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ANGELOLOGIA

DOUTRINA DOS ANJOS

“A SUA UNÇÃO VOS ENSINA A RESPEITO DE TODAS AS COISAS”

1 Jo 2.27

“A sabedoria é a coisa principal; adquire pois, a sabedoria; sim com tudo o que
possuis adquire o conhecimento” (Pv 4.7)
Copyright © 2018 Antônio Carlos Gonçalves Bentes

Capa:
Carlos Bentes

Revisão e diagramação:
Carlos Bentes

1ª edição:
2012
2ª edição
2018

Bentes, Antônio Carlos Gonçalves


Angelologia – Belo Horizonte: edição do autor, 2018.

ISBN
CDD
CDU
2
ÍNDICE

ANGELOLOGIA 4

INTRODUÇÃO 4

DEFINIÇÃO 5

I. SUA EXISTÊNCIA 6

II. A ORIGEM DOS ANJOS 7

III. A NATUREZA DOS ANJOS: 8

IV. ORGANIZAÇÃO HIERÁRQUICA DOS SERES CELESTIAIS: 14

VEJAMOS AS OPINIÕES DE BERKHOF E GRUDEM SOBRE OS ANJOS


ELEITOS: 25

OS ANJOS, BONS E MAUS 25

O LUGAR DOS ANJOS NO PROPÓSITO DE DEUS 26

ALGUNS TESTEMUNHOS DO AUXÍLIO DOS ANJOS 32

DEMÔNIOS 34

I. ORIGEM DOS DEMÔNIOS: 35

II. HIERARQUIA MALIGNA E ÁREAS ESPECÍFICAS DE ATUAÇÃO: 39

SATANALOGIA 49

I. COMANDANTE DO EXÉRCITO INIMIGO: 50

II. ELEVAÇÃO DE HELLEL (ֵ֣‫ )להיֵ ל ללֵ֣ל‬E QUEDA DE SATANÁS: 53

III. AÇÃO DE SATANÁS NO MUNDO PRESENTE: 58

IV. COMO OS SANTOS PODEM VENCER SATANÁS 60

3
ANGELOLOGIA

INTRODUÇÃO

Angelologia é a parte da teologia que estuda os anjos geralmente com inerência


na Bíblia.
Anjos são seres ministradores de Deus. A palavra original correspondente no
grego é (ἄγγελος = anguelos). O termo anjo da língua portuguesa tem origem na
palavra latina angelu, que por sua vez deriva do termo anguelov (ἄγγελον) do grego.
Em hebraico, a palavra traduzida como anjo é mal’ãkh (ַ֧‫)אמלַל אאך‬.
O termo anjo é usado tanto para mensageiros humanos (1 Rs 19.2; Lc 7.24 e
9.52), quanto divinos. Os anjos são seres que habitam o céu e formam os exércitos
celestiais, a inumerável companhia dos servos invisíveis de Deus. Esses são os anjos de
Deus, os quais estão sujeitos ao governo divino. Existem também aqueles pertencentes
à mesma classe de seres, que anteriormente foram servos de Deus, mas que agora se
encontram em atitude de rebelião contra seu governo. Os anjos não existem desde a
eternidade, eles foram criados por Deus (Ne 9.6; Sl 148.2; Cl 1.16). A existência de
anjos é ensinada em, pelo menos 34 livros da Bíblia. A palavra “anjo” ocorre 275 vezes
nas Escrituras. Cristo sabia da existência de anjos e a ensinava claramente (Mateus
18.10; 26.53).
No livro de Mateus Jesus diz que, aqueles que vão à vida eterna “serão como
anjos, que não se casam”, mas muitos acreditam que em Gênesis 6 foram eles os
“filhos de Deus” que tiveram filhos com as “filhas dos homens”, os quais tinham
alguma coisa de sobre-humano. De qualquer forma, não há relatos que os anjos
reproduzem-se entre si. Eles têm existência eterna, seja para o bem ou para o mal.
Contudo, não é possível determinar quantos anjos foram criados. A Palavra de Deus
sempre se refere a eles através de números metafóricos, indicando grande quantidade,
mas em nenhuma parte há um número exato.
4
Não se pode negar a existência dos anjos, mesmo não tendo a oportunidade de
vê-los fisicamente, pode-se sentir a proteção deles de maneira tão real. Tanto nas
experiências do povo de Deus descritas na Bíblia Sagrada, como nos testemunhos dos
tempos atuais, fica clara a intervenção destes seres celestiais na vida dos salvos e, até
mesmo, daqueles que ainda não foram alcançados pela Salvação.
Deus coloca à disposição dos seus filhos os serviços dos seus ministros, dando
ordem para os guardar e livrar em situações adversas.
Um papel importante dos anjos, especialmente dos querubins e serafins, é estar
rodeando o trono de Deus em constante adoração e louvor a Ele.

DEFINIÇÃO

ANJOS - O EXÉRCITO ALIADO DOS SANTOS

ANJOS
 Do grego anguelos - ἄγγελος (178 vezes no Novo Testamento).
equivale ao hebraico mal’ãkh - ַ֧‫( אמלַל אאך‬117 vezes no Velho Testamento).
 O significado básico é mensageiro, designando a ideia de ofício de mensageiro,
ou seja, aquele que fala e age no lugar daquele que o enviou.
 BOYER (1969, p. 61) “Mensageiro: Personagem sobrenatural e celestial enviado
por Deus como mensageiro aos homens, para executar Sua vontade”.

No Antigo Testamento, o termo “mal’ãkh” aparece várias vezes como seres


celestiais, membros do exército de Deus, servindo e louvando a Ele (Ne 9.6; Jó 1.6).
São espíritos que ministram em favor dos filhos de Deus (1Rs 19.5), transmitem o
recado de Deus aos homens (Dn 9.15-17), obedecem a vontade de Deus (Salmo
103.20).
Uma definição importante sobre os anjos vê-se nos escritos de Jó e Davi:
“Enquanto as estrelas matutinas juntas cantavam e todos os anjos se regozijavam?” (Jó
38.7); “Louvem-no todos os seus anjos, louvem-no todos os seus exércitos celestiais”
(Salmo 148.2).

No Novo Testamento, a palavra “anguelos” aparece várias vezes, sendo que os


anjos são apresentados como representantes do mundo celestial e mensageiros de
Deus. Funções semelhantes às do Antigo Testamento são atribuídas a eles tais como:
servem, louvam e adoram a Cristo (Fp 2.9-11; Hb 1.6); são espíritos ministradores (Lc
16.22; At 12.7-11; Hb 1.7,14); transmitem a vontade de Cristo (Mt 2.13,19-20; At
8.26); executam os propósitos de Deus (Mt 13.39-42) e celebram louvores a Deus,
como se vê no nascimento de Jesus Cristo (Lc 2.13-14). Os anjos estão vinculados a
vários eventos especiais: Na concepção de Jesus (Mt 1.20-21); no nascimento de Jesus
(Lc 2.10-12); na Sua ressurreição (Mt 28.5-7) e na ascensão de Jesus, fazendo menção
de Sua volta (At 1.11).

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I. SUA EXISTÊNCIA

A existência dos anjos é mostrada de forma muito clara tanto no Antigo como
no Novo Testamento. Vários textos confirmam sua existência.
Quando Jacó subiu a Padã-Arã para voltar à terra de Canaã, seu tio Labão o
perseguiu, fazendo em seguida as pazes com ele. Jacó estava com muito medo, pois
logo encontraria com seu irmão Esaú. Nota-se aqui, uma linda demonstração do
cuidado de Deus para com seus filhos e, ao mesmo tempo, a confirmação da existência
de anjos: “Jacó também seguiu o seu caminho, e anjos de Deus vieram ao encontro
dele. Quando Jacó os avistou, disse: este é o exercito de Deus! Por isso deu àquele
lugar o nome de Maanaim” (Gn 32.1-2).
O anjo do Senhor aparece a Gideão, fala com ele, dá orientações, encoraja-o e
lhe encarrega de libertar o povo de Israel que estava sendo oprimido sob as mãos dos
midianitas (Jz 6.11-24).
Um anjo visitou Elias quando ele fugia, com medo de Jezabel, lhe servindo pão
quentinho e água (1 Rs 19.5-8).
O livro de Jó fala da existência dos anjos, dizendo que eles em certo tempo se
apresentavam a Deus (Jó 1.6; 2.1).
Nos Salmos vê-se a confirmação do ministério dos anjos em favor dos filhos de
Deus (Salmos 91.11).
Isaías fala de sua experiência com os serafins, seres reais que assistiam diante
de Deus, glorificando-o e também purificando os lábios dele e preparando-o para o
ministério profético (Is 6.2-6).
O profeta Daniel vê o Anjo (ou arcanjo) Gabriel na figura de um homem, vindo
para trazer o significado da visão (Dn 8.15-17).
GRAHAM (1975, p. 18-19) escreve:
Estou convencido de que esses seres celestiais existem e que nos
proporcionam um auxílio invisível. Não creio em anjos somente porque
alguém me tinha falado de alguma impressionante visitação de um anjo, por
mais convincentes que sejam tais raros testemunhos. Não creio em anjos
somente porque os Óvnis sejam extraordinariamente parecidos com anjos em
algumas de suas noticiadas aparições... não creio em anjos porque tenha visto
algum deles – o que não aconteceu. Creio em anjos porque a Bíblia diz que
existem anjos e creio que a Bíblia seja a verdadeira Palavra de Deus.

A afirmação de Billy Graham é verdadeira, pois para quem tem uma


experiência com Jesus Cristo, não precisa sentir nada, mas tão somente crer na Palavra
de Deus. O importante é saber que nos textos visto até aqui, nota-se de maneira clara a
existência dos anjos, bem como seus serviços prestados a Deus.
KEEFAUVER (2004, p. 17) fala sobre a existência dos anjos e como agem em
favor dos filhos de Deus da seguinte maneira:

Naturalmente os anjos foram criados e tão somente comandados pelo Deus


triúno. Ao longo de toda Bíblia lemos que Deus enviou anjos para levar
mensagens, como Gabriel, e para lutar como guerreiros, como Miguel, que
guerreou contra os poderes e principados das trevas. Elizeu e seu servo viram

6
anjos acampados em torno da cidade, a postos para batalhar em favor deles.
Os anjos auxiliaram Jesus no deserto e abriram as portas da prisão para o
Apóstolo Pedro.

A existência dos anjos é apresentada de maneira muito clara também na


escritura do Novo Testamento, como se pode notar nos seguintes textos: Mt 13.39;
13.41; 18.10; Mc 8.38; Lc 22.43; Jo 1.51; 2 Ts 1.7; Hb 1.13-14; 12.22; 1 Pe 3.22; 2 Pe
2.11; Jd 9; Ap 12.7; 22.8-9.
O próprio Jesus faz uma declaração que não deixa dúvida alguma sobre a
existência dos anjos: “Você acha que eu não posso pedir ao meu Pai e Ele colocaria
imediatamente à minha disposição mais de doze legiões de anjos?” (Mt 26.53). Como
refutar o testemunho proferido pelo próprio Filho de Deus? Como negar o registro
bíblico? Com certeza não se pode negar a existência dos anjos.

II. A ORIGEM DOS ANJOS

Os anjos não existem desde a eternidade, eles foram criados por Deus em um
dado momento.
Vê-se na Bíblia vários textos que afirmam isto, como por exemplo, Neemias
9.6, que diz: “Só tu és o Senhor, fizeste os céus, e os mais altos céus, e tudo o que neles
há, a terra e tudo o que nela existe, os mares e tudo o que neles existe. Tu deste vida a
todos os seres, e os exércitos dos céus te adoram”.
O Apóstolo Paulo, escrevendo aos Colossenses, fala sobre a criação dos anjos:
“Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois nele foram
criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou
soberanias, poderes ou autoridade. Todas as coisas foram criadas por Ele e para Ele”
(Cl 1.15-16).
MUNHOZ (2004, p. 43) falando sobre a origem dos anjos, expressa-se dizendo
o seguinte:

Analisando este texto bíblico (Jó 38.1-7), deduzimos que o Exército dos Céus
– chamados também de Filhos de Deus – foi criado antes mesmo da formação
da Terra (mundo), e que houve um tempo em que somente existiu o Criador. E
todos eles possuem uma finalidade em comum: servir e adorar a Deus,
cabendo-lhes o papel de servos e nunca de senhores.
Muito se ouve falar de anjos, porém não se pode crer em tudo, pois muitos
escritos sobre o tema são frutos da imaginação e da tradição de pessoas.

O conhecido evangelista GRAHAM (1975, p. 22) escreve: “A Bíblia afirma que


os anjos, como os homens, foram criados por Deus. Houve tempo em que não existiam
anjos; na verdade, havia unicamente o Deus Trino e Uno: Pai, Filho e Espírito Santo”.

Como se pode ver, os anjos são criaturas de Deus, assim como os homens,
porém, criados com propósitos definidos para o santo serviço celestial, bem como
outras atividades ordenadas por Deus.

7
III. A NATUREZA DOS ANJOS:

Os anjos são seres espirituais incorpóreos, ou seja, não têm corpos físicos
(humanos), como o autor da carta aos Hebreus diz: “Os anjos não são, todos eles,
espíritos ministradores enviados para servir aqueles que hão de herdar a salvação?”
(Hebreus 1.14). Chafer na sua Sistemática (p. 434) cita Clemente de Alexandria,
Orígenes, Cesário e Tertuliano, entre os pais mais antigos que pensaram que anjos
tinham corpos de uma estrutura material refinada. Os anjos podem ter corpos
angelicais não dotados de carne e sangue (humanos).1
São imortais, ou seja, os anjos não estão sujeitos às limitações físicas como a
morte, a doença, a fraqueza. Jesus Cristo ao ensinar aos seus seguidores sobre a
ressurreição disse: “mas os que forem considerados dignos de tomar parte na era que
há de vir e na ressurreição dos mortos não se casarão nem serão dados em casamento, e
não podem mais morrer, pois são como os anjos. São filhos de Deus, visto que são
filhos da ressurreição” (Lucas 20.35-36).
Apesar dos anjos serem incorpóreos e imortais, eles podem se apresentarem aos
homens assumindo um aspecto visível, durante o cumprimento da sua missão, entre os
homens, como fez com Abraão (Gênesis 18.1-3), a Jacó (Gênesis 32.24-30), a Daniel
(Daniel 8.15). É verdade que, nas aparições dos anjos (angelolofania) aos homens, eles
assumiram uma forma humana visível, sem haver uma absoluta metamorfose.
Moisés (este morreu) e Elias (este não morreu) apareceram na transfiguração e
foram reconhecidos. Isto nos mostra que os justos que já morreram podem ser vistos.
Os anjos são poderosos e possuem sabedoria superior aos homens. Joabe pediu
a uma mulher de Tecoa para falar ao rei Davi sobre Absalão e ela faz menção da
sabedoria dos anjos dizendo assim: “... Mas o meu senhor é sábio como um anjo de
Deus, e nada lhe escapa de tudo o que acontece no país” (2 Samuel 14.20).

GRAHAM (1975, p. 40) diz:

Os anjos sabem, provavelmente, coisas a nosso respeito que desconhecemos.


E devido ao fato de serem espíritos auxiliadores, usarão sempre este
conhecimento para o nosso bem e não para maus propósitos. Numa época em
que a poucas pessoas se pode confiar informações secretas, é consolador saber
que os anjos não divulgarão seu notável conhecimento para nos prejudicar. Ao
contrário, utilizá-lo-ão para o nosso bem.

Vê-se a necessidade de cada vez mais buscar um relacionamento profundo com


Deus, pois quando se tem isto o Pai dará ordens aos Seus anjos para acompanhar seus
filhos sempre que necessário.
Os anjos, mesmo sendo muito sábios, poderosos e especiais, possuem certas
limitações, ou seja, não podem fazer tudo.
CÉSAR (2006, p. 24) fala sobre as limitações angelicais com as seguintes
palavras: “Não obstante serem muito sábios e especiais, os anjos não são divinos e, por
isso, o seu conhecimento tem algum limite. Eles desconhecem, por exemplo, um dado
muitíssimo importante, o momento do retorno de Cristo” (Mateus 24.36).
1
CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática, vol. 1 e 2. 1ª ed. São Paulo: Editora Hagnos, 2003, p. 434.
8
Aos anjos são atribuídas características pessoais; são inteligentes dotados de
intelecto (Dn 10.14), vontade (Isaías 14.13-14) e emoção (Hb 12.22; Jó 38.7). O fato
de que são seres inteligentes parece inferir-se imediatamente do fato de que são
espíritos (2Sm 14.20; Mt 24.36 , Ef 3.10; 1Pe 1.12; 2Pe 2.11; Hb 12.22; Jó 38.7).
"Todos os aspectos da personalidade são atribuídos aos anjos. Eles são seres
individuais e, ainda que espíritos, experimentam emoções e prestam uma adoração
inteligente (Sl 148.2). Contemplam com o devido entendimento a face do Pai (Mt
18.10); conhecem as suas limitações (Mt 24.36), sua inferioridade em relação ao Filho
de Deus (Hb 1.4-14); e no caso dos anjos caídos, conhecem a sua capacidade para o
mal".2 O grande mistério é que eles não são citados como possuindo almas. Deus e os
homens são citados como possuidores tanto de almas como de espíritos. E só os seres
humanos são citados como detentores da imagem e semelhança de Deus. Nem o Helel,
Lúcifer, foi criado à imagem e semelhança (ּ‫ לַדמות‬- ָּ‫ )דדמֻּמה‬de Deus (Is 14.14).
Não são oniscientes (Mateus 24.36), onipresentes (Daniel 9.21-2) e onipotentes
(Daniel 10.13).

A. OS ANJOS SÃO CRIATURAS:

1. Os anjos foram criados:


 Por Deus, Ne 9.6: “Só tu és o Senhor. Fizeste os céus, e os mais altos céus, e
tudo o que neles há, a terra e tudo o que nela existe, os mares e tudo o que neles
existe. Tu deste vida a todos os seres, e os exércitos dos céus te adoram”.
Sl 148.2,5: “Louvem-no todos os seus anjos, louvem-no todos os seus exércitos
celestiais. Louvem todos eles o nome do Senhor, pois ordenou, e eles foram
criados”.
 Por Cristo e para Cristo, Cl 1.16: “pois nele foram criadas todas as coisas nos
céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes
ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele”.
 Pela Palavra de Deus, SI 33.6: “Mediante a palavra do Senhor foram feitos os
céus, e os corpos celestes, pelo sopro de sua boca”.

2. Quando os anjos foram criados?


 Eles existem desde a criação da Terra, Jó 38.4-7: 4 “Onde você estava quando
lancei os alicerces da terra? Responda-me, se é que você sabe tanto. 5 Quem
marcou os limites das suas dimensões? Talvez você saiba! E quem estendeu
sobre ela a linha de medir? 6 E os seus fundamentos, sobre o que foram postos?
E quem colocou sua pedra de esquina, 7 enquanto as estrelas matutinas juntas
cantavam e todos os anjos (‫ – אאלֱהֹההָּיִֽם‬Elohim - os filhos de Deus) se regozijavam?

3. Quantos anjos existem?


 Criados em grande número, de modo que não podem ser contados:
Jó 25.3: Seria possível contar os seus exércitos? E a sua luz, sobre quem não se
levanta?

