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Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT


Instituto de Ciências Humanas e Sociais – ICHS



Departamento de Filosofia
Curso de Filosofia – Bacharelado – 6o Semestre
Disciplina: Ética
Docente: Roberto de Barros Freire
Discente: Luciana Trugillo Pelloso - Número de Matrícula: 201515130008

Trabalho Final:

BAUMAN, Zygmunt. Ética Pós-Moderna. Tradução João Rezende Costa. Paulus.


São Paulo, 1997.

No que tange à ética na contemporaneidade, tratar-se-á neste trabalho acerca


dos conteúdos presentes na “Introdução - A Moralidade na Perspectiva Moderna e
Pós-Moderna” e no “Capítulo 1 – Responsabilidades Morais, Normas Éticas”, da obra
“Ética Pós-Moderna” de Zygmunt Bauman.
Logo no início da introdução, Bauman (1997, pg. 05-06) pontua que este livro
não constitui um estudo da moralidade pós-moderna, mas sim da ética pós-moderna.
Isto porque o mundo pós-moderno gerou tanto novos problemas desconhecidos de
gerações passadas ou não percebidos por elas, quanto novas formas que tomaram
agora velhos problemas, situados inteiramente no passado. Assim, esses problemas
aparecerão neste estudo apenas como pano de fundo, sob o qual procede o
pensamento ético da idade contemporânea e pós-moderna.
Situa o leitor que o verdadeiro tema desta obra é a própria perspectiva pós-
moderna. E a principal afirmação do livro é a de que:
[...] no resultado da idade moderna, que atinge sua fase autocrítica, muitas
vezes autodenigrante e de muitos modos autodesmantelante (o processo
que se pensa que o conceito de pós-modernidade capta e comunica), muitos
caminhos antes seguidos por teorias éticas (mas não pelos interesses
morais dos tempos modernos) começaram a parecer mais semelhantes a
uma alameda cega; ao mesmo tempo se abriu a possibilidade de uma
compreensão radicalmente nova dos fenômenos morais (BAUMAN, 1997,
pg. 06).

Nesse sentido o autor realizará uma crítica ao resultado produzido pela


modernidade, no que tange à ética e a moralidade. Expõe, ainda, quanto à
interpretação equivocada de alguns escritores pós-modernos que tratam a respeito
1
da “revolução” pós-moderna na ética, que de acordo com Bauman (1997, pg. 06),
compreendem a noção pós-moderna da moralidade como sendo a “morte do ético”, a
substituição da ética pela estética e a emancipação desta última. Ou seja, como se o
prazer pudesse substituir aquilo que deve pautar a conduta moral.
Como exemplo desses escritores, cita o estudo de Gilles Lipovetsky,
proclamador da “libertação pós-moderna”, a qual liberta a conduta dos indivíduos de
seus últimos vestígios de opressivos deveres infinitos, mandamentos e obrigações
absolutos (BAUMAN, 1997, pg. 06-07). Este acaba demarcando, assim, a era da
pós-modernidade como a era posterior ao dever-ser.
A perspectiva pós-moderna a que se refere o estudo de Bauman (1997, pg.
08), significa o rasgamento do véu de ilusões em que se ergueu a modernidade,
além do reconhecimento de certas pretensões falsas e de certos objetivos
inatingíveis. A novidade desta abordagem pós-moderna da ética está, portanto, na
recusa de maneiras modernas de tratar seus problemas morais, os quais respondem
a desafios morais com regulamentação normativa coercitiva na prática política, e
com a busca filosófica de absolutos, universais e fundamentações na teoria.
Mas o que Bauman (1997, pg. 09) explica é que com os processos de
mudanças que ocorreram ao longo da formação da sociedade houve um
afrouxamento da força da tradição e uma crescente “individuação” que veio conduzir
a vida de homens e mulheres, que, por sua vez, resultou em escolhas no processo.
Estas últimas referem-se às ações que as pessoas precisam escolher ou não, e que
para isto se faz necessário previamente calcular, medir e avaliar.
Neste processo de avaliação, as “dimensões” da mensuração começam a
ramificar-se e crescer em direções cada vez mais distantes entre si. Desse modo, as
ações poderiam ser certas num sentido, mas erradas em outro (BAUMAN, 1997, pg.
09). Contudo, a sociedade moderna ao tentar substituir a diversidade existente pela
uniformidade, e a ambivalência pela ordem coerente e transparente, acabou por
produzir mais divisões, diversidade e ambivalência ainda, do que as que conseguiu
se livrar (BAUMAN, 1997, pg. 10).
Este processo de individualização em que passam homens e mulheres é, para
Bauman (1997, pg. 10), fruto do processo de secularização do ceticismo moderno.

