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RESUMO
O presente artigo versará sobre o papel da mulher nos mitos amazônicos. O trabalho
será desenvolvido a partir da análise de três personagens míticos da região.
Primeiramente, Icamiabas e sua assimilação pelos viajantes e cronistas nos séculos XIV
e XV, os quais as denominaram de amazonas, fazendo referência à força e beleza
feminina. Já no segundo apresentaremos uma visão inocente e romântica da mulher, já
que o mito analisado será Vitória – Régia e temos a mítica Mãe D’água, que encanta,
mas sabe ser perversa quando lhe convém. O artigo mostra a importância do resgate da
nossa cultura imaterial.
Palavras - Chave: Mitos. Mulher. Resgate cultural.
ABSTRACT
This article focus is the role of woman in the Amazon mythis. Developed from the
analysis of three mithical characters of the region. Firstly “Icamiabas” and its
assimilation by travelers and writers during the 14th and 15th centuries, which
termed them amazons, referring to the strength and beauty of women. Secondly
we present an innocent and romantic vision of womam, as the myth to be analyzed
is “Victoria-Regia” and thirdly we have the mythical “Mãe d’água” who charms,
but she knows to be evil when it suits her. The article shows the importance of
rescue our intangible culture.
Key-Words: Myths. Woman. Cultural revival.
INTRODUÇÃO
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A mulher está sempre presente nessa cultura, representando papeis bem
definidos e que procuram transmitir toda a força e também delicadeza que esta carrega
tanto na sociedade como também nas representações simbólicas e na cultura imaterial
tais como lendas e mitos. É importante para nosso crescimento compreendermos que
muito dos mitos ainda se fazem presente em nossas ações diárias, mesmo que não
queiramos admitir.
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pele clara, sempre montadas em cavalos, armadas e sem pudor algum, pois estas não
usavam trajes nenhum. Contam também os viajantes que as Icamiabas moravam em
terras apenas de mulheres e que homens só eram bem vindos para um único propósito: a
procriação. Após isso eram descartados. No livro Senhores dos Rios, Ugarte escreve
que “[...] o mito das amazonas migrou, assim do velho para o Novo Mundo,
redimensionado com a nova realidade que se afigurava para os europeus”. (2003, p.12).
O nome de as amazonas começou a ser difundido, pois os viajantes e cronistas
associaram a imagem dessas índias ao mito grego que simboliza a força e coragem da
mulher. No entanto para os índios essas guerreiras eram conhecidas como Icamiabas,
que na cultura indígena significa mulher sem marido. Percebemos que houve uma
junção do mito grego com o mito indígena, sendo porém usado o nome as amazonas
para se referir a essas índias guerreiras. Essa era a imagem que o europeu fazia não só
do mito, mas das terras recém “descobertas”. Esse novo foi então descrito a partir de
uma visão fantástica e mágica, pois por não compreender a cultura, organização social e
política dos índios, os portugueses e espanhóis começaram a denominar como magia ou
bruxaria os elementos que compõe essa cultura. Porém esse mito, apesar de exaltar a
coragem da mulher, não deixa de reforçar que ainda assim, estas não estavam à altura
dos homens na arte de guerrear, haja vista que nos relatos dos viajantes elas são
descritas como fortes, porém sem capacidade de vencer. Como diz Ugarte (2003, p.13)
O que podemos perceber a partir das leituras é o fato de que a mulher foi
representada no mito amazônico como um ser que lutava para preservar o meio em que
vivia, o que demonstra que mesmo os europeus sabiam reconhecer o papel deles na
história da ocupação da Amazônia, mesmo que inconscientemente retratando através
das amazonas a luta do indígena em não se deixar escravizar. O mito das Icamiabas
pode ser simbolicamente a representação da mulher que procura seu espaço na
sociedade e que pensa que para conquistá-lo e mantê-lo não irá precisar de mais
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ninguém. As Icamiabas são as mulheres modernas, que trabalham e a cada dia lutam
para manter o seu espaço no mercado de trabalho e que muitas vezes cuida sozinha da
família – sendo pai e mãe – representando um novo grupo familiar.
E é por esses fatores que podemos dizer que os mitos ainda encantam a todos,
pois trazem em suas histórias muito da nossa vida e comportamento social, mas de uma
forma heroica, mágica e que fascina a todos. São um pouco da nossa cultura tanto
nacional como local e deve ser transmitido aos mais jovens, pois trazem em suas
narrativas uma riqueza de informação e sabedoria popular que não é encontrada em
nenhum outro tipo de patrimônio imaterial.
Essas lógicas das narrativas mitológicas são, portanto os que as tornam objeto
de estudos e pesquisas para buscarmos em suas histórias uma ligação com a realidade
que vivemos e com nossos conflitos sociais de comportamento. Não devemos olhar para
os mitos de maneira simplista, pois em suas histórias cada um traz a riqueza e sabedoria
do povo indígena que de maneira fascinante encontra respostas e consegue transmitir às
novas gerações sua cultura e também preservá-la.