2
CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática, vol. 1 e 2. 1ª ed. São Paulo: Editora Hagnos, 2003, p. 432.
9
Dn 7.10: De diante dele, saía um rio de fogo. Milhares de milhares o serviam;
milhões e milhões estavam diante dele. O tribunal iniciou o julgamento, e os
livros foram abertos.
Hb 12.22: “Mas vocês chegaram ao monte Sião, à Jerusalém celestial, à cidade
do Deus vivo. Chegaram aos milhares de milhares de anjos em alegre reunião”.
Ap 5.11,12: Então olhei e ouvi a voz de muitos anjos, milhares de milhares e
milhões de milhões. Eles rodeavam o trono, bem como os seres viventes e os
anciãos, 12 e cantavam em alta voz: “Digno é o Cordeiro que foi morto de
receber poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor!”.
 O Senhor conhece a cada um pelo seu nome:
SI 103.21: “Bendigam o Senhor todos os seus exércitos, vocês, seus servos,
que cumprem a sua vontade”.
SI 148.2: Louvem-no todos os seus anjos, louvem-no todos os seus exércitos
celestiais
 Um dos nomes de Deus é SENHOR DOS EXERCITOS (IAVÉ SHABAOT),
1Sm 1.3,11; 4.4; 15.2; 17.45; etc. Compare com Js 5.14,15; o Príncipe dos
Exércitos do Senhor.
1Sm 1.3,11: “Todos os anos esse homem subia de sua cidade a Siló para adorar
e sacrificar ao SENHOR dos Exércitos. Lá, Hofni e Finéias, os dois filhos de
Eli, eram sacerdotes do SENHOR. E fez um voto, dizendo: “Ó SENHOR dos
Exércitos, se tu deres atenção à humilhação de tua serva, te lembrares de mim e
não te esqueceres de tua serva, mas lhe deres um filho, então eu o dedicarei ao
SENHOR por todos os dias de sua vida, e o seu cabelo e a sua barba nunca
serão cortados”.
1Sm 4.4: “Então mandaram trazer de Siló a arca da aliança do SENHOR dos
Exércitos, que tem o seu trono entre os querubins. E os dois filhos de Eli, Hofni
e Finéias, acompanharam a arca da aliança de Deus”.
1Sm 15.2: “Assim diz o SENHOR dos Exércitos: ‘Castigarei os amalequitas
pelo que fizeram a Israel, atacando-o quando saía do Egito”.
1Sm 17.45: “Davi, porém, disse ao filisteu: “Você vem contra mim com
espada, com lança e com dardos, mas eu vou contra você em nome do
SENHOR dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem você
desafiou”.
Js 5.14,15: “Respondeu ele: Não; sou príncipe do exército do SENHOR e
acabo de chegar. Então, Josué se prostrou com o rosto em terra, e o adorou, e
disse-lhe: Que diz meu senhor ao seu servo? Respondeu o príncipe do exército
do SENHOR a Josué: Descalça as sandálias dos pés, porque o lugar em que
estás é santo. E fez Josué assim”.

B. OS ANJOS SÃO SERES ESPIRITUAIS:

1. São espíritos ministradores, Hb 1.13,14: 13 Ora, a qual dos anjos jamais disse:
Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por estrado dos teus

10
pés? 14 Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para serviço a favor
dos que hão de herdar a salvação?

 Possuem corpo celestial. 1Co 15.40,44: “Também há corpos celestiais (σώµατα


ἐπουράνια - sōmata epuránia) e corpos terrestres (σώµατα ἐπίγεια - sōmata
epígueia); e, sem dúvida, uma é a glória dos celestiais, e outra, a dos terrestres.
Também há corpos celestiais e corpos terrestres; e, sem dúvida, uma é a glória
dos celestiais, e outra, a dos terrestres”.
 Não têm corpos físicos (humanos). Lc 24.39: Vede as minhas mãos e os meus
pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem
carne nem ossos, como vedes que eu tenho.
 Não se reproduzem. Mc 12.25: “Pois, quando ressuscitarem de entre os mortos,
nem casarão, nem se darão em casamento; porém, são como os anjos nos céus”.
 Não morrem. Lc 20.36: “Pois não podem mais morrer, porque são iguais aos
anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição”.
 São poderosos. 2Pe 2.11: “Ao passo que anjos, embora maiores em força e
poder, não proferem contra elas juízo infamante na presença do Senhor”.
Is 37.36: Então o anjo do Senhor saiu e matou cento e oitenta e cinco mil
homens no acampamento assírio. Quando o povo se levantou na manhã seguinte, só
havia cadáveres!
Mt 26.53: Você acha que eu não posso pedir a meu Pai, e ele não colocaria
imediatamente à minha disposição mais de doze legiões de anjos?
Um anjo pode matar 185.000 pessoas.
1 legião = 6.000 soldados.
Doze (12) legiões = 72.000 soldados (12x6.000=72.000).
72.000 anjos matariam 13.320.000.000 pessoas.

 PODEROSOS, MAS NÃO TODO-PODEROSOS. Os anjos maus são


poderosos, mas não todo-poderosos. “Maior é aquele que está em vós do que aquele
que está no mundo”. (1 Jo 4.4). Nem toda a força de Satanás, somada às forças de suas
hostes, pode igualar-se à força espiritual que Deus põe à disposição de seus filhos.
Diante do pavor de Geazi por causa do grande número de soldados do exército sírio
que cercava Samaria, respondeu o profeta Elizeu: “... mais são os que estão conosco do
que estão com eles”. (2 Re 6.16). No capítulo 1º de Efésios lemos que Deus ressuscitou
a Jesus Cristo e o fez “sentar à direita nos lugares celestiais, acima de todo principado,
e potestades, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir, não só no
presente século, mas também no vindouro e por todas as coisas debaixo dos seus pés...
“(vv. 20-22). Lemos ainda em Efésios 2:6,7: “... e juntamente com Ele nos ressuscitou
e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos
vindouros a suprema riqueza da sua graça em bondade para conosco, em Cristo Jesus”.
 São superiores aos homens em sabedoria e poder: 2 Sm 14.17,20; SI 8.4,5; Hb
2.4-7; Sl 103.20,21; At 12.6-11.

2. Podem se manifestar visivelmente (teofania, angelofania): 1Rs 19.5-7; Dn


8.15,16; Lc 1.11; Lc 1.26-28; Lc 2.8-9.
11
 1Rs 19.5-7: 5 Depois se deitou debaixo da árvore e dormiu. De repente um
anjo tocou nele e disse: “Levante-se e coma”. 6 Elias olhou ao redor e ali, junto
à sua cabeça, havia um pão assado sobre brasas quentes e um jarro de água. Ele
comeu, bebeu e deitou-se de novo. 7 O anjo do SENHOR voltou, tocou nele e
disse: “Levante-se e coma, pois a sua viagem será muito longa”.
 Dn 8.15,16: 15 Enquanto eu, Daniel, observava a visão e tentava entendê-la,
diante de mim apareceu um ser que parecia homem. 16 E ouvi a voz de um
homem que vinha do Ulai: “Gabriel, dê a esse homem o significado da visão”.
 Lc 1.11: Então um anjo do Senhor apareceu a Zacarias, à direita do altar do
incenso.
 Lc 1.26-28: 26 No sexto mês Deus enviou o anjo Gabriel a Nazaré, cidade da
Galiléia, 27 a uma virgem prometida em casamento a certo homem chamado
José, descendente de Davi. O nome da virgem era Maria. 28 O anjo,
aproximando-se dela, disse: “Alegre-se, agraciada! O Senhor está com você!”
 Lc 2.8-9: Havia pastores que estavam nos campos próximos e durante a noite
tomavam conta dos seus rebanhos. 9 E aconteceu que um anjo do Senhor
apareceu-lhes e a glória do Senhor resplandeceu ao redor deles; e ficaram
aterrorizados.
 Quando o texto se refere ao Anjo do Senhor trata-se de uma teofania, porém
quando se refere a anjos comuns trata-se de angelofania. Teofania é uma
manifestação visível do Deus invisível, enquanto que angelofania trata-se de
manifestação visível de anjos que são invisíveis.
 São invisíveis nas suas atividades normais de nos guardar e proteger:
Sl 34.7: O anjo do Senhor é sentinela ao redor daqueles que o temem, e os
livra.
Sl 91.11,12: 11 Porque a seus anjos ele dará ordens a seu respeito, para que o
protejam em todos os seus caminhos; 12 com as mãos eles o segurarão, para
que você não tropece em alguma pedra.
Hb 1.14: Os anjos não são, todos eles, espíritos ministradores enviados para
servir aqueles que hão de herdar a salvação?
 São invisíveis também quando se unem a nós na adoração a Deus:
Hb 12.22: Mas vocês chegaram ao monte Sião, à Jerusalém celestial, à cidade
do Deus vivo. Chegaram aos milhares de milhares de anjos em alegre reunião.
 Podem aparecer como homens. Gn 18.1,2: O SENHOR apareceu a Abraão
perto dos carvalhos de Manre, quando ele estava sentado à entrada de sua
tenda, na hora mais quente do dia. Abraão ergueu os olhos e viu três homens
em pé, a pouca distância. Quando os viu, saiu da entrada de sua tenda, correu
ao encontro deles e curvou-se até o chão.
 Talvez possam aparecer como mulheres. Zc 5.9: De novo ergui os olhos e vi
chegarem à minha frente duas mulheres com asas como de cegonha; o vento
impeliu suas asas, e elas ergueram a vasilha entre o céu e a terra.

12
IV. ORGANIZAÇÃO HIERÁRQUICA DOS SERES CELESTIAIS:

A. ANJO DO SENHOR. Várias passagens bíblicas, especialmente do


Antigo Testamento, falam do Anjo do Senhor de um modo que sugere que é o próprio
Deus revestido de forma humana quem aparece rapidamente a várias pessoas.
Na Bíblia, sobretudo no Antigo Testamento há várias menções à aparição do
Anjo do Senhor. A expressão "Anjo do Senhor" causa curiosidade por tratar-se não
apenas de mais um anjo e sim de um anjo específico, considerando a antecedência do
artigo definido o.
O Anjo do SENHOR, portanto, é “O Mensageiro do SENHOR“. Logicamente
que estamos nos referindo apenas ao “O Anjo do Senhor“, pois existem diferenças
quando a Bíblia fala de anjos.
O “artigo” faz toda a diferença.
Exemplo: Quando a esposa vai a uma loja de roupas com o marido e escolhe um
vestido diferenciado (que é caro também), o marido logo questiona: “mas porque você
não escolhe um desses outros vestidos que são tão bonitos quanto esse e mais
baratos?“. E a esposa responde: “porque este não é um vestido, é ‘O vestido’”.
Viram como o artigo “O” representa uma grande diferença de importância e
separação? Pois é a mesma coisa na Bíblia. Quando vemos o artigo definido “O” antes
da palavra “Anjo“, está sendo declarado que se trata de “Um Ser Único“, ou seja, que
este Anjo (mensageiro) é diferente, em termos de importância, sem comparações com
os demais anjos. Além disso, mesmo quando não aparece o artigo “O”, o adjetivo
substantivo iniciado em letra maiúscula, ou seja, “Anjo” ao invés de “anjo” denota uma
importância maior ao mensageiro em questão.
Essas aparições de Jesus em forma humana aos seres humanos são conhecidas na
teologia como “cristofania” ou “teofania“, sendo esta última usada em termos gerais
para “Deus”.
De acordo com algumas posições teológicas, o Anjo do Senhor que fez vários
contatos com personagens bíblicos, entre os quais Abraão, Hagar, Gideão, sendo
aparições do próprio Deus e constituindo, portanto, uma espécie de teofania ou até
mesmo uma cristofania.
Algumas passagens tratam “O Anjo do Senhor” (não “um anjo do Senhor”)
como o próprio Senhor. Assim, “O Anjo do Senhor” que encontrou Agar no deserto
lhe promete: Disse mais o Anjo: “Multiplicarei tanto os seus descendentes que
ninguém os poderá contar” (Gn 16.10). E Agar responde invocando “O Nome do
Senhor, que lhe falava: Tu és Deus que vê” (Gn 16.13). Do mesmo modo, estando
Abraão preste a sacrificar o seu filho Isaque, “O Anjo do Senhor” o chama do céu e
diz: “Não toque no rapaz”, disse o Anjo. “Não lhe faça nada. Agora sei que você teme
a Deus, porque não me negou seu filho, o seu único filho” (Gn 22.12). Quando “O
Anjo do Senhor” apareceu a Jacó num sonho, disse: “O Anjo de Deus me disse no
sonho: ‘Jacó!’ Eu respondi: Eis-me aqui! 13 Sou o Deus de Betel, onde você ungiu
uma coluna e me fez um voto. Saia agora desta terra e volte para a sua terra natal “ (Gn
31.11-13). Também, quando “O Anjo do Senhor” apareceu a Moisés numa chama de
fogo, no meio de uma sarça, disse-lhe: “2 Ali o Anjo do SENHOR lhe apareceu numa
chama de fogo que saía do meio de uma sarça. Moisés viu que, embora a sarça
13
estivesse em chamas, não era consumida pelo fogo. 3 “Que impressionante!”, pensou.
“Por que a sarça não se queima? Vou ver isso de perto.” 4 O SENHOR viu que ele se
aproximava para observar. E então, do meio da sarça Deus o chamou: “Moisés,
Moisés!” “Eis-me aqui”, respondeu ele. 5 Então disse Deus: “Não se aproxime. Tire as
sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é terra santa”. 6 Disse ainda: “Eu sou
o Deus de seu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó”. Então Moisés
cobriu o rosto, pois teve medo de olhar para Deus” (Êx 3.2-6). Esse claros exemplos
em que “O Anjo do Senhor”, ou “O Anjo de Deus”, aparece como o próprio Deus,
talvez mais especificamente como Deus Filho revestido de um corpo humano
(cristofania) por curto tempo a fim de tornar-se visível aos homens.
Noutras ocasiões, “O Anjo do Senhor” parece distinguir-se de Deus (ver 2Sm
24.16; Sl 34.7; Zc 1.11-13), e passagens que mencionam “um anjo do Senhor” (e.g., Lc
1.11) geralmente indicam um anjo enviado por Deus.
Com relação à identidade do Anjo do Senhor, os eruditos não são e nunca foram
unânimes. Entretanto, não há porque duvidar da antiqüíssima interpretação cristã de
que, nesses casos acima citados, encontramos manifestações preencarnadas da Segunda
Pessoa da Trindade.
Desejamos, portanto, apresentar a seguir três argumentos bíblicos que
comprovam, indubitavelmente, que o Anjo do Senhor é Jesus Cristo antes de
encarnado.
Josué 5.14 - Quando o Anjo do Senhor apareceu a Josué, diz a Palavra do Senhor
que ele “...se prostrou sobre o seu rosto na terra, e O adorou, e disse-lhe: Que diz meu
Senhor ao seu servo?”. Se o Anjo do Senhor não fosse o próprio Senhor (ou melhor, o
Senhor Jesus como Segunda Pessoa da Trindade), o anjo (caso fosse simplesmente “um
anjo”) teria proibido a Josué de adorá-lo, como ocorreu em Ap 19.10 e Ap 22.8,9.

Jz 13.18 - Embora concordemos com o fato de que existem controvérsias a


respeito desta passagem, reputamos a mesma como factual e elucidativa.
Quando Manoá, pergunta ao Anjo do Senhor, o Seu nome, Ele responde:
“...porque perguntas assim pelo meu nome, visto que é maravilhoso?” Uma
comparação desta resposta com a passagem de Is 9.6, demonstra que o Anjo do Senhor
que apareceu a Manoá é o Menino que nos fora dado de Isaías. Isto é, o Anjo do
Senhor, cujo Nome é Maravilhoso (YHWH), é o próprio Senhor, e ao mesmo tempo o
Menino que nos fora dado.
A terceira prova escriturística que queremos apresentar, é que no contexto
neotestamentário, a Bíblia deixa de utilizar-se do termo “o Anjo do Senhor” como
pessoa específica. Isto é demonstrado pelo fato de que o artigo definido masculino
singular “o” deixa de ser utilizado, sendo substituído pelo artigo indefinido “um”.
Alguns exemplos disto, são os textos de Lc 1.11; At 12.7; 12.23, dentre muitos outros.
Infelizmente, nem todas as ocorrências de Anjo do Senhor no NT, na versão ARC, se
encontram com o artigo indefinido “um”, o que ocorre na versão ARA nos textos
citados e em outros correlatos.
Esta substituição possui um grande significado. Isto é, no contexto do NT,
contemporâneo ou posterior à Encarnação, as manifestações angelicais não eram do

14
Anjo do Senhor, mas meramente de um de Seus anjos, pois o Anjo do Senhor já havia
sido manifestado na carne (1Tm 3.16).
 Mencionado 41 vezes no Velho Testamento;
 At 7.35,38 (Êx 6.1-8), refere-se ao Anjo do Senhor.
 “O Anjo do Senhor” Aceita adoração. Jz 13.2-18:
 Os anjos não devem ser adorados, Cl 2.18.
 Os anjos não aceitam adoração, Ap 19.10.
 Somente o Anjo do Senhor aceita adoração: Gn 31.11-13; 22.15-16
 Seu nome é o Maravilhoso, Jz 13.18; Is 9.6;
 Seria o Salvador do seu povo (povo de Israel), Is 63.9-10; Mt 1.21; Jesus
pré-encarnado, MI 3.1.

B. SERES CELESTIAIS DIFERENTES DOS ANJOS: Ap 4.1-11

1. Os Vinte e Quatro Anciãos, Ap 4.4:


 Ap 4.10,11, glorificam a Deus pela obra criadora: Ap 5.8-14;
 Ap 5.8-10, glorificam a Cristo pela redenção , Ap 5.14;
 Ap 5.8, recolhem as orações dos santos;
 Talvez representem os glorificados do Velho e Novo Testamento.
2. Os Quatro Seres Viventes:
 Ap 4.6, ficam ao redor do trono de Deus; são cheios de olhos;
 Ap 4.8, possuem 6 asas;
 Ap 4.8-9, glorificam a Deus pela eternidade;
 Ap 5.8-10, glorificam a Cristo pela redenção, Ap 5.14;
 Ap. 5.8, recolhem as orações dos santos;
 Talvez representem os 4 evangelhos:

 O primeiro é semelhante a um leão - Evangelho de Mateus, do leão da tribo


de Judá;
 segundo semelhante a um novilho — Evangelho de Marcos, do servo do
Senhor,
 terceiro semelhante a um rosto de homem — Evangelho de Lucas, do Filho
do Homem;
 O quarto semelhante a uma águia voando — Evangelho de João, do Filho
de Deus que desceu do céu.

Existem diferenças entre os anjos, mas não consta na Revelação qual sua origem
nem seu modo preciso. É questão de livre discussão se os anjos são todos da mesma
espécie, ou se existem tantas espécies quantos são os coros, ou se cada indivíduo
constitui uma espécie por si (opinião de São Tomás).
De acordo com uma tradição que remonta ao Pseudo-Dionísio Areopagita, os
teólogos costumam agrupá-los em nove ordens ou coros angélicos, distribuídos em três
hierarquias (os nomes são tomados da Sagrada Escritura):

15
Renomado escritor eclesiástico dos primeiros séculos, cuja identidade não se
estabeleceu ainda ao certo, durante muito tempo confundido com o sábio convertido
por São Paulo no Areópago de Atenas (cf. At 17, 34). Uma de suas obras mais célebres
é De coelesti hierarquia — Sobre a hierarquia celeste, na qual estabelece a ordem dos
Anjos, determinada pelo seu grau de assimilação a Deus, de união com Deus, do dom
de luz divina que recebem e transmitem aos Anjos inferiores.
Por exemplo: Serafins (Is 6,2); Querubins (Gn 3.24; Ex 25.18; Sl 17,11; Ez 10,3;
Dn 3.55); Arcanjos (1Ts 4.15; Jd 9); Anjos, Potestades, Virtudes (1Pe 3.22);
Principados, Dominações ( Ef 1.20-21); Tronos (Cl 1,16).

