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Direito Constitucional

Aula 1

ROTEIRO DE AULA

Constitucionalismo

1. Definição

I– Sentido amplo

O constitucionalismo em sentido amplo está ligado à ideia de existência de uma


Constituição dentro de um Estado.

No entanto, como todo Estado, necessariamente, possui uma Constituição (que


organiza, constitui e estrutura o estado), ainda que não escrita, a definição de
constitucionalismo em sentido amplo não tem muita utilidade.

II – Sentido estrito

Em sentido estrito, o constitucionalismo está ligado a duas ideias principais:

 Garantia de direitos.

 Limitação do poder.

O constitucionalismo está relacionado à busca do homem político pela limitação do


poder absoluto. Nesse sentido, o constitucionalismo se contrapõe ao
absolutismo, o qual imperou até o final do século XVIII.

Conforme Karl Loewenstein, a história do constitucionalismo “não é senão a busca


pelo homem político das limitações do poder absoluto exercido pelos detentores do
poder, assim como o esforço de estabelecer uma justificação espiritual, moral ou
ética da autoridade, em vez da submissão cega à facilidade da autoridade existente”.

1. Evolução histórica
 Constitucionalismo antigo (Antiguidade até século XVIII, ou seja, com as
revoluções liberais): neste período, já existia uma preocupação com a limitação do
poder, mas ainda não existiam as Constituições escritas, formais e rígidas como
conhecemos atualmente.

 Constitucionalismo moderno (século XIII – com a revolução francesa e a norte


americana - até 2ª Guerra Mundial): durante este período houve duas fases:
constitucionalismo liberal (pois as revoluções liberais foram feitas pela burguesia, que
lutou por direitos, principalmente, da liberdade. Proteger o individuo contra o arbítrio
do estado, que aquela época era absolutista era a principal preocupação da revolução
liberal) e fase de surgimento das Constituições sociais (se percebeu que o liberalismo
era insuficiente para atender as demandas sociais e econômicas daquele período – daí,
foi necessária a intervenção estatal, para que fossem oferecidas algumas prestações ao
cidadão);

 Constitucionalismo contemporâneo (fim da 2ª Guerra Mundial em diante).


É também denominado de neoconstitucionalismo, é o atual. Começa a partir do
fim da segunda guerra mundial e se prolonga até aos presentes dias.

2.1. Constitucionalismo antigo

Trata-se de uma fase embrionária. Características:

 A existência de constituições consuetudinárias ou costumeiras (constituições


baseadas nos costumes e nos precedentes judiciais). Não havia surgido ainda
Constituições escritas como conhecemos atualmente, embora em algumas experiências
existissem também documentos escritos (Inglaterra, por exemplo).

 Supremacia do parlamento (e não da Constituição) – a ideia de poder constituinte surge


posteriormente. É o parlamento o poder supremo, pois ainda nao se fala em poder
constituinte, que surge depois.

 Forte influência da religião. Em determinados Estados são os dogmas religiosos que


servem de limitação ao poder soberano.

Houve quatro experiências importantes:


2.1.1. Estado hebreu

O Estado hebreu é considerado como precursor do constitucionalismo porque nele


os dogmas religiosos (Estado teocrático) limitavam não só os súditos, como
costumava ocorrer em outros Estados, mas também o poder do soberano.

É, como dito, a primeira experiência propriamente constitucional, pois no Estado


hebreu os dogmas religiosos, que limitavam não só os súditos, serviam também como
limitação de poder do soberano.

– ideia de limitação do poder.

2.1.2. Grécia

Durante dois séculos a Grécia vivenciou um Estado político plenamente constitucional


adotando-se a forma mais avançada de democracia constitucional, inclusive com a
participação direta, embora não fosse de todos, mas tinha a participação direta
dos que eram considerados cidadãos.

2.1.3. Roma

Esta experiência foi um retrospecto da experiência grega: a democracia


constitucional existente na Grécia acabou sendo reproduzida em Roma, além de
vários modelos conceituais importantes terem sido criados como, por exemplo, a
ideia de principado e de “res publica”.

