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A Revolução Industrial.

Francisco Iglésias.

Introdução.
Iglésias toma a técnica como uma categoria analítica e/ou explicativa da história que condiciona
e molda civilizações. Os nomes dos períodos civilizatórios recordam elementos materiais /
técnicos como pedra lascada, pedra polida, idade do cobre, idade do bronze, idade do ferro.
Utensílios, ferramentas em máquinas ajudam a articular o existir humano.
Ao longo de quase todo processo histórico a humanidade teve que contar apenas com a natureza
insuficientemente apropriada e consigo próprio. A representação e a prática da indústria em
sentido racional e econômico são realidades recentes.
Na história da humanidade deve-se considerar a fase do artesanato primitivo / primordial, o da
manufatura e o da indústria propriamente dita. É difícil datar as duas primeiras passagens.
DESCOBERTAS E INVENÇÕES: (1) propósito / intencionalidade sem ciência do homem pré-
experimentação aprimorava ao acaso a qualidade dos objetos; (2) propósito / intencionalidade
com ciência do homem pós-experimentação, à partir de pressupostos analíticos, com método,
teoria e hipóteses prévias e pesquisa sistemática, chega a inventos e descobertas. Observação e
aprimoramento com propósito e método aceleram descobertas.
A evolução da técnica, com finalidade práticas, se deu lentamente. A convergência de ciência e
trabalho sempre foi dificultada. O preconceito contra o trabalho manual operava no sentido de
dificultar essa convergência.

Antecedentes Históricos.
Retrato da atividade industrial anterior a meados do século XVIII reflete a mentalidade até então
dominante, quando a técnica e a mecânica não eram convenientemente valorizadas e
conceituadas. Mentalidade e ritmo social e humano nessa fase eram lentos.
HOMO FABER se diferencia pelo uso de objetos como ferramentas; pela capacidade de inovar,
diversificar, inventar, criar, aperfeiçoa. Embora frágil, compensa sua fragilidade com o uso do
cérebro. Possui um corpo flexível que lhe dá vantagens, além do uso coordenado do cérebro,
polegar opositor, postura bípede / ereta, visão dos objetos feita ao mesmo tempo pelos dois
olhos, etc.
O processo histórico, nem sempre contínuo, caracteriza-se por rupturas e saltos. O estímulo ao
desenvolvimento técnico sofreu interrupções / solução de continuidade durante a Idade Media. A
servidão e o trabalho nas corporações num primeiro momento estimulantes mostraram-se
restritivos com o tempo.
A partir do século XVI, com o Renascimento, a tecnologia livrou-se das amarraras e expandiu-
se. O Renascimento marca a passagem de um mundo estreito / limitado – centrado no
Mediterrâneo e dominado pelo teocentrismo – a um mundo ecúmeno – informado pelo
antropocentrismo. Supera-se a especulação abstrata e vazia por outra centrada na prática do
trabalho e no método experimental.

O que foi a Revolução Industrial.


Por esta se entende, sobretudo, a substituição do trabalho humano com o emprego de máquinas.
(1) No curso da história a mentalidade se liberta dos entraves / obstáculos que só valorizavam o
pensamento especulativo, sem finalidades práticas. Chega-se à valorização do pensamento
vinculado à prática e a ciência ganha contornos cada vez mais pragmáticos. Como resultado o
desenvolvimento técnico e econômico se acelera. Dos primeiros tempos da História ao século
XVIII, do ponto de vista teórico-prático, obtém-se muito menos do que das duas últimas décadas
desse século aos diais atuais.
Parece não haver dúvida sobre o local de início da Revolução Industrial: Inglaterra e parte da
Escócia em meados de 1760.
A teoria romântica ou heróica das invenções é quase sempre sem fundamento. A história das
invenções não é somente dos inventores, mas a de experiências coletivas que pouco a pouco
resolve os problemas postos pelas necessidades coletivas. (IGLÉSIAS, 1996, p. 58).