3. Serafim (‫שמֻּרפָהפיִֽם‬
ַ‫) ל‬. A palavra é usada para seres angelicais e em Nm 21.6; Is 6.2-7
para serpentes venenosas.
 Estão sobre o trono de Deus (Ez 6.1,2);
 Possuem 6 asas (Ez 6.2);
 São associados ao perdão de pecados (Ez 6.6,7);
 Talvez sejam os próprios vinte e quatro anciãos.
 O que parece é que os serafins supervisionam o louvor a Deus. Eles proclamam
sua santidade. Podemos ser alçados até o lugar do trono de Deus, louvando e
exaltando sua santidade em nossa vida.
4. Querubins: Plural - ‫( לַכרו ה בביִֽם‬kerubîm) singular - ‫( לַכרְּרוב‬kerûb). Em português o
substantivo deriva da forma plural kerubim, que é geralmente a forma usada.
Significa abençoar, adorar. A primeira menção a uma ordem de anjos é à dos
querubins. Vemo-los guardando a entrada no Jardim do Éden, após a expulsão de
Adão e Eva. Nem todos os anjos têm asas, mas os querubins - assim diz a
palavra - as tem, e elas cobrem o propiciatório. Eles parecem estar intimamente
ligados à presença Deus e nossa redenção. Ezequiel os menciona no capítulo 10,
bem como João, no livro do Apocalipse, capitulo 4, chamando-os de “criaturas
vivas”.

 Estão debaixo do Trono de Deus:


SI 80.1: “tu, que tens o teu trono sobre os querubins”;
SI 99.1: “O seu trono está sobre os querubins!”;
 Deus voa montado nos seus querubins:
Sl 18.10: “Montou um querubim e voou, deslizando sobre as asas do vento”.
16
2Sm 22.11: “Montou sobre um querubim e voou; elevou-se sobre as asas do
vento”.
 Os Querubins do templo são chamados de carro. 1Cr 28.18: “e o peso de
ouro refinado para o altar de incenso. Também lhe deu o desenho do carro dos
querubins de ouro que, com suas asas estendidas, abrigam a arca da aliança
do SENHOR”.
 Guardavam o Éden, Gn 3.24: Depois de expulsar o homem, colocou a leste
do jardim do Éden querubins e uma espada flamejante que se movia, guardando
o caminho para a árvore da vida.
 Existem querubins de duas asas;
Como as imagens colocadas sobre a arca da aliança, Ex 25.18;
Como as esculturas no templo, 1 Rs 6.23-28;
 Existem querubins de quatro asas, Ez 1.6; 10.21.
 Ver descrição dos mesmos em Ez 1.4-25; 10.1-22. Os querubins de Ez 1 tinham
quatro rostos – de homem, de leão, de boi e de águia. Não sabemos a razão
disso. Talvez eles representassem o homem, animais selvagens, animais
domésticos e aves na presença de Deus.
 Talvez sejam os mesmos quatro seres viventes de Apocalipse, Ez 10.20;
 Os quais seriam querubins de seis asas, Ez 1.14.

C. ANJOS PROPRIAMENTE DITO:


Ap 12.7: Houve então uma guerra nos céus. Miguel e seus anjos lutaram contra
o dragão, e o dragão e os seus anjos revidaram.
1. Arcanjo - ἀρχάγγελος (arquê = primeiro; ânguelos = anjo) — comandante do
exército celestial, Ap 12.7. A Bíblia identifica o arcanjo como “chefe” (significado de
“arqui”). Apesar de ser possível que existam outros (Gabriel pode ser um deles),
Miguel é o único arcanjo mencionado pelo nome: “Contudo o arcanjo Miguel quando
contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não se atreveu a
proferir juízo infamatório contra ele; pelo contrário, disse: o Senhor te repreenda”
(Judas 9);
Dn 10.13,21: Então Miguel, um dos príncipes supremos (ἀρχόντων τῶν πρώτων
– arkhótôn ton prótôn), veio em minha ajuda, pois eu fui impedido de continuar ali
com os reis da Pérsia. Dn 10.21; Dn 12.1; Jd 9.
No grego encontramos Michael, heb. Mika’el . O nome Miguel significa “quem
é como El (Deus)?”.
A tradição sobre a existência de arcanjos não fazia parte original da fé judaica.
Assim, na literatura bíblica, Miguel é introduzido em Dn 10.13,21 e 12.1 e reaparece
no NT em Jd 9 e Ap 12.7. Embora algumas literaturas tenham Gabriel como outro
Arcanjo (totalizando sete na literatura apócrifa e pseudepígrafa, onde quatro nomes são
revelados: Miguel, Gabriel, Rafael e Uriel), a Bíblia só revela a existência de um único
Arcanjo, Miguel. Isto é demonstrado pelo fato de que nas duas ocorrências da palavra
grega archangelos, “arcanjo”, 1Ts 4.16 e Jd 9, o termo só aparece no singular, ligado
unicamente ao nome de Miguel, donde se conclui biblicamente que só exista um anjo
assim denominado Arcanjo, ou anjo-chefe, e que esse Arcanjo chama-se Miguel.

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Anjo Gabriel. O vocábulo hebraico Gabriel significa “homem de Deus” (heb.
geber, “varão” e El - forma abreviada de Elohim, “Deus”).
Gabriel, Anjo assistente, Lc 1.19: “Ao que lhe respondeu o anjo: Eu sou Gabriel,
que assisto diante de Deus, e fui enviado para te falar e te dar estas boas novas”. É
citado várias vezes na Bíblia; foi ele que anunciou ao profeta Daniel a sucessão de
potências mundiais, bem como a vinda do Messias (em hebraico Mashiah, em grego,
Cristo, “Ungido”). Disse o profeta: “Apareceu Gabriel da parte de Deus e me falou:
dentro de setenta semanas [de anos] (70 anos x 7, ou seja, 490 anos) aparecerá o Santo
dos Santos”. (Dn 9.24-26).
Anunciou o tempo do fim: Dn 8.15-16; Dn 9.21-22.
Anunciou o nascimento de João Batista, Lc 1.11-20. O termo de apresentação
quando apareceu a Zacarias para anunciar-lhe que ia ter por filho João Batista foi este:
“Eu sou Gabriel, o que está na presença de Deus”.
Anunciou o nascimento de Jesus, Lc 1.22-38. Ao anjo Gabriel foi confiada a
missão mais alta que jamais havia sido confiada a alguém: anunciar o nascimento do
Filho de Deus. Por isso, é muito admirado desde a antiguidade.

I. Segunda hierarquia - Dominações, Potestades, Virtudes.


1. As Dominações ou Domínios (do latim dominationes) têm a função de
regular as atividades dos anjos inferiores, distribuem aos outros anjos as funções e seus
mistérios, e presidem os destinos das nações. Crê-se que as Dominações possuam uma
forma humana alada de beleza inefável, e são descritos portando orbes de luz e cetros
indicativos de seu poder de governo. Sua liderança também é afirmada na tradução do
termo grego kyriótētes [κυριότητες], que significa “senhor”, aplicado a esta classe de
seres.
São anjos que auxiliam nas emergências ou conflitos que devem ser resolvidos
logo. Também atuam como elementos de integração entre os mundos materiais e
espirituais, embora raramente entrem em contato com as pessoas.
2. As Potestades (ἐξουσίαις - exousiais) ou Potências são também
chamadas de “condutores da ordem sagrada”. Executam as grandes ações que tocam no
governo universal. Eles são os portadores da consciência de toda a humanidade, os
encarregados da sua história e de sua memória coletiva, estando relacionados com o
pensamento superior - ideais, ética, religião e filosofia, além da política em seu sentido
abstrato.
Também são descritos como anjos guerreiros completamente fiéis a Deus. Seus
atributos de organizadores e agentes do intelecto iluminado são enfatizados pelo
Pseudo-Dionísio, e acrescenta que sua autoridade é baseada no espelhamento da ordem
divina e não na tirania. Eles têm a capacidade de absorver e armazenar e transmitir o
poder do plano divino, donde seus nomes.
Os anjos do nascimento e da morte pertencem a essa categoria. São também os
guardiões dos animais.
3. As Virtudes (δυνάµεως - dynameōs) ou Poderes são os responsáveis pela
manutenção do curso dos astros para que a ordem do universo seja preservada. Seu
nome está associado ao grego dunamis (δύναµις), significando “poder” ou “força”, e
traduzido como “virtudes” em Efésios 1.21, e seus atributos são a pureza e a fortaleza.
18
O Pseudo-Dionísio diz que eles possuem uma virilidade e poder inabaláveis, buscando
sempre espelhar-se na fonte de todas as virtudes e as transmitindo aos seus inferiores.

Orientam as pessoas sobre sua missão. São encarregados de eliminar os


obstáculos que se opõe ao cumprimento das ordens de Deus, afastando os anjos maus
que assediam as nações para desviá-las de seu fim, e mantendo assim as criaturas e a
ordem da Divina providência. Eles são particularmente importantes porque têm a
capacidade de transmitir grande quantidade de energia divina. Imersas na força de
Deus, as Virtudes derramam bênçãos do alto, frequentemente na forma de milagres.
São sempre associados com os heróis e aqueles que lutam em nome de Deus e da
verdade. São chamados quando se necessita de coragem.

II. Terceira hierarquia - Principados, Arcanjos e Anjos.


1. Os Principados, do latim principatus, são os anjos encarregados de
receber as ordens das Dominações e Potestades e transmiti-las aos reinos inferiores, e
sua posição é representada simbolicamente pela coroa e cetro que usam. Guardam as
cidades e os países. Protegem também a fauna e a flora. Como seu nome indica, estão
revestidos de uma autoridade especial: são os que presidem os reinos, as províncias, e
as dioceses, e velam pelo cultivo de sementes boas no campo das ideologias, da arte e
da ciência.
2. Os Arcanjos. O nome de arcanjo vem do grego αρχάγγελος, arkangélos,
que significa “anjo principal” ou “chefe”, pela combinação de archō, o primeiro ou
principal governante, e άγγελος, aggělǒs, que quer dizer “mensageiro”. Este título é
mencionado no Novo Testamento por duas vezes e a esta ordem pertencem os únicos
anjos cujos nomes são conhecidos através da Bíblia: Miguel, Rafael e Gabriel. Miguel
é especificamente citado como “O” arcanjo, ao passo que, embora se presuma pela
tradição que Gabriel também seja um arcanjo, não há referências sólidas a respeito.
Considerado canônico somente pela Igreja Ortodoxa da Etiópia, o Livro de
Enoque fala de mais quatro arcanjos, Uriel, Ituriel, Amitiel e Samuel, responsáveis pela
vigilância universal durante o período dos Nefilim, os “anjos caídos”. Contudo em
outras fontes apócrifas estes são por vezes ditos como querubins. A Igreja Ortodoxa faz
de Uriel um arcanjo e o festeja com Rafael, Gabriel e Miguel na Synaxis de Miguel e
os outros Poderes Incorpóreos, em 21 de novembro.
Seu caráter de mensageiros, ou intermediários, é assinalada pelo seu papel de elo
entre os Principados e os Anjos, interpretando e iluminando as ordens superiores para
seus subordinados, além de inspirar misticamente as mentes e corações humanos para
execução de atos de acordo com a vontade divina. Atuam assim como arautos dos
desígnios divinos, tanto para os Anjos como para os homens, como foi no caso de
Gabriel na Anunciação a Maria. A cultura popular faz deles protetores dos bons
relacionamentos, da sabedoria e dos estudos, e guerreiros contra as ações do Diabo.
3. Anjos. Os anjos são os seres angélicos mais próximos do reino humano, o
último degrau da hierarquia angélica acima descrita e pertencentes à sua terceira tríade.
A tradição hebraica, de onde nasceu a Bíblia, está cheia de alusões a seres celestiais
identificados como anjos, e que ocasionalmente aparecem aos seres humanos trazendo
ordens divinas. São citados em vários textos místicos judeus, especialmente nos
19
ligados à tradição Merkabah. Na Bíblia são chamados de ‫( מלאך אלהָּיִֽם‬mensageiros de
Deus), ָּ‫( מלאך יִֽהָּוה‬mensageiros de Iavé), ‫( בניִֽ אלוהָּיִֽם‬filhos de Deus) e ‫( הָּקדושיִֽם‬santos). São
dotados de vários poderes supernaturais, como o de se tornarem visíveis e invisíveis à
vontade, voar, operar milagres diversos e consumir sacrifícios com seu toque de fogo.
Feitos de luz e fogo sua aparição é imediatamente reconhecida como de origem divina
também por sua extraordinária beleza. Segundo a tradição católica os anjos
(mensageiros) são designações de cargos, não de natureza. Para Deus, apesar dos
vários cargos angelicais, todos são anjos e todos são iguais perante Ele.
No AT, onde o termo malak ocorre 108 vezes, os anjos aparecem como seres
celestiais, membros da corte de Yahweh, que servem e louvam a Ele (Ne 9.6; Jó 1.6),
são espíritos ministradores (1Rs 19.5), transmitem a vontade de Deus (Dn 8.16,17)),
obedecem a vontade de Deus (Sl 103.20), executam os propósitos de Deus (Nm 22.22),
e celebram os louvores de Deus (Jó 38.7; Sl 148.2).
No NT, onde a palavra angelos aparece por 175 vezes, os anjos aparecem como
representativos do mundo celestial e mensageiros de Deus. Funções semelhantes às do
AT são atribuídas a eles, tais como: servem e louvam a Cristo (Fp 2.9-11; Hb 1.6), são
espíritos ministradores (Lc 16.22; At 12.7-11; Hb 1.7,14), transmitem a vontade de
Cristo (Mt 2.13,20; At 8.26), obedecem a vontade dEle (Mt 6.10), executam os Seus
propósitos (Mt 13.39-42), e celebram os louvores de Cristo (Lc 2.13,14). Ali, os anjos
estão vinculados a eventos especiais, tais como: a concepção de Cristo (Mt 1.20,21),
Seu nascimento (Lc 2.10-12), Sua ressurreição (Mt 28.5,7) e Sua ascensão e Segunda
Vinda (At 1.11).

Diversidade de categorias de anjos, Ef 1.21; 3.10; 6.12; Cl 1.16; 2.10; 1 Pe


3.22; Jd 9; Dn 10.13,21;
Ef 1.21: muito acima de todo governo - principado (ἀρχῆς) e autoridade (ἐξουσίας),
poder (δυνάµεως) e domínio (κυριότητος), e de todo nome que se possa mencionar
(ὀνόµατος ὀνοµαζοµένου) , não apenas nesta era, mas também na que há de vir.
Ef 3.10: A intenção dessa graça era que agora, mediante a igreja, a multiforme
sabedoria de Deus se tornasse conhecida dos poderes - principados (ἀρχαῖς) e
autoridades - potestades (ἐξουσίας) nas regiões celestiais.
Ef 6.12: pois a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os poderes (ἀρχάς) e
autoridades (ἐξουσίας), contra os dominadores deste mundo (κοσµοκράτορας) de
trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais.
Cl 1.16: pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as
invisíveis, sejam tronos (θρόνοι) ou soberanias (κυριότητες), poderes – principados
(ἀρχαί) ou autoridades (ἐξουσίαι); todas as coisas foram criadas por ele e para ele.
Cl 2.10: e, por estarem nele, que é o Cabeça de todo poder (ἀρχῆς) e autoridade
(ἐξουσίας), vocês receberam a plenitude.
1 Pe 3.22: que subiu aos céus e está à direita de Deus; a ele estão sujeitos anjos
(ἀγγέλων), autoridades (ἐξουσιῶν) e poderes (δυνάµεων).
Dn 10.13: Mas o príncipe (ἄρχων) do reino da Pérsia me resistiu durante vinte e um
dias. Então Miguel, um dos príncipes (ἀρχόντων) supremos, veio em minha ajuda, pois
eu fui impedido de continuar ali com os reis da Pérsia.

20
Dn 10.21: mas antes lhe revelarei o que está escrito no Livro da Verdade. E nessa luta
ninguém me ajuda contra eles, senão Miguel, o príncipe (ἄρχων) de vocês.

 Principados ou príncipes (ἀρχαῖς - arkhais);


Talvez sejam os mesmos vigilantes (‫‘ = העיִֽר‬îr) de Dn 4.13,17,23, 31 e 32 ( Na
septuaginta traduzido como anjos - ἄγγελοι - angueloi);
 Potestades ou autoridades (ἐξουσίαις - exousiais);
 Poderes (δυνάµεως - dynameōs);
 Tronos (θρόνοι - thronoi);
 Dominações ou soberanias (κυριότης - kyriótēs);
 Dominadores deste mundo (κοσµοκράτορας - kosmokrátoras);
 Anjos Eleitos (ἐκλεκτῶν ἀγγέλων – eklektōn anguélōn).

1 Tm 5.21: “Conjuro-te diante de Deus, e de Cristo Jesus, e dos anjos eleitos,


que sem prevenção guardes estas coisas, nada fazendo com parcialidade”.

Vejamos as opiniões de Berkhof e Grudem sobre os anjos eleitos:

Os anjos, bons e maus3

“A Bíblia fala não somente de anjos santos, Mc 8.38; Lc 9.26, e de anjos ímpios,
que não conservaram o seu estado original, 2 Pe 2.4; Jd 6; mas também faz explícita
menção de anjos eleitos, 1Tm 5.21, implicando com isso que também há anjos não
eleitos. Surge naturalmente a questão: Como podemos conceber a predestinação dos
anjos? Para alguns, significa simplesmente que Deus determinou de modo geral que os
anjos que permanecessem santos seriam confirmados num estado de bem-aventurança,
ao passo que os demais estariam perdidos. Mas isto de modo nenhum se harmoniza
com a ideia bíblica de predestinação. Esta na verdade significa que Deus, por razões
para Ele suficientes, decretou dar a um certo número de anjos, em acréscimo à graça de
que foram dotados pela criação e que incluía grande capacidade para permanecerem
santos, a graça especial da perseverança; e privar desta os demais. Há pontos de
diferença entre predestinação dos homens e a dos anjos: (1) Enquanto se pode pensar
na predestinação dos homens como infralapsária 4, a dos anjos só pode ser entendida
como supralapsária5. Deus não escolheu certo número de anjos dentre uma multidão de
anjos decaídos. (2) Os anjos não foram eleitos ou predestinados em Cristo como
Mediador, mas, sim, como Chefe, isto é, para estarem em relação ministerial (de
serviço) com Ele”. (L. Berkhof).