Conforme Ihering, nenhum outro direito foi capaz de conceber a ideia de liberdade, de
um modo mais digno e certo, do que o direito romano.

2.1.4. Inglaterra

Embora na Inglaterra não existisse uma Constituição escrita (lá há um sistema de


common law), vários documentos escritos importantes foram elaborados ao longo do
tempo:
 “Magna Charta” (1215): outorgada pelo Rei João sem Terra como fruto de um acordo
firmado entre ele e os súditos.

 “Petition of Right” (1628): firmado entre o Parlamento e o Rei Carlos I.

 “Habeas Corpus Act” (1679).

 “Bill of Rights” (1689).

 “Act of Settlement” (1701).

2.2. Constitucionalismo moderno

Esta etapa do constitucionalismo, que se inicia no século XVIII e perdura até o fim
da 2ª Guerra Mundial, pode ser dividida em duas fases:

2.2.1. Primeira fase (constituições liberais)

2.2.1.1. Experiência estadunidense

I- A experiência estaduniense tem duas ideias importantes:

a) Supremacia constitucional.

Durante o constitucionalismo antigo não havia supremacia constitucional, mas


supremacia do Parlamento. A ideia de supremacia constitucional só surge com o
constitucionalismo moderno, após serem criadas as primeiras Constituições
escritas, formais e rígidas. São elas que fazem com que haja uma mudança de
paradigma a ponto de se falar em um novo constitucionalismo para diferenciar o
moderno do antigo.

Nos Estados Unidos, além de ter sido criada a primeira Constituição escrita, formal e
rígida, surgiu também a ideia de supremacia da Constituição em substituição à
supremacia do Parlamento.

A Constituição é considerada pelos americanos como a norma suprema por uma


razão lógica. É ela a responsável por estabelecer as regras do jogo político, definindo
quem manda, como manda e quais são os limites de quem manda. Portanto, se ela
define as regras do jogo político e atribui as competências e os limites dos Poderes
constituídos, logicamente tem que estar acima deles – caso estivesse no mesmo
patamar, as regras do jogo não seriam observadas.
Na Europa, em grande parte dos países, não havia a ideia de supremacia da
Constituição, o que ocorreu bem mais tarde, ou seja, após a SGM. Na Áustria, por
exceção, isso ocorreu um pouco antes.

b) Garantia da Constituição pelo Poder Judiciário

O Poder Judiciário é escolhido como o responsável por assegurar a supremacia da


Constituição através da jurisdição constitucional.

A escolha ocorre em razão de ser o Judiciário o Poder mais neutro do ponto de


vista político. Ele seria o Poder mais indicado para exercer este papel de guardião da
Constituição.

II – Principais contribuições:

1– Primeira constituição escrita, rígida e suprema.

A Constituição norte-americana foi criada em 1787 e foi a primeira Constituição


escrita da história estando em vigor até os dias atuais, com poucas emendas. Trata-se
de uma Constituição extremamente concisa, a qual trata apenas de princípios gerais,
não sendo analítica como a Constituição brasileira de 1988. Quanto mais sucinta,
menos suscetível a mudanças.

Observações:

 Por se tratar de uma Constituição que trata apenas de princípios gerais é menos
suscetível a mudanças.

 Embora formalmente ela tenha sido pouco modificada por emendas, informalmente há
várias mudanças de interpretação da Suprema Corte durante os mais de 200 anos de
existência da Constituição (mutações constitucionais).

2– Controle de constitucionalidade.

O controle de constitucionalidade é decorrência da ideia de supremacia da


Constituição: se a Constituição é a norma suprema é necessário que exista um
instrumento de fiscalização da supremacia constitucional.
Os norte-americanos criaram o controle difuso de constitucionalidade. É controle
que pode ser exercido não apenas por um determinado órgão, mas por qualquer juiz
ou Tribunal. O controle de difuso de constitucionalidade é conhecido como “sistema
norte-americano” e foi criado não através de uma norma constitucional ou legal, mas
através da jurisprudência. Em 1803 o juiz Marshall, ao julgar o caso “Marbury x
Madison”, decidiu ser inconstitucional o ato normativo que permitia ao Poder
Judiciário analisar a nomeação de certos agentes políticos.