SETORES QUE SE DESENVOLVERAM E CARACTERIZARAM A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL,


ESQUEMANTICAMENTE FORAM TRÊS:

Máquina a vapor. O estudo dos gases e vapores pelos físicos foi lento: chegou-se a resultados
sem conhecimento de causa. A experiência antecipa a compreensão intelectual. James Watt
(1736–1819) na Universidade de Glasgow aperfeiçoou a máquina de Newcomen. A partir de
1770 começou a ser empregada. Após a substituição de algumas peças por outras de ferro ainda
não existentes no tempo de Watt, difundiu-se sua utilização. Em síntese, a energia buscada desde
a Antiguidade custou a ser obtida: prática e economicamente é do fim do século XVIII, só se
generalizou no século XIX.
Fiação e tecelagem. Em 1785 usou-se pela primeira vez a máquina a vapor para impulsionar
uma fiandeira. Segundo Hobsbawn: “quem fala de Revolução Industrial fala do algodão.” Foi
essa indústria que fez da Inglaterra o centro fabril do mundo. Para tanto, contou com o
protecionismo do Estado. É balela afirmar que tudo foi feito pelo particular sem o apoio do
governo.
Mineração e metalurgia. Em 1775 a maquina a vapor possibilitou a aplicação de força
aumentada para a explosão dos altos fornos e força mecânica para a forja. Em 1740 Benjamin
Huntsman produziu aço fundido relativamente puro. Através de manipulação inteligente do
ferro, chega-se ao aço, metais finos, macios e leves que permitem a fabricação de diferentes
objetos.
O progresso do metal e suas derivações são resultantes de quatro fatores: aperfeiçoamento geral
de certas máquinas ferramentas; o desenvolvimento dos laminadores; as grandes fundições; o
trabalho do ferro macio.
A metalurgia interfere no melhoramento de todas as indústrias, um conjunto de fatores colaborou
para esse resultado: o emprego da hulha nos altos fornos; o método de Huntsman para a
preparação do aço.
Em suas inter-relações com o resto da economia (...) podemos ver a indústria siderúrgica
desempenhando um papel mais poderoso e penetrante no processo de industrialização britânica do
que o desempenhado pela indústria algodoeira. O feito mais importante da Revolução Industrial
foi que ela converteu a economia britânica numa economia baseada na madeira e na água para uma
alicerçada no carvão e no ferro. (IGLÉSIAS, 1996, p. 66-67).

Condicionantes da mudança.
Revolução Política. A Inglaterra foi a primeira a superar em parte o atomismo / fragmentação/
dispersão do regime feudal. Estava organizada desde 1215 quando barões e cavaleiros impõem a
Magna Carta a João Sem Terra (1167-1216), para coibir abusos e garantir liberdades públicas.
Com o Renascimento a reflexão filosófica retorna à natureza. Com a experimentação que dá
sentido científico ao estudo e as inquietações, supera-se o culto dogmático da tradição abstrata e
dedutiva até então dominantes.
Revolução Mercantil se amplia com as Grandes Navegações. A atividade comercial desloca-se
do Mediterrâneo para o Atlântico, Pacífico e Índico. Expansão dos mercados aumenta demanda
por bens.
Revolução Agrária. O movimento da população em direção à cidade cria o problema agrário.
Obriga a pensar as questões sobre abastecimento, produção agrícola, propriedade da terra. Não
só pela ocupação da terra por atividades industriais como pela necessidade de aumentar a
produtividade do trabalho agrário.
Ao longo do século XVIII centenas de atos do Parlamento britânico cercam campos abertos de
terras vagas e comunitárias e as dividem em lotes. Com estes cercamentos não se faz uma
reforma agrária, mas forma-se a grande propriedade fundiária. A força da sanção legal faz a
diferença entre estes cercamentos e os do século XVI que não tinham a força da sanção legal.
(2).
As cidades crescem com a constituição do exército industrial de reserva. O conflito urbano
acirrar-se. Jethro Tull ensina a alternância de culturas, para produção sem esgotamento do solo.
A aristocracia inglesa converte-se em burguesia arrendatária.
Revolução Intelectual. Significa mudança de mentalidade. Abandona-se a posição tradicional
do pensamento dedutivo e abstrato dominante na Antiguidade e na Idade Média. Ele cultivava
desapreço ao trabalho manual / mecânico e a experiência. Com o Renascimento a reflexão
filosófica retorna à natureza. Supera-se com a experimentação, que dá sentido científico ao
estudo e as inquietações, o culto dogmático da tradição, outrora viva.