3
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 2ª ed. Campinas: Luz Para o Caminho, 1992, p. 105.
4
Infralapsária. Infralapsarianismo, no qual se afirma que os decretos de Deus da eleição e reprovação logicamente
sucedeu o decreto da queda. O termo “infralapsarianismo” significa “debaixo” ou “após” a “queda”. De acordo com este
esquema, Deus primeiro viu seu povo como caído e então determinou salvá-lo, escolhendo somente alguns para serem
salvos.
5
Supralapsária. Supralapsarianismo, a visão de que os decretos de Deus da eleição e reprovação logicamente precedeu o
decreto da queda. O termo “supra-lapsariano” significa “acima” ou “antes” da “queda”. De acordo com este esquema,
Deus primeiro planejou salvar alguns para a glória do seu nome e então planejou de o que Ele os salvaria.
21
O lugar dos anjos no propósito de Deus6

Os anjos mostram a grandeza do amor de Deus e Seu plano para nós. Os


humanos e os anjos (usando o termo em geral) são as únicas criaturas morais e
altamente inteligente que Deus tem feito. Assim podemos entender muito sobre o plano
de Deus e Seu amor por nós quando nos comparamos com os anjos.
A primeira distinção a ser observado é que nunca os anjos disseram que foram
feitos “à imagem de Deus”, enquanto seres humanos várias vezes disse a ser feito à
imagem de Deus (Gênesis 1.26-27; 9.6). Desde que foi à imagem de Deus significa ser
como Deus, parece justo concluir que estamos ainda mais parecido com Deus do que
os anjos.
Esta opinião é corroborada pelo fato de que um dia Deus nos dará autoridade
sobre os anjos, para julgar: “Não sei como que iremos julgar os anjos” (1 Coríntios
6.3). Embora sejamos “um pouco menor que os anjos” (Hb 2.7), quando a nossa
salvação estiver completa seremos exaltados acima dos anjos e reinaremos sobre eles.
Na verdade, até agora, os anjos são para nos servir: “Não são todos os espíritos anjos
dedicados ao serviço de Deus, enviado para ajudar aqueles que hão de herdar a
salvação?” (Hb 1.14).
A capacidade do seres humanos de terem filhos como Adão e Eva (Adão “teve
um filho à sua imagem e semelhança”, Gn 5.3) é outro elemento de nossa
superioridade sobre os anjos, que aparentemente não podem ter filhos (cf. Mt 22.30,
Lucas 20.34-36).
Além disso, a grandeza do amor de Deus por nós é demonstrado em relação aos
anjos. Embora muitos anjos pecaram, nenhum foi salvo. Pedro nos diz que “Deus não
fez anjos de reposição quando eles pecaram, mas lançou-os no inferno, colocando-os
em abismos tenebrosos a ser detidos para julgamento” (2 Pe 2.4). Judas diz que “os
anjos que não guardaram a sua posição de autoridade, mas deixaram a sua própria
habitação, eles serão perpetuamente aprisionados nas trevas para o julgamento do
grande dia” (Judas 6). E em Hebreus lemos: “Pois, na verdade, não presta auxílio aos
anjos, mas sim à descendência de Abraão” (Hebreus 2.16).
Vemos, portanto, que Deus criou dois grupos de criaturas inteligentes e morais.
Entre os anjos, muitos pecaram, mas Deus decidiu não trocar nenhum deles. E nenhum
anjo nunca pode se queixar de que Deus o tratou injustamente.
Agora, entre o outro grupo de criaturas morais, seres humanos, também
descobrimos que muitos (todos, aliás) pecaram e se afastaram de Deus. Tal como
aconteceu com os anjos que pecaram, Deus poderia ter nos deixado de seguir o
caminho para a condenação eterna que escolhemos. Se Deus decidisse não poupar
ninguém de toda a raça humana teria sido perfeitamente direito de fazê-lo, e ninguém
podia reclamar da injustiça de sua parte.
Mas Deus decidiu fazer mais do que apenas atender às demandas de justiça. Ele
decidiu salvar alguns seres humanos pecadores. Se ele tivesse decidido salvar apenas
cinco seres humanos da raça humana inteira, que teria sido muito mais do que a justiça
teria sido uma grande demonstração de misericórdia e graça. Se ele tivesse decidido
para salvar apenas uma centena de toda a raça humana teria sido uma demonstração
6
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida Nova, 1999, p. 327-328.
22
incrível de misericórdia e de amor. Mas Deus, na verdade, decidiu fazer muito mais do
que isso. Decidiu redimir a humanidade pecadora para uma grande multidão, que
ninguém podia contar, “de toda tribo, língua, povo e nação” (Ap 5.9). Esta é a
misericórdia e o amor incalculável, muito além da nossa compreensão. Tudo é favor
imerecido, tudo é graça. O contraste marcante com o destino dos anjos enfatiza esta
verdade em nós.
O fato de que fomos salvos de uma vida de rebelião contra Deus significa que,
para toda a eternidade cantamos músicas que os anjos nunca pode cantar.
Redimido, eu amo a proclamá-lo!
Redimidos pelo sangue do Cordeiro;
Redimido por sua infinita misericórdia;
Seu filho, para sempre, eu sou.

Este cântico e todos os grandes cânticos que proclamam a nossa redenção em


Cristo, só nós podemos cantar. Os anjos não caídos nos veem entoar esses cânticos e
exultam (Lc 15.10), mas jamais poderão fazer algo sequer parecido.

D. NOMES QUE SE NOMEIA, Ef 1.21: ὀνόµατος ὀνοµαζοµένου


Onómatos onomazoménou
 Talvez alguma categoria de seres celestiais colocados logo abaixo dos anjos.

V. MINISTÉRIO DOS ANJOS:


Segundo se vê na Bíblia, os anjos tem um papel fundamental em favor dos filhos
de Deus, tanto no cuidado, proteção e auxílio em momentos de dificuldades ou lutas.
GRAHAM (1975, p. 63) testemunha o seguinte:

Como evangelista, amiúde me sinto por demais esgotado para pregar do


púlpito para homens e mulheres que enchem estádios para ouvir uma
mensagem do Senhor. Entretanto, repetidamente minha exaustão desaparece,
e minha força é renovada. Torno-me repleto da força divina, não apenas em
minha alma, mas fisicamente. Em muitas ocasiões Deus se tornou
particularmente real, enviando Seus invisíveis visitantes angélicos para tocar
meu corpo, a fim de permitir-me ser seu mensageiro do céu, como um
moribundo a falar para moribundos.

A. ADORAÇÃO:
 A Deus pela obra criadora, SI 148.2,7: “Louvem-no todos os seus anjos,
louvem-no todos os seus exércitos celestiais. Louvem todos eles o nome do
Senhor, pois ordenou, e eles foram criados”
 A Cristo pelo seu poder, Ap 5.11-13: Então olhei e ouvi a voz de muitos
anjos, milhares de milhares e milhões de milhões. Eles rodeavam o trono,
bem como os seres viventes e os anciãos, 12 e cantavam em alta voz:
“Digno é o Cordeiro que foi morto de receber poder, riqueza, sabedoria,
força, honra, glória e louvor!”. 13 Depois ouvi todas as criaturas existentes
no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e tudo o que neles há, que

23
diziam: “Àquele que está assentado no trono e ao Cordeiro sejam o louvor, a
honra, a glória e o poder, para todo o sempre!” .

B. SERVIR:
 A Deus, SI 103.20,21: “Bendigam o Senhor, vocês, seus anjos poderosos,
que obedecem à sua palavra. Bendigam o Senhor todos os seus exércitos,
vocês, seus servos, que cumprem a sua vontade.
 A Cristo, Ef 1.20-22; Cl 1.16; 1 Pe 3.22”.
Ef 1.21: muito acima de todo governo e autoridade, poder e domínio, e de todo nome
que se possa mencionar, não apenas nesta era, mas também na que há de vir.
Cl 1.16: pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as
invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram
criadas por ele e para ele.
1 Pe 3.22: que subiu aos céus e está à direita de Deus; a ele estão sujeitos anjos,
autoridades e poderes.

C. MINISTRADORES DE JUÍZO:
 Contra Sodoma, Gn 19.12-13, 24-25;
 Contra os primogênitos egípcios, Ex 12.29:
 Contra Davi, 2 Sm 24.15-16: 15 Então o SENHOR enviou uma praga sobre
Israel, desde aquela manhã até a hora que tinha determinado. E morreram
setenta mil homens do povo, de Dã a Berseba. 16 Quando o anjo estendeu a
mão para destruir Jerusalém, o SENHOR arrependeu-se de trazer essa
catástrofe, e disse ao anjo destruidor: “Pare! Já basta!” Naquele momento o
anjo do SENHOR estava perto da eira de Araúna, o jebuseu.
 Contra os assírios, 2 Rs 19.35: Naquela noite o anjo do SENHOR saiu e
matou cento e oitenta e cinco mil homens no acampamento assírio. Quando
o povo se levantou na manhã seguinte, o lugar estava repleto de cadáveres!.
 Contra Nabucodonosor, Dn 4.13,17,23,31,32;
Dn 4.13,17,23,31-32: 13 Nas visões que tive deitado em minha cama, olhei
e vi diante de mim uma sentinela, um anjo que descia do céu. 17 A decisão é
anunciada por sentinelas, os anjos declaram o veredicto, para que todos os
que vivem saibam que o Altíssimo domina sobre os reinos dos homens e os
dá a quem quer, e põe no poder o mais simples dos homens. 23 E tu, ó rei,
viste também uma sentinela, o anjo que descia do céu e dizia: ‘Derrubem a
árvore e destruam-na, mas deixem o toco e as suas raízes, presos com ferro e
bronze; fique ele no chão, em meio à relva do campo. Ele será molhado com
o orvalho do céu e viverá com os animais selvagens, até que se passem sete
tempos’. 31 As palavras ainda estavam nos seus lábios quando veio do céu
uma voz que disse: “É isto que está decretado quanto a você, rei
Nabucodonosor: Sua autoridade real lhe foi tirada. 32 Você será expulso do
meio dos homens, viverá com os animais selvagens e comerá capim como
os bois. Passarão sete tempos até que admita que o Altíssimo domina sobre
os reinos dos homens e os dá a quem quer”.

24
 Contra Herodes Agripa, At 12.21-23: 21 No dia marcado, Herodes, vestindo
seus trajes reais, sentou-se em seu trono e fez um discurso ao povo. 22 Eles
começaram a gritar: “É voz de deus, e não de homem”. 23 Visto que
Herodes não glorificou a Deus, imediatamente um anjo do Senhor o feriu; e
ele morreu comido por vermes.

D. MINISTRADORES A FAVOR DOS SALVOS, Hb 1.13-14:

1. Confortam os salvos:
 Jesus no deserto, Mt 4.11: Então o Diabo o deixou, e anjos vieram e o
serviram.
 Jesus no Getsemani, Lc 22.43: Apareceu-lhe então um anjo do céu que o
fortalecia.
 Paulo na viagem Roma, At 27.23,24: “Pois ontem à noite apareceu-me um
anjo do Deus a quem pertenço e a quem adoro, dizendo-me: Paulo, não
tenha medo. É preciso que você compareça perante César; Deus, por sua
graça, deu-lhe a vida de todos os que estão navegando com você”.

2. Guarda e preservação dos salvos


SI 34.7: O anjo do Senhor é sentinela ao redor daqueles que o temem, e os livra.
SI 91.11,12: Porque a seus anjos ele dará ordens a seu respeito, para que o protejam em
todos os seus caminhos; com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em
alguma pedra.
 Guarda de crianças Mt 18.10;
 Livraram Ló, Gn 19.10-11;
 Livraram Agar e lsmael, Gn 21.17-18;
 Livraram Elias, 1 Rs 19.5-7;
 Livraram Eliseu, 2 Rs 6.17;
 Livraram Daniel na cova dos leões, Dn 6.21-22
 Livraram Pedro da prisão, At 12.6-8,15 e outros.

3. Orientação:
 Orientaram José a receber Maria, Mt 1.20-24;
 Orientaram José a fugir para o Egito, Mt 2.13-15;
 Orientaram Felipe a ir em direção a Gaza, At 8.26.

4. Mensageiros de boas novas, Lc 15.10:


 Anunciaram o nascimento de Sansão, Jz 13.2-3;
 Anunciaram o nascimento de João Batista, Lc I . 11-13;
 Anunciaram o nascimento de Jesus, Lc 1.30-31; 2.10-11;
 Anunciaram a ressurreição de Cristo, Lc 24.5-6;
 Anunciaram o retomo de Cristo, At 1.11;

25
 Dirigiram Pedro e João a pregar o evangelho após livrá-los da prisão, At
5.19-20;
 Dirigiram Cornélio a buscar Pedro para lhe anunciar o evangelho, At 10.3-7.

5. Conduzem os mortos para o paraíso, Lc 16.22.

6. Ajuntarão os escolhidos no final dos tempos, Mt 13.39; 24.31.

E. COMO CONSEGUIR A MINISTRAÇÃO DOS ANJOS:

1. Os anjos estão em constante guerra espiritual contra as hostes malignas, lutando


a favor dos santos, Dn 10.12-13,20; Jd 9; Ap 12.7-9; 20.1-3;
2. Conseguimos a ministração dos anjos em nosso favor através da oração:
Dn 10.11-13: 11 E ele disse: “Daniel, você é muito amado. Preste bem atenção
ao que vou lhe falar; levante-se, pois eu fui enviado a você”. Quando ele me
disse isso, pus-me em pé, tremendo. 12 E ele prosseguiu: “Não tenha medo,
Daniel. Desde o primeiro dia em que você decidiu buscar entendimento e
humilhar-se diante do seu Deus, suas palavras foram ouvidas, e eu vim em
resposta a elas. 13 Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu durante vinte e
um dias. Então Miguel, um dos príncipes supremos, veio em minha ajuda, pois
eu fui impedido de continuar ali com os reis da Pérsia.
Mt 26.53: Você acha que eu não posso pedir a meu Pai, e ele não colocaria
imediatamente à minha disposição mais de doze legiões de anjos?
At 12.5-7: 5 Pedro, então, ficou detido na prisão, mas a igreja orava
intensamente a Deus por ele. 6 Na noite anterior ao dia em que Herodes iria
submetê-lo a julgamento, Pedro estava dormindo entre dois soldados, preso com
duas algemas, e sentinelas montavam guarda à entrada do cárcere. 7
Repentinamente apareceu um anjo do Senhor, e uma luz brilhou na cela. Ele
tocou no lado de Pedro e o acordou. “Depressa, levante-se!”, disse ele. Então as
algemas caíram dos punhos de Pedro.

3. Os anjos recolhem as nossas orações, como incenso, e as apresentam perante


Deus, Sl 142.2; Ap 5.8; 8.3-4.

26
DEMÔNIOS

Do grego daímõn (δαιµόν) ou daimónion (δαιμόνιον), quer dizer divindade


(deus) pequeno e mal.

Definição: São anjos maus que pecaram contra Deus e hoje continuamente
praticam o mal no mundo.

Os anjos, bons e maus7

“A Bíblia fala não somente de anjos santos, Mc 8.38; Lc 9.26, e de anjos ímpios,
que não conservaram o seu estado original, 2 Pe 2.4; Jd 6; mas também faz explícita
menção de anjos eleitos, 1 Tm 5.21, implicando com isso que também há anjos não
eleitos.Surge naturalmente a questão: Como podemos conceber a predestinação dos
anjos? Para alguns, significa simplesmente que Deus determinou de modo geral que os
anjos que permanecessem santos seriam confirmados num estado de bem-aventurança,
ao passo que os demais estariam perdidos. Mas isto de modo nenhum se harmoniza
com a ideia bíblica de predestinação. Esta na verdade significa que Deus, por razões
para Ele suficientes, decretou dar a um certo número de anjos, em acréscimo à graça de
que foram dotados pela criação e que incluía grande capacidade para permanecerem
santos, a graça especial da perseverança; e privar desta os demais. Há pontos de
diferença entre predestinação dos homens e a dos anjos: (1) Enquanto se pode pensar
na predestinação dos homens como infralapsária, a dos anjos só pode ser entendida
como supralapsária. Deus não escolheu certo número de anjos dentre uma multidão de
anjos decaídos. (2) Os anjos não foram eleitos ou predestinados em Cristo como
Mediador, mas, sim, como Chefe, isto é, para estarem em relação ministerial (de
serviço) com Ele”. (L. Berkhof).

Com relação aos demônios, ou seja, os anjos maus, a Escritura pouco relata a
respeito de como se tornaram maus, como também sua origem. No Antigo Testamento
existem referências sobre os demônios em Lv 17.7; 2 Cr 11.15 sob os nomes no
hebraico de sã’ir (‫ = ששעָׂעיִר‬bodes) ou em Dt 32.17; Sl 106.37 o termo shedh ( ‫) ש הֹשהד‬,
significando ambas por cabeludo ou sátiro.8

“Nessas passagens há o pensamento que as deidades que foram


ocasionalmente servidas por Israel não são verdadeiros deuses,
mas em realidade eram demônios (Cf 1 Co 10.19 e Seg.). Contudo
o assunto não se reveste de grande interesse no Antigo
Testamento, enquanto que as passagens relevantes são poucas”.9

No Novo Testamento o termo grego usado é daimónion, o que seria um


diminutivo de daimon. No Novo Testamento essa expressão sempre se refere aos seres
7
7 BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Campinas: Luz Para o Caminho, 1990, p. 105.
8
Sátiro. [Do gr. Sátyros, pelo lat. Satyru.] Substantivo masculino. 1.Semideus lúbrico habitante das florestas, e que,
segundo os pagãos, tinha chifres curtos e pés e pernas de bode; egipã. 2.Fig. Homem devasso, luxurioso, libidinoso.
9
DOUGLAS, J.D: O Novo Dicionário da Bíblia. p.81,82.
27
espirituais que são hostis a Deus e aos homens, estes anjos maus estão sob o comando
de Belzebu, também conhecido por Satanás o acusador.
Suas atividades estão ligadas a todas formas de tentação e engano, como também a
infligir doenças como vemos em (Mc 9.17,25; Mt 12.22; At 8.7), contudo uma das
funções mais destacadas desses seres é a de impedir o progresso espiritual do povo de
Deus (Ef 6.12).

I. ORIGEM DOS DEMÔNIOS:


Quando Deus criou o mundo, “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito
bom” (Gn 1.31). Isso significa que o mundo angélico que Deus criara não tinha anjos
maus ou demônios naquele momento. Mas já em Gênesis 3, vemos que Satanás, na
forma de uma serpente (ָ‫ נמֻּמֻּחש‬- nāhāsh), tentava Eva ao pecado (Gn 3.1-50). Portanto,
em algum momento entre os eventos de Gn 1.31 e Gn 3.1 deve ter havido uma rebelião
no mundo angélico, no qual muitos anjos se voltaram contra Deus e se tornaram maus.

A. ALMAS DE HOMENS MAUS JÁ MORTOS:

 Segundo a filosofia grega pagã e seitas espíritas atuais;


 Não tem apoio bíblico.

B. ESPÍRITOS DESENCARNADOS DE UMA RAÇA PRÉ-ADÂMICA:

 A Bíblia não é enfática nesse ponto.

C. SÃO OS GIGANTES (NEPHILINS) RESULTANTES DO CRUZAMENTO


ENTRE ANJOS REBELDES E MULHERES, Gn 6.1-4:

 Caio Fábio afirma: A expressão “filhos de Deus” (Elohim) que aqui aparece (Jó
1.6 - ‫ )אאלֱפָההָּיִֽם‬é a mesma encontrada em Gn 6.2, tratando-se, portanto, de seres
celestiais e não da descendência de Sete, filho de Adão, como, inconsciente e
arbitrariamente, a maioria dos comentaristas da Bíblia, de Santo Agostinho em
diante, tenta nos fazer crer.10

 Se esse ponto de vista for verdadeiro explica a origem de apenas alguns


demônios e não daqueles que seguiram a satanás na sua revolta contra Deus,
muito antes da criação da humanidade, Ap 12.3-4.