Embora a decisão de 1803 seja considerada a precursora do controle de


constitucionalidade, não foi a primeira vez que o controle foi exercido nos Estados
Unidos, pois antes deste precedente existiram outros dois. No entanto, na decisão de
1803 foram criadas as bases teóricas do controle de constitucionalidade.

3– Sistema presidencialista de governo.

Nos Estados Unidos não havia monarquia e para que fosse transplantado o sistema de
separação de Poderes, desenvolvido por Montesquieu com base em uma observação
do Direito inglês, foi substituída a figura do Rei pela do Presidente da República.

Assim, o Presidente da República é uma figura criada nos Estados Unidos com o
objetivo de substituir a figura do monarca.

4– Forma federativa de Estado.

Os Estados naquela época eram, em regra, Estados unitários. Como os Estados


Unidos surgiram através de uma união de várias colônias inglesas que se tornaram
independentes, formando, inicialmente, uma confederação; quando perceberam que
o modelo não deu certo, pois as ordens não eram acatadas, optaram por formar uma
Federação.

Alguns autores, inclusive LRB, apontam como sendo os EUA os criadores da


federação; mas, a rigor, não é verdade, pois o Karl Loewenstein aponta experiências
federalistas anteriores à norte-americana, como é o caso dos Cantões Suíços. Embora
não tenha sido criado nos Estados Unidos, estes foram os que propagaram este
modelo de estado, influenciando vários países a adotarem esse modelo de estado.

2.2.1.1. Experiência francesa


Embora não tenha trazido contribuições inovadoras, a experiência francesa também é
muito relevante, pois trouxe algumas contribuições fundamentais para o
constitucionalismo moderno e para o contemporâneo.

- Constituição prolixa.

Dois anos após a Revolução Francesa foi criada a primeira Constituição francesa
(1791) que era extremamente prolixa – em 1793 foi elaborada uma nova
Constituição com 402 artigos.

Neste período, não havia na França a ideia de supremacia da Constituição.


Tradicionalmente, a supremacia sempre foi atribuída ao Parlamento (e não à
Constituição) - a Constituição, até o fim da 2ª Guerra Mundial, era vista como um
documento eminentemente político, sobretudo as declarações de direitos, as quais
não vinculavam o Parlamento (ausência de caráter normativo). Eram exortações
morais ou programáticas ao legislador.

Observação n. 1: o controle de constitucionalidade repressivo de constitucionalidade


só surge no direito francês em março de 2010.

I – Distinção entre Poder Constituinte Originário e Derivado (Emmanuel Joseph


Sieyès).

Sieyès foi o principal responsável pela formulação das bases teóricas do Poder
Constituinte. Ele possui uma obra intitulada de “O que é o Terceiro Estado?”
(Primeiro Estado Francês = nobreza; Segundo Estado Francês – clero; Terceiro
Estado Francês = povo). Segundo o autor, o verdadeiro titular do Poder Constituinte
é o povo/nação, ainda que muitas vezes o exercício acabe sendo usurpado por uma
minoria.

II – Separação de poderes.

A limitação do poder é uma das ideias básicas do constitucionalismo em sentido


estrito. Já a ideia de separação de poderes só é implementada a partir do
constitucionalismo moderno com as Constituições francesa e norte-americana,
embora na França tenha sido adotado sem o rigor dos Estados Unidos.

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 - incorporada


posteriormente à Constituição francesa de 1791 e até hoje empregada como uma
declaração de direitos que faz parte do bloco de constitucionalidade francês ao lado
da Constituição propriamente dita – dispõe em seu artigo 16 que “toda sociedade na
qual não é assegurada a garantia de direitos e nem determinada a separação de
poderes, não tem uma verdadeira Constituição.”

