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1 Jo 2.27
“A sabedoria é a coisa principal; adquire pois, a sabedoria; sim com tudo o que
possuis adquire o conhecimento” (Pv 4.7)
Copyright © 2018 Antônio Carlos Gonçalves Bentes
Capa:
Carlos Bentes
Revisão e diagramação:
Carlos Bentes
1ª edição:
2012
2ª edição
2018
ISBN
CDD
CDU
2
ÍNDICE
ANGELOLOGIA 4
INTRODUÇÃO 4
DEFINIÇÃO 5
I. SUA EXISTÊNCIA 6
DEMÔNIOS 34
SATANALOGIA 49
3
ANGELOLOGIA
INTRODUÇÃO
DEFINIÇÃO
ANJOS
Do grego anguelos - ἄγγελος (178 vezes no Novo Testamento).
equivale ao hebraico mal’ãkh - ַ֧( אמלַל אאך117 vezes no Velho Testamento).
O significado básico é mensageiro, designando a ideia de ofício de mensageiro,
ou seja, aquele que fala e age no lugar daquele que o enviou.
BOYER (1969, p. 61) “Mensageiro: Personagem sobrenatural e celestial enviado
por Deus como mensageiro aos homens, para executar Sua vontade”.
5
I. SUA EXISTÊNCIA
A existência dos anjos é mostrada de forma muito clara tanto no Antigo como
no Novo Testamento. Vários textos confirmam sua existência.
Quando Jacó subiu a Padã-Arã para voltar à terra de Canaã, seu tio Labão o
perseguiu, fazendo em seguida as pazes com ele. Jacó estava com muito medo, pois
logo encontraria com seu irmão Esaú. Nota-se aqui, uma linda demonstração do
cuidado de Deus para com seus filhos e, ao mesmo tempo, a confirmação da existência
de anjos: “Jacó também seguiu o seu caminho, e anjos de Deus vieram ao encontro
dele. Quando Jacó os avistou, disse: este é o exercito de Deus! Por isso deu àquele
lugar o nome de Maanaim” (Gn 32.1-2).
O anjo do Senhor aparece a Gideão, fala com ele, dá orientações, encoraja-o e
lhe encarrega de libertar o povo de Israel que estava sendo oprimido sob as mãos dos
midianitas (Jz 6.11-24).
Um anjo visitou Elias quando ele fugia, com medo de Jezabel, lhe servindo pão
quentinho e água (1 Rs 19.5-8).
O livro de Jó fala da existência dos anjos, dizendo que eles em certo tempo se
apresentavam a Deus (Jó 1.6; 2.1).
Nos Salmos vê-se a confirmação do ministério dos anjos em favor dos filhos de
Deus (Salmos 91.11).
Isaías fala de sua experiência com os serafins, seres reais que assistiam diante
de Deus, glorificando-o e também purificando os lábios dele e preparando-o para o
ministério profético (Is 6.2-6).
O profeta Daniel vê o Anjo (ou arcanjo) Gabriel na figura de um homem, vindo
para trazer o significado da visão (Dn 8.15-17).
GRAHAM (1975, p. 18-19) escreve:
Estou convencido de que esses seres celestiais existem e que nos
proporcionam um auxílio invisível. Não creio em anjos somente porque
alguém me tinha falado de alguma impressionante visitação de um anjo, por
mais convincentes que sejam tais raros testemunhos. Não creio em anjos
somente porque os Óvnis sejam extraordinariamente parecidos com anjos em
algumas de suas noticiadas aparições... não creio em anjos porque tenha visto
algum deles – o que não aconteceu. Creio em anjos porque a Bíblia diz que
existem anjos e creio que a Bíblia seja a verdadeira Palavra de Deus.
6
anjos acampados em torno da cidade, a postos para batalhar em favor deles.
Os anjos auxiliaram Jesus no deserto e abriram as portas da prisão para o
Apóstolo Pedro.
Os anjos não existem desde a eternidade, eles foram criados por Deus em um
dado momento.
Vê-se na Bíblia vários textos que afirmam isto, como por exemplo, Neemias
9.6, que diz: “Só tu és o Senhor, fizeste os céus, e os mais altos céus, e tudo o que neles
há, a terra e tudo o que nela existe, os mares e tudo o que neles existe. Tu deste vida a
todos os seres, e os exércitos dos céus te adoram”.
O Apóstolo Paulo, escrevendo aos Colossenses, fala sobre a criação dos anjos:
“Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois nele foram
criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou
soberanias, poderes ou autoridade. Todas as coisas foram criadas por Ele e para Ele”
(Cl 1.15-16).
MUNHOZ (2004, p. 43) falando sobre a origem dos anjos, expressa-se dizendo
o seguinte:
Analisando este texto bíblico (Jó 38.1-7), deduzimos que o Exército dos Céus
– chamados também de Filhos de Deus – foi criado antes mesmo da formação
da Terra (mundo), e que houve um tempo em que somente existiu o Criador. E
todos eles possuem uma finalidade em comum: servir e adorar a Deus,
cabendo-lhes o papel de servos e nunca de senhores.
Muito se ouve falar de anjos, porém não se pode crer em tudo, pois muitos
escritos sobre o tema são frutos da imaginação e da tradição de pessoas.
Como se pode ver, os anjos são criaturas de Deus, assim como os homens,
porém, criados com propósitos definidos para o santo serviço celestial, bem como
outras atividades ordenadas por Deus.
7
III. A NATUREZA DOS ANJOS:
Os anjos são seres espirituais incorpóreos, ou seja, não têm corpos físicos
(humanos), como o autor da carta aos Hebreus diz: “Os anjos não são, todos eles,
espíritos ministradores enviados para servir aqueles que hão de herdar a salvação?”
(Hebreus 1.14). Chafer na sua Sistemática (p. 434) cita Clemente de Alexandria,
Orígenes, Cesário e Tertuliano, entre os pais mais antigos que pensaram que anjos
tinham corpos de uma estrutura material refinada. Os anjos podem ter corpos
angelicais não dotados de carne e sangue (humanos).1
São imortais, ou seja, os anjos não estão sujeitos às limitações físicas como a
morte, a doença, a fraqueza. Jesus Cristo ao ensinar aos seus seguidores sobre a
ressurreição disse: “mas os que forem considerados dignos de tomar parte na era que
há de vir e na ressurreição dos mortos não se casarão nem serão dados em casamento, e
não podem mais morrer, pois são como os anjos. São filhos de Deus, visto que são
filhos da ressurreição” (Lucas 20.35-36).