 É improvável que Gênesis 6.2-4 se refira à queda de demônios. Nesses


versículos, lemos: “... vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram
formosas, tomaram para si mulheres, as que, entre todas as filhas dos homens
eram formosas, tomaram para si mulheres, as que, entre todas, mais lhes
agradaram. [...] Ora, naquele tempo havia gigantes na terra; e também depois,
quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens, as quais lhes deram
filhos”. Embora alguns considerem que os “filhos de Deus” nessa passagem
10
FILHO, Caio Fábio D’Araújo. O ENIGMA DA GRAÇA. São Paulo: Ed. FONTE EDITORIAL LTDA, 2002, p.35.
28
sejam anjos que pecaram casando-se com mulheres humanas, não se trata de
uma interpretação provável, pelas seguintes razões:
 Os anjos são seres imateriais e, segundo Jesus, não se casam (Mt 22.30), fatos
que lançam dúvidas sobre a ideia de que os “filhos de Deus” eram anjos que
tomaram por esposas mulheres humanas. Além do mais, não há nada no
próprio contexto de Gênesis 6 que indique que os “filhos de Deus” devem ser
interpretados como anjos (isso diferencia a passagem de Jó 1-2, por exemplo,
onde o contexto de um conselho celeste deixa claro ao leitor que o trecho se
refere a anjos). É bem mais provável que a expressão “filhos de Deus” aqui
(como em Dt 14.1 ִֽ‫ אאלֱפָההָּיִֽם לַב ש בני‬- ben helohim) se refira a pessoas pertencentes a
Deus e que, como Deus, andam na justiça (repare que Gênesis 4.26, como
introdução a Gn 5, assinala o início da linhagem de Sete, ao mesmo tempo em
que “se começou a invocar o nome do Senhor”). De fato, em Gn 5.3 enfatiza-
se que a filiação inclui a semelhança do pai. Além disso, o texto do capítulo 5
apresenta a descendência de Deus, por Adão e Sete, até muitos “filhos”. O
propósito mais amplo da narrativa é aparentemente traçar os desenvolvimentos
paralelos da piedosa (em última análise, messiânica) linhagem de Sete e dos
ímpios descendentes do restante da humanidade. Portanto, “filhos de Deus” em
Gênesis 6.2 são homens justos na imitação do caráter do seu Pai celeste, e as
“filhas dos homens” são as mulheres ímpias que eles desposaram ”11. A
palavra Elohim é usada também em Sl 82.6 e ali a referência é relacionada aos
homens.
 Quem são os filhos de Deus em Gn 6?
Neste período já existiam gigantes na terra. Não foi a união entre os filhos de
Deus e as filhas dos homens quem geraram estes gigantes, eles já existiam!
Depois, continuaram a existir (1Sm 17.4).
Em Gn 6.4, diz que haviam naquela época, gigantes na terra; e também depois,
quando os filhos de Deus [ִֽ‫ אאלֱפָההָּיִֽם לַב ש בני‬- ben helohim] entraram as filhas dos
homens e delas geraram filhos; estes eram “os valentes” que haviam na
antiguidade, os homens de fama. Valentes, e não gigantes! Outra coisa
importante é que gigantes não são resultado de união entre anjos e mulheres,
claro que não! Na bíblia há gigantes como Golias, os filhos de enaque entre
outros (1Sm 17.4, Nm 13.33).
 A palavra Elohim. Palavra: ELOHIM Segundo a definição do respeitado
Brown Driver Briggs - Léxico Hebraico - Inglês: Governantes, juízes, quer
como representantes divinos em lugares sagrados ou como refletindo majestade
divina e poder. Divinos, seres humanos poderosos, incluindo Deus e anjos.
O Sl 82.1 se refere a Juízes humanos e os chama de “deuses”. Lemos que o
Deus Todo Poderoso “preside na grande assembléia e julga entre os deuses…”.
Salmo 82.6 prossegue na mesma linha…
“Vós sois deuses e todos vós sois filhos do Altíssimo”. A ideia de “deuses”
para Elohim é negada pelo critério linguístico quando essa palavra se refere ao
Deus de Israel, pois aparece mais de 2.000 vezes e somente em quatro delas o
termo que acompanha está também no plural. Todas as outras milhares de vezes
11
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida Nova, 1999, p. 336.
29
os verbos, os pronomes e os adjetivos estão no singular. Inclusive em Gn 1.1 ‫מֻּבמֻּרא‬
‫ אאלֱההָּיִֽם‬Bereshit bará Elohim). “Bará” (‫ )מֻּבמֻּרא‬é o verbo CRIAR e está na 3ª pessoa
do singular, CRIOU. A palavra elohim também foi usada para referir-se aos
anjos Sl. 8.5 ARA (cf Hb.2.7), e para referir-se a homens, Sl 82.1,6. O próprio
Moisés recebeu de Deus a identidade de Elohim para atuar no Egito. Êx 4.16;
7.1.
Êx 4.16: ‫הֹהתלַהָּיְיִֽהָּ־ללו ש הֹלאלֱהֹההָּיִֽם׃‬
Êx 4.16: LELOHYM: LO TIHËYEH
Êx 4.16: Serás para ele como Deus
Êx 7.1: ENTÃO disse o SENHOR a Moisés: Eis que te tenho posto por Deus sobre Faraó, e
Aarão, teu irmão, será o teu profeta.
‫אאלֱההָּיִֽם‬ ‫נלַאתּהתיִֽך‬ ָּ‫לַרשאה‬
ELOHYM (Deus) NËTATYKHA (Estabelecido) RËEH (posto)
Elohim [‫]אאלֱההָּיִֽם‬. Este é o primeiro nome de Deus encontrado nas Escrituras
(Gênesis 1.1), e aqui o nome encontra-se em sua forma plural, mas o verbo continua no
singular, indicando a pluralidade das pessoas na unidade do Ser. Este nome denota a
grandeza e o poder de Deus. Este nome encontra-se somente no relato da criação
(Gênesis 1.1-2.4); é o Seu nome de criação. Elohím é sempre traduzido no português,
como Deus em nossa Bíblia. De acordo com a opinião mais ponderada entre os
estudiosos, esta palavra é derivada duma raiz na língua árabe que significa “adorar”.
Esta opinião é fortalecida quando observamos que a mesma palavra é usada
inapropriadamente para anjos, dos homens, e falsas divindades. No Salmo 8.5 a
palavra anjos é Elohím no texto original, e vemos que certas vezes os anjos são
impropriamente louvados. No Salmo 82.1,6 Elohim é traduzido deuses, e é usado para
homens. Em Jeremias 10.10-12 temos o verdadeiro Deus (Elohim) contrastado com os
“deuses” (Elohim) que não fizeram os céus nem a terra, implicando assim que
ninguém, não ser Deus, é objeto próprio de adoração.
Gênesis 1.1: 
Salmo 8.5: Contudo, pouco abaixo de Deus [Elorrim] o fizeste; de glória e de
honra o coroaste.
Salmo 82.1,6: Deus [Elorrim] está na assembleia divina; julga no meio dos
deuses [Elorrim]. Eu disse: Vós sois deuses [Elohais], e filhos do Altíssimo, todos vós.
Jeremias 10.10-12: 10 Mas o SENHOR [IAVÉ] é o verdadeiro Deus [Elohim];
ele é o Deus [Elohim] vivo e o Rei eterno, ao seu furor estremece a terra, e as nações
não podem suportar a sua indignação. 11 Assim lhes direis: Os deuses [elohim -
elohais] que não fizeram os céus e a terra, esses perecerão da terra e de debaixo dos
céus. 12 Ele fez a terra pelo seu poder; ele estabeleceu o mundo por sua sabedoria e
com a sua inteligência estendeu os céus.

D. SÃO SERES CELESTIAIS CAÍDOS, Ap 12.3,4:

 A Bíblia fala em anjos bons e em anjos maus, embora ressalte que todos os
anjos foram originalmente criados bons e santos (Gn 1.31). Tendo livre
arbítrio, numerosos anjos participaram da rebelião de Satanás (Ez 28.12-17;

30
2 Pe 2.4; Jd 6; Ap 12.9) e abandonaram o seu estado original de graça como
servos de Deus, e assim perderam o direito à sua posição celestial. Os anjos
maus são os não-eleitos.
 Que inclui o próprio satanás (um querubim), os anjos caídos e os nomes que
se nomeia (qualquer outra criatura que se possa referir). Satanás na sua
rebelião contra Deus arrastou consigo uma grande multidão de anjos das
ordens inferiores (Ap 12.4) que talvez possam ser identificados (após a sua
queda) com os “principados”, “potestades”, “dominadores deste mundo
tenebroso” e “forças espirituais do mal”, conforme escreveu o apóstolo São
Paulo no capítulo 6 de sua epistola aos Efésios. Satanás e muitos desses
anjos inferiores decaídos foram banidos para a terra e a sua atmosfera
circulante, onde operam limitados segundo a vontade de Deus; Hoje, parte
deles se acha presa em algemas eternas (2 Pedro 2.4; Jd 6), aguardando o
juízo do grande dia, enquanto que a outra parte habita as regiões
celestes (Ef 6.12), e agem revelando constantemente sua inimizade
contra Deus (Ap 12.7), e procuram a destruição do homem, causam-lhes
males na alma (Jo 13.27; At 5.3; Ef 2.2,3), no corpo (Lc 13.11-16) e em
suas possessões terrenas (Jó 1.12; Mt 8.3I,32). A Bíblia que todos eles serão
julgados (2Pe 2.4; Jd 6), e lançados no lago de fogo juntamente com Satanás
(Mt 25.41; Ap 20.10,14), de onde jamais sairão.
 Nota - lendo Apocalipse 9, podemos ver que esses anjos e espíritos maus que
estão no Poço do abismo no Hades-Sheol, presos em algemas eternas, terão
uma permissão breve para saírem do abismo e somarem esforços com
Satanás na terra no período da Grande Tribulação. Eles terão a forma
estranha de gafanhotos. São uma espécie de querubins do abismo, em todos
os sentidos contrários aos seres vivos que estão diante do trono, no céu.
 Item B acima também pode ser incluído aqui se considerarmos essa raça pré-
adâmica como sendo seres celestiais antigos e não homens como entendemos
hoje;

31
II. HIERARQUIA MALIGNA E ÁREAS ESPECÍFICAS DE
ATUAÇÃO:
Entre os demônios existe uma “hierarquia”, que decorre do fato de, sendo anjos,
uns terem a natureza mais perfeita do que outros. Por isso se diz que Satanás é o
príncipe, o chefe dos demônios.
Não que exista entre eles uma submissão por amor ou respeito, como na
verdadeira hierarquia; os demônios se odeiam mutuamente e só se unem
circunstancialmente para atormentar os homens. É o mesmo que — explica São Tomás
— se dá entre os homens maus: eles formam quadrilhas e se submetem a um chefe,
apenas como meio de melhor cometerem seus roubos ou homicídios contra os homens
honestos (Suma Teológica, 1,Q. 109, A.1-2).

A. REFLETE A HIERARQUIA DOS ANJOS CELESTIAIS, Ef 6.11-12:

1. Os seres demoníacos existem em grande número, Mc 5.9; Lc 8.30:


Assim como os anjos bons existem em grande número, Jó 25.3;
 A terça parte acompanhou a satanás na sua revolta contra Deus, Ap 12.3,4;
 Portanto os anjos malignos são incontáveis.

2. São espíritos imundos, Mc 5.2,9; 7.25; Lc 8.27:


 Não são dotados de corpos físicos e por isso muitas vezes incorporam-se a fim de
se relacionar com o mundo, Lc 8.26-33;
 São espíritos imorais por excelência, Lc 8,27; 1 Co 7.5.

B. ÁREAS ESPECÍFICAS DE ATUAÇÃO:


Podemos aceitar facilmente que existe um mundo paralelo de anjos caídos e que
há, também, uma hierarquia entre eles. Aparentemente é a esta hierarquia que o
apóstolo Paulo se refere nos textos a seguir:
Ef 1.21: muito acima de todo governo - principado (ἀρχῆς) e autoridade (ἐξουσίας),
poder (δυνάµεως) e domínio (κυριότητος), e de todo nome que se possa mencionar
(ὀνόµατος ὀνοµαζοµένου) , não apenas nesta era, mas também na que há de vir.
Ef 3.10: A intenção dessa graça era que agora, mediante a igreja, a multiforme
sabedoria de Deus se tornasse conhecida dos poderes - principados (ἀρχαῖς) e
autoridades - potestades (ἐξουσίας) nas regiões celestiais.
Ef 6.12: pois a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os poderes (ἀρχάς) e
autoridades (ἐξουσίας), contra os dominadores deste mundo (κοσµοκράτορας) de
trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais.
Cl 1.16: pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as
invisíveis, sejam tronos (θρόνοι) ou soberanias (κυριότητες), poderes – principados
(ἀρχαί) ou autoridades (ἐξουσίαι); todas as coisas foram criadas por ele e para ele.
Cl 2.10: e, por estarem nele, que é o Cabeça de todo poder (ἀρχῆς) e autoridade
(ἐξουσίας), vocês receberam a plenitude.
1 Pe 3.22: que subiu aos céus e está à direita de Deus; a ele estão sujeitos anjos
(ἀγγέλων), autoridades (ἐξουσιῶν) e poderes (δυνάµεων).

32
Deus dividiu as regiões geográficas conforme as divisões celestiais:
Dt 32.8 (BJ): Quando o Altíssimo repartia as nações, quando espalhava os filhos
de Adão fixou fronteiras para os povos conforme o número dos anjos de Deus
(ἀγγέλων θεοῦ). Esta versão em português segue o texto grego da Septuaginta. No
rodapé, a Bíblia Jerusalém anota: “Os filhos de Deus são os anjos (Jó 1.6), membros da
corte celeste; aqui são os anjos que guardam as nações.
Jó 1.6: Καὶ ὡς ἐγένετο ἡ ἡµέρας αὕτη, καὶ ἰδοὺ ἦλθον οἱ ἄγγελοι τοῦ θεοῦ
παραστῆναι ἐνώπιον τοῦ κυρίου, καὶ ὁ διάβολος ἦλθεν µετ’ αὐτῶν.
Jó 1.6: Certo dia os anjos (οἱ ἄγγελοι τοῦ θεοῦ) vieram apresentar-se ao
SENHOR, e Satanás também veio com eles.
Jó 1.6: Ora, chegado o dia em que os filhos de Deus (‫ )לַב ש בניִֽ מֻּהָּאאלֱפָההָּיִֽם‬vieram
apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles.
F. F. Bruce comenta este texto (Dt 32.8): “A administração das diversas nações
foi distribuída entre o número correspondente de poderes angelicais. Em diversos
textos, alguns desses governadores angelicais são descritos como potestades e
principados inimigos – governadores do reino das trevas”. O mesmo autor diz ainda
que o que estava implícito em deuteronômio torna-se explícito em Daniel 10, onde
aparecem três príncipes; dois deles inimigos - os da Pérsia e da Grécia – e um amigo,
Miguel, um dos anjos chefes.
1. TRONOS - θρόνοι do singular θρόνος.
O trono é a instituição do poder num estado, cidade ou corpo econômico. Nos dias
de Paulo, trono era literalmente um assento de autoridade sobre um estrado
elevado, simbolizando a “instituição” da autoridade. Quem ocupa o Trono da terra
é Satanás.
2. Principados ou príncipes (ἀρχαῖς - ἀρχή). Dn 10.12-13, 20. Principado é a
tradução da palavra archon - ἄρχων (singular de archas - ἀρχάς), e significa “aquele
que foi instituído de autoridade”. Tomando como exemplo um cargo político, no
caso da autoridade máxima sobre uma cidade o archon equivale ao cargo de
prefeito; de um estado, ao de governador; de país, ao de presidente. Robert C.
Linthicum ajuda-nos a entender melhor esse conceito quando diz que: “principado
ou príncipe é a pessoa que, num momento específico ocupa o trono. Pode ser o
prefeito de uma cidade, o presidente de um país, o diretor do conselho de uma
instituição econômica. O “príncipe”, ou a autoridade de cada situação específica
pode, e irá mudar, mas o trono, continuará pelo tempo que essa instituição
permanecer. Devem existir principados em continentes, países, estados e cidades
ocupando seus tronos respectivamente.
 Atuam diretamente nas regiões celestiais:;
 Estão diretamente associados às grandes nações e impérios poderosos sobre a
terra;
 Atuam nos governos humanos;
 Dirigem as atividades econômicas das nações;
 Dirigem as manifestações culturais e folclóricas dos povos, inclusive a música;
 Doutrinam o pensamento geral dos povos, valendo-se para isso meios de
comunicações;
33
 Seu objetivo maior é oprimir e sujeitar regiões inteiras ao poder de satanás;
 Usam povos já dominados por eles para dominarem outros povos menores,
sujeitando-os igualmente ao poder se satanás;
 Tentam resistir ao avanço do povo de Deus;
 Procuram impedir suas orações de chegar aos céus;
 Procuram barrar os anjos de Deus para não trazer respostas aos santos;
 Em Jd 6 e 2 Pe 2.4,5, lemos a respeito de anjos principados em prisão no
Tartaroo. Como não guardaram o seu principado e domicílio permanecerão no
tartaroo até o dia do juízo;
 Esses anjos sofrem tal juízo devido ao pecado cometido nos dias de Noé,
anteriores ao dilúvio.

3. Potestades ou autoridades (ἐξουσίαις - Exousias). “Referem-se aos cargos ou


funções de autoridades, não aos titulares dos mesmos. Usando o exemplo anterior,
seriam: Prefeitura, Governo, Presidência. Exousias, portanto pode referir-se aos
agrupamentos demoníacos que compõem esses cargos” (Neuza Itioka). Mas na
opinião do autor desta apostila pode também cada classe desta hierarquia referir-se
a uma hierarquia angelical; sendo tronos uma classe de demônios, autoridades outra
classe e assim sucessivamente.
 Também atuam nas regiões celestes;
 Estão sujeitos aos principados e igualmente seu objetivo é conduzir os povos ao
poder de satanás;
 Estão associados aos governos das nações menores e em regiões menores dentro
das grandes nações e impérios;
 Atuam no governo, economia, cultura e principalmente no modo de pensar dos
povos;
 Parece que sua função principal é fomentar guerras, divisões e desentendimentos
entre os povos;
 Talvez sejam os principais responsáveis pelas religiões, seitas, heresias e
doutrinas de demônios, 1 Tm 4.1-3.

4. Poderes (δυνάµεως - DYNAMEWS) e forças espirituais da maldade nas regiões


celestiais (κοσµοκράτορας - KOSMOKRATORAS). Kosmokratoras significa
“forças espirituais que se manifestam no mundo religioso”, no reino espiritual das
trevas, em oposição ao Reino da luz (Neuza Itioka). De acordo com Arnold Clilton,
significa uma autoridade espiritual sobre a cidade. Ele toma Éfeso, como exemplo,
o κοσµοκράτωρ – Kosmokrátôr local é a Grande Diana de Éfeso. Cristo está
exaltado nas regiões celestiais (ef 1.20); a sabedoria está sendo dada a conhecer aos
principados e potestades (anjos) nos lugares celestiais (Ef 3.10); a nossa batalha
espiritual contra as forças do mal é nas regiões celestiais (6.12).
 Igualmente atuam nas regiões celestiais, porém no céu atmosférico, logo acima
das nossas cabeças;
 Estão sujeitos às potestades e igualmente seu objetivo é conduzir as pessoas ao
poder de satanás;

34
 Estão associados aos governos de regiões geográficas menores;
 Parece que sua função principal é fomentar o banditismo, homicídio e outras
formas de pecados;
 Usam pessoas ímpias para afrontar os salvos, 2 Rs 6.13-16.
5. Soberanias (κυριότητες – Kurióntêtes que vem do singular κυριότης) Cl 1.16.
 Ao contrário dos demais, atuam especificamente na terra;
 Estão limitados a pequenas regiões geográficas, Mc 5.10;
 São os demônios propriamente dito;
 Causam possessão, opressão e influências malignas, Mc 5.1-13;
 Temem ser aprisionados no abismo (uma das divisões do hades), Lc 8.31;
 Em Ap 9.1-12, lemos sobre a casta de demônios aprisionados no abismo de
onde sairão por apenas cinco meses durante a grande tribulação para
atormentar as pessoas que recebem o sinal da besta.