O responsável pela criação da tripartição de poderes foi Aristóteles; Montesquieu


apenas a desenvolveu. Segundo este autor, todo aquele que detém o poder e não
encontra limites tende a dele abusar.

2.2.1.3 Estado de Direito (Estado liberal de direito)

O Estado de Direito corresponde ao Estado Liberal de Direito que surge no período


das Revoluções liberais. Esse modelo passou por várias concretizações ao longo do
tempo:

 Inglaterra: “Rule of Law”.

 Prússia: “Rechtsstaat”.

 França: “État Légal” – é diferente do Estado surgido posteriormente que é o “État du


Droit” (espécie de Estado constitucional e não de estado legal) e corresponde ao
“Verfassungsstaat” alemão.

Observações:

I - Foi na experiência francesa que ocorreu a primeira institucionalização coerente e


com caráter geral do Estado de Direito.

II – Características do Estado Liberal:

 Abstencionista: o Estado Liberal intervém o mínimo possível nos domínios


econômico e social, os quais são deixados para a esfera individual. Trata-se de um
Estado que se contrapõe ao Absolutista (ou Estado de Polícia) que em tudo intervinha.

 Os direitos fundamentais consagrados nas Constituições dessa época correspondiam


basicamente aos direitos da burguesia - vida, liberdade e propriedade, por exemplo.
Os direitos das classes menos favorecidas eram assegurados apenas de maneira
formal. Portanto, a igualdade era meramente formal, no sentido da redução das
desigualdades existentes.

 Francês A limitação do soberano pelo Direito marca a mudança do Estado Absolutista


para o Estado de Direito.
 Princípio da legalidade da Administração Pública. A AP e uma atividade sublegal ou
subordinada à lei. Enquanto o particular pode fazer tudo o que a lei não proíbe, a AP
somente pode fazer aquilo que a Lei permite.

2.2.1.4. Gerações de direitos fundamentais

Karel Vazak associou as gerações de direitos fundamentais ao lema da Revolução


Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade). A associação popularizou-se em razão
da obra de Norberto Bobbio. No Brasil, o tema tornou-se bastante conhecido pela
escrita do professor Paulo Bonavides.

Críticas às gerações:

 Não há um surgimento tão preciso quanto pretende Karel Vazak. (Cançado


Trindade)

 Toda geração substitui a anterior. Nesse sentido, seria um equívoco falar em gerações
de direitos fundamentais, pois todos eles coexistem. Por esse motivo, parcela da
doutrina emprega a expressão “dimensões de direitos fundamentais”.

 A classificação seria vazia e não auxilia no entendimento desses direitos. Cria


atomização desses direitos, que são um todo unitário.

Mas, tem valor didático.

Direitos fundamentais de 1ª geração

I – Valor: liberdade.

As Revoluções Liberais pretendiam que o Estado não agisse de forma arbitrária.


Portanto, diante desta demanda, os primeiros direitos fundamentais a serem
consagrados foram, sobretudo, os direitos de liberdade (religiosa, locomoção,
manifestação do pensamento), além da propriedade, vida e igualdade (no sentido
formal).

II – Direitos:

 Civis: direitos de defesa do indivíduo contra o Estado - status negativo: exigem,


sobretudo, uma abstenção estatal.

 Políticos: direitos de participação do indivíduo na vida política. Tem status ativo. Não
havia a amplitude dos direitos políticos de hoje. As mulheres demoraram a votar em
vários países. O sufrágio não era propriamente universal. No Brasil, apenas na década
de 30 é que as mulheres passaram a votar. Havia sufrágio censitário e capacitário.

Se se pegar as constituições daquela época, a norte-americana e a francesa (1791),


embora esta já tenha consagrado em seu texto alguns poucos direitos sociais,
basicamente os direitos fundamentais consagrados eram direitos civis e
políticos.

