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O INSTITUTO DO SOBRESTAMENTO E A SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO

EM PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES

Irineu Ozires Cunha, Cel RR

1. Introdução

Dentro da caserna muito se tem discutido a respeito do instituto, quando


se trata do Processo administrativo punitivo. Os oficiais, principalmente os que
presidem Conselhos, talvez, sejam os que mais se ressentem em torno do
tema.

Lembro-me, muito bem, quando era o chefe do SJD (Serviço de Justiça


e Disciplina) que na quase totalidade, os capitães tateavam no escuro quando
se tratava do instituto do sobrestamento e bem procediam e procedem as
dúvidas, pois que no campo do Direito administrativo brasileiro está entre os
assuntos que mais suscitam dúvidas e controvérsias, quando se trata do
processo administrativo disciplinar, notadamente o punitivo.

A absoluta inexistência de bibliografia que analise a sua ritualística do


processo, notadamente os Conselhos de disciplina e justificação, levou-me
após várias consultas, de oficiais, a escrever sobre o assunto.

A pesquisa foi um pouco demorada, já que foi preciso partir do nada,


porque a nossa legislação não trata do instituto como uma das causas de
suspensão da prescrição.

Será necessário quebrar o tabu para podermos recepcioná-lo como uma


das causas de suspensão da prescrição e aqui quero me referir
especificamente ao Conselho de disciplina e justificação, a fim de que todos o
recebam, sem qualquer recalcitrância, enquanto ato de exclusiva competência
do Comandante Geral para esses procedimentos.

Vamos, portanto a um estudo aprofundado trazendo à luz todas as


situações que o envolvem como uma das formas de se suspender1 a
prescrição.

2. Cabimento do sobrestamento

A doutrina, mas principalmente a jurisprudência, consagrou o princípio


da independência das instâncias administrativa e penal, isso pela grande
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Na interrupção, o prazo volta a ser contado integralmente quando cessa a causa que lhe deu origem. Na
suspensão, a contagem é do tempo que ainda faltava, quando começou. Assim, se o prazo é de 15 dias,
e a prescrição se interrompe após decorridos 12 dias, ao ser retomada a contagem, o prazo será
novamente de 15 dias. Se tivesse ocorrido suspensão, seriam contados somente mais 3 dias. No caso
dos Conselhos o prazo sempre suspenso e nunca interrompido.
Instituto do sobrestamento e a suspensão da prescrição

quantidade de bens que se tutela, nos casos, evidentemente em que houver


relação íntima entre os fatos apurados em ambas as esferas. Assim o processo
administrativo, em tese, deve aguardar o desfecho na esfera criminal. Mas que
fique bem claro, apenas quando houver íntima relação entre os fatos.

Na Polícia Militar do Paraná existem os que defendem que o sistema


não permite que se aplique a pena administrativa, enquanto não se decidir o
fato no judiciário. Por mim é aí, justamente, o ponto em que se equivocam, pois
enquanto a administração pune a conduta, o judiciário pune o fato e uma coisa
não tem nada a ver com a outra. Por isso não podemos esquecer que o crime
cometido por policial militar repercute na esfera administrativa residualmente, e
normalmente nessas situações a autoridade pelo princípio da independência
das instâncias poderá apreciar a sua conduta e até excluí-lo a bem da
disciplina, remetendo o Conselho para a Auditoria, a fim de que o junte a
eventual Inquérito policial militar e prossiga no julgamento do delito.

Não há aqui necessidade de se esperar, em virtude de uma incerta


condenação, o trânsito em julgado, pois a motivação da autoridade que o
sujeitou ao processo administrativo, com certeza, foi a sua conduta irregular,
que trouxe reflexos negativos, afetando o pundonor policial-militar ou mesmo o
decoro da classe. Portanto, se disso concluiu em seu julgamento, que o fato
inicial é crime, deve remetê-lo ao Juiz auditor, nada obstante, não pode deixar
de apreciar a conduta desigual do policial militar.