6. Forças espirituais da maldade nas regiões celestiais, Ef 6.12


τὰ πνευµατικὰ τῆς πονηρίας ἐν τοῖς ἐπουρανίοις.
Os espíritos da maldade nas regiões espirituais.
 Igualmente atuam nas regiões celestiais, porém no céu atmosférico, logo acima
das nossas cabeças;
 Estão sujeitos às soberanias às potestades e igualmente seu objetivo é conduzir
as pessoas ao poder de satanás;
 Estão associados aos governos de regiões geográficas menores;
 Parece que sua função principal é fomentar o banditismo, homicídio e outras
formas de pecados;
 Usam pessoas ímpias para afrontar os salvos, 2 Rs 6.13-16.

7. Nomes que se nomeia ou qualquer outra criatura, Ef 1.21 : ὀνόµατος ὀνοµαζοµένου


- Onómatos onomazoménou.
 Alguma outra criatura espiritual maligna talvez não possa ser enquadrada em
alguma das anteriores;
 igualmente como os demais, procuram afastar as pessoas, cada vez mais, de
Deus.

C. CUMPREM A VONTADE DE SATANÁS, Mt 12.24-26; Ef 2.2; Ap 12.7:


Poder dos demônios sobre o homem. Em relação ao homem, os demônios só
podem operar de modo direto e imediato sobre aquilo que nele é matéria, ou está
e necessária dependência dela; podem agir nas funções da vida vegetativa, enquanto
ligadas à matéria, e sobre a vida sensitiva, porque esta depende de órgãos
corporais. No que se refere às funções próprias da vida intelectiva, os
demônios só podem chegar a elas indireta e mediatamente, quer dizer, atuando sobre
a parte corpórea e sobre a vida sensitiva, das quais a alma deve servir-se para
desenvolver suas atividades espirituais. Em outros termos, os demônios podem agir
diretamente sobre a parte corpórea do homem, mas apenas indiretamente sobre sua
inteligência e sua vontade. Conforme ensina São Tomás,(Suma Teológico. 1-2, q. 80, a.
35
1-3.) o entendimento, por inclinação própria só se move quando algo o ilumina em
ordem ao conhecimento da verdade. Ora, os demônios não querem conduzir o
entendimento à verdade, mas, pelo contrário, entenebrecê-lo como meio de levar o
homem ao pecado. Por isso, eles não conseguem mover diretamente a inteligência do
homem, e procuram então influir sobre ela indiretamente, através de sua ação
sobre a imaginação e a sensibilidade. Os demônios não podem tampouco mover
diretamente a vontade humana, pois isto só o próprio homem ou Deus podem fazer;
mesmo que o Maligno, por permissão divina, se assenhoreie do corpo do homem e
entenebreça sua mente — como se dá na possessão — , ele não pode obrigá-lo a pecar,
pois a vontade não participaria dos atos maus assim realizados, os quais seriam em
conseqüência pecados apenas materiais. Para mover a vontade do homem, os
demônios precisam, de algum modo, convencê-lo, persuadi-lo a praticar uma ação
má, ainda que sob a aparência de um bem.
1. Armam ciladas contra os santos, Ef 6.11-12:
 Criam doutrinas de demônios, 1 Tm 4.1-3;
 Opõem-se as orações dos santos, Dn 10.13;
 Usam pessoas ímpias para se oporem aos santos, 2 Rs 6.13-16;
 Tentam impedir que as pessoas ouçam o evangelho, causando-Ihes surdez,
Mc 9.25.
2. Afligem os homens, causando:
 Tormentos, Mt 4.24;
 Loucura, Mt 4.24
 Opressão, 2 Co 12.7;
 Doenças físicas, Mt 9.32-33; Lc 13.11-13;
 Possessão, Mc 9.25;
 Suicídio, Mt 8.32; Mc 5.13.

3. Conduzem os homens a pecar, abusando das inclinações da carne, Ef 2.2,3:


São espíritos imorais por excelência, 1Co 7.5;
4. Regem as nações e todo o sistema mundial, Dn 10.13,20.
5. O mal e o pecado vêm em parte (mas não totalmente) de Satanás e de demônios.

D. CUMPREM A VONTADE DE SATANÁS:


 O destruidor que matou os primogênitos egípcios, Ex 12.23;
 O espírito que atormentava Saul, 1 Sm 16.14;
 O espírito de mentira que enganou o Rei Acabe, 1Rs 22.19-23;
 O espírito na carne de Paulo, 2Co 12.7
 O próprio Anticristo será enviado por Deus terra, 2Ts 2.10 e 11.
E. PODER DOS DEMÔNIOS SOBRE A MATÉRIA.
Já vimos anteriormente como a presença dos anjos em um lugar não se dá fisicamente
(contato físico), pois são seres incorpóreos, e sim por meio de sua atuação
(contato operativo): os anjos estão onde atuam. Em virtude de sua natureza espiritual,
eles podem exercer sua atividade e tanto de fora dos corpos, como no interior
deles, conforme observa São Boaventura: “Os demônios, em razão de sua sutileza e
36
espiritualidade, podem penetrar em qualquer corpo e aí permanecer sem o menor
obstáculo e impedimento”. (In II Sent., Dist. 8, p. 2, a. um., q. 1, apud Mons. C.
BALDUCCI, Gli Indemoniati, p.12.).

F. OS DEMÔNIOS ESTÃO LIMITADOS PELO CONTROLE DE DEUS E


TÊM PODER RESTRITO:
 A história de Jó deixa claro que Satanás só pode fazer o que Deus permite (Jó
1.12; 2.6)
 O poder dos demônios é limitado.

G. A AUTORIDADE DA IGREJA SOBRE OS DEMÔNIOS:


 Aos doze (12): Mt 10.8; Mc 3.15);
 Aos 70 (Lc 10.17);
 À Igreja (At 8.7; 16.18; Tg 4.7; 1Pe 5.8,9):
 O ministério em nome de Jesus na nova Aliança se caracteriza pelo triunfo
sobre os poderes do Diabo (1Jo 3.8; 1Jo 2.14).

G. O MAL E O PECADO VÊM, EM PARTE (MAS NÃO TOTALMENTE),


DE SATANÁS E DOS DEMÔNIOS.
Quando refletimos sobre a ênfase global das epístolas do Novo Testamento,
percebemos que se dá bem pouco espaço discussão da atividade demoníaca na vida dos
crentes, ou aos métodos de resistir e fazer frente a essa atividade. A ênfase está em
exortar os crentes a não pecar, levando uma vida de justiça. Por exemplo, em
1Corintios, diante do problema das “divisões”, Paulo não diz igreja que repreenda o
espírito da divisão, mas os aconselha simplesmente a falar “a mesma coisa” e a
mostrar-se “unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer” (1Co 1.10).
Diante do problema do incesto, ele não diz aos coríntios que repreendam o espírito do
incesto, mas sim que se devem mostrar indignados e exercer a disciplina na igreja até
que o culpado se arrependa (1Co 5.1-5). Diante do problema de os cristãos irem ao
tribunal processar outros crentes, Paulo não lhes ordena que expulsem o espírito
litigante (ou egoísta, ou de disputa), mas os exorta simplesmente a resolver esses casos
dentro da igreja, mostrando-se dispostos a abrir mão dos seus interesses egoístas (1Co
6.1-8). Diante da desordem na Ceia do Senhor, não lhes ordena que expulsem o
espírito da desordem, glutonaria ou egoísmo, mas simplesmente que esperem “uns
pelos outros”, dizendo: “... examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do
pão, e beba do cálice” (1 Co 11.23-28). Podem-se encontrar exemplos semelhantes em
muitas outras passagens das epistolas do Novo Testamento.
Com respeito pregação do evangelho aos descrentes, o modelo preconizado pelo
Novo Testamento sempre o mesmo: embora eventualmente Jesus ou Paulo
expulsassem um espírito demoníaco que provocava obstrução considerável à
proclamação do evangelho em determinada região (ver Mc 5.1-20) [endemoninhado
geraseno]; At 16.16-18 [jovem adivinhadora de Filipos]), não é esse o modelo comum
de ministério que se apresenta, pois a ênfase é simplesmente na pregação do evangelho
(Mt 9.35; Rm 1.18-19; 1Co 1.17-2.5). Mesmo nos exemplos acima, a posição surgiu
no processo da proclamação do evangelho. Em flagrante contraste com a prática
37
daqueles que hoje enfatizam a “batalha espiritual estratégica”, não se vê no Novo
Testamento ninguém que (1) convoque um espírito territorial” ao entrar numa região
para pregar o evangelho (nos dois exemplos acima o demônio estava na pessoa, e o
endemoninhado foi quem iniciou o confronto), (2) exija de demônios informações
sobre a hierarquia demoníaca local, (3) diga que devemos crer ou transmitir
informações oriundas de demônios ou (4) ensine por palavras ou exemplos que
determinadas “fortalezas demoníacas” de uma cidade precisam ser derrubadas para
que se proclame o evangelho com eficácia. Antes, os cristãos simplesmente pregam o
evangelho, que chega com o poder de transformar vidas! (E claro que pode surgir
oposição demoníaca, ou o próprio Deus pode revelar a natureza de determinada
oposição demoníaca, contra a qual os cristãos então devem orar e lutar, segundo 1Co
12.10; 2Co 10.3-6; Ef 6.12).
Portanto, embora o Novo Testamento nitidamente reconheça a influência da
atividade demoníaca no mundo, e até, como veremos, na vida dos crentes, a ênfase
principal concernente à evangelização e ao crescimento cristão recai sobre as decisões
e atitudes tomadas pelas pessoas (ver também Gl 5.16-26; Ef 4.1-6.9; Cl 3.1-4.6). Do
mesmo modo, essa deve ser a ênfase principal dos nossos esforços com vistas a crescer
em santidade e fé, a superar os desejos e os atos pecaminosos que persistem na nossa
vida (cf. Rm 6.1-23) e também a superar as tentações com que nos assalta este mundo
descrente (1Co 10.13). “Precisamos aceitar nossa própria responsabilidade de obedecer
ao Senhor, sem atribuir a culpa das nossas iniqüidades a alguma força demoníaca.
No entanto, várias passagens mostram que os autores do Novo Testamento
estavam sem dúvida nenhuma cientes da presença da influência demoníaca no mundo e
na vida dos próprios cristãos. Escrevendo igreja de Corinto, cidade repleta de templos
dedicados ao culto de ídolos, Paulo disse que “as coisas que eles sacrificam, é a
demônios que as sacrificam e não a Deus” (1Co 10.20), situação encontrada não só em
Corinto, mas também na maioria das outras cidades do antigo mundo mediterrâneo.
Paulo também alertava que, nos últimos tempos, alguns iriam abandonar “a fé por
obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios” (1Tm 4.1), e que isso
levaria a doutrinas que pregam a proibição do casamento e de determinados alimentos
(v.3), coisas criadas por Deus, e portanto “boas” (cf. v. 4). Assim ele entendia que
algumas falsas doutrinas tinham origem demoníaca. Em 2Timóteo, Paulo sugere que
aqueles que se opõem doutrina sã foram feitos cativos pelo Diabo para cumprir a
vontade dele: “Ora, necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve
ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, disciplinando com mansidão os
que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para
conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno sensatez, livrando-se eles
dos laços do Diabo, tendo sido feito cativos por ele para cumprirem a sua vontade”
(2Tm 2.24-26).
Jesus havia também asseverado que os judeus que obstinadamente se opunham a
ele seguiam seu pai, o Diabo: “Vós sois do Diabo, que vosso pai, e quereis satisfazer-
Ihe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade,
porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe próprio,
porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8.44).

38
A afirmação de que os atos hostis dos incrédulos têm influência demoníaca ou às
vezes origem demoníaca se faz mais explícita na primeira epístola de João. Ele faz uma
declaração genérica: “Aquele que pratica o pecado procede do Diabo” (1Jo 3.8), e
complementa: “Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do Diabo: todo
aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu
irmão (1Jo 3.10). Aqui João caracteriza todos aqueles que não procedem de Deus como
filhos do Diabo, sujeitos à sua influência e aos seus desejos. Portanto Caim, por ter
matado Abel, “era do Maligno e assassinou a seu irmão” (1Jo 3.12), ainda que não haja
menção da influência de Satanás no texto de Gênesis (Gn 4.1-16). João também diz:
“Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno” (1Jo 5.19).
Depois, em Apocalipse, Satanás é chamado “sedutor de todo o mundo” (Ap 12.9).
Como já observamos acima, Satanás também chamado “príncipe do mundo” (Jo
14.30), “deus deste século” (2Co 4.4) e o “espírito que agora atua nos filhos da
desobediência” (Ef 2.2).
Combinando todas essas declarações, percebemos que Satanás é tido como fonte
de mentiras, assassínio, logro, falso ensino e do pecado em geral, e então nos parece
razoável concluir que o Novo Testamento quer que acreditemos que existe algum grau
de influência demoníaca em praticamente toda iniqüidade e todo pecado que ocorre
hoje. Nem todo pecado é provocado por Satanás ou pelos demônios, nem é a atividade
demoníaca o principal motivo ou causa do pecado, mas provavelmente a atividade
demoníaca contribui hoje para quase todo pecado e para quase toda atividade
destrutiva que se opõe à obra de Deus no mundo.
Na vida dos cristãos, como já observamos acima, a ênfase do Novo Testamento
não recai sobre a influência dos demônios, mas sobre o pecado que persiste no crente.
Todavia, devemos reconhecer que o pecado (mesmo dos cristãos) de fato dá
sustentação a algum tipo de influência demoníaca na nossa vida. Por isso Paulo disse:
“Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao
Diabo” (Ef 4.26-27). A ira ilegítima aparentemente pode abrir espaço para que o Diabo
(ou os demônios) exerçam algum tipo de influência negativa na nossa vida — quem
sabe nos atacando por intermédio das nossas emoções, ou talvez aumentando a ira
ilegítima que já sentimos contra os outros. Do mesmo modo, Paulo menciona a
“couraça da justiça” (Ef 6.14) como parte da armadura que devemos usar para
enfrentar as “ciladas do Diabo” e para lutar “contra os principados e potestades, contra
as dominações deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões
celestes” (Ef 6.11-12). Se notamos aspectos da nossa vida em que o pecado é crônico,
então certamente há buracos e pontos fracos na nossa “couraça da justiça”, e nesses
aspectos somos vulneráveis aos ataques demoníacos. Por outro lado, Jesus, que era
absolutamente livre do pecado, pode dizer de Satanás: “Ele nada tem em mim” (Jo
14.30). Podemos também reparar o vínculo entre não pecar e não ser tocado pelo
Maligno em 1João 5.18: “Sabemos que todo aquele que nascido de Deus não vive em
pecado; antes, Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca”.
As passagens precedentes sugerem, então, que nos aspectos da vida do cristão
em que se nota a persistência do pecado, a responsabilidade principal desse pecado é
do próprio cristão, pois é ele quem decide persistir nessa conduta errada (ver Rm 6,
esp. vv. 12-16; também Gl 5.16-26). Não obstante, pode haver alguma influência
39
demoníaca contribuindo para essa tendência pecaminosa (e intensificando-a). No caso
de um cristão que há anos vem orando e lutando para superar seu temperamento
irascível, por exemplo, pode haver um espírito de ira como elemento contribuinte dessa
conduta pecaminosa crônica. Um cristão que luta já há algum tempo para superar um
sentimento depressivo pode estar sob ataque de um espírito de depressão ou desânimo,
e esse talvez seja um fator que contribui para a situação global.’ Um crente que vem
lutando contra outras fraquezas, como a relutância em submeter-se autoridade legítima,
ou a falta de autocontrole no comer, ou a preguiça, a aspereza, a inveja, etc., pode levar
em conta a possibilidade de um ataque ou uma influência demoníaca estar contribuindo
para o seu problema e impedindo a sua eficácia em prol das coisas do Senhor.

H. SERÁ QUE UM CRISTÃO PODE SER POSSUÍDO POR DEMÔNIOS?


Possessão demoníaca é uma expressão infeliz que se insinuou em algumas
traduções da Bíblia, mas que na verdade não espelha bem o texto grego. O Novo
Testamento grego fala de gente que “tem demônio” (Mt 11.18; Lc 7.33; 8.27; Jo 7.20;
8.48,49,52; 10.20), ou de gente que sofre de influência demoníaca (gr. daimonizomai),
mas jamais usa linguagem que sugira realmente que um demônio “possui” alguém.
O problema dos termos possessão demoníaca e endemoninhado é que eles
sugerem matizes de influência demoníaca tamanha que parecem implicar que a pessoa
sob ataque demoníaco não tem escolha senão se render a ele. Sugerem que a pessoa já
não é capaz de impor a sua vontade, e que está completamente sob domínio do espírito
maligno. Embora isso talvez realmente se tenha verificado em casos extremos como o
do endemoninhado geraseno (ver Mc 5.1-20; repare que depois que Jesus expulsou as
demônios, ele se achou “em perfeito juízo”, v. 15), certamente não ocorre em muitos
casos de ataque demoníaco ou de conflitos com demônios.
Que diremos então diante da pergunta: “Será que um cristão pode ser possuído
por demônios?”. A resposta depende do significado que se atribui a “possuído”. Como
o termo parece não se basear em nenhuma palavra encontrada no Novo Testamento
grego, as pessoas podem defini-lo de maneiras diversas, sem que haja nítida garantia
de atrelá-la a algum versículo das Escrituras, e por isso é difícil dizer que uma
definição é correta e outra, errada. Prefiro, pelas razões expostas acima, simplesmente
não usar a expressão possuído por demônios em hipótese nenhuma.
Mas se as pessoas explicarem claramente o que querem dizer com “possuído por
demônios”, então pode-se dar uma resposta de acordo com a definição apresentada. Se
“possuído por demônios” significa para elas que a vontade da pessoa está
completamente dominada por um demônio, de modo que tal pessoa já não tem
capacidade de decidir fazer o bem e obedecer a Deus, então a resposta certamente seria
não, pois a Bíblia garante que o pecado não terá domínio sobre nós, já que fomos
ressuscitados com Cristo (Rm 6.14; ver também vv. 4, 11).
Por outro lado, a maior parte dos cristãos concordaria que o crente pode sofrer
graus diversos de ataque ou influência demoníaca (ver Lc 4.2; 2 Co 12.7; Ef 6.12; Tg
4.7; 1 Pe 5.8). Um crente pode vir a se encontrar sob ataque demoníaco de tempos em
tempos, de um modo mais brando ou mais forte. (Repare a “filha de Abraão” que
“Satanás trazia presa há dezoito anos”, tanto que tinha “um espírito de enfermidade” e
andava “encurvada, sem de modo algum poder endireitar-se” [Lc 13.16,11]). Embora
40
os cristãos depois do Pentecostes tenham um poder mais pleno do Espírito Santo
agindo dentro de si, que lhes possibilita o triunfo sobre ataques demoníacos, eles nem
sempre invocam esse poder que é seu por direito, e às vezes nem sequer o conhecem.
Então, que nível de gravidade pode ter a influência demoníaca na vida de um cristão
que, após o Pentecostes, traz em si o Espírito Santo?
Antes de responder a essa pergunta, é importante observar que ela é semelhante
a certa dúvida sobre o pecado: “Até que ponto pode um verdadeiro cristão deixar que
sua vida seja dominada pelo pecado, sendo ainda assim um cristão nascido de novo?”.
É difícil responder a essa pergunta em termos abstratos, pois sabemos que quando os
cristãos não vivem como devem viver, e quando não se beneficiam da comunhão
habitual com outros cristãos nem do estudo e do ensino bíblicos regulares, podem
então recair em graus consideráveis de pecado, sendo ainda assim chamados cristãos
nascidos de novo. Mas a situação é anormal; não é o que deve e pode ser a vida cristã.
Do mesmo modo, se perguntarmos quanta influência demoníaca pode penetrar na vida
de um cristão verdadeiro, é difícil dar uma resposta em termos abstratos. Estamos na
verdade perguntando até que ponto a vida cristã pode tornar-se anormal, especialmente
se a pessoa não conhece nem usa as armas da batalha espiritual disponíveis, se persiste
em alguns tipos de pecado que admitem a entrada da atividade demoníaca, e se está
fora do alcance de qualquer ministério acostumado a fornecer auxílio espiritual contra
ataques demoníacos. Aparentemente, nesses casos, o grau de ataque ou influência
demoníaca na vida cristã poderia ser bastante forte. Não seria correto dizer que não
pode haver tal influência só porque a pessoa é cristã. Portanto, se alguém pergunta:
“Será que um cristão pode ser possuído por demônios?”, querendo na verdade dizer:
“Será que um cristão pode vir a ficar sob forte influência ou ataque de demônios?”,
então a resposta teria de ser positiva, mas com a ressalva de que a palavra possuído é
aqui usada de maneira que pode confundir. Como é impróprio usar a expressão
possuído por demônios em todos os casos, especialmente com referência aos cristãos,
eu preferiria evitá-la totalmente. Parece melhor simplesmente reconhecer que as
pessoas, mesmo cristãs, podem sofrer graus variáveis de ataque ou influência
demoníaca, parando por aqui. Seja como for, o remédio será sempre o mesmo:
repreender o demônio em nome de Jesus e ordenar-lhe que saia.