2.2.2. Segunda fase

A 1ª Guerra Mundial agravou demasiadamente a crise econômica e social já existente


no período. Diante disso, o próprio liberalismo entrou em crise, por ter sido incapaz
de atender as demandas sociais.

Embora os direitos civis e políticos tivessem sido satisfatoriamente implementados,


os direitos sociais, econômicos e sociais não tinham nenhum tipo de efetividade,
sobretudo para os menos favorecidos. Assim, diante da incapacidade do liberalismo
de tratar daquelas questões de desigualdades existentes, acabou entrando em crise e
aquele modelo foi substituído por um novo modelo de Constituição e de Estado.

Os direitos sociais não surgem apenas nessa segunda fase. Na Constituição francesa
de 1791 já havia uma aparição desses direitos, mas eles entram para a história do
constitucionalismo com duas Constituições que surgiram nesse período:

 Constituição mexicana (1917).

 Constituição de Weimar, ou constituição alemã (1919).

2.2.2.1. Estado Social

I - O Estado Social é o resultado de uma transformação do Estado Liberal. Ele


busca superar a dicotomia entre a igualdade política conquistada e a desigualdade
social existente.

II - A principal
diferença entre o Estado Social e o Estado socialista é a adesão daquele
ao capitalismo.

Exemplo de estados sociais: A Alemanha Nazista, a CF Portuguesa no período


Salazarista, a Itália no Fascismo, o franquismo na Espanha, o Brasil na época de GV.
III – Características do Estado Social:

 Intervencionista: é um Estado que a todo momento intervém no âmbito social,


econômico e laboral. O Estado passa a ser um grande prestador de serviços.

 O Estado passa a ter um papel decisivo tanto na produção quanto na distribuição de


bens.

 A garantia do bem-estar social mínimo. Exemplo: benefício de prestação continuada


(benefício assistencial), no valor de 1 SM, a pessoa deficiente ou idosa, com mais de 65
anos, cuja família não possa fornecer o mínimo para a sobrevivência da pessoa. Não há
a exigência de contraprestação.

IV – Direitos fundamentais de 2ª geração:

 Valor: igualdade material (fática ou substancial): exige dos Poderes Públicos não um
tratamento isonômico, mas diferenciado para que as pessoas que estão em condição de
inferioridade possam ter igualdade de condições com os mais favorecidos.

A igualdade formal já havia sido consagrada na 1ª geração (1ª fase do


Constitucionalismo Moderno).

 Direitos sociais, econômicos e culturais: possuem status positivo; a maioria exige do


Estado, sobretudo, uma atuação positiva (direitos prestacionais). O estado tem de
fornecer prestações materiais (escolas, hospitais etc.) e prestações jurídicas (polícia,
leis criminalizando determinadas condutas etc.).

 Garantias institucionais: garantias conferidas às instituições fundamentais para a


sociedade (família, imprensa livre, funcionalismo público, autonomia
universitária).

2.3. Constitucionalismo contemporâneo

Após o fim da 2ª Guerra Mundial começaram a surgir novas Constituições que


consubstanciam um amálgama das experiências norte-americana e francesa – alguns
autores denominam esta etapa do Constitucionalismo de “neoconstitucionalismo”.

Ver capítulo do livro de Marcelo Novelino sobre neoconstitucionalismo e pós-


positivismo.
2.3.1. Características

a) Força normativa da Constituição

Nos Estados Unidos a Constituição sempre foi vista como uma lei ou como um
conjunto de normas. A normatividade constitucional sempre foi reconhecida de forma
plena no direito norte-americano. Todavia, isso não acontecia no Direito europeu
(embora o Abade Sieyes pregasse o dever de obediência à Constituição): as
declarações de direitos não eram consideradas vinculantes (normas programáticas),
sobretudo para o legislador - o legislador era visto como um amigo dos direitos
fundamentais por ser o responsável pela implementação desses direitos. Eram meras
exortações morais para o legislador. Eram normas meramente programáticas.