Apesar dos anjos serem incorpóreos e imortais, eles podem se apresentarem aos
homens assumindo um aspecto visível, durante o cumprimento da sua missão, entre os
homens, como fez com Abraão (Gênesis 18.1-3), a Jacó (Gênesis 32.24-30), a Daniel
(Daniel 8.15). É verdade que, nas aparições dos anjos (angelolofania) aos homens, eles
assumiram uma forma humana visível, sem haver uma absoluta metamorfose.
Moisés (este morreu) e Elias (este não morreu) apareceram na transfiguração e
foram reconhecidos. Isto nos mostra que os justos que já morreram podem ser vistos.
Os anjos são poderosos e possuem sabedoria superior aos homens. Joabe pediu
a uma mulher de Tecoa para falar ao rei Davi sobre Absalão e ela faz menção da
sabedoria dos anjos dizendo assim: “... Mas o meu senhor é sábio como um anjo de
Deus, e nada lhe escapa de tudo o que acontece no país” (2 Samuel 14.20).
2
CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática, vol. 1 e 2. 1ª ed. São Paulo: Editora Hagnos, 2003, p. 432.
9
Dn 7.10: De diante dele, saía um rio de fogo. Milhares de milhares o serviam;
milhões e milhões estavam diante dele. O tribunal iniciou o julgamento, e os
livros foram abertos.
Hb 12.22: “Mas vocês chegaram ao monte Sião, à Jerusalém celestial, à cidade
do Deus vivo. Chegaram aos milhares de milhares de anjos em alegre reunião”.
Ap 5.11,12: Então olhei e ouvi a voz de muitos anjos, milhares de milhares e
milhões de milhões. Eles rodeavam o trono, bem como os seres viventes e os
anciãos, 12 e cantavam em alta voz: “Digno é o Cordeiro que foi morto de
receber poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor!”.
O Senhor conhece a cada um pelo seu nome:
SI 103.21: “Bendigam o Senhor todos os seus exércitos, vocês, seus servos,
que cumprem a sua vontade”.
SI 148.2: Louvem-no todos os seus anjos, louvem-no todos os seus exércitos
celestiais
Um dos nomes de Deus é SENHOR DOS EXERCITOS (IAVÉ SHABAOT),
1Sm 1.3,11; 4.4; 15.2; 17.45; etc. Compare com Js 5.14,15; o Príncipe dos
Exércitos do Senhor.
1Sm 1.3,11: “Todos os anos esse homem subia de sua cidade a Siló para adorar
e sacrificar ao SENHOR dos Exércitos. Lá, Hofni e Finéias, os dois filhos de
Eli, eram sacerdotes do SENHOR. E fez um voto, dizendo: “Ó SENHOR dos
Exércitos, se tu deres atenção à humilhação de tua serva, te lembrares de mim e
não te esqueceres de tua serva, mas lhe deres um filho, então eu o dedicarei ao
SENHOR por todos os dias de sua vida, e o seu cabelo e a sua barba nunca
serão cortados”.
1Sm 4.4: “Então mandaram trazer de Siló a arca da aliança do SENHOR dos
Exércitos, que tem o seu trono entre os querubins. E os dois filhos de Eli, Hofni
e Finéias, acompanharam a arca da aliança de Deus”.
1Sm 15.2: “Assim diz o SENHOR dos Exércitos: ‘Castigarei os amalequitas
pelo que fizeram a Israel, atacando-o quando saía do Egito”.
1Sm 17.45: “Davi, porém, disse ao filisteu: “Você vem contra mim com
espada, com lança e com dardos, mas eu vou contra você em nome do
SENHOR dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem você
desafiou”.
Js 5.14,15: “Respondeu ele: Não; sou príncipe do exército do SENHOR e
acabo de chegar. Então, Josué se prostrou com o rosto em terra, e o adorou, e
disse-lhe: Que diz meu senhor ao seu servo? Respondeu o príncipe do exército
do SENHOR a Josué: Descalça as sandálias dos pés, porque o lugar em que
estás é santo. E fez Josué assim”.
1. São espíritos ministradores, Hb 1.13,14: 13 Ora, a qual dos anjos jamais disse:
Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por estrado dos teus
10
pés? 14 Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para serviço a favor
dos que hão de herdar a salvação?
12
IV. ORGANIZAÇÃO HIERÁRQUICA DOS SERES CELESTIAIS:
14
Anjo do Senhor, mas meramente de um de Seus anjos, pois o Anjo do Senhor já havia
sido manifestado na carne (1Tm 3.16).
Mencionado 41 vezes no Velho Testamento;
At 7.35,38 (Êx 6.1-8), refere-se ao Anjo do Senhor.
“O Anjo do Senhor” Aceita adoração. Jz 13.2-18:
Os anjos não devem ser adorados, Cl 2.18.
Os anjos não aceitam adoração, Ap 19.10.
Somente o Anjo do Senhor aceita adoração: Gn 31.11-13; 22.15-16
Seu nome é o Maravilhoso, Jz 13.18; Is 9.6;
Seria o Salvador do seu povo (povo de Israel), Is 63.9-10; Mt 1.21; Jesus
pré-encarnado, MI 3.1.
Existem diferenças entre os anjos, mas não consta na Revelação qual sua origem
nem seu modo preciso. É questão de livre discussão se os anjos são todos da mesma
espécie, ou se existem tantas espécies quantos são os coros, ou se cada indivíduo
constitui uma espécie por si (opinião de São Tomás).
De acordo com uma tradição que remonta ao Pseudo-Dionísio Areopagita, os
teólogos costumam agrupá-los em nove ordens ou coros angélicos, distribuídos em três
hierarquias (os nomes são tomados da Sagrada Escritura):
15
Renomado escritor eclesiástico dos primeiros séculos, cuja identidade não se
estabeleceu ainda ao certo, durante muito tempo confundido com o sábio convertido
por São Paulo no Areópago de Atenas (cf. At 17, 34). Uma de suas obras mais célebres
é De coelesti hierarquia — Sobre a hierarquia celeste, na qual estabelece a ordem dos
Anjos, determinada pelo seu grau de assimilação a Deus, de união com Deus, do dom
de luz divina que recebem e transmitem aos Anjos inferiores.
Por exemplo: Serafins (Is 6,2); Querubins (Gn 3.24; Ex 25.18; Sl 17,11; Ez 10,3;
Dn 3.55); Arcanjos (1Ts 4.15; Jd 9); Anjos, Potestades, Virtudes (1Pe 3.22);
Principados, Dominações ( Ef 1.20-21); Tronos (Cl 1,16).
