Sunteți pe pagina 1din 5

Blog da Milly

Onde o comunismo deu certo


Milly 3 anos ago

Recentemente caí na besteira de tuitar minha simpatia pelo comunismo. Em instantes


uma tonelada de mensagens varreu a TL. As mais educadas mandavam que eu buscasse
ajuda psiquiátrica. Assustada com o tamanho da paranoia decidi escrever sobre o
comunismo e por que simpatizo com ele na tentativa de interromper um pouco esse
enorme vazamento ódio, um ódio estranho e que nasce quando nos sentimos no direito
de dizer que detestamos aquilo que não conhecemos, mais ou menos como eu fazia
com o quiabo na infância. Vou falar a seguir do comunismo de Marx, e não daquele que
foi usado em seu nome.

Os que tanto me xingaram não sabem, imagino, que Marx acreditava em uma
sociedade cooperativa, livre de exploração e comandada pelo trabalhador. Marx nunca
falou na apropriação dos meios de produção pelo estado.

Marx não estava nem aí para o estado, e eu sei que isso choca muitos porque
aprendemos que era justamente o oposto, e eu acreditei no oposto por muitos anos, até
ir estudar a obra de Marx. Mas a verdade é que a história que nos contaram foi contada
por quem ou nunca leu O Capital ou tinha interesse em que a verdade não aparecesse.

O que Marx imaginava – para mim corretamente – é que uma sociedade só seria livre


de exploração quando aquele que produzisse o excedente fosse o mesmo que se
apropriasse e distribuísse esse excedente. Pessoas vivendo e produzindo em
comunidade – daí, aliás, vem a palavra comunismo.

O comunismo era, para Marx, um dos arranjos econômicos possíveis, e, entre


aqueles que ele analisou, o mais interessante porque não havia nele a exploração do
homem pelo homem já que aqueles que produziam o excedente de trabalho cavam
com ele e decidiam como distribuir.

Nessa de nição, feita em O Capital, não há nada sobre o papel do estado (embora haja
em Manifesto Comunista, um livreto que ele escreveu com Engels quando tinha 30 anos,
e a pedido de um grupo de trabalhadores. Ainda assim, sempre que Marx se refere ao
papel do Estado ele fala de um “estado” apropriado pelo trabalhador, nunca de um
estado centralizador e burocrático, como vimos na União Soviética, por exemplo).
Outros arranjos econômicos analisados por ele foram: o sistema que hoje seria o do
“pro ssional liberal”, o feudalismo, a escravidão e o capitalismo.

Quando na União Soviética a revolução Bolchevista tirou o Czar do poder a intenção


parecia bastante nobre porque a desigualdade só crescia e chegava a níveis jamais
vistos. Nessas condições não há como evitar que o povo se rebele – exatamente como
aconteceu na Revolução Francesa, colocando m ao feudalismo.

O problema é que no instante em que trabalhadores se apropriam de uma fábrica,


destronam o poder privado que até então a comandava, e entregam o novo poder ao
Estado nada de fato mudou a não ser o nome e a cara do chefe: antes, um empresário;
agora um comissário.

O Estado como proprietário dos meios de produção apenas gerará despotismo


burocrático e, em muitos casos, uma pornogra a grotesca que nascerá do casamento
entre os setores privado e estatal – como no caso da Petrobás.

Nesse cenário, o trabalhador continuará a ir trabalhar, responderá a um chefe,


produzirá um excedente e não terá controle sobre o que será feito com esse excedente:
como será distribuído, para quem será distribuído e por quanto.

Essa é, portanto, uma relação exploratória que jamais evitará o con ito de classes.

Marx não acreditava nesse arranjo porque ele não acreditava que uma sociedade
pudesse alcançar o sonho de ser “livre, igualitária e fraterna” (o lema da Revolução
Francesa que tanto o inspirou) vivendo dentro de um sistema exploratório.

Marx acreditava na apropriação dos meios de produção pelo trabalhador, como no


comunismo analisado por ele, e não pelo estado ou pelo poder privado. Para ele, ambas
eram igualmente ruins porque mantinham a exploração do homem pelo homem. Para
ele, em ambas, o ser humano seria usado como meio e não como m – e isso, ele diz, é
imoral.

Sabendo que Marx entendia o comunismo como um sistema econômico no qual o


excedente de produção ca com o trabalhador para que ele decida como distribuí-lo
(ou com um grupo de trabalhadores no sentido que não seria uma pessoa, ou poucas
pessoas, que se apropriariam do excedente e decidiriam o que fazer com ele, mas sim o
grupo todo responsável pela produção)  ca fácil entender que nem China, nem União
Soviética, nem Cuba, nem Coreia do Norte foram ou são comunistas, a despeito do
nome que tenham decidido dar aos sistemas econômicos dessas nações.
Podem chamar de comunismo, podem chamar de qualquer coisa, mas o fato
continuará a ser que esse simplesmente não era o comunismo analisado por Marx.

Marx achava que o livre desenvolvimento de cada um era a condição para o


desenvolvimento de todos, e não há livre desenvolvimento nem nas atuais economias
capitalistas, nem nos sistemas econômicos adotados em diferentes épocas por União
Soviética e China, para citar duas.

O que Marx diz é que apenas através do desenvolvimento do outro podemos nos
completar, e, como escreveu o professor inglês Terry Eagleton, ca difícil pensar em
uma ética mais re nada do que essa.

