntes. É matéria orçamentária, ou seja, o limite das
operações de crédito é o montante das despesas de capital previsto na lei orçamentária anual.
É vedada a realização de operações de crédito entre um ente da Federação, direta ou
indiretamente, e outro, inclusive suas entidades da administração indireta, ainda que sob a
forma de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída anteriormente.
Novação ocorre:
a) Quando um devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior;
b) Quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;
c) Quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o
devedor quite com este.
Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal
PROIBIÇÃO:
• Operação Aro não quitada - enquanto existir operação anterior da mesma natureza,
não integralmente resgatada; e,
• Final de mandato - no último ano de mandato do Presidente, do Governador ou Prefeito
Municipal.
Reflexão
As operações de crédito por antecipação de receita orçamentária NÃO farão parte
do cálculo para atendimento da “Regra de Ouro”, desde que resgatada dentro do
mesmo exercício financeiro.
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal
Como pré-condição, qualquer garantia exige que o seu beneficiário ofereça contragarantia,
em valor igual ou superior à garantia a ser recebida, e, adicionalmente, a plena adimplência
para com o ente garantidor, observado o seguinte:
1) Não será exigida contragarantia de órgãos e entidade do próprio ente;
2) A contragarantia exigida pela União a estado ou município, ou pelos estados aos
municípios, poderá consistir na vinculação de receitas tributárias diretamente arrecadadas e
provenientes de transferências constitucionais, com outorga de poderes ao garantidor para
retê-las e empregar o respectivo valor na liquidação da dívida vencida.
Na concessão de garantias pela União aos Estados e Municípios, estes poderão vincular
as suas receitas tributárias próprias, além das transferências constitucionais. As entidades da
administração indireta não poderão conceder garantia, com exceção da que envolva empresa
controlada à própria subsidiária, ou por instituição financeira a empresa nacional.
Por último, toda dívida de ente público que tiver sido honrada em consequência de garantia
prestada, implica na suspensão de novos créditos até a completa liquidação da dívida em causa.
Reflexão
Não bastasse a utilização dos meios eletrônicos preconizados, ainda será
assegurada a transparência com o incentivo à participação popular e realização
de audiências públicas, em todas as etapas em que se desdobra a gestão fiscal,
incluindo durante a elaboração das leis orçamentárias (PPA, LDO e LOA).
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal
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Lei de Responsabilidade Fiscal
Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal
III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com pessoal ao respectivo limite;
IV - providências tomadas, conforme o disposto no art. 31, para recondução dos montantes
das dívidas consolidada e mobiliária aos respectivos limites;
V - destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos, tendo em vista as restrições
constitucionais e as desta Lei Complementar;
VI - cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos municipais, quando houver.
§ 1º Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos referidos no art. 20 quando
constatarem:
I - a possibilidade de ocorrência de que a realização da receita poderá não comportar o
cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas
Fiscais;
II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou 90% (noventa por cento) do
limite;
III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das operações de crédito e da
concessão de garantia se encontram acima de 90% (noventa por cento) dos respectivos limites;
IV - que os gastos com inativos e pensionistas se encontram acima do limite definido em lei;
V - fatos que comprometam os custos ou os resultados dos programas ou indícios de
irregularidades na gestão orçamentária.
§ 2º Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálculos dos limites da despesa
total com pessoal de cada Poder e órgão referido no art. 20.
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Bibliografia Referenciada
_BRASIL. Congresso Nacional (2000). Lei Complementar; nº. 101, 4 maio 2000. LRF - Lei de
Responsabilidade Fiscal, Brasília, 24p., maio 2000a.
_BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado,
1998.
_BRASIL - SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL. Portaria 574, de 30 de agosto de 2007,
Aprova a 7ª edição do Manual de Elaboração do Anexo de Riscos Fiscais e do Relatório de
Gestão Fiscal.
CRUZ, Flavio da (Coord.). Lei de responsabilidade fiscal comentada: lei complementar n.101,
de 4 de maio de 2000. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
_A lei de responsabilidade fiscal. Disponível em: <www.direitodoestado.com>. Acesso em: 18
mar. 2012.