3. Serafim (שמֻּרפָהפיִֽם
ַ) ל. A palavra é usada para seres angelicais e em Nm 21.6; Is 6.2-7
para serpentes venenosas.
Estão sobre o trono de Deus (Ez 6.1,2);
Possuem 6 asas (Ez 6.2);
São associados ao perdão de pecados (Ez 6.6,7);
Talvez sejam os próprios vinte e quatro anciãos.
O que parece é que os serafins supervisionam o louvor a Deus. Eles proclamam
sua santidade. Podemos ser alçados até o lugar do trono de Deus, louvando e
exaltando sua santidade em nossa vida.
4. Querubins: Plural - ( לַכרו ה בביִֽםkerubîm) singular - ( לַכרְּרובkerûb). Em português o
substantivo deriva da forma plural kerubim, que é geralmente a forma usada.
Significa abençoar, adorar. A primeira menção a uma ordem de anjos é à dos
querubins. Vemo-los guardando a entrada no Jardim do Éden, após a expulsão de
Adão e Eva. Nem todos os anjos têm asas, mas os querubins - assim diz a
palavra - as tem, e elas cobrem o propiciatório. Eles parecem estar intimamente
ligados à presença Deus e nossa redenção. Ezequiel os menciona no capítulo 10,
bem como João, no livro do Apocalipse, capitulo 4, chamando-os de “criaturas
vivas”.
17
Anjo Gabriel. O vocábulo hebraico Gabriel significa “homem de Deus” (heb.
geber, “varão” e El - forma abreviada de Elohim, “Deus”).
Gabriel, Anjo assistente, Lc 1.19: “Ao que lhe respondeu o anjo: Eu sou Gabriel,
que assisto diante de Deus, e fui enviado para te falar e te dar estas boas novas”. É
citado várias vezes na Bíblia; foi ele que anunciou ao profeta Daniel a sucessão de
potências mundiais, bem como a vinda do Messias (em hebraico Mashiah, em grego,
Cristo, “Ungido”). Disse o profeta: “Apareceu Gabriel da parte de Deus e me falou:
dentro de setenta semanas [de anos] (70 anos x 7, ou seja, 490 anos) aparecerá o Santo
dos Santos”. (Dn 9.24-26).
Anunciou o tempo do fim: Dn 8.15-16; Dn 9.21-22.
Anunciou o nascimento de João Batista, Lc 1.11-20. O termo de apresentação
quando apareceu a Zacarias para anunciar-lhe que ia ter por filho João Batista foi este:
“Eu sou Gabriel, o que está na presença de Deus”.
Anunciou o nascimento de Jesus, Lc 1.22-38. Ao anjo Gabriel foi confiada a
missão mais alta que jamais havia sido confiada a alguém: anunciar o nascimento do
Filho de Deus. Por isso, é muito admirado desde a antiguidade.
20
Dn 10.21: mas antes lhe revelarei o que está escrito no Livro da Verdade. E nessa luta
ninguém me ajuda contra eles, senão Miguel, o príncipe (ἄρχων) de vocês.
“A Bíblia fala não somente de anjos santos, Mc 8.38; Lc 9.26, e de anjos ímpios,
que não conservaram o seu estado original, 2 Pe 2.4; Jd 6; mas também faz explícita
menção de anjos eleitos, 1Tm 5.21, implicando com isso que também há anjos não
eleitos. Surge naturalmente a questão: Como podemos conceber a predestinação dos
anjos? Para alguns, significa simplesmente que Deus determinou de modo geral que os
anjos que permanecessem santos seriam confirmados num estado de bem-aventurança,
ao passo que os demais estariam perdidos. Mas isto de modo nenhum se harmoniza
com a ideia bíblica de predestinação. Esta na verdade significa que Deus, por razões
para Ele suficientes, decretou dar a um certo número de anjos, em acréscimo à graça de
que foram dotados pela criação e que incluía grande capacidade para permanecerem
santos, a graça especial da perseverança; e privar desta os demais. Há pontos de
diferença entre predestinação dos homens e a dos anjos: (1) Enquanto se pode pensar
na predestinação dos homens como infralapsária 4, a dos anjos só pode ser entendida
como supralapsária5. Deus não escolheu certo número de anjos dentre uma multidão de
anjos decaídos. (2) Os anjos não foram eleitos ou predestinados em Cristo como
Mediador, mas, sim, como Chefe, isto é, para estarem em relação ministerial (de
serviço) com Ele”. (L. Berkhof).
3
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 2ª ed. Campinas: Luz Para o Caminho, 1992, p. 105.
4
Infralapsária. Infralapsarianismo, no qual se afirma que os decretos de Deus da eleição e reprovação logicamente
sucedeu o decreto da queda. O termo “infralapsarianismo” significa “debaixo” ou “após” a “queda”. De acordo com este
esquema, Deus primeiro viu seu povo como caído e então determinou salvá-lo, escolhendo somente alguns para serem
salvos.
5
Supralapsária. Supralapsarianismo, a visão de que os decretos de Deus da eleição e reprovação logicamente precedeu o
decreto da queda. O termo “supra-lapsariano” significa “acima” ou “antes” da “queda”. De acordo com este esquema,
Deus primeiro planejou salvar alguns para a glória do seu nome e então planejou de o que Ele os salvaria.
21
O lugar dos anjos no propósito de Deus6
A. ADORAÇÃO:
A Deus pela obra criadora, SI 148.2,7: “Louvem-no todos os seus anjos,
louvem-no todos os seus exércitos celestiais. Louvem todos eles o nome do
Senhor, pois ordenou, e eles foram criados”
A Cristo pelo seu poder, Ap 5.11-13: Então olhei e ouvi a voz de muitos
anjos, milhares de milhares e milhões de milhões. Eles rodeavam o trono,
bem como os seres viventes e os anciãos, 12 e cantavam em alta voz:
“Digno é o Cordeiro que foi morto de receber poder, riqueza, sabedoria,
força, honra, glória e louvor!”. 13 Depois ouvi todas as criaturas existentes
no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e tudo o que neles há, que
23
diziam: “Àquele que está assentado no trono e ao Cordeiro sejam o louvor, a
honra, a glória e o poder, para todo o sempre!” .
B. SERVIR:
A Deus, SI 103.20,21: “Bendigam o Senhor, vocês, seus anjos poderosos,
que obedecem à sua palavra. Bendigam o Senhor todos os seus exércitos,
vocês, seus servos, que cumprem a sua vontade.
A Cristo, Ef 1.20-22; Cl 1.16; 1 Pe 3.22”.