Esta visão de que o legislador é um amigo dos direitos fundamentais mostrou-se


equivocada, pois, por vezes, as maiores violações de direitos fundamentais vinham
do Parlamento, embora seja a casa dos representantes do povo.

Conforme Konrad Hesse (escreveu o livro Força normativa da Constituição), a


Constituição, embora por vezes acabe sucumbindo à realidade, possui uma força
normativa capaz de conformar a realidade, desde que haja “vontade de Constituição”
(e não apenas “vontade de poder”).

Surgiu após a SGM e aqui nos países latinos americanos após o fim das ditaduras
militares.

b) Rematerialização dos textos constitucionais

Significa que atualmente as Constituições se caracterizam não por serem concisas,


mas prolixas, analíticas ou regulamentares.

Após os períodos autoritários ocorridos na Europa (Franquismo na Espanha,


Fascismo na Itália, Salazarismo em Portugal, por exemplo) surgiu nova onda de
constitucionalismo cuja reação imediata foi a de consagrar o maior número possível
de normas na Constituição para que houvesse a proteção contra o arbítrio do Estado.
Nos Países da América Latina observou-se o mesmo fenômeno – ditadura militar
seguida da consagração do maior número de direitos e garantias fundamentais (juros
de 12% ao ano, por exemplo. Ver livro de mac luf).
c) Fortalecimento do Poder Judiciário – fortalecimento da jurisdição
constitucional

O fortalecimento do Poder Judiciário acabou dando origem a um fenômeno


denominado de judicialização da política (impeachment, partidos políticos pequenos
levam questões perdidas no âmbito politico ao judiciário etc.) ou das relações sociais
(importantes: pesquisas de células-tronco, aborto do feto com acrania e anencefalia,
ou absurdas: se a espuma faz ou não parte do chopp, título do campeonato de 1987,
casal que separou e discutia a guarda do cão etc).

d) Dignidade da pessoa humana e centralidade da Constituição e dos direitos


fundamentais

I - A dignidade da pessoa humana, até o fim da 2ª Guerra Mundial, não era


usualmente consagrada nas Constituições. Foi a partir das experiências ocorridas
durante o nazismo, principalmente, que houve uma preocupação dos textos
constitucionais com essa consagração. No nazismo, havia classes entre os seres
humanos (ciganos, gays e lésbicas, por exemplo, eram seres inferiores).

As constituições atuais praticamente todas tem previsão da DPH. Pela antiguidade do


texto, a Constituição Americana não prevê a ideia de dignidade do ser humano em seu
texto.

A ideia de dignidade surge como valor supremo e núcleo axiológico da Constituição


no sentido de que não há gradações ou hierarquias entre os seres humanos, pois todos
são dotados da mesma dignidade.

II – Há atualmente uma centralidade da Constituição e dos direitos fundamentais.


Segundo Paulo Bonavides, “Ontem os Códigos; hoje as Constituições”.

Em razão da centralidade da Constituição e dos direitos fundamentais há o surgimento de um


fenômeno denominado de “constitucionalização do Direito”. Três aspectos:

 Consagração constitucional de normas de outros ramos do Direito na


Constituição, que, porém, devem ser estudados nas próprias matérias.
 Interpretação conforme a Constituição (“filtragem constitucional”): interpretação de
normas de outros ramos do Direito à luz dos valores consagrados na Constituição. Em
outras palavras, deve-se optar pela interpretação que melhor reflita os valores
constitucionalmente consagrados.

 Eficácia horizontal dos direitos fundamentais: inicialmente, os direitos fundamentais


eram oponíveis apenas e tão somente ao Estado. Com o passar do tempo percebeu-se
que a opressão e a violência contra os indivíduos não vinham apenas dos Poderes
Públicos, mas também de outros particulares. Assim, os direitos fundamentais
passaram a ser aplicados não somente às relações verticais (entre o Estado e o
particular), mas também às horizontais (eficácia privada, eficacia em relação a
terceiro, eficácia externa ou entre particulares).

