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1.0 Introdução
A educação básica deve ser proporcionada a todas as crianças, jovens e adultos. Para tanto, é
necessário universalizá-la e melhorar sua qualidade, bem como tomar medidas efectivas para
reduzir as desigualdades. É preciso tomar medidas que garantam a igualdade de acesso à educação
de todos, como parte integrante do sistema educativo, bem como a qualidade de ensino. Como
forma de dinamizar o ensino é necessário que tenhamos uma bússola orientadora, neste caso o
Currículo.
É com base no pressuposto acima que o grupo ira debruçar acerca da Flexibilização curricular,
tendo como objectivo geral: Compreender a flexibilização curricular, onde de uma forma
específica abordaremos os Princípios da flexibilização curricular; antecedido da sua
conceptualização, sem deixar de lado a sua descrição e as fases da flexibilização curricular, já em
jeito de conclusão traremos uma breve síntese em torno da matéria em alusão.
Currículo do latim “currere”, que significa percurso, trajectória, caminho a seguir tendo um ponto
de partida e uma meta a alcançar.
Flexibilização curricular é a re-ligação de partes curriculares entre si, e com o todo do currículo,
bem como à reforma das mentalidades, tanto quando de nosso modo de fazer educação, nossa
práxis.
O processo de disciplinarização pelo qual passa a construção da ciência moderna traz embutido em si esta afirmação
da equivalência entre saber e poder. Dividir o mundo em fragmentos cada vez menores é facilitar o desenvolvimento
de tecnologias que possibilitem seu domínio” (GALLO, 1997, p. 118).
É nesse contexto que podemos pensar em termos de “o que”, “como” e “para quê” relativos à flexibilização
curricular.
2.2.1 O que flexibilizar?
Os componentes curriculares previstos em um Projecto Político-Pedagógico, os quais se prestam a:
Superar o fordismo epistémico, baseado na especialização estrita, rumo à uma formação híbrida e aberta à articulação
entre domínio específico e domínios mais amplos requeridos pela acção humana no mundo.
Para que informações, conhecimentos e saberes sejam vistos na perspectiva da provisoriedade e reconstrução
contínuas.
Para se aprender a aprender sozinho e de maneira solidária, cooperativa. Superar o modelo curricular, dando ao
estudante o direito de intervir na escolha do percurso curricular e formativo que deseja realizar na universidade.
O Currículo Escolar é um meio para os professores e não uma lei a ser seguida rigorosamente, ele pode ser usado
como um caminho para a prática pedagógica, com flexibilidade de ajustes para melhor atender as necessidades dos
alunos.
A flexibilização do currículo escolar tem como princípio a importância da escola e dos professores na construção do
currículo escolar, não aludindo uma estrutura organizacional única e pressupondo, portanto, uma diversidade dos
contextos e, ao mesmo tempo, proporcionando um ensino de melhor qualidade.
O currículo, nesse aspecto, é uma ferramenta benéfica, um instrumento que pode ser alterado para favorecer o
desenvolvimento individual e social dos alunos, resultando em alterações que podem ser de maior ou menor
relevância.
O desafio é estabelecer e colocar em prática no ambiente escolar um trabalho pedagógico que consiga ser comum e
adequado para todos os alunos, contudo apto a atender os alunos em situações e características de aprendizagem que
necessitam de uma pedagogia diferenciada.
Lembrando que o Currículo também deve estar de acordo com o Projeto Político Pedagógico, as Diretrizes
Curriculares Nacionais e os Parâmetros Curriculares Nacionais.
Para falar sobre as flexibilizações adaptações necessárias e possíveis, vamos nos basear nos escritos de Beyer: “O
desafio é construir e pôr em prática no ambiente escolar uma pedagogia que consiga ser comum e válida para todos
os alunos da classes escolar, porém capaz de atender os alunos cujas situações pessoais e características de
aprendizagem requeiram uma pedagogia diferenciada. Tudo isto sem demarcações, preconceitos ou atitudes nutridoras
dos indesejados estigmas. (2006, p. 76) ”.