Tudo é magia no silêncio verde. Curupiras surgem como fogos que dançam, e
toda a mata estremece. Mas, num canto da floresta, à margem do regato, à
hora rubra do sol-poente, a Iara, a mãe d’água, penteia os seus cabelos ouro
verde. A luz acaricia-lhe os olhos cristalinos e toda a mata sorri...( ARANHA
apud LADISLAU, 2008, p.90)
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De acordo co o dicionário, é uma palavra que se refere a narrativa ou doutrina a respeito dos princípios
que governam o mundo, o universo.
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Segundo a cultura popular e indígena, esta é a hora em que as visagens ficam soltas.
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tem formas oriundas no antropomorfismo3. A mãe D`água é um mito muito conhecido
na região e que aparece nos relatos de viajantes no período que data os séculos XIV e
XV. Simbolicamente, esse mito está relacionado com a mulher que usa sua beleza e
encanto para não só conquistar, mas para revidar quando se sente de alguma maneira
prejudicada, ofendida e incomodada com situações do seu cotidiano. Nesse caso, a
beleza se torna uma arma poderosa e muito eficaz no desenvolvimento e desejo de
conseguir alcançar seus objetivos. Ela é a mulher que pode ser: engraçada, sedutora,
perigosa e amorosa, pois ilude os que ouvem seu canto e se mostra uma “mãe d’água
perversa e criminosa” (LADISLAU, 2008, p.95).
Para o indígena ela personifica a proteção dos lagos e peixes, mesmo que
também achem que cada rio ou lago possui uma bondade e maldade de acordo com a
existência nele da mãe d’água. A sua figura mítica relaciona-se com a crença indígena
de que a sua origem vem da água. Por isso o respeito a essa mulher metade peixe, que
“não se deve confundir com as sereias” (LADISLAU, 2008, p.93-94) vive em águas
amazônicas.
Apesar dos questionamentos que existem sobre a veracidade desses mitos – o
que não se pretende fazer neste artigo, – percebemos que o fato mais importante não é
confirmar sua autenticidade, mas sim o resgate desse patrimônio tão rico e que nos
remete a um tempo onde uma história era contada pelos mais velhos e apreciada pelos
jovens.
Os mitos são hoje trabalhados dentro do folclore, e quando os são raras vezes
há um estudo sobre origem, fundamentos e relação com a cultura indígena, mesmo
sendo essa cultura, a nossa. Estamos perdendo a capacidade de fato de apreciar e
valorizar nossas heranças culturais e regionais pelo simples motivo de não sermos
instigados a conhecer as origens desses mitos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Versar sobre mitos nos fez pensar em como não demos muita importância para
nossos patrimônios imateriais e toda a história e registros que guardam uma riqueza e
um bem que deve ser preservado, pois faz parte e representa nossa cultura regional. Os
mitos abordados no trabalho são heranças deixadas e devem ser transmitidos aos
jovens para que não percamos a tradição que começou com os primeiros habitantes
das terras amazônidas. A compreensão dessa importante contribuição cultural indígena
é o que nos fez escrever e buscar o resgate dessas narrativas.
O conhecimento passado de uma geração a outra é a permanência da nossa
cultura e folclore, pois os mitos são apenas um entre tantos outros bens imateriais que
não são desenvolvidos e estudados como história de nosso povo e que nos fazem
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De acordo com o dicionário, é a crença ou pensamento que atribui formas ou atributos humanos a
entidades abstratas ou seres não humanos.
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pensar em como o conhecimento popular muitas vezes compreende muito mais coisas
do que pensamos saber em nossa pretensa sabedoria letrada.
Os mitos analisados nos revelaram comportamentos e ações que mesmo
atribuídos a seres fantásticos fazem parte das nossas ações e sentimentos enquanto
seres humanos. Portanto, os mitos por mais fantasiosos que sejam trazem em suas
narrativas uma infinidade de semelhanças com virtudes, defeitos sonhos e esperanças
que dão sentido a nossa existência. Verificamos que a mulher apresentada em cada um
dos três mitos trás em suas características um pouco da mulher não apenas
amazonense, mas também brasileira e do mundo, pois estes mitos são versões míticas
de seres que fazem parte da cultura europeia.
Dessa maneira, esperamos ter contribuído e esclarecido um pouco sobre nossa
mitologia regional, pois o que queremos de fato é o resgate da nossa cultura regional,
haja vista que compreendemos como é importante conhecermos e valorizarmos a
cultura indígena que está presente em nossa formação.
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REFERÊNCIAS
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Virtual Books,2000. Disponível em: eBooksBrasil.com. Acesso em: 14 de maio. 2012,
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WILLIS, Roy. Mitologias: Deuses, heróis e xamãs nas tradições e lendas de todo o
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