2.3.2. Estado Democrático de Direito/Estado Constitucional Democrático

I – Razão da expressão “Estado Constitucional Democrático”: acentuar uma mudança


de paradigma de “império da lei” para “caráter normativo da Constituição”.

II – O Estado Democrático de Direito sintetiza as conquistas dos modelos anteriores


(Liberal e Social) e tenta superar as respectivas deficiências.

III - O nome “democrático” surge a partir da importância conferida ao princípio da


soberania popular como meio de legitimação do Poder - o Poder só é legítimo se for
advindo do povo; é o povo que detém o Poder e cabe a ele escolher os seus
representantes.

IV – Características:

 Preocupação com a efetividade dos direitos fundamentais e com a sua dimensão


material: a preocupação não está relacionada com a consagração formal, mas com a
efetividade e o aspecto substancial.

 Limitação do Poder Legislativo pela Constituição: antes o controle era relacionado


apenas ao aspecto da produção das leis, ou aspecto formal (com a verificação da
constitucionalidade formal). Atualmente, a limitação do Poder Legislativo também
incide no aspecto material, no sentido de que o conteúdo das leis deve ser
compatível com o da Constituição (constitucionalidade material). Ademais, as
normas de caráter prestacional que impõem deveres aos Poderes Públicos exigem
deles uma atuação positiva que, caso não ocorra, gerará uma omissão inconstitucional.
Surge nas constituições a partir da década de 70 (na Iugoslávia, Portuguesa, Brasileira
etc.)

V – Direitos fundamentais de 3ª geração:

 Valor: fraternidade ou solidariedade.

 Exemplos (rol exemplificativo): direito ao desenvolvimento, ao meio ambiente, de


autodeterminação dos povos, sobre o patrimônio comum da humanidade e de
comunicação (cf. Paulo Bonavides).

 Outros exemplos: consumidor, crianças e idosos.

VI – Direitos fundamentais de 4ª geração.

Segundo Paulo Bonavides: Democracia, informação e pluralismo.

Observação n. 1: embora bastante antiga, a Democracia consagrada anteriormente


era bem mais restrita em termos de sufrágio do que é hoje – capacidade intelectual
(capacitário), capacidade econômica (censitário), sexo. Atualmente, subsiste um
sufrágio universal, adotado na maioria dos Países, onde as pessoas participam desde
que sejam nacionais, se alistem e tenham a idade mínima exigida (requisitos
formais). Além dessa ampliação do sufrágio, há também a inserção de mecanismo de
participação popular direta (plebiscito, referendo e iniciativa popular).

Observação n. 2: o direito à informação – que é distinto ao de comunicação –


abrange o direito de informar (CF, arts. 220 a 224), de se informar (CF, art. 5º, XIV)
e a ser informado (CF, art. 5º, XXXIII e Lei n. 12.527).

Observação n. 3: o pluralismo está consagrado em nossa Constituição como um


fundamento da República Federativa do Brasil (CF, art. 1º, V). Não se confundem
com os objetivos fundamentais (metas buscadas pela RFB); não se confundem ainda
com os princípios que rege a RFB nas relações internacionais. Embora a
Constituição fale em pluralismo político, não significa apenas um pluralismo
político- partidário, mas também religioso (respeito à diversidade religiosa),
artístico, de ideias entre outros. Significa respeito à diferença ou diversidade.
Dalai Lama fala que o maior problema hoje não é a falta de solidariedade nas
relações sociais, mas a falta de respeito nas diferenças.

Boa Ventura de Souza Santos diz que o direito à diferença é o outro lado do direito à
igualdade. Diz que temos o direito de ser iguais quando a diferença nos inferioriza; e de
ser diferentes quando a igualdade nos descaracteriza.

Observação n. 4 (outros direitos): direitos relacionados à biotecnologia e à


bioengenharia; identificação genética do indivíduo.

Bonavides tem colocado nas novas edições de seu livro o direito à paz (como direito
a ser conquistado pela humanidade) como direito de 5ª Geração; Karel Vazak
colocava o direito à paz como direito de 3ª Geração.

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