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INTRODUÇÃO
Os estudos específicos a respeito da Linguística de Corpus 3 têm crescido
bastante nos últimos anos no Brasil (LÉON, 2006; SILVA; FROMM, 2012;
1Este artigo foi produzido, em 2016, sob orientação do Profº. Drº Guilherme Fromm, na disciplina
Tópicos em Estudos Analíticos-Descritivos 2: Terminologia e Terminografia, como parte do processo
de qualificação ao doutorado em Estudos Linguísticos no Programa de Pós-Graduação em Estudos
Linguísticos da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e aprovado pela banca examinadora em
xxxxxxx de xxxx.
2
Discente do Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos (PPGEL),
do Instituto de Letras e Linguística (ILEEL), da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Bolsista
da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG), orientando de trabalho de área
complementar do Prof. Dr. Guilherme Fromm (UFU-ILEEL-PPGEL).
TAGNIN; BEVILACQUA, 2013; IBANOS et al, 2015, dentre outros). Segundo
Mottin e Sarmento (2015), esse crescimento tem impactado diversas áreas da pesquisa
em linguística produzindo evidências inéditas sobre a língua.
No que diz respeito à Linguística de Corpus e o ensino-aprendizagem de
línguas, podemos encontrar na literatura específica diversos estudos que abordam a
contribuição de corpora na aquisição de uma segunda língua e ensino-aprendizagem
de língua estrangeira, o que podemos comprovar em trabalhos de Granger (2015) e
Acunzo (2015), que apresentam resultados sobre o uso de corpora no ensino-
aprendizagem de línguas.
Esses estudos, entre outros, abordam aspectos diversos sobre a Linguística de
Corpus, mas acredito que ainda exista lacunas a serem preenchidas, e uma delas, que
me proponho a estudar, é a interface entre a Linguística de Corpus e a Terminologia
na área de EAD, dentro da subárea de formação de professores de inglês, English as a
Foreing Language (doravante EFL).
Nosso interesse se apoia no fato de que, nos últimos anos, houve um aumento
significativo de cursos superiores na modalidade a distância; além disso, tem crescido
também o número de pesquisas que enfocam a formação de professores e o processo
de ensino-aprendizagem de EFL em contextos virtuais (BRITO, HASHIGUTI, 2014;
BOHNEN, 2014; BARRETO; MICCOLI, 2013; MACHADO, 2011, dentre outros).
Visando apresentar uma contribuição para a área de EaD, mais
especificamente para a formação de professores-tutores, a partir do objetivo geral,
construir um vocabulário bilíngue na área de EAD, dentro da subárea de formação de
professores de inglês - EFL, que seja manuseado diretamente como material de
ensino-aprendizagem pelos envolvidos com EaD. Como objetivos específicos que
orientariam nossa investigação estabelecemos: i) compilar o corpus bilíngue,
português-inglês, de cunho científico (artigos, resenhas, dissertações e teses) cujo
tema seja o ensino-aprendizagem de línguas em ambientes virtuais; ii) selecionar
candidatos a termos iii) identificar termos específicos dessa área; iv) descrever
semasiologicamente os termos; iv) elaborar as definições dos verbetes selecionados,
e v) disponibilizar os resultados no VoTec, plataforma de gerenciamento
terminológico.
O vocabulário bilíngue elaborado será disponibilizado gratuitamente na
plataforma VoTec (disponível em: <www.votec.ileel.ufu.br> e
<www.pos.votec.ileel.ufu.br>) ferramenta que “se vale de corpora técnicos para a
construção de seus verbetes e de um banco de dados (ambos exaustivamente
descritos) para o seu funcionamento” (FROMM, 2007, p. 8).
A elaboração de um vocabulário bilíngue sobre a área de EaD, na subárea de
formação de professores de inglês EFL, iniciou a partir da minha experiência como
professor de inglês, a qual me propus à investigar o processo de ensino e
aprendizagem de inglês por meio da abordagem b-learning, que é um modelo misto
de ensino, em um contexto mediado por tecnologias digitais.
A partir dessa experiência, desenvolvi um estudo com as turmas de Língua
Inglesa de nível básico e intermediário de um centro idiomas de uma escola pública
federal da cidade de Uberlândia no estado de Minas Gerais.
Para essas turmas, as aulas foram desenvolvidas por meio das ferramentas
Google. Para a interação entre os alunos, foi criada uma comunidade de aprendizagem
no Google+4. Nessa comunidade, além do estímulo à interação, os alunos deveriam
compartilhar as experiências de aprendizagem em inglês por meio do uso de
ferramentas computacionais e, assim, ampliarem as possibilidades para
desenvolverem habilidades na aprendizagem de EFL.
A estrutura deste artigo consiste em, primeiramente, descrever a metodologia
da Linguística de Corpus utilizada no desenvolvimento da pesquisa, apresentar a
sequência de compilação do corpus e o banco de dados.
Escolhendo a Área
Minha experiência como professor de inglês no curso de idiomas teve como
objetivo analisar a interação do ensino face-to-face, tendo como contraponto as
ferramentas virtuais Google no que concerne ao processo de ensino-aprendizagem de
EFL.
A partir dela, e, juntamente com a proposta de um trabalho terminográfico,
considerei a necessidade de acesso às informações sobre a subárea de formação de
professore de inglês – ESF na área de EaD e a possibilidade de construir um
4
É uma rede social e serviço de identidade mantido pelo Google Inc.
vocabulário bilíngue voltado também para linguistas, docentes e discentes da área da
Pedagogia, Letras, EaD e outros que se interessem pela área.