Marx não acreditava que o comunismo pudesse ser aplicado em uma sociedade
empobrecida, e por isso sabia que o capitalismo seria importante até um certo ponto
porque o capitalismo teria enorme capacidade de gerar riqueza – só que, ele previu,
uma hora já não seria capaz de distribuí-la (ele falou isso há 200 anos, e de fato
estamos começando a perceber como a análise foi adequada). Ele achava, portanto, que
o comunismo seria uma evolução do capitalismo, assim como o capitalismo foi do
feudalismo.

Não há como saber dessas coisas a não ser que leiamos a obra (e falo de O Capital, sua
obra mais completa e madura, a que ele precisou de uma vida para fazer, e não de
Manifesto Comunista. Uma pena que essa seja a única coisa dele que as pessoas leiam,
quando leem alguma coisa, porque na maioria das vezes a gente simplesmente
comenta Marx sem nunca ter lido uma linha sequer, como eu mesma fazia) e leiamos
também as análises de marxistas renomados.

A alternativa é acreditar em consensos fabricados que fazem com que achemos que
comunismo é o que Stalin e Mao zeram, ou mesmo o que fez Fidel, e saiamos por aí
gritando esse tipo de inverdade.

Mas claro que é mais fácil não pensar, não ler, não estudar e apenas julgar e condenar
aquilo que desconhecemos.

Uma das mensagens que recebi dizia que se eu era comunista não devia usar iphone. É
um nível de ignorância tão constrangedor quanto sair sem roupa na rua. O mesmo
constrangimento que deveríamos sentir quando alguém diz que o comunismo
assassinou milhões, ou que prega um estado forte.
Quem fala isso é a pessoa que imagina uma sociedade comunista na qual homens e
mulheres se vestem com macacões acinzentados, são vigiados pelo Estado,
subordinados a um poder central e andam cabisbaixos porque nada podem consumir
(uma triste descrição e que, ironicamente, hoje pode ser aplicada a economias
capitalistas).

No comunismo de Marx haveria a Apple, a única diferença é que ela seria dos
trabalhadores e não de um CEO e de um corpo de 20 diretores que tudo decidem e que
repartem o lucro entre si.

E se o comunismo nunca foi de fato colocado em prática ele não pode ter assassinado
milhões. Chamar psicopatas como Mao e Stalin de comunistas que usaram a cartilha de
Marx é falta de conhecimento.

O correto é dizer que o Stalinismo assassinou milhões, assim como o neoliberalismo


faz  com suas guerras imperialistas, seus drones terroristas, sua sangria de refugiados,
com a desumana exploração de trabalhadores em países emergentes e de recursos
naturais em países pobres.

Quantos morrem ainda hoje de fome na África? Quantos morrem sendo usados como
escravos por mega-corporações? Quantos já morreram pelas mais variadas crises
ambientais provocadas pela poluição gerada pela fúria do lucro rápido em detrimento
da saúde do planeta? Quantos morrem nas águas do Mediterrâneo tentando escapar da
devastação que a exploração capitalista deixou em suas pátrias? E quantos já morreram
até hoje? Todos esses, assassinados pelo neoliberalismo.

Outra a rmação esquisita é dizer que o comunismo prega a uniformidade.

Marx tinha a “igualdade” como um valor burguês (e qualquer um que já tenha ido a
uma festa de ricos sabe exatamente que ele está certo). O que ele defendia era a
liberdade, a auto-determinação e o auto-desenvolvimento.

Igualdade para o comunismo (e para o socialismo) não signi ca que todos sejamos
iguais. Igualdade para o comunismo signi ca que todos sejam igualmente atendidos
em relação às nossas diferentes necessidades.

Justamente porque o comunismo acredita que cada um de nós deve ser usado como m
e não como meio, e que portanto deve ser encorajado a desenvolver um talento
especí co, trata-se de um sistema que prevê uma sociedade mais diversi cada e
difusa.
Se isso um dia vai funcionar? Eu quero acreditar que sim, seria lindo e humanitário.
Mas é preciso que entendamos que ainda não foi testado em uma nação.

Pode ser que não funcione, claro, e se não funcionar é pelo menos importante saber o
que disse Marx, e o que exatamente é o comunismo em vez de sair por aí des lando
empavonadamente tanta falta de conhecimento.

Outra coisa importante é não odiar alguém simplesmente porque essa pessoa não
pensa exatamente como você. Debater idéias é rico porque nos faz sair do lugar e
pensar; debater pessoas é pobre porque paralisa.

Mas eu vou dizer por que acredito que os trabalhadores se apropriarem dos meios de
produção – o que Marx gostaria de ver – pode dar certo: porque existe um lugar onde
ele deu.

Fica no País Basco, Espanha, e se chama Mondragon: um conglomerado de empresas


com 80 mil trabalhadores. Todos eles, os 80 mil, são também donos da empresa.

A Mondragon existe há mais de 50 anos e, naturalmente, é quase um segredo porque é


importante que continuemos a achar que comunismo é o que aconteceu na China e em
Cuba, e não que ele pode ser espetacular, justo e igualitário como é a história da
Mondragon, sobre a qual escrevi aqui.

E aqui o site da Mondragon.

Divirtam-se, Camaradas.

Categorias: Economia, Política, Vida

Tags: Marx

Deixe um comentário

Blog da Milly
Blog no WordPress.com. Voltar ao topo

S-ar putea să vă placă și