Ef 1.21: muito acima de todo governo e autoridade, poder e domínio, e de todo nome
que se possa mencionar, não apenas nesta era, mas também na que há de vir.
Cl 1.16: pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as
invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram
criadas por ele e para ele.
1 Pe 3.22: que subiu aos céus e está à direita de Deus; a ele estão sujeitos anjos,
autoridades e poderes.
C. MINISTRADORES DE JUÍZO:
Contra Sodoma, Gn 19.12-13, 24-25;
Contra os primogênitos egípcios, Ex 12.29:
Contra Davi, 2 Sm 24.15-16: 15 Então o SENHOR enviou uma praga sobre
Israel, desde aquela manhã até a hora que tinha determinado. E morreram
setenta mil homens do povo, de Dã a Berseba. 16 Quando o anjo estendeu a
mão para destruir Jerusalém, o SENHOR arrependeu-se de trazer essa
catástrofe, e disse ao anjo destruidor: “Pare! Já basta!” Naquele momento o
anjo do SENHOR estava perto da eira de Araúna, o jebuseu.
Contra os assírios, 2 Rs 19.35: Naquela noite o anjo do SENHOR saiu e
matou cento e oitenta e cinco mil homens no acampamento assírio. Quando
o povo se levantou na manhã seguinte, o lugar estava repleto de cadáveres!.
Contra Nabucodonosor, Dn 4.13,17,23,31,32;
Dn 4.13,17,23,31-32: 13 Nas visões que tive deitado em minha cama, olhei
e vi diante de mim uma sentinela, um anjo que descia do céu. 17 A decisão é
anunciada por sentinelas, os anjos declaram o veredicto, para que todos os
que vivem saibam que o Altíssimo domina sobre os reinos dos homens e os
dá a quem quer, e põe no poder o mais simples dos homens. 23 E tu, ó rei,
viste também uma sentinela, o anjo que descia do céu e dizia: ‘Derrubem a
árvore e destruam-na, mas deixem o toco e as suas raízes, presos com ferro e
bronze; fique ele no chão, em meio à relva do campo. Ele será molhado com
o orvalho do céu e viverá com os animais selvagens, até que se passem sete
tempos’. 31 As palavras ainda estavam nos seus lábios quando veio do céu
uma voz que disse: “É isto que está decretado quanto a você, rei
Nabucodonosor: Sua autoridade real lhe foi tirada. 32 Você será expulso do
meio dos homens, viverá com os animais selvagens e comerá capim como
os bois. Passarão sete tempos até que admita que o Altíssimo domina sobre
os reinos dos homens e os dá a quem quer”.
24
Contra Herodes Agripa, At 12.21-23: 21 No dia marcado, Herodes, vestindo
seus trajes reais, sentou-se em seu trono e fez um discurso ao povo. 22 Eles
começaram a gritar: “É voz de deus, e não de homem”. 23 Visto que
Herodes não glorificou a Deus, imediatamente um anjo do Senhor o feriu; e
ele morreu comido por vermes.
1. Confortam os salvos:
Jesus no deserto, Mt 4.11: Então o Diabo o deixou, e anjos vieram e o
serviram.
Jesus no Getsemani, Lc 22.43: Apareceu-lhe então um anjo do céu que o
fortalecia.
Paulo na viagem Roma, At 27.23,24: “Pois ontem à noite apareceu-me um
anjo do Deus a quem pertenço e a quem adoro, dizendo-me: Paulo, não
tenha medo. É preciso que você compareça perante César; Deus, por sua
graça, deu-lhe a vida de todos os que estão navegando com você”.
3. Orientação:
Orientaram José a receber Maria, Mt 1.20-24;
Orientaram José a fugir para o Egito, Mt 2.13-15;
Orientaram Felipe a ir em direção a Gaza, At 8.26.
25
Dirigiram Pedro e João a pregar o evangelho após livrá-los da prisão, At
5.19-20;
Dirigiram Cornélio a buscar Pedro para lhe anunciar o evangelho, At 10.3-7.
26
DEMÔNIOS
Definição: São anjos maus que pecaram contra Deus e hoje continuamente
praticam o mal no mundo.
“A Bíblia fala não somente de anjos santos, Mc 8.38; Lc 9.26, e de anjos ímpios,
que não conservaram o seu estado original, 2 Pe 2.4; Jd 6; mas também faz explícita
menção de anjos eleitos, 1 Tm 5.21, implicando com isso que também há anjos não
eleitos.Surge naturalmente a questão: Como podemos conceber a predestinação dos
anjos? Para alguns, significa simplesmente que Deus determinou de modo geral que os
anjos que permanecessem santos seriam confirmados num estado de bem-aventurança,
ao passo que os demais estariam perdidos. Mas isto de modo nenhum se harmoniza
com a ideia bíblica de predestinação. Esta na verdade significa que Deus, por razões
para Ele suficientes, decretou dar a um certo número de anjos, em acréscimo à graça de
que foram dotados pela criação e que incluía grande capacidade para permanecerem
santos, a graça especial da perseverança; e privar desta os demais. Há pontos de
diferença entre predestinação dos homens e a dos anjos: (1) Enquanto se pode pensar
na predestinação dos homens como infralapsária, a dos anjos só pode ser entendida
como supralapsária. Deus não escolheu certo número de anjos dentre uma multidão de
anjos decaídos. (2) Os anjos não foram eleitos ou predestinados em Cristo como
Mediador, mas, sim, como Chefe, isto é, para estarem em relação ministerial (de
serviço) com Ele”. (L. Berkhof).
Com relação aos demônios, ou seja, os anjos maus, a Escritura pouco relata a
respeito de como se tornaram maus, como também sua origem. No Antigo Testamento
existem referências sobre os demônios em Lv 17.7; 2 Cr 11.15 sob os nomes no
hebraico de sã’ir ( = ששעָׂעיִרbodes) ou em Dt 32.17; Sl 106.37 o termo shedh ( ) ש הֹשהד,
significando ambas por cabeludo ou sátiro.8
Caio Fábio afirma: A expressão “filhos de Deus” (Elohim) que aqui aparece (Jó
1.6 - )אאלֱפָההָּיִֽםé a mesma encontrada em Gn 6.2, tratando-se, portanto, de seres
celestiais e não da descendência de Sete, filho de Adão, como, inconsciente e
arbitrariamente, a maioria dos comentaristas da Bíblia, de Santo Agostinho em
diante, tenta nos fazer crer.10
A Bíblia fala em anjos bons e em anjos maus, embora ressalte que todos os
anjos foram originalmente criados bons e santos (Gn 1.31). Tendo livre
arbítrio, numerosos anjos participaram da rebelião de Satanás (Ez 28.12-17;
30
2 Pe 2.4; Jd 6; Ap 12.9) e abandonaram o seu estado original de graça como
servos de Deus, e assim perderam o direito à sua posição celestial. Os anjos
maus são os não-eleitos.