Nesta subseção, apresento e discuto o conceito de b-learning, apresento as
diferentes definições do termo utilizadas por estudiosos em relação a esta abordagem
de ensino eaprendizagem.
Segundo Whittaker (2013), a definição de b-learning não é específica da área
de ensino de LE; a abordagem iniciou-se com os treinamentos empresariais
corporativos e, atualmente, está sendo difundida na educação superior e no ensino de
ESF. A autora afirma que o termo é de difícil definição e isso se deve ao fato de que
ainda não há um consenso entre os estudiosos da área, ademais, podemos encontrar
outros termos que fazem referência a essa abordagem, dentre elas Hybrid Learning
(STRACKE, 2007), Mixed Learning (STRACKE, 2007), E-learning (SHEPARD,
2005) e B-learning (BANADOS, 2005).
A partir disso, Smith e Kurthen (2007) apresentam (na Figura 1) a taxonomia
dos termos com o intuito de os diferenciar percentualmente: Web-enhanced, Blended,
Hybrid, Fully online (SMITH; KURTHEN, 2007).
Figura 1 - Taxonomia dos termos relacionados ao b-learning de acordo com a carga horária.
2%
20%
48%
30%
5
Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) são “os meios eletrônicos que incluem as
tecnologias mais tradicionais, como rádio, televisão, gravação de áudio e vídeo, além de
sistemas multimídias, redes telemáticas, robótica e outros" (RODRIGUES, 2009).
Por outro lado, Sharma (2010) argumenta que são diversas as definições e
posições para o b-learning; no entanto, o termo tem sido usado para se referir ao
misto de modelos de ensino com combinações de tecnologias, metodologias e
provavelmente, no futuro, mundos reais e virtuais (neste último a autora cita o
exemplo do ambiente virtual Second Life).
A partir dessas diversas definições encontradas para b-learning, elaborei um
diagrama conceitual em que apresentoo que entendi por essa abordagem.
Face-to-face
TICs
(FtF)
B-Learning
Abordagens
Metodologias
Pedagógicas
Fonte: o próprio autor, 2016
Essa nova proposta, de acordo com Fromm (2013), não foi consolidada e
atualmente a tabela em uso é a primeira apresentada (Figura 4) neste estudo.
Ao se pesquisar por estudos sobre compilação de corpus específicos de uma
área e elaboração de árvores de domínio, encontro uma pesquisa em progresso
coordenada por Fromm, na qual o pesquisador apresenta proposta de Árvore de
Domínio da Linguística. Nessa proposta, Fromm (2013) apresenta uma árvore
elaborada em três níveis: Linguística > Linguística/Linguística Aplicada> Subáreas,
conforme Figura 6.
Figura 6. Proposta para uma Árvore de Domínio da Linguística de acordo com Fromm
(2013)
Linguística
Aplicada
Ensino e
EaD Ensino e
Aprendizagem de
Aprendizagem de
Línguas em
Línguas a Distância
Contexto Presencial
Blended
Face-to-Face Web-enhanced
Learning
Recurso
Chamo de recurso o software que serviu de ferramenta de trabalho, para a
compilação, organização e estudo dos dados. O recurso adotado nesta pesquisa foi o
WordSmith Tools® (WST).
Como recurso para a Linguística de Corpus (LC), utilizei o WST (2015,
versão 6.0), criado por Scott em 1996, publicado pela Oxford University Press. O
WST é um conjunto integrado de programas que desempenha várias funções, dentre
elas, geração de listas de palavras, concordanciador, etc. É definido por seu criador
como um software de análise lexical. O WST é muito popular entre os linguistas de
corpus. Atualmente, já está na sua versão 7.0 e completa 20 anos em 2016.
Neste trabalho de área complementar, o WST foi utilizado para testar se os
corpora eram legíveis pelo software durante o processo de compilação e transcrição.
Considerações Finais
O objetivo deste texto foi mostrar a proposta inicial de um processo de
planejamento de um corpus para área de EaD e ESF. Fromm (2013) explica que
quando se pretende trabalhar com uma descrição terminológica ou terminográfica de
uma área de especialidade, é relevante a elaboração de uma árvore de domínio desta
área. A construção de um corpus especifico da área de EaD e ESF poderá servir de
fonte para outros trabalhos terminológicos ou terminográficos. Uma das vantagens de
se considerar a perspectiva da Linguística de Corpora é a compilação de um corpus
baseado em materiais autênticos da área que servirá de consulta para professores,
professores-tutores e demais professores que utilizam umas das abordagens de EaD.
Em nosso ponto de vista, trata-se de um conhecimento autêntico o qual
permite aos envolvidos na área da EaD que lide com a complexidade da língua.
Referências
ACUNZO, C. M. Uso de corpora no ensino de línguas estrangeiras para profissionais
da area de publicidade. In: IBANOS, A. M. T. et al (orgs), Pesquisa e perspectivas
em linguística de corpus. Campinas-SP. Mercado de Letras, 2014.
BALDINGER, K. Teoría semántica: hacia una semántica moderna. Trad. Emilio Lledó; L.
Molina; José Mondéjar; José Luis Rivarola. Madrid: Alcalá, 1970.