41
SATANALOGIA
Satanás e os anjos rebeldes

Da maravilhosa realidade dos santos anjos, descemos assim para tenebrosa


realidade dos espíritos infernais, os demônios. Mais ainda do que em relação aos
anjos, os povos pagãos da Antiguidade (como também os primitivos de hoje) tiveram
a percepção dos demônios. A tal ponto, que mentalidades racionalistas do século
passado e deste quiseram ver na concepção bíblica de anjos e demônios uma mera
influência babilônica e grega. Essa apreciação é completamente falsa pois a concepção
bíblica e cristã sobre os anjos está inteiramente imune dos absurdos supersticiosos dos
pagãos. Em relação aos demônios, os povos antigos (babilônios, caldeus ou gregos)
manifestaram uma grande confusão, por não terem conseguido resolver o problema
da origem do mal. Em suas concepções, o bem e o mal se mesclam e se confundem de
tal maneira que tanto os deuses como os gênios perversos mostram-se ambíguos,
representando e praticando, uns e outros, tanto o bem como o mal.
Entre os gregos, o vocábulo daimon designava os deuses e outros seres com
forças divinas, sobretudo os maléficos, dos quais os homens deveriam guardar-se por
meio da magia, da feitiçaria e do esconjuro. A concepção revelada pela Sagrada
Escritura e pela Tradição é bem outra: os demônios não são divindades, mas simples
criaturas, dotadas de uma perfeição natural muitíssimo acima da do homem, porém
infinitamente abaixo da perfeição de Deus, seu criador, acima da do homem, porém
infinitamente abaixo da perfeição de Deus, seu criador.
Se eles são perversos, não é por terem uma natureza essencialmente má, e sim
por prevaricação; feitos bons por Deus, os anjos maus ou demônios se revoltaram e
não quiseram submeter-se Criador, servi-Lo e adorá-Lo como sua condição de
criatura o exigia. Uma vez revoltados, os anjos rebeldes fixaram-se no mal, e passaram
a tentar o homem, procurando arrastá-lo à perdição eterna. Essa atividade demoníaca
— a tentação — os teólogos qualificam de ordinária, por ser a mais freqüente e
também a menos espetacular de suas atuações sobre o homem. Além dessa atividade,
ele pode — com a permissão de Deus — perturbar o homem de um modo mais intenso
mais sensível, provocando-lhe visões, fazendo-o ouvir ruídos e sentir dores; ou, então,
atuando sobre as criaturas inferiores — as planta animais, os elementos atmosféricos
— para desse modo atingir o homem. É a infestação pessoal ou local, atividade menos
freqüente mais visível, chamada por isso extraordinária. Em certos casos extremos,
podem os demônios chegar a possuir o corpo do homem para atormentá-lo. Temos aqui
a possessão, a mais rara manifestação extraordinária do Maligno.

42
SATANÁS

I. COMANDANTE DO EXÉRCITO INIMIGO:

Do hebraico satan (ָ‫שמֻּטן‬


ֻּ‫) מ‬, que significa adversário, inimigo, opositor (Jó 1.6-9,12;
2.1-4,6,7; Zc 3.1-3; 1 Sm 29.4);
 A existência de Satanás. E ensinada, pelo menos, em sete livros do AT, onde
aparece 17 vezes, 1Cr 21.1; Zc 3.2 e outros textos, bem como por todos os
autores do NT, onde aparece 34 vezes, Mt 4.10; Ap 20.7, e outros. O Senhor
Jesus Cristo reconheceu e ensinou a existência de Satanás, Mt 13.39; Lc 10.38;
11.18.
 SEU CHEFE. Satanás aparece na Escritura como o reconhecido chefe dos anjos
decaídos. Ao que parece, ele era originariamente um dos poderosos príncipes do
mundo angélico, e veio a ser o líder dos que se revoltaram contra Deus e caíram.
Ele continua sendo o líder das hostes angelicais que arrastou consigo em sua
queda, e as emprega numa desesperada resistência a Cristo e ao Seu reino. É
também chamado repetidamente “príncipe deste mundo” (não “do mundo” *), Jo
12.31; 14.30; 16.11, e até mesmo “Deus deste século”, 2 Co 4.4. Não significa
que ele detém o controle do mundo, pois Deus é que o detém, e Ele deu toda a
autoridade a Cristo, mas o sentido é que Satanás tem sob controle este mundo
mau, o mundo naquilo em que está separado de Deus. Isso está claramente
indicado em Ef 2.2, onde ele é chamado “príncipe da potestade do ar, do espírito
que agora atua nos filhos da desobediência”. Ele é super-humano, mas não é
divino; tem grande poder, mas não é onipotente; exerce influencia em grande
escala, mas restrita, Mt 12.29; Ap 20.2, e está destinado a ser lançado no abismo,
Ap 20.10. 12

A. PERSONALIDADE DE SATANÁS:

1. Ele possui intelecto, 2 Co 11.3;


2. Ele tem emoções, Ap 12.17;
3. Ele tem vontade, 2 Tm 2.26;
4. Ele tratado como pessoa, moralmente responsável, Mt 25.41;
5. São usados pronomes pessoais para descrevê-lo, Jó 1.

B. NOMES PRÓPRIOS:

1. Satanás (Satan ָ‫שמֻּטן‬


ֻּ‫ מ‬no hebraico significa adversário), 1Cr 21.1. No Velho
Testamento. O nome “Satanás” revela-o como “o Adversário”, não do homem
em primeiro lugar, mas de Deus. Ele investe contra Adão como o coroa da
produção de Deus, forja a destruição, razão pela qual é chamado Apoliom
*
Em Jo 14.30 o texto diz, “o príncipe do mundo” (‘o tou Kosmou’archon), mas o contexto define o sentido restrito com
que foi empregada a palavra do mundo (cf. 14.27). Nota do tradutor.
12
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 2ª ed. Campinas: Luz Para o Caminho, 1992, p. 140.
43
(destruidor), Ap 9.11, e ataca Jesus, quando Ele empreende a obra de
restauração.
2. Diabo, Mt 4.1. (Do grego diabólos [διαβόλος] quer dizer mentiroso,
caluniador) aparece 33 vezes no Novo Testamento. Depois da entrada do
pecado no mundo, ele se tornou Diabolos (Acusador), acusando
continuadamente o povo de Deus, Ap 12.10. Ele é apresentado na Escritura
como o originador do pecado, Gn 3.1,4; Jo 8.44; 2 Co 11.3; 1 Jo 3.8; Ap 12.9;
20.2, 10, e aparece como o reconhecido chefe dos que caíram, Mt 25.41; 9.34;
Ef 2.2.
3. Belzebu, Mt 12.24;
4. Belial, 2 Co 6.15;
5. Abadom, Ap 9.11;
6. Apoliom, Ap 9.11;
7. Dragão (δράκων), Ap 12.3,7,17; 16.13; 20.2. (ָ‫ = )אתנהיִֽן‬tanin;
8. Príncipe deste mundo (Jo 12.31; 14.30; 16.11);
9. Príncipe da potestade do ar (Ef 2.2);
10. Maligno (Mt 13.19; 1Jo 2.13).

C. TÍTULOS:

1. Serpente (ὄφις - ofis; ָ‫ש‬


ָ‫ נמֻּמֻּח ש‬- nāhāsh), Gn 3.1,14; 2 Co 11.3; Ap 12.9; 20.2;
2. Destruidor, Êx 12.23;
3. Passarinheiro, SI 91.3;
4. Estrela da Manhã, Is 14.12 (em hebraico hellel (‫ = שהָּיִֽ ש בלל‬brilhar).
5. Estrela da Manhã, Is 14.12 em grego heōsfóros (ἑωσφόρος), em latim Lúcifer);
6. Filho da alva, Is 14.12;
7. Sinete da perfeição, Ez 28.12;
8. Querubim da guarda, ungido, Ez 28.14,16;
9. Maioral dos demônios, Mt 12.24;
10.Inimigo, Mt 13.28;
11.Pai da mentira, Jo 8.44;
12.Ladrão Jo 10.10;
13.Príncipe deste mundo, Jo 12.31; 14.30;
14.Deus deste século 2 Co 4.4;
15.Belial, 2 Co 6.15;
16.Anjo de Luz, 2 Co 11.14;
17.Príncipe das potestades do ar
18.Espírito que agora atua nos filhos da desobediência Ef 2.2;
19.Tentador, I Ts 3.5;
20.Adversário
21.Leão que ruge, 1Pe 5.8;
22.Maligno, 1Jo 3.12; 5.18-19;
23.Anjo do abismo, Ap 9.11;
24.Sedutor de todo o mundo, Ap 12.9;
25.Acusador dos nossos irmãos Ap 12.10.
44
D. ATRIBUTOS:

1. Astuto (sagaz), Gn 3.1; 2 Co 2.11; 11.3;


2. Ele é um adversário - (1 Pedro 5:8 - Sede sóbrios, vigiai. O vosso
adversário, o diabo, anda em derredor, rugindo como um leão, buscando a
quem possa tragar).
3. Ele é homicida, mentiroso - (João 8.44 - Vós pertenceis ao vosso pai, o
diabo, e quereis executar o desejo dele. Ele foi homicida desde o principio, e
não se firmou na verdade, pois não há verdade nele. Quando ele profere
mentira, fala do que lhe é próprio, pois é mentiroso e pai da mentira).
4. Ele é um pecador contumaz - (1 João 3.8 - Quem comete pecado é do
diabo, porque o diabo peca desde o principio. Para isto o Filho de Deus se
manifestou: para destruir as obras do diabo).
5. Ele é um acusador - (Apocalipse 12.10 - Então ouvi uma grande voz no céu,
que dizia: Agora é chegada a salvação, e a força , e o reino do nosso Deus, e
o poder do seu Cristo. Pois já o acusador de nossos irmãos foi lançado fora, o
qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite).

45
II. ELEVAÇÃO DE HELLEL (‫ )שהָּיִֽ ש בלל‬E QUEDA DE SATANÁS:

Fig. Da queda13

ESTADO ORIGINAL, Ez 28.12-17; Is 14.12-17.


Ezequiel 28.12-17: 12. Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e
dize-lhe: Assim diz o Senhor Deus: Tu eras o selo da perfeição, cheio de sabedoria e
perfeito em formosura. 13. Estiveste no Éden, jardim de Deus; cobrias-te de toda
pedra preciosa: a cornalina, o topázio, o ônix, a crisólita, o berilo, o jaspe, a safira, a
granada, a esmeralda e o ouro. Em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no
dia em que foste criado foram preparados. 14. Eu te coloquei com o querubim da
guarda; estiveste sobre o monte santo de Deus; andaste no meio das pedras afogueadas.
15. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que em ti se
achou iniquidade. 16. Pela abundância do teu comércio o teu coração se encheu de
violência, e pecaste; pelo que te lancei, profanado, fora do monte de Deus, e o
querubim da guarda te expulsou do meio das pedras afogueadas. 17. Elevou-se o teu
coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu
resplendor; por terra te lancei; diante dos reis te pus, para que te contemplem.
Is 14.12-17: 12. Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! como foste
lançado por terra tu que prostravas as nações! 13. E tu dizias no teu coração: Eu subirei
ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação
me assentarei, nas extremidades do norte; 14. subirei acima das alturas das nuvens, e
serei semelhante ao Altíssimo. 15. Contudo levado serás ao Sheol, ao mais profundo
do abismo. 16. Os que te virem te contemplarão, considerar-te-ão, e dirão: É este o
varão que fazia estremecer a terra, e que fazia tremer os reinos? 17. Que punha o
mundo como um deserto, e assolava as suas cidades? que a seus cativos não deixava ir
soltos para suas casas?.
O substantivo Lúcifer ocorre seis vezes na Vulgata, versão latina da Bíblia, e
uma vez em algumas Traduções da Bíblia em língua portuguesa. Lúcifer se refere
literalmente à "Estrela da Manhã" ou "Estrela D'Alva", à "luz da manhã", aos "signos
do zodíaco", e à "aurora" ou, metaforicamente, ao "rei da Babilônia", ao sumo
sacerdote Simão, filho de Onias, à Glória de Deus, ou a Jesus Cristo. Jesus Cristo, no
13
http://pt.wikipedia.org/wiki/Diabo.
46
livro de apocalipse (22.16) se auto denomina "resplandescente estrela da manhã", o
que é diferenciado quando o termo é usado separadamente "estrela da manhã" como
"poder sobre nações". (Ap 2.26,28; Is 14.12).
Nome original, hêlêl (‫ )שהָּיִֽ ש בלל‬ou estrela da manhã Is 14.12. A expressão hebraica
hêlêl ben shahar ‫ = ) )שהָּיִֽ ש בלל יְבןָ־ מֻּ ששָאחר‬o que brilha ou a grega heōsforos (ἑωσφόρος) são
traduzidas para o latim como a estrela da manha, Lúcifer.
“Como surgiu a palavra Lúcifer?”. Lúcifer, do latim “Lucifer”, vem do
hebraico “hêlêl”, e significa brilhante, esplendoroso, e tem sido traduzido por portador
de luz, o que leva o archote, filho da alva, estrela da manhã. É o nome que os latinos
davam ao planeta Vênus, que também chamavam “estrela da alva”, “estrela da manhã”,
“estrela vespertina”, por ser o mais brilhante astro (depois do Sol e da Lua) que, à
nossa vista, aparece na abóboda celeste. O profeta Isaías aplicou esse termo ao rei da
Babilônia, certamente pela grandeza e esplendor em que vivia o monarca, do que é
exemplo a suntuosa obra “Os jardins suspensos da Babilônia” - uma das sete
maravilhas do Mundo Antigo. Essa palavra aparece no Velho Testamento, em Isaías
14.12. Na Bíblia traduzida ao português na forma latina: [quomodo cecidisti de caelo
lucifer qui mane oriebaris corruisti in terram qui vulnerabas gentes]: “Como caíste do
céu, ó Lúcifer, tu que ao ponto do dia parecias tão brilhante?” Isaías também
apresentou o rei da Babilônia, que se considerava um deus, como inimigo de Deus: “E
tu que dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o
meu trono, e no monte da congregação me assentarei… subirei acima das mais altas
nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo”, vv.13,14. Por esse motivo, pelo desafio à
autoridade de Deus, pela pretendida usurpação, foi sendo, pelos comentadores das
Escrituras, gradativamente, aplicado o nome “Lúcifer” a Satanás, que também lhe
assentava, visto que fora “anjo de luz” e “querubim ungido”14, (Ez 28.13-15).
Comentário da Bíblia Católica (Edições Loyola).
Is 14.12: "quomodo cecidisti de caelo lucifer qui mane oriebaris corruisti in
terram qui vulnerabas gentes" (Vulgata).
Is 14.12: "Como caíste dos céus, ó Lúcifer matutino! como tombaste por terra, tu
que dominavas as nações?" (Bíblia Católica Edições Loyola).
Lúcifer (do latim Lux fero, portador da Luz. O hebraico comporta dois títulos
divinos atestados em Ugarit: ‫ שהָּיִֽשלל‬Hêlêl, que equivale à estrela da manhã e Ben shahar
(‫שָאחר‬
ֻּ‫ = )יְבןָ־ מ‬filho da Aurora, sendo que este era também uma divindade. A Estrela da
Manhã (‫ )שהָּיִֽשלל‬foi traduzida na LXX por heōsforos (ἑωσφόρος), isto é, “portador da
luz”. Hêlêl (‫ )שהָּיִֽשלל‬provém duma raiz que significa "brilhar" (Jó 29.3), e aplicava-se a
uma metáfora aplicada aos excessos de um "rei de Babilônia", não a uma entidade em
si, como afirma o pesquisador iconográfico Luther Link.15
Daí o decalque latino, com o mesmo sentido. “Lucifer”. O NT reservou esse
conceito de “Lúcifer Matutinus” (que é uma perfeita tradução de Hêlêl ben shahar de Is
14.12 ao Cristo Ressuscitado (Ap 2.28; 22.16; 2Pe 1.19; Lc 1.78; Nm 24.17).
O fato de Jesus ser também chamado de Estrela da Manhã em Apocalipse 22.16
(cf. Ap 2.28; 2Pe 1.19; Nm 24.17) não desautoriza a aplicação da expressão aqui a

14
http://www.cacp.org.br/a-origem-da-palavra-lucifer.
15
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%BAcifer.
47
Satanás, mas apenas confirma o papel de imitador do Diabo. Repare que em
Apocalipse você encontra uma trindade satânica, com o diabo, a besta e o anticristo.
Na passagem de Isaías nós vemos Jesus inserido no contexto, pois encontramos
aqui aquele que é seu antagonista, aquele que deseja ter a preeminência que só pertence
a Cristo, e isso não apenas na terra, mas nos céus (repare que a cena toda é transportada
do rei de Babilônia na terra para as esferas celestiais). Seria estranho o rei de Babilônia
dizer que subiria acima das nuvens e seria semelhante ao Altíssimo. O próprio Jesus
faz referência ao episódio de Isaías 14 em Lc 10.18: “Vi Satanás, como raio, cair do
céu”. Além do mais o rei da babilônia era um homem e todo ser humano já foi criado à
imagem e semelhança de Deus e isto não dito acerca do Diabo.
Portanto, cremos que esta perícope seja um parêntese, pois parece se referir, não
especificamente ao rei da Babilônia, mas àquele que movia o rei de Babilônia, ou seja,
Satanás. No episódio em que Pedro nega que Jesus seria traído, julgado e morto, o
Senhor repreende a Pedro como se estivesse falando com o diabo que estaria movendo
Pedro a dizer aquilo.
Portanto, quer acreditemos que o trecho fale literalmente de Satanás, ou achemos
que a “estrela da manhã” aqui esteja limitada a descrever o rei de Babilônia,
concordamos que quem está por trás desses sentimentos é Satanás, a antiga serpente. O
Senhor poderia dizer também aqui, ao rei de Babilônia: “Para trás de mim, Satanás,
que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas
só as que são dos homens”.
Nm 24.17: videbo eum sed non modo intuebor illum sed non prope orietur stella
ex Iacob et consurget virga de Israhel et percutiet duces Moab vastabitque omnes filios.
Nm 24.17: Eu o vejo, mas não agora; eu o avisto, mas não de perto. Uma estrela
(‫ כוּמֻּכב‬- Kokhav) surgirá de Jacó; um cetro se levantará de Israel. Ele esmagará as
frontes de Moabe e o crânio de todos os descendentes de Sete.
Ap 2.26 et qui vicerit et qui custodierit usque in finem opera mea dabo illi
potestatem super gentes 2.27 et reget illas in virga ferrea tamquam vas figuli
confringentur 2.28 sicut et ego accepi a Patre meo et dabo illi stellam matutinam
Ap 2.26a,28: Ao que vencer, também, lhe darei a estrela da manhã (ἀστέρα τὸν
πρωϊνόν - astéra ton prōïnón) = (‫ מֻּשאחר כוּאכב‬- shahar kokhav).16
Ap 22.16 ego Iesus misi angelum meum testificari vobis haec in ecclesiis ego
sum radix et genus David stella splendida et matutina.
Ap 22.16: Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas a favor das
igrejas. Eu sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã (ὁ
ἀστὴρ ὁ λαµπρὸς ὁ πρωϊνός - ‫)אהָּמֻּשאחר כוּאכב‬.
2Pe 1.19: E temos ainda mais firme a palavra profética à qual bem fazeis em
estar atentos, como a uma candeia que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça
e a estrela da alva (φωσφόρος - fōsfóros) surja em vossos corações.
2Pe 1.19: καὶ ἔχοµεν βεβαιότερον τὸν προφητικὸν λόγον, ᾧ καλῶς ποιεῖτε
προσέχοντες ὡς λύχνῳ φαίνοντι ἐν αὐχµηρῷ τόπῳ, ἕως οὗ ἡµέρα διαυγάσῃ καὶ
φωσφόρος17 (estrela da alva) ἀνατείλῃ ἐν ταῖς καρδίαις ὑµῶν·

16
ἀστέρα, αστήρ, έρος, ό estrela. πρωϊνόν, πρωινός, ή, όν cedo, pertencente à manhã ό αστήρ ό πρ. a estrela da manhã,
Vênus Ap 2.28; 22.16.
17
φωσφόρος = ὁ ἑωσφόρος (Is 14.12).
48
2Pe 1.19: "et habemus firmiorem propheticum sermonem cui bene facitis
adtendentes quasi lucernae lucenti in caliginoso loco donec dies inlucescat
et lucifer oriatur in cordibus vestris."
"E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos,
como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da
alva apareça em vossos corações" (Tradução Almeida Fiel).