Que inclui o próprio satanás (um querubim), os anjos caídos e os nomes que
se nomeia (qualquer outra criatura que se possa referir). Satanás na sua
rebelião contra Deus arrastou consigo uma grande multidão de anjos das
ordens inferiores (Ap 12.4) que talvez possam ser identificados (após a sua
queda) com os “principados”, “potestades”, “dominadores deste mundo
tenebroso” e “forças espirituais do mal”, conforme escreveu o apóstolo São
Paulo no capítulo 6 de sua epistola aos Efésios. Satanás e muitos desses
anjos inferiores decaídos foram banidos para a terra e a sua atmosfera
circulante, onde operam limitados segundo a vontade de Deus; Hoje, parte
deles se acha presa em algemas eternas (2 Pedro 2.4; Jd 6), aguardando o
juízo do grande dia, enquanto que a outra parte habita as regiões
celestes (Ef 6.12), e agem revelando constantemente sua inimizade
contra Deus (Ap 12.7), e procuram a destruição do homem, causam-lhes
males na alma (Jo 13.27; At 5.3; Ef 2.2,3), no corpo (Lc 13.11-16) e em
suas possessões terrenas (Jó 1.12; Mt 8.3I,32). A Bíblia que todos eles serão
julgados (2Pe 2.4; Jd 6), e lançados no lago de fogo juntamente com Satanás
(Mt 25.41; Ap 20.10,14), de onde jamais sairão.
Nota - lendo Apocalipse 9, podemos ver que esses anjos e espíritos maus que
estão no Poço do abismo no Hades-Sheol, presos em algemas eternas, terão
uma permissão breve para saírem do abismo e somarem esforços com
Satanás na terra no período da Grande Tribulação. Eles terão a forma
estranha de gafanhotos. São uma espécie de querubins do abismo, em todos
os sentidos contrários aos seres vivos que estão diante do trono, no céu.
Item B acima também pode ser incluído aqui se considerarmos essa raça pré-
adâmica como sendo seres celestiais antigos e não homens como entendemos
hoje;
31
II. HIERARQUIA MALIGNA E ÁREAS ESPECÍFICAS DE
ATUAÇÃO:
Entre os demônios existe uma “hierarquia”, que decorre do fato de, sendo anjos,
uns terem a natureza mais perfeita do que outros. Por isso se diz que Satanás é o
príncipe, o chefe dos demônios.
Não que exista entre eles uma submissão por amor ou respeito, como na
verdadeira hierarquia; os demônios se odeiam mutuamente e só se unem
circunstancialmente para atormentar os homens. É o mesmo que — explica São Tomás
— se dá entre os homens maus: eles formam quadrilhas e se submetem a um chefe,
apenas como meio de melhor cometerem seus roubos ou homicídios contra os homens
honestos (Suma Teológica, 1,Q. 109, A.1-2).
32
Deus dividiu as regiões geográficas conforme as divisões celestiais:
Dt 32.8 (BJ): Quando o Altíssimo repartia as nações, quando espalhava os filhos
de Adão fixou fronteiras para os povos conforme o número dos anjos de Deus
(ἀγγέλων θεοῦ). Esta versão em português segue o texto grego da Septuaginta. No
rodapé, a Bíblia Jerusalém anota: “Os filhos de Deus são os anjos (Jó 1.6), membros da
corte celeste; aqui são os anjos que guardam as nações.
Jó 1.6: Καὶ ὡς ἐγένετο ἡ ἡµέρας αὕτη, καὶ ἰδοὺ ἦλθον οἱ ἄγγελοι τοῦ θεοῦ
παραστῆναι ἐνώπιον τοῦ κυρίου, καὶ ὁ διάβολος ἦλθεν µετ’ αὐτῶν.
Jó 1.6: Certo dia os anjos (οἱ ἄγγελοι τοῦ θεοῦ) vieram apresentar-se ao
SENHOR, e Satanás também veio com eles.
Jó 1.6: Ora, chegado o dia em que os filhos de Deus ( )לַב ש בניִֽ מֻּהָּאאלֱפָההָּיִֽםvieram
apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles.
F. F. Bruce comenta este texto (Dt 32.8): “A administração das diversas nações
foi distribuída entre o número correspondente de poderes angelicais. Em diversos
textos, alguns desses governadores angelicais são descritos como potestades e
principados inimigos – governadores do reino das trevas”. O mesmo autor diz ainda
que o que estava implícito em deuteronômio torna-se explícito em Daniel 10, onde
aparecem três príncipes; dois deles inimigos - os da Pérsia e da Grécia – e um amigo,
Miguel, um dos anjos chefes.
1. TRONOS - θρόνοι do singular θρόνος.
O trono é a instituição do poder num estado, cidade ou corpo econômico. Nos dias
de Paulo, trono era literalmente um assento de autoridade sobre um estrado
elevado, simbolizando a “instituição” da autoridade. Quem ocupa o Trono da terra
é Satanás.
2. Principados ou príncipes (ἀρχαῖς - ἀρχή). Dn 10.12-13, 20. Principado é a
tradução da palavra archon - ἄρχων (singular de archas - ἀρχάς), e significa “aquele
que foi instituído de autoridade”. Tomando como exemplo um cargo político, no
caso da autoridade máxima sobre uma cidade o archon equivale ao cargo de
prefeito; de um estado, ao de governador; de país, ao de presidente. Robert C.
Linthicum ajuda-nos a entender melhor esse conceito quando diz que: “principado
ou príncipe é a pessoa que, num momento específico ocupa o trono. Pode ser o
prefeito de uma cidade, o presidente de um país, o diretor do conselho de uma
instituição econômica. O “príncipe”, ou a autoridade de cada situação específica
pode, e irá mudar, mas o trono, continuará pelo tempo que essa instituição
permanecer. Devem existir principados em continentes, países, estados e cidades
ocupando seus tronos respectivamente.