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Em suas palavras:
[...] fizeram-se sem cessar tentativas de construir um código moral que – não
mais se escondendo sob mandamentos de Deus – proclamasse em alto e
bom som corajosamente sua proveniência “feita pelo homem” e apesar disso
(ou antes, graças a isso) fosse aceito e obedecido por “todos os seres
humanos”. De outro lado, nunca parou a busca de um “arranjo racional da
convivência humana” – um conjunto de leis concebidas de tal modo, uma
sociedade administrada de tal sorte, que fosse provável que os indivíduos,
exercendo sua vontade livre e fazendo suas opções, escolhessem o que é
reto e apropriado e não o que é errado e mau (BAUMAN, 1997, pg. 11).

Todavia, este fato gerou segundo o autor uma situação aporética1, isso
porque, embora a autonomia dos indivíduos racionais e a heteronomia da
administração racional tivessem que andar juntas, uma não poderia coabitar
pacificamente com a outra (BAUMAN, 1997, pg. 12). É na descrença desta
possibilidade que Bauman (1997, pg. 13) situa a pós-modernidade, no sentido de
demonstrar que os longos e sérios esforços da modernidade foram enganosos,
empreendidos sob falsas pretensões, e que agora, são destinados a pôr fim aos seus
trabalhos.
Ainda na introdução, Bauman (1997, pg. 15-21) apresenta e enumera, então,
as marcas da condição moral da perspectiva moderna, para discorrer acerca delas
ao longo de sua obra. São elas: 1) os humanos são moralmente ambivalentes, e em
sendo, nenhum código ético logicamente coerente poderá harmonizar-se com a
condição essencialmente ambivalente da moralidade; 2) os fenômenos morais são
intrinsicamente não-racionais, e, por não serem regulares, repetitivos, monótonos ou
previsíveis não permitem ser representados como guiados por regras; 3) a
moralidade é incuravelmente aporética, portanto, o eu moral move-se, sente e age
em contexto de ambivalência e por isso é acometido pela incerteza; 4) a moralidade
não é universalizável, como se pensou quando se impôs regras éticas heterônomas,
forçadas desde fora, no lugar da responsabilidade autônoma do eu moral; 5) a
moralidade é destinada a permanecer irracional, isto porque para a modernidade
interessa o cultivo do eu moral sem soltar-lhe as rédeas, e mantido na forma
desejada sem que se sufoque seu crescimento e se desseque sua vitalidade; 6) a
responsabilidade moral é a primeira realidade do eu, ponto de partida antes que