O Estado deve garantir o acesso e a permanência de todos os alunos na escola – Alunos com necessidades especiais
ou sem elas. Sabe-se que cada aluno tem: sua própria história de vida; sua própria história de aprendizagem anterior;
características pessoais em seu modo de aprender. Enfim, cada um é diferente do outro, tanto em termos de suas
características físicas, sociais, culturais, como de seu funcionamento mental. Sabe-se, também, que não há
aprendizagem se não houver um ensino eficiente.
Tendo em conta estes aspectos, o professor deve buscar conhecer cada aluno e suas peculiaridades e consequentemente
as suas necessidades especiais, As necessidades especiais revelam que tipos de estratégias, diferentes das usuais, são
necessários para permitir que todos os alunos, inclusive as pessoas com deficiência, participem integralmente das
oportunidades educacionais, com resultados favoráveis, dentro de uma programação tão normal quanto possível.
Porem algumas dessas estratégias compreendem acções que são de competência e atribuição das instâncias político-
administrativas superiores e dá os motivos pelos quais são, assim, compreendidas, a saber:
Exigem modificações que envolvem acções de natureza política, administrativa, financeira, burocráticas.
Essas estratégias são denominadas Adaptações Curriculares de Grande Porte. Outras, denominadas nos
Parâmetros Curriculares Nacionais de Adaptações Curriculares não Significativas, porque compreendem
modificações menores, de competência específica do professor. Elas configuram pequenos ajustes nas acções
planejadas a serem desenvolvidas no contexto da sala de aula. A essas, denominam-se Adaptações
Curriculares de Pequeno Porte.
Duk, Hernandéz e Sius (2007) distinguem, dentro do processo de adaptações curriculares, três etapas diferenciadas, a
saber:
Os tipos de adaptação de conteúdos podem ser a priorização de tipos de conteúdos, a priorização de áreas ou unidades
de conteúdos, a reformulação da sequência de conteúdos, acompanhando as adaptações propostas para os objectivos
educacionais.
Não se pode esquecer que os conteúdos curriculares estão intimamente relacionados aos objectivos de ensino. Portanto
é importante e necessário que as adaptações significativas se desencadeiem a partir dos conteúdos, admitindo-se a
possibilidade de que com os conteúdos adaptados, possam-se manter, sem modificar, os objectivos inicialmente
estabelecidos (CARVALHO, sd. p.14). Tendo este cuidado, a qualidade do ensino ofertado por professores
conscientes de seu papel como profissionais do processo ensino aprendizagem possibilitará ao aluno construir seus
conhecimentos e se apropriar do saber.
A adaptação do material pedagógico propicia a interacção, convivência, autonomia e independência nas acções;
aprendizado de conceitos, melhoria de auto-estima e afectividade do aluno, bem como favorece o aprendizado dos
demais alunos da turma, que eles tiverem acesso ou necessitar utilizar.
Julgamos importante reforçar que as adaptações feitas, neste item da proposta curricular, devem estar directamente
relacionadas com os objectivos e os conteúdos estabelecidos.
Com base nas directrizes nacionais da educação, toda escola tem autonomia para ensinar da maneira que achar mais adequada,
criando projectos pedagógicos que sejam, em parte, contextualizados à sua realidade. Mas o que e como ensinar? O desafio
para directores e professores é justamente esse: criar um currículo que seja atraente aos alunos, permitindo que eles se
identifiquem com o que é ensinado, exigindo, em alguns casos, transformações significativas na escola. Segundo Sandra
Garcia Regina, coordenadora geral de Ensino Médio da Secretaria de Educação Básica do MEC, o órgão recebe diariamente
propostas para a criação de novas disciplinas. “Entretanto, quem decide pela inclusão no currículo de novas matérias é o
Congresso e o Conselho Nacional de Educação”, explica.
A coordenadora lembra que muitas escolas acabam rediscutindo seus currículos induzidas pelas matrizes de referência da
Prova Brasil, Saeb e Enem, porém, ela destaca que é preciso ter cautela quanto a isso. “As matrizes do Enem são um indicativo.