Flammas eius lúcifer matutínus invéniat ille, Que ele brilhe ainda quando se levantar o astro da manhã
inquam, lúcifer, qui nescit occásum Christus Fílius Aquele astro que não tem ocaso Jesus Cristo, vosso Filho
tuus qui, regréssus ab ínferis, humáno géneri serénus Que, ressuscitando de entre os mortos, iluminou o gênero
illúxit et vivit et regnat in sæcula sæculórum. humano com a sua luz e a sua paz E vive glorioso pelos
séculos dos séculos.
O mesmo fez a Liturgia que, no “Exultet”18 da vigília pascal, cantou durante
séculos, inspirada em 2Pe 1.19, desejando ardentemente que o Lúcifer Matutino nasça
no coração de todos os cristãos, aquele Lúcifer que não conhece ocaso”: donec Lucifer
matutinus exoriatur in cordibus vestris, Lucifer ille qui nescit occasum”. O mesmo se
fazia na vida quotidiana: grandes nomens tiveram esse nome como o célebre bispo
Lúcifer de Sardenha (séc. IV), onde existe a única igreja à São Lúcifer conhecida. É
grandemente lamentável que esse belo nome de Lúcifer tenha sido entregue ao diabo,
que longe de ser “a luz verdadeira que ilumina todo homem (Jo 1.9) é, ao contrário,o
príncipe das trevas.
Jó 38.7: cum me laudarent simul astra matutina et iubilarent omnes filii Dei.
Jó 38.7: quando juntas cantavam as estrelas da manhã, e todos os filhos de
Deus (ִֽ‫)אאלֱההָּיִֽם לַבנשי‬19 bradavam de júbilo?
Entre as perguntas que Deus fez a Jó, registradas nesse livro, que é o mais antigo
da Bíblia, está aquela: "Onde estavas tu... quando as estrelas da alva juntas alegremente
cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus?" (Jó 38.7). Com esta pergunta, Deus
revelou que houve uma época de perfeita harmonia em todo o universo. Era uma época
em que certamente o homem não existia, e por isso Deus perguntava a Jó: "onde
estavas tu?". Mas estava implícito, nesta pergunta, que todos os filhos de Deus,
criaturas que já existiam antes do homem, cantavam e rejubilavam, juntamente com as
estrelas da alva, que juntas alegremente cantavam.
No livro do Apocalipse, capítulo 1, verso 20, lemos que "as estrelas são os
anjos", que por sua vez são pastores. Pedro, falando sobre a vinda verdadeira de Cristo,
da qual ele foi testemunha ocular, diz àqueles que também obtiveram fé: "até que o dia
clareie e a estrela da alva nasça em vossos corações" (2Pedro 1.19 e Apocalipse 22.16).
Essa estrela, sem dúvida, é Cristo Jesus, a luz do mundo. Mas, por outro lado, Satanás
também é chamado de "estrela da manhã," em Isaías, onde lemos a respeito de sua
queda: "Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva!" (Isaías 14.12); e
também no Apocalipse, que fala de uma estrela caída do céu, que tem a chave do poço
do abismo (Apocalipse 9.1).

18
https://www.letras.mus.br/catolicas/exultet-praeconium-paschale-latim/traducao.html.
19
A palavra Elohim. Segundo a definição do respeitado Brown Driver Briggs - Léxico Hebraico - Inglês: Governantes,
juízes, quer como representantes divinos em lugares sagrados ou como refletindo majestade divina e poder. Divinos, seres
humanos poderosos, incluindo Deus e anjos. Bëney Elohym (ִֽ‫ = )אאלֱההָּיִֽם לַבנשי‬Filhos de Deus. Elohim pode ser usado para
anjos.

49
Isto nos leva a imaginar que possivelmente tanto Cristo como Satanás deviam
estar presentes, e em perfeita harmonia entre si e Deus, quando as estrelas da alva
juntas, alegremente cantavam e rejubilavam todos os filhos de Deus. João confirma a
presença de Cristo antes e durante a criação, quando diz: "nada do que foi feito sem ele
se fez" (João 1.3), falando do Verbo feito carne. Então Cristo existia antes de tudo, e
foi através dele que Deus fez o universo, como lemos em Hebreus 1.2. No livro de Jó
lemos que Satanás veio juntamente com os filhos de Deus (anjos) se apresentar diante
dele (Jó 1.6 e 2.1). Mas antes de sua queda havia harmonia, havia música e alegria.
Aliás, Satanás era um querubim da guarda, ungido, que permanecia no monte de Deus,
um lugar de muito cântico e louvor, que segundo o Velho Testamento, é o lugar da
autoridade de Deus. Ele possuía instrumentos especiais de louvor, como tambores e
pífaros, como vemos nas melhores traduções de Ezequiel 28.13 e 14 e também uma
harpa, como vemos em Isaías 14.11.

1. Era um querubim, Ez 28.14,16, associado ao poder de cobrir pecados:


 Encarregado da guarda, Ez 28.14,16, chefe de parte dos exércitos celestiais; era
ungido;
 Ez 28.14, de alguma maneira relacionado a Cristo (Messias ou Ungido).
2. Encarregado do louvor celestial, Ez 28.13;
3. Era perfeito, Ez 28.12,15:
 Cheio de sabedoria e formosura, Ez 28.12,17;
 Era glorioso, Ez 28.13-14.
4. Reinava sobre o Monte Santo, Ez 28.14. No terceiro céu – habitação de Deus (2
Co 12.2-4).

A. QUEDA DE SATANÁS:
Is 14.12-15: 12 Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada! Como
foi atirado à terra, você, que derrubava as nações! 13 Você, que dizia no seu coração:
“Subirei aos céus; erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus; eu me assentarei
no monte da assembléia, no ponto mais elevado do monte santo. 14 Subirei mais alto
que as mais altas nuvens; serei como o Altíssimo”. 15 Mas às profundezas do Sheol
você será levado, irá ao fundo do abismo!
Ap 12.9: E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama o Diabo e
Satanás, que engana todo o mundo; foi precipitado na terra, e os seus anjos foram
precipitados com ele.
Ap 12.12,13: "Portanto, celebrem-no, ó céus, e os que neles habitam! Mas, ai da terra
e do mar, pois o Diabo desceu até vocês! Ele está cheio de fúria, pois sabe que lhe resta
pouco tempo”. "Quando o dragão foi lançado à terra, começou a perseguir a mulher
que dera à luz o menino".
Ap 20.3: “lançou-o no Abismo, fechou-o e pôs um selo sobre ele, para assim impedi-lo
de enganar as nações, até que terminassem os mil anos. Depois disso, é necessário que
ele seja solto por um pouco de tempo”.
Ap 20.10: "O Diabo, que as enganava, foi lançado no lago de fogo que arde com
enxofre, onde já haviam sido lançados a besta e o falso profeta. Eles serão
atormentados dia e noite, para todo o sempre.
50
1. Hellel foi criado perfeito, isso inclui o livre arbítrio, e por isso pecou, 2Tm 2.26:
 Orgulhou-se por causa da sua formosura, Ez 28.17; 1Tm 3.6;
 Cometeu iniqüidade e injustiça, Ez 28.15,18;
 Transformou-se em satanás, em inimigo de Deus;
 O NT nos informa que Satanás “foi homicida desde o princípio” e é
“mentiroso e pai da mentira” (Jo 8.44). Também diz que “o Diabo vive
pecando desde o princípio” (1Jo 3.8).

2. Os 5 “eus” de satanás, Is 14.13-14:


 Eu subirei ao céu;
 Acima das estrelas de Deus, (Eu) exaltarei o meu trono;
 E no monte da congregação (Eu) me assentarei, nas extremidades do norte;
 (Eu) Subirei acima das altas nuvens;
 E (Eu) serei semelhante ao Altíssimo.

3. Arrastou em sua revolta um terço dos anjos celestiais, Ap 12.4.


4. Foi lançado do céu a Terra, Lc 10.18.

B. DESTINO FINAL DE SATANÁS:


1. No momento vive do rodear pela Terra, do passear sobre ela, Jó 1.7; 2.2; Mt
13.28;
2. Pode até se apresentar no céu diante do trono de Deus, Jó 1.6; 2.1;
3. Na Grande Tribulação será definitivamente lançado na Terra, Ap 12.7-12;
4. No Milênio será aprisionado no abismo (dentro do Sheol – Is 14.15), Ap 20.1-3;
5. Após o Milênio será definitivamente lançado no lago de fogo e enxofre, Mt
25.41; Jo 16.11; Ap 20.10.

C. LÚCIFER NA SUA QUEDA SEGUE A SEGUINTE TRAJETÓRIA:


1. É lançado do Éden de Deus para as Regiões Celestes (Ez 31.8-18; 28.11-19; Ef
6.12);
2. Hoje ainda está nas Regiões celestes;
3. Depois será lançado na Terra na metade da Grande Tribulação (Ap 12.7-12; Ez
28.17; 32.1-10; 29.1-8); O Dragão será vencido (Jó 41);
4. No final da Grande Tribulação será preso no ABISMO, dentro do Sheol, por mil
anos (Is 14.15; Ap 20.1-3);
5. Será solto após o milênio e sairá a enganar as nações rebeldes, e fogo do céu
descerá sobre estas nações (Ap 20.7-9);
6. E finalmente o Diabo será lança do no Lago de Fogo (Ap 20.10).

III. AÇÃO DE SATANÁS NO MUNDO PRESENTE:


SUA ATIVIDADE. Como os anjos bons, os anjos maus também possuem poder
sobre-humano, mas o uso que dele fazem contrata-se tristemente com os dos anjos
bons. Enquanto estes louvam a Deus perenemente, libram Suas batalhas e O servem
com fidelidade, aqueles, como poderes das trevas, prestam-se para maldizer a Deus,
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pelejar contra Ele e Seu Ungido, e destruir a Sua obra. Então em constante rebelião
contra Deus, procuram cegar e desviar até os eleitos, e animam os pecadores no mal
que estes praticam. Mas são espíritos perdidos e sem esperança. Agora mesmo estão
acorrentados ao inferno e a abismo de trevas e, embora não estejam ainda limitados a
um lugar só, no dizer de Calvino, contudo, arrastam consigo as suas cadeias por onde
vão, 2 Pe 2.4; Jd 6. 20

A. VIVE DO RODEAR A TERRA E PASSAR SOBRE ELA, PROCURANDO


CONDUZIR OS HOMENS A UMA ATITUDE DE REVOLTA CONTRA
DEUS, Jó 1.7; 2.2; Mt 13.28.

1. Conduz os homens inimizade contra Deus:


 Semeia dúvida no coração das pessoas, Gn 3.1-7;
 Arrebata a Palavra do coração das pessoas, Lc 8.12;
 Cega o entendimento dos homens, 2 Co 4.4;
 Semeia joio entre os crentes, Mt 13.38,39;
 Usa as pessoas ímpias para conduzir as demais e se revoltarem contra Deus,
Jó 2.9.

2. Usa todo o sistema mundial, Ef 2.2:


 Conduz todo sistema mundial contra Deus, 2 Co 4.4;
 Seduz todo o mundo contra Deus, Ap 12.9.

3. Conduz as pessoas a fazer a sua vontade, 2 Tm 2.26:


 Tenta as pessoas, 1Ts 3.5;
 Conduz os homens mentira, At 5.3; Jo 8.44;
 Conduz as pessoas imoralidade, Lc 8.27; 1 Co 7.5;
 Promove homicídios, Jo 8.44;
 Promove o banditismo, Jó 1.15,17.

4. Aflige os homens causando:


 Influência Maligna, Mt 16.22-23; Mc 8.33; Lc 22.31;
 Opressão: At 10.38;
 Doenças: Jó 2.7; Lc 13.16;
 Possessão: Lc 22.3; Jo 13.27.

5. Controla os elementos da natureza segundo seus propósitos: Jó 1.16,19.

B. PODE SE APRESENTAR NO CÉU DIANTE DE DEUS, PROCURANDO


INCITAR O SENHOR CONTRA OS HOMENS, Jó 1.10-12; 2.1-8:

20
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 2ª ed. Campinas: Luz Para o Caminho, 1992, p. 140.
52
1. Acusa os santos de dia e de noite diante de Deus, Ap 12.9-11; opõe-se aos
santos, Zc 3.1; até mesmo quando Deus testemunha a favor dos seus santos,
Jó 1.8; 2.3; Deus não pode ser tentado pelo mal, Tg 1.13.
2. Sua ação é limitada pela vontade de Deus, Jó 1.12; 2.6.

IV. COMO OS SANTOS PODEM VENCER SATANÁS

1. Submetendo-se a Deus: Tg 4.7; 1Pe 5.6;


2. Resistindo ao Diabo pela fé: Tg 4.7; 1Pe 5.9; 1Jo 5.4;
3. Sendo sóbrios e vigilantes: 1Pe 5.8;
4. Revestindo-se da armadura de Deus: Ef 6.11-17;
5. Orando o tempo todo, em Espírito: Ef 6.18;
6. Levando uma vida de oração e jejum: Mt 17.14-21; Mc 9.29;
7. Firmando-se na Palavra de Deus: Mt 4.1-11; Lc 4.1-13;
8. Levando uma vida de santificação: Js 7.10-12; 2 Co 6.14; 7.1

53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ATEMBO, Jerome Bita. ESCATOLOGIA BÍBLICA. Belo Horizonte/MG, 2013, p.
130.
2. BANCROFT, Dr. Emery H. Teologia Elementar. Trad. João M. Bentes. 3ª ed. SP,
Imprensa Batista Regular, 1986.
3. BENTES, A. Carlos G. ANGELOLOGIA. Apostila, 2001.
4. BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 2ª ed. Campinas: Luz Para o Caminho,
1992.
5. BÍBLIA. Português. Bíblia sagrada: Nova versão internacional. São Paulo: Editora
Vida, 2001.
6. BOYER, O. S. Pequena Enciclopédia Bíblica. 3.ed. São Bernardo do Campo:
Imprensa Metodista, 1969.
7. CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática, vol. 1 e 2. 1ª ed. São Paulo: Editora Hagnos,
2003.
8. CÉSAR, Kléos Magalhães Lenz. No Acampamento dos Anjos. Viçosa: Ultimato,
2006.
9. CHAMPLIN, Russel N. & BENTES, João Marques. Enciclopédia de Bíblia
Teologia e Filosofia (6 volumes). São Paulo.
10. CRABTREE, A. R. Teologia do Velho Testamento. 2ª ed. Rio de Janeiro. JUERP,
1977.
11. ERICKSON, M.J. Introdução à Teologia Sistemática. 1ª ed. São Paulo: Vida Nova,
1997.
12. GRAHAM, Billy. Anjos – Os Agentes Secretos de Deus. 2.ed. Rio de Janeiro:
Editora Record, 1975.
13. GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida Nova,
1999.
14. KEEFAUVER, Larry. O Poder dos Anjos. Belo Horizonte: Editora Atos Ltda,
2004.
15. LEMES, Hélio. Anjos a serviço do povo do Senhor. 2.ed. Belo Horizonte: Editora
Betânia s/c, 2004.
16. MUNHOZ, Vanderlei Antônio. Anjos – A Verdade sob a Luz do Céu. Curitiba:
Artes Gráficas e Editora Unificada Ltda, 2004.
17. PARAGUASSU, Léo. Dicionário Enciclopédico Ilustrado Formar. 11.ed. São
Paulo: Editora e Encadernadora Formar Ltda, 1968.
18. SPANGLER, Ann. Encontro com Anjos. São Paulo: Editora Vida, 1996.
19. SOLÍMEO, Gustavo Antônio e Luiz Sérgio. Anjos e Demônios - A Luta Contra o
Poder das Trevas. Editora – Artpress.

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Biografia do autor
O pastor Antônio Carlos Gonçalves Bentes é capitão do Comando da Aeronáutica,
Doutor em Teologia pela American Pontifical Catholic University (EUA), Pós-
graduado em Ciências da Religião pela Pan Americana, Pós-graduado em Psicologia
Pastoral pela Pós-graduado em Ciências da Religião pela Pan Americana, Pós-
graduado em Psicologia Pastoral pela FATEH - Faculdade de Teologia Hokemãh,
conferencista, filiado à ORMIBAN – Ordem dos Ministros Batistas Nacionais,
professor dos seminários batistas: STEB, SEBEMGE e Koinonia e também das
instituições: Seminário Teológico Hosana, UNITHEO, Seminário Teológico Goel e
Escola Bíblica Central do Brasil, atuando nas áreas de Teologia Sistemática, Teologia
Contemporânea, Apologética, Escatologia, Pneumatologia, Teologia Bíblica do Velho e
Novo Testamento, Hermenêutica, e Homilética. Reside atualmente em Lagoa Santa,
Minas Gerais. É pastor presidente da Igreja Batista Nacional Goel em Lagoa Santa -
Minas Gerais. É casado com a pastora Rute Guimarães de Andrade Bentes, tem três
filhos: Joelma, Telma e Charles Reuel, e duas netas: Eliza Bentes Zier e Anna Clara
Bentes Rodrigues.

Pedidos ao Pr. A. Carlos G. Bentes


E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com

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