Atuam diretamente nas regiões celestiais:;
Estão diretamente associados às grandes nações e impérios poderosos sobre a
terra;
Atuam nos governos humanos;
Dirigem as atividades econômicas das nações;
Dirigem as manifestações culturais e folclóricas dos povos, inclusive a música;
Doutrinam o pensamento geral dos povos, valendo-se para isso meios de
comunicações;
33
Seu objetivo maior é oprimir e sujeitar regiões inteiras ao poder de satanás;
Usam povos já dominados por eles para dominarem outros povos menores,
sujeitando-os igualmente ao poder se satanás;
Tentam resistir ao avanço do povo de Deus;
Procuram impedir suas orações de chegar aos céus;
Procuram barrar os anjos de Deus para não trazer respostas aos santos;
Em Jd 6 e 2 Pe 2.4,5, lemos a respeito de anjos principados em prisão no
Tartaroo. Como não guardaram o seu principado e domicílio permanecerão no
tartaroo até o dia do juízo;
Esses anjos sofrem tal juízo devido ao pecado cometido nos dias de Noé,
anteriores ao dilúvio.
34
Estão associados aos governos de regiões geográficas menores;
Parece que sua função principal é fomentar o banditismo, homicídio e outras
formas de pecados;
Usam pessoas ímpias para afrontar os salvos, 2 Rs 6.13-16.
5. Soberanias (κυριότητες – Kurióntêtes que vem do singular κυριότης) Cl 1.16.
Ao contrário dos demais, atuam especificamente na terra;
Estão limitados a pequenas regiões geográficas, Mc 5.10;
São os demônios propriamente dito;
Causam possessão, opressão e influências malignas, Mc 5.1-13;
Temem ser aprisionados no abismo (uma das divisões do hades), Lc 8.31;
Em Ap 9.1-12, lemos sobre a casta de demônios aprisionados no abismo de
onde sairão por apenas cinco meses durante a grande tribulação para
atormentar as pessoas que recebem o sinal da besta.
38
A afirmação de que os atos hostis dos incrédulos têm influência demoníaca ou às
vezes origem demoníaca se faz mais explícita na primeira epístola de João. Ele faz uma
declaração genérica: “Aquele que pratica o pecado procede do Diabo” (1Jo 3.8), e
complementa: “Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do Diabo: todo
aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu
irmão (1Jo 3.10). Aqui João caracteriza todos aqueles que não procedem de Deus como
filhos do Diabo, sujeitos à sua influência e aos seus desejos. Portanto Caim, por ter
matado Abel, “era do Maligno e assassinou a seu irmão” (1Jo 3.12), ainda que não haja
menção da influência de Satanás no texto de Gênesis (Gn 4.1-16). João também diz:
“Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno” (1Jo 5.19).
Depois, em Apocalipse, Satanás é chamado “sedutor de todo o mundo” (Ap 12.9).
Como já observamos acima, Satanás também chamado “príncipe do mundo” (Jo
14.30), “deus deste século” (2Co 4.4) e o “espírito que agora atua nos filhos da
desobediência” (Ef 2.2).
Combinando todas essas declarações, percebemos que Satanás é tido como fonte
de mentiras, assassínio, logro, falso ensino e do pecado em geral, e então nos parece
razoável concluir que o Novo Testamento quer que acreditemos que existe algum grau
de influência demoníaca em praticamente toda iniqüidade e todo pecado que ocorre
hoje. Nem todo pecado é provocado por Satanás ou pelos demônios, nem é a atividade
demoníaca o principal motivo ou causa do pecado, mas provavelmente a atividade
demoníaca contribui hoje para quase todo pecado e para quase toda atividade
destrutiva que se opõe à obra de Deus no mundo.
Na vida dos cristãos, como já observamos acima, a ênfase do Novo Testamento
não recai sobre a influência dos demônios, mas sobre o pecado que persiste no crente.
Todavia, devemos reconhecer que o pecado (mesmo dos cristãos) de fato dá
sustentação a algum tipo de influência demoníaca na nossa vida. Por isso Paulo disse:
“Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao
Diabo” (Ef 4.26-27). A ira ilegítima aparentemente pode abrir espaço para que o Diabo
(ou os demônios) exerçam algum tipo de influência negativa na nossa vida — quem
sabe nos atacando por intermédio das nossas emoções, ou talvez aumentando a ira
ilegítima que já sentimos contra os outros. Do mesmo modo, Paulo menciona a
“couraça da justiça” (Ef 6.14) como parte da armadura que devemos usar para
enfrentar as “ciladas do Diabo” e para lutar “contra os principados e potestades, contra
as dominações deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões
celestes” (Ef 6.11-12). Se notamos aspectos da nossa vida em que o pecado é crônico,
então certamente há buracos e pontos fracos na nossa “couraça da justiça”, e nesses
aspectos somos vulneráveis aos ataques demoníacos. Por outro lado, Jesus, que era
absolutamente livre do pecado, pode dizer de Satanás: “Ele nada tem em mim” (Jo
14.30). Podemos também reparar o vínculo entre não pecar e não ser tocado pelo
Maligno em 1João 5.18: “Sabemos que todo aquele que nascido de Deus não vive em
pecado; antes, Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca”.
As passagens precedentes sugerem, então, que nos aspectos da vida do cristão
em que se nota a persistência do pecado, a responsabilidade principal desse pecado é
do próprio cristão, pois é ele quem decide persistir nessa conduta errada (ver Rm 6,
esp. vv. 12-16; também Gl 5.16-26). Não obstante, pode haver alguma influência
39
demoníaca contribuindo para essa tendência pecaminosa (e intensificando-a). No caso
de um cristão que há anos vem orando e lutando para superar seu temperamento
irascível, por exemplo, pode haver um espírito de ira como elemento contribuinte dessa
conduta pecaminosa crônica. Um cristão que luta já há algum tempo para superar um
sentimento depressivo pode estar sob ataque de um espírito de depressão ou desânimo,
e esse talvez seja um fator que contribui para a situação global.’ Um crente que vem
lutando contra outras fraquezas, como a relutância em submeter-se autoridade legítima,
ou a falta de autocontrole no comer, ou a preguiça, a aspereza, a inveja, etc., pode levar
em conta a possibilidade de um ataque ou uma influência demoníaca estar contribuindo
para o seu problema e impedindo a sua eficácia em prol das coisas do Senhor.
41
SATANALOGIA
Satanás e os anjos rebeldes
42
SATANÁS
A. PERSONALIDADE DE SATANÁS:
B. NOMES PRÓPRIOS:
C. TÍTULOS:
45
II. ELEVAÇÃO DE HELLEL ( )שהָּיִֽ ש בללE QUEDA DE SATANÁS:
Fig. Da queda13
14
http://www.cacp.org.br/a-origem-da-palavra-lucifer.
15
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%BAcifer.