1
De acordo com Bauman (1997, pg.13) aporia é uma contradição que não se pode superar, uma
contradição que resulta num conflito em que não há solução.
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produto da sociedade, e colocada desse modo, não possui nenhuma
fundamentação; 7) a perspectiva pós-moderna acerca de fenômenos morais não
revela o relativismo da moralidade, ela apenas demonstra que a perspectiva pós-
moderna expõe que a relatividade dos códigos éticos e das práticas morais é
resultado do paroquialismo politicamente promovido dos códigos morais que
pretendem ser universais.
Iniciando agora as considerações acerca do “Capítulo I – Responsabilidades
Morais, Normas Éticas”, Bauman (1997, pg. 24), ao contrário dos postuladores da
“morte do ético”, afirma que nesta vida, se faz necessário conhecimento e
capacidades morais com mais frequência e urgência, do que de qualquer
conhecimento das “leis da natureza” ou de capacidade técnica, mas que, entretanto,
não se sabe onde consegui-los, e mesmo quando são oferecidos, não há segurança
suficiente de que neles é possível confiar. Esta crise que o autor demonstra, entre
demanda e oferta, possui dimensões tanto práticas (crise moral pós-moderna)
quanto teóricas (crise ética pós-moderna).
Com relação às dimensões práticas esta crise deriva-se do fato de que as
ferramentas éticas, ou seja, o código de comportamento moral, o conjunto das
normas simples e práticas que são seguidas, não foram feitas à medida dos poderes
que atualmente os indivíduos possuem (BAUMAN, 1997, pg. 25). Isto implica que
todas as ações possuem consequências que podem ou não produzir desastres e
sofrimentos a si e a outrem. Além desta, outra crise da dimensão prática, fruto da
divisão social do trabalho, pode ser apresentada, trata-se de que todo o
empreendimento, por envolver muitas pessoas que desempenham pequena parte da
tarefa global, ninguém poderá pretender a “autoria” do resultado final. Como afirma
Bauman (1997, pg. 26), [...] Pecado sem pecadores, crime sem criminosos, culpa
sem culpados.
Contudo, nem todas as ações estão restritas apenas ao papel desempenhado
no âmbito do trabalho, como explica Bauman (1997, pg. 27) o eu real é livre. Neste
último, podendo ser os indivíduos eles mesmos, somente eles podem ser
responsáveis pelas suas ações. É neste fato que se descobre a falta daquilo que os
indivíduos antes ressentiam, ou seja, uma autoridade mais forte, cujos homens de

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fato podiam confiar e a quem podiam obedecer. Esta autoridade, anteriormente
apontada neste trabalho, refere-se ao vazio deixado pela agora extinção da Igreja.
Bauman (1997, pg. 28) diz ainda que, por mais que os homens esperem em
vão por normas firmes e confiáveis, isto não os ausentará de suas escolhas e
responsabilidades. Portanto, dado o pluralismo de normas e escolhas morais
existentes, cabe a cada um decidir por si mesmo qual das normas conflitantes
obedecer e qual não levar em consideração.
Em se tratando das dimensões teóricas – a crise ética pós-moderna – o autor
afirma que a crise moral repercute numa crise ética. A ética enxerga a pluralidade de
caminhos e ideais humanos como desafios, e a ambivalência dos juízos morais como
um estado mórbido de coisas que devem ser corrigidas. Neste contexto, em toda a
era moderna, o esforço dos filósofos morais foi o de reduzir o pluralismo e eliminar
toda a ambivalência moral (BAUMAN, 1997, pg. 29).
De acordo com Bauman (1997, pg. 33) era função da ética para os filósofos
modernos, substituir o clero por uma pretensa validade universal. O código ético,
deveria, portanto, fundar-se na natureza do homem.
Contudo, esta natureza do homem existe no presente somente em potência,
somente como possibilidade, portanto, a natureza humana é seu próprio potencial;
potencial não-realizado, mas – o que é mais importante – irrealizável por própria
conta, sem ajuda da razão e dos portadores da razão (BAUMAN, 1997, pg. 34).
Para fazer com que o potencial se torne uma realidade no dia-a-dia, sugere-se
duas maneiras: 1) que o potencial moral escondido nos seres humanos deva ser
revelado, mas para isso as pessoas necessitariam ser iluminadas quanto aos
padrões que são capazes de encontrar, mas que sem ajuda seriam incapazes de
conseguir. Aos filósofos caberia esta tarefa, pois, sendo estes pessoas dotadas com
acesso mais direto à razão, e tendo descoberto que tipo de comportamento a razão
determinaria à pessoa razoável, estes deveriam comunicar suas descobertas aos
menos dotados que não descobriram por si só; 2) que as pessoas devam ser
ajudadas no seguimento desses padrões por um ambiente cuidadosamente
planejado, de modo a favorecer e recompensar verdadeiramente a conduta moral.
Isto seria realizado na forma de lei, como norma que impõe a escolha de fora,