Devemos lembrar que o militar ao ingressar na Corporação, além dos


princípios morais próprios, passa por um período de instrução à vida militar e o
curso de formação a que se submete é tempo mais do que suficiente para
incutir-lhe os valores éticos-morais. Assim é salutar ressaltar que ao se formar,
presta um compromisso de honra, no qual afirma sua aceitação consciente das
obrigações e deveres inerentes à carreira profissional, bem como o de pautar
suas conduta pública e privada dentro dos limites legais e morais, norteadores
da vida em sociedade. Esta adesão implica em acolher os valores próprios da
Organização, cultivados através dos tempos e devidamente concentrados e
sistematizados nos rígidos regulamentos e regras utilizadas diuturnamente no
serviço policial militar, que resultarão no seu comprometimento com o espírito
institucional, guiando seus atos e postura de acordo com as regras da
“consciência moral social", que possuem, naturalmente, uma força repressiva
com o objetivo de manter íntegra a força pública, dentro dos padrões que a
sociedade exige.

O Comandante pune o subordinado pela falta disciplinar prevista no


Regulamento Disciplinar, o Conselho de Justiça pune o réu pela prática de
crime previsto no Código Penal Militar. Portanto, infere-se que o Órgão
ministerial não deixará de propor ação penal, tendo em vista que o indiciado foi
punido pelo fato disciplinarmente, e nem o Comandante deixará de punir o
indiciado disciplinarmente na expectativa de uma manifestação do Ministério
Público, seja na proposição da ação penal, seja no pedido de arquivamento do
Inquérito policial militar. Ambas as jurisdições, como se disse, atuam em áreas
distintas e estanques. Não há, portanto, a ocorrência do bis in idem.
Instituto do sobrestamento e a suspensão da prescrição

Não há, apesar de tudo isso, nada que impeça o Comandante Geral, em
querendo sobrestar o Conselho para aguardar a decisão criminal e se assim
decidir teremos aí uma das causas de suspensão da prescrição, pois o prazo
não corre nem para a administração nem para o acusado. Mas isto, entendam,
é pura discricionariedade.

No Brasil Nelson Hungria, quando Ministro, foi pioneiro na defesa do


instituto do sobrestamento no direito administrativo e mesmo reconhecendo a
autonomia do poder disciplinar em relação a esfera penal 2 entendia, o imortal,
que a administração deveria, sempre, sobrestar o processo administrativo até
decisão da justiça criminal.

Em que pese as discordâncias e os debates veementes a cerca do


instituto, como uma das causas de suspensão da prescrição, o aguardo da
decisão judicial não é obrigatório e por isso mesmo possibilitará o
conhecimento de novas provas até a decisão final administrativa ou penal que
no futuro poderão ser elementos de maior segurança para a decisão da
autoridade.

Uma das estratégias mais conhecidas atualmente e engendrada, pelo


menos por alguns advogados, advirta-se, de policiais militares submetidos a
Conselho é, justamente, solicitar o incidente de insanidade mental, a fim de que
o mesmo seja submetido a avaliação médica. Sinceramente não vejo por que o
Presidente do conselho deva acatar esse insólito pedido e sobrestar o
processo, se não é do seu interesse. Não há, vejam senhores capitães,
qualquer obrigatoriedade. Se quiserem, desde que fundamentem podem
indeferir ficando o advogado com duas alternativas ou vai até o Comandante
Geral, ou à Justiça.

E por que senhores presidentes, quando decide atender a defesa,


sobrestando-o formulam os quesitos para a Junta Ordinária de Saúde? O
interesse em provar que o acusado está doente não é do procurador dele? Ora
o advogado é que, como maior interessado, se quiser solicite o sobrestamento
e o faça juntando os quesitos que julgar convenientes. O Presidente, do meu
ponto de vista, deverá sempre indeferi-lo. Não deve se preocupar com essas
questões. Deve se concentrar no mérito, que é o verificar a conduta do
acusado.

Os membros do Conselho necessitam se concentrar no objeto do


processo administrativo, que é o de verificar a conduta do militar e não devem
ficar preocupados com essas manobras que sempre protelam o resultado final.
Na medida em que esses pedidos forem encaminhados devem ser um a um
espancados e aqueles que patrocinam a defesa que recorram ao judiciário,
caso não estejam satisfeitos. O Presidente do conselho ao receber tal pedido,
caso não queira indeferi-lo, então solicite ao Comandante Geral o seu
sobrestamento, que uma vez aceito, suspende a prescrição.