47
Satanás, mas apenas confirma o papel de imitador do Diabo. Repare que em
Apocalipse você encontra uma trindade satânica, com o diabo, a besta e o anticristo.
Na passagem de Isaías nós vemos Jesus inserido no contexto, pois encontramos
aqui aquele que é seu antagonista, aquele que deseja ter a preeminência que só pertence
a Cristo, e isso não apenas na terra, mas nos céus (repare que a cena toda é transportada
do rei de Babilônia na terra para as esferas celestiais). Seria estranho o rei de Babilônia
dizer que subiria acima das nuvens e seria semelhante ao Altíssimo. O próprio Jesus
faz referência ao episódio de Isaías 14 em Lc 10.18: “Vi Satanás, como raio, cair do
céu”. Além do mais o rei da babilônia era um homem e todo ser humano já foi criado à
imagem e semelhança de Deus e isto não dito acerca do Diabo.
Portanto, cremos que esta perícope seja um parêntese, pois parece se referir, não
especificamente ao rei da Babilônia, mas àquele que movia o rei de Babilônia, ou seja,
Satanás. No episódio em que Pedro nega que Jesus seria traído, julgado e morto, o
Senhor repreende a Pedro como se estivesse falando com o diabo que estaria movendo
Pedro a dizer aquilo.
Portanto, quer acreditemos que o trecho fale literalmente de Satanás, ou achemos
que a “estrela da manhã” aqui esteja limitada a descrever o rei de Babilônia,
concordamos que quem está por trás desses sentimentos é Satanás, a antiga serpente. O
Senhor poderia dizer também aqui, ao rei de Babilônia: “Para trás de mim, Satanás,
que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas
só as que são dos homens”.
Nm 24.17: videbo eum sed non modo intuebor illum sed non prope orietur stella
ex Iacob et consurget virga de Israhel et percutiet duces Moab vastabitque omnes filios.
Nm 24.17: Eu o vejo, mas não agora; eu o avisto, mas não de perto. Uma estrela
( כוּמֻּכב- Kokhav) surgirá de Jacó; um cetro se levantará de Israel. Ele esmagará as
frontes de Moabe e o crânio de todos os descendentes de Sete.
Ap 2.26 et qui vicerit et qui custodierit usque in finem opera mea dabo illi
potestatem super gentes 2.27 et reget illas in virga ferrea tamquam vas figuli
confringentur 2.28 sicut et ego accepi a Patre meo et dabo illi stellam matutinam
Ap 2.26a,28: Ao que vencer, também, lhe darei a estrela da manhã (ἀστέρα τὸν
πρωϊνόν - astéra ton prōïnón) = ( מֻּשאחר כוּאכב- shahar kokhav).16
Ap 22.16 ego Iesus misi angelum meum testificari vobis haec in ecclesiis ego
sum radix et genus David stella splendida et matutina.
Ap 22.16: Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas a favor das
igrejas. Eu sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã (ὁ
ἀστὴρ ὁ λαµπρὸς ὁ πρωϊνός - )אהָּמֻּשאחר כוּאכב.
2Pe 1.19: E temos ainda mais firme a palavra profética à qual bem fazeis em
estar atentos, como a uma candeia que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça
e a estrela da alva (φωσφόρος - fōsfóros) surja em vossos corações.
2Pe 1.19: καὶ ἔχοµεν βεβαιότερον τὸν προφητικὸν λόγον, ᾧ καλῶς ποιεῖτε
προσέχοντες ὡς λύχνῳ φαίνοντι ἐν αὐχµηρῷ τόπῳ, ἕως οὗ ἡµέρα διαυγάσῃ καὶ
φωσφόρος17 (estrela da alva) ἀνατείλῃ ἐν ταῖς καρδίαις ὑµῶν·
16
ἀστέρα, αστήρ, έρος, ό estrela. πρωϊνόν, πρωινός, ή, όν cedo, pertencente à manhã ό αστήρ ό πρ. a estrela da manhã,
Vênus Ap 2.28; 22.16.
17
φωσφόρος = ὁ ἑωσφόρος (Is 14.12).
48
2Pe 1.19: "et habemus firmiorem propheticum sermonem cui bene facitis
adtendentes quasi lucernae lucenti in caliginoso loco donec dies inlucescat
et lucifer oriatur in cordibus vestris."
"E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos,
como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da
alva apareça em vossos corações" (Tradução Almeida Fiel).
Flammas eius lúcifer matutínus invéniat ille, Que ele brilhe ainda quando se levantar o astro da manhã
inquam, lúcifer, qui nescit occásum Christus Fílius Aquele astro que não tem ocaso Jesus Cristo, vosso Filho
tuus qui, regréssus ab ínferis, humáno géneri serénus Que, ressuscitando de entre os mortos, iluminou o gênero
illúxit et vivit et regnat in sæcula sæculórum. humano com a sua luz e a sua paz E vive glorioso pelos
séculos dos séculos.
O mesmo fez a Liturgia que, no “Exultet”18 da vigília pascal, cantou durante
séculos, inspirada em 2Pe 1.19, desejando ardentemente que o Lúcifer Matutino nasça
no coração de todos os cristãos, aquele Lúcifer que não conhece ocaso”: donec Lucifer
matutinus exoriatur in cordibus vestris, Lucifer ille qui nescit occasum”. O mesmo se
fazia na vida quotidiana: grandes nomens tiveram esse nome como o célebre bispo
Lúcifer de Sardenha (séc. IV), onde existe a única igreja à São Lúcifer conhecida. É
grandemente lamentável que esse belo nome de Lúcifer tenha sido entregue ao diabo,
que longe de ser “a luz verdadeira que ilumina todo homem (Jo 1.9) é, ao contrário,o
príncipe das trevas.
Jó 38.7: cum me laudarent simul astra matutina et iubilarent omnes filii Dei.
Jó 38.7: quando juntas cantavam as estrelas da manhã, e todos os filhos de
Deus (ִֽ)אאלֱההָּיִֽם לַבנשי19 bradavam de júbilo?
Entre as perguntas que Deus fez a Jó, registradas nesse livro, que é o mais antigo
da Bíblia, está aquela: "Onde estavas tu... quando as estrelas da alva juntas alegremente
cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus?" (Jó 38.7). Com esta pergunta, Deus
revelou que houve uma época de perfeita harmonia em todo o universo. Era uma época
em que certamente o homem não existia, e por isso Deus perguntava a Jó: "onde
estavas tu?". Mas estava implícito, nesta pergunta, que todos os filhos de Deus,
criaturas que já existiam antes do homem, cantavam e rejubilavam, juntamente com as
estrelas da alva, que juntas alegremente cantavam.