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portanto, leis legisladas por autoridades armadas com meios coercitivos para forçar
suas decisões (BAUMAN, 1997, pg. 34-6).
Bauman (1997, pg. 36-7) denuncia ainda que é no hiato existente entre as
inclinações individuais realmente existente e o pretenso modo como se comportariam
as pessoas se sua conduta fosse governada pelos seus próprios interesses
adequadamente entendidos, que se poderia desdobrar o código ético como
instrumento de dominação social. Visto assim, a própria “liberdade” de julgar e
escolher necessitaria de força externa que levaria a pessoa a fazer o bem “para a
sua própria salvação”, “para seu próprio bem-estar”, ou “em seu próprio benefício”.
Como aponta o autor, é notório que todas as instituições sociais apoiadas por
sanções coercitivas foram e são até hoje fundadas na admissão de que não se pode
confiar que o indivíduo fará boas escolhas. Desse modo, a única maneira em que a
liberdade individual poderia ter consequências moralmente positivas é entregá-la aos
padrões heterônomos estabelecidos, o que significa, portanto, substituir a moralidade
pelo código legal e modelar a ética segundo a lei.
Desta feita, é possível perceber que a autonomia e a heteronomia individual
na sociedade moderna estão distribuídos desigualmente, e é deste fato que deriva-
se, ainda, os principais fatores de estratificação social (BAUMAN, 1997, pg. 38).
Assim, na sociedade moderna (e não apenas nela), a dualidade prática das posições
morais é instrumento e reflexo de dominação social.
Com relação a esse hiato, Bauman (1997, pg. 39) escreve,
Não se poderá encontrar com certeza nem total liberdade nem total
dependência em qualquer lugar na sociedade. Ambas não passam de polos
imaginários entre os quais se assinalam – e oscilam – situações reais. Além
disso, os que gostariam, idealmente, de pretender monopólio, ou ao menos
uma medida extra, de direitos de livre escolha com base em habilidades
exclusivas de tomada racional de decisão raramente o conseguem, e com
certeza nem em todo o tempo. A liberdade (a realidade dela, se não o ideal)
é privilégio, mas privilégio ardentemente contestado, e destinado a ser
contestado. O privilégio não se pode pretender explicitamente. Deve ser
defendido de maneira mais sutil, declarando que a liberdade é propriedade
inata da condição humana e depois proclamando que nem todos podem pô-
la em uso que a sociedade possa tolerar sem incorrer em danos para sua
sobrevivência e bem-estar. Mas, mesmo nessa forma, a defesa do privilégio
é desafiada [...].

Assim, ao final do caminho que a sociedade moderna atravancou em busca de

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um código jurídico de normas éticas universais, Bauman (1997, pg. 40) denuncia um
indivíduo moderno bombardeado por exigências morais, opções e ansiedades, todos
conflitantes, com responsabilidade por ações que acabam recaindo em seus ombros.
Por fim, sobre o mundo pós-moderno em que vivem os indivíduos atualmente,
o que Bauman (1997, pg. 41-2) afirma é que a realidade humana é confusa e
ambígua, e também as decisões morais são ambivalentes, e saber que isso é
verdade é ser pós-moderno, esta pós-modernidade, é a modernidade sem ilusões.
Desse modo, no mundo pós-moderno aprende-se de novo a respeitar a
ambiguidade, a ter consideração pelas emoções humanas, a apreciar ações sem
propósito e recompensas calculáveis. E mais ainda, aceita-se que nem todas as
ações e mais especificamente, nem todas entre as mais importantes das ações,
necessitam justificar-se e explicar-se para serem dignas de estima.
Se é possível extrair até aqui algumas considerações sobre o pensamento
ético do sociólogo Zygmunt Bauman, crê-se que entre as mais importantes
inferências está a do respeito pela condição moral do indivíduo que, em sendo
reabilitado dessa forma, permite uma amenização dos discursos polarizados e
odiosos em todos os âmbitos da sociedade atualmente. Além disso, outra importante
contribuição é a de restaurar as bases da moralidade, mesmo frente aos desafios
que a pós-modernidade nos traz, e restaurar essas bases devolvendo a dignidade
originária do ser humano moral.

Referência Bibliográfica

BAUMAN, Zygmunt. Ética pós-moderna. Tradução João Rezende Costa. Paulus.


São Paulo, 1997.

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