É importante não transformar as matrizes das avaliações em currículo, justamente para estimular a ampliação dos
conhecimentos dos estudantes. As provas acabam avaliando somente alguns componentes. Além dos conhecimentos
tradicionais, existem outros também necessários à formação do indivíduo. São eles os conhecimentos contemporâneos, que
incluem ética, meio ambiente, sexualidade, cultura digital, economia, entre outras. O currículo precisa ser mais activo”,
defende. Justamente para estimular novas soluções que diversifiquem os currículos com actividades integradoras, a Secretaria
de Educação Básica do MEC coordena o programa Ensino Médio Inovador. A partir de quatro áreas de atuação: trabalho,
ciências, tecnologia e cultura, o objectivo é melhorar a educação e tornar o ensino mais atraente.
Dos estudos realizados por Garcia (2006), o conceito de flexibilidade, transmite alguns sentidos, por
exemplo: qualidade, inclusivo, inovação, não tradicional, não rígido, não homogéneo, dinamicidade,
movimento, atendimento ao local. Por outro lado, tais estudos nos deixaram o entendimento que tais ideias
possibilitam um imaginário que comunga currículo flexível a um trabalho pedagógico inclusivo, dinâmico,
inovador, que atenda não só a diversidade humana, mas a identidade cultural local. Dessa forma, o currículo
e o trabalho pedagógico deverão promover rupturas, no sentido de: Sair da camisa de força de um paradigma
nivelador para desencadear teorias e práticas que sustentem um trabalho pedagógico atrelado a questões
de género, saúde, escolhas sexuais, nacionalidade, multiculturalismo, religiosidade, força da mídia e dos
artefactos culturais, processos de significação e disputas, novas comunidades, entre tantas outras, aos
chamados conteúdos escolares e para além de chavões e discursos festivos e superficiais.
Esse parece ser o maior e mais desafiante dos compromissos dos profissionais da educação. Da Declaração de
Salamanca, Garcia (2006) foi buscar algumas ideias sobre a temática flexibilidade, extraindo três delas, quais sejam:
Sistemas educacionais flexíveis e adaptados para atender às diferentes necessidades educacionais e contribuir para a
educação e a inclusão.
Currículos adaptados às crianças e não o contrário
Estratégias de flexibilidade: diversificar opções de aprendizagem, favorecer a ajuda entre as
crianças, e oferecer suportes necessários à aprendizagem e à convivência familiar e comunitária às
pessoas com deficiência.
Os professores face à flexibilização curricular e o discurso em torno da flexibilização curricular e do currículo
alternativo envolve diverso actores e muitas condições. O principal actor é, obviamente, o professor; as principais
condições envolvem um claro sentido de autonomia curricular e uma profunda adesão a valores humanos estruturantes
da cidadania e da multiculturalidade. Dizem as autoras que construir um currículo alternativo exige muito dos
professores (e enumeram algumas das tarefas que isso exige. Mas, subjacente à acção de cada professor - e como
condição para uma acção convicta e assumida - é esperado que ele tenha perspectivas ideológicas centradas no valor
da diversidade dos alunos, no reconhecimento de que ele próprio e a escola podem proporcionar mais e melhores
oportunidades aos seus alunos. Mas, em qualquer caso, são condições para ser professor! De facto, um dos núcleos
essenciais de uma profissional idade docente renovada é definido pelas competências para encontrar alternativas de
ensino - aprendizagem mesmo em grupos/turmas entendidas como padrão/normais. E esperado que todos os
professores sejam "flexibilizadores curriculares", As necessidades dos alunos em contextos de diversidade (e, mesmo,
a estabilidade profissional e emocional do professor nesses contextos) exigem, cada vez mais, a estruturação de
respostas curriculares flexíveis face a esses contextos. E uma macro competência sustentada por outras competências
em que se integram dimensões técnicas e ideológicas, Técnicas porque exigem eficácia e correcção nos modos de
materializar as respostas curriculares; ideológicas porque implicam a adesão a princípios que sustentam a acção dos
professores.
Quando o professor constrói um Projecto Curricular, adequado às orientações nacionais, às características da escola e
dos alunos a que directamente se destina, articulando todas as actividades e experiências educativa que a escola, de
uma forma intencional e estruturada, promove e avalia, clarificando o seu sentido e finalidade, está a usar o saber
necessário à participação na construção de projectos curriculares flexíveis. A construção destes projectos obedece a
vários níveis de decisão, desde o que se refere ao Projecto Curricular da Escola (PCE) até ao Projecto Curricular de
Turma (PCT) o mesmo do aluno.