No livro do Apocalipse, capítulo 1, verso 20, lemos que "as estrelas são os
anjos", que por sua vez são pastores. Pedro, falando sobre a vinda verdadeira de Cristo,
da qual ele foi testemunha ocular, diz àqueles que também obtiveram fé: "até que o dia
clareie e a estrela da alva nasça em vossos corações" (2Pedro 1.19 e Apocalipse 22.16).
Essa estrela, sem dúvida, é Cristo Jesus, a luz do mundo. Mas, por outro lado, Satanás
também é chamado de "estrela da manhã," em Isaías, onde lemos a respeito de sua
queda: "Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva!" (Isaías 14.12); e
também no Apocalipse, que fala de uma estrela caída do céu, que tem a chave do poço
do abismo (Apocalipse 9.1).
18
https://www.letras.mus.br/catolicas/exultet-praeconium-paschale-latim/traducao.html.
19
A palavra Elohim. Segundo a definição do respeitado Brown Driver Briggs - Léxico Hebraico - Inglês: Governantes,
juízes, quer como representantes divinos em lugares sagrados ou como refletindo majestade divina e poder. Divinos, seres
humanos poderosos, incluindo Deus e anjos. Bëney Elohym (ִֽ = )אאלֱההָּיִֽם לַבנשיFilhos de Deus. Elohim pode ser usado para
anjos.
49
Isto nos leva a imaginar que possivelmente tanto Cristo como Satanás deviam
estar presentes, e em perfeita harmonia entre si e Deus, quando as estrelas da alva
juntas, alegremente cantavam e rejubilavam todos os filhos de Deus. João confirma a
presença de Cristo antes e durante a criação, quando diz: "nada do que foi feito sem ele
se fez" (João 1.3), falando do Verbo feito carne. Então Cristo existia antes de tudo, e
foi através dele que Deus fez o universo, como lemos em Hebreus 1.2. No livro de Jó
lemos que Satanás veio juntamente com os filhos de Deus (anjos) se apresentar diante
dele (Jó 1.6 e 2.1). Mas antes de sua queda havia harmonia, havia música e alegria.
Aliás, Satanás era um querubim da guarda, ungido, que permanecia no monte de Deus,
um lugar de muito cântico e louvor, que segundo o Velho Testamento, é o lugar da
autoridade de Deus. Ele possuía instrumentos especiais de louvor, como tambores e
pífaros, como vemos nas melhores traduções de Ezequiel 28.13 e 14 e também uma
harpa, como vemos em Isaías 14.11.
A. QUEDA DE SATANÁS:
Is 14.12-15: 12 Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada! Como
foi atirado à terra, você, que derrubava as nações! 13 Você, que dizia no seu coração:
“Subirei aos céus; erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus; eu me assentarei
no monte da assembléia, no ponto mais elevado do monte santo. 14 Subirei mais alto
que as mais altas nuvens; serei como o Altíssimo”. 15 Mas às profundezas do Sheol
você será levado, irá ao fundo do abismo!
Ap 12.9: E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama o Diabo e
Satanás, que engana todo o mundo; foi precipitado na terra, e os seus anjos foram
precipitados com ele.
Ap 12.12,13: "Portanto, celebrem-no, ó céus, e os que neles habitam! Mas, ai da terra
e do mar, pois o Diabo desceu até vocês! Ele está cheio de fúria, pois sabe que lhe resta
pouco tempo”. "Quando o dragão foi lançado à terra, começou a perseguir a mulher
que dera à luz o menino".
Ap 20.3: “lançou-o no Abismo, fechou-o e pôs um selo sobre ele, para assim impedi-lo
de enganar as nações, até que terminassem os mil anos. Depois disso, é necessário que
ele seja solto por um pouco de tempo”.
Ap 20.10: "O Diabo, que as enganava, foi lançado no lago de fogo que arde com
enxofre, onde já haviam sido lançados a besta e o falso profeta. Eles serão
atormentados dia e noite, para todo o sempre.
50
1. Hellel foi criado perfeito, isso inclui o livre arbítrio, e por isso pecou, 2Tm 2.26:
Orgulhou-se por causa da sua formosura, Ez 28.17; 1Tm 3.6;
Cometeu iniqüidade e injustiça, Ez 28.15,18;
Transformou-se em satanás, em inimigo de Deus;
O NT nos informa que Satanás “foi homicida desde o princípio” e é
“mentiroso e pai da mentira” (Jo 8.44). Também diz que “o Diabo vive
pecando desde o princípio” (1Jo 3.8).
20
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 2ª ed. Campinas: Luz Para o Caminho, 1992, p. 140.
52
1. Acusa os santos de dia e de noite diante de Deus, Ap 12.9-11; opõe-se aos
santos, Zc 3.1; até mesmo quando Deus testemunha a favor dos seus santos,
Jó 1.8; 2.3; Deus não pode ser tentado pelo mal, Tg 1.13.
2. Sua ação é limitada pela vontade de Deus, Jó 1.12; 2.6.
53
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19. SOLÍMEO, Gustavo Antônio e Luiz Sérgio. Anjos e Demônios - A Luta Contra o
Poder das Trevas. Editora – Artpress.
54
Biografia do autor
O pastor Antônio Carlos Gonçalves Bentes é capitão do Comando da Aeronáutica,
Doutor em Teologia pela American Pontifical Catholic University (EUA), Pós-
graduado em Ciências da Religião pela Pan Americana, Pós-graduado em Psicologia
Pastoral pela Pós-graduado em Ciências da Religião pela Pan Americana, Pós-
graduado em Psicologia Pastoral pela FATEH - Faculdade de Teologia Hokemãh,
conferencista, filiado à ORMIBAN – Ordem dos Ministros Batistas Nacionais,
professor dos seminários batistas: STEB, SEBEMGE e Koinonia e também das
instituições: Seminário Teológico Hosana, UNITHEO, Seminário Teológico Goel e
Escola Bíblica Central do Brasil, atuando nas áreas de Teologia Sistemática, Teologia
Contemporânea, Apologética, Escatologia, Pneumatologia, Teologia Bíblica do Velho e
Novo Testamento, Hermenêutica, e Homilética. Reside atualmente em Lagoa Santa,
Minas Gerais. É pastor presidente da Igreja Batista Nacional Goel em Lagoa Santa -
Minas Gerais. É casado com a pastora Rute Guimarães de Andrade Bentes, tem três
filhos: Joelma, Telma e Charles Reuel, e duas netas: Eliza Bentes Zier e Anna Clara
Bentes Rodrigues.
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