Efeitos da inovação.
“A Revolução Industrial deve ser vista como um movimento, de forma alguma como um simples
período.” (IGLÉSIAS, 1996, p. 85). Seu aprofundamento é contínuo e se desdobra até os dias
atuais, na evolução tecnológica, através de formas mais elaboradas da técnica e da associação do
trabalho com a ciência.
Efeitos econômicos: aumento da produção; concentração industrial; estímulo a ampliação do
mercado impulsionado pela expansão da oferta; mercado sob controle capitalista subordina-se ao
“gosto pela especulação, a busca da ampliação “sem limites” do capital; centralização e
concentração do capital; diferenciação das atividades produtivas em primárias (agrícola,
mineração, piscicultura), secundárias (indústria) e terciárias (serviços); modificação na estrutura
de emprego.
Efeitos sociais: aumento da população e do nível médio de vida; esvaziamento do campo;
urbanização da população e da economia; crescimento das cidades e nelas da poluição, miséria,
conflito urbano, etc.
Efeitos políticos: ascensão ao poder de Estado dos interesses da burguesia; luta de classes;
ideologia liberal (laissez-faire; democracia representativa; propriedade privada; individualismo;
competição; ganância).
Produz-se mais e melhor, com menos dispêndio de energia. Como resultado o homem se libera:
sobra-lhe folga para maior dedicação à escola, ao lazer. A semana de trabalho pode ser menor, pois
a produção exige menos tempo. O que lhe resta pode ser dedicado a esforços intelectuais, à criação
artística, ao esporte. Com muito mais estudo será possível a invenção de bens que nos faltam, mais
cuidado com a pesquisa científica, médica, sobretudo, de modo que se garanta período médio de
vida mais dilatado. O homem entrega-se à conquista do espaço, e o faz com êxito. O trabalho é
cada vez mais leve, prevendo-se para breve que tudo será feito pela máquina, na idade da
cibernética, na qual o homem atuará por computadores e outros aparelhos que apenas exigem
controle. Cite-se mais uma vez a sentença de Fourastié: “nada é menos industrial que o gênero de
vida nascido da civilização industrial”. A expectativa pois é de otimismo. É preciso, entretanto,
cuidado para não embarcar, em utopias gênero “admirável mundo novo”. Se a máquina e a
experiência produzem o bem, elas podem levar aos atentados ecológicos frequentes hoje, com a
destruição dos recursos naturais, o fim de espécies animais, o envenenamento da paisagem pelos
gases, pelos corpos químicos usados tendo em vista a produção e que poluem tudo. Sem falar nos
inventos altamente destrutivos, como as bombas e a guerra química, já empregados para desdouro
de nações e do próprio homem. Relembrem-se a destruição atômica na guerra com o Japão, a
selvageria da luta no Vietnã, realidade que são de hoje, não da Pré-história.

Só outro Estado, outra mentalidade e organização social podem usar todos esses recursos positivos
para o bem. E o homem deve entender-se, pois tem em suas mãos a possibilidade da hecatombe.
Quando a prosperidade cresce e todos tendem a ser intelectuais é preciso usar a inteligência para
não se repetir a lenda aprendiz do mágico: sabendo abrir as torneiras não sabia fechá-las e morre
afogado pela fúria das águas que desencadeou.

O acerto dependerá da continuidade da Revolução Industrial (...) para resolver e não agravar
problemas. Para tanto urge outra ordem, que parta de novo homem, nascido de consciência de suas
responsabilidades e de conceito mais generoso de vida. (IGLÉSIAS, 1966, p. 110-111).

Referência principal:
IGLÉSIAS, Francisco. A Revolução Industrial. 11ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1996.

Referências secundárias:
(1) “... somente a máquina com sua organização técnica concomitante, distingue o
capitalismo moderno do capitalismo medieval.” (Cf. COX, Oliver Cromwell. Da
sociedade estamental à sociedade de classes. In: PEREIRA, Luiz; FORACCHI,
Marialice Mencarini (orgs.). Educação e Sociedade. 2ª ed. São Paulo: Nacional, 1966.).
(2) Em 1723 editou-se a Lei Negra de Walton. Um código penal com 200 a 250
possibilidades de pena capital. (Cf. THOMPSON, Edward Palmer. Senhores e
Caçadores. 2ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.).

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