Cabe às escolas construírem os seus Projectos Curriculares, de forma a potencializar o desenvolvimento das
competências essenciais por parte dos alunos, numa perspectiva holística, integradora do saber, saber fazer e saber
ser, permitindo o seu desenvolvimento integral nas dimensões pessoal e social, em que o aluno tem um papel activo
e crítico na construção do conhecimento, numa sociedade em que se valoriza a aprendizagem ao longo da vida. Refira‐
se que esta dimensão inclui ainda os saberes transversais que apoiam o desenvolvimento do currículo como projecto
aberto e flexível, adequado à diversidade do contexto, articulando os saberes (Garcia, 2006)
A gestão flexível do currículo visa promover uma mudança gradual nas práticas de gestão curricular nas escolas do
ensino básico, com vista a melhorar a eficácia da resposta educativa aos problemas surgidos da diversidade dos
contextos escolares, fazer face à falta de domínio de competências elementares por parte de muitos alunos à saída da
escolaridade obrigatória e, sobretudo assegurar que todos os alunos aprendam mais e de um modo mais significativo
(Garcia, 2006)
A gestão flexível do currículo permite que a escola saia da sua rotina habitual e que cada vez mais se ouça falar de
trabalhos em grupo, de aulas planificadas em conjunto, de reuniões mais assíduas entre os membros do conselho de
turma, entre os directores de turma, em suma, a dinâmica das escolas começa a alterar‐se significativamente. Para
isso, os professores têm que mudar as suas atitudes, têm que sair das suas salas e deixar de considerar a sua disciplina
como soberana (Garcia, 2006). Os docentes devem reunir esforços e tornar o conjunto das disciplinas como um todo
coeso e promotor das aprendizagens essenciais que possibilitam ao aluno ser um verdadeiro cidadão, pronto para saber
agir em qualquer circunstância da vida. Segundo a sua experiência profissional, poder organizar todo o processo de
ensino e aprendizagem numa perspetiva de flexibilização e articulação curricular, possibilita a abertura de portas ao
sucesso educativo.
3.0 Conclusão
Chegado ao fim do presente trabalho académico que versa em torno da Flexibilização Curricular
e, que consistiu na revisão bibliográfica o grupo pode concluir que: o currículo pode ser
conceituado como a totalidade de experiências a serem vivenciadas pelo aluno, sob a orientação
da escola, levando-se em conta seus conhecimentos anteriores e valorizando-se os seus interesses.
É importante referenciar que a flexibilização curricular culmina na sala de aulas, é aqui onde o
professor faz os devidos ajustes nos diferentes elementos da proposta curricular para possibilitar o
processo de ensino-aprendizagem e interacção do aluno na dinâmica geral da aula. Podemos
afirmar que flexibilização curricular são modificações que se realizam no contexto de sala de aula
e estão relacionados com a priorização de objectivos e actividades, formas de agrupamentos de
alunos, organização dos recursos materiais, utilização de variados procedimentos de avaliação e,
essencialmente, o uso de uma metodologia variada que permita a interacção e o estabelecimento
do processo de ensino-aprendizagem.
4.0 Referências bibliográficas
GALLO, S. “Conhecimento, transversalidade e educação: para além da interdisciplinaridade”.
Impulso, v. 10, n. 21. Piracicaba: Unimep, 1997, p.115-133.
BEYER, Hugo Otto. Educação Inclusiva ou Integração? Implicações pedagógicas dos conceitos
como rupturas pragmáticas. Ensaios Pedagógicos: Brasília: Ministério da Educação/ Secretaria de
Educação Especial, 2006, p. 277- 80.
CARVALHO, Rosita Edler D. Adequação Curricular: um recurso para a educação inclusiva. sd.,
p. 1.
DUK, Cynthia; HERNANDÉZ, Ana M. y SIUS, Pia. Las Adaptaciones Curriculares: Una estategia
de individualización de la enseñanza. Disponível em:
http://es.geocities.com/teoriaadaptaciones/adaptaciones.pdf. Pesquisa em 01 de novembro de
2007.