Na prática o que a defesa pretende é levar para o mais longe possível o


tempo a correr para então através de uma manobra, pouco ética, alegar que se
2
Nélson Hungria, Ilícito Administrativo e Ilícito Penal, Revista de Direito Administrativo, vol. 1. p. 24/31.
Instituto do sobrestamento e a suspensão da prescrição

deu a prescrição fundamentando que o sobrestamento não é causa de sua


interrupção. Mas é engano, os membros do colegiado precisam ficar atentos.

É claro que avaliação médica encontra amparo legal e se constitui em


verdadeiro procedimento incidental podendo, por isso mesmo, requerê-la, o
defensor, mas não pode se esquecer de que suspende a prescrição até que o
colegiado médico avalie o militar respondendo aos quesitos formulados ou pela
defesa, ou pela Comissão que nada podem fazer, senão ficar no aguardo do
laudo para só a partir daí dar prosseguimento. É preciso, contudo que a defesa
entenda que o sobrestamento3, justamente por paralisar suspendendo a
prescrição, não define o mérito como querem alguns advogados
injustificadamente.

3. Natureza jurídica do sobrestamento

Segundo De Plácido e Silva sobrestamento é o não prosseguimento, a


paralisação, a suspensão, a interrupção. É, pois, a parada momentânea do
que se estava executando, em razão de qualquer fato, que a tenha autorizado,
ou para que se cumpra qualquer outra medida necessária à continuação ou ao
prosseguimento do que se sobrestou.

Egberto Maia Luz afirma que o sobrestamento é verdadeira suspensão


dos atos processuais, significando, nada mais, nada menos, que a verdadeira
paralisação do processo que, por esse meio, perde sua natural dinâmica,
passando à situação estática momentânea.

José Náufel, o sobrestamento é o ato ou efeito de suspender o curso de


alguma coisa, interrupção do andamento.

Apesar de sua necessidade, em casos como o da avaliação médica, o


sobrestamento não passa de procedimento incidental meramente dilatório,
como já disse alhures, que objetiva aguardar a avaliação médica cuja natureza
jurídica, reveste-se de contornos de ato administrativo discricionário, de
competência exclusiva do Comandante Geral que avaliando o pedido, nos
casos de processos disciplinares, principalmente os punitivos, concede-o, ou
denega-o fundamentadamente.

4. O sobrestamento e o seu fundamento legal.

Código de Processo Penal art. 64 parágrafo único, bem como o Código


de Processo Penal Militar em seus artigos 115, 124 abordam o tema do
sobrestamento. No entanto, como o Decreto-lei 1002, aplica-se
subsidiariamente nos processos administrativos é dele que nos valemos para o
uso, ainda que não abundante do instituto.
Lamentavelmente a nossa legislação, tanto as que tratam do Conselho
de disciplina ou justificação ou dos demais processos administrativos, não
abordam o tema com clareza solar.
3
O instituto é aceito pela Teoria Geral do Processo, tanto que o § único do art. 64 do CPP admite sua utilização.
Instituto do sobrestamento e a suspensão da prescrição

De qualquer maneira o sobrestamento é sempre medida cautelar que


adota o Comandante Geral quando resolve aguardar decisão da justiça ou no
caso de situações, que é o objeto deste trabalho, em que o advogado suscita
perícia médica para o seu cliente. Em qualquer delas o sobrestamento sempre,
sempre suspenderá a prescrição.

Necessário se faz, no entanto, alertar de que ao se decidir por ficar na


dependência da decisão judicial, normalmente demorada, cheia de dificuldade
criadas, no curso do processo judicial, pela apresentação de argumentos com
base num detalhe ou num ponto irrelevante produzidas pela defesa, sempre
por meio de recursos protelatórios, ficar-se-á, também com a quase
impossibilidade de comprovar a conduta do servidor, depois de muitos anos,
quando se for avaliá-lo por Conselho provas se terão perdido, testemunhas já
terão falecido ou não se lembram ou pior não querem mais falar.

Fundamental é, então perceber, que ocorrido o fato que numa linha


horizontal traz a conduta criminosa e a conduta irregular, a Administração com
fundamento legal na independência das instâncias, avalie-o por sua conduta
irregular.

O ínclito Egberto Maia Luz assevera: “Conclui-se que a figura do


sobrestamento é pertinente tanto para o processo administrativo comum,
quanto para o disciplinar, porém, neste, deve ser considerado com muita
cautela, muito critério e acima disso, com bastante acuidade jurídica, para se
aquilatar da sua efetiva conveniência, que deverá, implicitamente, decorrer da
preservação dos fatores processuais apontados”.

É por isso que a autoridade competente ao avaliar o pedido, como o de


perícia médica, deve extrair a exata intenção do defensor verificando se o que
quer, por exemplo, não é protelar e se se tratar de manobra evasiva deve
espancá-lo, pois a decisão, discricionário que é, pertence-lhe, mas em qualquer
dos posicionamentos deverá fundamentá-la demonstrando os reflexos jurídicos
e legais que o caso enseja.4

Por sua vez o Presidente do conselho deve ficar atento igualmente a


esses descaminhos que percorrem os que patrocinam essas causas e antes de
fundamentar o seu pedido para o Comandante precisa considerar a sua efetiva
conveniência extraindo do seu conteúdo o que implicitamente quer o
procurador do policial militar.

Agora, os advogados, não sei se por falta de prática processual


administrativa, raramente peticionam pelo sobrestamento. A sua conduta
sempre é a de encaminhar para os membros do colegiado a solicitação de
perícia médica ou nos casos mais comuns a suspensão da decisão de mérito
do processo administrativo disciplinar, até o desfecho definitivo do
processamento dos mesmos fatos no juízo criminal ficando para os membros
do colegiado a necessidade de fundamentar o pedido de sobrestamento o que
do meu ponto de vista, insisto, deve sempre ser negado.
4
Egberto Maia Luz, op.cit., pag. 249.
Instituto do sobrestamento e a suspensão da prescrição

Quer me parecer que a estratégia é, em conseguindo o sobrestamento,


alegar prescrição.

5. Remessa dos autos

Uma vez sobrestado o processo, por ato do Comandante Geral, deverão


os autos ser remetidos aos membros do colegiado ficando ali custodiados sob
responsabilidade do secretário que deve acompanhar tudo o que acontece,
tanto administrativamente, como na justiça criminal e alertar o Presidente do
colegiado, tão logo, a razão do sobrestamento cesse. Lembrar é importante o
secretário é o único responsável por esse acompanhamento.

6. Quem pode provocar o sobrestamento?

Tecnicamente os membros do colegiado, através de seu presidente, nos


casos em que for fundamental para se esclarecer alguma questão ligada ao
processo, e a própria defesa em situação idêntica. Não pode o advogado ficar
suscitando o incidente, apenas como manobra.

Em São Paulo quando o feito já está sob exame, também as assessorias


jurídicas e o próprio Secretário de Segurança.

7. Consequências do sobrestamento

Sobrestado o processo os autos devem ser remetidos ao Presidente da


comissão, onde ficará sob guarda do Secretário que deverá acompanhar o
desenrolar de tudo o que acontece até a decisão do motivo pelo qual foi
sobrestado.

Reforce-se, por ser muito importante, que nesta fase, não ocorre
prescrição durante o período em que as autoridades administrativas realizam
diligências necessárias. De Plácido, acima citado, afirma que o processo fica
suspenso.

8. Conclusão

O sobrestamento em qualquer situação que se fizer necessário


suspende a prescrição.

Os membros do colegiado, assim como a defesa, podem suscitar o


incidente, mas desde que o façam fundamentadamente;
A concessão está compreendida no poder discricionário do Comandante
Geral que, concedendo-o ou denegando-o precisa fazê-lo motivadamente.
Instituto do sobrestamento e a suspensão da prescrição

Finalmente, mesmo a defesa não se valendo do seu direito de solicitar


sobrestamento, limitando-se aos demais incidentes, quero dizer que nos casos
em que o Comandante geral negar o sobrestamento quer solicitado pelos
membros do colegiado, que pela defesa, também não cabe mandado de
segurança contra esse ato, por que pode precipitar pré-julgamento dos casos
em situação análoga em ações de habeas corpus antecipando o resultado de
uma ação principal.

É isso.

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